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SANTO AGOSTINHO PATRÍSTICA Santo agostinho patrística A Filosofia Patrística foi um período que se iniciou com a transição entre a antiguidade e o período medieval. Marilena Chaui destaca que a Filosofia Patrística "inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João e termina no século VIIIi". Recebeu esse nome por abrigar os primeiros padres, "pais", da Igreja Católica e, em seu início, essa Filosofia serviu ao pensamento cristão por meio das apologias do cristianismo, pois o pensamento cristão, patrística O primeiro movimento da patrística era composto pelos primeiros professadores da fé cristã. Padres apologistas, que tinham a missão de fazer uma defesa do pensamento cristão. Entre os apologistas, alguns escolheram o caminho de união da Filosofia grega pagã com o cristianismo, como Justino, e outros defenderam a total exclusão e repressão da Filosofia pagã grega, como Tertuliano. Período patrístico e a influência de Platão O pensamento platônico difundido para os patrísticos adveio do chamado neoplatonismo, corrente filosófica que estudou, e formulou teorias filosóficas a partir dos escritos deixados por Platão. AGOSTINHO Aurelius Agostinus, Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho foi um dos filósofos da filosofia patrística, considerado um dos doutores da Igreja Católica. Seu período, o período patrístico, consiste no primeiro esforço de criar-se uma base teológica e doutrinária para o cristianismo, nasceu em 354 d.C. na cidade de Tagaste, no território atualmente composto pela Argélia, na época sob domínio do Império Romano. O pai de Agostinho era pagão, Sua mãe, Mônica (mais tarde canonizada como Santa Mônica), era cristã devota. agostinho Estudou lógica, filosofia e retórica. Tornou-se um grande professor de retórica, Roma, Milão. Para encontrar um certo conforto espiritual. Aproximou-se do maniqueísmo, doutrina religiosa com base sincrética (cristã e pagã, advinda do zoroastrismo), que enxergava um dualismo moral no mundo, o qual seria dividido apenas entre duas forças em equilíbrio: o bem e o mal. Aproximou-se de doutrinas filosóficas gregas antigas, como o hedonismo e o ceticismo, pitagorismo, e com parte da Filosofia Helênica. teve um filho com aos 18 anos de idade, Adeodato, e manteve um relacionamento considerado pela Igreja como pecaminoso por 13 anos. Ao separar-se dela, Agostinho teve casos com outras mulheres. Por volta de seus 30 anos de idade, o intelectual começou a ouvir as pregações do Bispo Ambrósio, um importante clérigo, por conta de questões retóricas. Santo agostinho Entrou em contato com os escritos neoplatônicos, principalmente os de Plotino (205-270 d.C), que traziam uma versão mística do pensamento de Platão. O neoplatonismo, interpretando conceitos platônicos com um viés cristão, possibilitou sua aproximação com o cristianismo e preanunciou sua conversão. Fez compreender de forma racional e lógica a doutrina cristã, sendo possível elaborar, a partir do cristianismo, uma teologia robusta e racionalmente sustentável. para coroar sua espiritualidade, sua busca pela paz interior e pelo sentido de sua vida, realiza os dois encontros mais decisivos de sua existência, o primeiro com o Bispo Ambrósio e o segundo com os textos de São Paulo. AGOSTINHO Até os 32 anos de idade, o filósofo era resistente ao pensamento cristão. Sua mãe esforçou-se para a criação cristã do filho, que na juventude não se interessou pelo Evangelho, escrituras sagradas indignas de um homem cultoii”. Agostinho optou pelo cristianismo como religião, quando Adeotado tinha 15 anos de idade. Em um dia de muita angústia, recebeu a visita de um ser iluminado, provavelmente um anjo, que o entregou um livro e ordenou-o: “Toma e lê!”