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ANÁLISE DAS CIDADES RENASCENTISTAS Ana Carolina Sant’anna RA: 21247323 Ayla Soares Silva RA: 21291621 Giulia Sitta Marçal RA: 21328652 Gleyce da Costa Ferreira RA: 21299744 Guilherme Radis Nogueira RA: 20963766 Rafael dos Santos Nobre RA: 21333351 Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, SP 1. INTRODUÇÃO Este trabalho, busca desenvolver uma análise de como se deu o surgimento das cidades renascentistas, as motivações que levaram a esse desenvolvimento, e as principais características desses locais, bem como exemplificar essa identidade, citando as principais cidades renascentistas, que possuem em sua história um traço marcante desse momento da arquitetura. 2. MÉTODOS Qualitativo de análise, com bases nos textos fornecidos pelo professor, sendo eles “a cidade do renascimento”, escrito por Giulio Carlo Argan, e “As cidades italianas na renascença”, por Leonardo Benevolo. 3. ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES RENASCENTISTAS O movimento renascentista surge no começo da idade moderna, que é caracterizado pela crise do feudalismo. O sistema econômico feudal foi gradativamente substituído pelo sistema mercantilista ocasionando o surgimento de uma nova classe social constituída por mercadores e negociadores: os burgueses. É importante ressaltar a característica que é essencial a este período e dá vida às demais: O Antropocentrismo. Aqui o homem é o centro de todas as coisas. Com esse modo UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI- FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO ANTIGUIDADE AO SÉC. XVIII de pensar, florescem as distinções do ideário renascentista perante o pensamento medieval: se antes a verdade era encontrada na bíblia, agora ela se acha na observação e na experimentação; se antes a vida material era desimportante, agora ela garante status social; se antes a espiritualidade era a grande essência da vida, agora ela se mescla com a vida terrena. Ou seja, a fé é diferenciada da razão. É essencial explicitar que a fé e a religiosidade não são superadas, elas apenas abrem algum espaço para novos ideais. Neste contexto surge o humanismo, movimento que englobou intelectuais de todos os tipos, dispostos a reinterpretar a cultura greco-romana e associá-la às novas necessidades e ideias, e que possuíam muito prestígio, principalmente pela difusão do humanismo pelas publicações das obras e pelo contato com outros intelectuais, além das divulgações na imprensa, recém inventada e decisiva para o aguçamento do individualismo. A Itália do século XIV foi o berço do renascimento, uma vez que possuía cidades com forte atividade comercial devido à boa localização geográfica que facilitava a recepção de produtos do Oriente. As atividades mercantis enriqueceram famílias de negociadores (agora denominados burgueses), o que justifica o ímpeto renascentista de valorizar a vida terrena; os bens materiais. Essas famílias abastadas, juntamente a alguns nobres e chefes religiosos, formavam o Mecenato: verdadeiros financiadores e apoiadores das artes, das letras e da ciência. Além disso, a Itália era abastada de heranças greco-romanas, como ruínas e escritos da idade antiga, que influenciaram os novos pensadores e artistas. Isso é evidente no movimento Humanista, que englobava intelectuais de todos os tipos, dispostos a reinterpretar essa cultura greco-romana e associá-la às novas necessidades e ideias; principalmente ao Cristianismo, mesmo que no período renascentista e na crença humanista a religião seja posterior ao homem, uma vez que a fé é diferenciada da razão e o culto ao que é racional cresce à medida que cresce também o progresso e a ciência. Na arquitetura renascentista o arquiteto, nesse contexto, deixa de ser artesão e passa a ser um artista. Essa diferença que pode parecer sutil, neste período é decisiva, uma vez que advém da separação entre as artes liberais e manuais. O arquiteto é um artista liberal, ou seja, que produz a partir da pesquisa e dos princípios filosóficos. Fillipo Bruneleschi difundiu essa ideia uma vez que criou um método de