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PETIÇÃO PRONTA - Petição Inicial - Embargos à Execução

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AO DOUTO JUÍZO DA 00ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF
NOME DO CLIENTE, pessoa jurídica de direito privado, portadora da IE nº e CNPJ nº, com sede Rua TAL, Bairro TAL, Cidade TAL, Estado TAL, CEP 000, vem a presença de Vossa Excelência, por intermédio do(a) advogado(a) subscrito(a), cuja procuração segue anexa, propor a presente
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA C/C REVISIONAL DE CONTRATO E RESTITUIÇÃO DE VALORES
em face de FULANO DE TAL, com endereço na Rua TAL, Bairro TAL, Cidade TAL, Estado TAL, CEP 000, e BELTRANO, com endereço na Rua TAL, Bairro TAL, Cidade TAL, Estado TAL, CEP 000, de acordo com as os fatos e fundamentos adiante alinhavados.
DOS FATOS
Em DIA/MÊS/ANO a empresa TAL firmou com a Instituição Ré, a Cédula de Crédito Bancário de Empréstimo de Capital de Giro, codificada sob o nº 000, com vencimento da última parcela em DIA/MÊS/ANO, no valor nominal de R$ 00 (REAIS) conforme comprova a inclusa cópia.
Conforme exigido pelo Réu, foi dado como garantia a alienação fiduciária de vários imóveis no referido contrato, sendo o primeiro deles a residência dos sócios Rua TAL, Bairro TAL, Cidade TAL, Estado TAL, CEP 000.
Assim, encontram-se garantindo a referida Cédula de Crédito Bancário - EMPRÉSTIMO - CAPITAL DE GIRO, os referidos imóveis, dados em alienação fiduciária, o que é inadmissível, tanto por vedação legal quanto pelo entendimento jurisprudencial pátrio.
Além disso, no indigitado contrato há cláusula prevendo a cobrança da prática de periodicidade da capitalização em sua forma DIÁRIA, tornando-se ainda mais oneroso e injusto o pacto.
Daí a razão da presente ação declaratória de nulidade da garantia de alienação fiduciária c/c revisional de contrato, restituição de valores.
DO DIREITO
Conforme já salientado acima, foi instituído no empréstimo realizado como forma de condição de sua concessão a alienação fiduciária de bens imóveis (Lei 9.514/97), de propriedade dos Autores, seja dos Sócios ou das empresas das quais eles estão vinculados.
A Lei 9.514/97, como se sabe, tem como finalidade fomentar o financiamento de bens imóveis (para sua aquisição, reforma ou edificação), com vistas a facilitar que o maior número de pessoas tenha acesso ao direito à moradia, constitucionalmente garantido (art. 6º da Constituição Federal).
Todavia, no presente caso, a finalidade da lei foi desviada pelo Réu, na medida em que foi constituída alienação fiduciária de bens imóveis (INCLUSIVE A RESIDÊNCIA DOS SÓCIOS ORA AUTORES), para garantia de "Cédula de Crédito Bancário em Empréstimo de Capital de Giro", visando a obtenção do referido empréstimo.