. A partir daquele momento cederia ao cristianismo como religião. Após esse episódio, o Bispo Ambrósio batizou Agostinho e Adeodato. Pouco tempo depois, seu filho morreu. Não bastasse o sofrimento pela morte do filho, Agostinho enfrentou também a morte da mãe pouco tempo depois. Santo agostinho Escreveu sobre o tempo. Algo que intriga religiosos, cientistas e filósofos, o tempo sobre o bem e o mal. Na visão do filósofo, ao tentar-se resolver o antigo paradoxo da onipotência e da suprema benevolência de Deus sobre o mal, afirma-se que Deus é o supremo bem e o único caminho possível para o bem. há a possibilidade deixada pelo livre arbítrio de que o homem afaste-se do bem e vá em direção ao mal. Deus seria o bem e a distância de Deus seria o mal, o caminho oposto à iluminação divina. Santo agostinho Posicionou-se como um defensor da tese de Justino: de que a filosofia grega antiga, mesmo sendo pagã, forneceria um meio de compreensão de questões fundamentais para o cristianismo. Assim, Agostinho tornou-se um dos “pais” da Igreja, sendo um importante nome da filosofia patrística. As principais obras : Confissões e Cidade de Deus. Confissões tem um tom altamente autobiográfico. Nesse livro, fala do período de sua vida em que não era convertido, fala com propriedade do pecado, do maniqueísmo e do hedonismo. Também conta como foi convertido tardiamente na fé cristã. Santo agostino Cidade de Deus, fala de dogmas relacionados ao cristianismo, como a vida eterna da alma e a bem-aventurança, além do paraíso e da bondade de Deus. como o princípio para a compreensão de uma filosofia cristã. Santo agostinho voltou a Tagaste, sua terra natal, onde vendeu todas as propriedades da família e fundou uma comunidade monástica. Pretendia permanecer ali, entregue à vida monástica de contemplação, visitando a Igreja de Hipona, contra a sua vontade e por vontade do povo, foi conclamado sacerdote, responsável, principalmente, pela pregação. Passa a se dedicar às funções pastorais. Aos 41 anos, já assumia a função de Bispo de Hipona, Santo agostinho Aos 72 anos de idade, ho conseguiu disponibilizar mais tempo à contemplação, à oração e à produção intelectual Doctor Gratiae – Doutor da Graça, dedicou-se à escrita, as suas reflexões, organização e à sistematização de sua obra. Faleceu aos 76 anos de idade, de morte natural, no ano 430, logo após a invasão de Hipona pelos bárbaros. Sua produção filosófico-teológica serviu como marco fundamental de todo pensamento ocidental em relação à fé, à filosofia e à moral. Santo agostinho Formulou o termo “filosofia cristã” para se referir à sua produção filosófica - o conceito de beatitude ou felicidade. A verdadeira vocação da filosofia é a de levar o homem à felicidade - as influências de Cícero, com sua obra Hortêncio, e do Helenismo na filosofia agostiniana. trilharia o caminho antropológico, quando pretende conhecer profundamente o que é o homem e como este pode ser feliz, mesmo vivendo na “cidade dos homens”, isto é, no mundo representado pelo pecado e pelo apego à matéria. Deus e toda a sua criação querem a felicidade do homem. Santo agostinho aproxima a fé, a revelação, da filosofia. Compreendendo as verdades da fé por meio da razão. o homem poderia ser feliz, uma vez que o conhecimento faz parte do processo de ascensão espiritual do cristão. Não deve ser entendida como um caminho para a crítica à fé cristã, mas como um caminho para a beatitude. As verdades da fé são irrefutáveis e não alvo de críticas. Na relação entre fé e razão, reconhece claramente o papel da razão, a qual em todas as ocasiões é simplesmente “escrava” da fé Santo agostinho com o objetivo de combater os céticos e de encontrar o real caminho do conhecimento, Os sentidos em si não são os instrumentos do erro, uma vez que, ao experimentar (Empirismo) algo, esta experiência é real, o problema está em tomar tal experiência como fonte da verdade. Santo agostinho seguindo as trilhas de Platão e antecedendo Descartes, a verdade só pode ser atingida