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Herbert.sdp10@uni9.edu.br 1 ABORVIROSE Casos clínicos • Criança de 10 anos, com história de febre e cefaleia há quatro dias, além de mialgia generalizada e vômitos esporádicos. Refere ter frequentado um bosque cinco dias antes do aparecimento dos sintomas. Houve o encontro de um macaco morto na região do bosque • Os sintomas persistiram por três dias, com melhora. Há cerca de 24 horas, voltou a apresentar febre, vários episódios de vômitos, e a mãe notou que seus olhos estão amarelos. Ao exame físico encontra-se em REG, com mucosas secas, olhos encovados, saliva espessa, com tempo de enchimento capilar de 3 segundos, icterícia +++/4, descorado ++/4, taquipneico. FC=140, FR=30, PA=80X40 mmHg (percentil 50% para idade e altura: 100X62mmHg) Apresenta petéquias em pele e sangramento em mucosa oral. Abdome plano, normotenso, com fígado palpado a 2cm do RCD, consistência normal. Pulsos periféricos finos. • Exames laboratoriais 1)Hemograma Hb=12 g/dL Ht 37% Leucócitos 3.600/ mm3 ; 20% neutrófilos (720/mm3 ), 72% linfócitos e monócitos Plaquetas de 100.000/mm3 2) TGO 400 UI/L (normal 13 a 35); TGP 480 UI/L (7 a 35) 3) Bilirrubinas: BT 4 mg/dL (0,30 a 1,20), BD 3mg/dL (<0,20), BI 1mg/dL (0,1 a 1,0) 4) Ureia 60 mg/dL (10 a 50); Creatinina 1,0 mg/dL (0,30 a 0,70); Na= 135 mEq/L (135 a 145); K= 5mEq/L (3,4 a 5,5) Qual a sua hipótese diagnóstica? CASO 2 • Criança de 8 anos, apresenta febre alta (39° a 40°C) de início abrupto, há 5 dias. Há 4 dias com queixa de cefaleia, mialgia, artralgia, prostração, e dor retro- orbitário. Refere também anorexia, náuseas e vômitos. Hoje a mãe notou manchas pelo corpo. Refere prurido generalizado. Ao exame físico: BEG/REG, corada, hidratada, eupneica, anictérica, temperatura axilar de 37,8°C, tempo de enchimento capilar (TEC) de 1 segundo, sem gânglios palpáveis. Orofaringe: hiperemia discreta de amígdalas, sem outras alterações. Exantema máculo- papular eritematoso disseminado, BRNF sem sopros SCP bilateralmente, MV presente bilateralmente, sem RA, Abdome plano, flácido, indolor à palpação, fígado e baço não palpáveis abaixo do rebordo costal. Sem sinais de ascite. Membros com boa perfusão, sem edemas • Exames laboratoriais 1)Hemograma: Hb=12,5 g/dL Ht 36% Leucócitos 3.800/ mm3 ; 35% neutrófilos (1330/mm3 ), 60% linfócitos e monócitos Plaquetas de 100.000/ mm3 2)TGO 80 UI/L; TGP 64 UI/lL 3)Ureia 20 mg/dL; Creatinina 0,4 mg/dL; Na= 138 mEq/L; K= 4mEq/L Qual a sua hipótese diagnóstica? Raciocínio clínico • Faixa etária • Detalhamento de sinais e sintomas; hipótese sindrômica • Histórico vacinal • História de contato com casos semelhantes Herbert.sdp10@uni9.edu.br 2 • História de contato com animais domésticos ou outros animais • História de contato com vetores (insetos principalmente) • História de viagens, locais visitados; período • Exame físico detalhado; características de lesões de pele, distribuição, presença de enantema • Conhecimento epidemiológico do local de residência • Em algumas situações, necessidade de exames laboratoriais inespecíficos, e exames confirmatórios ARBOVÍRUS • Arbovírus são transmitidos por artrópodes (vírus arthropodborne); os de maior importância clínica pertencem aos gêneros Flavivirus (família Flaviridae) e Alphavirus (família Togaviridae) • Doenças que se disseminam por intermédio dos animais ou de um reservatório animal são chamadas de zoonoses • Cinco arbovírus surgiram ou reemergiram nas últimas décadas causando epidemias em humanos: vírus da dengue, zika, febre do Oeste do Nilo, febre amarela e Chikungunya. Os quatro