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PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
CENTRO DE PESQUISA PROFESSOR MANOEL TEIXEIRA DA COSTA 
 
 
 
 
 
PPRROOGGRRAAMMAA MMAAPPEEAAMMEENNTTOO GGEEOOLLÓÓGGIICCOO DDOO EESSTTAADDOO DDEE MMIINNAASS GGEERRAAIISS 
 
 
 
 
PPRROOJJEETTOO FFRROONNTTEEIIRRAASS DDEE 
MMIINNAASS GGEERRAAIISS 
 
(Contrato CODEMIG 3473, FUNDEP 19967) 
 
 
 
 
FOLHA ARAXÁ 
SE.23-Y-C-VI 
Escala 1:100.000 
 
 
 
 
 
Autores: 
Hildor José Seer 
Lucia Castanheira de Moraes 
Carlos Humberto Silva 
 
 
 
 
Coordenação Geral: Antônio Carlos Pedrosa Soares 
 
Coordenação de Geoprocessamento: Eliane Voll e André Luiz Profeta 
 
 
 
 
Agosto/2015 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
1 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 3 
2. TRABALHOS ANTERIORES .............................................................................................................................. 9 
3. ASPECTOS GEOMORFOLÓGIOS E GEOLÓGICOS DESTACADOS NAS IMAGENS E 
AEROGEOFÍSICA ................................................................................................................................................... 15 
3.1. Introdução ...................................................................................................................................................... 15 
3.2. Modelo digital de terreno .............................................................................................................................. 15 
3.3. Magnetometria (sinal analítico e derivada vertical) ................................................................................... 17 
3.4. Gamaespectrometria ..................................................................................................................................... 19 
3.5. Composição de mapas geofísicos e imagens ................................................................................................ 21 
4. ESTRATIGRAFIA ............................................................................................................................................... 27 
4.1. Introdução ...................................................................................................................................................... 27 
4.2. Grupo Canastra ............................................................................................................................................. 28 
4.2.1. Unidade C2 .............................................................................................................................................. 28 
4.2.2. Unidade C3 .............................................................................................................................................. 30 
4.2.3. Unidade C4 .............................................................................................................................................. 31 
4.2.4. Unidade C5 .............................................................................................................................................. 32 
4.2.5. Unidade C6 .............................................................................................................................................. 33 
4.2.6. Unidade C7 .............................................................................................................................................. 34 
4.2.7. Unidade C9 .............................................................................................................................................. 34 
4.2.8. Unidade C10 ............................................................................................................................................ 35 
4.2.9. Unidade C11 ............................................................................................................................................ 35 
4.2.10. Unidade C12 .......................................................................................................................................... 35 
4.2.11. Unidade C13 .......................................................................................................................................... 36 
4.2.12. Unidade C14 .......................................................................................................................................... 37 
4.3. Grupo Araxá .................................................................................................................................................. 37 
4.3.1. Introdução ................................................................................................................................................ 37 
4.3.2. Unidade arxx1 ......................................................................................................................................... 37 
4.3.3. Unidade arxx2 ......................................................................................................................................... 39 
4.3.4. Unidade arxanf ........................................................................................................................................ 40 
4.3.5. Unidade arxg1 ......................................................................................................................................... 40 
4.3.6. Unidade arxg2 ......................................................................................................................................... 41 
4.3.7. Unidade arxg3 ......................................................................................................................................... 42 
4.4. Grupo Ibiá ...................................................................................................................................................... 44 
4.5. Complexos alcalino-carbonatíticos e diques de kamafugitos ..................................................................... 46 
4.5.1. Complexo alcalino-carbonatítico do Barreiro. ......................................................................................... 46 
4.5.2. Complexo alcalino-carbonatítico de Tapira ............................................................................................. 48 
4.5.3. Diques kamafugiticos .............................................................................................................................. 51 
4.6. Coberturas detrítico-lateríticas .................................................................................................................... 53 
5. GEOLOGIA ESTRUTURAL E METAMORFISMO ....................................................................................... 55 
5.1. Geologia estrutural ........................................................................................................................................ 55 
5.2. Metamorfismo ................................................................................................................................................ 65 
5.2.1. Metamorfismo no Grupo Araxá ............................................................................................................... 65 
5.2.2. Metamorfismo no Grupo Ibiá .................................................................................................................. 66 
5.2.3. Metamorfismo no Grupo Canastra .......................................................................................................... 66 
6. OCORRÊNCIAS E DEPÓSITOS MINERAIS .................................................................................................. 67 
6.1. Introdução ......................................................................................................................................................67 
6.2. Recursos minerais em exploração ................................................................................................................ 67 
6.2.1. Nióbio ...................................................................................................................................................... 67 
6.2.2. Fosfato ..................................................................................................................................................... 71 
6.2.2.1. Mina de fosfato do Barreiro ............................................................................................................. 71 
6.2.2.2. Mina de fosfato de Tapira ................................................................................................................ 72 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
2 
6.2.3. Águas Minerais ........................................................................................................................................ 73 
6.2.4. Granito ..................................................................................................................................................... 73 
6.2.5. Laterita ..................................................................................................................................................... 73 
6.3. Recursos minerais potenciais........................................................................................................................ 75 
6.3.1. Ouro ......................................................................................................................................................... 75 
6.3.2. Manganês ................................................................................................................................................. 75 
6.3.4. Rutilo ....................................................................................................................................................... 76 
6.3.5. Rocha ornamental .................................................................................................................................... 77 
7. AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................................... 79 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................ 80 
 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
3 
1. INTRODUÇÃO 
A Folha Araxá é bastante conhecida do ponto de vista geológico não só pelos recursos 
minerais que contém - estão inseridos nela os Complexos Carbonatíticos de Araxá e Tapira - 
como especialmente por ser área tipo dos importantes Grupos de rochas Canastra, Araxá e Ibiá 
também possuidores de largo potencial para recursos minerais. Este trabalho representa um 
esforço de integração dos dados obtidos por diversos pesquisadores desta região permitindo 
gerar avanços na compreensão dos processos que originaram a Faixa Brasília Meridional. 
Certamente o avanço no conhecimento facilitará o esforço pela busca de novos depósitos 
econômicos, sejam de metais ou rochas ornamentais. 
A articulação da Folha Araxá – SE.23-Y-C-VI, na escala 1:100.000, delimitada por um 
retângulo com coordenadas 46° 30’ 00” W/ 19° 30’ 00” S e 47° 00’ 00” W / 20° 00’ 00” S - pode 
ser vista na figura 1.1. Localiza-se na região do Alto Paranaíba, no Estado de Minas Gerais e 
abarca parte dos municípios de Araxá, Ibiá, Tapira, Pratinha, Medeiros e São Roque de Minas. A 
Folha abriga as sedes dos municípios de Araxá e Tapira, além dos vilarejos da Argenita, da 
Tragédia e da Boca da Mata (figuras 1.2, 1.3 e 1.4). 
 
Figura 1.1. Articulação da Folha Araxá em relação às Folhas vizinhas e localização da Folha Araxá em relação aos 
Estados de Minas Gerais e São Paulo e em relação às folhas vizinhas do Projeto Fronteiras de Minas. 
MG
SP
IBIÁ
ARAXÁ
FORMIGAVARGEM BONITA
46°W
46°W
2
0
°S
2
0
°S
0 25 50km
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
4 
 
Figura 1.2. Localização das sedes dos Municípios de Araxá e de Tapira e dos vilarejos de Argenita, Tragédia e 
Boca do Mato sobre Modelo Digital de Terreno. 
 
 
Figura 1.3. Vista panorâmica da cidade de Araxá, tomada no sentido S. 
Segundo estatística do IBGE de 2010 (Tabela 1), o Município de Araxá era o mais 
populoso com 93.672 habitantes, enquanto o menos populoso era o de Medeiros. Entre 1991 e 
2010 todos os municípios envolvidos tiveram elevação do Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDHM) e Tapira apresentou o melhor ganho. Ainda assim, todos estão muito distantes do valor 
máximo, que é hum, e apresentam Índice de Desigualdade e Pobreza elevado, entre 17,06 (Ibiá) 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
5 
e 27,56 (São Roque de Minas). Todos os municípios envolvidos possuem um setor agropecuário 
importante, mas a economia de Araxá e de Tapira está baseada na explotação de recursos 
minerais. Araxá produz nióbio, fosfato e água mineral, além de gado de corte, leite, frango e 
grãos em menor quantidade. A economia de Ibiá e de Medeiros assenta-se fortemente no setor 
agropecuário, em especial no gado de corte e leiteiro, produção de frango e produção de milho, 
soja e feijão. Além de fosfato, o município de Tapira produz gado leiteiro e de corte, frango, 
milho e feijão. São Roque de Minas tem sua economia baseada na produção de gado de corte e 
leiteiro e, subordinadamente, na produção de frango, milho e feijão. Nesse município o setor 
turístico vem ganhando fôlego a cada ano já que se encontra na porta de entrada para o Parque 
Nacional da Canastra. Destaca-se dos dados da Tabela 1 e das informações dadas acima a 
importância da mineração na economia e no IDHM de um município. 
 