pelo processo do conhecimento de si mesmo, atividade puramente intelectiva (Racionalismo) Deus, que está presente no interior do homem e é a própria verdade, ilumina a mente humana para que esta, sob a direção de seu criador, possa encontrar o conhecimentoverdadeiro. Acompanhando o pensamento de Platão, afirma que alma e corpo são substancialmente distintos, apesar de coexistirem no mesmo ser. Santo agostinho o conhecimento verdadeiro não pode ser alcançado pelos sentidos, estão no corpo e participam de sua corrupção. O que os sentidos apreendem da realidade é provisório, tal como a realidade sensível é instável, mutável. Não é confiável, pois os próprios sentidos, estando no corpo, não o são. Fonte do conhecimento verdadeiro e eterno só é alcançado por uma ação da alma, da mente. Tal como na teoria platônica, a razão é a única capaz de alcançar um conhecimento não provisório, uma realidade não sensível, verdadeira e eterna. Santo agostinho Que deve retornar para dentro do homem, pois aí estão as verdades, aí está Deus. Não é possível ao homem, sozinho e por seu próprio esforço, alcançar essas verdades eternas. o homem é marcado pelo pecado e, como tal, por si mesmo, não consegue alcançar nada além do engano o conhecimento também é lembrança. Conhecer é relembrar. Porém, diferentemente da teoria platônica, as ideias não existiriam previamente, mas a iluminação divina, dando-se no presente, tornaria as verdades da sabedoria acessíveis. Mente iluminada por Deus Santo agostinho Criado à imagem e semelhança de Deus, o homem, é miserável, pecador e incoerente, uma visão pessimista nascida de sua própria experiência de vida. . o homem, apesar de ter em si as raízes do mal, que o levam ao pecado, tem também a presença do próprio Criador em seu interior, e é Nele que o homem deve buscar a força necessária para vencer o mal que há dentro de si e que determina sua vontade. Santo agostinho O pecado só se estabelece na alma quando o homem age por conta própria, deixando que o corpo assuma o comando da vida, Utilizando-se de seu livre-arbítrio, o homem inverte a ordem divina, fazendo com que o mal se sobreponha ao bem, que o corpo se sobreponha à alma, A parte racional da alma deve assumir o comando da vida e dos pensamentos, uma vez que somente ela poderá levar o homem ao conhecimento do inteligível e, consequentemente, a agir de forma correta. Santo agostinho Agir guiado pelo livre-arbítrio significa agir de acordo com seus próprios impulsos e desejos, A vontade, nesse caso, guiará a vida do homem, e como ela não se deixa determinar pela razão, o homem, inevitavelmente, cairia no pecado. Voltar-se para Deus: quando a alma encontra refúgio no Criador que nela habita. O homem deve obedecer a Deus e, nesse caso, ser livre é obedecer. Liberdade é fazer o correto segundo a vontade divina, que, por sua vez, está em Deus no homem. Considerando que Deus não pode querer o mal do homem, se este o obedece, ele estará sempre fazendo o bem, não se tornando escravo de seus desejos e de sua vontade. Santo agostinho A salvação não é resultado do querer humano, uma recompensa pelas boas ações, mas sim uma graça superior concedida por Deus aos seus eleitos. Teoria da Predestinação Divina. Para que o homem alcance a salvação eterna, são necessários dois requisitos: o esforço pessoal do sujeito, que busca viver de acordo com a vontade divina, e a graça de Deus, concedida somente a alguns eleitos. Para obter a salvação, é necessária a união dessas duas dimensões, pois uma sem a outra é estéril. Assim, se a pessoa, mesmo se esforçando no caminho da santidade, seguindo corretamente os mandamentos divinos, não for um eleito, um predestinado, ela não será salva, A graça precede todos os esforços de salvação e é seu instrumento necessário. Santo agostinho A Teoria da Predestinação Divina foi o motivo de um dos grandes confrontos da vida de