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DIREITO CONSTITUCIONAL CP I A 1º PERÍODO 2022 TEMA 07 Tema 07: Controle concentrado de constitucionalidade I. Natureza jurídica das ações constitucionais. Ação direta de inconstitucionalidade. Legitimados. 1ª QUESTÃO: No bojo de uma arguição por descumprimento de preceito fundamental, uma das partes requereu o impedimento de dois ministros do STF, sob o fundamento de que os mesmos são sócios de pessoa jurídica que é parte no processo. Responda, fundamentadamente, se no âmbito do controle concentrado, são aplicáveis as regras do impedimento e suspeição do CPC. RESPOSTA: ADI 6362, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI Órgão julgador: Tribunal Pleno Julgamento: 02/09/2020; Publicação: 09/12/2020 Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 13.979/2020, QUE DISPÕE SOBRE MEDIDAS PARA O ENFRENTAMENTO DA EMERGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICA DECORRENTE DA COVID-19. COMPETÊNCIA COMUM DOS ENTES FEDERADOS PARA CUIDAR DA SAÚDE. ARTS. 23, II, E 196 DA CF. FEDERALISMO COOPERATIVO. REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA VOLTADA PARA O CONFRONTO DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO PRELIMINAR DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. INDISPENSABILIDADE, TODAVIA, DO PRÉVIO SOPESAMENTO DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS E ANÁLISES SOBRE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS. MEDIDA QUE, ADEMAIS, DEVE OBSERVAR OS CRITÉRIOS DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. FIXAÇÃO DE NOVOS REQUISITOS PARA A REQUISIÇÃO PELO JUDICIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE EM FACE DO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA IMPROCEDENTE. I - A Constituição Federal prevê, ao lado do direito subjetivo público à saúde, a obrigação de o Estado dar- lhe efetiva concreção, por meio de “políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação” (art. 196). II – Esse dever abrange todos os entes federados, inclusive as comunas, os quais, na seara da saúde, exercem uma competência administrativa comum, nos termos do art. 23, II, do Texto Constitucional. III - O federalismo cooperativo, adotado entre nós, exige que a União e as unidades federadas se apoiem mutuamente no enfrentamento da grave crise sanitária e econômica decorrente da pandemia desencadeada pelo novo coronavírus. IV- O Plenário do STF já assentou que a competência específica da União para legislar sobre vigilância epidemiológica, da qual resultou a Lei 13.979/2020, não inibe a competência dos demais entes da federação no tocante à prestação de serviços da saúde (ADI 6.341-MC-Ref/DF, redator para o acórdão Ministro Edson Fachin). V – Dentre as medidas de combate à pandemia, a Lei 13.979/2020 estabelece que qualquer ente federado poderá lançar mão da “requisição de bens e serviços de pessoas naturais e jurídicas, hipótese em que será garantido o pagamento posterior de indenização justa” (art. 3°, VII). VI – Tais requisições independem do prévio consentimento do Ministério da Saúde, sob pena de invasão, pela União, das competências comuns atribuídas aos Estados, Distrito Federal e Municípios, os quais, todavia, precisam levar em consideração evidências científicas e análises sobre as informações estratégicas antes de efetivá-las (art. 3°, § 1°). VII – Como todas as ações estatais, as requisições administrativas precisam balizar-se pelos critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, só podendo ser levadas a cabo após a constatação de que inexistem outras alternativas menos gravosas. VIII- Essa fundamentação haverá de estar devidamente explicitada na exposição de motivos dos atos que venham a impor as requisições, de maneira a permitir o crivo judicial. IX – Ao Judiciário, contudo, é vedado substituir-se ao Executivo ou ao Legislativo na definição de políticas públicas, especialmente aquelas que encontrem previsão em lei, considerado o princípio da separação dos poderes. X - A requisição administrativa configura ato discricionário, que não sofre qualquer condicionamento, tendo em conta o seu caráter unilateral e autoexecutório, bastando que fique configurada a necessidade inadiável da utilização de um bem ou serviço pertencente a particular numa situação de perigo público iminente, sendo por isso inexigível a aquiescência da pessoa natural ou jurídica atingida ou a prévia intervenção do Judiciário. XI - A criação de novos requisitos para as requisições administrativas por meio da técnica de interpretação conforme à Constituição (art. 3°, caput, VII, da CF e § 7°, III, da Lei 13.979/2020), não se aplica à espécie, dada a clareza e univocidade da disposição legal impugnada. XII - Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. 