primeiros pertencem ao gênero Flavivirus e o vírus Chikungunya pertence ao gênero Alphavirus • Dengue, zika e Chikungunya são os de maior importância epidemiológica • Estima-se que aproximadamente 3,9 bilhões de pessoas, que vivem em mais de 120 países, correm o risco de infecção por qualquer um desses três arbovírus. Febre Amarela FEBRE AMARELA (FA)- DESCRIÇÃO • Doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível, de evolução abrupta e gravidade variável, com elevada letalidade nas suas formas graves • Agente etiológico transmitido por artrópodes (vetores), da família Culicidae, habitualmente conhecidos como mosquitos e pernilongos. • A importância epidemiológica decorre da gravidade clínica, da elevada letalidade e do potencial de disseminação e impacto. FA - AGENTE ETIOLÓGICO • O vírus da febre amarela é um arbovírus do gênero Flavivirus, protótipo da família Flaviviridae, gênero Flavivirus FA - HOSPEDEIROS E RESERVATÓRIOS • Ciclo silvestre: os primatas não humanos (PNHs) principais hospedeiros, amplificadores do vírus. São vítimas da doença assim como o ser humano, que, nesse ciclo, apresenta-se como hospedeiro acidental. • Principais espécies de culicídeos (mosquitos silvestres) implicadas na transmissão são Haemagogus janthinomys e Haemagogus leucocelaenus, e diversas espécies do gênero Sabethes • Mosquitos: verdadeiros reservatórios do vírus da febre amarela; uma vez infectados, permanecem assim durante toda a vida • Ciclo urbano, não registrado no Brasil desde 1942: ser humano é o principal hospedeiro com importância epidemiológica, e as espécies de culicídeos (mosquitos vetores) são do gênero Aedes, principalmente o Aedes aegypti, mantendo-se um ciclo homem-mosquito. CICLO DA FEBRE AMARELA No ciclo Silvestre, os mosquitos Haemagogus e Sabethes infectam os primatas não humanos. Os macacos infectados são picados pelos mosquitos na fase virêmica. Os mosquitos, uma vez infectados, ele permanece por toda a vida. Há também transmissão vertical, da fêmea do mosquito para sua prole. O homem pode se infectar também ao se aproximar ou entrar na mata No ciclo Urbano, a transmissão acontece entre o mosquito Aedes aegypti infectado e o homem (Febre amarela Urbana). Herbert.sdp10@uni9.edu.br 3 -Pode acontecer casos simultâneos de febre amarela selvagem e urbana. MODO DE TRANSMISSÃO -Infecção humana ocorre por meio da picada de mosquitos hematófagos portadores do vírus. • Não há transmissão de pessoa a pessoa • O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados. Apenas as fêmeas transmitem o vírus. • Nos mosquitos, a transmissão também ocorre de forma vertical, na qual as fêmeas podem transferir o vírus para a sua prole, favorecendo a manutenção do vírus na natureza • Ciclo urbano, a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados; ciclo silvestre, os transmissores são mosquitos com hábitos predominantemente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina -As formas clínicas da doença selvagem e urbana são idênticas. PERÍODO DE INCUBAÇÃO • Intrínseco (ocorre no homem e no primata não- humano) – 3 a 6 dias podendo se estender até 15 dias. Período entre a picada do mosquito infectado, e início dos sintomas • Extrínseco (ocorre nos mosquitos vetores) – 8 a 12 dias. Período entre a infecção, a partir do repasto sanguíneo no hospedeiro virêmico e a replicação do vírus nas glândulas salivares, quando o mosquito passa a transmitir o vírus pela picada. PERÍODO DE TRANSMISSÃO • Homem: a viremia dura em torno de sete dias, entre 24 e 48 horas antes do aparecimento dos sintomas até três a cinco dias após o início da doença, período em que pode infectar os mosquitos transmissores. • PNHs(Primata não humanos): a doença ocorre de forma similar ao homem • Na infecção dos vetores, o vírus migra para as glândulas salivares, onde se replica depois de 8 a 12 dias de incubação. A partir desse momento, a fêmea do mosquito é capaz de transmitir o vírus até o final de sua vida, que pode variar entre seis e oito semanas. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADE -Período de incubação é de 3 a 6 dias • A suscetibilidade é universal e a infecção confere imunidadeduradoura, podendo se estender por toda a vida. • Os filhos de mães imunes podem apresentar imunidade passiva e transitória durante os primeiros 6 meses de vida. -Predomina em adultos jovens e do sexo masculino, em geral, trabalhadores rurais. Epidemiologia • Campanhas sanitárias conduzidas por Oswaldo Cruz no início do século passado para controle dos vetores controlaram a doença • Último caso de Febre Amarela urbana no BR ocorreu em Sena Madureira, Acre - em 1942 • Nos anos de 2016, 2017 e 2018 - rápida expansão de casos de febre amarela silvestre nos sentidos leste e sul em áreas com grande contingente populacional não imunizada e com elevada densidade de Aedes aegypti - risco iminente de reurbanização da doença • Ciclos da FA: Selvagem e Urbano, respectivamente o selvagem os mosquitos Haemagogus e Sabethes são responsáveis e no Urbano é o Aedes aegypti é o responsável. • As formas clínicas da doença selvagem e urbana são idênticas • O ciclo silvestre é endêmico, com surtos acontecendo com intervalos de 3 a 7 anos • Surtos em humanos costumam ser precedidos por epizootias com mortes de macacos - um dos principais marcadores de vigilância epidemiológica da doença. -A morte de macacos (Bugios, saguis, macaco-prego) são sinais de alerta para vigilância epidemiológica da circulação do vírus e da doença. -O risco de transmissão é maior de dezembro a maio (‘período sazonal’’) Herbert.sdp10@uni9.edu.br 4 Definição de caso suspeito – MS • Indivíduo não vacinado contra a febre amarela ou com situação vacinal desconhecida com: • Quadro infeccioso febril agudo (até 7 dias) de início súbito + • Icterícia e/ou manifestações hemorrágicas • Com exposição, nos últimos 15 dias, em área de risco (áreas de recomendação de vacina/epizootias/áreas recém-afetadas. DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO – FEBRE AMARELA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E IMEDIATA! Fisiopatologia da FA -FA possui diversos mecanismo de escape ao sistema imunológico, isso permite sua replicação em diversos órgãos, como fígado, rins, coração, baço, linfonodos e músculos. -O mecanismo fisiopatológico responsável pela disseminação do vírus está na relação de atuação dos linfócitos T citotóxicos e a liberação de citocinas (Liberação exacerbada) que promovem necrose ou apoptose dos hepatócitos com uma pequena reposta celular inflamatória. -Há também vasculite por lesão endotelial, e a hipoxia por hipoperfusão contribui para lesão hepática mediozonal. • As manifestações mais graves, como hemorragias, choque e insuficiência renal, refletem a insuficiência hepática. Manifestação Clínica • Espectro clínico: desde infecções assintomáticas até quadros graves e fatais • As formas leves ou infecções assintomáticas representam a maioria dos casos (40% a 60%) • Quadro clínico clássico: início súbito de febre alta, cefaleia intensa e duradoura, inapetência, náuseas e mialgia. Pode estar presente o sinal de Faget (bradicardia acompanhando febre alta) - Formas leves e moderadas (20% e 60% dos casos): os