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PRODUTO_EDUCACIONAL_(In)formação_Em_Direitos_Humanos

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Prévia do material em texto

(in)formação em
Maycon Pereira Silva
Antonio Carlos Gomes
1ª edição
2020
Maycon Pereira Silva
Antonio Carlos Gomes
INSTITUTO FEDERAL
Espírito Santo
(in)formação em
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO 
DE HUMANIDADES - PPGEH
Av. Vitória, 1729 – Jucutuquara Vitória - ES
CEP: 29040-780
COMISSÃO CIENTÍFICA
Prof. Dr. Antônio Donizetti Sgarbi
Prof. Dr. Antônio Henrique Pinto
CAPA E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Aline Antonio
PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO
PPGEH / IFES
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) 
Silva, Maycon Pereira
 (In)formação em direitos humanos [livro eletrônico] / 
Maycon Pereira Silva, Antonio Carlos Gomes. -- 1. ed. -- Vitória, 
ES : Ed. do Autor, 2020.
PDF
 ISBN 978-65-00-08549-5
 1. Educação 2. Direitos humanos - Brasil - História 3. 
Direitos humanos (Direito internacional)
I. Gomes, Antonio Carlos. II. Título.
Índices para catálogo sistemático:
1. Direitos humanos : Ciência política : História
 323.09
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
20-43570 CDU-323.09
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
JADIR JOSÉ PELA
Reitor
ANDRÉ ROMERO DA SILVA
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
RENATO TANNURE ROTTA DE ALMEIDA
Pró-Reitor de Extensão
ADRIANA PIONTTKOVSKY BARCELLOS
Pró-Reitora de Ensino
LEZI JOSÉ FERREIRA
Pró-Reitor de Administração e Orçamento
LUCIANO DE OLIVEIRA TOLEDO
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional
IFES – CAMPUS VITÓRIA
HUDSON LUIZ COGO
Diretor Geral
MÁRCIO ALMEIDA CÓ
Diretor de Ensino
CHRISTIAN MARIANI
Diretor de Extensão
ROSENI DA COSTA SILVA PRATTI
Diretora de Administração
MÁRCIA REGINA PEREIRA LIMA
Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação
LEONARDO BIS DOS SANTOS
Coordenadora do PPGEH
ILUSTRAÇÕES
As imagens utilizadas neste trabalho foram 
retiradas de sites com acesso público. Em 
respeito aos autores, citamos os links para as 
fontes de textos, vídeos e imagens, pois nosso 
objetivo, com esta publicação, é apenas 
educativo.
OS autores
MAYCON PEREIRA SILVA
Possui graduação em Direito pela Universidade 
Presidente Antônio Carlos – UNIPAC (2016). É discente 
do Programa de Pós graduação em ensino de 
Humanidades oferecido pelo Instituto Federal do 
Espírito Santo (PPGEH- Ifes). Atua como policial militar 
desde o ano de 2007 atuando na cidade de 
Aimorés-MG.
Possui graduação em Letras pela Universidade Federal 
do Espírito Santo (1986). Mestre e doutor em 
Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade 
Estadual Paulista - UNESP. É professor do IFES - 
Instituto Federal do Espírito Santo, atua no Ensino 
Médio, na Graduação e Pós-graduação. É docente 
permanente do Mestrado Profissional em Ensino de 
Humanidades - PPGEH e do Mestrado Profissional em 
Letras – Profletras. É coordenador do curso de 
Licenciatura em Letras Português distância.
antonio carlos gomes
APRESENT
Caro(a) leitor(a),
Este e-book é parte do trabalho final de curso “OS DIREITOS HUMANOS 
EM SALA DE AULA: CONSTITUINDO-SE SUJEITOS POR MEIO DA 
(IN)FORMAÇÃO DE ALUNOS-PROFESSORES” do estudante Maycon 
Pereira Silva. orientado pelo professor Dr. Antônio Carlos Gomes, no 
Mestrado Profissional de Ensino em Humanidades do Ifes, nele 
convidamos você para dialogar sobre direitos humanos através de uma 
metodologia educacional freiriana.
Nos 07 capitúlos que compõem este material, juntos vamos entender o 
conceito e a evolução dos direitos humanos - tanto em nível mundial 
quanto nacional - bem como refletir sobre a sua efetividade no mundo 
contemporâneo e acerca dos possíveis desdobramentos para alunos e 
professores. 
Os direitos humanos há muito e muito tempo estão cimentados na vida 
das pessoas. Será por quê? Hoje, no Brasil, faz sentido discutir e lutar 
pelos direitos humanos? Afinal, a quem esses tais direitos assistem? 
Então, quais os nossos direitos? Vamos caminhar juntos neste trabalho 
conhecendo os direitos humanos, os nossos direitos, sabendo que neles 
subentendem-se os nossos deveres. Esperamos que esta caminhada 
proporcione uma reflexão agradável para você e seja o início de uma 
mudança para outras trajetórias.
Boa leitura!
suMÁRIO
08
CAPITULO I
INTRODUÇÃO
19
CAPITULO II
PANORAMA 
INTERNNACIONAL
33
CAPITULO III
PANORAMA
NACIONAL
56
CAPITULO V
DIREITOS
SOCIAIS
48
CAPITULO IV
DIREITOS 
INDIVIDUAIS
66
CAPITULO VI
DIREITOS 
DIFUSOS
76
CAPITULO VII
EDUCAÇÃO E 
DIREITOS HUMANOS
capítulo I
INTRODUÇÃO
Fonte: http://www.blogdoroldao.com/2018/10/declaracao-universal-dos-direitos.html
Fonte: http://www.blogdoroldao.com/2018/10/declaracao-universal-dos-direitos.html
“Qualquer situação em que alguns homens impedem os 
outros de se engajarem no processo de investigação é de 
violência; ... alienar os seres humanos de suas próprias 
decisões é transformá-los em objetos”.
Paulo Freire
Vamos dialogar sobre direitos humanos?
Que pessoas são titulares dos direitos humanos? Para quem 
são esses direitos?
09
Fonte:https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6c/Declaration_of_the_Rights_of_Man_and_of_the_Citizen_in_1789.jpg
Imagem 1: Declaração de direitos do Homem e do Cidadão
INTRODUÇÃO
Ao perguntar aos alunos de determinada classe o que lhes vem à memória quando 
escutam a expressão "os direitos humanos”, várias seriam as respostas possíveis.
Uns poderiam mencionar alguns dos direitos que constam na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos - lembrada na imagem 01 que segue:
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Fonte: https://www.archives.gov/files/research/military/ww2/photos/images/ww2-178.jpg
Imagem 2: Horrores do Holocausto
INTRODUÇÃO
Outros poderiam dizer que é um monte de leis sem efetiva prática para muitos. Há aqueles 
que diriam se trata de algo distante da realidade de diversos povos; que são garantias de 
poucos, validadas ou ignoradas conforme os interesses daqueles que detêm o maior poder 
aquisitivo, bélico ou político.
A foto acima, Imagem 02 que foi trazida ao diálogo, lembra o encarceramento de pessoas 
no período do holocausto na Alemanha, momento em que todos os direitos do povo judeu 
foram retirados, em razão da crença, da diferença cultural e da disputa pelo poder 
aquisitivo.
O que uma pessoa pensa e sabe a respeito de um assunto é importante não só para uma 
conversa, mas também para o ato de ensinar e de aprender. Assim, no encontro do 
discente com o docente sobre a temática dos direitos humanos, é fundamental saber com 
antecedência respostas para questionamentos como: houve acesso ao tema direitos 
humanos na escola ou em qualquer outro espaço? Conhece quais são os direitos 
abarcados pelos direitos humanos? Sentem-se plenamente contemplados pelos direitos? 
Percebem-se como (co)responsáveis pela efetiva garantia de direitos? etc.
Gostaríamos também de chamar a sua atenção para o fato de que as leis contidas na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos são construções social e histórica, ou seja, há 
nelas as marcas de diversas mãos que atuaram em sua escrita, que passaram por 
dificuldades e buscaram soluções em dado momento histórico, por isso há princípios 
norteadores e objetivos específicos que se desejam ver alcançados com cada uma das 
contribuições.
11
Fonte: Tiras do Armandinho. https://www.facebook.com/tirasarmandinho. Uso autorizado pelo autor.
Imagem 3: Armandinho e Paulo Freire
INTRODUÇÃO
Perceber que a Declaração Universal dos Direitos Humanos não surgiu ao acaso e nem é 
natural ao ser humano, mostra a importância de conversarmos sobre como se deu a 
construção desse documento. Por isso, neste curso, você terá a oportunidade de falar da 
temática, conhecer um pouco o contexto histórico internacional que levou à declaração, 
bem como os acontecimentos que levaram o Brasil ao seu encontro.
