Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE FÍSICA DEPARTAMENTO DE FÍSICA PROF.: Marcilio Nunes Guimaraes EXPERIÊNCIA 4: RESISTÊNCIAS NÃO-LINEARES POR EFEITO DE TEMPERATURA Nome: Edvan de Jesus Gomes Bruno Silva Dos Santos Jailena Vitória Sousa 2 Objetivos Mostrar o efeito da temperatura sobre um resistor metálico (lâmpada incandescente) e em um semicondutor termistor (NTC). Levantar a curva característica da lâmpada e do termistor. Interpretar a não-linearidade das características. Introdução 1. Resistência e Lei de Ohm A corrente elétrica é impelida por um campo elétrico → E , no interior do condutor, que exerce a força q → E sobre as cargas livres. No equilíbrio eletrostático, o campo elétrico no interior do condutor é nulo, mas quando o condutor é percorrido por uma corrente não há equilíbrio. As cargas livres se deslocam pela ação do campo e percorrem o condutor. Como o campo → E tem a direção da força sobre uma carga positiva, a sua direção coincide com a da corrente. Seja um segmento de condutor, com comprimento ΔL e área da seção reta A, percorrida por uma corrente I. Como o campo elétrico tem o sentido dos potenciais decrescentes, o potencial em um ponto a é maior do que em um ponto b. Se ΔL for suficientemente pequeno de modo a ser razoável admitir que o campo elétrico E seja constante entre os dois pontos, a diferença de potencial é: LEVVV ba =−= Se simbolizarmos por V a diminuição de potencial, em lugar do símbolo ΔV, a razão entre esta e a queda de potencial e a corrente é a resistência do segmento do condutor e se tem: I V R = (eq. 1) Que é a Lei de Ohm. Em muitos materiais, a resistência não depende da voltagem nem da corrente. Estes materiais, entre os quais está a maior parte dos metais, são materiais ôhmicos (assim chamados por que obedecem a Lei de Ohm). Nos materiais ôhmicos, a queda de potencial num segmento do condutor é proporcional à corrente: IRV = , R constante 3 Nos materiais não-ôhmicos, a resistência depende da corrente I, e V não é proporcional a L. A Lei de Ohm poderia ser reescrita para os materiais não ôhmicos da seguinte maneira: IIRV = )( Indicando que a resistência é uma função da corrente. As figuras 1 e 2 mostram a corrente em função do potencial no caso de materiais ôhmicos e não-ôhmicos respectivamente. (figura 1) (figura 2) No caso da figura 1, a relação entre as duas grandezas é linear; já na segunda figura a relação não é linear. No caso das grandes V e I serem lineares, traçamos a curva característica do resistor (curva V em volts versus I em ampères) e o coeficiente angular da curva será a resistência do resistor em ohms (Ω). A Lei de Ohm não é uma lei fundamental da natureza, ao contrário das Leis de Newton ou das Leis da Termodinâmica. É uma lei experimental que descreve uma propriedade pertinente a muitos materiais, mas não a todos. Seja um condutor metálico qualquer onde o campo elétrico externo aplicado é E, a corrente produzida no condutor é I, a diferença de potencial é V, o comprimento total deste condutor é L e a sua seção é A. A L R = (eq. 2) A constante de proporcionalidade ρ é a resistividade do resistor. Pela resistividade pode saber a resistência de um resistor por metro. O inverso da resistividade é a condutividade σ. 1 = Da equação 2 podemos obter outra equação que define algumas características elétricas. Se substituirmos a equação 2 em 1, e colocarmos esta em função da corrente I: 4 L AV I = 1 L V A I = I/A é o módulo do vetor densidade de corrente → J . V/L como já foi visto é o módulo do vetor campo elétrico → E . EJ = (eq. 3) →→ = EJ (eq. 3 na forma vetorial) Como σ é constante é constante percebe-se que os vetores → J e → E são paralelos, confirmando que a proposta teórica que foi feita de que as cargas percorrem a direção do campo está correta (sendo as cargas positivas). A equação 3 também é chamada de Lei de Ohm para um meio contínuo. 