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RESP CIVIL CIRURG PLAST BIBLIOG

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO CIRURGIÃO PLÁSTICO
AMANDA VITÓRIA DA SILVA GOMES REIS
ANA BEATRIZ BILITÁRIO DOS SANTOS 
CAREN OHANA DE JESUS ALMEIDA 
ISAAC DA SILVA BOMFIM 
LIKEM EDSON SILVA DE JESUS (Orientador)
ADRIANA VILAS-BOAS BORGES (Orientadora)
 
RESUMO
O trabalho em questão aborda a responsabilidade civil do médico cirurgião-plástico na área estética, analisando a posição da Lei e o procedimento do Órgão Regulador em ações administrativas que visam punir o profissional acusado de cometer erros no exercício da sua profissão. O trabalho foi desenvolvido seguindo a metodologia da pesquisa bibliográfica, com caráter exploratório e qualitativo. Considerando o aumento do índice de cirurgias plástica no Brasil e a crescente margem de erros decorrente desse tipo de cirurgia, torna-se relevante a apresentação deste trabalho para todos os operadores do direito.
Palvras-chave: responsabilidade civil do médico cirurgião plástico, responsabilidade civil, cirurgia plástica, obrigação de meio e resultado.
	
1. INTRODUÇÃO
A responsabilidade do médico cirurgião plástico é um tema de extrema importância no campo do direito médico. O médico cirurgião plástico tem como obrigação reparar o dano causado ao paciente em decorrência de sua atuação profissional. 
A atividade em questão é considerada de alto risco, pois envolve procedimentos invasivos que podem apresentar complicações e riscos à saúde do paciente. Assim, é fundamental que o profissional tenha conhecimento técnico e habilidade para realizar cirurgias com segurança e minimizar os riscos de possíveis danos, para garantir que tudo ocorra de forma coerente. 
Na perspectiva dessa problemática estabelecemos como pergunta de pesquisa: “Quais são as obrigações e responsabilidades do médico cirurgião plástico?”. Dentro desse contexto, o objetivo geral do estudo foi apresentar a responsabilidade do médico cirurgião-plástico nos procedimentos cirúrgicos na área estética e os específicos foram organizados em: aprofundar o estudo sobre a responsabilidade civil do médico cirurgião plástico na área estética, identificar a responsabilidade civil do médico cirurgião plástico conforme a legislação vigente e esclarecer a posição atual da jurisprudência sobre o tema.
A metodologia do estudo foi a pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, através de consulta a trabalhos acadêmicos, artigos, científicos, legislação que orientam o assunto, entre outros.
 Considerando o aumento do índice de cirurgias plástica no Brasil e a crescente margem de erros decorrente desse tipo de cirurgia, torna-se relevante a apresentação deste trabalho para todos os operadores do direito.
2. RESPONSABILIDADE DO MÉDICO CIRURGIÃO PLÁSTICO NA ÁREA DA ESTÉTICA
O profissional da medicina, assume a obrigação de meio. Na obrigação de meio o médico usa dos seus conhecimentos e técnicas, para obter o resultado, contudo, não se responsabiliza por ele, já que as reações do corpo humano são imprevisíveis. No entanto, em algumas situações excepcionais, o médico assume a responsabilidade da entrega do resultado.
A responsabilidade principal do médico cirurgião plástico em procedimentos cirúrgicos na área da estética é a entrega do resultado, caso o resultado não seja entregue ou haja alguma complicação, o paciente tem que demonstrar os danos sofridos mediante a conduta médica, Já o STJ entende de uma forma diferente, .''A jurisprudência do STJ mantém entendimento de que nas obrigações de resultado, como nos casos de cirurgia plástica de embelezamento, cabe ao profissional demonstrar que eventuais insucessos ou efeitos danosos (tanto na parte estética como em relação a implicações para a saúde) relacionados à cirurgia decorreram de fatores alheios a sua atuação. Essa comprovação é feita por meio de laudos técnicos e perícia.''STJ,13/01/2016.