Em todo o curso você será chamado para também dialogar com Paulo Freire, o pedagogo 
brasileiro que nos convidou a assumir uma postura ético-política no ambiente de ensino e 
aprendizagem onde estivermos inseridos, seja em uma sala de aula na escola presencial, 
uma sala de aprendizagem virtual, uma organizaçãocomunitária ou uma em roda de 
conversa embaixo de uma mangueira. Nosso proposto é fazer com que o ensino e o 
aprendizado neste curso tenham as marcas das questões significativas à superação de 
dificuldades locais e globais, apelem para a garantia de direitos aos oprimidos e 
questionem a qualquer forma de opressão, a fim de assegurar a todos uma vida digna.
Em nosso curso, dialogando com a proposta de ensino que estaremos assumindo para a 
educação sobre os direitos humanos, também comparecerá algumas das tiras de 
Alexandre Beck, autor que gentilmente cedeu o uso de cada uma das imagens que serão 
apresentadas, como a tira a seguir:
Na imagem 03 apresentada, os protagonistas lembram uma importante ponderação de 
Paulo Freire (2013), ou seja, que a educação precisa ser libertadora para que o oprimido 
possa romper com o sonho de ser o opressor. Tal diretriz é extremamente importante ao 
nosso estudo dos direitos humanos, visto ser comum nas escolas a reprodução de piadas, 
jogos e outras práticas que (re)produzem a discriminação por etnia, gênero, orientação 
sexual, necessidades educacionais especiais, pobreza e outras separações impostas 
aqueles que são descritos por minorias sociais. Por isso retomaremos essa conversa em 
outros momentos do curso.
Vamos iniciar nossas reflexões com a apresentação do conteúdo da Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, que tem cunho recomendatório aos países que são membros da 
Organização das Nações Unidas - ONU, para que esses criem leis específicas em seus 
territórios a fim de validar e efetivar o conteúdo da declaração:
12
INTRODUÇÃO
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família 
humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e 
da paz no mundo; Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos humanos 
conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um 
mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, 
foi proclamado como a mais alta inspiração humanos; Considerando que é essencial a proteção 
dos direitos humanos através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em 
supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão; Considerando que é essencial encorajar 
o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações; Considerando que, na Carta, os povos 
das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais humanos, na 
dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e 
se declararam resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida 
dentro de uma liberdade mais ampla; Considerando que os Estados membros se comprometeram 
a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo 
dos direitos humanos e das liberdades fundamentais; Considerando que uma concepção comum 
destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal 
compromisso: A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos 
humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos 
os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, 
pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por 
promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e 
a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros 
como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.
Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de 
razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na 
presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, 
de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento 
ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto 
político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país 
ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Artigo 3° Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4° Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos 
escravos, sob todas as formas, são proibidos.
Artigo 5° Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou 
degradantes.
Artigo 6° Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua 
personalidade jurídica.
Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos 
têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e 
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8° Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes 
contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9° Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Declaração Universal dos Direitos humanos
13
INTRODUÇÃO
Artigo 10° Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e 
publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e 
obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.
Artigo 11° 1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua 
culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as 
garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. 2. Ninguém será condenado por ações 
ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam ato delituoso à face do direito 
interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era 
aplicável no momento em que o ato delituoso foi cometido.
Artigo 12° Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu 
domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais 
intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a proteção da lei.
Artigo 13° 1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no 
interior de um Estado. 2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, 
incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.
Artigo 14° 1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo 
em outros países. 2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente 
existente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das 
Nações Unidas.
Artigo 15° 1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. 2. Ninguém pode ser 
arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo 16° 1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir 
família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura 
da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. 2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre 
e pleno consentimento dos futuros esposos. 3. A família é o elemento natural e fundamental da 
sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.
Artigo 17° 1. Toda a pessoa, individual ou coletivamente, tem direito à propriedade. 2. Ninguém 
pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.
Artigo 18° Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; 
este direito implica a liberdade de mudar de religião oude convicção, assim como a liberdade de 
manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, 
pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
Artigo 19° Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o 
direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem 
consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.
Artigo 20° 1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. 2. 
Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 21° 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios, públicos do seu 
país, quer diretamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda a 
pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país. 3. A 
vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através 
de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou 
segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.
Artigo 22° Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode 
legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, 
graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os 
recursos de cada país.
14
(Fonte: https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Language.aspx?LangID=por)
INTRODUÇÃO
Artigo 23° 1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições 
equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Todos têm direito, sem 
discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. 3. Quem trabalha tem direito a uma 
remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme 
com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de proteção 
social. 4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em 
sindicatos para defesa dos seus interesses.
Artigo 24° Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação 
razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas.
Artigo 25° 1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua 
família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, 
à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança 
no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de 
meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. 2. A maternidade e a 
infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora 
do matrimônio, gozam da mesma proteção social.
Artigo 26° 1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a 
correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino 
técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto 
a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. 2. A educação deve visar à plena expansão 
da personalidade humana e ao reforço dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e 
deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos 
raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a 
manutenção da paz. 3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de 
educação a dar aos filhos.
Artigo 27° 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da 
comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste 
resultam. 2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer 
produção científica, literária ou artística da sua autoria.
Artigo 28° Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma 
ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente 
Declaração.
Artigo 29° 1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre 
e pleno desenvolvimento da sua personalidade. 2. No exercício destes direitos e no gozo destas 
liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista 
exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e 
a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa 
sociedade democrática. 3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos 
contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 30° Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a 
envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma 
atividade ou de praticar algum ato destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.
15
(Fonte: http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/betto.htm)
INTRODUÇÃO
Pensando em uma outra forma de apresentação da Declaração Universal de Direitos 
Humanos de 1948, apresentamos também a versão popular de Frei Netto:
Após a leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, notou alguma expressão 
que não conhecia? Como você abordaria a Declaração em uma sala de aula? Consegue 
pensar em exemplos que facilitariam o ensino e o aprendizado para os alunos?
Todos nascemos livres e somos iguais em dignidade e direitos.
Todos temos direitos à vida, à liberdade e à segurança pessoal e social.
Todos temos direito de resguardar a casa, a família e a honra.
Todos temos direito ao trabalho digno e bem remunerado.
Todos temos direito ao descanso, ao lazer e às férias.
Todos temos à saúde e assistência médica e hospitalar.
Todos temos direito à instrução, à escola, à arte e à cultura.
Todos temos direito ao amparo social na infância e na velhice.
Todos temos direito à organização popular, sindical e política.
Todos temos direito de eleger e ser eleito às funções de governo.
Todos temos direito à informação verdadeira e correta.
Todos temos direito de ir e vir, mudar de cidade, de Estado ou país.
Todos temos direito de não sofrer nenhum tipo de discriminação.
Ninguém pode ser torturado ou linchado. Todos somos iguais perante a lei.
Ninguém pode ser arbitrariamente preso ou privado do direito de defesa.
Toda pessoa é inocente até que a justiça, baseada na lei, prove a contrário.
Todos temos liberdade de pensar, de nos manifestar, de nos reunir e de crer.
Todos temos direito ao amor e aos frutos do amor.
Todos temos o dever de respeitar e proteger os direitos da comunidade.
Todos temos o dever de lutar pela conquista e ampliação destes direitos.
16
CAPITULO VII
EDUCAÇÃO E 
DIREITOS HUMANOS
Material necessário: 
Duração: 
quadro/lousa, giz ou pincel
01 aula.
Desenvolvimento:
1- Escrever no quadro as palavras “DIREITOS” e “HUMANOS” e pergunte aos alunos o que eles entendem por 
cada uma, em separado. Anote cada resposta dada pelos alunos e escute os apontamentos deles.
Nesse momento você faz uma sondagem para entender quais são as realidades dos alunos. Isso 
o ajudará a apreender a melhor forma de abordar os temas durante as aulas. Busque limitar o 
tempo de resposta para cada palavra, aproximadamente dez minutos, para que tenha tempo de 
analisar as respostas junto à turma.
17
DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
Sugestão de atividade pedagógica
2- Escreva as palavras de forma conjunta “direitos humanos” e explique o conceito básico de tais direitos. 
Conseda alguns minutos para que os alunos falem sobre o que entenderam como sendo “direitos humanos”. 
Explore esse momento como forma de entender ainda mais a realidade dos alunos.
3- Converse sobre a importância da defesa dos direitos humanos,utilize as respostas apresentadas pelos 
alunos para problematizar questões relacionadas aos direitos humanos.
4- Trabalhar uma produção de texto individual, escrevendo 03 frases ou tópicos, respondendo à pergunta: 
5- Reunir as respostas de forma anônima e ler para a turma na aula seguinte.
O que eu poderia fazer para defender os direitos humanos?
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Fonte: http://ogazeteiro.com.br/ze3011190916/
18
Fonte: https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/319981593/-
quais-sao-os-3-principios-basilares-dos-direitos-humanos-contemporaneos
CAPÍTULO II
PANORaMA 
INTERNACIONAL
Fonte: https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/319981593/-
quais-sao-os-3-principios-basilares-dos-direitos-humanos-contemporaneos
“Educação não transforma o mundo. Educação muda 
as pessoas. Pessoas transformam o mundo” .
