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Conhecimento e ciência Tema 3 Ciência e suas características, e as implicações do conhecimento cientí�co para o aluno universitário Considerando a ciência e suas características, quais as implicações do conhecimento cientí�co para o aluno universitário? No ato de investigar e re�etir sobre o mundo dos objetos, ou seja, construir o conhecimento cientí�co, o Homem dá novos signi�cados mais próximos da verdade do que a simples aparência. Se o conhecimento cientí�co constitui a ciência, o que é “ciência”? Há diversas de�nições de ciência. Marconi e Lakatos apresentam dois conceitos de destaque para de�nir ciência: “A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente sistematizados e veri�cáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza.” (ANDER-EGG, 1978, p. 15 apud MARCONI; LAKATOS, 2022, p. 8). A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à veri�cação. TRUJILLO, 1974, p. 8 apud MARCONI; LAKATOS, 2022, p. 8. Podemos resumir dizendo que ciência é o conhecimento da realidade empírica, seguindo uma metodologia ou um sistema, de forma a permitir a veri�cação do que está sendo averiguado. Introdução Tema 1 Tema 2 Tema 3 Encerramento + https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/index.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-1.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-2.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-3.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/encerramento.htm javascript:; javascript:; Em ciência, um fato não é falso nem verdadeiro: ele é simplesmente o que é. Não tem sentido, por exemplo, alguém dizer que é falso ou verdadeiro o fato de que a água do mar é salgada. Para Marconi e Lakatos, a ciência se caracteriza por um “pensamento racional, objetivo, lógico e con�ável [...] sistemático, exato e falível, ou seja, não �nal e de�nitivo, pois deve ser veri�cável [...] submetido à experimentação para comprovação de seus enunciados e hipóteses” (2022, p. 5). Quais as características da ciência? Resumindo, podemos dizer que a ciência é de�nida de diferentes formas, mas que há características e exigências que são gerais, isto é, são comuns a todas as de�nições. Segundo Marconi e Lakatos, são componentes da ciência: Objetivo ou �nalidade – preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determinados eventos. Função – aperfeiçoamento, por meio do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem com seu mundo. Objetos – subdividido em: Material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou veri�car, de modo geral. Formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto material. (MARCONI; LAKATOS, 2022, p. 11). Ruiz enumera as seguintes características da ciência: Pereira explana sobre a aplicabilidade da ciência: A ciência, como um todo, é um conhecimento organizado. Cada ciência particular é, em seu setor, a totalidade dos conhecimentos ordenados e relacionados uns com os outros, segundo critérios coerentes e geralmente aceitos. Ela Introdução Tema 1 Tema 2 Tema 3 Encerramento + https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/index.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-1.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-2.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-3.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/encerramento.htm javascript:; javascript:; Augusto Comte pressupõe regularidade na natureza, isto é, relação recíproca e invariável dos elementos que participam dos fenômenos (lógica, causalidade ou determinismo, probabilidade). Por isso, toda ciência se compõe de conhecimentos fundamentados (o que não signi�ca que sejam imutáveis) e que permitem previsões. (2019, p. 31). A diversidade de de�nições permite perceber que, em algumas delas, chega a haver contradições. E por que isso? Ao propor uma investigação, o pesquisador pode traçar diferentes caminhos, com base não só no modo de olhar o objeto a ser estudado como por questões pessoais. Alguns pesquisadores são bem pragmáticos enquanto outros nem tanto; podem também partir de diferentes concepções acerca do mundo. Por exemplo, fazer pesquisas com animais, sacri�cando-os, é correto? Sempre haverá o grupo de adeptos e os de não adeptos. São diferentes formas de olhar a ciência e o mundo. A seguir, faremos uma breve apresentação de algumas correntes importantes que nos ajudarão a entender esta questão. a) Positivismo Augusto Comte (1798-1857), criador do positivismo – corrente que defende a supervalorização das ciências e da metodologia cientí�ca –, desenvolveu suas pesquisas de organização social fundamentado na mecânica e na biologia. Comte formulou a lei dos três estados: estado teológico, estado metafísico e estado cientí�co. O primeiro é o ponto de partida e o mais primitivo de entender as coisas. Por exemplo, a criação de entes sobrenaturais como o Deus do Fogo, da Água etc. Introdução Tema 1 Tema 2 Tema 3 Encerramento + https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/index.