2. Resistência em função da temperatura Experimentalmente observa-se que a resistência não é apenas função de V e I, ou ainda depender de alguns parâmetros como comprimento e área. A temperatura é um fator importante que influencia na resistência. Tanto que os modernos supercondutores só são obtidos em certas temperaturas. A resistência dos condutores é devido à posição fixa dos átomos. Os elétrons quando se movimentam no interior se chocam com esses átomos. Nos condutores, quando a temperatura aumenta, os elétrons livres adquirem energia e aumentam sua agitação. Isso dificulta ainda mais a passagem dos mesmos. Assim em um condutor quanto maior a temperatura, maior a resistência e consequentemente menor a corrente elétrica, para uma diferença de potencial fixa. Já em um semicondutor a situação é inversa. Semicondutor é um material que conduz corrente elétrica apenas em certas situações, exemplos: Silício (que é muito usada para fazer placas de computadores) e Germânio. No semicondutor puro os elétrons da última camada estão fortemente ligados aos seus núcleos. Assim, não existem como nos condutores elétrons livres para conduzir eletricidade. Quando uma certa quantidade de energia é fornecida a um semicondutor, suficiente para romper as ligações covalentes, elétrons antes fortemente ligados ao núcleo ficam “livres” e podem participar da condução elétrica. Como são poucos elétrons liberados pelo aquecimento não é possível falar em movimento aleatório dos elétrons. Assim para um semicondutor quanto maior a temperatura menor é a resistência e maior a corrente para uma diferença de potencial fixa. Como já foi dito a resistência é função da temperatura, então pode-se escrever: )(TfR = (eq. 4) 5 Entretanto indo mais fundo, percebe-se que a resistividade depende da temperatura. Em muitos metais a variação de ρ com a temperatura é praticamente linear, exceto em baixas temperaturas, quando a linearidade deixa de existir. A resistividade pode ser calculada em função da temperatura: ( ) Ctc º20120 −+= (eq.5) Onde ρ20 é a resistividade a 20º C e α é o coeficiente de temperatura. Como a resistência é função da resistividade e esta é função da temperatura fica confirmado que a resistência é função da temperatura. ))(( TfR = Seja dois resistores R1 e R2 feitos do mesmo material, e suas temperaturas respectivamente T1 ºC e T2 ºC. O coeficiente de temperatura pode ser encontrado pela seguinte equação. )( 121 12 TTR RR − − = (eq.6) Normalmente o coeficiente de temperatura da resistência é calculado para uma temperatura-base (em geral 0º C ou 20º C). Por exemplo, entre o intervalo de temperatura entre 0º C e 100º C temos: 0 0100 0 100R RR − = (eq. 7) onde, na equação 7, R100 significa a resistência calculada a 100º C, e R0 a mesma calculada para 0º. O coeficiente α0 significa que a temperatura-base foi tomada como sendo 0º C. Se assumirmos 0º C como temperatura-base, a resistência de um metal a TºC será dada por: TRRT 00 1 += Em geral podemos escrever a resistência em função da temperatura da seguinte maneira: )(1)()( 00 TTTRTR −+= (eq.8) Se um condutor é um metal, α é positivo pois R aumenta com a temperatura. No caso dos semicondutores e do carbono, α é negativo pois R diminui com a temperatura. É importante frisar que em um semicondutor o aumento de temperatura não é muito utilizado para torná-lo um condutor, pois como já foi dito poucos elétrons se “desligam” do núcleo atômico. Claro que essa característica torna os semicondutoresbem úteis para equipamentos em que se necessita de uma sensibilidade na variação de temperatura, como nos sensores de temperatura, indicadores de níveis, anemômetros etc. Mas para tornar o 6 semicondutor em condutor geralmente se faz uma contaminação com impurezas denominada dopagem. 