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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Higiene do Trabalho: Riscos Físicos e Biológicos Riscos Físicos – Frio, Umidade e Iluminação Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Fernanda Anraki Vieira Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Frio; • Umidade; • Iluminação. Fonte: Getty Im ages Objetivos • Fornecer o conteúdo teórico básico para entendimento dos agentes físicos frio, umidade e iluminação; • Relacionar as exigências normativas; • Capacitar o aluno para realizar o monitoramento dos agentes físicos frio, umidade e iluminação; • Demonstrar medidas de controle para os agentes físicos frio, umidade e iluminação. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Riscos Físicos – Frio, Umidade e Iluminação UNIDADE Riscos Físicos – Frio, Umidade e Iluminação Contextualização Frio e umidade são agentes físicos comumente encontrados nos ambientes de traba- lho. A exposição ocupacional pode ser inerente às atividades desenvolvidas, por exemplo, no caso do frio, o trabalho em câmaras resfriadas, ou no caso da umidade, a realização de atividades de lavação. Ou a exposição ocupacional pode ser resultante dos trabalhos realizados às condições ambientes de temperatura e umidade (ex.: frio e chuva). Independentemente da origem da exposição, a mesma deve ser controlada para não somente evitar danos à saúde dos trabalhadores, quanto para minimizar a possibilidade de ocorrência de acidentes de trabalho, visto que a exposição aos agentes frio e umidade pode contribuir significativamente para o fato. O agente iluminação foi tratado como agente físico até o ano de 1990, quando sua regulamentação deixou de ser a NR-15 e passou a ser a NR-17. Desde então, o mesmo recebe a abordagem da ergonomia. Ambientes com iluminação inadequada podem influenciar o estado psíquico e com- portamental do indivíduo. A iluminação interfere diretamente na agilidade e no desem- penho do trabalhador, influenciando funções regionais do cérebro. Logo, também deve ser devidamente controlada no intuito de manter a integridade da saúde física e psicoló- gica do funcionário, contribuindo para a redução de acidentes de trabalho. 6 7 Frio Segundo o artigo 253 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), parágrafo único: Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo, o que for inferior, nas primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho, Industria e Comercio, a 15º (quinze graus), na quarta zona a 12º (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10º (dez graus). (BRASIL, 2014) A Portaria SSST nº 21, de 26 de dezembro de 1994, definiu o mapa oficial do Ministério do Trabalho, para atender o disposto no artigo 253 da CLT. Em seu artigo 1º, definiu que este mapa seria o “Brasil Climas”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicado em 1978. Este mapa (Figura 1) define as zonas climáticas brasileiras de acordo com a temperatura média anual, a média anual de meses secos e o tipo de vegetação natural. Figura 1 – Mapa Brasil Climas Fonte: IBGE, 1978 Efeitos ao organismo da exposição ao frio A temperatura interna do corpo é determinada pela relação entre o calor produzido internamente e o calor ganho ou perdido para o ambiente externo. Quando colocado em um ambiente frio, o organismo reage no intuito de manter a temperatura central do corpo constante. A exposição do trabalhador ao frio pode desencadear complica- ções em sua saúde, vez que o frio causa alterações fisiológicas, tais como hipotermia, frostbite, artrites, doenças respiratórias, entre outras. Além das alterações fisiológicas, o frio pode dificultar a concentração e provocar distrações devido à sensação de des- conforto, aumentando, dessa forma, o risco de acidentes (SUSIN, 2015). A Tabela 1 apresenta sintomas clínicos relacionados à hipotermia. 