Figura 1.4. Praça central do vilarejo de Argenita. Tomada no sentido NE 
A sede municipal com melhor infraestrutura hoteleira e gastronômica é Araxá. Possui 
também razoável infraestrutura geral de apoio como oficinas, hospitais, comércio e aeroporto. 
Esta característica a torna favorável como apoio a trabalhos de mapeamento geológico. 
Tabela 1. Tabela comparativa para os municípios presentes na Folha Araxá, segundo o IBGE, 2010. Veja discussão 
no texto. 
CIDADE 
HABITANTES 
(2010) 
HAB/KM² 
IDHM 
2010 
IDHM 
1991 
PIB per 
capita 
Índice 
desiguald. 
pobreza 
ARAXÁ 93.672 80,45 0,772 0,549 31.457,42 17,64 
IBIÁ 23218 8,59 0,718 0,513 25.474,00 17,06 
MEDEIROS 3644 3,64 0,711 0,466 19.815,90 17,77 
TAPIRA 4423 3,49 0,712 0,425 82.790,00 24,85 
S. ROQUE DE MINAS 6686 3,19 0,672 0,400 15.691,00 27,56 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
6 
A Folha Araxá possui beleza cênica notável e é cortada por um número significativo de 
rodovias. Na sua porção norte passam as rodovias BR-262, com direção E – W, e MG-146, com 
direção N – S para Patos de Minas. No extremo noroeste encontra-se a BR-452, para Uberlândia 
e Estado de Goiás e na região sudoeste, a MG-172, para Sacramento e Estado de São Paulo. A 
rede de estradas vicinais é boa e sua manutenção fica a cargo das prefeituras locais. As estradas 
são em geral bem pavimentadas, mas à época das chuvas, que vai dos meses de novembro até 
março, muitos trechos ficam intransitáveis. Na época da seca, nos meses de abril a outubro, 
oferecem trânsito normal, mas em geral com muita poeira, especialmente nas regiões onde 
afloram os litotipos filíticos dos Grupos Canastra e Ibiá. 
Como uma região elevada, com altitudes acima de 800 metros, a Folha de Araxá é uma 
região de nascentes. É bem drenada (figura 1.5) e com índices pluviométricos em torno de 1500 
mm/ano. Já que é dominada por rochas ricas em quartzo, sejam granitos, quartzitos ou mica-
quartzo xistos, configura-se como importante área de recarga de lençol freático. A serra da 
Bocaina é uma importante feição fisiográficaque corta a Folha Araxá mais ou menos ao meio, 
em direção E-W. Funciona como um divisor de águas local, ainda que as drenagens que ocorrem 
a norte e a sul da mesma façam parte da mesma Bacia Hidrográfica maior, que é a do rio 
Araguari. As principais drenagens a sul da Serra são os ribeirões do Inferno e do Entrecosto, seu 
tributário. A norte da Serra da Bocaina dominam os rios Quebra Anzol, São João e Tamanduá, 
que correm N-S, na porção centro leste da Folha (Figuras 1.6 e 1.7). Ainda que mais de 90% 
desses rios esteja na porção norte da Folha Araxá, as nascentes dos rios Quebra anzol e São João 
se encontram na porção a sul da Serra, atravessando um vão da mesma para norte. De modo 
geral córregos, ribeirões e rios possuem águas turvas quando sob impacto antrópico. Caso 
contrário, ainda que fluindo sobre os termos mais finos dos Grupos Canastra e Ibiá, possuem 
águas límpidas pelo excesso de quartzo presente na maioria das litologias. A queda d’água maior 
é a Cachoeira da Argenita, no rio São João, a sul de Argenita, na Serra da Bocaina (ver Capítulo 
3). 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
7 
 
Figura 1.5. Rede de drenagem da Folha Araxá; ainda que domine o padrão dendrítico, localmente o padrão 
retangular é marcante e reflete sistema de fraturas presente nas rochas. Em torno dos complexos alcalino-
carbonatíticos predominam os padrões radiais e anelares. 
 
Figura 1.6. Aspecto do rio Quebra Anzol, cujo nome reflete o fato de ser de leito dominantemente rochoso, gerando 
corredeiras e tornando as pescarias mais emocionantes. Ponte na estrada velha entre as cidades de Ibiá e Araxá, 
próximo à serra da Sobra. Escala sobre afloramento dos ritmitos do Grupo Ibiá. 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
8 
 
