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Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Castel Polanyi Conceitos relevantes: Capitalismo Liberalismo Força de Trabalho Política Social Referências importantes: A grande transformação: as origens de nossa época – Polanyi As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário - Castel Referência da Obra: BEHRING, Elaine; BOSCHETTI, Ivanete. Política social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2011 [Capítulo. ”Capitalismo, liberalismo e origens da política social”, p. 47-81]. Capitalismo, liberalismo e origens da política social. (No livro em PDF: Pág. 63) Não se pode indicar com precisão um período específico de surgimento das primeiras iniciativas reconhecíveis de políticas sociais. Podem ser classificadas como processos sociais e foram geradas na confluência dos movimentos de ascensão do capitalismo. As sociedades pré-capitalistas não privilegiavam as forças de mercado e assumiam algumas responsabilidades sociais com o intuito de manter a ordem social e punir a vagabundagem, e não pelo bem-estar social. Algumas iniciativas pontuais com características assistenciais são identificadas como protoformas de políticas sociais: Estatuto dos Trabalhadores, de 1349; Estatuto dos Artesãos (Artífices), de 1563. Leis dos pobres elisabetanas, que se sucederam entre 1531 e 1601; Lei de Domicílio (Settlement Act), de 1662. Speenhamland Act, de 1795. Lei Revisora das Leis dos Pobres, ou Nova Lei dos Pobres (Poor Law Amendment Act), de 1834. Essas legislações estabeleciam um “código coercitivo do trabalho” (Castel, 1998: 176) e seu caráter era punitivo e repressivo e não protetor (Pereira, 2000: 104). Os fundamentos comuns a essas leis eram: Estabelecer o imperativo do trabalho a todos que dependiam de sua força de trabalho para sobreviver; Obrigar o pobre a aceitar qualquer trabalho que lhe fosse oferecido; Regular a remuneração do trabalho, de modo que o trabalhador pobre não poderia negociar formas de remuneração; Proibir a mendicância dos pobres válidos, obrigando-os a se submeter aos trabalhos “oferecidos” (Castel, 1998: 99). Protoforma: As instituições sociais que se mostram com origem confessional, prática da ajuda, caridade e solidariedade. O capítulo irá abordar as origens da política social frente ao modelo liberal e por fim contextualizando-a no Brasil. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Castel Polanyi Marx Ricardo e Adam Smith Conceitos relevantes: Lei de Speenhamland Referências importantes: A grande transformação: as origens de nossa época – Polanyi A Lei de Speenhamland, instituída em 1795, difere das anteriores, pois tinha um caráter menos repressor. Ela estabelecia o pagamento de um abono financeiro, em complementação aos salários, cujo valor se baseava no preço do pão. A Lei garantia assistência social a empregados ou desempregados que recebessem abaixo de determinado rendimento, e exigia como contrapartida a fixação do trabalhador, pois proibia a mobilidade geográfica da mão-de-obra (Castel, 1998:178). Embora o montante fosse irrisório, era um direito assegurado em lei. Essa Lei “[…] introduziu uma inovação social e econômica que nada mais era que o ‘direito de viver’ e, até ser abolida, em 1834, ela impediu efetivamente o estabelecimento de um mercado de trabalho competitivo” (Polanyi, 2000: 100). Pelos seus efeitos, em 1834, a Poor Law Amendment Act, também conhecida como New Poor Law (Nova Lei dos Pobres) revogou a Lei de 1795, marcando: o predomínio, no capitalismo, do primado liberal do trabalho como fonte única e exclusiva de renda, e relegou a já limitada assistência aos pobres ao domínio da filantropia. O sistema de salários baseado no livre mercado exigia a abolição do “direito de viver”. Imperativo da liberdade e competitividade na compra e venda da força de trabalho fez com que o capitalismo regredisse mesmo em relação a essas formas restritivas de “proteção assistencial” à população pobre. Na sociedade capitalista burguesa, o trabalho perde seu sentido como processo de humanização, sendo incorporado como atividade natural de produção para a troca, independente de seu contexto histórico. Marx desmistifica o significado “natural” do trabalho e mostra que o trabalho é atividade humana, resultante do dispêndio de energia física e mental, direta ou indiretamente voltada à produção de bens e serviços, contribuindo para a reprodução da vida humana, individual e social. A Lei de Speenhamland foi considerada impeditivo ao estabelecimento de um mercado competitivo porque permitia ao trabalhador minimamente “negociar” o valor de sua força de trabalho, impondo limites (ainda que restritos) ao mercado de trabalho competitivo que se estabelecia. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Marx Conceitos relevantes: Valor de uso Valor de Troca Trabalho humano abstrato Referências importantes: O capital, 1987. No capitalismo, ao ser tratada como mercadoria, a força de trabalho possui duplo caráter: ser produtora de valor de uso e valor de troca, ou como explicita Marx (1987: 54) Para Marx: Todo trabalho é de um lado: No sentido fisiológico: dispêndio de força humana de trabalho: Cria valor de mercadorias. É também dispêndio de força humana especial: Tem uma finalidade e possui valor de uso. É nesse sentido que o valor de uso “só se realiza com a utilização ou o consumo” (1987: 42), e que “um valor de uso ou um bem só possui, portanto, valor, porque nele está corporificado, materializado trabalho humano abstrato” (Marx, 1987: 45). O valor de troca passa a existir a partir do gasto/dispêndio de energia humana que cria o valor das mercadorias. E o que é o valor de troca? É a relação que se estabelece entre uma coisa e outra, entre um produto e outro. E como se determina o valor? “o que determina a grandeza do valor, portanto, é a quantidade de trabalho socialmente necessário ou o tempo de trabalho socialmente necessário para a produção de um valor de uso” (Marx, 1987: 46). Assim, na forma Marxiana: as relações capitalistas constituem relações de produção de valores de troca (mercadorias) que tem como finalidade: acumulação de capital, (de que modo?) Através da expropriação da mais-valia adicionada ao valor pelo trabalho livre, condição da produção capitalista e razão pela qual se provoca a separação entre a força de trabalho e a propriedade dos meios de produção. Com as instituições capitalistas o que muda é o sentido do trabalho. O trabalho como valor de uso sempre existiu. Com o capitalismo passou-se à noção de trabalho abstrato, produtor de valores de troca. No contexto capitalista as “lutas pela jornada normal de trabalho” (Marx, 1987) que provocaram o surgimento de novas regulamentações sociais e do trabalho pelo Estado movimentaram o cenário social. Mais-valia: É a disparidade entre salário pago e valor produzido pelo trabalho. É um conceito pilar da teoria marxista e sustenta a ideia do materialismo histórico. Mais- valia está ligada à geração do lucro. A produção que excede o necessário para o pagamento do salário é a mais-valia. Materialismo histórico: defende que a realidade material do indivíduo é a maior responsável pela forma como o sujeito se desenvolve. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behringe Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Marx e Engels Braz e Netto, 2006. Conceitos relevantes: Questão social Desigualdade social Movimento operário Referências importantes: Economia política: uma introdução crítica - Braz e Netto 1. Questão social e política social (Pág. 69) As políticas sociais e a formatação de padrões de proteção social são desdobramentos e até mesmo respostas e formas de enfrentamento às expressões multifacetadas da questão social no capitalismo. Falar de produção e reprodução das relações sociais inscritas num momento histórico é falar de produção e reprodução de condições de vida, de cultura e de produção da riqueza – porque são movimentos inseparáveis na totalidade concreta. Embora se possa argumentar que a rigor, a categoria questão social não pertence ao quadro conceitual da teoria crítica da tradição marxista, é preciso ressaltar que na base do trabalho teórico presente na crítica da economia política empreendida por Marx e Engels está a perspectiva de desvelar a gênese da desigualdade social no capitalismo para instrumentalizar sujeitos políticos para a superação desta desigualdade. Priorizando