7 UNIDADE Riscos Físicos – Frio, Umidade e Iluminação Tabela 1 – Sintomas clínicos progressivos de hipotermia Temperatura Interna °C °F Sintomas Clínicos 37.6 99.6 Temperatura retal normal 37 98.6 Temperatura oral normal 36 96.8 Taxa metabólica aumenta para compensar as perdas por calor 35 95 Calafrio máximo 34 93.2 Vítima consciente e com resposta, com pressão arterial normal 33 91.4 Hipotermia severa abaixo desta temperatura 32 31 89.6 87.8 Consciência diminuída; dificuldade de tomar a pressão sanguínea; dilatação da pupila, mas ainda regaindo à luz; Cessa o calafrio 30 29 86.0 84.2 Perda progressiva da consciência; aumento da rigidez muscular, pulso e pressão arterial difíceis de determinar; redução da frequência respiratória 28 82.4 Possível fribilação ventricular, com irritabilidade miocárdica 27 80.6 Parada do movimento voluntário; as pupilas não reagem à luz; ausência de reflexos profundos e superficiais 26 78.8 Vítima raramente consciente 25 77 Fibrilação ventricular pode ocorrer espontaneamente 24 75.2 Edema pulmonar 22 21 71.6 69.8 Risco máximo de fibrilação ventricular 20 68 Parada cardíaca 18 64.4 Vítima de hipotermia acidental mais baixa de recuperar 17 62.6 Eletroencefalograma isoelétrico 9 48.2 Vítima de hipotermia por resfriamento artificial mais baixa de recuperar Fonte: SUSIN (2015) apud ACGIH, ABHO (1999) Saiba mais sobre a exposição ocupacional ao frio em: http://bit.ly/2wrHGGR Anexo 9 da NR-15 O Anexo 9 da Norma Regulamentadora 15 (NR-15) estabelece os critérios de expo- sição ocupacional ao frio. O mesmo diz: As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigo- ríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que expo- nham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão con- sideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. (BRASIL, 2014) Avaliação de frio A NR-15 não estabelece limites de tolerância para a exposição ao frio, no entanto, tal omissão não leva ao entendimento de que o trabalho em condições de baixa temperatu- ra, independentemente de outras avaliações, é caracterizado como atividade insalubre. 8 9 No que diz respeito ao tempo de exposição, o artigo 253 da CLT diz: Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigorífi- cas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 20 (vin- te) minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo. (BRASIL, 2014) Já a NR-29, que trata da Segurança e Saúde no Trabalho Portuário, apresenta jorna- das de trabalho para determinadas temperaturas (Tabela 2). Tabela 2 – Regime de trabalho diário em baixas temperaturas Faixa de Temperatura de Bulbo Seco (°C) Máxima Exposição Diária Permissívelpara Pessoas Adequadamente Vestidas para Exposição ao Frio +15,0 a -17,9 * +12,0 a -17,9 ** +10,0 a -17,9 *** Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 horas e 40 minutos, sendo quatro períodos de 1 hora e 40 minutos alternados com 20 minutos de repouso e recuperação térmica fora do ambiente de trabalho. -18,0 a –33,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 4 horas alternando-se 1 hora de trabalho com 1 hora para recuperação térmica fora do ambiente frio. -34,0 a –56,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 1 hora, sendo dois períodos de 30 minutos com separação mínima de 4 horas para recuperação térmica fora do ambiente frio. -57,0 a –73,0 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 minutos sendo o restante da jornada cumprida obrigatoriamente fora de ambiente frio. Abaixo de -73,0 Não é permitido a exposição ao ambiente frio, seja qual for a vestimenta utilizada. (*) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente, de acordo com o mapa oficial do IBGE. (**) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática subquente, de acordo com o mapa oficial do IBGE. (***) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de acordo com o mapa oficial do IBGE. Fonte: Adaptação da NR-29 (BRASIL, 2014) Ainda, a NR-36, que trata da Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados, diz: 36.9.5.1 Devem ser adotadas medidas preventivas individuais e cole- tivas - técnicas, organizacionais e administrativas, em razão da expo- sição em ambientes artificialmente refrigerados e ao calor excessivo, para propiciar conforto térmico aos trabalhadores. 