Figura 1.7. Rio São João, logo após a cachoeira da Argenita. Tomada para jusante. A areia presente na praia 
temporária é fortemente encascalhada e a mata ciliar bem preservada. 
 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
9 
2. TRABALHOS ANTERIORES 
De acordo com Barbosa et al. (1970), o fator determinante das observações geológicas na região 
de Araxá foi a presença de águas minerais. O primeiro registro conhecido é de Saint Hilaire, no 
século XVIII, mas também mencionaram a região Guimarães (1925), Andrade Jr. (1925) e Barbosa 
(1955), dentre outros. A não ser quando especificado, as informações contidas nesse tópico são de 
Seer (1999) e Seer et al. (2001). 
Barbosa (1955) define o Grupo Araxá e interpreta suas rochas como de eugeossinclinal 
pertencentes “pelo menos a um ciclo tecto-orogênico pré-Baykaliano”, o Ciclo Uruaçuano. A 
partir dessa concepção, Almeida et al. (1976, 1977) propõem a compartimentação tectônica nas 
Faixas de Dobramento Brasília e Uruaçu e no Maciço Mediano de Goiás. Definem, ainda, a 
Província Estrutural Tocantins, em cujo limite leste – com o Cráton do São Francisco – se 
desenvolve a Faixa Brasília, durante o Neoproterozoico. Em 1963 Barbosa define o Grupo 
Canastra, interpretado por Almeida (1967), juntamente com o Grupo Bambuí de Branco e Costa 
(1961), como um miogeossinclíneo da Faixa Brasília. 
Ainda que Barbosa et al. (1970) realizaram mapeamento com o objetivo nuclear de 
caracterizar o magmatismo alcalino de idade cretácea em toda região do Triângulo Mineiro, na 
escala 1:250.000, seu trabalho sobre os terrenos pré-cambrianos da região de Araxá (Folha 
Araxá) permitiu avanços consideráveis na compreensão de sua evolução. Interpretaram as rochas 
do Grupo Araxá como “metamorfitos de fácies epidoto-anfibolito, consistindo essencialmente de 
micaxistos e quartzitos com intercalações de anfibolitos", estes últimos subordinados. O Grupo 
Araxá estaria sobreposto a um embasamento constituído de gnaisses e granitos e supostamente 
sotoposto a metassedimentos pelítico-psamíticos e grafitosos do Grupo Canastra, 
metamorfizados em fácies xisto verde médio a alto. Identificam a presença de pequenos corpos 
ultrabásicos serpentinizados de ocorrência restrita, alojados nas rochas relacionadas ao Grupo 
Araxá, um dos quais ocorre próximo ao ribeirão Buriti, sudeste de Monte Carmelo, e outro a sul 
de Araxá, na Fazenda Boa Vista, este encaixado em xistos granatíferos. Ainda, denominaram 
Formação Ibiá aos calcoxistos metamorfizados em fácies xisto verde baixo, que ocorrem nas 
proximidades da cidade de Ibiá. Na base desta unidade e no contato com o Grupo Canastra, a 
norte da cidade de Coromandel, os mesmos autores encontraram um metaconglomerado com 
matriz filítica e arcabouço de seixos de granitos, gnaisse e quartzito, o que os levou a 
posicionarem a Formação Ibiá acima do Grupo Canastra. Ainda de acordo com Seer et al. 
(2001), 
“Os poucos trabalhos, posteriormente realizados na região, colocam em dúvida a validade 
destes conceitos. Paulsen et al. (1974) mapearam corpos anfibolíticos com grande distribuição 
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PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
10 
areal a leste da cidade de Araxá e acreditam que exista transição entre as unidades Araxá e Ibiá e 
não uma discordância tectônica/metamórfica como supunham Barbosa et al. (1970). Ferrari 
(1989) também não acredita na existência de falhamento entre os Grupos Araxá e Ibiá, supondo-
os interdigitados. Besang et al. (1977) chamam a atenção para a existência de granitos nas 
proximidades de Araxá-Ibiá que não representam o embasamento mais antigo como supunham 
Barbosa et al. (1970). Mais recentemente Simões e Navarro (1996, 1997) concluíram que a 
evolução estrutural dos grupos Araxá, Ibiá e Canastra na região de Araxá é similar à da Nappe de 
Passos (Simões 1995, Valeriano 1993, Valeriano et al. 1994, 1996), e descrevem uma estrutura 
sinformal regional que denominaram Sinforma de Araxá”. 
Autores como Marini et al. (1978), Fuck e Marini (1979), Marini et al. (1984a) e Marini et 
al. (1984b) dão novo enfoque às ideias de Almeida et al. (1976, 1977) a partir da teoria da 
Tectônica Global. Para Marini et al. (1984b), a Faixa de Dobramentos Brasília evoluiu durante o 
Ciclo Brasiliano, com deformação e metamorfismo em torno de 600 Ma e "é constituída por 
metassedimentos do Proterozoico Superior, metamorfizados desde incipientemente até o fácies 
xisto verde, sendo metamorfismo e deformação gradativamente menos intensos de oeste para 
leste, onde transiciona para os sedimentos de cobertura do Cráton do São Francisco". 
Também defendem a evolução da Faixa dentro de um único ciclo geotectônico os 
seguintes autores: Costa et al. (1970), Costa e Angeiras (1971), Leonardos e Fyfe (1974), Pena et 
al. (1975), Dardenne (1978), Leonardos et al.(1990), Brod et al. (1991), Brod et al. (1992), Fuck 
(1990, 1994), Fuck et al. (1993, 1994), Trouw et al. (1984), Alkmim et al. (1993), (Suita e 
Chemale Jr. (1995), Ribeiro (1994), Pimentel et al. (1992), Fonseca e Dardenne (1996), Fonseca 
(1996), Strieder (1993), Strieder e Nilson (1992 e 1994) e Freitas-Silva (1991). Pimentel et al. 
(1999) incrementam a proposta com acreção de arcos vulcânicos intraoceânicos e o registro de 
pelo menos duas colisões continentais. 
Brod et al. (1991) defendem que o ciclo Brasiliano tenha se iniciado por rifteamento de 
crosta continental (complexo granito-gnáissico) com geração de assoalho oceânico (metagabros 
e anfibolitos) e sedimentação abissal (metapelitos e metachert) acompanhada de vulcanismo 
básico e ácido. Nesse caso, a subducção do assoalho oceânico ocorreu de leste para oeste, sob o 
Cráton Paranapanema, e o ciclo teria se fechado com colisão continental queteria estruturado a 
região em diversas escamas tectônicas superpostas, onde o metamorfismo aumenta de leste para 
oeste. 
Fuck (1994) elabora uma síntese sobre a Faixa Brasília, e a considera edificada em três 
zonas, a saber: Zona Cratônica, constituída por exposições do embasamento cobertas pelas 
sequências sedimentares proterozoicas dos Grupos Paranoá e Bambuí, Zona Externa, 
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PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
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representada pelas sequências metassedimentares dos Grupos Paranoá e Canastra e pelas 
Formações Vazante e Ibiá, além de porções de seu embasamento e Zona Interna, que 
compreende os micaxistos e as rochas do Grupo Araxá e áreas de embasamento expostas entre os 
xistos. Concordando com essa leitura Valeriano et al. (1994) acrescentam que "... este 
zoneamento apresenta-se truncado e deslocado por zonas de transferência transcorrentes 
(rampas laterais) que tiveram um papel de acomodação entre segmentos transversais com 
diferentes taxas de deslocamento" e que algumas destas zonas se desenvolveram a ponto de 
dificultar a correlação dos domínios longitudinais e unidades litoestratigráficas em segmentos 
transversais adjacentes. 
Em 1996, Fonseca e Dardenne ampliam as ideias de Strieder (1993) propondo que a 
estruturação da Faixa Brasília deu-se num contexto de "colisão com uma margem irregular, na 
forma de um indentante que avança em direção ao pós-país" gerando a partição da deformação a 
partir da Megainflexão dos Pireneus. A consequência é a configuração de sistemas transcorrentes 
com cinemática sinistral a sul daquela megaestrutura e destral a norte da mesma. Estudando a 
região de Jussara-Goiás-Mossâmedes Pimentel et al. (1996) apoiam essa concepção e sugerem 
que o Maciço de Goiás não seria um micro continente (conforme proposto por Fuck, 1994), mas 
a extremidade ocidental do continente neoproterozoico São Francisco / Congo, e teria atuado 
como uma saliência indentadora durante a colisão entre este continente e o continente 
Amazônico durante o Neoproterozoico. 
Para Pimentel et al. (1999), o setor meridional da Faixa passou por colisão entre o 
continente São Francisco e o Cráton Paranapanema em torno de 0,79 Ga. – idade das 
manifestações magmáticas ácidas da região de Ipameri e Pires do Rio – e entre os continentes do 
Amazonas e do São Francisco, em torno de 0,63 Ga. (idade Brasiliana). 
Em 1999, Seer faz uma revisão bibliográfica importante em sua tese de doutorado, sobre o 
estado da arte da Faixa de Dobramento Brasília em seu setor sul. Além dos autores já citados, 
destaca Paulsen et al. (1974), que registram uma ocorrência de esteatito e talco-xisto encaixado 
em sequência de filitos quartzitos e micaxistos, a sudeste de Tapira e Ferrari (1989a), que 
assinala a existência de tremolita-clorita xisto, talco-tremolita xisto, tremolita-clorita-granada 
xisto, serpentinito, anfibolito, corpos de peridotito preservados de xistificação e metagabros 
localizados a norte de Perdizes e Pedrinópolis. Para Braun e Baptista (1976) a Serra da Canastra 
foi "formada por blocos erguidos por falhamentos inversos e reativados em alguns lugares por 
transcorrência" a exemplo "da Serra de Pirapetinga, logo a sul de Araxá, onde os quartzitos com 
intercalações de xistos foram soerguidos para norte, o que é nitidamente observável pelas dobras 
de arrasto e mullions nas excelentes exposições da estrada Araxá-Uberaba e no boqueirão do 
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PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
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ribeirão São João. Admitem ainda que o "caráter de baixo grau de metamorfismo dos quartzitos 
é em grande parte resultado de diaftorese, pois quase todas suas exposições mostram profunda 
milonitização" e que "a maioria de seus leitos sofreu completa transposição tectônica, sendo 
mínima a preservação das características sedimentares". Ferrari (1989b) identifica a imposição 
de uma fase diaftorética ao nível baixo da fácies xisto verde e que"...foi acompanhada também 
de um evento metassomático gerador de muscovita, quartzo, albita e feldspato potássico, 
impondo a quaisquer litótipos do Grupo Araxá, bolsões e vênulas pegmatóides que lhes confere 
um aspecto de xisto gnaissóide". Simões e Navarro (1996) também identificam esse evento 
retrometamórfico, relacionando-o com o cavalgamento do domínio Interno sobre o domínio 
Externo e posicionam as rochas do Grupo Canastra no domínio Externo da Faixa Brasília (Fuck 
et al.,1993), correspondentes, na região de Araxá, a uma sequência psamo-pelítica de filitos 
muscovíticos e quartzitos, com predominância de quartzitos para o topo. Estes foram 
individualizados como uma subunidade do grupo em mapa, representando nova modificação no 
trabalho de Barbosa et al. (1970). Do ponto de vista estrutural, Simões e Navarro (1996) 
identificam indicadores de transporte tectônico para ESE, dois conjuntos de dobras que dobram a 
foliação principal, ambos com planos axiais subverticais, um dominante, com direção axial 
WNW a NW (fase Dn+1) e outro, NNW a ENE (fase Dn+2), além de uma zona de cisalhamento 
subvertical a sul de Araxá- denominada Zona de Cisalhamento da Bocaina - já identificada por 
Barbosa et al. (1970), com direção N80-85W, lineação de estiramento 5/N70W, e com 
cinemática sinistral, associada à fase Dn+1. Acreditam também que esta zona corresponde a 
continuidade do sistema de cisalhamento Campos Altos-Lagoa da Prata (Magalhães, 1989), e a 
interpretam como pós-cavalgamento. 
Ainda no mesmo trabalho, Seer menciona Pereira et al. (1994) e Dardenne (2000), que 
interpretam a Formação Cubatão do Grupo Ibiá como depósito glácio-marinho que 
gradativamente daria lugar, rumo ao topo, aos pelitos Rio Verde, estes considerados como 
depósitos transgressivos pós-glaciais. Conclui também que os grupos Araxá,Canastra e Ibiá 
foram reunidos durante colisão ocorrida entre 630 e 600 Ma, no setor meridional da Faixa 
Brasília como terrenos tectonoestratigráficos, sem vínculos genéticos entre si e provenientes de 
regiões geográficas distintas, estando separados por zonas de cisalhamento. O Grupo Araxá 
passa a ser caracterizado como um fragmento de crosta oceânica e o embasamento cristalino de 
Barbosa et al. (1970) passa a ser reinterpretado como corpos graníticos sin-colisionais 
intensamente deformados. Entretanto, Simões e Navarro (1996) afirmam que a Formação Ibiá 
faz contato com as unidades superior (quartzítica) e inferior do Grupo Canastra, sugerindo que, 
“se o contato é normal (com base em Pereira et al., 1992), provavelmente deve representar uma 
discordância angular. Alternativamente pode indicar um contato tectônico". 
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PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
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A área situada entre as Serras da Bocaina e da Canastra foi palco do estudo desenvolvido 
por Silva (2003); Silva et al. (2004); Silva et al. (2006) e Silva et al. (2012) e contempla a área 
tipo do Grupo Canastra. Segundo esse autor, as rochas dessa região representam diferentes 
escamas de diferentes fácies sedimentares de uma margem passiva. As rochas das escamas 
inferior e intermediárias do Domínio Leste foram interpretadas como representantes de fácies de 
plataforma distal, correlacionáveis ao Grupo Canastra. As rochas da escama superior do 
Domínio Leste e da escama dois do Domínio Oeste são interpretadas como depositadas em 
talude continental e correlacionáveis ao Grupo Araxá. O autor apresenta também importantes 
dados sobre datação e metamorfismo dessas sequências. Para Seer et al. (2004), 
“o empilhamento tectônico e a intensa deformação na FBM tornam difíceis correlações 
diretas entre as unidades litoestratigráficas das diferentes escamas. Entretanto, a faciologia 
sedimentar e as características geoquímicas/geocronológicas apontam para ambientação de 
margem passiva. Porções da bacia de fácies mais distais (talude, sopé continental e assoalho 
oceânico) se empilharam tectonicamente sobre as fácies de plataforma mais proximal. As 
escamas de empurrão inferiores apresentam metamorfismo em fácies xisto verde e as superiores 
tendem a apresentar fácies anfibolito e granulito. Nas rochas de alto grau, gradientes de alta 
pressão têm sido observados (Simões, 1995), indicando que, em uma etapa precoce da 
orogênese, a margem continental sanfranciscana mais distal entrou em subducção parcial sob a 
placa e/ou terrenos colidentes vindos de oeste, sendo a seguir exumada e empurrada sobre as 
escamas mais próximas ao antepaís”. 
A descoberta do terreno ortognáissico Nova Aurora, com 1,2 Ga por Klein (2008), no 
sudeste de Goiás, locado tectonicamente ao lado de terrenos mais jovens, e de granitos 
intraplacas na região de Araxá reforça a sugestão de que a Faixa de Dobramentos Brasília 
resultou da amalgamação de terrenos tectonoestratigráficos com idades e origens distintas, como 
sugerido por Seer (1999). 
Em relação ao Grupo Ibiá, Dias et al. (2011) propõem para a deposição dos pelitos com 
frequentes intercalações carbonáticas (margas) da Formação Rio Verde, um ambiente de bacia 
marinha,” em clima quente, preenchida no limiar dos estágios pré-colisional e sin-colisional 
(ca. 640 Ma) a partir da erosão, principalmente, de rochas dos arcos magmáticos, ofiolitos e 
granitos sin-colisionais da Faixa Brasília. Os dados de campo e análise estrutural evidenciam 
que a Formação Rio Verde foi, em maior parte, depositada diretamente sobre o Grupo 
Canastra, e as idades mínimas de sedimentação sugerem que a exumação de nappes na região 
de Araxá ocorreu após 640 Ma” enquanto o paraconglomerado Cubatão “representaria leques 
aluviais relacionados a frentes de empurrão que envolveram a parte distal do Grupo Canastra”. 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
14 
Um aprofundamento do estudo sobre os corpos graníticos é realizado por Seer e Moraes 
(2013), que identificam granitos anorogênico, com 833Ma, pré-colisional de 790Ma, sendo 
representante de um arco magmático nesta região e sin-colisional, entre 642 e 630 Ma. 
Os Complexos Alcalinos-Carbonatíticos de Araxá e de Tapira foram alvo de inúmeros 
trabalhos, que mereceram uma ampla revisão de Brod et al. (2004). Com base nesse trabalho, a 
região do Arco do Alto Paranaíba foi palco de intenso magmatismo máfico-ultramáfico alcalino 
e ultrapotássico, gerando corpos intrusivos (diques, condutos, diatremas e complexos plutônicos) 
e extrusivos (lavas e piroclásticas) durante o Neocretáceo. As rochas incluem kimberlitos, 
olivina lamproítos madupíticos e kamafugitos, além de complexos alcalino-carbonatíticos e 
diques de flogopitapicrito (Gibson et.al., 1995b). Em Araxá, o Complexo é uma intrusão 
pequena (cerca de 4.5km de diâmetro e 15km
2
 de área), de configuração circular, mas um dos 
mais importantes do mundo por hospedar a maior reserva mundial de nióbio (bariopirocloro) e 
ser minerado para fosfato e nióbio. Tem por encaixantes xistos e quartzitos do Grupo Ibiá (Seer, 
1999), deformados em estrutura dômica. A auréola de fenitização é particularmente extensa, 
atingindo até 2.5 km de distância a partir do contato, e resulta na formação de arfvedsonita, 
calcita, feldspato alcalino, piroxênio sódico e apatita nos quartzitos, especialmente ao longo de 
fraturas (Issa Filho et. al.,1984). É considerado um exemplo extremo da Província no que diz 
respeito à predominância de dolomita carbonatitos, à intensidade da alteração metassomática das 
rochas ultramáficas, à extensão da auréola de fenitização nas encaixantes e às reservas contidas 
de nióbio. Os depósitos atualmente minerados de fosfato e nióbio são do tipo supergênico e o 
perfil de intemperismo pode atingir 250 metros de espessura. Por sua vez, o Complexo Alcalino-
Carbonatítico da Tapira é o mais meridional deles, deformou as encaixantes – do Grupo Canastra 
– em estrutura dômica, e está adjacente à cidade homônima e cerca de 30 km a SE da cidade de 
Araxá. A intrusão deformou as encaixantes do Grupo Canastra em uma estrutura dômica, 
provocou desenvolvimento local de disjunção colunar em quartzitos e produziu cristalização de 
piroxênio sódico e feldspatos em uma auréola de fenitização restrita (Brod, 1999). O complexo é 
aproximadamente elíptico, com 35 km
2
 de área, e consiste de clinopiroxenito e bebedourito, com 
quantidades subordinadas de carbonatito, foscorito, dunito serpentinizado, flogopitito, sienito, 
melilitolito e flogopitapicrito. Ainda que atualmente minerado para fosfato e titânio – esse último 
ainda sem aproveitamento econômico –, o manto de intemperismo associado mostra 
concentrações importantes de titânio, fosfato, nióbio, terras raras e vermiculita. 
 