o movimento operário. A configuração da desigualdade (que tem relação com a exploração dos trabalhadores) e as respostas engendradas pelas classes sociais e seus segmentos: se expressam na realidade de forma multifacetada através da questão social. Em Marx e Engels existe o debate relativo à questão social centrado na acumulação do capital, produzido e reproduzido com a operação da lei do valor, mas também a desigualdade social e do crescimento relativo da pauperização. A pauperização é expressão das contradições inerentes ao capitalismo que, ao constituir o trabalho vivo como única fonte de valor e, ao mesmo tempo, reduzi-lo progressivamente em decorrência da elevação da composição orgânica do capital promove a expansão do exército industrial de reserva ou superpopulação relativa em larga escala (Braz e Netto, 2006). O fundamento do capitalismo está na exploração das relações de trabalho. A questão social se expressa nas refrações dessa relação de exploração e sujeitos históricos buscam formas de realizar o seu enfrentamento. A gênese da questão social, segundo as autoras está na maneira como os homens se organizaram para produzir um determinado momento histórico. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: David Harvey (1993) Conceitos relevantes: Jornada de trabalho Política social Referências importantes: O capital (Marx, 1988) Manifesto do Partido Comunista (1998) David Harvey (1993) ao tratar das tendências do modelo capitalista ressalta a potencialização de uma superpopulação e desemprego. Aspecto relevante ressaltado pelas autoras é que: A lei do valor não trata apenas da produção de mercadorias na sua dimensão econômica. Se o trabalho é o elemento decisivo que transfere e cria valor, então tal processo se refere sobretudo à: Produção e reprodução de indivíduos, classes sociais e relações sociais: a política e a luta de classes são elementos internos à lei do valor e à compreensão da questão social. Se sua base material é a produção e o consumo de mercadorias, estamos falando também do trabalho enquanto atividade humana, repleta de subjetividade, de identidade, de costumes e vida. Uma interpretação da questão social como elemento constitutivo da relação entre o Serviço Social e a realidade tem algumas implicações: Necessário trazer historicidade - observar seus nexos causais, relacionados às formas da produção e reprodução sociais capitalistas; E o debate deve incorporar, necessariamente, os componentes de resistência e de ruptura presentes nas expressões e na constituição de formas de enfrentamento da questão social. O capital (Marx, 1988) acerca da jornada de trabalho é uma referência decisiva para interpretar a relação entre questão social e política social. 1. Porque ele aborda a disputa de tempo de trabalho entre burguesia e trabalhadores – Greves sobre jornada de trabalho; 2. Reivindicações do período em relação ao valor da hora de trabalho – Segunda metade do século XIX; 3. O Estado com o monopólio da força passa a regulamentar as relações de produção: A Legislação Fabril. A luta em torno da jornada de trabalho e as respostas das classes e do Estado são, portanto, as primeiras expressões contundentes da questão social. Interessante a análise de que se trata de uma produção e reprodução de indivíduos. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Hobbes Rousseau Locke Conceitos relevantes: Liberalismo Livre mercado “Mão invisível” Referências importantes: David Ricardo Adam Smith (2003) Há: O movimento dos sujeitos políticos — as classes sociais. O ambiente cultural do liberalismo e a ênfase no mercado como via de acesso aos bens e serviços socialmente produzidos, e inserção do sujeito por mérito individual. Início do deslocamento do problema da desigualdade e da exploração como questão social, a ser tratada no âmbito estatal e pelo direito formal, discutindo a igualdade de oportunidades, em detrimento da igualdade de condições. O estabelecimento da jornada normal de trabalho foi o resultado de uma luta “multissecular entre capitalista e trabalhador. O debate sobre a jornada de trabalho mostra a irrupção da luta de classes e da questão social, bem como de suas formas de enfrentamento, com o início