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ARTIGO DELFINA

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Delfina Alferes Torcida Roque
A Formação Continuada dos Professores do Ensino Básico e sua Articulação com a Prática Docente 
Licenciatura em ensino Básico, 4ᵒ Ano
Universidade Pedagógica
Beira
2016
Delfina Alferes Torcida Roque
A Formação Continuada dos Professores do Ensino Básico e sua Articulação com a Prática Docente 
Trabalho apresentado ao Departamento de Ciências de Educação e psicologia curso de Ensino Básico para efeitos de avaliação na cadeira de Teoria e Prática de Formação de Professores.
 
 Docente: Msc. José Helder Chamo
Universidade Pedagógica
Beira
2016
A Formação Continuada dos Professores do Ensino Básico e sua Articulação com a Prática Docente 
Resumo
O presente estudo teve como intenção compreender como os professores do ensino percebem a sua formação continuada e sua articulação com a prática docente. E um trabalho que foi realizado perante alguns professores da escola primária completa Antiga emissora na cidade da beira na qual teve como e o objectivo de compreender se na formação continuada existe articulação com pratica docente. Através deste estudo ficou percebido que a formação continuada proporciona de forma significativa para o desenvolvimento da prática docente permitindo-lhes a articulação entre a teoria e prática. 
Palavras-chaves: Formação continuada, Prática docente, articulação 
Introdução 
Diante da velocidade com que a informação se move frente ao mundo em que vivemos hoje , apostar na formação inicial e continuada de professores vem sendo mudando, exigindo actualizações nos processos curriculares , nas praticas pedagógicas fazendo com que os processos sejam continuo. É neste contexto que surge o presente trabalho para compreender se a formação continuada proporciona para articulação da pratica docente. 
Trata-se de um trabalho que foi realizado perante alguns professores da escola primária completa Antiga emissora na cidade da beira. O objectivo deste é de investigar como ocorre a formação continuada dos professores do ensino básico e sua articulação com a prática docente. 
O resultado fruto desta investigação mostrou que a escola não tem proporcionado incentivos para os professores continuarem com sua formação, contudo para que os docentes participem em encontros nas ZIPs e nas pequenas capacitações de pequena duração. Quanto aos professores entrevistados dizem que tanto as formações iniciais quanto a formação continuada precisam estar inseridas na agenda da escola pois impulsionam o desenvolvimento do profissional. 
2. Alguns Conceitos Básicos 
2.1. Formação
Segundo PRADA et al (2010) o termo formação pode ser definido como sendo um processo de toda a vida enquanto seres humanos, mediante as relações e interacções que acontecem nos diversos ambientes culturais nos quais temos relações. Ainda discorrem os autores que é um processo de aprendizagem que visa desenvolvimento individual e colectivo dentro da cultura, incorporando-a, criando-a e recriando-a.
De acordo com FAZENDA (2001), formação é acção de formar” – do latim formare –que significa “dar forma” e, como verbo pronominal, corresponde a ir desenvolvendo uma pessoa. Destaca, ainda, concepções de formação docente vinculadas a enfoques reprodutivistas, construtivistas, sociais-críticos e outros. 
Portanto, pelos conceitos evidenciamos que a formação não é um processo estático, mas acontece na dinâmica do desenvolvimento pessoal/profissional, além de sofrer a interferência do período e do contexto histórico em que este desenvolvimento ocorre.
2.2. Formação continuada
No nosso dia-a-dia para sermos professor ou conhecer o professor, sua formação básica e como ele se constrói ao longo da sua carreira profissional são fundamentais para que se compreendam as práticas pedagógicas dentro das escolas. Dessa maneira quer entender ser professor é um processo de longa duração, de novas aprendizagens e sem um fim determinado (NÓVOA, 1992).
Dentro dessa perspectiva, a formação continuada, entendida como parte do desenvolvimento profissional que acontece ao longo da actuação docente, pode possibilitar um novo sentido à prática pedagógica, contextualizar novas circunstâncias e resignificar a actuação do professor. Trazer novas questões da prática e buscar compreendê-las sob o enfoque da teoria e na própria prática permite articular novos saberes na construção da docência, dialogando com os envolvidos no processo que envolve a formação (IMBERNÓN, 2010).
Desta feita analisando a ideia traduzida desse autor acima referenciado, traz-nos a compreensão de que a formação continuada é directamente ligada ao papel do professor e as possibilidades de transformação de suas práticas pedagógicas e nas possíveis mudanças do contexto escolar. 
2.3. Formação continuada de professores
A formação continuada de professores tem sido entendida como um processo permanente de aperfeiçoamento dos saberes necessários à actividade profissional, realizado após a formação inicial, com o objectivo de assegurar um ensino de melhor qualidade aos educandos
3. Breve revisão teórica
3.1. Um breve olhar sobre Formação em Moçambique
De acordo com NETO (2006), na actualidade há maior preocupação pela formação docente. Esse autor explica que o seu maior destaque na década de 1980 quando os países começaram a tomar a posso de suas economias e desenvolvendo simultaneamente. Devido estudos que foram indo publicados em vários países em vários continentes apontaram para a qualidade da formação de professores como uma causa provável para o baixo desempenho dos alunos.