sinais e os sintomas duram entre dois e quatro dias, geralmente são aliviados com tratamento sintomático - Formas graves e malignas (aproximadamente 20% a 40% dos casos):pode ocorrer evolução para óbito entre 20% e 50% dos registros. Nas formas graves, cefaleia e mialgia ocorrem com maior intensidade e podem estar acompanhadas de náuseas e vômitos frequentes, icterícia, oligúria e manifestações hemorrágicas, como epistaxe, hematêmese e metrorragia. Herbert.sdp10@uni9.edu.br 5 QUADRO CLÍNICO • Início abrupto: febre, calafrios, cefaleia intensa, dor lombossacral, mialgia generalizada, anorexia, náuseas, vômitos, bradicardia (sinal de Faget – dissociação pulso/temperatura), hemorragia gengival e/ou epistaxe. Duração média de 3 dias, cursa com viremia. -O sinal de FAGET, característico da doença, é a BRADICARDIA+HIPERTERMIA • Período de remissão: melhora dos sintomas por aproximadamente 20 horas • Quadros graves (aproximadamente 15% dos casos): reaparecimento de febre, vômitos mais frequentes, icterícia, quadro de diátese hemorrágica, desidratação. -Achado clínicos mais frequentes temos na tabela: FORMA CLÍNICA GRAVE • Quadro clínico típico: manifestações de insuficiência hepática e renal • Geralmente apresentação bifásica, com um período inicial prodrômico (infecção) e um toxêmico, que surge após uma aparente remissão • Após o período de remissão dos sintomas, que pode levar de 6 a 48 horas entre o 3° e o 5° dia de doença, ocorre o agravamento da icterícia, insuficiência renal e fenômenos hemorrágicos de maior intensidade, em muitos casos, evoluindo para óbito em aproximadamente uma semana ESTÁGIOS DA DOENÇA Evolução Clínica da FA: Infecção (0-3 dias); Remissão (4-6 dias); Intoxicação (7-9 dias). DIAGNÓSTICO História epidemiológica + CLÍNICA (sinais/sintomas). A confirmação é feita por exames laboratoriais específicos. Alterações laboratoriais na FA Herbert.sdp10@uni9.edu.br 6 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ESPECÍFICO -Exames laboratoriais mostram alterações fisiopatológicas como Aumento de transaminases, bilirrubinas, ureia, creatinina, tempo de protrombina e tempo parcial de tromboplastina. -Pode haver plaquetopenia, Aumento de produtos de degradação da fibrina. -Sorologia IgM -PCR-RT -Exame histopatológico do fígado (Lesões, necrose, presença de corpúsculos de coucilman) DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS • Malária por Plasmodium falciparum • Dengue • Mononucleose infecciosa • Influenza • Hepatites virais • Rickettsioses • Zika • Chikungunya • Febre tifoide • Lepstopirose • Sepse TRATAMENTO • Não há tratamento específico para febre amarela • Terapia de suporte: hidratação, correção de distúrbios eletrolíticos, hemoderivados de acordo com a evolução. • A prevenção com a vacina de vírus vivo atenuado é altamente eficaz. A vacina está indicada para todo o território nacional. -Ácido acetilsalicílico é contraindicado FLUXOGRAMA MS MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE • Controle dos vetores-Combate ao mosquito e cuidados ambientais • Vacina Febre amarela-Medida mais eficaz -MS-Recomenda vacinação de rotina para áreas de riscos e para viajantes que tem como destino lugares com FA. -Vacina é aplica aos 9 meses de idade e reforço aos 4 anos, acima dessa idade é recomendável duas doses com intervalo de 10 anos. Herbert.sdp10@uni9.edu.br 7 VACINA FEBRE AMARELA • Vacina de vírus vivo atenuado • Cultivada em ovos embrionados de galinha • É altamente imunogênica – 95 a 99% dos adultos / 90% das crianças pequenas • Baixa reatogenicidade-Capacidade de uma vacina gerar uma reação