Paulo Freire
Vamos dialogar sobre direitos humanos?
Você já ouviu falar do contexto internacional dos direitos humanos?
Que momentos você apontaria como importante para que tais direitos 
sejam resguardados?
Qual a necessidade, histórica, para a existência dos direitos humanos?
20
Fonte: Tiras do Armandinho. https://www.facebook.com/tirasarmandinho. Uso autorizado pelo autor.
Imagem 1: Declaração Universal dos Direitos Humanos
Em nosso último encontro conversamos e ficou entendido que direitos humanos é uma 
construção social, que foi estabelecida pelo trabalho de diversas mãos, fruto das 
necessidades que compareceram em diversos povos.
Hoje entraremos no cenário internacional e percorreremos alguns dos momentos 
importantes que contribuíram para que, no dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia das 
Nações Unidas declarasse, de modo aberto, o texto que ficou intitulado por Direitos 
Humanos, de cunho recomendatório aos países que são membros da Organização das 
Nações Unidas - ONU, para que esses criassem leis específicas em seus países a fim de 
validar e efetivar o conteúdo da declaração.
Como marco documental inicial, citamos a Magna Carta de Liberdade que data de 1215, 
na qual um rei limitou o seu próprio poder. Trata-se de um documento inglês que foi escrito 
após diversos desentendimentos entre a nobreza, os clérigos católicos e a monarquia, uma 
vez que os dois primeiros detinham cada vez mais o poder aquisitivo, enquanto o terceiro 
permanecia com os poderes judiciário e legislativo. Sem opção e prestes a entrar em 
colapso por falta de recurso e apoio, o monarca aceitou reduzir os seus poderes em troca 
de favores financeiros dos outros dois.
Ressalta-se a cláusula 39 da Magna Carta, que é considerada uma segurança contra os 
desmandos reais, pois assegurou que o monarca não é o dono da lei e que ele deve se 
submeter a ela, como afirmou Comparato (2003, p. 49): “A cláusula 39, geralmente 
apontada como o coração da Magna Carta, desvincula da pessoa do monarca tanto a lei 
quanto a jurisdição. Os homens livres devem ser julgados pelos seus pares e de acordo 
com a lei da terra”.
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Uma segunda norma inglesa que destacamos é o Habeas Corpus de 1679, cuja 
necessidade se deu devido às recorrentes manutenções de súditos de vossa majestade 
em encarceramentos, mesmo quando não mais lhes era imposta a pena ou quando a pena 
já estivesse cumprida. Apesar da prerrogativa processual de tal direito existir desde a 
Magna Carta, não havia especificação dos atos processuais a serem observados para a 
validade da mesma, por isso a nova norma estipulada foi importante, ou seja, ela criou o 
direito à locomoção do indivíduo e garantiu o mesmo (COMPARATO, 2003). (Falta alguma 
coisa... o mesmo o quê?)
Ainda, na Inglaterra, temos a Declaração de Direitos de 1689, mais conhecida como Bill 
of Rights, que quebrou com o regime de monarquia absolutista que, até então, propagava 
que o poder era emanado da figura do rei e instituiu, pela primeira vez, a separação dos 
poderes. Comparato (2003) narrou que o período que a antecede é marcado por 
hostilidades, rebeliões, guerras civis e guerras de caráter religioso, explicação que nos leva 
a perceber que os direitos conquistados foram resultantes de interesses em conflito e de 
práticas que buscaram o rompimento das velhas leis, com vistas ao fortalecimento de 
novos projetos de vida. Não foi uma conversa pacífica - o que seria melhor para o ser 
humano, mas uma disputa intensa, com a perda de muitas vidas.
Além da separação dos poderes, houve limitações ao poder monárquico e o aumento dos 
poderes do parlamento inglês, criando-se uma monarquia constitucional e não mais 
absolutista. A Bill of Rights também é uma carta que contém, de forma expressa, os direitos 
individuais dos cidadãos, pois ela contemplou direitos como: “instituição do júri e 
reafirmação dos direitos fundamentais dos cidadãos, os quais são expressos até hoje, 
pelas Constituições modernas, como o direito de petição e a proibição de penas inusitadas 
e cruéis” (COMPARATO, 2003, p. 57).
Em meio a todas essas mudanças, as relações sociais construíram novos discursos e 
estabeleceram outras formas de perceber o homem e suas necessidades. Em 1762 Jean 
Jacques Rousseu se utilizou do termo “direitos do homem”, “direitos da humanidade”, 
“direitos do cidadão” e “direito divino natural” em seu livro Contrato Social, no qual buscou 
estabelecer uma relação entre a religião e a preservação de direitos. Ainda que não tenha 
se aprofundado na questão do direito do homem, o seu texto é lembrado por muitos 
pesquisadores, pois a expressão que usou levantou a questão dos direitos fundamentais 
que são inerentes à pessoa humana.
Agora, avançando em quase um século no tempo e mudando o foco do nosso olhar para o 
continente americano, chegamos à Declaração de Independência dos Estados Unidos, 
que ocorreu um ano depois da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), uma prática que foi 
motivada pela cobrança de altos impostos pelos ingleses à colônia e as recorrentes 
limitações aos colonos, a exemplo, lembramos a proibição da compra de chá que não fosse 
da companhia das índias orientais, mesmo quando esta estava por decretar falência e 
onerando os custos dos colonos (HUNT, 2012).
PANORAMA INTERNACIONAL
Thomas Jefferson, iluminista e um dos fundadores dos Estados Unidos que foi o posterior 
presidente da nação, ao redigir e reescrever por diversas vezes o texto da declaração, 
buscou demonstrar quais direitos a Declaração da Independência protegia. Em uma 
primeira versão a redação se encontrava da seguinte forma: “Consideramos que estas 
verdades são sagradas e inegáveis: que todos os homens são criados iguais e 
independentes, que dessa criação igual derivam direitos inerentes e inalienáveis” (HUNT, 
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2012, p.13). Com essa afirmação, evidencia-se a concepção de que haveria direitos que 
são inerentes a todos os homens, sem a necessidade de quaisquer requisitos para a sua 
aquisição. Ao final das revisões feitas por Thomas Jefferson o texto se tornou ainda mais 
categórico ao tratar destes direitos, como se nota na parte preambular:
Consideramos estas verdades auto evidentes: que todos os homens são criados 
iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a 
vida, a liberdade e a busca da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, 
governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do 
consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se 
torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir 
novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela 
forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade. 
Na realidade, a prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos 
há muito tempo por motivos leves e passageiros; e, assim sendo, toda experiência 
tem mostrado que os homens estão mais dispostos a sofrer, enquanto os males sãosuportáveis, do que a se desagravar, abolindo as formas a que se acostumaram. 
Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo 
invariavelmente o mesmo objecto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo 
absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e 
instituir novos Guardiães para sua futura segurança. (DECLARAÇÃO DA 
INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS, 1776).
Na verdade, a ideia de uma declaração à humanidade está intimamente ligada ao 
princípio da nova legitimidade política: a soberania popular. Uma nação só está 
legitimada a auto-afirmar sua independência, porque o povo que a constitui detém 
o poder político supremo. Os governos são instituídos entre os homens para 
garantir seus direitos naturais, de tal forma que seus poderes legítimos derivam do 
consentimento dos governados. […] toda vez que alguma Forma de Governo 
torna-se destrutiva (dos fins naturais da vida em sociedade), é Direito do Povo 
alterá-la ou aboli-la, e instituir uma nova Forma de Governo.
O texto também demonstra uma troca de posições entre o governo e os governados quanto 
à composição dos estados ou nação. Está escrito que os governos são criados ao derivar 
seus justos poderes do consentimento dos governados, desta forma o governo é a 
representação dos seus governados. Isto inverte a posição que antes era tida como 
principal do governante para os governados, pois os últimos passaram a ter o direito 
declarado de se opor ao governo caso este não se mostre a expressão de sua vontade, 
vigora, então, o direito declarado de revolução e resistência. Cria-se aqui um novo tipo de 
legitimidade política: a soberania popular. Nestes termos, Comparato (2003, p. 63) afirma:
O texto universalista da Declaração de Independência Americana ressoou pelo mundo e 
fez com que o interesse pelos direitos universais se insuflassem em outros países, como 
foi observado na França, onde, depois da revolução francesa, os deputados franceses 
sentiram a necessidade de declarar um direito que não fosse apenas francês, mas que 
fosse de todos os homens, que comparece na Declaração do Homem e do Cidadão de 
1789. Sobre tal documento, explica Hunt (2013), os franceses buscaram declarar direitos 
universais e inalienáveis do homem sem citar nenhuma vez o rei, a igreja ou a nobreza, 
eles buscaram declarar direitos dos homens como fundação de todo e qualquer governo e 
isto ficou evidente quando estes frisam o uso dos dizeres “homem”, “todos os homens”, 
“cidadãos”, “sociedade” quando poderiam ter feito uso de povo francês.