3. Efeito Joule Quando há um campo elétrico no interior de um condutor, os elétrons livres são acelerados durante pequeno intervalo de tempo e a nuvem eletrônica adquire energia cinética. Esta energia extra é rapidamente convertida em energia térmica do condutor pelas colisões entre os elétrons e os íons ou átomos da rede do condutor. O aumento da energia térmica, assim provocado no condutor, é o Efeito Joule. Para transportar uma carga é necessário realizar um trabalho proporcional à diferença de potencial. qVW = Admitamos que para o transporte da carga seja necessário um intervalo de tempo Δt. t q V t W = Mas, a variação do trabalho em um intervalo de tempo é a potência média, e a variação de carga em um intervalo de tempo é a corrente elétrica média. = IVP (eq. 9) Para condutores ôhmicos podemos escrever a equação 9 de duas maneiras: RIP = 2 e R V P 2 = O princípio da conservação da energia diz que o trabalho realizado deve aparecer numa outra forma de energia. Experimentalmente verificamos o aparecimento de calor. O calor é então gerado sempre que uma corrente passa por um meio condutor e que representa a energia consumida na manutenção da corrente elétrica. Dizemos que a energia é dissipada na forma de calor. Essa dissipação da energia será distribuída por todo volume do condutor sempre que houver corrente elétrica. Procedimento Experimental LISTA DE MATERIAL: - fonte de tensão - medidor multi-escala usado como voltímetro 7 - medidor multi-escala usado como amperímetro - reostato - termistor – (NTC) - lâmpada comum – (piloto) - placa de ligação - chave liga-desliga - fios Seção IV.1: Resistência Interna Ra do amperímetro Primeiramente o circuito da figura abaixo (figura 3) foi montado: (figura 3) Esta montagem é fundamental para o restante da experiência, pois é nela que podemos conhecer a resistência interna do amperímetro. Como este não é ideal, ele possui resistência interna que influi nas outras medidas do circuito. O voltímetro é ligado em paralelo para que possamos saber a queda de tensão no amperímetro e utilizarmos simplesmente a Lei de Ohm para calcular as diferentes resistências internas. A função da lâmpada é fornecer uma resistência adicional ao circuito, pois provavelmente sem a lâmpada quando Ra fosse pequeno uma corrente relativamente grande poderia danificar o amperímetro. Anotou-se os desvios avaliados dos medidores para as escalas utilizadas. Foram medidas no voltímetro a ddp para três medidas de corrente, para I = 2,5 mA, I = 25 mA, I = 250 mA. Sendo que para estas medidas de corrente, a escalas do amperímetro usadas foram 2,5 mA, 25 mA e 250 mA respectivamente. Seção IV.2: Característica V(I) da lâmpada Montou-se o circuito da figura abaixo (figura 4): 8 (figura 4) Este circuito é montado para traçar a curva característica da lâmpada (que é o mesmo circuito utilizado para o termistor). Nele podemos variar a corrente que passa na lâmpada e medir a tensão para cada valor de corrente elétrica. Utilizando a escala de 250 mA no amperímetro, medidos valores diversos de corrente e de V para uma corrente de no máximo 250 mA. Foi anotado o valor da corrente que a lâmpada começa a brilhar. Seção IV.3: Característica V(I) do Termistor O circuito da figura 4 foi montado substituindo a lâmpada pelo termistor. Foram medidos diversos valores de corrente e ddp. Seção IV.4: Influência da Temperatura No mesmo circuito da seção IV.3, foram utilizados o amperímetro e o voltímetro nas escalas de maior sensibilidade. Ajustou-se o reostato de maneira a obter no amperímetro uma corrente de aproximadamente 1,5 mA. O termistor foi segurado por alguns segundos