da regulamentação da relação capital/trabalho. A legislação fabril pode ser compreendida como precursora do papel que caberá ao Estado na relação com as classes e os direitos sociais no século XX. 2. O liberalismo e a negação da política social (Pág. 76) O princípio do trabalho como mercadoria e sua regulação pelo livre mercado – Sustentáculo do liberalismo (Metade do Século XIX até 1930). As autoras farão uma digressão ao ambiente precedente ao liberalismo. Contexto: decadência da sociedade feudal e da lei divina como fundamento das hierarquias políticas, por volta dos séculos XVI e XVII – Debate sobre o papel do Estado. - Hobbes – Leviatã – Renúncia de vontades em favor do monarca absoluto. - Locke – Pacto social com consentimento mútuo. - Rousseau – Contrato Social – Estado com poder do povo – Cidadania – Preocupação com a desigualdade social. O fio condutor da ação do Estado liberal: cada indivíduo agindo em seu próprio interesse econômico, quando atuando junto a uma coletividade de indivíduos, maximizaria o bem-estar coletivo. É o funcionamento livre e ilimitado do mercado que asseguraria o bem-estar. É a “mão invisível” do mercado livre que regula as relações econômicas e sociais e produz o bem comum. Nesse modelo, o papel do Estado resume-se a fornecer a base legal com a qual o mercado pode melhor maximizar os “benefícios aos homens”. Adam Smith criticou duramente o “Estado intervencionista e o Estado mercantilista”, embora não defendesse a extinção do Estado. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Adam Smith Conceitos relevantes: Estado mínimo Referências importantes: Bobbio, 1988 Liberalismo e democracia. Adentrando o Liberalismo: Componente transformador nessa maneira de pensar a economia e a sociedade no século XIX : romper com as amarras parasitárias da aristocracia e do clero, do Estado absoluto, com seu poder discricionário.A burguesia estava consolidada economicamente, mas não como classe política o que justifica e orienta um antiestatismo radical. Defende-se a figura de um Estado mínimo sob forte controle dos indivíduos que compõem a sociedade civil, na qual se localiza a virtude. Smith pensava em um Estado com apenas três funções: a defesa contra os inimigos externos; a proteção de todo o indivíduo de ofensas dirigidas por outros indivíduos; o provimento de obras públicas, que não possam ser executadas pela iniciativa privada (Bobbio, 1988). A coesão social se originaria na sociedade civil, com a mão invisível do mercado e o cimento ético dos sentimentos morais individuais fundados na perfectibilidade humana. O modelo burguês defende uma sociedade fundada no mérito de cada um em potenciar suas capacidades supostamente naturais. Combina-se à um darwinismo social. Malthus, em estudos sobre a população, por exemplo, recusava drasticamente as leis de proteção. A legislação social, para ele, revertia leis da natureza. Estado não deveria intervir na regulação das relações de trabalho nem deveria se preocupar com o atendimento das necessidades sociais. Mas, paradoxalmente, podia e devia agir firmemente para garantir os interesses liberais de estabelecimento do mercado livre na sociedade civil. A visão do darwinismo social é a de que o pobre precisa existir. Nesse argumento os salários não devem ser regulamentados, sob pena de interferir no preço natural do trabalho, definido nos movimentos naturais e equilibrados da oferta e da procura no âmbito do mercado. É uma negação política da política social. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Pisón Conceitos relevantes: Lutas de Classe Estado Liberal Referências importantes: Pisón, 1998 Políticas de bienestar: un estúdio sobre los derechos sociales Elementos essenciais do liberalismo: a) Predomínio do Individualismo – Direitos civis e propriedade. b) O bem-estar individual maximiza o bem-estar coletivo – Buscar o bem-estar com a venda da força de trabalho. c) Predomínio da liberdade e competitividade – Forma de autonomia. d) Naturalização da Miséria - Vista como natural e insolúvel, decorre da imperfectibilidade humana. e) Predomínio da lei da necessidade – Não atendimento para controle da população e da miséria. f) Manutenção de um Estado mínimo - Para os liberais, o Estado deve assumir o papel “neutro” de legislador e árbitro. g) As políticas sociais estimulam o ócio e o desperdício – Desestimulam o interesse no trabalho e gera acomodação. h) A política social deve ser um paliativo -Assegurar assistência mínima a alguns indivíduos (crianças, idosos e deficientes). 