2ª QUESTÃO: Determinada entidade de classe propõe a devida ação direta de inconstitucionalidade em que visa à defesa dos direitos da classe, ao pugnar texto de lei que extinguiu determinado benefício à classe. A autora impugna também outros dispositivos da mesma lei, por entender inconstitucionais, já que violadores do pacto federativo. Em sua inicial, comprova sua inscrição regular e a existência de associados em 7 (sete) estados da federação. Responda, fundamentadamente, se a demanda merece trânsito. RESPOSTA: ADI 3287 / DF - DISTRITO FEDERAL, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO; Redator(a) do acórdão: Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 05/08/2020; Publicação: 28/08/2020 Órgão julgador: Tribunal Pleno Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 27-08-2020 PUBLIC 28-08- 2020 Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO. ENTIDADE DE CLASSE DE ÂMBITO NACIONAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 103, IX, E 102, 'I', 'A', DA CF/1988. CARÊNCIA DA AÇÃO RECONHECIDA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NÃO CONHECIDA. I - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal exige, para configuração do caráter nacional da entidade de classe, comprovação da existência de associados ou membros em pelo menos 9 Estados da Federação. Precedente: ADI 108/QO, Relator Ministro Celso de Mello. II - Reconhecimento da carência da ação, por força da ilegitimidade ativa da associação. III - Ação direta de inconstitucionalidade não conhecida. ADI 6077 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Órgão julgador: Tribunal Pleno Julgamento: 12/06/2019; Publicação: 27/06/2019 Ementa LEGITIMIDADE – PROCESSO OBJETIVO – ASSOCIAÇÃO – PERTINÊNCIA TEMÁTICA. As associações de classe não têm legitimidade universal, devendo haver pertinência temática, ou seja, elo entre o objeto social e o ato atacado. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – ATOS CONCRETOS – INADEQUAÇÃO. A ação direta de inconstitucionalidade pressupõe impugnação de ato normativo abstrato e autônomo. DIREITO CONSTITUCIONAL CP I A 1º PERÍODO 2022 TEMA 08 Tema 08: Controle concentrado de constitucionalidade II. Efeitos da decisão que reconhece a inconstitucionalidade. Inconstitucionalidade por omissão. Súmula vinculante. Reclamação Constitucional. 1ª QUESTÃO: Determinada sociedade que explora o serviço de radiodifusão propõe Reclamação no STF, em que argui usurpação da competência dessa Corte, em razão de decisão de juiz de 1º grau, pautada no art. 3º, parágrafo único, da Lei 10.871/2004, que concluiu ser legítima a conduta de fiscais da ANEEL que fecharam e lacraram o local onde a reclamante executa o serviço. Fundamenta seu pedido, no entanto, na alegação de afronta à autoridade do julgado na ADI 1.668- MC, em que o STF determinou a suspensão cautelar da eficácia de uma série de dispositivos da Lei Geral das Telecomunicações, entre eles o que autorizava a ANATEL a realizar busca e apreensão, no exercício do seu poder de polícia (art. 19, XV, da Lei nº 9.472/1997). Tal processo visou a evitaro exercício arbitrário das próprias razões pela agência reguladora, de tal sorte que não pode prevalecer a intervenção realizada pela ANATEL, ainda que embasada em outro dispositivo legal (art. 3º, parágrafo único, da Lei nº 10.871/2004). Responda, fundamentadamente, como deve ser julgada a reclamação. RESPOSTA: Rcl 19541 AgR / MG - MINAS GERAIS AG.REG. NA RECLAMAÇÃO Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO Julgamento: 07/06/2016 Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe-128 DIVULG 20-06-2016 PUBLIC 21-06-2016 Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO. REGIME DA LEI 8.038/90. AFRONTA A ADI 1.688-MC. INTRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES. 1. No julgamento da medida cautelar na ADI 1.688, o STF suspendeu a eficácia do art. 19, XV, da Lei nº 9.472/1997, que autorizava a ANATEL a realizar busca e apreensão no âmbito de suas atribuições. 