utilizando o contato com os dedos. Depois o reostato foi ajustado para ser obtida uma corrente de 50 mA no amperímetro (neste momento a escala foi mudada para a de 250 mA). Depois de algum tempo segurou-se o termistor com os dedos, observando o que acontecia com a corrente e a ddp. Análise de Dados Seção IV.1: Resistência Interna Ra do amperímetro A tabela abaixo indica os valores encontrados de ddp para cada valor de corrente. O desvio avaliado é a metade da menor escala do aparelho. Tabela 1: I (mA) V (Volts) ∆I (mA) ∆V (Volts) 9 2,5 0,25 0,03 0,005 25 0,27 0,3 0,005 250 0,49 3 0,005 Como o voltímetro está ligado em paralelo com o amperímetro, a resistência interna do amperímetro pode ser medida utilizando a Lei de Ohm. IRV a = I V Ra = Para encontrar o desvio de cada resistência utilizamos as derivadas parciais em cada variável. I I R V V R Ra aa + = I I V I V Ra + = 2 Cálculo das Resistências Ra do amperímetro: Para I = 2,5 mA 3105,2 25,0 − =aR = 100 Ω ( ) 5 233 103 105,2 25,0 105,2 005,0 − −− + = xRa = 1,200 Ω Para I = 25 mA 31025 27,0 − =aR = 10,8 Ω ( ) 4 233 103 1025 27,0 1025 005,0 − −− + = xRa = 0,130 Ω Para I = 250 mA 310250 49,0 − =aR = 1,96 Ω ( ) 3 233 103 10250 49,0 10250 005,0 − −− + = xRa = 0,024 Ω Todos os valores encontrados estão dispostos na tabela abaixo. Para o desvio das grandezas utilizamos a majoração do desvio para que este fique com 10 apenas um algarismo significativo e continue com a margem de erro, conservando a certeza sobre a medida. Tabela 2: Resistências internas do amperímetro. I (mA) V (Volts) ∆I (mA) ∆V (Volts) Ra (Ω) ∆Ra (Ω) (Ra ± ∆Ra) (Ω) 2,5 0,25 0,03 0,005 100 1,200 (100 ± 2) 25 0,27 0,3 0,005 10,8 0,130 (10,8 ± 0,2) 250 0,49 3 0,005 1,96 0,024 (1,96 ± 0,03) Observamos que a resistência interna diminui com o aumento do calibre (aumento da escala). Independente do calibre a queda de tensão no amperímetro deve ser a mesma, isso pode ser mostrado pela Lei de Ohm: Consideraremos que o voltímetro, ligado em paralelo com amperímetro, é ideal ou pelo menos possui uma resistência muito maior que 100 Ω (maior resistência Ra do amperímetro), com isso ele desvia a maior parte da corrente para o amperímetro. lampamptotal VVV += Como sabemos a resistência da lâmpada, por esta ser um condutor, aumenta com o aumento da corrente. amplamptotal VVV =− IRIRV alamptotal =− A mudança de Ra provoca uma corrente diferente no circuito, entretanto esta corrente modifica a resistência da lâmpada. Fazendo com que a queda de potencial na lâmpada também mude. Seção IV.2: Característica V(I) da lâmpada O voltímetro mede a voltagem dos pontos a’ e b, que é a soma das quedas de potencial devido ao amperímetro e a lâmpada. Como o amperímetro e a lâmpada estão ligados em série: lampampba VVV +=' ampbalamp VVV −= ' IRVV abalamp −= ' Entretanto quando o amperímetro muda de escala, muda de resistência interna. Com isso foram feitas as devidas correções nas ddps da lâmpada. Tabela 3: Correntes, tensões medidas e tensão da lâmpada. I (mA) Va'b (Volts) Vlamp (Volts) 11 5,0 0,07 0,06 12,5 0,20 0,18 20,0 0,33 0,29 25,0 0,18 0,13 75,0 1,50 1,36 150,0 6,00 5,72 225,0 65,00 64,57 Traçamos a curva característica da lâmpada (Vlamp versus I; gráfico 1 em anexo). Utilizando o software Microsoft Excel®, adicionamos uma linha de tendência ao gráfico do tipo polinomial de terceira ordem. Encontramos um coeficiente de correlação R2 = 0,9987 e equação y = 0,00002x3 - 0,004x2 + 0,2243x + 2,0603 (onde x é a corrente em miliamper e y é a ddp em volts). O valor do coeficiente de correlação próximo de 1 indicou queo ajuste foi válido. Substituirmos os valores de I na equação para encontrar valores de V lamp mais aproximados da curva. Essa substituição é necessária por que encontramos valores mais próximos