O médico cirurgião plástico tem a obrigação de informar os riscos de possíveis resultados insatisfatórios, como, por exemplo, queloides, cicatrizes, entre outros. Além de também possuir as obrigações anexas que são esclarecer os riscos e prevenções da intervenção médica, e possíveis consequências do tratamento (Patricia Costa Agi Couto,2019, ANO). ''Prova técnica que afasta a conduta culposa da cirurgiã, em que pese o resultado insatisfatório experimentado pela paciente. Intercorrência que independe da adoção de boa técnica e que se relaciona à reação do organismo da autora. Indenização indevida. Sentença mantida. Negado provimento ao apelo” (TJSP, Apelação nº 0022576-15.2009.8.26.060)
 Caso seja comprovado o descumprimento de alguma dessas obrigações, o médico passa a assumir a obrigação indenizadora.
2.1 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO CIRURGIÃO PLÁSTICO NA ÁREA DA ESTÉTICA
A responsabilidade civil do médico cirurgião plástico tratando da cirurgia estética é subjetiva, com culpa presumida. Contudo, em alguns casos como cirurgia plástica por pura estética a responsabilidade civil do médico é objetiva, que é quando os atos praticados pelo médico cirurgião plástico, resultar em prejuízo ou danos a terceiros, mesmo sem culpa.
Entretanto, cirurgia plástica de cunho estético, o cirurgião tem responsabilidade de resultado, se não houver satisfação do paciente, o resultado que lhe foi prometido, o médico poderá responder por ações de danos morais, matérias e cumulado também danos estéticos.
Um exemplo disso, foi um caso que ocorreu em Taguatinga-DF, onde um cirurgião plástico foi condenado a indenizar uma paciente por danos morais e materiais decorrentes do insucesso de uma cirurgia estética. O médico alegou que não houve erro médico que a paciente abandonou os cuidados pós-operatórios, mas o juiz afirmou que, em procedimentos de natureza estética, o médico assume a obrigação de resultado e não de meio, e que, portanto, deve ser responsabilizado pelo insucesso da cirurgia. O magistrado concluiu que o médico deveria pagar uma indenização pelos prejuízos materiais e pelas sequelas visíveis na pele da paciente que afetam sua vaidade, restrições de uso de roupas e vida sexual. A decisão foi mantida pela 5ª Turma Cível do TJDFT (TJDFT 2011.07.1.032264-4APC, 2014).
Em alguns casos onde a cirurgia plástica é feita para a correção de alguma deformidade, a responsabilidade é do meio, que é quando o médico não se responsabiliza se o paciente não gosta do resultado. 
A medicina no Brasil, tem como órgão regulador o CREME (Conselho Regional de Medicina) ele é responsável por receber as reclamações dos pacientes que sofreram algum tipo de lesão, essas reclamações são feitas a partir de uma ação administrativa proporcionada por um advogado onde será apurada se realmente ocorreu erro médico, se caso ficar comprovada o erro médico para o conselho, este é julgado, condenado e punido administrativamente, mesmo com a ação administrativa não impede que o médico causador da lesão seja processado e condenado nas varas cíveis e criminal (CREMESP,https://www.cremesp.org.br/)
2.2 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO CIRURGIÃO PLÁSTICO CONFORME A LEGISLAÇÃO VIGENTE
A legislação traz alguns embasamentos que o Médico tem a responsabilidade civil subjetiva ocorre quando existe a obrigação de se indenizar os danos causados a alguém por uma ação dolosa ou culposa e são definidas pelo art. Artigo 186.º Do Código Civil menciona expressamente que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. ” (CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002).
Se causar uma situação de erro médico, o paciente ou seus familiares têm o direito de reclamar os danos causados. Para isso, é preciso verificar se houve negligência, imprudência ou imperícia por parte do médico, ou seja, que ele agiu de forma preventiva, violando o dever de cuidado que se espera de um profissional de saúde.
A responsabilidade civil do médico cirurgião plástico no Brasil é baseada na ideia de culpa. Isso significa que é necessário provar que o médico agiu de forma inadequada, não seguindo as normas técnicas, os protocolosestabelecidos ou os cuidados esperados da profissão.
Para responsabilizar o médico pelos danos causados, é preciso mostrar que houve uma falha por parte dele. Isso pode incluir situações em que ele não agiu corretamente, foi negligente, imprudente ou não demonstrou habilidades adequadas para realizar a cirurgia plástica.
Além das regras do Código Civil, existem outras leis que também podem regular a responsabilidade do médico. Por exemplo, o Código de Defesa do Consumidor pode ser aplicado quando o paciente é considerado um consumidor. Além disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e as sociedades médicas especializadas têm normas específicas que os médicos devem seguir.