trabalho que separava o projeto da execução. Essa distinção abriu as portas para o estudo urbanístico, pois permitiu que planos urbanos fossem esboçados sem o compromisso da construção, ou seja, sem a necessidade primária de pensar os custos e as consequências. A arquitetura renascentista resgatava, acima de tudo, o interesse UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI- FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO ANTIGUIDADE AO SÉC. XVIII matemático clássico. Os arquitetos renascentistas buscavam projetar com base na geometria e na perspectiva pois por meio delas poderia ser representada a ordem cósmica divina. Caminhando mais à frente em direção a ciência das cidades, o arquiteto Leon Battista Alberti elabora tratados que vão regular a arquitetura renascentista, sendo o mais relevante o Tratado Re De Aedificatória que, sobre os pilares do tratado vitruviano, visa principalmente a regularidade do traçado (característica diametralmente oposta à cidade medieval constituída, por exemplo, por ruas afuniladas e tortuosas). Essa regularidade seria explicita no tecido urbano como um todo: nos alinhamentos dos edifícios, dos gabaritos, na modelatura, no traçado viário, entre outros aspectos. No centro desse tecido radial ordenado se concentrariam pontos focais, monumentais edifícios religiosos e civis de destaque, que traziam delicadeza, enquanto no outro extremo (o limite da cidade) cresceriam fortificações robustas, maciças, que são “ao mesmo tempo defensiva e agressiva”1. Vale ressaltar que este tratado de Alberti se aplica muito bem às pequenas cidades que não são densamente formadas, mas não é adequado para implantação em cidades medievais de grandes proporções. Esse caráter das fortificações alude ao modo de pensar romano que visava construções que explicitassem a força e a capacidade do Estado, mas inserida num contexto onde as armas e as guerras são diferentes; as armas são de fogo e os combates a distância; portanto foram retiradas as torres e as muralhas alargadas; o formato poligonal favorecia a maior variabilidade de posicionamento de defesa e proporcionava outras aberturas que não a principal. Algumas cidades italianas se destacavam principalmente pela sua arquitetura renascentista que realiza um ideal de proporção e regularidade buscando traçados inovadores e idealistas. Porém em algumas cidades esses pontos são mais acentuados como nas cidades de Pienza, Urbino, Ferrara, Roma e até o projeto não realizado de Sforzinda. Nestas cidades as intervenções renascentistas foram amplamente unitárias, Pienza e Urbino foram desfrutadas de um planejamento urbano jamais visto na Europa, um exemplo de força e delicadeza o modelo ideal de cidade que Alberti propunha. O responsável pela obra em Pienza foi Bernardo Rossellini, que teve o cuidado de seguir os planos do então recém 1 ARGAN, Giulio Carlo. A cidade do Renascimento. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 55-80. UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI- FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO ANTIGUIDADE AO SÉC. XVIII assumido papal Pio II que veio com o ideal de realizar em sua terra natal uma moradia para o mesmo e a sua corte, junto da criação de edifícios monumentais, toda essa realização foi pensada como um todo e não somente obra por obra, pela primeira vez a cidade é formada de uma forma hierárquica, em torno da igreja e do palácio papal. Urbino por sua vez lidou com clareza em suas reformas arquitetônicas principalmente em relação a sua morfologia territorial, que se localiza entre duas colinas. Na execução de um palácio com a fachada dobrada em Z abrindo espaço para praça onde seria construída futuramente a nova catedral, junto de uma nova estrada para Roma apartir de um aterramento do fundo do vale, retilínea, que sobe até o vale entre as duas colinas e à entrada superior do palácio, tornando então a orientação da cidade invertida. Todos esses pontos ressaltam o resgate do arquiteto como também um matemático, junto do artista que o próprio era considerado na época. Porém nem sempre os planos saiam como o planejado o maior