adversa no organismo • Crianças entre 9 meses de vida a menores de 5 anos de idade: Administrar 1 dose aos 9 meses de vida, e uma dose de reforço aos 4 anos de idade. • Pessoas a partir de 5 anos a 59 anos de idade: Administrar 1 dose (única). • Pessoas com 60 anos e mais, que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação: o serviço de saúde deverá avaliar a pertinência da vacinação, levando em conta o risco da doença e o risco de eventos adversos nessa faixa etária e/ou decorrentes de comorbidades. -Tomar 10 dias antes da viagem CONTRAINDICAÇÃO VACINA FA • Crianças menores de 6 meses de idade, quando vacinadas, devem ser orientadas para a suspensão do aleitamento materno ´por 10 dias após a vacinação. -Não pode fazer vacina da FA com Triple viral • Mulheres amamentando crianças menores de 6 meses de idade • Pessoas com alergia grave a ovo • Pessoas com imunossupressão secundária a doenças • Pessoas na vigência de medicações ou tratamento imunossupressores (quimioterapia, radioterapia, corticoides em altas doses, metrotrexate entre outras). DENGUE Epidemiologia • Mais de 3bilhões de pessoas vivem em áreas endêmicas no Mundo • Em torno de 100 milhões de casos relatados • Nove mil mortes anuais • Brasil – maior número de casos de dengue no mundo atualmente • 80 a 85% da população vive em áreas de transmissão • Anos de 2015 e 2016 – piores epidemias do pais: 3 milhões de casos prováveis e mais de mil mortes • Transmitida pelo mosquito do gênero Aedes – principalmente pelo Aedes aegypti • Raros relatos de transmissão transplacentária, transplante de órgãos ou transfusão de sangue • Período de incubação do vírus no homem após a picada do mosquito – 3 a 14 dias • Mosquito-fêmea transmite a doença; mosquitos- machos se alimentam de seivas de plantas • Transmissão mais comum nos períodos chuvosos quando há proliferação dos mosquitos. • Ciclo de transmissão do Vírus da dengue CO2 Herbert.sdp10@uni9.edu.br 8 -Arbovirose mais difundida no mundo e se constitui um grave problema de saúde pública mundial. Etiopatogênese • Arbovírus • Transmitidos por artrópodes •Causada por um vírus de genoma de RNA, fita simples, do Gênero Flavivirus (família Flaviridae): vírus da dengue, Zika, febre do Oeste do Nilo, febre amarela • Gênero Alphavirus (família Togaviridae): Chikungunya • Vírus da dengue causa Doença febril exantemática aguda • 4 sorotipos diferentes – DENV-1; DENV-2; DENV-3; DENV-4 • Infecção permite imunidade permanente sorotipo específica • Imunidade cruzada fugaz contra outros sorotipos. • Sorotipos relacionados à maior gravidade • Variantes genéticas asiáticas dos sorotipos 2 e 3 • Patogênese é multifatorial • Infecção secundária heterotípica é fator de risco para doença grave (Teoria de Halstead) • Teoria da facilitação, por anticorpos, da penetração dos vírus nas células do hospedeiro • Ativação de linfócitos T – liberação de citocinas (mediadores vasoativos – IL-2, TNF-alfa, INF-gama) • Aumento da permeabilidade vascular, extravasamento de plasma, destruição plaquetária. ==> Dengue mais grave TRANSMISSÃO -Ocorre pela picada do mosquito fêmea do Aedes aegypti, principal vetor no BR -É possível a transmissão por intraparto, perinatal, transfusão sanguínea ou transplante QUADRO CLÍNICO • Apresentação clínica bastante variada – desde assintomáticas a formas graves -Na evolução clínica pode acontecer 3 fases clínicas: Febril, Crítica e recuperação. -Após curto período de incubação, surge febre de início abrupto (39 a 40 °C), duração de 2 a 5 dias, associada com dor, cefaleia, mialgias, artralgias e dor retro-orbitário, que