PANORAMA INTERNACIONAL
23
De forma resumida, o texto da Declaração do Homem e do Cidadão é uma declaração de 
direitos de todos os homens, com foco na liberdade, igualdade e fraternidade. A abstração 
presente em suas linhas busca uma afirmação de direitos de todos os homens, nações e 
povos, por isso difere do tom aristocrático presente na declaração americana, esta que 
parece focar na declaração de sua independência e proteção ao seu próprio povo 
(COMPARATO, 2003). Na Declaração do Homem ou do Cidadão, para Hunt (2012), pelo 
uso que nela se fez dos termos abertos para “todos dos homens”, “toda sociedade”, em 
contraste com os termos “ninguém”, “nenhum indivíduo”, “nenhum homem”, era 
literalmente um tudo ou nada, as classes, as religiões e os sexos não apareciam no referido 
documento.
E aí? Como você está em meio a tanta informação? Sabemos que a história que estamos 
levantando é longa, mesmo assim se mostra necessária. Por isso fizemos essa pequena 
pausa e trazemos ao diálogo mais uma tira de Alexandre Beck. Nesta segunda ilustração 
os personagens falam do impacto da leitura de um livro sobre o protagonista, que declara 
não sair ileso de tal ação.
De igual modo Paulo Freire nos convida a não passarmos ilesos do ambiente de 
ensino e aprendizado, que busquemos os nossos motivos para falar do assunto, 
trazendo crítica as nossa práxis. Assim, você percebe pessoas desassistidas de 
direitos que precisam saber deste conteúdo? Conhece pessoas que oprimem o 
próximo e precisam repensar sua prática? Em que o diálogo que está em andamento 
te afeta, o seu eu aluno e eu professor, ser indivisível? Como levar a discussão 
apresentada para o nosso cotidiano? Como futuros professores, como contextualizar o 
ensino desse conteúdo em uma linguagem que chegue aos alunos – crianças, 
adolescentes, jovens e adultos? Para tanto, ter o mínimo de informação é necessário 
e mostra-se relevante. Então, chamamos você para voltar aos marcos históricos dos 
direitos humanos.
Fonte: Tiras do Armandinho. https://www.facebook.com/tirasarmandinho. Uso autorizado pelo autor.
Imagem 2: A verdade sobre os livros
PANORAMA INTERNACIONAL
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MUDANÇA NO MODO DE PRODUÇÃO, TAMBÉM PARA A VIDA
A mostra como era a mineração na Serra Pelada, no município de Curionópolis- Pará, e 
conversará conosco a partir deste momento. Nela, o que chama a sua atenção? Quais as 
condições de trabalho presentes? Há água e outras condições que tornam salubre o 
trabalho? Há risco de vida? A quem tantos trabalhadores espremidos atendem?
Nos reportamos a um novo momento histórico, os anos após as cartas declarativas dos 
Estados Unidos e da França foram marcados pela modificação constante do modo de 
produção, que se afirmou burguês e pautado no aumento da demanda de material humano 
para a produção em grande escala, em detrimento ao valor de trabalho. Do primor do ser 
humano enquanto pessoa capaz e digna, agora afirma a diminuição dos valores sociais da 
vida humana. Com o advento da revolução industrial e a produção em larga escala de 
materiais de consumo, o trabalho humano também se equiparou ao das máquinas: carga 
horária elevada, direitos quase nulos, o mínimo de proteção a quem estava na base das 
relações do modo de produção capitalista.
Percebe-se que, com a revolução francesa e após a revolução industrial inglesa, ocorre a 
ascensão da burguesia e de um novo modelo econômico de vida e modo de produção, o 
capitalismo, que veio para capitalizar riquezas acima de qualquer outra necessidade, até 
mesmo os direitos que antes foram defendidos quando da Declaração dos Cidadãos e do 
Homem de 1789 foram abandonados, apesar de permanecerem no discurso como 
expressão de garantias de direitos. Em contrapartida à garantia de direitos fundamentais, 
instaura-se uma aglomeração de pessoas nas grandes cidades, especialmente ao redor 
das fábricas, em busca de uma nova condição de vida e trabalho, longe dos campos. Por 
sua vez, as fábricas vêm impor um novo ritmo de produção em massa, os empregados são 
expostos às péssimas condições de salário, alimentação e moradia.
Fonte: https://www.flickr.com/photos/midianinja/11115150685/in/album-72157638173463336/
Imagem 3: Mineração predatria no Brasil
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Em pouco tempo o trabalho é fracionado e o trabalhador substituível, cada empregado se 
torna uma peça da grande máquina e não reconhece a sua produção. Também ganha 
espaço instituições do Estado, como as escolas, em que são ofertadas a instrução mínima 
aos trabalhadores, que agora precisam ler o suficiente para entender um manual de 
instrução e repetir a ação ordenada. Os empregados e desempregados (que se avolumam) 
são equiparados às massas de manobra, tornando-se desejados pelos donos dos meios de 
produção por se permitir manipular, por serem formados como os muitos trabalhadores 
dóceis que se precisava ao local fabril hostil, como o campo de mineração acima 
apresentado, ainda assim desejado, por haver um novo discurso de que isso era a 
modernidade, o desenvolvimento natural do homem, o padrão de normalidade presentado 
ao empregado padrão.
O filósofo Karl Marx, ao nos falar pela primeira vez sobre o materialismo histórico, diz que 
“o modo de produção da vida material determina o caráter geral dos processos da vida 
social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens o que lhes determina a 
realidade objetiva” Marx (1978, p. 130), ao que acrescentamos, é o modocomo nossa 
práxis no trabalho se dá.
Saindo de tal período e chegando ao nosso tempo, mesmo após os avanços legislativos 
para a proteção da base trabalhadora, podemos dizer que os direitos na relação de 
trabalho agora atende a todos? O “chão de fábrica” fica assistido, é respeitado e atendido 
como deveria ser? Colocando-se entre os trabalhadores deste país, você confia que detém 
força para poder lutar diretamente por seus direitos? Estamos longe da realidade narrada 
na fala de Marx acima?
Fonte: https://f001.backblazeb2.com/file/papocine/2012/12/20190605-42890269.jpg) 
Imagem 4: Tempos Modernos
Sugerimos que você assista ao filme Tempos 
Modernos, que é uma obra cinematográfica de 
1936, idealizada por Charles Chaplin, e retrata a 
realidade a que nos referimos com humor e 
criticidade. Uma boa ferramenta de ensino.
PANORAMA INTERNACIONAL
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Calcula-se que 60 milhões de pessoas foram mortas durante a 2ª Guerra Mundial, 
a maior parte delas civis, ou seja, seis vezes mais do que no conflito do começo do 
século, em que as vítimas, em sua quase-totalidade, eram militares. Além disso, 
enquanto a guerra do início do século provocou o surgimento de cerca de 4 milhões 
de refugiados, com a cessação das hostilidades na Europa, em maio de 1945, 
contavam-se mais de 40 milhões de pessoas deslocadas, de modo forçado ou 
voluntário, dos países onde viviam em meados de 1939. Mas, sobretudo, a 
qualidade ou característica essencial das duas guerras mundiais foi bem distinta. A 
de 1914-1918 desenrolou-se, apesar da maior capacidade de destruição dos meios 
empregados (sobretudo com a introdução dos tanques e aviões de combate), na 
linha clássica das conflagrações imediatamente anteriores, pelas quais os Estados 
procuravam alcançar conquistas territoriais, sem escravizar ou aniquilar os povos 
inimigos. A 2ª Guerra Mundial, diferentemente, foi deflagrada com base em 
proclamados projetos de subjugação de povos considerados inferiores, lembrando 
os episódios de conquista das Américas a partir dos descobrimentos. Demais, o ato 
final da tragédia - o lançamento da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, em 6 
e 9 de agosto de 1945, respectivamente - soou como um prenúncio de apocalipse: 
o homem acabara de adquirir o poder de destruir toda a vida na face da Terra.
Retornando a análise histórica da evolução ou criação das principais normas relativas aos 
direitos humanos fundamentais podemos frisar a formulação da convenção de Genebra de 
1864, que tratou dos direitos de guerra ou do direito humanitário, primeiro tipo de proteção 
aos direitos humanos de caráter internacional. Após, em 1907, a convenção de Haia, que 
incluiu o conflito marítimo nos direitos de guerra e, posteriormente, outras convenções em 
Genebra nos anos de 1926 e 1929, que versaram sobre a escravidão (visando impedir e 
reprimir o tráfico de escravos, e ainda, abolir a escravatura) e o tratamento humanizado aos 
prisioneiros de guerra, respectivamente.