36.9.5.1.1 As medidas de prevenção devem envolver, no mínimo: a) controle da temperatura, da velocidade do ar e da umidade; b) manutenção constante dos equipamentos; c) acesso fácil e irrestrito a água fresca; d) uso de EPI e vestimenta de trabalho compatível com a temperatura do local e da atividade desenvolvida; e) outras medidas de proteção visando o conforto térmico. (BRASIL, 2014) 9 UNIDADE Riscos Físicos – Frio, Umidade e Iluminação Medidas de controle para exposição ao frio Medidas de controle coletivas da exposição ao frio, quando aplicáveis, incluem a redução da velocidade e o aumento da temperatura do ar. Outras medidas compreendem a limitação do tempo de exposição, incluindo a adoção dos períodos de recuperação térmica, controle médico, treinamento e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) (SALIBA, 2018). Com relação aos EPI, os equipamentos devem garantir a estabilidade térmica do tra- balhador, possibilitando a realização do trabalho sem interferir nas habilidades motoras e assim evitando possíveis acidentes (SUSIN, 2015). Ainda, a NR-6 indica os seguintes equipamentos contra riscos de origem térmica (Figura 2): • capuz para proteção do crânio e pescoço; • macacão para proteção do corpo inteiro; • vestimentas para proteção do tronco; • calça e perneira para proteção dos membros inferiores; • meia e sapato para proteção dos pés; • luvas para proteção das mãos (BRASIL, 2014). Figura 2 – EPI contra frio Os EPI comercializados no Brasil, até a publicação da Portaria SIT nº 121/2009, não apresentavam uma especificação de isolamento confiável, pois não havia recomen- dações para as análises técnicas para a liberação do CA (Certificado de Aprovação). Porém, nos últimos anos, após a publicação da referida portaria, houve uma melhora significativa na fabricação de vestimentas para proteção ao frio, sendo possível obter informações acerca dos materiais utilizados, isolamento mínimo, ergonomia, ensaios e 10 11 requisitos obrigatórios para cada tipo de EPI térmico de proteção ao agente estressante (SUSIN, 2015). Diz a Portaria SIT nº 121/2009: a) os EPIs devem ser concebidos e fabricados de forma a propiciar dentro das condições normais das atividades o nível mais alto possível de proteção; b) a concepção dos EPIs deve levar em consideração o conforto e a fa- cilidade de uso por diferentes grupos de trabalhadores, em diferentes tipos de atividades e de condições ambientais; c) os EPIs devem ser concebidos de maneira a propiciar o menor nível de desconforto possível; d) o EPI deve ser concebido de forma a não acarretar riscos adicionais ao usuário e não reduzir ou eliminar sentidos importantes para reco- nhecer e avaliar os riscos das atividades; e) todas as partes do EPI em contato com o usuário devem ser des- providas de asperezas, saliências ou outras características capazes de provocar irritação ou ferimentos; f) os EPIs devem adaptar-se à variabilidade de morfologias do usuário quanto a dimensões e regulagens, ser de fácil colocação e permitir uma completa liberdade de movimentos, sem comprometimento de gestos, posturas ou destreza; g) os EPIs devem ser tão leves quanto possível, sem prejuízo de sua eficiência, e resistentes às condições ambientais previsíveis; h) EPIs que se destinam a proteger simultaneamente contra vários riscos devem ser concebidos e fabricados de modo a satisfazerem as exigências específicas de cada um desses riscos e de possíveis siner- gias entre eles; i) os materiais utilizados na fabricação não devem apresentar efeitos nocivos à saúde. (BRASIL, 2009) Um meio de se avaliar se os EPI são adequados à exposição ocupacional é através do Índice de Isolamento Requerido