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15 
3. ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS E GEOLÓGICOS DESTACADOS NAS 
IMAGENS E AEROGEOFÍSICA 
3.1. Introdução 
Tanto as interpretações geomorfológicas quanto as geológicas contaram com o auxilio de 
aerofotografias, imagem de satélite Geocover, imagens Landsat TM 7, imagens ASTER, MDT, 
imagem da Carta Topográfica de Araxá e imagens aerogeofísicas. Sua utilização de forma 
simples ou composta facilita, por exemplo, o traçado de contatos geológicos especialmente nos 
locaisonde há contraste geofísico e cobertura por solos e que são mais a regra que a exceção na 
área. 
A Folha já contava com dois trabalhos de tese de doutorado (Seer, 1999 e Silva, 2003), 
além de trabalhos de conclusão de curso de geologia e de iniciação científica. Assim, para a 
integração dos dados e compreensão final da Folha foi utilizado o software ArcGis 9.2. As 
imagens aerogeofísicas foram cedidas pela CODEMIG. São do levantamento Aerogeofísico do 
Estado de Minas Gerais, Programa 2005/2007 – Área 7- Patos de Minas – Araxá- Divinópolis. 
As fotografias aéreas são de 1964 e 1965, na escala 1:60.000 e do IBGE na escala 1:25.000. 
3.2. Modelo digital de terreno 
O relevo presente na Folha Araxá é bastante variado, com destaque para superfícies planas, 
cristas elevadas e vales encaixados em meio a ondulações suaves (figura 3.1). São superfícies 
que refletem o trabalho intempérico e erosivo sobre litotipos distintos e as deformações 
tectônicas que as mesmas sofreram ao longo de sua história. Tanto as superfícies planas como as 
cristas alongadas ocupam cotas acima de 1000 metros, podendo atingir até valores próximos a 
1400 metros, como mostra a figura 3.1. Representam a Superfície Sul-Americana, segundo 
Barbosa et.al. (1970) e se dispõem de forma concentrada na porção centro e sul da Folha, em 
rochas mais quartzosas do Grupo Canastra. Já as colinas de ondulação suave representam a 
Superfície Araxá conforme discutido por Barbosa (op.cit.) e estão bem marcadas tanto nas 
rochas do Grupo homônimo quanto naquelas do Grupo Ibiá, largamente predominantes na 
porção norte da Folha. No Modelo Digital de Terreno, figuras 3.1 e 3.2, fica bastante evidente 
como essa superfície é restrita na porção sul da Folha Araxá, limitada a vales como o do Rio São 
João, indicado na figura 3.1 com uma seta preta, em litologias menos quartzosas do Grupo 
Canastra. Vale destacar que na porção a sul da Serra da Bocaina – domínio do Grupo Canastra – 
também são vistas colinas suaves (figura 3.3). Em sua imensa maioria estão acima da cota 1000 
metros, isto é, pertencem ao domínio da Superfície Sul-Americana, e resultam de trabalho 
intempérico e erosivo sobre termos mais ricos em filossilicatos. 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
16 
As litologias e deformação superimposta se refletem na drenagem. Na porção da Folha à 
norte da Serra da Bocaina domina a drenagem do tipo dendrítica, enquanto na propria Serra e em 
outros setores a sul da mesma os padrões retangular e dendrítico estão presentes. 
 
Figura 3.1. Modelo Digital de Terreno em cores (SRTM 90m) destacando as superfícies de aplainamento de King 
(1956); as cores verde e creme representam a Superfície de Dissecação Araxá enquanto as demais marcam os 
terrenos da Superfície Sul-Americana. 
 