Temos ainda a introdução dos direitos trabalhistas nos direitos fundamentais, que adveio 
com a promulgação da Carta Política Mexicana de 1917, bem como a criação da chamada 
Constituição de Weimar, a Constituição Alemã de 1919, está última carta de direitos criada 
após a Alemanha ter perdido por volta de 2 milhões de pessoas, entre mortos e 
desaparecidos, após quatro anos de guerra (COMPARATO, 2003). É importante frisar que 
a constituição alemã refletiu diretamente no direito brasileiro, foi quando Getúlio Vargas 
instituiu nova constituição em 1937, a constituição conhecida como polaca, que substituiu 
a constituição de 1934.
Apesar dos esforços de caráter internacional para uma cultura de proteção a direitos que 
podem se notar na primeira metade do século XX, até mesmo os de caráter mais 
nacionalistas como as cartas constitucionais dos Estados, o mundo não estava preparado 
para as atrocidades que se veriam durante a Segunda Guerra Mundial. Comparato (2003, 
p. 128), compara a Primeira e Segunda Guerra Mundial e diz:
Fonte: https://f001.backblazeb2.com/file/papocine/2012/12/20190605-42890269.jpg) 
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O medo dominou o meio do século passado, a morte pairava sobre a cabeça de todos os 
que se encontravam ainda com vida, e não era de forma metafórica ou fantasiosa. A 
presença da morte durante os anos de 1939 a 1945, a segregação do outro e o objetivo de 
eliminar do mundo populações ou povos inteiros por considerá-los inferiores, o fascismo 
presente nas falas e atos dos líderes das nações, estes causavam medo e pavor no 
coração das pessoas mesmo após a cessação das hostilidades.
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Fonte: https://www.archives.gov/files/research/military/ww2/photos/images/ww2-183.jpg
Imagem 5: Horrores da guerra I
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e4/Waldenburg1945edit.jpg
Imagem 6: Horrores da guerra II
PANORAMA INTERNACIONAL
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Nós, os povos das nações unidas, resolvidos a preservar as gerações vindouras do 
flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos 
indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na 
dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das 
mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições 
sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de 
outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o 
progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla. E 
para tais fins, praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons 
vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e 
a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força 
armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo 
internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos. 
Resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução desses objetivos. Em 
vista disso, nossos respectivos governos, por intermédio de representantes 
reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que 
foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente carta das 
nações unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que 
será conhecida pelo nome de nações unidas (Carta das Nações Unidas, 
preâmbulo, 1945).
As imagens 05 e 06 ajudam a percepção do cenário de destruição e morte encontrados em 
contextos de guerra. Em especial, propomos que tais imagens sejam levadas para os 
espaços educativos, independente das séries envolvidas, e com as turmas 
problematizemos quais os valores, crenças, discursos e práticas que hoje adotamos que 
sejam capazes de favorecer o retorno de atos de extrema violência contra o próximo, bem 
como as que precisamos adotar em resistência e oposição às mesmas, a fim de afastar tal 
mal de toda a humanidade, afirmando-se os direitos humanos.
No intuito de nunca mais acontecerem atrocidades pelas quais o mundo passou nas 
grandes guerras, 51 países, dentre eles o Brasil, no dia 24 de outubro de 1945, assinaram 
uma carta em que proclamam a intenção de colocar a guerra fora da legislação, 
esforçando-se por um mundo a ser reconstruído no pós-guerra. Diz o preâmbulo da Carta 
das Nações Unidas:
Essa carta colaborou com a preservação dos direitos e com a proteção dos seres 
humanos, como firmou a criação da Organização das Nações Unidas – ONU. Ela se diferiu 
dos demais pactos e tratados, como a liga das nações, por visar à inclusão de todos os 
países que desejassem proteção e união entre os povos, com vista a uma vida pacífica e à 
relação amistosa, em momentos de conflitos de interesses. 
Quanto à carta, em si, ela apenas visou demonstrar o interesse dos países associados em 
proteger os direitos de todos os seres humanos, embora ainda não os declarasse de forma 
aberta. Estabeleceu-se, então, uma comissão de direitos humanos que ficou responsável 
por criar o texto da declaraçãouniversal de direitos humanos (COMPARATO, 2003). 
Somente após o trabalho deliberativo da comissão de direitos humanos instituída, que o 
projeto da Declaração Universal de Direitos Humanos foi aprovado pela Assembleia das 
Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948.
O trabalho da Comissão de direitos humanos não era apenas esse, ele foi dividido em três 
etapas: a primeira cuidou do projeto de declaração universal de direitos humanos, a 
segunda da criação dos pactos de direitos civis e políticos, estes já realizados e, por fim, 
houve a criação dos mecanismos que viessem a garantir, de forma universal, a prevalência 
dos direitos humanos (COMPARATO, 2003).
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Em nosso caso, notamos um tom de reclamação por um direito preexistente que veio 
sendo negado nas diversas relações sociais estabelecidas ao longo da história de muitos 
povos. Percebe-se que a adoção de um regramento jurídico que veio para preservar ou 
criar os direitos invioláveis, no sentido de aceitar a existência anterior destes como um 
direito universal, adveio de um período de rebeldia, de luta, de guerra, ou de grande 
violação. O tom, então, que é dado aos direitos humanos é o de proteção a um direito que 
não é respeitado, é um alerta de cuidado, de fraternidade e de carinho.
O que mais uma vez nos fez lembrar Paulo Freire (2013). Ele demonstrou preferir ser 
criticado como idealista e sonhador inveterado quanto à importância da educação 
emancipatória, do que apostar exclusivamente na criação de uma legislação demarcatória 
e punitivista, pois estas não têm se mostrado suficientes para garantir que a ética e a 
equidade de oportunidades passe a reger a prática humana. Pela conversa com nosso 
pedagogo brasileiro, acreditamos na necessidade de adotarmos estratégias de ensino e 
aprendizado que levem o opressor a entrar em diálogo com o oprimido, que ambos pensem 
o seu local de habitação e a coexistência assumida entre eles, de modo que a relação de 
um para com o outro seja questionada, rompida e jamais invertida, ou melhor, que não seja 
o desejo do oprimido assumir o lugar do opressor, como o que vimos ocorrer ao longo da 
história.
Depois de passarmos por alguns dos tratados, cartas, normas e declarações que versaram 
sobre os direitos humanos universais, qual a percepção que você teve de todo o processo? 
Ele se deu de modo harmônico? Os termos que constam na Declaração dos Direitos 
Humanos podem ser colocados de lado? Os direitos humanos têm sido respeitados?
PANORAMA INTERNACIONAL
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Material necessário: 
Duração: 
cópia da declaração, papel e caneta, 5 folhas de papel cenário
2 horas/aula.
Desenvolvimento:
1- Na primeira aula pergunte aos alunos o que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos para eles. 
Ouvir as respostas dialogando com a turma. 
2- Distribuir uma cópia da declaração e pedir que os alunos observem os artigos listados e tentem relacionar 
o que pode ter acontecido para que tal documento fosse construído, registrando as respostas.
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DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
Sugestão de atividade pedagógica
Thomas Jefferson, iluminista e um dos fundadores dos Estados Unidos que foi o posterior 
presidente da nação, ao redigir e reescrever por diversas vezes o texto da declaração, 
buscou demonstrar quais direitos a Declaração da Independência protegia. Em uma 
primeira versão a redação se encontrava da seguinte forma: “Consideramos que estas 
verdades são sagradas e inegáveis: que todos os homens são criados iguais e 
independentes, que dessa criação igual derivam direitos inerentes e inalienáveis” (HUNT, 
3- Dividir a turma em 5 grupos e solicitar que pesquisem imagens daquilo que eles acham que contribuiu 
para a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
4- Na segunda aula, peça que os alunos montem uma composição em uma folha de papel cenário, utilizando 
as imagens que eles conseguiram, associando-as as respostas dadas na na aula anterior.
5- Solicitar que cada grupo compartilhe com os outros as suas impressões da atividade. Algo mudou depois 
da pesquisa de imagem?
6- Comente com a turma os marcos internacionais (como a Magna Carta de Liberdade, Declaração de 
Direitos de 1689, Declaração de Independência dos Estados Unidos), dialogando com eles as respostas que 
eles deram e as imagens encontradas.
7 – Expor para a turma os painéis de fotos e conversar sobre a importância de a população participar dos 
movimentos sociais, para que possa se ver representada na mudança de uma realidade.
32
Fonte: https://voluntariadoempresarial.com.br/voluntariado-cidadao/
CAPÍTULO III
panorama 
nacional
“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz 
e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, 
a tua fala seja a tua prática”.
Paulo Freire
Vamos dialogar sobre direitos humanos?
Observando a realidade atual, comparando-a com outros fatos do 
nosso passado desde a colonização, diga-nos!
O que você pensa a respeito da evolução dos direitos humanos no 
Brasil? Como esses direitos foram conquistados? 
Fonte: https://voluntariadoempresarial.com.br/voluntariado-cidadao/
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Fonte: Tiras do Armandinho. https://www.facebook.com/tirasarmandinho. Uso autorizado pelo autor.