pela Roupa (IREQ), estabelecido na Norma ISO 11079. O IREQ é um balanço térmico (Equação 1) que relaciona: • calor metabólico gerado pelo organismo (M); • trabalho muscular realizado, ou eficiência mecânica (W); • transferência de calor por evaporação da respiração (ERES); • transferência de calor por convecção da respiração (Cr); • transferência de calor por evaporação do suor (E); • transferência de calor por radiação (R); • transferência de calor por condução (K); • transferência de calor por convecção (C); • armazenamento de calor do corpo (S) (SUSIN, 2015). M W E C E K R C S W mRES RES� � � � � � � � �� ��/ 2 (Eq. 1) 11 UNIDADE Riscos Físicos – Frio, Umidade e Iluminação O cálculo do IREQ é extenso e passível de solução apenas através de iterações nu- méricas, sendo necessário utilizar software capaz de computar os resultados (SUSIN, 2015). A Figura 3 apresenta o procedimento de avaliação de ambientes frios em confor- midade com a ISO 11079: Ambiente Frio Medir: Temperatura do ar Temperatura radiante Umidade relativa Velocidade do ar Medir ou estimar: Isolamento térmico do EPI Metabolismo de acada atividade Icl,r < IREQmin IREQmin < Icl,r < IREQneutro Icl,r > IREQneutro Calcular IREQ, comparar com lcl, e calcular DLE EPI fornece o isolamento necessário com risco superaquecido EPI fornece o isolamento necessário EPI com isolamento insu�ciente Figura 3 – Procedimento de avaliação de ambientes frios Fonte: Adaptado da ISO 11079, 2007 O cálculo do IREQ apresenta como resultados os valores IREQmin e IREQneutro. Esses valores avaliam a disfunção fisiológica e determinam uma faixa de valores de isolamen- tos permissíveis que o EPI deve fornecer, em termos da temperatura e umidade média da pele e a mudança no conteúdo de calor do corpo (SUSIN, 2015): I. Icl,r < IREQmin: a roupa selecionada não fornece o isolamento térmico mínimo necessário. Há sério risco de hipotermia com a ex- posição continua. II. IREQmin < Icl,r < IREQneutro: a vestimenta selecionada fornece suficiente isolamento térmico. As condições térmicas das pessoas são percebidas como “levemente frio” ou neutro. III. Icl,r > IREQneutro: a vestimenta selecionada fornece mais isolamento térmico que o necessário. Há risco de superaquecimento. ( SUSIN, 2015) Saiba mais sobre o cálculo do IREQ em: http://bit.ly/2wzAckR Saiba mais sobre a segurança do trabalho em câmarasfrias: https://youtu.be/6-VTRUCljyg 12 13 Umidade O trabalho em contato com a umidade é caracterizado como aquele que envolve a imersão frequente das mãos em água, a lavagem frequente ou intensa das mãos ou o uso frequente de luvas impermeáveis (ZANI; LAZZARINI; SILVA-JUNIOR, 2017). Con- templa também a exposição de outras partes do corpo, geralmente em atividades que envolvem grandes volumes de água. Efeitos ao organismo da exposição à umidade O contato prolongado com a água pode causar diferentes dermatoses – alterações de mucosas, pele e seus anexos. Dentre as dermatoses, podem-se citar os eczemas nas mãos entre trabalhadores que realizam atividades em contato com umidade. Nos membros inferiores, as dermatoses mais comumente encontradas são as micoses su- perficiais, porém, o contato contínuo e exagerado com a água também pode desenca- dear o quadro de pé de imersão ou pé de trincheira, que causam dor nas regiões plan- tares, enrugamento e palidez, decorrentes da hiper-hidratação (ZANI; LAZZARINI ; SILVA-JUNIOR, 2017). Saiba mais sobre as dermatoses ocupacionais em: http://bit.ly/2wpMX1B Anexo 10 da NR-15 O Anexo 10 da Norma Regulamentadora 15 (NR-15) estabelece os critérios de expo- sição ocupacional à umidade. O mesmo diz: As atividades ou operações executadas em locais alagados ou enchar- cados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. (BRASIL, 2014) Avaliação de umidade O critério de avaliação do agente físico umidade é subjetivo, e envolve três aspec- tos principais: 1. Se a atividade exercida envolve um volume de água suficientemente capaz de molhar o trabalhador exposto; 2. Se o tempo de exposição do trabalhador é suficiente para a ocorrência da do- ença ocupacional; 3. Se o tipo de proteção usada é capaz de eliminar o risco. 