exemplo disso foi a cidade de Ferrara com a ideia de ampliação e modernização da cidade, a população e o crescimento construtivo não agiram como o planejado e partir desta premissa de lidar com a exigência dessa cultura e lidou pela primeira vez com o desenvolvimento de uma grande cidade que tinha a contrariedade de “propõe-se a construir uma nova cidade ao lado da antiga, mas não consegue conservar a coerência entre o plano urbanístico e a realização arquitetônica” 2 (citação do texto do Benevolo, por nota de rodapé) nessa nova empreitada o arquiteto renascentista depara-se com um novo método que não sabe ao certo seus resultados que é a separação do plano urbanístico dos projetos de construção. Já em Roma, sua arquitetura era dominada pelas ruínas da Metrópole antiga e pelas igrejas do primeiro cristianismo, mas Nicolau V assume o poder com a intenção de estabelecer o programa do governo papal, e com isso restaurar toda a cidade imperial, para transformá-la em uma cidade moderna. Como exemplo disso transformou o Mausoléu de Adriano em um castelo, o Panteão em uma igreja e o Capitólio na sede da administração. Roma estava então, prestes a se tornar a principal cidade do mundo moderno, pelo prestígio do passado e pela presença da Sé Apostólica. Porém por falta de influências e aliados Roma não possuía sua independência econômica e política, dependendo ainda de cidades maiores. Com a intenção de mudar esse cenário, Sisto IV manda reconstruir S. Pietro in Montorio, S. Pietro in Vincoli, os Santi Apostoli, reinstala a Ponte Sisto, restaura o Capitólio e contrata um escultor para colocar em sua fachada a loba de bronze. Para os trabalhos arquitetônicos 2 BENEVOLO, Leonardo. São Paulo: Perspectiva, 2009, p. 425-468. UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI- FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO ANTIGUIDADE AO SÉC. XVIII ele opta por artistas secundários (Baccio Pontelli), mas para cobrir a Capela Sistina, contrata os mais famosos pintores de Florença (Botticelli, Perugino, Ghirladaio, entre outros). Por conta de todas essas mudanças, no final do século a atividade de construção é a mais requisitada e nesse período um dos maiores arquitetos chega a Roma, Donato Bramante, e manifesta em Roma o programa de um novo classicismo rigoroso, que busca o padrão nos modelos antigos. Finalmente em 1503 o programa de Nicolau V será realizado, graças a chegada de Júlio II e para isso leva para Roma artistas como, Giuliano da Sangallo, Michelangelo e Rafael, que eram conhecidos como mestres da nova geração. Depois de inúmeras obas e mudanças, Roma rompe de vez quaisquer resquícios de uma cidade medieval e passa a ser uma cidade moderna. 4. CONSIDERAÇÕES A partir da análise dos artigos conclui-se que no século XIV, o surgimento do movimento renascentista, na Itália, impactou diretamente na arquitetura. Foi nesse momento que o arquiteto deixou de ser o construtor e passou a ser o idealizador dos projetos, separando o projeto da execução. A arquitetura renascentista tinha como principais características o interesse matemático clássico, as formas geométricas e a perspectiva. O tecido urbano era composto por edifícios monumentais centralizados, que eram edifícios religiosos (igreja) e civis de destaque (os palácios). Nos limites das cidades ficavam as edificações maciças e robustas. Nesse momento da história os confrontos acontecem com armas de fogo, sendo assim as torres e muralhas são removidas das cidades, e o formato poligonal favorecia a maior variabilidade de posicionamento de defesa e proporcionava outras aberturas que não a principal. Assim utilizando a arquitetura para sua proteção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENEVOLO, Leonardo. As cidades italianas na Renascença. In: ______. História da Cidade. Trad. Silvia Mazza. São Paulo: Perspectiva, 2009, p. 425-468. ARGAN, Giulio Carlo. A cidade do Renascimento. In: ______. Clássico anticlássico: o Renascimento de Brunelleschi a Bruegel. Trad. Lorenzo Mammi. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 55-80.
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