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-1.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-2.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-3.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/encerramento.htm javascript:; javascript:; Assim, as manifestações naturais teriam seus deuses e imperaria a magia. No segundo estado, o metafísico, caracterizado pela especulação e pela argumentação, há uma substituição dos entes sobrenaturais do primeiro estado por entes abstratos; valoriza-se a alma, a imobilidade do homem etc. O terceiro estado ou positivo, o homem renuncia aos entes, quer sobrenaturais quer abstratos, e assume a atitude cientí�ca perante o mundo. Assim, o conhecimento cientí�co se obtém com base na observação e na experiência. Para Comte, o homem em sociedade passaria necessariamente por esses estados, até chegar à sua plenitude, que é o conhecimento positivo. Resumindo, podemos dizer que o positivismo admite como principal fonte de conhecimento a experiência ou os dados sensíveis, isto é, obtido por meio dos sentidos do ser humano. b) Estruturalismo Consiste em um método de análise da sociedade, em grande escala, examinando as relações e as funções de cada estrutura. Cada uma delas é um sistema abstrato, com elementos interdependentes, que permite, através de uma metodologia própria, descrever os fatos e relacionar as semelhanças e diferenças, identi�cando uma relação interna de tal forma que não pode ser percebida isoladamente, mas apenas em relação aos seus pares contrários. Considerando as inúmeras estruturas, tais como a cultura, a linguagem, a educação, a religião, a economia etc, percebe-se a multiplicidade de análises que podem ser feitas. Assim, o estruturalismo consiste em construir modelos cientí�cos da realidade. Esta corrente tem como principais representantes: + Claude Lévi-Strauss – autor de Antropologia Estrutural. Ferdinand de Saussure – interessado na infraestrutura da língua, ou seja, naquilo que é comum a todos os falantes. Roland Barthes – estuda as narrativas escritas, faladas, interpretadas e outras, analisando suas características e as funções sistemáticas. Os fenômenos linguísticos são impessoais, isto é, deslocam-se das manifestações pessoais para um quadro amplo dos macrossistemas. Introdução Tema 1 Tema 2 Tema 3 Encerramento + https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/index.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-1.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-2.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-3.htmhttps://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/encerramento.htm javascript:; javascript:; Karl Marx c) Dialética Podemos dizer que é a arte do diálogo. É um modo de construir o conhecimento por meio da re�exão, ou seja, atuando como uma consciência crítica sobre o mundo e todo o conhecimento acumulado. Ressalte-se que a dialética não explica e não apresenta um modelo de interpretação. Apenas usa, como instrumento orientador, o confronto de ideias emanadas pelos homens nos debates sobre um mesmo tema. Podemos citar como representantes desta corrente Marx, Hegel, Engels e outros. d) Fenomenologia Esta corrente tem origem na palavra grega phainesthai que signi�ca “aquilo que mostra”, e logos, que signi�ca “estudo”, sendo, portanto, o estudo daquilo que mostra. A fenomenologia tem como objeto de estudo o fenômeno tal como se mostra. A investigação fenomenológica busca a consciência do sujeito formulada com base em suas experiências internas. O método fenomenológico parte do estudo do que é mostrado e busca esclarecer o que está velado, sem qualquer interferência e qualquer regra de observação. Edmund Husserl é considerado o pai da fenomenologia. Contrariando as tendências intelectuais da época, quis que a �loso�a tivesse bases de uma ciência rigorosa. Mas como fazer isso se as coisas do mundo real mudavam tanto? Se o método cientí�co estabelece uma verdade provisória, a �loso�a não. Para isso, deveria seguir outro caminho, observando os objetos como se mostram ao sujeito e estudar os objetos em sua essência, em seus verdadeiros signi�cados. Introdução Tema 1 Tema 2 Tema 3 Encerramento + https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/index.