13 UNIDADE Riscos Físicos – Frio, Umidade e Iluminação Medidas de controle para exposição à umidade Para o controle da exposição do trabalhador à umidade podem ser tomadas medidas de proteção coletiva, tais como modificações nos processos de trabalho, colocação de ralos para escoamento da água etc., e medidas de proteção individual (fornecimento de EPI: roupas, avental, luvas e botas impermeáveis – Figura 4). Figura 4 – EPI contra umidade Fonte: Getty Images Iluminação A iluminação foi tratada como agente físico no Anexo 4 da NR-15 até 1990, quando referido anexo foi revogado pela Portaria MTPS 3.751/90. A partir de então, a ilumi- nação passou a ser tratada no campo da ergonomia, estando regulamentada na NR-17 (BRASIL, 2014). Efeitos ao organismo da exposição à iluminação inadequada Para Silva (2016) apud Chauí (2000), o ambiente de trabalho pode produzir sensa- ções aos usuários, e através delas o mesmo passa a perceber o objeto, organizá-lo e interpretá-lo. SILVA (2016) apud VARGAS (2009), cita que: O olho é o órgão através do qual se torna possível perceber as sensa- ções de luz, cor e, interpretar, por meio da imagem, o mundo que nos cerca. A sensação visual ocasionada pelos estímulos luminosos gera impulsos que são transmitidos até o cérebro através do nervo ótico, onde se processa a interpretação das diferentes intensidades de luz. A iluminação tem como característica a produção de reflexos que, 14 15 transportados ao olho humano, geram informações do meio externo, permitindo que o cérebro possa analisá-las e interpretá-las, provocan- do distinções de cor, forma, tamanho e posição dos objetos por meio da percepção visual. (SILVA, 2016 apud VARGAS, 2009) Existem variáveis externas que influenciam a percepção visual. As variáveis relativas ao ambiente, tais como ambientes iluminados natural e artificialmente, produzem fatores orgânicos que agirão nos estados psíquico e comportamental do indivíduo. A luz aumen- ta a agilidade e o desempenho, influenciando funções regionais do cérebro. Esses efeitos formam um sistema que fornece respostas endócrinas, fisiológicas, neurofisiológicas e comportamentais (SILVA, 2016). Ante essas considerações, sistemas de iluminação bem projetados nos ambientes de tra- balho são fundamentais para tornar o ambiente mais seguro e menos estressante, conse- quentemente fazendo os indivíduos se sentirem mais confortáveis. Uma iluminação inade- quada no ambiente profissional pode prejudicar a saúde física e psicológica do funcionário, além de afetar seu rendimento e podendo provocar um acidente de trabalho (SILVA, 2016). NR-17 A NR-17, em seu item 17.5, trata das condições ambientais de trabalho. No que se refere à iluminação, a NR-17 diz: 17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequa- da, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. 17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. 17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e ins- talada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. 17.5.3.3 Os métodos de medição e os níveis mínimos de iluminamen- to a serem observados nos locais de trabalho são os estabelecidos na Norma de Higiene Ocupacional nº 11 (NHO 11) da Fundacentro – Avaliação dos Níveis de Iluminamento em Ambientes de Trabalho In- ternos. (BRASIL, 2014) Avaliação de iluminação A Norma de Higiene Ocupacional 11 (NHO 11) trata da avaliação dos níveis de iluminação em ambientes internos de trabalho. O critério de avaliação adotado é a me- dição ponto a ponto nas diferentes tarefas e a comparação dos valores obtidos com os valores mínimos exigidos listados no Quadro 1. A unidade de iluminância é o lux. Ainda, admite-se uma tolerância de 10% abaixo dos valores indicados no respectivo quadro. Caso uma tarefa específica não esteja apresentada no Quadro 1, o valor de iluminância mínimo exigido deverá ser obtido por associação com tarefa similar do mesmo quadro. Quanto ao ambiente de trabalho, o mesmo deve ser iluminado o mais uniformemente possível (BRASIL, 2018). 