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Demodiciose em cães

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A demodiciose é uma doença parasitária cutânea comum em cães (em gatos a 
ocorrência é menor), na clínica médica. Tem como agente etiológico o demodex 
canis que se proliferam e causam toda a clínica da demodiciose. 
 Os Demodex Canis são ácaros comensais que habitam o folículo piloso e as 
glândulas sebáceas e são transmitidos da mãe para o filho (transmissão vertical), 
nas primeiras horas de vida, via amamentação, sendo assim é sabido que ácaros 
estão presentes em pequenas quantidades na derme de cães saudáveis (parte da 
microbiota). 
 A doença é comum em animais filhotes e cães jovens e sua ocorrência está 
relacionada a fatores genéticos e individuais. Os cães de raças puras são mais 
predispostos devido as questões hereditárias. Nos cães mais velhos, o 
acometimento por demodex é reflexo de uso prolongado de imunossupressores 
e doenças sistêmicas graves e/ou crônicas. 
 
Agentes: 
❖ Demodex canis 
❖ Demodex Injai – Possui o corpo mais alongado que o canis, causando uma 
oleosidade excessiva no dorso do tronco, e com alta afinidade por cães de raças 
terrier 
 
❖ Demodex cornei – Maior afinidade pela camada córnea, não sendo considerado 
uma terceira espécie de demodex, apenas uma subvariação do demox canis 
 
 
 
 Ciclo e transmissão - O ciclo inteiro do ácaro ocorre no hospedeiro e consiste 
em 4 estágios – ovo, linfa, ninfa e adulto e acredita-se que esse ciclo leva entre 
20 e 30 dias para se completar. 
 Os ácaros estão presentes na microbiota de todos os cães, com transmissão 
direta logo nos primeiros dias de vida. Como todos os cães tem o ácaro, o 
problema não é a presença do ácaro, mas sim sua proliferação. 
 
Causas de alguns animais desenvolverem demodiciose e outros não: 
Virulência do ácaro - Questionado 
Imunidade não específica – (alteração no número de leucócitos) – questionado, 
estudado, sem justificativa 
Defeito na imunidade humoral - Questionado, estudado, sem justificativa 
Imunidade celular – Exaustão de células T (teoria mais aceita, podendo ser erro 
no mecanismo, erro na imunidade inata e adquirida, efeitos de imunossupressão) 
 
Classificação 
 
Juvenil/adulto – subclassificado em: 
 
❖ Localizada – Uma ou várias lesões com alopecia, pequenas, circunscritas, 
eritematosas, descamativas, pruriginosas ou não, sendo mais comum na face e 
nos membros torácicos. Esse tipo de manifestação geralmente é benigna e 
pode ter remissão espontânea na maioria dos casos. 
 
❖ Generalizada – Grandes áreas, muitas lesões localizadas, envolvimento de uma 
região inteira, duas ou mais patas, podendo ter eritema ou não. É a forma mais 
grave da doença. 
 
 
 
Sinais clínicos: 
 Os sinais clínicos em cães são variados. 
A multiplicação dentro do folículo favorece o surgimento de uma foliculite inicial 
(pápulas, alopecia e eritema, sendo as manifestações mais comuns). Também é 
comum distúrbio seborreico, com disqueratinização e aumento da oleosidade 
de pele e pelame (especialmente infecções pelo injai), também é comum de se 
ver a formação de comedoes (“cravos”), 
 As manifestações crônicas se apresentam com liquinificação e melanose. No 
geral, as manifestações por demodex não são pruriginosas, porém em cães, 
infecções bacterianas secundárias (piodermites), favorecem o surgimento do 
prurido, podendo evoluir para pústulas, erosões, celulites, depressão e 
linfodenomegalia periférica. 
 
 Os cães podem desenvolver sinais podais importantes que podem estar 
associados ou não aos demais sinais cutâneos. A pododemodiciose pode estar 
na região de distal dos membros (4), se apresentando com alopecia ou até 
formas graves de edema, claudicação e fissuras drenantes (difícil tratamento). 
Os cães podem apresentar otite, cujo o sinal clinico mais importante é o 
aumento da produção de cerúmen. Ainda pode ter pirexia e perda de peso. Os 
animais mais velhos quanto afetados pela doença parasitaria, costumam 
apresentar manifestações mais graves que os animais jovens. 
 
 
 
Lesões perioculares: 
Apresentação com alopecia 
 
 
Fatores de predisposição: 
❖ Imunidade comprometida 
❖ Idade “estresse de infância” 
❖ Raças (raças definidas com maior probabilidade) 
❖ Pelo curto 
❖ Nutrição inadequada 
❖ CIO 
❖ Estresse 
❖ Endoparasitoses 
❖ Doenças debilitantes 
❖ Em adultos – procurar causa base 
 
 
Diagnóstico 
 
 Sempre se basear na anamnese e exame físico, e o exame de eleição para 
diagnóstico é o ERPC (por meio de raspado cutâneo com lamina de bisturi ou 
uso da fita adesiva, sendo ainda questionado se é 100%, caso haja falha pela 
fita, é obrigatório fazer a confirmação com raspado), nas lesões mais recentes 
e fazendo o beliscamento da pele, sendo um raspado profundo com 
sangramento. 
 A lâmina não precisa ser corada e usa-se o aumento de 40 ou 100. Na áreas 
perioculares e digitais não e indicado fazer coleta. O diagnóstico é positivo 
quando se acha o ácaro, ovos, ninfas ou larvas (a terapia prévia com 
parasiticidas prévias podem parecer falso-negativo, assim como animais de pele 
espessa como sharpeis e bulldog inglês, sendo indicado fazer biópsia e 
histopatológico, para concluir ou descartar demodiciose). 
 A sensibilidade do histopatológico é variável, sendo mais útil para sharpeis. 
 