Imagem 1: Fome no Brasil
panorama nacional
No capitúlo II conversamos sobre alguns fatos ocorridos em território internacional, que 
foram importantes ao presente curso, uma vez que contribuíram para que direitos 
fundamentais e invioláveis ao homem e à mulher fossem declarados, publicamente, pelos 
países que estavam presentes na Assembleia das Nações Unidas em 10 de dezembro de 
1948, entre eles o Brasil.
Uma vez que o Brasil estava presente naquela Assembleia das Nações Unidas e aceitou 
os termos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, faz-se necessário observar o 
que foi feito internamente para garantir a sua efetivação. Para dar início ao nosso estudo, 
conversaremos com mais uma tira de Alexandre Beck, que versa sobre o território da 
garantia de direitos humanos fundamentais à vida digna:
Na tira (imagem 01) o protagonista levanta o fato de que no Brasil existem pessoas que 
passam fome. Essa situação aparece com frequência em noticiários e revela a negligência 
aos direitos humanos fundamentais, assim como também ocorre quando encontramos 
pessoas que moram em casas improvisadas debaixo de viadutos ou sob papelões nas 
calçadas das grandes cidades; crianças e adolescentes fora da escola; falta ou 
insuficiência de saneamento básico e água tratada nos bairros; falta de recursos materiais 
e profissionais no sistema de saúde para atender à população; superlotação de 
encarcerados no sistema prisional; entre outras realidades encontradas nos Estados 
brasileiros. Recomendamos que você faça uma pesquisa a respeito de omissões como 
essas em reportagens locais e registre os dados que você encontrar. Isso contribuirá para 
ampliar a sua percepção dos problemas.
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Fonte: Arquivo pessoal.
Imagem 2: Pessoas em situação de rua Imagem 3: Abordagem as pessoas em situação 
de rua
panorama nacional
Em resposta a questões como essas apontadas, os políticos brasileiros eleitos apontam 
em entrevistas e outras declarações públicas que isso é resultante fatores, como: verba 
pública insuficiente para atender às necessidades de toda a população, descaso dos 
governantes anteriores que promoveram a corrupção ativa, risco de ingerência 
administrativa e econômica etc. Nesse caso, seria toda a população brasileira atingida 
pelas mesmas dificuldades? Falta escola para as crianças de todas as classes 
econômicas? Quais bairros sofrem com a falta de água tratada e saneamento básico? 
Quais grupos étnicos têm passado fome no país? Quem superlota o sistema prisional? 
Quem mora debaixo dos viadutos? Quem compõe o grupo que se encontra em 
vulnerabilidade social?
Para tencionar um pouco mais a questão, acrescentamos duas fotos (imagens 02 e 03) que 
foram tiradas na cidade de Cariacica/ES,no dia 06/04/2020. A primeira mostra uma casa 
de madeirite, construída de modo irregular debaixo de um viaduto. A moradia é habitada 
por um catador de material a ser reciclado e sua família, que permitiu a foto, desde que ele 
não comparecesse na imagem. A segunda foto foi retirada na mesma cidade, ela mostra 
uma abordagem policial às pessoas que estão em situação de rua. Como se pode 
perceber, todos os abordados são pardos ou negros.
36
panorama nacional
Também trazemos para o nosso diálogo as pesquisas de Lima (2017) e Novaes (2018) 
sobre as medidas socioeducativas aplicadas aos adolescentes acusados de praticar ato 
tipificado como infracional a nossa sociedade. Essas duas pesquisadoras apontaram que, 
na prática, nem todos os jovens têm sido processados e/ou punidos igualmente por fatos 
similares. Também ressaltaram que as unidades de internação estão cheias de 
adolescentes e jovens pardos e negros, do sexo masculino, vindos de famílias de pouco 
recurso econômico, acentuando a diferença de quando o ato considerado infracional é 
praticado por outros grupos sociais. Esses estudos dão pistas do processo de 
criminalização de uma parcela específica da população, ou seja, das pessoas de origem 
afrodescendente, geralmente encontradas em situação de vulnerabilidade social nos 
bairros de periferia das grandes cidades.
As questões levantadas até aqui revelam que, para falar do panorama atual dos direitos 
humanos no Brasil, também é preciso passar por questões que envolvem as políticas 
públicas e a história de composição étnica da nação. Como ocorreu na aula anterior, 
faremos alguns recortes na história do país. Ressaltamos que os fatos escolhidos e os 
grupos sociais envolvidos não são os únicos que poderiam ser citados, nem os elegemos 
como os mais importantes. Por exemplo, a história que envolve os nossos índios será 
pouco abordada, mesmo entendendo que ela é fundamental ao estudo dos direitos 
humanos. Os recortes escolhidos foram implicados pela limitação do tempo de pesquisa 
para organizar este curso, por isso recomendamos a todos os alunos que busquem outros 
momentos históricos significativos e compartilhem nos espaços de diálogo do curso, uma 
vez que toda informação pode contribuir com o aprendizado e com o posterior ensino da 
referida temática.
Começamos pela chegada dos portugueses ao Brasil. Eles colonizaram a terra e a 
população nativa de modo exploratório por mais de 300 anos, retirando o máximo possível 
de recursos para o enriquecimento de Portugal. Para extrair/produzir as riquezas, lançaram 
mão do escravismo dos índios nativos e também dos negros africanos, estes retirados de 
seu continente de modo violento pelo tráfico de escravos, uma atividade econômica 
considerada licita em muitos países em tal período, por isso o povo africano foi separado 
de sua nação, do seu modo de vida e da família sem qualquer critério de proteção.
UMA HISTÓRIA DE LEIS QUE REVELA A OMISSÃO DOS DIREITOS HUMANOS
Fonte:https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1d/%C3%8Dndios_escravizados,_s%C3%A9culo_XIX.jpg
Imagem 1: Índios escravizados no Brasil
37
panorama nacional
A imagem 04, com que ilustramos o escravismo de pessoas no Brasil, mostra parte do 
tratamento que era ofertado aos escravizados, nesse caso presos por correntes nos seus 
pescoços. Olhando para a imagem, tente responder: como tais povos eram tratados no 
cotidiano? Como eles se sentiam? Onde estava a sua família? O que ocorria com os seus 
filhos? Podiam manter práticas religiosas ou outras manifestações de sua cultura? Havia a 
possibilidade de reclamarem do modo como eram tratados?
Infelizmente os registros que falam desta época indicam pistas de que os grupos que eram 
escravizados no Brasil tiveram sua cultura, tradições, valores, corpos e laços familiares 
desvalorizados e/ou ignorados, como se não fossem humanos, muito menos humanos de 
direitos. Uma vez que o escravo não era um cidadão, ele não podia dispor de propriedade 
e nem mesmo da sua vida, pois a lei legitimava que ele fosse tratado como uma posse de 
seu dono, equiparando-o a um animal e, por isso, podia sofrer qualquer tipo de castigo, até 
mesmo ser estuprado e mantido acorrentado a um tronco por dias (CARVALHO, 2002). 
Analisando o período em questão, Comparato (2003) afirmou que o escravismo que foi 
utilizado nas Américas, principalmente no Brasil, foi o responsável pelo maior caso de uso 
de mão de obra escrava na história humana. E Carvalho (2002, p. 15 e 16) acrescentou:
Outra questão significativa a se notar é que o proprietário de escravos não era considerado 
como uma pessoa de má índole aos olhos da lei naquela época, desde que ele cumprisse 
com preceitos legais e mantivesse seus impostos em dia. Enquanto isso, na mesma época, 
em outros países, já vinha tomando corpo a discussão de direitos humanos fundamentais: 
na Inglaterra houve a Declaração de Direitos de 1689, nos Estados Unidos a Declaração 
de Independência em 1764, na França a Declaração do Homem e do Cidadão de 1789, 
cada uma dessas trazendo novos elementos ao diálogo sobre a importância de se 
preservar e garantir direitos humanos, e isso acabou tensionando o cenário internacional 
quanto ao escravismo, inclusive Portugal que colonizava o Brasil.
Em 1822 ocorre a proclamação da independência do Brasil, cuja constituição é promulgada 
dois anos depois, em 1824. O novo normativo de leis não cita artigos relativos à escravidão, 
apegando-se ao estabelecimento do regime monárquico constitucional, atribuição de 
alguns direitos políticos, e à separação dos poderes legislativo, judiciário, executivo e 
moderador. Este último acabando por revelar um governo ainda absolutista, vez que coube 
ao imperador irresponsabilidade absoluta, ou seja, a lei não se aplicava ao mesmo. Apesar 
da importância histórica daquela constituição, que foi a primeira do Brasil enquanto nação 
livre, ela carregou consigo o peso da escravidão, isso quer dizer que a inviolabilidade dos 
direitos civis e políticos que foi garantida aos cidadãos brasileiros, com base na liberdade, 
segurança individual e a posse de sua propriedade, foi garantida apenas àqueles que eram 
considerados cidadãos, o que excluía os escravos.
Os escravos começaram a ser importados na segunda metade do século XVI. A 
importação continuou ininterrupta até 1850, 28 anos após a independência. 