da característica da curva, diminuindo os erros experimentais que podem ter sido cometidos. Com os valores encontrados calculamos a resistência estática da lâmpada: I V R lamp e = Tabela 4: Resistências Estáticas da Lâmpada I (mA) Vtrac (Volts) Re (Ω) 5,0 -1,036 -207,26 12,5 0,158 12,60 20,0 0,986 49,29 25,0 1,360 54,39 75,0 0,700 9,33 150,0 9,085 60,56 225,0 73,720 327,64 Onde Vtrac é a ddp encontrada a partir do gráfico 1. Para traçar o gráfico Re versus I (gráfico 2) utilizamos novamente o software Microsoft Excel®, colocamos os valores de I e Re em uma tabela. Selecionamos os valores e clicamos na opção “gráfico”. Escolhemos o gráfico do tipo Dispersão XY e o subtipo com “pontos de dados conectados por linhas suaves”. As curvas V versus I e Re versus I da lâmpada foram colocadas em gráficos diferentes por que a análise das mesmas é facilitada já que há uma diferença significativa nas escalas. Quando a corrente tende a zero observamos que a resistência estática aumenta a partir de aproximadamente de 20 mA. Experimentalmente o valor máximo encontrado foi de 4,43 Ω. Observamos que o brilho da lâmpada apareceu em 75 mA. A partir do momento em que a lâmpada começou a brilhar foi observado que a resistência 12 estática crescia linearmente com o aumento da temperatura. Indicando que com o aumento da temperatura, devido ao brilho da lâmpada, a resistência aumenta. Seção IV.3: Característica V(I) do Termistor A diferença de potencial no termistor é calculada do mesmo modo que na lâmpada. Já que os circuitos são idênticos mudando apenas a lâmpada pelo termistor. termampba VVV +=' ampbaterm VVV −= ' IRVV abaterm −= ' Todos as medidas foram feitas com o amperímetro na escala de 250 mA. Logo Ra = 100 Ω. Tabela 5: Corrente e diferença de potencial do termistor I (mA) Va'b (Volts) Vterm (Volts) 10 2,5 1,5 20 3,6 1,6 30 4,8 1,8 40 5,8 1,8 50 7,0 2,0 60 8,4 2,4 70 9,6 2,6 A curva característica do termistor (Vterm versus I, gráfico 3 em anexo) foi traçada através do Microsoft Excel®, utilizando um gráfico do tipo Dispersão XY e o subtipo “pontos de dados conectados por linhas suaves”. Por isso os pontos da característica traçada foram achados por interpolação. A resistência estática é a razão das ddps encontradas por interpolação e as correntes medidas. I V R trace = Tabela 6: Resistências estáticas do Termistor I (mA) Vtrac (Volts) Re (Ω) 10 1,5 150 20 1,6 80 30 1,8 60 40 1,8 45 50 2,0 40 13 60 2,4 40 70 2,6 37,14 A curva Re versus I do Termistor (gráfico 4) foi traçada com o software Microsoft Excel®. Marcamos as planilhas contendo os valores de I e Re e clicamos na opção “gráfico”. Escolhemos o gráfico do tipo Dispersão XY e o subtipo com “pontos de dados conectados por linhas suaves”. Novamente as curvas V versus I e Re versus I do termistor foram colocadas gráficos diferentes por que a análise das mesmas é facilitada já que a uma diferença significativa nas escalas. A resistência estática quando I = 0 pode ser imaginada como uma “resistência natural”. Se imaginarmos que não há efeito Joule (dissipassão de calor) na passagem de corrente, a temperatura no resistor permaneceria a mesma. Com isso a resistência estática não mudaria. A resistência estática quando I = 0 é a resistência que um corpo possui no qual não é observado o efeito Joule. Talvez se na experiência houvesse um meio sem gradiente de temperatura, ou seja, com temperatura constante, essa resistência poderia ser melhor estudada. No termistor a resistência estática diminui progressivamente. O aumento da temperatura devido à passagem da corrente diminui a resistência estática do termistor. A resistência dinâmica ou resistência diferencial do termistor pode ser calculada pela equação abaixo: dI dV Rd = Entretanto, I V dI dV Rd = que é o