Agostinho. ( A cidade de Deus) Essa doutrina na época foi classificada como heresia pelo papa Zózimo, no Concílio de Cartago, em 417, porque, de acordo com ela, o homem poderia ser salvo pelo seu próprio esforço e dedicação, desconsiderando, assim, a necessidade da graça divina (predestinação). Influenciou Calvino (1509-1564), quando este defendeu que, para a salvação humana, bastava somente a vontade divina manifestada na concessão da graça e nada mais, uma vez que o homem, por si mesmo, é pecador e indigno de estar junto do Pai após sua passagem pela Terra. Santo agostinho A dualidade pregada pela Teoria da Predestinação Divina, é o cerne do pensamento agostiniano expresso na obra A cidade de Deus. Expõe o dualismo entre alma e corpo, terra e céu, espírito e matéria, imutável e mutável, sensível e inteligível, A vida terrena, a “cidade dos homens”, onde estão a concupiscência, o pecado, o mal, o egoísmo, características próprias da matéria, é contrária à “cidade de Deus”, onde estão a graça, a glória, a vida plena, realmente feliz e verdadeira. NALINI, josé Renato Por que Filosofia?. Revista dos Tribunais, São Paulo, 2008. SANTO AGOSTINHO, Confissões, Pensadores, v.VI, 1ª ed, Abril Cultural, São Paulo, 1973. SUMA TEOLÓGICA SANTO TOMAS “Há dois gêneros de ciências. Umas partem de princípios conhecidos à luz natural do intelecto, como a aritmética, a geometria e semelhantes. Outras de princípios conhecidos mediante uma ciência superior, com a perspectiva, de princípios explicados na geometria, e a música, de princípios aritméticos. E deste modo é ciência a doutrina sagrada (isto é, a teologia), pois deriva de princípios conhecidos â luz de uma ciência superior, a saber: a de Deus e dos Santos” escolástica No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, passou a ser divulgada, passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Era a renascença carolíngia e a fundação dessas escolas e das primeiras universidades do século XI fez surgir uma produção filosófico-teológica denominada escolástica. Tomás de aquino Nasceu em 1225 em Aquino, região do Lácio na Itália. Filho de Landulf de Aquino, conde da região, teve acesso a uma boa educação. Conheceu livros, esculturas, pinturas e todo tipo de informação que pudesse contribuir para a sua formação intelectual. Aos 19 anos, reconheceu sua vocação religiosa, abandona a Universidade e dedicar-se ao trabalho e estudo na Ordem dos Dominicanos no convento Saint Jacques, em Paris. Passou alguns anos na França, até mudar para Colônia, na Alemanha, onde tornou-se discípulo do filósofo, teólogo e bispo Alberto Magno. Em 1252, Tomás de Aquino retornou à França e iniciou os estudos em teologia. Após a conclusão do curso, passou a trabalhar como professor nas cidades de Roma e Nápoles. São tomás de aquino Em 1274, durante uma viagem à França para participar do II Concílio de Lyon, adoeceu e acabou falecendo em 7 de março Produziu sua obra no período conhecido como baixa Idade Média, Decadência da sociedade feudal. A Igreja católica ainda representava um forte poder e influência sobre os indivíduos e, também, sobre os modelos educacionais e sociais. Teve influência direta do filósofo grego Aristóteles e do filósofo árabe Averróis. Retomou o realismo aristotélico e apresentou pontos de vista distintos de Santo Agostinho, que defendia as obras idealistas de Platão. Santo tomás de Aquino A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico, Isso se deveu à descoberta de muitas obras de Aristóteles, e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente do grego. A busca da harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se, no entanto, como problema básico de especulação filosófica. É nesse contexto que surge a figura de São Tomás de Aquino. aquino mescla a razão filosófica e a fé católica, a junção entre razão e fé no desenvolvimento de ideias filosóficos