Calcula-se que até 1822 tenham sido introduzidos na colônia cerca de 3 milhões de 
escravos. Na época da independência, numa população de cerca de 5 milhões, 
incluindo uns 800 mil índios, havia mais de 1 milhão de escravos. Embora 
concentrados nas áreas de grande agricultura exportadora e de mineração, havia 
escravos em todas as atividades, inclusive urbanas. Nas cidades eles exerciam 
várias tarefas dentro das casas e na rua. Nas casas, as escravas faziam o serviço 
doméstico, amamentavam os filhos das sinhás, satisfaziam a concupiscência dos 
senhores. Os filhos dos escravos faziam pequenos trabalhos e serviam de montaria 
nos brinquedos dos sinhozinhos. Na rua, trabalhavam para os senhores ou eram 
por eles alugados. Em muitos casos, eram a única fonte de renda de viúvas. 
Trabalhavam de carregadores, vendedores, artesãos, barbeiros, prostitutas.
38
panorama naciOnal
Por volta da terceira década do séc. XIX, a Inglaterra passou a pressionar o Brasil para que 
este desse fim ao tráfico de escravos e ao escravismo em si. Em 1840, inclusive, os navios 
ingleses passaram a afundar os navios brasileiros que fossem considerados como 
alimentadores do tráfico de escravos, o que foi muito importante para a diminuição desse 
comércio. Em 1871 foi declarada a lei do ventre livre no Brasil, que determinou que todo 
aquele que fosse nascido após a criação desta legislação seria considerado livre. Carvalho 
(2002) analisou que pouco se teve, entretanto, de efetiva mudança com esta lei para os 
nascidos livres, pois dentro do mesmo texto também se encontrava o uso do trabalho do 
nascido livre pelo senhor, de forma gratuita, enquantoo “liberto” não completasse 21 anos. 
E acrescentou: “[…] do ponto de vista do progresso da cidadania, a única alteração 
importante que houve nesse período foi a abolição da escravidão, em 1888. A abolição 
incorporou os ex-escravos aos direitos civis” (CARVALHO, 2002, p. 13).
Já o usufruto desses direitos civis por aqueles que antes estavam na condição de escravos 
se deu de forma muito lenta, o que nos leva a perceber que, no início, tratava-se apenas de 
uma legislação para abolir e criminalizar o tráfico de escravos no território brasileiro. Como 
visto, a abolição da escravidão no Brasil só ocorreu muitos anos após as primeiras 
tentativas de controle do tráfico de escravos. Até se dar está legislação, tem-se muitos anos 
de conflito, com pressão de países estrangeiros e efetiva luta dos que foram escravizados 
no país, com recorrentes tentativas de fuga, perseguição e a consequente morte de muitos. 
E mesmo com a nova legislação, a luta de tal povo não acabou. Muitos negros, antes 
escravizados e agora livres, não tiveram condições de se manter, sem instrução e ainda 
considerados como se fossem inferiores aos demais, tendo em vista o tempo que foram 
considerados posse e não sujeitos de direitos, tiveram que vender a sua força de trabalho 
por valor que não lhes garantia uma vida digna, isso quando conseguiam algum emprego. 
Muitos acabaram voltando para as fazendas em que antes trabalhavam de modo escravo 
e pediram para voltar ao trabalho em troca de comida e abrigo, sem maior remuneração. 
Por isso a literatura a respeito de tal período afirma que se libertou os escravos, entretanto 
não se buscou uma igualdade efetiva destes para com as outras pessoas livres 
(CARVALHO, 2002).
E será que a dificuldade de tal povo acabou depois de percorridos mais de 130 anos da 
abolição da escravidão no Brasil? Podemos falar em conquista de direitos? Há vida digna 
para os mesmos? Observa-se respeito para com o corpo, a família, o trabalho, a cultura e 
as crenças do povo negro? As piadas racistas foram dizimadas? Estas são perguntas 
importantes ao estudo dos direitos humanos, que serão retomadas em outros momentos 
de nosso curso. Por ora daremos continuidade aos recortes da história do Brasil, para 
observamos outras questões significativas.
39
panorama naciOnal
Iniciamos este tópico com uma nova tira de Alexandre Beck, cujo protagonista revela 
perceber um grande número de pessoas dormindo nas ruas, situação que é atual e que 
perpassa o tempo da República, como dialogaremos nas próximas linhas.
Um ano após a abolição da escravidão no Brasil, o império cai e é proclamada a república 
dos Estados Unidos do Brasil em 15 de novembro de 1889. Adota-se nova bandeira e visa 
uma forma nova de estado e governo, que é firmada com a constituição de 1891. Em 
análise de tal período histórico, Carvalho (2002) explicou que a nova constituição fez 
melhorias pontuais aos direitos humanos fundamentais, à dignidade da pessoa humana e 
à evolução da cidadania, mostrando-se mais preocupada em garantir um modelo político 
novo do que, efetivamente, proporcionar a igualdade entre todas as pessoas.
Mesmo assim, pode-se frisar que a constituição de 1891 garantiu a possibilidade de 
responsabilização do chefe do poder executivo, suprimiu o poder moderador, passando a 
vigorar modelo de três poderes: judiciário, legislativo e executivo. Ela consagrou também a 
liberdade religiosa ao separar a igreja católica e o Estado, instituiu o habeas corpus e aboliu 
as penas de morte, de galés e de banimento. Apesar dessas mudanças, Carvalho (2002) 
afirmou que a primeira constituição da república teve um caráter de manter a elite no poder, 
perceptível ao se abster, de forma expressa, de responsabilidades nas áreas sociais, do 
ensino e do trabalho. Logo, em resposta, pode-se imaginar que permaneceram em 
situação de miséria e dificuldades os grupos marginalizados, em especial, os 
afrodescentes, tendo em vista que os preconceitos raciais perduraram.
Quando Getúlio Vargas ascendeu ao poder, em 1930, após um golpe militar que encerrou 
a primeira república, fez-se uma nova assembleia constituinte que, em 1934, promulgou a 
segunda constituição da república dos Estados Unidos do Brasil. Esta tinha entre os seus 
objetivos “organizar um regime democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, 
a justiça e o bem-estar social e econômico” (Preâmbulo, Constituição 1934). Essa 
constituição se inspirava na constituição alemã de 1933, a constituição de Weimar, 
dedicada à ordem econômica e social ao mesmo tempo. Há de se ressaltar uma das 
maiores conquistas relativa à defesa dos direitos dos trabalhadores, a Justiça do Trabalho, 
ainda que sua real implantação tenha apenas ocorrido no ano de 1941.
NOVAS LEIS: ONDE FICAM OS DIREITOS HUMANOS
Fonte: Tiras do Armandinho. https://www.facebook.com/tirasarmandinho. Uso autorizado pelo autor
Imagem 5: Armandinho: ajudar o próximo
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panorama naciOnal
Após o período em que deveria permanecer como presidente, Getúlio Vargas aplicou um 
golpe para permanecer no poder e, com o apoio dos donos das indústrias e das forças 
armadas, implantou o Estado Novo. Segundo Carvalho (2002), antes do golpe o 
comunismo foi vítima de perseguição interna, criou-se a ilusão de que o mesmo 
representava um perigo para o país, um inimigo a ser combatido a todo custo por uma mão 
forte e combativa, a mão do Estado Novo.
No tocante aos direitos fundamentais, por se tratar de um regime ditatorial civil, os direitos 
políticos foram limitados e o congresso fechado. Mesmo assim, o presidente Getúlio 
Vargas buscou trabalhar de forma popular, a fim de que a população trabalhadora e de 
baixa renda estivesse sempre a seu favor. Surge o populismo, nome que foi dado ao modo 
como o governo ditatorial deste período foi realizado, nele, de modo paternalista, frisou-se 
a necessidade de assegurar os direitos trabalhistas do operariado, mas como se isto fosse 
uma dádiva do Estado, quando se tratava de garantir os direitos fundamentais de toda 
pessoa humana. Da mesma forma se criou os sindicatos não obrigatórios, em que 
participavam operários, patrões e o Estado, este último como órgão fiscalizador. Os 
operários que participavam do sindicato tinham vantagens em relação àqueles não 
sindicalizados, como direito a férias e proteção contra perseguição patronal (CARVALHO, 
2002).