coeficiente angular da reta tangente que passa por dois pontos. Para I = 20 mA ( ) 10 101020 50,160,1 3 = − − = −d R Ω Para I =50 mA 20 10)4050( 8,10,2 3 = − − = −d R Ω Para I = 70 mA 20 10)6070( 4,26,2 3 = − − = −d R Ω 14 Tabela 7: Resistências estáticas e dinâmicas do termistor: I (mA) Re (Ω) Rd (Ω) 20 80 10 50 40 20 70 37,14 20 A resistência estática pode ser imaginada como uma resistência média do termistor enquanto que a resistência dinâmica como uma “resistência instantânea”. A resistência dinâmica poderia ser definida como a resistência em um pequeno intervalo de corrente. Por isso esta fornece informações sobre o comportamento da resistência do termistor. No caso de I = 20 mA, a resistência estática possui um valor alto, e o valor máximo está próximo de I = 20 mA (exatamente em I = 10 mA). Esse valor mais alto de Rd indica que nesta região da curva, a resistência do termistor está crescendo. Já para I = 50 mA e I = 70 mA, observamos que a resistência dinâmica decresceu bastante, indicando que a resistência realmente diminui com o aumento da corrente. O valor constante desta resistência dinâmica para os dois valores de corrente, indica que nesta região do gráfico o decrescimento da resistência do termistor pode ser aproximadamente linear. Seção IV.4: Influência da Temperatura Quando a corrente que passava pelo termistor era de 1,5 mA, foi fornecido calor deste utilizando os dedos. Observamos que a corrente aumentou e a tensão diminuiu. Ao fornecemos calor ao termistor, mais elétrons se “desgarram” do núcleo, pois com o aumento da temperatura eles adquirem energia suficiente para vencer a força exercida sobre eles. Com mais elétrons livres a corrente aumenta, caracterizando que a resistência diminuiu. Apesar de a tensão ter aumentado está não foi suficiente para manter a resistência constante. Observamos que as razões de diminuição da tensão e aumento da corrente eram bem diferentes. Quando a corrente era de 50 mA foi observado um aquecimento no resistor. O resistor com certeza estava com uma temperatura superior a 36,5º C (temperatura do corpo humano), pois quando o termistor foi segurado com os dedos, a corrente indicada no amperímetro diminuiu. Isso era esperado, pois com o aumento de 1,5 mA para 50 mA mas calor foi dissipado no termistor devido ao efeito Joule, como o calor se distribui no semicondutor, este é aquecido com o aumento da corrente. Na situação em que I = 50 mA, retiramos calor do mesmo devido a um gradiente de temperatura (que segundo o princípio zero da termodinâmica, o calor flui de um corpo de maior temperatura para um de menor). Ao retirarmos calor, elétrons que antes não estavam ligados ao núcleo liberam energia (devido a agitação térmica) e voltam a se ligar ao núcleo. Como deste modo, o semicondutor possui mais elétrons ligados ao núcleo, menor é a corrente caracterizando um aumento da resistência. Observamos que o potencial diminuiu, entretanto essa diminuição não é proporcional ao aumento da corrente, 15 já que, o termistor é um dipolo-não linear. O termistor não é feito de uma substância ôhmica. Potência máxima dissipada: As situações observadas na seção IV.4, mostram com clareza o efeito Joule. Com o aumento da corrente no termistor, mais calor é dissipado devido ao choque dos elétrons com os átomos do termistor. E essa dissipação de calor no termistor diminui a sua resistência, aumentando ainda mais a corrente. Podemos calcular a potência máxima que o termistor e a lâmpada dissiparam no experimento. Para isso utilizamos uma das formas da equação 9. ( ) eRIP = 2 maxmax (Efeito Joule) Apesar da lâmpada e o termistor não serem ôhmicos podemos utilizar a equação acima, pois ),( IVfRe = . Utilizando a equação acima o erroé desprezível. Potência máxima dissipada