recebe o nome de filosofia escolástica. Tentou mostrar que, embora pareçam muito distintas, Fé e razão - as ideias defendidas na igreja e na filosofia não se excluem, auxilia, aperfeiçoa e completa as ideias. A retomada de Aristóteles e a união entre fé e razão não agradou à igreja, Séculos mais tarde,a igreja, reconheceu a importância da obra tomista. Tomás de aquino Viveu no período da alta escolástica, vivenciou o surgimento das universidades e a criação das ordens religiosas dos franciscanos e dominicanos. São Tomás era um frade dominicano profundamente ligado às universidades da época, sobretudo à de Paris. / patrística - o nascimento das universidades, que se tornaram o centro das discussões teológico-filosóficas, em particular na Universidade de Paris, onde Aquino estudou e lecionou. O ensino nessas instituições se assentava na divisão de disciplinas entre trívio e quadrívio, sistema que remonta à Antigüidade clássica. O quadrívio, que corresponderia às atuais ciências exatas, agrupava aritmética, geometria, astronomia e música, e o trívio, aparentado à idéia de ciências humanas, reunia a gramática, a retórica e a dialética. aquino teoria do conhecimento, que "convoca" a vontade e a iniciativa de cada um na direção do aperfeiçoamento, São Tomás de Aquino legou à educação sobretudo a idéia de autodisciplina. Foi essa a marca do ensino cristão, que alcançaria sua máxima eficiência, em termos de doutrinação, com os jesuítas, já no século 16. Embora a obra de Tomás de Aquino apontasse para o auto-aprendizado, a idéia não foi abraçada pelas rígidas hierarquias da Igreja Católica. No período em que o filósofo viveu, a religião seguia sendo a principal fonte de instrução, como em toda a Idade Média. aquino O conhecimento por descoberta se dá quando a razão, por si mesma, aplica os princípios universais e evidentes a determinadas matérias para daí tirar conclusões particulares. A aquisição do conhecimento pelo ensino acontece quando esse processo natural e dedutivo da razão passa de princípios universais para conclusões particulares, com a ajuda de um mediador: o professor. Este, por sinais e outros instrumentos metodológicos que o ajudam, provoca o aluno e o faz chegar a conhecer o que antes era desconhecido. Admite que o mestre seja a causa do conhecimento no aluno.. aquino a Escolástica (século 8 a 14), - os professores das universidades medievais, os escolásticos, foi marcada pela tentativa de conciliação entre razão e fé. Oposto à Patrística, o pensamento tomista é construído em bases racionais e empíricas, separando filosofia de teologia, apesar de subordinar a primeira à segunda. O papel da razão é demonstrar e ordenar os mistérios revelados pela fé Prova de maneira racional a existência de Deus por meio do motor imóvel. Segundo ele existia um motor que era responsável por movimentar todas as coisas e esse motor é Deus. aquino o movimento existe e tudo que se move é movido por outro motor, assim por diante até que no fim haverá um motor imóvel e este seria Deus, que segundo ele era perfeito, infinito, imutável, a causa de todas as coisas e que ordena a natureza. Em sua Suma Teológica, o filósofo apresenta cinco vias para demonstrar a existência de Deus, ancoradas na filosofia aristotélica:O primeiro argumento, oriundo da Física de Aristóteles, crê crê que, se tudo que move é movido por algo, não pode ser admitida uma regressão ao infinito, devendo existir um primeiro motor. Deus, assim, é o Primeiro Motor. O segundo argumento, oriundo da Metafísica de Aristóteles, defende a ideia de que, se perguntássemos a qualquer fenômeno do mundo sua causa e continuássemos sucessivamente perguntando as “causas de “causas de suas causas”, em todos os casos chegaríamos a Deus. O terceiro argumento, baseado nas noções de necessidade e contingência de Aristóteles, acredita que, se tudo na natureza fosse contingente, passageiro, é