Destas conclusões resultou numa dupla consequência:
· A necessidade urgente de definição de políticas públicas que dessem conta de formar bons professores; 
· Se focar a qualidade da educação sobre os professores subcarregava a responsabilidade sobre os professores pelos insucessos da política educacional.
Esta vertente mexeu com vários países do mundo tendo em revisão dos processos educativos.
Segundo NHONGO (2009), como forma de responder essa mexida em Moçambique propôs-se um tipo de implementação chamada de “Iniciativa Acelerada para a Educação” a fim de propiciar recursos adicionais no apoio ao progresso do sistema educativo nesses países, face ao lema “Educação para Todos.
Contudo, os mais recentes debates em torno da educação giram em volta da aprendizagem do aluno; em parte, responsabiliza-se ao professor pela falta de uma formação actualizada, contínua do corpo docente em exercício. Por outro lado, as politicas traçadas pelo governo, como é o caso, por exemplo da progressão por ciclos que de certo modo influenciam na aprendizagem do aluno.
É por ai que foram distinguidas as fragilidades da formação inicial de professores e com o denvolvimento profissional a formação continuada. 
Após este breve trajecto em termos de olhar para aquilo que caracterizou e o que ainda caracteriza o cenário educacional em Moçambique, queremos listar aqui os objectivos que leva-nos a escrever sobre esse tema. Assim sendo, a escolha em realizar ou dissertar sobre esse artigo resulta de alguns objectivos que na verdade pretendo alcançar. 
Os tais objectivos são: compreender como os professores do ensino percebem a sua formação continuada e sua articulação com a prática docente, identificar se a formação continuada o ajudam para articulação prática docente e descrever a percepção dos professores sobre a formação continuada e a sua articulação para o saber docente.
3.2. Factores que permeiam a formação continuada
No nosso seio são vários e complexos factores que permeiam a questão da formação continuada, portanto, está ligada ao:
1. De Desenvolvimento da escola, do ensino, do currículo e da profissão docente;
2. Da aprendizagem da matéria a ser dada em sala de aula, a formação de professores traz consigo aspectos relevantes que constituem o ser professor.
O professorem processo de formação pode estabelecer e redimensionar a relação que se tem entre a sua prática, o campo teórico e os aspectos que permeiam a construção do seu trabalho, como a escola, os alunos, as políticas educacionais, etc. Reflectir sobre a prática educacional, mediante a análise da realidade do ensino, da leitura pausada, da troca de experiências. Estruturas que tornem possível a compreensão, a interpretação e a intervenção sobre a prática” (IMBERNÓN, 2010:43). Entretanto reflectir sobre a prática e as relações que acontecem a partir desta, não ocorre de forma tão simples. A reflexão embora atributo dos seres humanos, ganha novo significado no campo do trabalho docente, mesmo que tal conceito não seja unívoco e possua diferentes enfoques epistemológicos.
3.3. Aspectos enfatizados na formação continuada
Quando se refere à formação continuada, são enfatizados os seguintes aspectos do profissional: a formação, a profissão, a avaliação e as competências que cabem ao profissional. 
O educador que está sempre em busca de uma formação contínua, bem como a evolução de suas competências tende a ampliar o seu campo de trabalho. 
Segundo PERRENOUD (1996) a formação profissional contínua se organiza em determinadas áreas prioritárias. Dentre elas estão as competências básicas que cabem ao educador. Refere - se como áreas de competências, devido cada uma delas abordar várias competências.
 São as dez grandes áreas de competências que o professor deve desenvolver na formação continuada segundo PERRENOUD: 
· Organizar e animar situações de aprendizagem, isto é, conhecer, em uma determinada disciplina, os conteúdos a ensinar e sua tradução em objectivos de aprendizagem. 
· Gerir a progressão das aprendizagens - Conceber e gerir situações-problema ajustadas aos níveis e possibilidades dos alunos. 
· Conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação - Gerir a heterogeneidade dentro de uma classe. 
· Implicar os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho - formar e renovar uma equipe pedagógica. 
· Participar da gestão da escola - Organizar e fazer evoluir, dentro da escola, a participação dos alunos. 
· Informar e implicar os pais - Implicar os pais na valorização da construção dos conhecimentos. 
· Utilizar tecnologias novas - Explorar as potencialidades didácticas dos softwares em relação aos objectivos das áreas de ensino. 
· Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão - participar da implantação de regras da vida comum envolvendo a disciplina na escola, as sanções e a apreciação de condutas. 
· Gerir sua própria formação contínua - Saber explicitar as próprias práticas e estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação contínua. 
Portanto, segundo esses pontos que o autor coloca em relação a formação das competências que se precisa nos aspectos enfatizados na formação dos professores, podemos compreender que se faz ser útil a que todo o educador tenha consciência do nível de competências em que se encontra, realizando uma auto-avaliação, o que irá resultar em uma grande evolução na sua função.