Microscopia do exsudato lesional → É uma opção, coletar de pústulas no 
folículo e na piodermite. 
 
Parasitológico do cerúmen → Indicado em casos de otites (geralmente na 
demodiciose generalizada). 
 
Tratamento: 
 
 Uma vez que o ácaro faz parte da microbiota do animal, o tratamento visa a 
cura clinica. O tratamento parasiticida e a diminuição da população do ácaro 
redireciona o sistema imune a produzir citocinas que controlam a proliferação 
do ácaro. 
 O paciente com demodiciose deve ser monitorado de maneira mensal 
considerando melhora quanto tem regressão do quadro clínico e 
parasitológico. Sendo assim, o ERPC deve ser feito a cada 15 ou 30 dias e a 
suspensão se dar quando o paciente negativar em 2 ou 3 raspados 
consecutivos. O animal é considerado curado após 12 meses (alta), sem que 
ocorra recidivas. 
 A terapia deve continuar por 4 semanas após o 2 raspado mensal negativo 
(raspadar no mesmo local). O prognóstico geralmente é bom e os animais e 
que apresentarem demodiciose generalizada devem ser afastados da 
reprodução. 
 
Tratamento da piodermite: 
 
 O tratamento tópico a base de xampu de clorexidina 2 há 3% ou peróxido de 
benzoila 2,5 há 3,5% semanal na maioria das vezes são o suficiente. Se 
necessário pode fazer uso de antibióticos sistêmicos como: amoxicilina + ácido 
clavulânico, cefalexina e enrofloxacina (enro apenas se a piodermite for muito 
profunda). 
 
Tratamento da demodiciose: 
 
Amitraz - altos efeitos tóxicos, não usar em pacientes diabéticos e tutores 
diabéticos. É contra indicado nos casos que existam lesões erdoulcerativas 
lesões em face. Cura parasitológica 16 a 18 semanas. 
 
Ivermectina - altos efeitos tóxicos, eficácia de 40%. Cura parasitológica em 
média de 126 dias. 
 
Moxidectina - eficácia de 87%. Com efeitos colaterais importantes. 
 
Melbemicina oxima - eficaz, seguro para cães, porém possui altas doses de 
prazinquantel (contraindicado). Efeitos colaterais apenas se usado em altas 
doses. Pode usar em raças MDR1 +. 
 
Doramectina - eficácia de 95%. Cuidado com raças MDR1. Primariamente é 
usado para o tratamento contra carrapatos, porém pode usar. 
 
Isoxazolinas – Nexgard ( + 8 meses e com mais de 2kg), Bravecto (usar junto 
com alimento, +8 meses, > 2kg), Simparic (+ 8 semanas, >1,3 kg), crendeli (+8 
semanas, >1,3 kg). 
 
O tratamento para prurido é hidroxizina (antialérgico), clemastina, Prednisona, 
prednisolona ou metilprednisolona, de 3 a 5 dias (mesmo sendo corticoide, 
pode usar em doses BAIXAS), melhor que o antialérgico. 
 
 
 É uma dermatopatia rara e aparentemente com pouca gravidade, ocorrendo 
por imunossupressãoou contato direto com outros animais (não tem 
transmissão vertical). 
 
 ATENÇÃO: O demodex cati faz parte da microbiota, e o gatoi não 
(transmissão). 
 
Demodex cati – Possui abdômen comprido e adelgaçado. Ácaro comensal, que 
reside na região pilossebácea – microbiota. Multiplicação exacerbada por 
doenças sistémicas e crônicas 
 
 
 Quadro clínico variável – alopecia, lesões papulocrostosas, descamativas e 
presença de comedos. Geralmente envolve a face. Pode desencadear otite 
ceruminosa em felinos. 
 
Demodex gatoi - encontrado no extrato córneo. Vive na superfície da pele e 
não no folículo piloso. Transmissão por contato direto e não faz parte da 
microbiota. 
 
Lesões – prurido intenso, alopecia (região a abdominal ventral e flancos), 
descamação, eritema, dermatite miliar, pescoço e cabeça. 
 
Exame clínico - As regiões mais acometida devem ser examinadas durante o 
exame o físico: cefálica, cervical, membros torácicos, abdômen ventral e 
torácica. 
 
 
Diagnóstico - a presença de mais de um ácaro no raspado parasitológico é 
suficiente para fechar diagnostico. (demodex cati: raspado profundo e gatoi 
superficial). 
 
 Tratamento – 
 
Enxofre 2 a 4% - seguro, barato, porém com odor forte. Banhos não são 
adequados para gatos. 
 
Amitraz - efeitos colaterais importantes, contra indicado para felinos pois 
podem acabar se lambendo. 
 
Ivermectina - D. gatoi aparentemente é mais resistente ao tratamento com 
lactonas macrocíclica - não existe fórmulas para gatos. 
 
Moxidectina 1% + imidracloprida – Advocate - aplicações semanal. 8 a 10 
aplicações, custo elevado. 
 
Doramectina – subcutâneo uma vez por semana durante 2 a 3 semanas. Ineficaz 
em alguns casos de D. gatoi. 
 
Isoxazolinas – Bravecto, credeli, simparic. Só existem algumas apresentações 
para felinos no Brasil. Pode usar bravecto transdérmico.

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