preciso que algo do que existe seja perene. Deus é o primeiro ser, origem de toda necessidade. O quarto argumento, inspirado na Metafísica de Aristóteles, pensa que, se todas as coisas na natureza têm uma qualidade, em maior ou menor grau (tamanho, força etc.), é preciso um parâmetro, a perfeição, que é Deus, portador de todos os atributos e qualidades em máximo grau. O quinto argumento pensa que se, como observa Aristóteles, a natureza possui um propósito, deve haver uma finalidade para toda a criação, caso contrário o universo não tenderia para o mesmo fim ou resultado. A causa inteligente do universo é Deus. aquino aquino Aristóteles, em sua obra, punha a razão e a investigação intelectual em primeiro plano. A realidade material era considerada a fonte primordial de conhecimento científico e mesmo de satisfação pessoal. Aquino afirma que há no ser humano uma alma única, intrinsecamente unida ao corpo", valoriza a matéria.“ cabe à razão ordenar e classificar o mundo para entendê-lo. Embora esteja subordinada à fé, a razão funciona por si mesma, segundo as próprias leis. conhecimento não depende da fé nem da presença de uma verdade divina no interior do indivíduo, mas é um instrumento para se aproximar de Deus. A inteligência é uma potência espiritual", aquino Existem a respeito de Deus verdades que ultrapassam totalmente as capacidades da razão humana. Uma delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus existe, que há um só Deus. Deus existe? O tomismo emprega a razão a serviço da fé cristã é o conjunto de argumentos, todos de cunho empírico, isto é, que se demonstram por via da experiência, que provam a existência de Deus. Eles ficaram conhecidos como as Cinco Vias que levam a Deus. São: aquino 1) Movimento: As coisas se movem. Galáxias, planetas, rios, nuvens, homens, moléculas, tudo na natureza está em constante movimento e transformação. E se existe o movimento, existe também aquilo que provoca o movimento. força gravitacional que mantém corpos celestes em órbita.- este agente do movimento é externo, ou seja, nada pode mover a si próprio, ou ser, ao mesmo tempo, motor e movido: Aquino A única forma de explicar o movimento é conceber Deus como causa motora primeira, que não é movida por nenhuma outra. 2) Causalidade: A segunda via é parecida com a primeira. Observa-se na natureza uma ordem segundo uma relação de causa e efeito - é impossível algo ser causa e efeito ao mesmo tempo: - se toda causa tem um efeito, haveria, novamente, uma sequência infinita, a menos que admitamos uma causa primeira no universo, que é Deus aquino 3 Possível e necessário: As coisas podem ser e não ser. Todas as pessoas que conhecemos e nós mesmos não existimos para sempre. As coisas nascem, se transformam e morrem - somos seres contingentes. Houve um momento em que nada existia, um instante de puro nada Para que o universo saísse da mera possibilidade para a existência é preciso imaginar que algo tenha provocado isso, caso contrário o nada persistiria como nada. Entre todos os seres possíveis (que podem ser e não ser), é razoável acreditar que haja um que seja necessário, isto é, não contingente. Como necessidade precisa ser causada, retorna-se ao absurdo das cadeias causais infinitas do segundo e primeiro argumentos, a menos que Deus exista como necessário por si mesmo. aquino 4) Graus de perfeição: "Encontram-se nas coisas algo mais ou menos bom, mais ou menos verdadeiro, mais ou menos nobre,- para afirmar que uma coisa é mais ou menos em graus de perfeição, é preciso ter algo como parâmetro comparativo, dotado de perfeição absoluta, como um quente absoluto que permite dizer que esta água está muito quente - e aquela, apenas morna. "Existe algo que é, para todos os outros entes, causa de ser, de bondade e de toda a perfeição: nós o chamamos Deus. aquino 5) Finalidade: A quinta e última via trata dos seres que