pela lâmpada: 5,38 (0,25)2 =P = 0,336 W Potência máxima dissipada pelo termistor: 14,37 (0,07)2 =P = 0,182 W Conclusão A partir do experimento conseguimos observar a influência da temperatura na resistência de dois materiais. Na lâmpada foi observado que a resistência da mesma aumenta com o crescimento da corrente. Devido ao efeito Joule o calor é dissipado no condutor, aumentando a agitação dos elétrons e com isso a passagem da corrente fica mais difícil, caracterizando um aumento da resistência do condutor. A partir do gráfico de Re versus I essa característica da lâmpada foi facilmente observada, com valores superiores a 25 mA a resistência da lâmpada aumentava progressivamente. Com o aparecimento do brilho a resistência crescia linearmente com a corrente. No termistor observamos que a resistência diminuía com o aumento da corrente. O termistor por ser um semicondutor, quando é fornecido calor ao mesmo os elétrons deste ficam mais livres, com isso quando submetido a uma diferença de potencial mais elétrons fluem através do condutor, aumentando a corrente que passa no termistor. Como na experiência todas as outras resistências foram mantidas constantes, e como a ddp fornecida pela fonte era a mesma, um aumento na corrente do circuito só pode ter sido provocado por uma diminuição da resistência do termistor. Essa característica do termistor foi observada na curva Re versus I. Percebemos o significado da resistência estática quando I = 0 mA. Esta pode ser definida como a resistência de um condutor ou semicondutor, quando 16 não há gradiente de temperatura ou efeito Joule observável. Poderíamos imaginar uma substância ideal em que os choques dos elétrons com as partículas fixas são perfeitamente elásticos e nesta os elétrons não perdem energia, e assim não dissipam mais calor para o condutor. Um estudo não pôde ser feito neste experimento, entretanto podemos pensar em um experimento em que a temperatura no interior do condutor é controlada e assim observamos se a resistência deste varia com o aumento da corrente, sendo a temperatura em seu interior constante. A resistência dinâmica pode ser mais uma ferramenta para analisar a resistência de uma substância. Através da resistência dinâmica podemos ver a tendência da resistência para determinados intervalos de corrente. E podemos ver que, para valores maiores de corrente, o decrescimento da resistência no termistor possui alguma linearidade (ver gráfico 6 em anexo). Esse efeito também foi observado na lâmpada só que a resistência diminuiu. Entretanto apesar dessa observação experimental, a lâmpada e o termistor são dipolos não- lineares, já que esse efeito só foi observado em alguns intervalos de correntes medidas. Podemos observar através do experimento que o coeficiente de temperatura de um condutor é positivo por que a sua resistividade (e consequentemente a sua resistência) aumenta com o crescimento da temperatura no condutor, no caso a lâmpada. No semicondutor, que no experimento era um termistor NTC, o coeficiente de temperatura é negativo. Pois a resistividade do mesmo diminui com o aumento da temperatura. Esse aumento da temperatura é devido a potência dissipada pela passagem da corrente, que é o efeito Joule. E por fim, devido ao efeito Joule foi possível calcular a potência máxima dissipada pela lâmpada e pelo termistor. A potência máxima dissipada pelo termistor foi maior que a dissipada pela lâmpada. Essa diferença é por que a resistência no termistor (quando a corrente é máxima) é muito maior do que a resistência da lâmpada. • Erros experimentais associados às medidas: - Resistências dos fios não foram consideradas - Calibração dos aparelhos de medida (amperímetro e voltímetro) e da fonte - O voltímetro foi considerado como ideal