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-1.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-2.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-3.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/encerramento.htm javascript:; javascript:; Edmund Husserl A fenomenologia husserliana visa encontrar as leis da consciência intencional, uma vez que não há consciência que não esteja em ato, dirigida a um objeto. Por sua vez, o objeto só existe quando apropriado por uma consciência. Sujeito e objeto constituem duas partes de uma mesma realidade. e) Modelo holístico O holismo é derivado do grego hólos, que signi�ca “todo, completo, inteiro”. Surge diante da di�culdade de se entender o mundo segundo as concepções vigentes na época, cuja característica principal era a fragmentação, o que di�cultava o entendimento dos problemas mundiais. O modelo holístico sugere uma abordagem sistêmica, na qual a união das partes forma um todo que é maior do que a soma das partes. O todo e as partes se in�uenciam e se determinam reciprocamente. Como exemplo, podemos citar a introdução da informática na sociedade. As mudanças em todos os sistemas (econômico, �nanceiro, educacional, cultural, social e outros) são rápidas e visíveis por todos. E quanto mais mudanças são feitas nos diferentes sistemas, mais mudanças são exigidas na informática. Vimos até aqui as diferentes correntes para se explicar o conhecimento. Mas é importante observar que, nas diversas áreas do saber, algumas aparecerão mais preponderantes do que outras, porém a busca de uma metodologia para compreender o conhecimento frente ao novo milênio deve considerar o processo de investigação cientí�ca como um todo em benefício da humanidade. Qual a atitude esperada do aluno universitário diante da ciência? Introdução Tema 1 Tema 2 Tema 3 Encerramento + https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/index.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-1.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-2.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-3.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/encerramento.htm javascript:; javascript:; Apresentaremos, a seguir, algumas características que devem ser cultivadas por todos os estudantes, não só para conhecer a ciência, mas também para fazer uso dela para elaboração dos trabalhos. Essas características também serão de grande valor no seu cotidiano e na vida pro�ssional. O espírito crítico: o aluno universitário deve cultivar o espírito crítico, investigando com amadurecimento acadêmico, a �m de fundamentar suas ideias. Ninguém nasce com esta competência, mas nasce com a possibilidade. Procure apoio em seus professores, e isto o ajudará bastante. Espírito de con�ança na ciência: esta habilidade precisa ser construída e trabalhada, principalmente durante o seu curso na universidade. Se você está em busca apenas de técnicas para agir no mundo do trabalho, ou mesmo no seu cotidiano, repense esta sua posição e procure re�etir sobre o que acabamos de apresentar. A sociedade, muitas vezes, valoriza mais a prática, e este pensamento acaba tendo adeptos no meio universitário. Devemos valorizar o suporte da ciência e fazer de nossas ações a concretização da inteligência humana. Espírito indagador: este item está relacionado com o primeiro (espírito crítico) e nele busca aprofundamento. Ao indagar sobre algo usando o espírito crítico, o pesquisador busca razões para suas descon�anças; não é o indagar pelo indagar, mas indagar diante das dúvidas. Vídeo Para saber mais sobre a construção do conhecimento cientí�co e o papel do aluno universitário neste processo, assista agora ao vídeo: Conhecimento cientí�co ao alcance de todos. 02:50 Introdução Tema 1 Tema 2 Tema 3 Encerramento + https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/index.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-1.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-2.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-3.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/encerramento.htm javascript:; javascript:; Introdução Tema 1 Tema 2 Tema 3 Encerramento + https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/index.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-1.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-2.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/tema-3.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/mno/met/re/u2/encerramento.htm javascript:;
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