se movem em uma direção, que possuem uma finalidade, o que é facilmente verificável na vida na Terra, que progride rumo a maiores níveis de organização - Aquino usa como o exemplo o arqueiro: a flecha só parte em direção ao alvo porque existe o arqueiro que mira e dispara, isto é, porque há uma inteligência guiando a flecha. O "arqueiro" do universo, por assim dizer, é Deus A principal obra de Tomás de Aquino é Suma Teológica(Ed. Loyola), onde são expostas as "Cinco vias". Existiam dois caminhos para Deus ou à salvação: através da bíblia e dos ensinamentos dogmáticos e através do próprio uso da razão humana. - Fé e Razão não deveriam ser dissociada, assim como a filosofia e o cristianismo. aquino a virtude tem base na Ética de Aristóteles. aquino escreve sobre a moral e a tradição cristã, tentando esclarecer qual a finalidade da existência humana. Existem as virtudes intelectuais (que aperfeiçoam o intelecto) e as virtudes morais (aperfeiçoam os apetites). As virtudes morais e a Prudência ajudam a conter os apetites. Porém, somente com Deus, o ser humano consegue as virtudes teologais, como a prudência, temperança, justiça e coragem. aquino A moral tende a valorizar a razão, no sentido de que a ordem moral depende da necessidade racional da nossa divina essência, isto é, a ordem moral é imanente, essencial, inseparável da natureza humana, que é uma determinada imagem da essência divina, que Deus quis realizar no mundo. Agir moralmente significa agir racionalmente, em harmonia com a natureza racional do homem. aquino A ética consiste em agir de acordo com a natureza racional, pois a razão é uma espécie de orientadora da lei, Lei Eterna (lei que governa todo o universo, feita por Deus), Lei Natural (são as leis que a natureza “ensinou” aos homens e animais, como a auto-conservação, a união entre macho e fêmea, que também foi feita por Deus e por isso é subordinada à Lei Eterna) e Lei Temporal (mutável e contingente). Através da razão, o homem deve ser conduzido pela Lei Eterna, pois o objetivo das Leis criadas por Deus é tornar os homens bons Da Lei Eterna (Questão 93): O que é a lei eterna, ou se a lei eterna é a razão suprema existente em Deus (artigo I); Se ela é conhecida de todos (artigo II); Se toda lei dela deriva (artigo III); Se o que é necessário e eterno estão sujeitos à lei eterna (artigo IV); Se os contingentes naturais são sujeitos à lei eterna (artigo V); Se todas as coisas humanas são-lhe sujeitas (artigo VI); Da Lei Natural (Questão 94): O que é a lei natural, ou se ela é um hábito (artigo I); Quais são os preceitos da lei natural, se são muitos ou um só (artigo II); Se todos os atos das virtudes pertencem à lei natural. (artigo III); Se a lei natural é uma para todos (artigo IV); Se ela é imutável (artigo V); Se pode ser apagada da mente humana (artigo VI). anto Tomás de Aquino dividiu as leis em lei natural (visando a preservar a vida), lei positiva (estabelecida pelo homem, visando a preservar a sociedade) e lei divina (que conduz o homem à vida cristã e ao paraíso, guiando as outras leis). Para Aquino, como para Aristóteles, o homem é um animal social e político: a família é a primeira associação, e o Estado, sua ampliação e continuação. O Estado, ... Leia mais em: https://guiadoestudante.abril.com.br/especiais/santo-tomas-de-aquino/ Lei humana. Os homens têm necessidade de promulgar leis humanas (artigo I) e estas leis são derivadas da lei natural (artigo II), no sentido de que é considerado justo aquilo que segue a regra da reta razão, sendo que “a primeira regra da razão é a lei da natureza. Donde, toda lei humana só realiza a razão de lei na medida em que deriva da lei da natureza” Referência AQUINO, Tomás de. Escritos políticos de Santo Tomás de Aquino. Tradução de Francisco Benjamin de Souza Neto. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. (Clássicos do Pensamento Político).