2.3 POSIÇÃO ATUAL DA JURISPRUDÊNCIA
Em relação ao tema abordado, o posicionamento jurisprudencial vem permitindo a indenização pelo dano moral e estético, já que o dano moral se aplica pelo fato da vítima ter suportado a dor e frustração de não ter alcançado o resultado desejado, e o dano estético por haver uma deformação no corpo da vítima causando-a vergonha perante a sociedade por ter uma aparência que não é do seu agrado em decorrência ao acontecido (EMERJ,Adriana da Silva Rangel,2013)
Apesar de ainda existir algumas doutrinas que critiquem esse posicionamento jurisprudencial, para o tribunal não há dúvidas, já que é possível diferenciar os danos sofridos pelo paciente, um afeta o físico e o outro o “interior” (alma). (JUSBRASIL,Wander Fernandes,2019)
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) em relação ao assunto em questão demonstra claramente, por meio de julgamentos a importância a ser dada. Para ilustrar essa posição, transcrevemos as seguintes ementas do Tribunal, Resp. 1180815/MG e Resp. 985888 /SP: 6
Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. ART. 14 DO CDC.
CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. CASO FORTUITO.
EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE.
Os procedimentos cirúrgicos de fins meramente estéticos caracterizam verdadeira
obrigação de resultado, pois neles o cirurgião assume verdadeiro compromisso pelo efeito embelezador prometido. Nas obrigações de resultado, a responsabilidade do profissional da medicina permanece subjetiva. Cumpre ao médico, contudo, demonstrar que os eventos danosos decorreram de fatores externos e alheios à sua atuação durante a cirurgia. Apesar de não prevista expressamente no CDC, a eximente de caso fortuito possui força liberatória e exclui a responsabilidade do cirurgião plástico, pois rompe o nexo de causalidade entre o dano apontado pelo paciente e o serviço prestado pelo profissional. Age com cautela e conforme os ditames da boa-fé objetiva o médico que colhe a assinatura do paciente em “termo de consentimento informado”, de maneira a alertá-lo 
acerca de eventuais problemas que possam surgir durante o pós-operatório. RECURSO 
ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
____________________
 6 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Resp. 1.180.815/MG. 3ª Turma. Relatora Min. Nancy Andrighi. Julgado em: 
26-08-2010. Disponível em: < www.jusbrasil.com.br>. Acesso em: 25 Maio 2013
A posição da Ministra Nancy Andrighi, ao emitir seu voto no recurso especial foi clara e evidente, deixando pouca ou nenhuma margem de dúvida quanto ao entendimento do tribunal acerca da obrigação dos cirurgiões plásticos atuantes na área estética em fornecer resultados efetivos.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em conclusão, a responsabilidade do médico cirurgião plástico é um assunto extremamente importante no campo do direito médico, especialmente devido à natureza invasiva e arriscada das cirurgias. É crucial que o profissional tenha o conhecimento técnico e habilidade necessários para realizar as cirurgias com segurança e minimizar os riscos de danos ao paciente. A legislação estabelece que o médico tem a responsabilidade civil subjetiva e objetiva, dependendo do caso, e deve informar ao paciente os riscos e possíveis resultados insatisfatórios da intervenção médica. Caso haja descumprimento dessas obrigações, o médico pode ser responsabilizado indenizatória. No Brasil, o órgão regulador é o CREME, responsável por receber reclamações dos pacientes e apurar erros médicos, podendo julgar, condenar e punir administrativamente o médico causador da lesão. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMMERICH,Caroline Gomes Leal de Moura.; SALHANI, Rafael do Prado Barbosa. Responsabilidade civil do médico cirurgião plástico no tratamento embelezador.MIGALHAS, 2021;
RANGEL, Adriana da Silva. Responsabilidade Civil do Médico Cirurgião Plástico na Área Estética. Rio de Janeiro, 2013.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITORIOS,ARTIGO:"Médico é condenado a indenizar por resultado mal sucedido em cirurgia embelezadora". TJDFT, 2014. Disponivel em:https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2014/setembro/medico-e-condenado-a-indenizar-por-resultado-mal-sucedido-em-cirurgia-embelezadora.

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