Nesse sentido é o entendimento da jurisprudência pátria:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO COM PEDIDO DECLARATÓRIO DE NULIDADE DE GARANTIA FIDUCIÁRIA DE BEM IMÓVEL. PEDIDO LIMINAR DE SUSPENSÃO DO PROCEDIMENTO EXTRAJUDICIAL DE CONSOLIDAÇÃO DO BANCO NA POSSE E PROPRIEDADE DO IMÓVEL. GARANTIA FIDUCIÁRIA VINCULADA A CONTRATO DE EMPRÉSTIMO DE CAPITAL DE GIRO. DESATENDIMENTO DA FINALIDADE DO INSTITUTO DA ALIENÇÃO FIDUCIÁRIA DE IMÓVEIS (LEI 9.514/97). MÚTUO CONTRATADO POR SOCIEDADE EMPRESÁRIA. IMÓVEL DADO EM GARANTIA FIDUCIÁRIA DE PROPRIEDADE DE SÓCIO E UTILIZADO COM O FIM DE MORADIA. RELEVANTES FUNDAMENTOS PARA A SUSPENSÃO DO PROCEDIMENTO EXPROPRIATÓRIO. PERICULUM IN MORA CONFIGURADO. RECURSO PROVIDO. 1. A constituição de garantia fiduciária sobre bem imóvel deve estar de acordo com o escopo da Lei 9.514/97, que é o incentivo ao financiamento imobiliário (para aquisição, edificação ou reforma do imóvel), com vistas ao atendimento do direito constitucional à moradia (art. 6º, CF); 2. Mostra-se impertinente, contrariando a finalidade da Lei 9.514/97, que o imóvel onde o sócio reside seja dado em garantia fiduciária de contrato de empréstimo para capital de giro contraído pela sociedade empresária; 3. Sendo relevantes os fundamentos, e considerando o perigo de desapossamento do imóvel residencial, plenamente cabível a suspensão liminar do procedimento extrajudicial de consolidação do banco na posse e propriedade do imóvel. (TJPR/AI nº 652535-3, Rel. Desembargador Lauri Caetano da Silva, 17™ Cível, j. 19.05.2010)
(...)
AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM IMÓVEL - LIMINAR DEFERIDA PARA ABSTENÇÃO DE QUALQUER ATO QUE CULMINE NA ALIENAÇÃO DO IMÓVEL RURAL - ADEQUAÇÃO DO PROVIMENTO ATACADO - GARANTIA FIDUCIÁRIA VINCULADA A CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO - EMPRÉSTIMO DE CAPITAL DE GIRO - DESATENDIMENTO DA FINALIDADE DO INSTITUTO, NOS TERMOS DA LEI Nº 9.514/97 - MÚTUO CONTRAÍDO POR SOCIEDADE EMPRESÁRIA - IMÓVEL DE PROPRIEDADE DE SÓCIO - DECISÃO MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO. (TJPR/AI nº 769.406-0, Rel. Juiz Conv. Em 2º Grau Fabian Schweitzer, 17ª Cível, j. 18.15.2011)
Assim, a declaração de nulidade das cláusulas que estabelecem a garantia por meio de alienação fiduciária dos imóveis dos Autores, é medida que se impõe.
Comprovadamente, o contrato celebrado entre a Primeira Autora e o Réu, não pode prevalecer, porquanto as suas cláusulas estipulam a periodicidade da capitalização em sua forma diária, além de prever a cobrança da taxa de abertura de crédito, sendo, portando, nulas de pleno direito, nos termos do artigo 51 do CDC que diz:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
VI - Estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
A propósito, eis o que prescreve o disposto no artigo 39º, inciso V, do Código de Defesa do Consumidor prescreve:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
V - Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva.
Sendo o contrato efetivamente de adesão e elaborado na forma impressa, tal como definido no artigo 54 do CDC, é imperativa também a intervenção do Judiciário para trazê-lo de volta a realidade.
O Ministro Ruy Rosado de Aguiar comunga do mesmo raciocínio e assevera que há nulidade de pleno direito, a que se refere o artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor, é a nulidade do nosso Código Civil. Como tal, pode ser decretada de ofício pelo juiz e alegada em ação ou defesa por qualquer interessado, sendo a sanção jurídica prevista para a violação do preceito estabelecido em lei de ordem pública e interesse social (art.1º). (Comentários ao CDC, Eduardo Gabriel Saad, ª ed., pg.397).
Assim, repita-se, a limitação dos juros no presente contrato encontra amparo no Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil Brasileiro.
Nelson Nery Junior, ao comentar o CDC deixou consignado que "No regime jurídico do CDC as cláusulas abusivas são nulas de pleno direito porque contrariam a ordem pública de proteção ao consumidor. Isso quer dizer que as nulidades podem ser reconhecidas a qualquer tempo e grau de jurisdição, devendo o juiz ou tribunal pronunciá-las, porque são normas de ordem pública insuscetíveis de preclusão."