nas crianças vem com choro frequentes. -Exantema maculopapular-face, tronco, membros e pode aparecer em plantas dos pés e palmas das mãos. -Gastrointestinais: Vômitos, náuseas e diarreia • Dengue Clássica • Febre • Dor de cabeça • Odinofagia • Mialgia, artralgia, astenia • Dor retro orbital • Hiperemia conjuntival • Rash maculopapular • Petéquias, gengivorragia, epistaxe em alguns casos ➔Não é comum ter doença hepática. -Evolução para melhora dos sintomas em 7 a 10 dias DENGUE COM SINAIS DE ALARME Os sinais podem dizer se houve aumento da permeabilidade vascular e a evolução para agravamento do caso com risco de choque ou derrame cavitário pelo extravasamento plasmático, como hemorragia massiva, choque, hepatite fulminante, miocardite, encefalite. Sinais de alarme que merecem muita atenção: Dor abdominal intensa (referida ou a palpação) e continua. Vômito persistentes Acúmulo de líquidos (Ascite, derrame pleural, derrame pericárdio) Hipotensão postural e /ou lipotimia Hepatomegalia > 2 cm abaixo do rebordo costal Herbert.sdp10@uni9.edu.br 9 Sangramento de mucosa Letargia ou irritabilidade Aumento progressivo do hematócrito Queda abrupta da plaqueta Diminuição de diurese Desconforto respiratório Reconhecer os sinais de alarme e realizar o tratamento dos casos graves de dengue é a principal estratégia para reduzir a letalidade, principalmente em crianças, que apresentam poucos sintomas e podem progredir rapidamente para a Sd.do choque da dengue. DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO-Dengue FASES CLÍNICAS DA DENGUE Fase Febril • Febre – alta (entre 39 e 40 graus), de início abrupto, 2 a 7 dias o Cefaleia, dor retro orbital, mialgias, artralgias, astenia, anorexia o Em crianças: ➢ Síndrome Febril acompanhada de sintomas inespecíficos – apatia, sonolência, vômitos e diarreia ➢ Sintomas álgicos se manifestam como choro intenso e irritabilidade o Exantema maculopapular – em geral aparece na defervescência, mas pode surgir ao mesmo tempo, com ou sem prurido➔ pode vir acompanhado de pruri, exantema que coça. -Pedir para o Paciente voltar quando a febre baixar FASE CRÍTICA Fase Crítica=Dengue grave • Surge em alguns pacientes no período da defervescência – após 3 a 7 dias do início dos sintomas; • Surgimento dos sinais de alarme ❑ Dengue com sinais de alarme -Sinais mais frequentes: Hemorragias (gastrointestinal, urinária), dor abdominal, Aumento do hematócrito, Diminuição rápida da contagem de plaquetas, vômito persistente, letargia/inquietação e dificuldade respiratória. Fase Crítica: ❑ Dengue grave= Caracteriza-se pelo extravasamento de plasma levando ao choque ou acúmulo de líquido e consequente desconforto respiratório, hemorragia ou disfunção orgânica (choque). Além disso, o extravasamento plasmático provoca também Hipoalbuminemia e aumento do hematócrito, o qual tem relação com a gravidade do caso. Herbert.sdp10@uni9.edu.br 10 ➢ Choque • Início na defervescência – entre 3 e 7 dias de doença • Geralmente é precedido pelos sinais de alarme • Dura cerca de 24 a 48hs • Principal causa de morte se não manejado de forma adequada -Letargia e dor abdominal são associadas á dengue grave e junto á dispneia podem ser uteis na identificação de casos que progridam para dengue grave. ➢ Hemorragia grave • Sangramentos gastrointestinais – melena, hematêmese; geniturinários ➢ Disfunções orgânicas • Hepatite, miocardites, encefalites ou encefalopatias, coagulação intravascular disseminada, alteração de função renal Fase de convalescência -Quando o paciente sobrevive a fase crítica, evoluem para a fase de recuperação, no qual ocorre