O professor enquanto sujeito do contexto educativo, cujas acções são tomadas de maneira intencional é formado em consonância com os objectivos postos pela sociedade e estas demandam as práticas as quais esses professores serão portadores. Uma realidade a ser transformada acontece por meio das acções que os docentes realizam em educação manifestando-se e transformando o que acontece a sua volta.
A prática pedagógica assim abarca a experiência histórica das acções e a consolidação de formas de desenvolver a actividade docente, pois segundo SACRISTÁN (1999:74) “A prática é, então, sinal cultural de saber fazer composto de formas de saber como, ainda que ligado também a crenças, a motivos e a valores colectivos”.
A formação continuada neste sentido é encarada como um meio de articular antigos e novos conhecimentos nas práticas dos professores, a luz da teoria, gerando de certa forma, mudanças e transformações, considerando os aspectos da formação em que se baseiam tais práticas, uma vez que estas são fundamentadas em construções individuais e colectivas que ocorrem durante o tempo e nas suas relações.
4. Algumas criticas e sugestões 
Falando acerca da formação continuada os professores pelos quais a autora deste artigo procurou investigar os professores foi unânime em afirmar que recebem a formação continuada através de pequenas capacitações, reuniões, intercâmbios a nível das ZIPs, mas no entanto, apesar de eles terem a firmado que essas pequenas capacitações serem de curta duração possibilita a eles o desenvolvimento da sua prática.
Quanto a aspecto negativos que os professores apontaram é pelo facto de haver naquela escola pouco interesse por parte da direcção da escola dinamizar o processo de formação continuada. Assim sendo, Assim, sem querer desqualificar a escola sugere-se mais atenção a processo de formação continuada aos professores de modo a permitir a eles continuarem a desenvolverem a sua profissão de forma competente. 
A escola deve promover sessões de formação concentradas em alguns dias no início do ano, ou participações em eventos no decorrer do mesmo, incluindo-se palestras, seminários ou encontros mensais que abrangem grandes grupos, abordando uma temática específica, os quais geralmente, são proporcionados por um formador que é considerado como especialista na matéria no qual aborda os temas de uma forma expositiva, que na maioria das vezes não garantem a inovação na prática do professores. 
Tal como refere INDE/ MINED (2003), um dos suportes existentes para os professores primários, no que concerne ao apoio pedagógico são ZIPs, criadas com finalidade de haver troca e ajuda mútua entre professores. Actualmente tem sido uma das apostas para potencializar o desenvolvimento profissional contínuo na estratégia de políticas de formação docente.
5. Considerações finais 
A formação continuada de professor no cenário actual aponta para as vivências, experimentações e reflexões sobre a prática do professor. No entanto, no meio de várias propostas de formação continuada encontramos o Instituto de Educação Aberta a Distância (IEDA) como responsável por criar programas de formação para professores da Educação básica em exercício. Portanto, oficialmente é o órgão responsável pela formação continuada que em coordenação com os outros sectores efectiva o processo. 
Embora a formação continuada deva atender às necessidades do professor no seu quotidiano, ela não pode ser entendida como um conjunto de modelos metodológicos e/ou lista de conteúdos que, se seguidos, serão a solução para os problemas. Os processos de formação continuada podem ser valiosíssimos, se conseguirem aproximar os pressupostos teóricos e a prática pedagógica. A formação continuada deve ser capaz de conscientizar o professor de que teoria e prática são “dois lados da mesma moeda”, que a teoria o ajuda a compreender melhor a sua prática e a lhe dar sentido e, consequentemente, que a prática proporciona melhor entendimento da teoria ou, ainda, revela a necessidade de nela fundamentar-se
6. Bibliografia 
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (Org.). Dicionário em construção; interdisciplinaridade. São Paulo, Cortez, 2001.
IMBERNÓN, F. Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed, 2010.
INDE/MINED. Plano curricular do ensino Básico. Maputo, INDE/MINED, 2003.
MOÇAMBIQUE. Estratégia para a Formação de Professores – 2004-2015, proposta de política. 2004
NETO, José Batista. Formação de professores no contexto das reformas educacionais e do Estado. Formação de professores e prática pedagógica. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Ed. Massangane, 2006.
NHONGO, Názia Anita Cardoso, A habilidade escrita dos alunos no programa de educação bilingue no ensino básico em Moçambique. Dissertação de Mestrado-faculdade de letras da universidade de Lisboa, 2009.
NÓVOA, A. (Org). Os professores e a sua formação. Portugal: Porto, 1992.
PERRENOUD, P. Formation continue et développement de compétences professionnelles.L´Éducateur, 1996.
PRADA, Luis Eduardo Alvarado. Dever e Direito á formacao continuada de professores. RPD – Revista Profissão Docente, Uberaba, v.7, n. 16, p. 110 -123, ago/dez. 2007.
SACRISTÁN, J.G. Poderes instáveis em educação. Porto Alegre: Artmed, 1999.

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