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Hermenêutica e as escolas de Frankfurt e Chicago

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Hermenêutica e as escolas de Frankfurt e Chicago 
 
Hermenêutica constitucional (Desafio) 
 
Maria lhe procurou com uma dúvida: ela pertence a uma religião chamada Testemunhas 
de Jeová, que não permite que seja feita transfusão de sangue, em hipótese alguma. Logo 
em seguida, Maria contou que está doente e que precisa fazer uma cirurgia de grande 
porte, sendo necessária uma transfusão de sangue. Sabendo dessa informação, Maria 
disse que, por curiosidade, pesquisou uma forma de impedir o médico de realizar a 
transfusão, por ocasião da cirurgia; ela pensou em uma ação judicial, mas foi surpreendia 
pelas informações que colheu na Internet. Segundo Maria, por o que pôde ver, havia 
muitas decisões permitindo que o médico fizesse a transfusão de sangue, 
desconsiderando totalmente a liberdade de crença. Disse, também, que seu marido 
concorda com a transfusão e já avisou que, se preciso for, ajuizará uma ação para proteger 
a vida da esposa. 
Baseado no que você aprendeu sobre tensão entre princípios, esclareça para Maria a 
fundamentação dos tribunais para desrespeitarem a sua liberdade. 
 
 
Maria, entendo a sua preocupação e a tensão existente entre os princípios religiosos das 
Testemunhas de Jeová e a necessidade de realizar uma transfusão de sangue para a 
cirurgia de grande porte que você precisa enfrentar. Compreenda que a questão sobre a 
fundamentação dos tribunais para desrespeitar a sua liberdade religiosa é complexa e tem 
sido objeto de debates tanto na esfera jurídica quanto na ética médica. 
Em muitos países, o direito à liberdade de religião é um direito fundamental protegido pela 
legislação. No entanto, os tribunais também devem considerar outros princípios e direitos 
fundamentais, como o direito à vida e o princípio da dignidade humana. Em situações em 
que a vida de uma pessoa está em risco iminente, os tribunais - podem - tomar decisões 
que coloquem em segundo plano certas crenças religiosas em nome da proteção da vida. 
a) Os tribunais podem argumentar que o direito à vida é um princípio fundamental 
que prevalece sobre a liberdade religiosa em situações de emergência médica. O objetivo 
principal dos profissionais de saúde e dos tribunais é garantir a sobrevivência e a saúde 
do paciente. Assim, se um médico determinar que uma transfusão de sangue é necessária 
para salvar a vida de uma pessoa, os tribunais podem permitir que essa intervenção 
ocorra, mesmo que seja contra as crenças religiosas da pessoa. 
b) 0s tribunais podem considerar o grau de autonomia e capacidade de decisão da 
pessoa em questão. Se a pessoa não estiver em condições de tomar uma decisão 
informada devido à sua condição médica, os tribunais podem autorizar os médicos a 
agirem em seu melhor interesse. 
No entanto, é importante lembrar que cada caso é único e as decisões dos tribunais podem 
variar dependendo das circunstâncias específicas e das leis do país em questão. 
O Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil tem discutido essa questão polêmica que 
envolve ciência e religião. O ministro Gilmar Mendes ressaltou a importância de equilibrar 
 
 
a vontade religiosa pessoal "com os limites médicos possíveis"1. A decisão do STF busca 
encontrar um ponto de equilíbrio entre os direitos fundamentais, como o direito à liberdade 
religiosa e o direito à vida. 
De acordo com especialistas em direito médico, como Washington Fonseca, os direitos ao 
credo e à vida são cláusulas pétreas da Constituição Federal e devem ser respeitados. No 
entanto, em casos de emergência em que não há procedimento alternativo para salvar a 
vida do paciente, a equipe médica pode decidir por realizar a transfusão de sangue, sob o 
risco de responder por omissão1. 
Em situações eletivas, como cirurgias agendadas, a escolha do paciente geralmente 
prevalece. Caso essa escolha seja desrespeitada, é possível acionar a justiça para buscar 
proteção dos direitos individuais1. No entanto, como dito e vale ressaltar, cada caso é 
avaliado individualmente, considerando a possível emergência do caso e a viabilidade de 
procedimentos alternativos que possam ser adotados, como o Gerenciamento do Uso 
de Produtos Sanguíneos no Paciente (PBM, na sigla em inglês)1. 
As Testemunhas de Jeová defendem o uso de técnicas médicas que conservam o 
sangue do próprio paciente durante a cirurgia, como o PBM, para evitar a necessidade de 
transfusões sanguíneas1. Essa abordagem tem sido aplicada em alguns hospitais no 
Brasil, como o Hospital do Subúrbio, em Salvador, e é estimulada por programas em 
alguns estados, como no Ceará1. 
Portanto, a fundamentação dos tribunais para desconsiderar a sua liberdade religiosa está 
relacionada à necessidade de equilibrar os direitos fundamentais à liberdade de crença e 
à vida em situações de emergência médica, em que a transfusão de sangue pode ser 
considerada essencial para salvar a vida do paciente. No entanto, em casos eletivos, a 
escolha do paciente costuma prevalecer, e é possível buscar amparo legal caso seus 
direitos sejam desrespeitados. 
É importante consultar um advogado especializado em direito médico para obter 
orientações específicas sobre o seu caso e para buscar proteger seus direitos. Além disso, 
é fundamental dialogar com sua equipe médica, esclarecendo suas crenças e buscando 
alternativas médicas que estejam de acordo com seus princípios religiosos, como o PBM. 
Maria, se você estiver preocupada com sua liberdade religiosa e a possibilidade de uma 
transfusão de sangue, é altamente recomendável que ela consulte um advogado 
especializado em direito médico ou a defensoria pública de sua cidade para obter 
aconselhamento jurídico personalizado, considerando as leis de seu país e as 
circunstâncias específicas de seu caso. 
Espero ter esclarecido a fundamentação dos tribunais nessa questão delicada. Desejo que 
você encontre uma solução que respeite seus princípios religiosos e que também 
assegure a sua saúde e bem-estar. 
 
 
1.STF discute limites de escolha de pacientes para transfusão de sangue ... 
(https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/saude/audio/2021-10/stf-discute-limites-de-
escolha-de-pacientes-para-transfusao-de-sangue) 
 
https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/saude/audio/2021-10/stf-discute-limites-de-escolha-de-pacientes-para-transfusao-de-sangue
https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/saude/audio/2021-10/stf-discute-limites-de-escolha-de-pacientes-para-transfusao-de-sangue

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