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o que e existencialismo resenha (1)

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RESENHA CRÍTICA
LIVRO: O QUE É EXISTEMCIALISMO? – DE JOÃO DA PENHA
O livro o que é existencialismo? escrito por João da Penha, é uma breve introdução a filosofia existencialista, trazendo pontos principais do movimento como por exemplo o período em que foi criado, alguns de seus representantes e suas teorias, opiniões equivocadas e preconceituosas que recebeu. O existencialismo tem preceito na filosofia e proposito na reflexão sobre a existência humana considerada em seu aspecto particular, individual e concreto. Surge em uma Europa debulhada em um sentimento de desanimo e desespero, passando por crises (social, econômica e política), no período sucessor a segunda guerra mundial. A juventude descrente dos valores tradicionais da sociedade vigente foi a mais impactada pelo movimento, o qual recebeu muitas críticas como por exemplo a de Jacques Maritais sobre a filosofia de Sartre, ‘’mística do inferno’’ disse ele. Em contrapartida a todas as críticas feitas a respeito do existencialismo e seus valores morais, o movimento tinha o objetivo de criar uma nova moral, era uma nova perspectiva de vida.
Kierkegaard, Em oposição a Hegel, não acreditava que um sistema poderia resolver a questão da humanidade, ele dizia que o erro de Hegel foi ignorar a existência concreta do indivíduo, um sistema com conceitos e bases abstratas não pode elucidar a existência humana. O sistema promete tudo, mas não entrega nada, é incapaz de dar conta da realidade, acima de tudo da realidade humana, enquanto o sistema é abstrato e racional a realidade é concreta e irracional, a realidade é tudo menos um sistema. 
O homem é um ser singular e subjetivo a única realidade que ele de fato conhece é a dele mesmo, é a única que importa, a subjetividade é a verdade, a subjetividade é a realidade, logo o homem é o ponto central da existência. Entretanto o que seria para Kierkegaard o homem, o indivíduo? O homem é espírito, e espírito é o eu e não estabelece laços com o que é de outrem. Ele divide a existência em 3 estágios, o estético onde o indivíduo vive uma vida em busca do prazer, mesmo sabendo que tudo é passageiro e que as experiencias vividas jamais se repetirão, permanecer indefinidamente no estético é condenar-se a completa depravação, a busca pelo estético causa desespero no homem que segundo o teólogo é o que o diferencia dos animais e é através desse desespero que o homem passa para o estagio ético, abandonando toda a depravação e vivendo uma vida livre, porém dentro dos limites da sociedade, contudo a ética conscientiza o homem de seus erros assim o impedindo de viver a vida que anseia, vida essa que só encontrará no estágio religioso, a religiosidade faz com que o individuo alcance uma relação particular com Deus e vive de acordo com seus preceitos e regras, de maneira que alcança a plenitude.
Husserl é o criador do método fenomenológico, tal método surge de acordo com o livro: ‘’a fenomenologia surge no processo de revisão das verdades tidas como cientificamente inabaláveis, no momento em que as ciências, ao nível da investigação, assumem um significado humano’’. É a partir disso que Husserl insere a noção de intencionalidade, pressuposto básico da fenomenologia e característica fundamental da consciência, é através dela que aquilo que um objeto é se cria na consciência. A intencionalidade é a ponte que liga o indivíduo ao objeto, o pensamento e o ser, o homem e o mundo, ambos inerentemente ligados. A consciência é a primazia do conhecimento.
As ideias apenas existem pois são ideias sobre alguma coisa, constituindo um único fenômeno, sendo assim indissoluvelmente ligados. O objetivo da fenomenologia é captar as ideias mesmas das coisas e para isso Husserl cria a ‘’redução fenomenológica’’ ou epoquê, é a suspensão de todos os juízos de valores, estando nela não negamos nem afirmamos nada. Além da redução fenomenológica ele cria 2 outros termos: noese (o pensamento) e noema (objeto do pensamento).
 Heidegger, seu propósito é discutir o Ser, descrever fenômenos tais como se apresentam a consciência. Na discussão sobre o que é o ser o filosofo argumenta que seria impossível falar sobre o que é o ser sem transformá-lo em um ente (algo perfeitamente determinado), entretanto para que exista o ser é necessário que exista o ente. O Dasein é o ser aí, o ente, é concreto, singular, é tudo aquilo que falamos. O Dasein é um ‘’Ser-no-mundo’’ que tem relação com outros o tornando um ‘’Ser-com’’. O Dasein é a nossa existência cotidiana, é o indivíduo, o homem e só para o homem há sentido em existir, as pedras são, mas não existem, os anjos são, mas não existem, Deus é, mas não existe, diz Heidegger. O ‘’Ser-para-a-morte’’ é a última situação limite para o Dasein, é o fim para onde se dirige, é onde se totaliza. A morte é a experiencia mais pessoal e intransferível, o temor da morte faz com que o dasein se torne inautêntico e angustiado, todavia angústia o dasein alcança a plenitude através da angústia, compreendendo a morte e o nada, o indivíduo conecta-se intimamente com a sua existência, a angústia face ao nada o conduz a autenticidade, é através do nada que o dasein se completa.
Sartre foi o filosofo mais popular e o que mais despertou polemica. A existência precede a essência, a essência de uma coisa é aquilo que essa coisa é, a existência seria concreta enquanto a essência seria mais abstrata. A essência de um homem nada mais é do que a quilo que ele projeta ser, primeiro o homem nasce, depois escolhe o que quer ser (essência). O que distingue o homem dos demais seres é a sua essência, pois ele é livre para escolher, a cada momento ele se encontra entre decisões a serem tomadas, entretanto essa liberdade é condicionada as regras da sociedade, dando-se conta disso a angústia surge, pois ao escolher para si ele também escolhe para outrem, o homem está condenado a ser livre. ‘’em busca do ser ‘’ Sartre define sua base fenomenológica e as divide em 2: o Em-si e o para-si, Em-si seria aquilo que se projeta ao redor do homem (plantas, objetos, etc), já o Para-si é a consciência, é a realidade humana, a consciência é um Ser-para-si (sabe sobre si mesma). Em ‘’ O problema do na’’ Sartre afirma que para a consciência chegar até as coisas tende haver o nada, o Para-si qualifica as coisas, faz com que ela apareça, ganhe vida, a consciência traz ao mondo sentido, pois sem o Para-si o mundo se resumiria no Em-si, é o nada que fundamenta a liberdade. Ademais Sartre conceitua a ‘’Má-fé’’ que é quando o homem tenta fugir de sua liberdade, escolha, enganado a si próprio, vivendo pelo olhar do outro ‘’Em-si’’, porém o indivíduo conhece a mentira que prega e a verdade que deseja ocultar.
O livro termina com capítulos breves sobre outras correntes existencialistas e falando sobre o existencialismo e o marxismo, em seu último capítulo inca algumas leituras. A leitura da obra não é de difícil entendimento, tem uma linguagem didática, consegue introduzir àqueles que buscam ao existencialismo, ótimo para estudantes e profissionais de psicologia que se interessam pela teoria existencial humanista.

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