Figura 3.2. Modelo Digital de Terreno em tons de cinza. Nessa versão ficam destacadas as feições de deformação 
tectônica como as grandes dobras e cavalgamentos das Nappes Araxá e Tapira e as intrusões cretácicas Alcalino 
Carbonatíticas de Tapira (seta vermelha) e do Barreiro, em Araxá (seta preta). Também nítidos ficam os diferentes 
tipos de drenagem presentes e discutidos no texto. 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
17 
A) B) 
Figura 3.3. Aspectos geomorfológicos da Folha: A) fotografia tomada a partir da Serra da Bocaina para sul, 
destacando um relevo de colinas suaves cortadas por vales algumas vezes encaixados e, no último plano, mesas 
típicas do Grupo Canastra. No primeiro plano, o terreno de solo pobre e encascalhado das formações mais 
quartzosas que sustentam as cristas de serra, também do Grupo Canastra; B) Da serra da Bocaina (1º plano) para 
norte dominam largamente as colinas suaves formadas a partir de solos mais profundos sobre litologias Araxá e Ibiá. 
3.3. Magnetometria (sinal analítico e derivada vertical) 
Os mapas magnéticos (Figuras 3.4 e 3.5) definem bem as estruturas regionais. De norte 
para sul, as principais estruturas encontradas são três lineamentos de direção N60W, no extremo 
nordeste da Folha. Esses lineamentos são relacionados à injeção de diques máficos, encontrados 
na região, mas não identificados em campo na área da Folha Araxá. Também salta aos olhos a 
presença de duas anomalias circulares, uma menor, na porção noroeste da folha e outra maior na 
porção sudoeste que representam, respectivamente, os Complexos Carbonatíticos do Barreiro, 
em Araxá e de Tapira (na figura 3.2. essas anomalias estão ressaltadas, destacando-se a 
drenagem radial no Complexo de Tapira e radial a anelar no do Barreiro). A ampla ocorrência de 
anfibolitos ricos em pirrotita no Grupo Araxá, logo abaixo das lineações dos diques, no setor NE 
da Folha, também mostra valores magnéticos muito elevados. Da mesma forma, um sem número 
de pequenas anomalias circulares distribuídas por toda a área, melhor vistas na figura 3.5, estão 
muito marcadas. Em parte essas representam ocorrências de anfibolitos, mas a maioria parece 
referir-se a corpos kimberlíticos. Também são muito nítidos – não só nos mapas magnéticos, mas 
igualmente nos modelos digitais de terreno (figuras 3.1 e 3.2) e mapas gamaespectrométricos, 
discutidos posteriormente – os dobramentos sofridos pelas litologias pertencentes aos Grupos 
Canastra, Ibiá e Araxá; dobramentos na escala de dezenas de quilômetros e outras quilométricas 
internas àquelas podem ser vistas a Norte do Complexo Carbonatítico do Barreiro e a ESE do 
Complexo Carbonatítico da Tapira. 
Estão ligados à deformação tectônica ocorrida à época da criação do Pangea. Também a 
subida e instalação dos Complexos Carbonatíticos provocaram alterações tectônicas nas rochas 
pré-existentes, discutidas no capítulo de Estratigrafia. Uma anomalia magnética circular de porte 
médio (aqui denominada Anomalia de Argenita) ocorre na confluência das coordenadas 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
18 
330.000mE e 7.820.000mN e pode ser visualizada tanto no mapa da 1° derivada vertical do 
campo magnético quanto naquele do sinal analítico. 
 
Figura 3.4. Mapa Magnetométrico, primeira derivada vertical do campo magnético, da Folha Araxá. 
 
Figura 3.5. Mapa Magnetométrico Sinal Analítico. A linha fina, horizontal e persistente, à esquerda do Complexo 
Alcalino Carbonatítico de Tapira que, ao aproximar-se do mesmo, se inclina para sudeste é uma linha de 
transmissão de energia; mostra resposta ao Sinal Analítico semelhante ao das camadas de quartzitos micáceos e 
hematíticos do Grupo Canastra – que também se apresentam como linhas alongadas, porém deformadas. 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
19 
Por analogia com outras anomalias magnéticas circulares da região do Alto Paranaíba 
acredita-se tratar-se de um corpo kimberlítico, mas não foi possível checar no campo. O mapa da 
primeira derivada vertical destaca a presença de anomalias lineares nordeste, que são 
visualizadas menos claramente no mapa do Sinal Analítico e ainda não bem explicadas. Por fim, 
é interessante destacar a clareza com que aparecem, no mapa do Sinal Analítico, as barragens de 
rejeito – rico em magnetita – das mineradoras de fosfato e nióbio, como protuberâncias a 
noroeste e nordeste do Complexo Carbonatítico do Barreiro e a noroeste no de Tapira. 
Todas as feições destacadas – exceção feita às barragens de rejeito e à Anomalia de 
Argenita – emprestam significância geomorfológica à área e refletem feições geológicas 
presentes. Para ilustrar, as longas linhas de serra (figura 3.6) são constituídas a partir da 
deformação tectônica discutida acima em litotipos resistentes à erosão. Resultam em importantes 
referencias para mapeamento no campo. 
A) B) 
Figura 3.6. A imponente Serra da Bocaina; A) vista geral a partir do norte; B) detalhe do topo. O solo raso e pobre 
reflete a litologia muito quartzosa e se reflete na vegetação de campos rupestres. 
3.4. Gamaespectrometria 
Os mapas gamaespectrométricosutilizados são de contagem total (K + Th + U), canal de 
K, canal de Th e canal de U (Figura 3.7) e o Ternário – KUTh (Figura 3.8). Esses mapas também 
fornecem informações preciosas para o mapeamento, permitindo a caracterização 
gamaespectrométrica de cada unidade. 
Na figura 3.7, as rochas dos complexos carbonatíticos aparecem em destaque nos quatro 
mapas, com valores muito elevados, exceção feita ao canal de K. Ainda que quartzo xistos e 
quartzitos micáceos sejam os termos dominantes na Folha Araxá, os quatro mapas mostram que 
ortoquartzitos – marcados em tiras estreitas, alongadas e deformadas em tom azul – são muito 
limitados espacialmente. Os diques marcados nos mapas magnéticos não mostram expressão na 
gamaespectrometria, mas os granitos do Grupo Araxá se destacam com altos valores para 
Urânio, Tório e Contagem Total. A forte deformação dos mesmos, descrita por Seer (1999), é 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
20 
visível na forma como se apresentam como faixas (rosa e vermelhas) estreitas, estiradas, 
rompidas e/ou dobradas no centro norte da Folha. 
 
 
Figura 3.7. Mapas gamaespectrométricos, de contagem total, canal de potássio (K), canal de tório (Th) e canal de 
urânio (U). 
Ainda em relação à figura 3.7, praticamente toda a parte centro sul da Folha Araxá é 
preenchida por rochas do Grupo Canastra (Silva, 2003), exceção feita a uma faixa NW, no centro 
sul da folha, com valores gamaespectrométricos mais baixos (do verde até o azul escuro), 
interpretada por Silva (op.cit.) como pertencente ao Grupo Araxá. 
A variação na composição dos metassedimentos do Grupo Canastra fica muito evidenciada 
na gamaespectrometria, e a torna uma ferramenta valiosa no mapeamento geológico. Igualmente 
se diferenciam as litologias pertencentes aos Grupos Araxá e Ibiá, na porção centro nordeste. No 
mapa de Contagem Total, litologias do Grupo Ibiá não ultrapassam valores representados pelo 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
21 
amarelo e separam duas regiões de litologias do Grupo Araxá, com valores mais elevados; uma 
maior, à oeste e uma menor, quase triangular, à leste e que faz parte de uma klippe mapeada na 
Folha Campos Altos (Seer e Moraes, 2010). 
Do ponto de vista geomorfológico, as imagens ressaltam os dois domínios presentes na 
Folha Araxá, representativos dos Sistemas de Nappes Araxá e Tapira, mostradas na Figura 3.2, e 
separados por uma estrutura marcante, WNW que é a Serra da Bocaina (sustentada pelos 
quartzitos micáceos e ortoquartzitos discutidos acima). 
Já o Ternário (figura 3.8) traz outras informações importantes e complementares. Mostra 
como o Complexo Carbonatítico do Barreiro é mais enriquecido em Tório (em especial) e 
Uranio que o de Tapira, e como esse último é mais delimitado espacialmente que o primeiro. O 
limite difuso reflete uma importante atuação de processos hidrotermais, fato que será discutido 
na descrição estratigráfica. Destaca mais que qualquer outro mapa geofísico a zona de 
cizalhamento da Bocaina, que praticamente divide a Folha em duas na direção WNW/ESE, 
separando os Sistemas de Nappes de Araxá dos de Tapira. O Complexo Carbonatítico de Araxá 
rompe essa estrutura ao se intrudir, o que tambem é evidenciado na figura 3.7. As diferentes 
litologias dos Grupos Canastra, Ibiá e Araxá também se destacam muito bem, contribuindo de 
forma significativa para o mapeamento geológico. Por exemplo, na porção central da Folha, a 
norte da Zona de Cisalhamento da Bocaina, ocorrem litologias mais enriquecidas em K (devido à 
presença de muscovita), que são pertencentes ao Grupo Canastra. Igualmente, os granitos sin-
colisionais (em rosa no NW da Folha) são facilmente distinguiveis daquele pré-colisional, 
esverdeado e alongado na direção NW, próximo ao ‘nariz’ da Nappe, na porção centro leste do 
mapa. Bastante nítidas nessa imagem são duas faixas de direção NW, no centro sul da Folha, 
com valores gamaespectrométricos mais baixos (do verde até o azul escuro). A faixa de oeste foi 
interpretada por Silva (2003) como formada por rochas do Grupo Canastra, enquanto a da direita 
representaria o Grupo Araxá, conforme já discutido. Essa interpretação é aqui assumida. O 
Ternário destaca ainda uma forma ameboide que se projeta a partir do Complexo Alcalino 
Carbonatítico do Barreiro para NW e que representa a barragem de rejeito da mina de fosfato 
rica em magnetita e barita em especial, além de pirocloro. Igualmente, as barragens de água 
limpa e de rejeito da mina de fosfato aparecem nitidamente na figura 3.8. 
3.5. Composição de mapas geofísicos e imagens 
Os mapas geofísicos têm a vantagem de poderem ser sobrepostos com diferentes 
porcentagens de transparência e essa característica permite ao pesquisador fazer várias 
composições de modo a realçar feições e facilitar o entendimento da área. Para o Relatório em 
questão, são relacionadas a Imagem Geocover – ainda não discutida (figura 3.9) –, a mesma sob 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
22 
o Sinal Analítico com 40% de transparência (figura 3.10), o mapa de Contagem Total com 60% 
de transparência sobre Ternário (figura 3.11) e Contagem Total com 40% de transparência sobre 
Derivada Vertical, mostrado na figura 3.12. 
 