Denota-se, assim, que a atividade bancária não é uma atividade livre. Muito pelo contrário, se exerce de forma tutelada pelo Estado, tanto é que não se admite sequer o funcionamento de uma instituição financeira sem autorização expressa, permanentemente monitorada e controlada pelo Estado, através de normas de direito público, portanto, inderrogáveis pela simples vontade do Réu.
Trata-se, então, de normas de ordem pública que exercem tutela imperativa sobre o presente contrato. Portanto, admissível e procedente é a pretensão Autoral.
Estando o contrato com cláusulas ilegais e abusivas, não proíbe o mutuário de buscar socorro no Judiciário para a adequação da realidade jurídica do país.
Destarte, a cobrança de juros de forma capitalizada diariamente deve ser revista no contrato objeto da presente ação, isto porque a capitalização diária dos juros, como se sabe, é prática absolutamente vedadaem nosso ordenamento jurídico, consoante a posição jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça:
COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DOS JUROS. VEDAÇÃO. LEI DE USURA (DECRETO N. 22.626/33). INCIDÊNCIA. SÚMULA N. 121-STF. PERIODICIDADE ANUAL. DEFERIMENTO. MANUTENÇÃO. I. Nos contratos de abertura de crédito firmados com instituições financeiras, ainda que expressamente acordada, é vedada a capitalização diária dos juros porque carente de respaldo legal. Incidência do art. 4º do Decreto n. 22.626/33 e da Súmula n. 121-STF. II. Manutenção da periodicidade estabelecida nas instâncias ordinárias em obediência ao princípio da ne reformatio in pejus. III. Agravo desprovido. AgRg no REsp 486658/RS AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2002/0155287-0 Relator(a) Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR
Conforme se observa, a capitalização diária realizada pelo Réu jamais pode ser admitida, por ausência de previsão legal, ensejando, desse modo seu afastamento.
Como é cediço, o contrato que ora requer a Primeira Autora a revisão encontra-se eivado de graves ilegalidades, e tendo em mente que a pagamento dos ilegais encargos (conforme apontado no extrato da movimentação da conta bancária da Primeira Autora), a repetição dos valores pagos a maior ou indevidamente cobrados, após a revisão dos cálculos com base nos parâmetros sustentados na presente revisional, tem previsão expressa no art. 876, Código Civil:
Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir. A mesma obrigação incumbe ao que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição.
Portanto, quando revistas as cláusulas abusivas, e houver um crédito em favor da Primeira Autora, deve o Banco Réu restituir o que eventualmente cobrou a maior, por força do artigo citado.
Nesse diapasão, a repetição dos valores pagos a maior é medida que se impõe, cuja regularização deve ser feita através de liquidação de sentença.
DOS PEDIDOS
Em face do exposto, requer a parte Autora:
I - A citação dos Réus para, querendo, ofertar resposta em tempo hábil, sob pena de confissão e revelia;
II - A condenação do(s) Ré(us) para que a) seja determinada a exclusão dos imóveis dados como garantia de alienação fiduciária, porque ilegal e abusiva é a sua vinculação, conforme bem demonstrado acima; b) seja determinada a exclusão do nome dos Autores, enquanto se estiver discutindo a dívida judicialmente; c) afastar a capitalização diária dos juros no contrato em análise; d) condenação do Requerido à devolução em dobro da quantia paga a maior, em virtude do excesso, a ser apurada em sede de liquidação de sentença; conforme memória de cálculos (Anexo);
III - A condenação do(s) Réu(s) no ônus da sucumbência, na razão de 10% (dez por cento) do valor da condenação, além das custas já adiantadas ou outras despesas eventualmente despedidas.
Protesta-se provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.
Dá-se à causa o valor de R$ 000 (REAIS)
Termos em que,
Pede deferimento.
CIDADE, DIA, MÊS, ANO.
	
Advogado
OAB/UF
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