Getúlio é derrubado e com ele cai o Estado Novo. São convocadas eleições e o general 
Gaspar Dutra é eleito e toma posse em 1946, mesmo ano em que é promulgada a nova 
constituição brasileira, que manteve os direitos políticos, civis e trabalhistas até então 
conquistados, uma única ressalva se fez quanto ao direito a greve, que passa a ter como 
requisito a necessidade de autorização pela Justiça do Trabalho. Mesmo que o Partido 
Comunista tenha tido o seu registro cassado, Carvalho (2002) comenta que este período é 
considerado como a primeira amostra de democracia real em solo brasileiro e durou até 
1964, pois, apesar de várias tentativas de golpe, manteve-se a regularidade de eleições 
para todos os cargos políticos e também foram criados muitos partidos de cunho 
nacionalista. E como estaria a situação dos direitos humanos? Contamos com o poema “O 
Bicho”, que foi escrito por Manoel Bandeira em 1947, na cidade do Rio de Janeiro, que nos 
oferta as pistas da situação vivida pela população em vulnerabilidade social no Brasil, um 
ano antes da Declaração Universal de Direitos Humanos (1948) da qual o Brasil foi 
signatário:
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Fonte: https://www.pensador.com/poesia_o_bicho_de_manoel_bandeira/)
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panorama naciOnal
Como podemos apreender no poema, a situação de uma parcela da população ainda era 
muito ruim. Nesse contexto, em 1950, Getúlio Vargas retornou ao poder por meiodo voto 
da população em eleições diretas, dando continuidade a seu projeto nacionalista, populista 
e assistencialista, o que manteve a situação de vulnerabilidade da população desassistida 
das políticas públicas que a levassem à superação dos reais problemas enfrentados. Ele 
permaneceu no governo até 1954, ano que cometeu suicídio. 
Após quase dez anos de luta política entre a herança democrática e o perigo do 
autoritarismo militar, a democracia perdeu e se instaurou novo regime militar no Brasil em 
1964, que durou até o ano de 1985. Sobre a instauração deste período, Carvalho (2002) 
contou que em 1964 o presidente João Goulart discursou na Central do Brasil no Rio de 
Janeiro, onde prometeu mudanças na estrutura social de base com uma reforma agrária, e 
educacional. Como resposta, os conservadores organizaram em São Paulo a Marcha da 
Família com Deus pela liberdade, que reuniu cerca de 500 mil pessoas em oposição. No 
mesmo ano o exército marchou para a tomada de poder e João Goulart, para evitar uma 
guerra civil, se refugiou no Uruguai. Em abril do mesmo ano foi decretado o Ato Institucional 
número 1, AI-1, que cassou os mandatos políticos daqueles que eram de oposição aos 
conservadores e ainda instituiu a retirada da estabilidade dos funcionários públicos.
Durante todo a ditadura militar os atos institucionais vigoraram como uma forma de se 
institucionalizar condutas que o governo militar acreditava serem necessárias para se 
manter no poder. Quebrando a hierarquia das leis, o governo militar criou a figura do Ato 
Institucional para eliminar direitos e garantias constitucionais do povo, colocando a figura 
de tal Ato acima da própria constituição da nação, e fez isto se dizendo revolucionário, 
amparando-se em um engodo de proteção contra o perigo comunista que ameaçava a 
segurança e a estabilidade da paz nacional. Dentre os atos institucionais, Carvalho (2002, 
p. 161) comenta que
Para regulamentar o governo militar, em 1967 foi criada uma nova constituição federal, com 
tom autoritário a fim de garantir o apoio jurídico para os atos que perpetrava. Com este 
normativo ficou clara a intenção de o governo militar permanecer no poder. Esta 
constituição concentrou o poder nas mãos do poder executivo, comandado por militares, e 
retirou a liberdade de expressão, o direito a greve, bem como o voto direto, autorizando 
ainda que o poder executivo extinguisse os partidos políticos.
Seguiu-se um período complexo ao usufruto de diversos direitos humanos. Em Carvalho 
(2002), observa-se que o executivo ficou nas mãos dos militares, que retiravam direitos e 
garantias da pessoa humana por vontade, de modo que a população ficou à mercê da 
ditadura. O autor também comentou que não havia oposição legalmente constituída e 
aqueles que se opunham ao governo militar eram reprimidos de forma violenta, inclusive 
houve a introdução da Lei de Segurança Nacional que reinstituiu a pena de morte, por 
fuzilamento, banida desde o império. Outros direitos como o de imprensa, de inviolabilidade 
do lar, de reunião, de vida, de paz e de segurança desapareceram.
O Ato Institucional nº 5 (AI-5) foi o mais radical de todos, mais fundo atingiu direitos 
políticos e civis. O Congresso foi fechado, passando o presidente, general Costa e 
Silva, a governar ditatorialmente. Foi suspenso o habeas corpus para crimes contra 
a seguran91 nacional, e todos os atos decorrentes do AI-S foram colocados fora da 
apreciação judicial.
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panorama naciOnal
Não podendo se posicionar contra de forma ordeira e legal, a oposição se fez 
clandestinamente, via guerra urbana que não foi declarada, mas era efetiva e permaneceu 
por todo o regime ditatorial militar, o que levou ao desaparecimento de inúmeras pessoas 
consideradas subversivas (CARVALHO, 2002). Como o Estado no regime miliar se dava o 
direito de dispor dos direitos humanos fundamentais do seu povo, ele claramente feria a 
Declaração de Direitos Humanos de 1948.
Somente em 1974 a democracia começou a voltar ao território, contudo de forma lenta e 
gradual, como afirmou que seria o governo Médici. Em quatro anos os atos institucionais 
foram revogados, a censura prévia deixou de existir e aqueles que se encontravam no 
exílio puderam retornar para o Brasil (CARVALHO, 2002). No ano de 1979 é promulgada a 
lei de anistia, extinguindo-se o bipartidarismo político e com isto a oposição toma força e 
intensifica a redemocratização do país.
Os anos 80 foram turbulentos, a mobilização popular era tremenda, diversas greves 
aconteceram, partidos políticos nasceram neste período e sindicatos foram fortalecidos. 
Entre os educadores foram publicados vários livros falando da importância da educação 
histórico-crítica e/ou emancipatória com base em Freire (2013), por fim questionando a 
educação bancária, para que o sujeito pudesse perceber o seu lugar na história, na 
produção de renda, na multiplicação de valores e cultura, na busca e garantias dos direitos 
humanos fundamentais, pois cada um de nós contribui com a produção da realidade nas 
relações sociais que estabelece e pode, ao mesmo tempo, questioná-la quando opressora. 
O que nos lembra mais uma tira de Alexandre Beck, Imagem 05, na qual o protagonista 
chama a figura que lembra um policial a se perceber enquanto classe trabalhadora e, 
assim, questionar a prática que busca oprimir o povo do qual faz parte:
Ainda sobre as movimentações da década de 80, mostraram-se importantes as 
mobilizações populares chamadas de “Diretas Já” no ano de 1984:
A campanha das diretas foi, sem dúvida, a maior mobilização popular da história do 
país, se medida pelo número de pessoas que nas capitais e nas maiores cidades 
saíram as ruas. Ela começou com um pequeno comício de 5 mil pessoas em 
Goiânia, atingiu depois as principais cidades e terminou com um comício de 500 mil 
pessoas no Rio de Janeiro e outro de mais de 1 milhão em São Paulo. Tentativas de 
impedir as manifestações, partidas de alguns militares inconformados com a 
abertura, não tiveram êxito (CARVALHO, 2002, p. 189).
Fonte: Tiras do Armandinho. https://www.facebook.com/tirasarmandinho. Uso autorizado pelo autor
Imagem 6: Uma luta de todos
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panorama naciOnal
Apesar de toda essa mobilização popular, a emenda constitucional para as eleições diretas 
foi derrotada no congresso em 1985. Por isso Tancredo Neves foi eleito presidente do 
Brasil pelo antigo sistema, ele era o candidato da oposição e não teve rival do grupo militar, 
que se absteve de lançar candidato à presidência.
Antes de ser empossado presidente eleito, Tancredo Neves faleceu e seu vice, José 
Sarney, assumiu a presidência em 15 de março de 1985. Convocou-se eleição para a 
assembleia nacional constituinte no ano de 1986, cujo grupo de trabalho se reuniu por mais 
de um ano até chegar à redação final do texto constitucional que foi aprovado em 1988. 
Está normativa rege as nossas relações sociais atuais, é considerada a mais liberal e a que 
afirma mais direitos sociais para as pessoas que a nação brasileira já teve em toda a sua 
história e, por isso, recebeu o apelido de constituição cidadã. Dentre os preceitos básicos 
que a constituição retoma e aqueles que cria, podemos destacar:
[...] a liberdade de expressão, de imprensa e de organização. [...] inovou criando o 
direito de habeas data, em virtude do qual qualquer pessoa pode exigir do governo 
acesso às informações existentes sobre ela nos registros públicos, mesmo as de 
caráter confidencial. Criou, ainda, o "mandado de injunção", pelo qual se pode 
recorrer à justiça para exigir o cumprimento de dispositivos constitucionais ainda 
não regulamentados. Definiu também o racismo como crime inafiançável e 
imprescritível e a tortura como crime inafiançável e não anistiável. Uma lei ordinária 
de 1989 definiu os crimes resultantes de preconceito de cor ou raça. A Constituição 
ordenou também que o Estado protegesse o consumidor, dispositivo que foi 
regulamentado na Lei de Defesa do Consumidor, de 1990. [...] E, ainda, como forma

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