3. As lutas da classe trabalhadora e a origem da política social (Pág. 84) A resposta dada à questão social no final do século XIX foi sobretudo repressiva e apenas incorporou algumas demandas da classe trabalhadora, transformando as reivindicações em leis que estabeleciam melhorias tímidas e parciais nas condições de vida dos trabalhadores, sem atingir, portanto, o cerne da questão social. Não houve ruptura radical entre o Estado liberal predominante no século XIX e o Estado social capitalista do século XX. O que ocorreu foi mudança na perspectiva do Estado. O Estado abrandou seus princípios liberais e incorporou orientações social-democratas num novo contexto socioeconômico e da luta de classes, assumindo um caráter mais social, com investimento em políticas sociais (Pisón, 1998). A mobilização e a organização da classe trabalhadora foram determinantes para a mudança da natureza do Estado liberal no final do século XIX e início do século XX: classe trabalhadora conseguiu assegurar importantes conquistas na dimensão dos direitos políticos, como o direito de voto, de organização em sindicatos e partidos, de livre expressão e manifestação. As autoras ressaltam que Estado liberal e o Estado social têm um ponto em comum: o reconhecimento de direitos sem colocar em xeque os fundamentos do capitalismo. As intenções das classes trabalhadoras estavam pautadas: na luta pela emancipação humana, na socialização da riqueza e na instituição de uma sociabilidade não capitalista. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Pierson Conceitos relevantes: Welfare State Referências importantes: Pierson (1991) Assim, a generalização dos direitos políticos é resultado da luta da classe trabalhadora e, se não conseguiu instituir uma nova ordem social, contribuiu significativamente para ampliar os direitos sociais, para tencionar, questionar e mudar o papel do Estado no âmbito do capitalismo a partir do final do século XIX e início do século XX. Welfare State: O surgimento das políticas sociais foi gradual e diferenciado entre os países, dependendo dos movimentos de organização e pressão da classe trabalhadora, do grau de desenvolvimento das forças produtivas. Os autores são unânimes em situar o final do século XIX como o período em que o Estado capitalista passa a assumir e a realizar ações sociais de forma mais ampla, planejada, sistematizada e com caráter de obrigatoriedade. Para Pierson (1991) a simples presença de algumas medidas de regulação pública não é suficiente para definir sua existência. Pontos que ajudam a demarcar: 1º - introdução de políticas sociais orientadas pela lógica do seguro social na Alemanha, a partir de 1883. 2º - as políticas sociais passam a ampliar a ideia de cidadania e desfocalizar suas ações, antes direcionadas apenas para a pobreza extrema. Mudança na relação do Estado com o cidadão em quatro direções: a) o interesse estatal vai além da manutenção da ordem, e incorpora a preocupação de atendimento às necessidades sociais reivindicadas pelos trabalhadores; b) os seguros sociais implementados passam a ser reconhecidos legalmente como conjunto de direitos e deveres; c) A concessão de proteção social pelo Estado deixa de ser barreira para a participação política e passa a ser recurso para exercício da cidadania. d) ocorre um forte incremento de investimento público nas políticas sociais, com crescimento do gasto social. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Conceitos relevantes: Crise do capital Modelo Bismarckiano Referências importantes: Imperialismo, fase superior do capitalismo (1987). Cidadão Kane, de Orson Welles. Sandroni, 1992 – Dicionário de economia Na França, as primeiras intervenções estatais durante o século XIX foram chamadas pelos liberais de Etat Providence (Estadoprovidência) – Há autores que consideram seu marco em 1898 - O modelo bismarckiano é identificado como sistema de seguros sociais, pois suas características assemelham-se à de seguros privados. Tímidas iniciativas revelam que, ao menos até o início do século XX, as ideias liberais irão prevalecer, derrotando na maior parte das vezes os humanistas, democratas, reformadores e socialistas. 