Figura 3.8. Mapa Ternário, onde são representados os valores relativos de todos os isótopos detectados. Discussão 
no texto. 
Na imagem Geocover (figura 3.9) e no mapa de Contagem Total com 60% de 
transparência sobre Ternário mostrado na figura 3.8 se destaca a presença de Cobertura 
Detrítico-Laterítica com textura lisa, tonalidade verde médio na primeira, e azul acinzentado na 
segunda, além de ausência de drenagens. Essa feição está presente em outros mapas já 
discutidos, mas confunde-se com alguma litologia. No caso aqui descrito, assim como na figura 
3.5, a Unidade claramente avança por mais de uma litologia e não é contínua, ocupando o topo 
de chapadas, como a leste do Complexo Carbonatítico de Tapira e em diversas manchas na 
porção NE da Folha. Compõem Coberturas Sedimentares Indiferenciadas, Terciárias e/ou 
Quaternárias e variam entre lateritas bastante maduras a areias inconsolidadas, passando por 
cascalheiras, litossolos e solos areno-argilosos. 
As grandes dobras e a Zona de Cisalhamento da Bocaina, já discutidas, também ficam 
realçadas nessas quatro figuras, mas a mancha urbana da cidade de Araxá só se destaca nas 
figuras 3.9 (seta branca no setor NW) e 3.10. Outra intervenção humana nítida na figura 3.9 são 
as barragens da mina de fosfato do Complexo Alcalino Carbonatítico de Tapira; a de água limpa 
aparece negra, à direita, enquanto a de rejeito mostra-se em tons de azul, à esquerda. 
 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
23 
 
Figura 3.9. Imagem Geocover; Araxá – indicada por uma seta branca – está destacada no NW da Folha, assim como 
as barragens, as minas e a intensa deformação das rochas no Sistema de Nappes Tapira, ao sul. 
 
Figura 3.10. Imagem do Sinal Analítico com 40% de transparencia sobre o Geocover. Uma vez mais se destaca a 
cidade de Araxá, em rosa. 
Ainda nas composições mostradas nas figuras 3.11 e 3.12, destacam-se no sul da imagem 
as duas faixas de direção NW – a mais à direita delas interpretada por Silva (2003) como parte 
do Grupo Araxá – e as deformações internas dos dois sistemas de nappes. Essas figuras sugerem 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
24 
uma descontinuidade do anel de quartzito no entorno do Complexo Alcalino Carbonatítico do 
Barreiro, o que é discutido no capítulo de Estratigrafia. 
 
Figura 3.11. Composição de imagens; Contagem Total com 60% de transparência sobre Ternário, mostrando as 
diferenças composicionais entre os diversos litotipos presentes e sua intensa deformação gerada no processo de 
formação do Pangea. 
 
Figura 3.12. Contagem Total com 40% de transparência sobre Derivada Vertical. 
Do ponto devista geomorfológico é importante destacar as feições adquiridas pelos 
litotipos do Grupo Ibiá nas proximidades da Zona de Cisalhamento da Bocaina; uma vez que a 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
25 
foliação – geralmente sub horizontal – sofre uma deflexão e passa a sub vertical, os afloramentos 
que restam do rápido desgaste intempérico e erosional que a nova situação proporciona, tomam 
feições conhecidas na região como dorso de elefante, vista na figura 3.13. 
Uma outra feição geomorfológica comum é aquela gerada por uma camada de quartzito 
envolvida por filitos ou xistos do Grupo Canastra; sendo mais resistentes à erosão, essas camadas 
ficam ressaltadas no relevo, gerando as linhas de serras com frequência na forma de mesas, 
conforme visto na figura 3.14. 
A) B) 
C) 
Figura 3.13. Feições dos ritmitos do Grupo Ibiá nas proximidades da Zona de Cisalhamento da Bocaina: A) a 
posição adquirida pela foliação; B) aspecto geral do afloramento em primeiro plano com a serra da Bocaina ao 
fundo; C) detalhe do dorso de elefante, com o cachorro da fazenda de escala. 
Por fim, também é significativo chamar atenção para a fragilidade da grande maioria dos 
solos da região, em especial aqueles gerados pelos litotipos ricos em quartzo do Grupo Canastra. 
São solos rasos, encascalhados, ácidos e, portanto, ocupados por vegetação escassa e de porte 
baixo como campos de altitude ou cerrado ralo (figura 3.15). As interferências humanas são 
geralmente acompanhadas por fortes impactos ambientais negativos. Como a topografia pode ser 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
26 
acidentada, mesmo sem a interferência humana esses solos estão sujeitos a processos de erosão 
intensa ou slumping. 
 