15 UNIDADE Riscos Físicos – Frio, Umidade e Iluminação Quadro 1 – Níveis mínimos de iluminamento E (lux) em função do tipo de ambiente, tarefa ou atividade Tipo de ambiente, tarefa ou atividade E (lux) IRC/Ra* Observações 1. Áreas gerais da edificação Saguão de entrada 100 60 Sala de espera 200 80 Área de circulação e corredor 100 40 Nas entradas e saídas, estabelecer uma zona de transição para evitar mudanças bruscas. Escada, escada rolante e esteira rolante 150 40 Rampa de carregamento 150 40 Refeitório e cantina 200 80 Sala de descanso 100 80 Sala para exercícios físicos 300 80 Vestiário, banheiro e toalete 200 80 Enfermeira 500 80 Sala para atendimento médico 500 90 Tcp mínimo de 4.000K Fonte: BRASIL, 2018 A avaliação de iluminação se inicia com a verificação de aspectos, tais como ofusca- mento, cintilação, efeito estroboscópico, direcionalidade, sombras excessivas, aparência da cor e contraste, e verificação de não conformidades. A abordagem dos locais e das condições de trabalho consiste em identificar as atividades realizadas e as respectivas áreas das tarefas e áreas de trabalho. Assim, é possível mapear e definir os pontos de avaliação. Ainda, os ambientes de trabalho, incluindo o sistema de iluminação utilizado, tipos de lu- minárias, de lâmpadas e suas características devem ser descritos (BRASIL, 2018). As medições devem ser realizadas no ambiente interno sob as condições mais des- favoráveis. Os avaliadores devem evitar usar roupas claras e se posicionarem de modo a não causarem sombras e reflexões sobre a fotocélula. Quando existirem atividades noturnas no ambiente analisado, as medições deverão ser realizadas nesse período (BRASIL, 2018). O equipamento de medição deve ser um medidorde iluminância com fotocélula corrigi- da para a sensibilidade do olho humano e o ângulo de incidência. Ainda, deve apresentar especificação técnica, informada pelo fabricante, que permita realizar a medição conforme o tipo de lâmpada utilizada, por exemplo, LED, fluorescente ou vapor de sódio. Deve ser periodicamente calibrado e certificado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), ou por laboratórios acreditados pelo Inmetro (BRASIL, 2018). A medição deve ocorrer dentro das condições habituais de iluminação, sendo que se deve aguardar a estabilização do medidor conforme orientações do fabricante. A leitura deve ser realizada no plano da tarefa visual ou, quando ele não for definido, a 0,75 m do piso. O plano da tarefa visual pode ser horizontal, vertical ou inclinado e a fotocélula deve ser posicionada nesse plano. A medição na área da tarefa deve ser realizada pon- to a ponto (Figuras 5 e 6), levando-se em consideração a região onde a tarefa visual é efetivamente executada. Deve-se elaborar relatório técnico com as condições nas quais a avaliação foi realizada (BRASIL, 2018). 16 17 P1 P3 P4 P2 Figura 5 – Pontos de medição para ambiente de trabalho de área retangular com luminária central Fonte: Adaptado de BRASIL, 2018 No caso da avaliação de iluminação em um ambiente de trabalho de área retangular com luminária central, efetuam-se as medições nos pontos p1 a p4 e a iluminância média será a média aritmética dos valores obtidos nos quatro pontos avaliados (BRASIL, 2018). p1 q1 q4 1/4 L 1/4 L L 1/4 L 1/4 L q5 q6 p2 q2 q3 Figura 6 – Pontos de medição para ambiente de trabalho de área retangular com uma linha contínua de luminárias Fonte: Adaptado de BRASIL, 2018 Já no caso da avaliação de iluminação em um ambiente de trabalho de área retangu- lar com uma linha contínua de luminárias, efetuam-se as medições nos pontos q1 a q6 e p1 a p2, e calculam-se as média aritméticas de Q e P. A iluminância média é dada pela Equação 2, sendo N o número de luminárias (BRASIL, 2018). I Q N P N � � � . 