2. Não guarda estrita identidade com o referido paradigma decisão que julga legítima apreensão realizada com base na Lei nº 10.871/2004. 3. A eficácia vinculante dos acórdãos proferidos em controle concentrado de constitucionalidade abrange apenas o objeto na ação e não se estende ao legislador. Inaplicabilidade da transcendência dos motivos determinantes. Precedentes. 4. Agravo regimental desprovido. 2ª QUESTÃO: JOÃO apresentou reclamação, com pedido de liminar, contra decisão de Juizado Especial Cível que teria desrespeitado a autoridade da decisão proferida pelo STF no julgamento da ADPF 130, que decidiu que a Lei de Imprensa (Lei 5250/67) não foi recepcionada pela CRFB88. Na inicial, alega o reclamante, em síntese, que: (a) Delegado de Polícia ajuizou ação de indenização por danos morais acusando o reclamante de ter veiculado matérias jornalísticas supostamente atentatórias a sua honra, por meio de seu blog; (b) além de requerer reparação pecuniária pelas alegadas ofensas, o mencionado agente postulou, em sede de tutela de urgência, a retirada das matérias publicadas do blog do jornalista, bem como a proibição de que o mesmo jornalista divulgue novas matérias acerca de sua atuação em determinada Operação policial em que atua; (c) o juízo reclamado determinou cautelarmente, inaudita altera pars, que o jornalista retirasse as matérias do referido blog jornalístico, sob pena de multa diária; e (d) ao assim agir, o magistrado teria violado o decidido pelo STF no julgamento da ADPF 130, uma vez que estabeleceu censura ao reclamante, obstando sua manifestação jornalística acerca de fatos envolvendo a atuação pública da delegada. Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas: a) se a ADPF citada serve de parâmetro para a reclamação; b) se a reclamação citada é cabível no conflito citado. RESPOSTA: CONSTITUCIONAL - RECLAMAÇÃO Cabimento de reclamação: censura e liberdade de expressão A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental para julgar procedente reclamação ajuizada com fundamento em afronta à autoridade do acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 130/DF. A decisão reclamada determinou, cautelarmente, a retirada de matéria de "blog" jornalístico, bem como a proibição de novas publicações, por haver considerado a notícia ofensiva à honra de delegado da polícia federal. Quanto ao cabimento, o colegiado entendeu que a ADPF 130/DF pode ser utilizada como parâmetro para ajuizamento de reclamação que verse sobre conflito entre a liberdade de expressão e de informação e a tutela das garantias individuais relativas aos direitos de personalidade. No julgamento da citada ADPF, o STF considerou que a Lei de Imprensa (Lei 5.250/1967) não foi recepcionada por incompatibilidade com a Constituição Federal (CF). Posteriormente, passou a entender que a transcendência dos motivos determinantes daquela decisão se projeta, de modo a flexibilizar o critério da aderência estrita para fins de cabimento do remédio constitucional nessas situações. No mérito, entendeu que a determinação de retirada de matéria jornalística afronta a liberdade de expressão e de informação, além de constituir censura prévia. Essas liberdades ostentam preferência em relação ao direito à intimidade, ainda que a matéria tenha sido redigida em tom crítico. O Supremo assumiu, mediante reclamação, papel relevante em favor da liberdade de expressão, para derrotar uma cultura censória e autoritária que começava a se projetar no Judiciário. Vencidos os ministros Alexandre de Moraes (relator) e Marco Aurélio, que negaram provimento ao agravo. Entenderam que não houve cerceamento prévio da liberdade de expressão, ausente estrita aderência entre o ato reclamado e o paradigma da citada ADPF, de modo que o seu conhecimento representaria hipótese de supressão de instância. Rcl 28747/PR, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ ac. Min. Luiz Fux, julgamento em 5.6.2018. (Rcl-28747/PR)
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