reabsorção gradual dos líquidos extravasados, que pode durar de 48 a 72 horas, controle dos fenômenos hemorrágicos e estabilização do estado hemodinâmico e aumento da diurese. • Geralmente ocorre entre o 6º e 8º dias de doença • Porém pode ser o momento de surgimento de infecção bacteriana secundária – quadro que às vezes pode sobrepor-se ao quadro clínico da dengue. -Dengue pode ser assintomáticas ou manifestar-se como Sd febril com sinais e sintomas inespecíficos, como apatia, recusa alimentar e líquidos, vômitos, diarreia sem sinais de localização. DIAGNÓSTICO -Clínico -Pedir Testes virológicos + Testes sorológicos -Testes Virológicos→Detecta elementos do vírus. -Testes Sorológico→detectam imunoglobulinas produzidas em resposta ao vírus. -Método virológicos: PCR-RT ➔recomenda-se a coleta na 1°semana. (Isolamento viral por técnica molecular) -Detecção da antigenemia NS-1 é feita por ensaio imunoenzimático, e encontra-se no 3° dia do início dos sintomas. Porém, não permite identificar o sorotipo. -Presença do IgM pode ser detectada apenas a partir de 3 a 5 dias após o início dos sintomas. Recomenda-se, portanto, que a sorologia seja feita após o sexto dia de sintomas. Evolução clínica e laboratorial de dengue. #PEDIR NO INÍCIO NS-1, PCR, HGM. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL IMPORTANTE – O manejo clínico não depende do diagnóstico laboratorial e sim da suspeita clínica! • Exames diagnósticos compreendem: -Hemograma →Monitorar o Hematócrito (elevação de 10 a 20% do valor basal pode indicar extravasamento plasmático) →Plaquetopeniaisolada não significa gravidade, mas aumenta o riso para agravamento. • Detecção do antígeno da proteína 1 não- estrutural (NS1) por ensaio imunoenzimático – Teste qualitativo rápido de dengue – recomendado nos 3 primeiros dias de sintomas. Herbert.sdp10@uni9.edu.br 11 Teste positivo: confirma a doença; negativo: não exclui o diagnóstico ➔NS-1 É EXCLUSIVO DA DENGUE • Sorologia para Dengue – IgM deve ser coletada preferencialmente entre o 6º e 10º dia de sintomas. -A critério clínico pode ser solicitado: Dosagem de albumina e proteínas totais, Perfil hepático (TGO/AST e TGP/ALT), Coagulograma, perfil renal e exames de imagem (USG-abdominal para ver vesícula biliar e confirmar derrames cavitários) -Leucopenia com atipia linfocitária • Achados laboratoriais inespecíficos • Leucopenia – com presença de atipia linfocitária • Casos graves: Plaquetopenia (< 100.000); Hemoconcentração; Hipoalbuminemia; Elevação de transaminases; Alterações de provas de coagulação; Ultrassonografia – diagnóstico precoce de derrames cavitários (derrame pleural, ascite, derrame pericárdico) – sinais de extravasamento plasmático e de gravidade! DIAGNÓSTICO DIFERENCIAIS • Zika • Chikungunya • Febre amarela • Influenza • Sarampo • Rubéola • Mononucleose • Escarlatina • Outras doenças exantemáticas • Meningococcemia • Leptospirose • Malária • Hepatite infecciosa CLASSIFICAÇÃO DE RISCO-OMS/MS -Leva em consideração Epidemiologia -Petequeia 20 ou mais. • Pode se apresentar segundo o MS em duas formas: Dengue com ou sem sinais de alarme e Dengue grave. **Olhar o fluxograma no final do resumo** Herbert.sdp10@uni9.edu.br 12 DENGUE- ORIENTAÇÃO MANEJO DO PACIENTE COM DENGUE -Hidratação para todos os pacientes com dengue -Risco social, doença falciforme, sinal de alarme, algo que pode fazer ele ter uma condição pior -Colher HGM obrigatoriamente. -Hidratação -Observar o Hematócrito -Grupo B, é estratificado e depende de como o paciente responde para decidir o próximo passo. -Grupo C, tem sinal de alarme associado. -Não