 
Figura 3.14. Aspecto dos quartzitos no topo de serras como mostrado na foto da esquerda; o quartzito aparece 
fraturado e em blocos deslocados na superfície do terreno; à direita morros com topos planos tipo mesas. 
A) B) 
 C) 
Figura 3.15. Aspectos erosivos ligados (em B) ou não (em C) à ação humana, devido à fragilidade do solo na 
região. 
 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
27 
4. ESTRATIGRAFIA 
4.1. Introdução 
Os trabalhos de campo na Folha Araxá possibilitaram uma reavaliação e integração dos 
trabalhos de Seer (1999) e de Silva (2003), uma vez que aqueles autores trabalharam na porção 
norte e sul da Folha, respectivamente. Além disso, tiveram que levar em conta os resultados 
obtidos durante o levantamento geológico da Folha Campos Altos, situada à leste da Folha Araxá 
(Seer & Moraes, 2010). Seer (1999) utilizou a nomenclatura clássica da literatura geológica 
mantendo as denominações Grupos Canastra, Ibiá e Araxá, sem subdividi-los. No entanto, Seer 
& Moraes (2013) apresentam resultados que permitem a separação de granitos de duas idades 
distintas dentro do Grupo Araxá na Folha Araxá. Já Silva (2003), além de manter a terminologia 
clássica, subdividiu a área de estudo em domínios tectonometamórficos, individualizando 
diversas escamas tectônicas e denominando-as escama inferior, intermediária e superior. Este 
esquema é interessante para o tratamento de dados estruturais no contexto de uma área com a 
complexidade tectonometamórfica como a da Folha Araxá, mas os trabalhos de campo 
mostraram que existem mais escamas tectônicas do que se supunha e a subdivisão sugerida por 
Silva (2003) não mais pode ser aplicada à toda Folha, embora a designação por escamas inferior, 
intermediária e superior continue válida para efeito de tectonoestratigrafia. Do mesmo modo, a 
proposta de formalização de Formações para o Grupo Canastra apresentada por Freitas-Silva 
(1994) para a região centro-norte do Grupo Canastra, não é adequada para a região da Serra da 
Canastra. Os autores do presente trabalho entendem que o conhecimento desta unidade geológica 
ainda é precário e compartimentado, devendo-se evitar uma proposta de formalização e sua 
subdivisão em Formações antes que se realizem estudos descritivos e de mapeamento mais 
completos e que possibilitem a correlação e integração de dados regionais. Como Seer & Moraes 
(2010) utilizaram unidades informais para o Grupo Canastra na Folha Campos Altos, destacando 
seus aspectos descritivos, os autores da Folha Araxá resolveram manter esta nomenclatura. Os 
nomes dos Grupos já consagrados na literatura geológica são mantidos. Na Folha Araxá ocorrem 
os Grupos Canastra, Araxá e Ibiá, dois complexos alcalino-carbonatíticos com diques de 
kamafugitos associados e coberturas detrítico-lateríticas, que são descritos nesta ordem. As 
anomalias magnéticas pontuais sugestivas de kimberlitos só foram estudadas na porção SE da 
Folha, onde não afloram, mas perturbam as foliações das rochas encaixantes. As duas anomalias 
magnéticas lineares ligadas à intrusão de diques de diabásio, ligados ao magmatismo Serra 
Geral, e que ocorrem no canto NE da Folha, devem corresponder a intrusões que não afloram na 
região, uma vez que não foram encontradas evidências sugestivas de rochas máficas, nem 
mesmo solos argilosos e magnetíticos em superfície. 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
28 
4.2. Grupo Canastra 
O Grupo Canastra foi subdividido em 14 subunidades (C1 a C14) que possuem expressão 
litológica e aerogeofísica próprias e são mapeáveis na escala 1:100.000. Na Folha Campos Altos 
ocorrem as unidades C1 a C8, enquanto na Folha Araxá estão ausentes as unidades C1 e C8. Em 
função dos dobramentos e empurrões não é possível ordenar estas unidades em uma sequência 
estratigráfica lógica, por isso optou-se por descrevê-las e nomeá-las sem esta preocupação. 
4.2.1. UNIDADE C2 
Na Folha Araxá a Unidade C2 ocorre desde o limite leste com a Folha Campos Altos até o 
limite oeste com a Folha Sacramento, constituindo uma faixa E-W de 500 a 5000 m de largura, 
formando uma serra denominada Serra da Bocaina (figuras 4.1 e 4.2), e que é sustentada por 
quartzitos (figura 4.3). Ocorre ainda no entorno do Complexo Alcalino-Carbonatítico do Barreiro 
(quartzitos fenitizados), em uma estreita faixa dobrada conjuntamente com o Grupo Ibiá no 
centro da folha e na porção sul da Serra da Sobra no setor nordeste da Folha, próximo à cidade 
de Ibiá. Constitui um conjunto de camadas de quartzito e quartzito micáceo, decimétricos a 
métricos, intercalados com quartzo xisto e muscovita-quartzo xisto (figura 4.4a), sericita filito, 
sericita-quartzo filito e filito carbonoso. Os quartzitos variam de muito fino a médios, branco a 
cinza, localmente hematíticos e manganesíferos (figura 4.4b) e quase sempre bandados (figura 
4.3b). Apresentam fenitização, representada por enriquecimento em feldspato e anfibólio sódico, 
desde as proximidades do Complexo Alcalino Carbonatítico do Barreiro até uma distância de 3 
Km do mesmo. Além disso, intenso fraturamento durante a intrusão alcalina permitiu que a 
unidade C2 ao sul desta, tenha sido mais facilmente intemperizada e erodida, provocando um 
rebaixamento da Serra da Bocaina nesta região o que é visível em imagens de satélite e no MDT. 
Em toda sequência da unidade C2 variações localizadas dos litotipos são hematita filito, 
muscovita-quartzo-hematita-clorita xisto, muscovita-quartzo xisto carbonoso, muscovita-
magnetita-quartzo-hematita xisto e cianita-muscovita-quartzo xisto. Os quartzitos micáceos são 
comuns no conjunto. A sequência é, portanto, muito arenosa, com contribuição de precipitados 
de ferro, localmente é argilosa e carbonosa, e foi metamorfizada na fácies xisto verde zona da 
clorita. Esta unidade é a que apresenta maior potencial para hematita e manganês. 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
29 
A) B) 
Figura 4.1. A) Vista da Serra da Bocaina a partir da estrada Araxá-Argenita, próximo ao Complexo Alcalino-
Carbonatítico do Barreiro – vista no sentido SE; em primeiro plano solo vermelho sobre clorita xisto do Grupo Ibiá; 
B) Quartzitosda Unidade C2 na Serra da Bocaina próximo ao Complexo Alcalino-Carbonatítico do Barreiro – vista 
no sentido SW; em primeiro plano clorita xisto do Grupo Ibiá. 
A) B) 
Figura 4.2. A) Vista geral da Serra da Bocaina na região da cachoeira do Rio São João a sul de Argenita; em 
primeiro plano rochas do Grupo Ibiá e no centro serra de quartzitos da Unidade C2; B) cachoeira do Rio São João 
em quartzito da Unidade C2 – vista no sentido sul. 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
30 
A) B) 
Figura 4.3. A) Afloramento típico dos quartzitos da Unidade C2, próximo ao Restaurante Horizonte Perdido – vista 
no sentido W (afloramento FA0604); B) quartzito bandado constituído por lâminas e camadas de ortoquartzito 
(claras) e quartzito rico em minerais pesados (escuras) (afloramento FA0605). 
A) B) 
Figura 4.4. A) Muscovita-quartzo xisto com foliação s-c (afloramento FA0504 e caneta ímã como escala); B) 
quartzito com bandas de pirolusita (afloramento FA0601 e lápis como escala). 
4.2.2. UNIDADE C3 
Esta unidade do Grupo Canastra ocorre em uma faixa E-W com largura de 500 até 3000 m 
e está empurrada sobre a Unidade C2, possuindo contato normal a sul com as Unidades C4 e C5. 
É constituída por quartzo-muscovita xisto e muscovita-quartzo xisto com ou sem granada e 
intercalações métricas a decamétricas de quartzito e quartzito micáceo (figura 4.5 a e b). Outros 
termos presentes são granada-grafita-muscovita-quartzo xisto e cloritoide-grafita-muscovita-
quartzo xisto. Localmente ocorre mica verde (fuchsita) (figura 4.6 a e b). 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
31 
A) B) 
Figura 4.5. A) Crista de quartzito micáceo da Unidade C3 ao sul da Serra da Bocaina- vista no sentido E 
(afloramento FA0608); B) detalhe do quartzito micáceo no mesmo afloramento. 
A) B) 
Figura 4.6. A) Muscovita-quartzo xisto com intercalações de grafita xisto da Unidade C3 (afloramento FA0609 e 
lápis como escala); B) ritmito constituído de camadas de quartzito micáceo e muscovita-quartzo xisto, localmente 
com fuchsita; notar zonas de cisalhamento sinistrais discretas (afloramento FA0584 e martelo como escala). 
4.2.3. UNIDADE C4 
A Unidade C4 é pouco expressiva na Folha Araxá e ocorre como uma faixa estreita E-W 
que possui largura de 1500 m e se afina no sentido W até desaparecer nas proximidades das 
nascentes do Córrego São Sebastião. É constituída por muscovita-quartzo xisto, raramente 
grafitoso, granada-clorita-muscovita-quartzo xisto, quartzito e quartzito micáceo (figura 4.7 a e 
b) com porfiroblastos de ilmenita. 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
32 
A) B) 
Figura 4.7. A) Quartzito micáceo intensamente foliado (afloramento FA0544); B) quartzito muito fino, branco e 
intensamente fraturado da Unidade C4 (afloramento FA0560). 
4.2.4. UNIDADE C5 
A Unidade C5 aflora numa faixa E-W na Folha Araxá, desde o limite com a Folha Campos 
Altos no leste até o limite oeste com a Folha Sacramento, com largura desde 1500 até 7000 m. 
Seus contatos são aparentemente normais com as unidades C4 e C6, mas é tectônico com a 
Unidade C7, situada à sul. É a que mostra menor quantidade de camadas de quartzitos mapeáveis 
na escala 1:100.000 intercaladas aos xistos (figura 4.8 a e b) quando comparada com as unidades 
C2, C3 e C4, mas é bastante diversificada com termos ricos em grafita (figura 4.9a), granada 
(figura 4.9b), turmalina, albita, cloritoide e rutilo (figura 4.10 a e b). 
A) B) 
Figura 4.8. A) Encosta com exposição de xistos e quartzitos da Unidade C5 (afloramento FA0542); B) foliação bem 
desenvolvida em quartzito da unidade C5 (afloramento FA0542). 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
33 
A) B) 
Figura 4.9. A) Expressão morfológica da Unidade C5, compondo morros ondulados capeados por chapadas 
horizontais (sedimentos detrítico-lateríticos); notar a coloração cinza dada por camadas ricas em grafita xisto – vista 
no sentido SE a partir do afloramento FA0528; B) aspecto da exposição de granada-mica xisto acinzentado no 
afloramento FA0528. 
A) B) 
Figura 4.10. A) Cloritoides em cloritoide-muscovita-quartzo-grafita xisto da Unidade C5 (afloramento FA0542); B) 
cristais de rutilo alterados (cor marrom) em quartzito da Unidade C5 (afloramento FA0540). Lápis como escala. 
Nesta unidade passam a ser comuns rochas com grafita e cloritoide. Muscovita-quartzo 
xisto e quartzito médio em camadas decimétricas são os termos mais abundantes. Com exceção 
dos quartzitos, que são brancos, são rochas de cor cinza claro a escuro, normalmente contêm 
pirita disseminada ou em veios de quartzo e localmente hematita. 
4.2.5. UNIDADE C6 
Aflorando em uma faixa SE-NW, esta Unidade ocorre desde o limite leste com a folha 
Campos Altos e tende a se afinar no sentido NW, desaparecendo na altura das nascentes do 
ribeirão dos Menezes. É constituída por granada-muscovita-quartzo xisto, de coloração cinza 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
34 
avermelhada que, localmente, pode conter hematita. A presença de solo vermelho escuro em 
alguns locais sobre esta unidade pode indicar maior quantidade de hematita. Esta unidade pode 
ser apenas uma variação da Unidade C5, mas foi separada em mapa por mostrar contraste 
geofísico com as demais unidades. 
4.2.6. UNIDADE C7 
A Unidade C7 aflora desde o limite SE da Folha Araxá, onde ocorre na charneira de uma 
sinforma (Sinforma da Limeira e Antifoma do Galheiro, segundo Silva,2003), até a divisa oeste 
com a Folha Sacramento, e está associada a antiformas e sinformas no extremo SW da folha. 
Cavalga as unidades C5 e C6 ao norte e, aparentemente, faz contato normal com a Unidade C9, 
ao sul. Suas rochas mais comuns são granada-muscovita-quartzo xisto com frequentes 
intercalações de termos ricos em cloritoide, grafita e quartzitos micáceos (figura 4.11 a e b). 
Termos ricos em albita estão presentes. Lentes de metamarga e mármore ocorrem localmente, 
assim como mineralizações de Au (Silva, 2003). 
A) B) 
Figura 4.11. A) cloritoide-granada-grafita-mica-quartzo xisto da Unidade C7 (afloramento FA0516); B) granada-
grafita-muscovita-quartzo xisto da Unidade C7 (afloramento FA0534). 
4.2.7. UNIDADE C9 
A Unidade C9 aflora desde o setor SE da Folha Araxá, onde ocorre na charneira da 
Sinforma da Limeira e na charneira da Antiforma do Galheiro (Silva, 2003) e alcança o limite da 
folha Araxá com a Folha Sacramento. Ocorre também em antiformas e sinformas no extremo 
SW da folha. Predominam quartzo-muscovita xisto e quartzito (figura 4.12a). Ocorrem também 
termos grafitosos e lentes de metamarga (figura 4.12b). Localmente ocorre hematita. Possantes 
camadas de quartzitos foram vinculadas a esta unidade. Sobre esta unidade e a C11 ocorrem 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
35 
expressivas chapadas e morros com topos planos onde se concentram as principais ocorrências 
de sedimentos detrítico-lateríticos da Folha Araxá. 
A) B) 
Figura 4.12. A) Crista de quartzito da Unidade C9 (Afloramento FA0549); B) metamarga da Unidade C9 
(afloramento FA0750). 
4.2.8. UNIDADE C10 
A Unidade C10 faz parte de uma sequência de rochas que cavalga a Unidade C9 ao norte. 
Aflora desde o setor SE da folha Araxá, onde ocorre na charneira da Sinforma da Limeira e na 
charneira da Antiforma do Galheiro (Silva, 2003) e alcança o limite da folha Araxá com a Folha 
Sacramento. Ao redor do Complexo Alcalino-Carbonatítico de Tapira configura estrutura 
dômica. Granada-grafita xisto com intercalações decimétricas a métricas de quartzito são as 
litologias mais comuns. Cristais de rutilo milimétricos a centimétricos estão presentes na 
superfície do terreno e/ou em veios de quartzo e foram explorados na forma de garimpo até a 
década de 1960 nos aluviões ao sul da cidade de Tapira (Barbosa et al.,1970). 
4.2.9. UNIDADE C11 
Esta unidade ocupa grande área no setor SW da folha Araxá. O termo dominanteé 
granada-mica xisto com intercalações centimétricas a métricas de granada-grafita xisto, granada-
quartzo xisto, granada quartzito e albita-granada-mica xisto. 
4.2.10. UNIDADE C12 
Esta unidade está restrita ao entorno do Complexo Alcalino-Carbonatítico de Tapira 
configurando uma estrutura dômica. Ocorrem quartzito e xisto com fenitização restrita, 
representada pela presença de feldspato e anfibólio sódico. 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
36 
4.2.11. UNIDADE C13 
Esta unidade ocorre em um sistema de braquissinformais e braquiantiformais a oeste do 
domo de Tapira e na Braquissinformal do Campo Alegre à sul da Tapira (Figuras 4.13 e 4.14). É 
constituída por camadas de quartzito e quartzito micáceo com intercalações de muscovita-
quartzo xisto com ou sem granada. A resistência destas rochas à erosão permite que configurem 
relevos elevados e suas camadas com grande continuidade lateral são facilmente mapeáveis e 
correlacionáveis por muitos quilômetros permitindo a caracterização de dobramentos de larga 
escala. 
A) B) 
Figura 4.13. A) Expressão morfológica dos quartzitos da Serra do Campo Alegre ao sul de Tapira – vista no sentido 
SE; B) ritmito de muscovita-quartzo xisto e grafita xisto crenulado da Unidade C13 (afloramento FA0891). 
 