1 (Eq. 2) A NHO 11 traz outros exemplos de avaliação no Anexo 1 (BRASIL, 2018). Saiba mais sobre a NHO 11 em: http://bit.ly/2wskOXx 17 UNIDADE Riscos Físicos – Frio, Umidade e Iluminação Medidas de controle Detectada condição de iluminação inadequada, a mesma deve ser corrigida. Após a correção, deve ser realizada manutenção preventiva e corretiva do sistema, consi- derando aspectos como limpeza, substituição de lâmpadas e de outros componentes. A periodicidade de manutenção depende das características do sistema e da atividade desenvolvida, da sujidade e de outros aspectos do ambiente de trabalho (BRASIL, 2018). 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Segurança do trabalho em câmaras frias https://youtu.be/6-VTRUCljyg Leitura Norma de Higiene Ocupacional – Procedimento Técnico – Avaliação dos níveis de iluminamento em ambientes internos de trabalho – NHO 11 http://bit.ly/2wt2I7I Dermatoses ocupacionais http://bit.ly/2wpMX1B Riscos e cuidados no trabalho em ambientes frios http://bit.ly/2wrHGGR Exposição ocupacional em ambientes frios: avaliação e aplicação da metodologia do IREQ http://bit.ly/2wzAckR 19 UNIDADE Riscos Físicos – Frio, Umidade e Iluminação Referências BRASIL. Leis e Decretos. Segurança e medicina do trabalho. 73. ed. São Paulo: Atlas, 2014. BRASIL. Norma de Higiene Ocupacional – Procedimento Técnico – Avaliação dos níveis de iluminamento em ambientes internos de trabalho – NHO 11. São Paulo: Fun- dacentro, 2018. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/normas- -de-higiene-ocupacional/publicacao/detalhe/2018/8/nho-11-avaliacao-dos-niveis-de- -iluminamento-em-ambientes-internos-de-trabalho>. Acesso em: 16 Fev. 2019. BRASIL. Portaria SIT 121/2009. Disponível em: <http://www.normaslegais.com. br/legislacao/portaria121_2009.htm>. Acesso em: 16 Fev. 2019. BREVIGLIERO, E.; POSSEBON, J.; SPINELLI, R. Higiene ocupacional: agentes bio- lógicos, químicos e físicos. 6.ed. São Paulo: Senac, 2011. 452 p. CELSO. Segurança e Higiene do Trabalho / Celso Augusto Rossete, organizador. São Paulo: Person Education do Brasil, 2014. (e-book) EDITORA SABERES. Saúde e segurança do trabalho (livro eletrônico). São Paulo, 2014. (e-book) IBGE. Mapa Brasil Climas. 1978. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/ visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/map6113.jpg>. Acesso em: 16 Fev. 2019. KAUSBEN. Equipamentos de proteção individual. Disponível em: <http://kausben. blogspot.com/2014/12/equipamento-de-protecao-individual-epis.html>. Acesso em: 16 Fev. 2019. MAICOL. EPI de fabricação própria. Disponível em: <http://maicol.com.br/fabrica- cao-propria/EPI>. Acesso em: 16 Fev. 2019. MELO JUNIOR, A. da S. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier, Campus, 2011. SALIBA, T. M. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e con- trole dos riscos ambientais. 4. ed. São Paulo: LTr, 2018. SILVA, L. M. M. Iluminação no ambiente de trabalho visando o conforto ambien- tal. IPOG: 2016. Disponível em: <https://www.ipog.edu.br/download-arquivo-site. sp?arquivo=luisa-maia-miglio...pdf>. Acesso em: 16 Fev. 2019. STELLMAN, J. M.; DAUM, S. M. Trabalho e saúde na indústria: riscos físicos e químicos e prevenção de acidentes. São Paulo: EPU, 1975. SUSIN, R.C. Exposição ocupacional em ambientes frios: avaliação e aplicação da metodologia do IREQ. Disponível em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/ bitstream/1/5661/1/PB_DAMEC_2015_2_8.pdf>. Acesso em: 16 Fev. 2019. ZANI, M. L. C.; LAZZARINI, R.; SILVA-JUNIOR, J. S. Pés de imersão em água morna entre trabalhadores de lavagem de automóveis. Disponível em: <http://www. rbmt.org.br/details/251/pt-BR/pes-de-imersao-em-agua-morna-entre-trabalhadores- de-lavagem-de-automoveis>. Acesso em: 16 Fev. 2019. 20
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