4. A grande crise do capital e a condição da política social O enfraquecimento das bases materiais e subjetivas de sustentação dos argumentos liberais ocorreu ao longo da segunda metade do século XIX e no início do século XX resultante: a) crescimento do movimento operário, que passou a ocupar espaços políticos e sociais importantes, como o parlamento. b) concentração e monopolização do capital, demolindo a utopia liberal do indivíduoempreendedor orientado por sentimentos morais. A concorrência intercapitalista feroz entre grandes empresas de base nacional ultrapassou as fronteiras e se transformou em confronto aberto e bárbaro nas duas grandes guerras mundiais. O momento divisor de águas para que fossem reconhecidos os limites do mercado: crise de 1929-1932 - A Grande Depressão. Como explicar essa crise e quais são suas implicações para o processo de consolidação da política social? (parei na 94) Ver o filme – O germinal - Primeiro seguro-saúde nacional obrigatório em 1883, no contexto de fortes mobilizações da classe trabalhadora – O objetivo da concessão foi desmotivar a luta por serem destinadas a categorias específicas de trabalhadores. A crise se alastrou pelo mundo, reduzindo o comércio mundial a um terço do que era antes. Com ela instaura-se a desconfiança de que os pressupostos do liberalismo econômico poderiam estar errados, gerando forte crise econômica e desemprego em massa. Para compreender a crise necessário considerar os longos ciclos. Com a superabundância de capitais e uma escassez de lucros, gerou-se o desemprego generalizado e a queda do consumo, inviabilizando o processo de realização da mais-valia. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Ianni Conceitos relevantes: Revolução keynesiana Referências importantes: Caio Prado Jr. (1991) – O sentido da colonização do Brasil Ianni, 1992 - A idéia de Brasil moderno. De um ponto de vista global (econômico, político e ideológico), seria insustentável, para o capital, vivenciar uma nova crise com as características de 1929. As alternativas eram o Socialismo que vinha se consolidando na união soviética ou o fascismo. Desses processos complexos decorre, então, uma espécie de “contestação burguesa” do liberalismo ortodoxo, expressa principalmente na chamada “revolução keynesiana”. As proposições de Keynes estavam sintonizadas com a experiência do New Deal americano, e inspiraram especialmente as saídas europeias da crise. Ambas têm um ponto em comum: a sustentação pública de um conjunto de medidas anticrise ou anticíclicas, tendo em vista amortecer as crises cíclicas de superprodução, superacumulação e subconsumo, ensejadas a partir da lógica do capital. 5. E no Brasil? (Pág. 96) Para tratar do desenvolvimento da política social as autoras afirmam que é necessário tratar inicialmente do início do capitalismo no Brasil. Os períodos imperial e da república não alteram significativamente essa tendência do país em subordinação e dependência ao mercado mundial. O colonialismo e o imperialismo são momentos de um sentido geral da formação brasileira: uma sociedade e uma economia que se organizam para fora e vivem ao sabor das flutuações de interesses e mercados longínquos (Ianni, 1989: 68 e 69) O Brasil capitalista moderno seria, então, um “presente que se acha impregnado de vários passados” (Ianni, 1992: 63) marcas de um país com desenvolvimento desigual. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Prado Jr. Coutinho Roberto Schwarz Conceitos relevantes: Referências importantes: As ideias fora de lugar: Ensaios selecionados.- Roberto Schwarz Prado Jr. Formação do Brasil contemporâneo. Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político - Coutinho Prado Jr. (1991) identificou a adaptação brasileira ao capitalismo a partir da substituição lenta do trabalho escravo pelo trabalho livre nas grandes unidades agrárias, numa “complexa articulação de ‘progresso’ (a adaptação ao capitalismo) e conservação (a permanência de importantes elementos da antiga ordem) ”. (Coutinho, 1989: 119). Nesta visão a inserção do capitalismo só ganha maior espaço com a criação do Estado nacional em 1822. Esse movimento é marcado pela ausência de compromisso com qualquer defesa mais contundente dos direitos do cidadão por parte das elites econômico-políticas. O Estado é visto como meio de internalizar os centros de decisão política e de institucionalizar o predomínio das elites nativas dominantes, numa forte confusão entre público e privado. Sem participação das massas. Então, o liberalismo trouxe: Uma mudança no horizonte cultural das elites; Organização moderna dos poderes. Porém: não conseguiu dinamizar em toda a profundidade a construção de uma ordem nacional autônoma. A marca brasileira é a dependência. Houve um desenho formal moderno e liberal de instituições como a burocracia e a justiça, mas internamente estas eram regidas por relações de clientela, numa coexistência estabilizada entre princípios distintos. Até hoje as ideias se gravitam em relação ao centro do capitalismo mundial. O Estado brasileiro nasceu sob o signo de forte ambiguidade entre um liberalismo formal como fundamento e o patrimonialismo como prática no sentido da garantia dos privilégios das classes dominantes. Interessante a análise feita sobre o processo de adaptação brasileira. Ele é um caminho em progressão, em mudança, nova adaptação, mas que conjuga conservação. A nova configuração após independência possui elementos de ruptura, coexistente com elementos conservadores. Fichamento do Texto: Política Social: Fundamentos e história - Capítulo: 2: Capitalismo, liberalismo e origens da política social Autoras: Elaine Rosseti Behring e Ivanete Boschetti Aluna: Paula Lobo Cintra Autores citados: Conceitos relevantes: Heteronomia Referências importantes: As ideias fora de lugar: Ensaios selecionados.- Roberto Schwarz A Independência deu condição ao crescimento do espírito burguês sem romper com a ligação visceral com o mercado externo. Estabelecida uma economia voltada para a exportação. A heteronomia, portanto, é uma marca estrutural do capitalismo brasileiro, e o processo de modernização (conservadora), consolidando o capitalismo entre nós, tenderá a mantê-la. O início do capitalismo brasileiro trazia ainda coexistência exótica entre a escravidão e os privilégios da aristocracia agrária e o status de cidadão, preconizado pela ordem social competitiva, com maior ênfase pelo movimento abolicionista. Prevaleceram os interesses do setor agroexportador e o ímpeto modernizador não teve forças suficientes para engendrar um rumo diferente, já que promovia mudanças com a aristocracia agrária e não contra ela. E a política social brasileira? Não acompanhou os países capitalistas centrais. Não houve no Brasil escravista do século XIX uma radicalização das lutas operárias, sua constituição em classe para si, com partidos e organizações fortes. A questão social só se tornou questão política na primeira década do século XX. A condição geral de trabalho no Brasil certamente tem forte relação com o desenho instável, restrito e segmentado que marcou a política social brasileira desde seus primórdios. O trabalho no Brasil, apesar de importantes momentos de radicalização, esteve atravessado pelas marcas do escravismo, pela informalidade e pela fragmentação/cooptação, e que as classes dominantes nunca tiveram compromissos democráticos e redistributivos. Até 1887, dois anos antes da proclamação da República no Brasil (1889), não se registra nenhuma legislação social. Nosso liberalismo à brasileira não comportava a questão dos direitos sociais, que foram incorporados sob pressão dos trabalhadores e com fortes dificuldades para sua implementação e garantia efetiva. A transição capitalista brasileira tem a marca de seu colonialismo, as autoras definem como um colonialismo adaptado aos novos tempos. As elites passaram por uma metamorfose,chamada pelas autoras de aburguesamento. A lógica de que o trabalho livre seria uma continuação do trabalho escravo foi motivo a retardar a consciência e a ação política e operária no Brasil.
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