precisa ter fenômenos hemorrágico -Paciente grave com sinais de choque e suporte de UTI. TRATAMENTO -Atualmente não há tratamento farmacológico de dengue -Suporte ➢ Controle da dor e da febre, com Dipirona e Paracetamol. ➢ Reposição volêmica • Não usar AAS (ácido acetilsalicílico) ou AINES! -Por causa do risco aumentado de complicações hemorrágicas. • Antieméticos Prevenção ➢ Vacinas • Dengvaxia® -Criada por Sanofi-Pasteur ➔Não deve ser administrada em indivíduos que não tenham sido previamente infectados pelo vírus da dengue. • Primeira vacina licenciada no mundo • Vacina com os 4 sorotipos atenuados • Não pode ser administrada a pacientes que nunca tiveram dengue – risco de dengue grave. • OMS recomenda vacina em indivíduos que já tiveram infecção prévia documentada -Vacina da dengue é direcionada para pessoas que vivem em áreas endêmicas, com idade 9 a 45 anos, que tiveram pelo menos uma infecção pelo vírus da dengue documentada. -Vacinação deve ser considerada como parte de uma estratégia integrada de prevenção e controle da dengue. Herbert.sdp10@uni9.edu.br 13 -Controle de vetores • Não disponível no PNI • Butantã tem vacina em desenvolvimento com resultados iniciais promissores. E AS OUTRAS ARBOBIROSES? REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS • Guia de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde 2022 https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de- conteudo/publicacoes/publicacoessvs/vigilancia/guia-de- vigilancia-em-saude_5ed_21nov21_isbn5.pdf/view • Manual de manejo clínico da febre amarela [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Modo de acesso: World Wide Web: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_manej o_clinico_febre_amarela.pdf • Boletim Epidemiológico – Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde, maio 2022 https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais- deconteudo/publicacoes/boletins/boletinsepidemiologicos/ edicoes/2022/boletim-epidemiologico-vol-53- no17.pdf/@@download/file/Boletim%20Epidemiol%C3%B3 gico%20Vo l.53%20N%C2%BA17.pdf SINAN SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO http://portalsinan.saude.gov.br/ Doenças e agravos (inclui acesso às fichas de investigação): http://portalsinan.saude.gov.br/doencas-e-agravos JÚNIOR, Dioclécio C.; BURNS, Dennis Alexander R.; LOPEZ, Fábio A. Tratado de pediatria. v.1. [Digite o Local da Editora]: Editora Manole, 2021. E-book. ISBN 9786555767476. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555 767476/. Acesso em: 03 jun. 2023. JÚNIOR, Dioclécio C.; BURNS, Dennis Alexander R.; LOPEZ, Fábio A. Tratado de pediatria. v.1. [Digite o Local da Editora]: Editora Manole, 2021. E-book. ISBN 9786555767476. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555 767476/. Acesso em: 03 jun. 2023. https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoessvs/vigilancia/guia-de-vigilancia-em-saude_5ed_21nov21_isbn5.pdf/view https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoessvs/vigilancia/guia-de-vigilancia-em-saude_5ed_21nov21_isbn5.pdf/view https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoessvs/vigilancia/guia-de-vigilancia-em-saude_5ed_21nov21_isbn5.pdf/view https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_manejo_clinico_febre_amarela.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_manejo_clinico_febre_amarela.pdf http://portalsinan.saude.gov.br/ http://portalsinan.saude.gov.br/doencas-e-agravos Herbert.sdp10@uni9.edu.br 14 Fluxograma para Classificação do risco de dengue Herbert.sdp10@uni9.edu.br 15 Herbert.sdp10@uni9.edu.br 16