Figura 4.14. Cristas de quartzito da Unidade C13 no flanco NE da Braquissinforma do Campo Alegre, mergulhando 
para SW; ao fundo a continuação das escarpas de quartzito da Serra do Campo Alegre e no topo os xistos do Grupo 
Araxá. Vista para sul 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
37 
4.2.12. UNIDADE C14 
Associa-se a um conjunto de sinformas e antiformas na porção SW da folha Araxá. É 
constituída por granada-quartzo-muscovita xisto com frequentes intercalações decimétricas a 
métricas de quartzito micáceo e camadas e lentes ricas em grafita. 
4.3. Grupo Araxá 
4.3.1. INTRODUÇÃO 
As rochas do Grupo Araxá ocorrem no setor norte da Folha Araxá e em uma 
braquissinforma a sul de Tapira no extremo sul da Folha. Como é muito difícil separar as 
diversas litologias em unidades mapeáveis na escala 1:100.000 uma vez que todos os termos 
litológicos ocorrem associados e imbricados tectonicamente, optou-se por agrupamentos 
informais onde há o predomínio de um tipo de rocha. Deste modo, o Grupo Araxá foi 
subdividido em duas unidades dominadas por metassedimentos (arxx1 e arxx2), uma unidade 
dominada por anfibolito (arxanf) e três unidades dominadas por granitoides (arxg1, arxg2 e 
arxg3). As rochas do Grupo Araxá estão em contato tectônico com as rochas dos Grupos Ibiá e 
Canastra e compreendem nappes de grau metamórfico mais elevado que cavalgaram unidades 
com metamorfismo mais baixo. O mapeamento foi facilitado através dos dados aerogeofísicos 
que permitiram melhor delimitação das diversas litologias, ajustando e refinando o mapeamento 
de Seer (1999). 
4.3.2. UNIDADE arxx1 
A unidade metassedimentar arxx1 é composta principalmente por granada-muscovita-
biotita-quartzo xisto, médio, com olhos de quartzo e rico em veios de quartzo geralmente 
paralelos à foliação principal. Variações desse termo são granada-biotita-muscovita-quartzo xisto 
e granada-quartzo-muscovita-biotita xisto e quartzo-mica xisto. Localmente ocorre granada 
quartzito, quartzito micáceo, quartzito, anfibolito, anfibólio xisto, granada-cianita-muscovita-
quartzo xisto e estaurolita-granada-muscovita-quartzo xisto (figura 4.15). Mais raramente ocorre 
rutilo. Poucos afloramentos desta unidade possuem pegmatitos associados. Camadas de quartzito 
mapeáveis na escala 1:100.000 só foram encontradas dentro desta unidade do Grupo Araxá na 
Folha Araxá. Na região de Tapira, no sul da Folha, o Grupo Araxá aflora na forma de uma nappe 
dobrada em braquissinformal representada por granada-biotita-muscovita xisto, com lentes 
subordinadas de rochas metaultramáficas, que ocorrem fora da Folha Araxá, empurrada sobre o 
Grupo Canastra. Um granada-mica xisto da Unidade arxx1, na Folha Sacramento, forneceu idade 
de 637+/-12 Ma para o metamorfismo principal destas rochas (Seer, 1999). Este xisto possui 
εNd(t) de -10,21 e TDM de 1,94 Ga. Assim, para a região de Araxá, os metassedimentos do 
PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS GERAIS - FOLHA ARAXÁ 
 
38 
Grupo Araxá formaram-se a partir de áreas fonte paleoproterozoicas, talvez situadas a leste no 
Cráton do São Francisco. 
A) B) 
Figura 4.15. A) Granada-muscovita-quartzo xisto, rosado, da Unidade arxx1, com intercalação de quartzito branco 
(Afloramento FA0001, com martelo como escala); B) quartzito intensamente recristalizado e cisalhado 
(Afloramento AF0001, com ponta de lápis à esquerda como escala). 
 
Figura 4.16. Muscovita-biotita-quartzo xisto feldspático da Unidade arxx1 com pegmatitos intrudidos, todo o 
conjunto crenulado (afloramento AF0396, lapiseira como escala). 
A) B) 
Figura 4.17. A) Detalhe de granada-muscovita-quartzo xisto da Unidade arxx1; B) detalhe de estaurolita-granada-
muscovita-quartzo xisto da unidade arxx1 (afloramento FA0415). 
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4.3.3. UNIDADE arxx2 
Na unidade arxx2 predomina muscovita-biotita-quartzo xisto, localmente feldspático. 
Ocorrem ainda muscovita-quartzo xisto (figura 4.18), quartzo-muscovita-biotita xisto, quartzito, 
quartzito micáceo, cianita xisto, cianita-muscovita-quartzo xisto, granada-muscovita-biotita-
quartzo xisto feldspático, anfibolito, anfibólio xisto, granito e pegmatito. 
 
Figura 4.18. Muscovita-quartzo xisto da Unidade arxx2, com foliação sub-horizontal e crenulada, intrudido por 
diques de kamafugito (Afloramento FA0432 – próximo à Rodoviária da cidade de Araxá). 
A) B) 
Figura 4.19. A) Aspecto de anfibolito fino, fresco, constituído de hornblenda e plagioclásio (afloramento AF0095); 
B) aspecto de anfibolito alterado onde ainda se pode observar os cristais de anfibólio (marrom) e de plagioclásio 
(claro) (afloramento AF0090). Caneta imã de escala. 
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4.3.4. UNIDADE arxanf 
Anfibolitos fino a médios (Figura 4.19 A e B), raramente grossos são os termos mais 
comuns na unidade arxanf. Representam basaltos toleíticos do tipo MORB enriquecido εNd(t) = 
+ 1,10) metamorfizados em fácies anfibolito. Subordinadamente ocorrem clorita-actinolita xisto, 
anfibólio xisto, ortoquartzito, turmalinito (Figura 20B), granada anfibolito, muscovita-biotita-
quartzo xisto (Figura 20A) e granada-anfibólio-clorita xisto. Granito e pegmatito intrudem todos 
esses termos. 
A) B) 
Figura 4.20. A) muscovita-biotita-quartzo xisto alterado (afloramento AF0096); B) turmalinito com turmalinas 
aciculares (afloramento AF0094). 
4.3.5. UNIDADE arxg1 
As rochas mais abundantes na unidade arxg1 são granodiorito, monzogranito e alkali 
granito (Figura 4.21 A e B), equigranulares a porfiríticos, de cor cinza claro a cinza rosado com 
fenocristais de ortoclásio em matriz de ortoclásio, quartzo, microclínio, plagioclásio e biotita. 
Hornblenda, zircão, titanita e opacos ocorrem como acessórios. Albita, sericita, fluorita, clorita, 
epidoto, carbonato, turmalina e leucoxênio são de origem hidrotermal e/ou metamórfica. 
Granada ocorre como xenocristais. Raros enclaves microgranulares máficos se fazem presentes. 
Possuem textura protomilonítica (Figura 4.21 B) a milonítica e apresentam idades de 831,9 a 833 
Ma. Estas rochas acham-se associadas a uma grande exposição de anfibolitos (Figura 2.22 A e 
B). 
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A) B) 
Figura 4.21. A) Aspecto de campo do Granito Quebra Anzol (afloramento FA0194 – próximo ao viaduto da 
Ferrovia Brasil Central com a BR-262); B) detalhe de protomilonito do Granito Quebra Anzol (afloramento 
FA0194). 
A) B) 
Figura 4.22. A) Contato entre anfibolito (pequenos blocos à esquerda) da Unidade arxanf e o Granito Quebra Anzol 
da Unidade arxg1(grandes blocos à direita) – afloramento

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