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SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA ENSINO DE 
HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E 
AFRICANA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO
Heloisa Helena Fonseca do Nascimento
Orientadora: Profª Draª Rosemeri Scalabrin
Pará
INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO 
PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
 
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA 
AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO
Heloisa Helena Fonseca do Nascimento
Orientadora: Profª Draª Rosemeri Scalabrin
Belém
Dezembro de 2020
Título: SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASI-
LEIRA E AFRICANA
Autor(a) Heloisa Helena Fonseca do Nascimento
Lócus de Implementação do projeto e sua 
localidade 
Instituto Federal do Pará/Campus Rural de 
Marabá- CRMB
Município da Escola Marabá –Pará
Professora Orientadora Drª Rosemeri Scalabrin
Programa de Ensino Programa de Pós-Graduação em Educação 
Profissional e Tecnológica -PROFEPT
Instituição Associada Instituto Federal do Pará- IFPA – Campus 
Belém
Linha de pesquisa Práticas Educativas em Educação Profissio-
nal e Tecnológica
Palavras-chave Sequência Didática; Ensino de História e Cul-
tura Afro-brasileira e Africana; Ensino Médio 
Integrado
Formato do Material didático Sequência didática
Público alvo Estudantes do Cursos técnico em Agropecu-
ária Integrado ao Ensino Médio
Designer Carol Mayer
Emelentos gráficos Vetor criado por freepik - br.freepik.com
Conteúdo (org.) Heloisa Fonseca e Rosemeri Scalabrin
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APRESENTAÇÃO
Esse produto é parte da pesquisa realizada no Mestrado do Programa da 
Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT), intitulado: Ensino de Histó-
ria e Cultura Afro-brasileira e Africana na Educação Profissional e Tecnológica: 
Experiências do Ensino Médio Integrado no IFPA, o qual foi aplicado em três 
turmas do curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do 
Campus Rural de Marabá (CRMB), do Instituto Federal de Educação, Ciên-
cia e Tecnologia do Pará (IFPA).
Esse produto apresenta as práticas docentes por mim desenvolvidas 
nesta sequência didática, no período em que atuei como titular das 
disciplinas “História e Cultura Afro-brasileira” e “Sociologia” do referido 
Campus, organizadas a partir do projeto de pesquisa do mestrado sob a 
orientação da professora doutora Rosemeri Scalabrin, também profes-
sora do CRMB. 
O produto foi elaborado e compartilhado nos encontros semestrais de pla-
nejamento institucional, com os colegas da área das Humanidades, com vis-
tas a exercitar a interdisciplinaridade.
O eixo central abordado foi: Histórias de Vidas de Pessoas Negras em dife-
rentes contextos, tomando como referência textos literários, materiais 
audiovisuais: clipes musicais, curta- metragens, filmes além de referen-
cial teórico relevante na temática. Os autores e personagens desses 
materiais são negros e negras, como forma de valorizar o sujeito afro-
descendente, sua história, seu protagonismo na sociedade e no proces-
so de construção e sistematização de conhecimentos. 
O percurso formativo desenvolvido nas turmas priorizou a aprendizagem 
por meio dos gêneros textuais e outras expressões artísticas, mais especi-
ficamente a literatura, a poesia, a música, fotografia e audiovisual. 
A escolha desses materiais, inicialmente, respondia à dificuldade de mate-
rial de suporte pedagógico existente e a necessidade de ressignificar as 
aulas, bem como motivar os estudantes para a leitura e interpretação de 
produtos culturais que possam dar novos significados e interpretações à 
história do Brasil e entendimento dos processos de exclusão e reprodu-
ção da desigualdade racial. 
As atividades foram desenvolvidas no decorrer do 2º semestre de 2018 e de 
junho a dezembro de 2019 por meio das aulas das disciplinas denomina-
das: História e Cultura Afro-brasileira e africana e de Sociologia e que serviram 
de inspiração para a proposição dessa problemática, e também se esten-
deu para início do 1º semestre de 2020, através de atividades remotas.
5
A ementa do eixo percorreu pelas seguintes temáticas: Diferentes Mode-
los de Relações Raciais: Segregação Racial x Democracia Racial. Os casos 
do Brasil e do Sul dos Estados Unidos; Relação Indivíduo e Sociedade; 
Pobreza e Exclusão Social; Violência e Racismo; Personalidades Negras, 
bem como os temas transversais tais como Papéis sociais de gênero, 
Divisão Social e Sexual do trabalho, Trajetórias e Lugar de fala de indiví-
duos subalternos e grupos sociais excluídos.
A sequência didática se desenvolveu por uma prática interativa, envol-
vendo três turmas do curso técnico em agropecuária integrado ao Ensi-
no Médio do Campus Rural de Marabá na perspectiva de fomentar uma 
visão ético-crítica e reflexiva. 
As turmas envolvidas foram as que ingressaram nos anos de 2017, 2018 
e 2019 no momento das intervenções estavam cursando o III, II e I ciclos 
do Curso respectivamente, sendo uma do III ciclo, uma no II ciclo, as tur-
mas possuem em média 32 alunos cada. Essas turmas forma seleciona-
das considerando que cada uma delas se apresentava em um momento 
distinto do percurso formativo presumindo, portanto, níveis distintos de 
familiaridade e entendimento da questão racial e reflexões de diferentes 
níveis acerca da história do Brasil e dos processos sociais que lhe consti-
tuíram. É interessante frisar que algumas metodologias e recursos utili-
zados com as turmas mais novas, já tinham sido experimentados com as 
turmas anteriores, de forma que as sequências didáticas com as turmas 
ingressantes se constituíram numa sistematização, síntese e aprimora-
mento de práticas realizadas anteriormente.
A metodologia baseada no modelo de sequência didática, proposta por 
(DOLZ & SCHNEUWLY, 2004), composta de apresentação do plano de aulas 
sequenciadas; sondagem sobre o conhecimento dos educandos sobre a 
temática; promoção de leituras críticas dos textos, filmes, músicas e outros 
materiais e reflexões acerca dos autores e seu contexto de produção.
Os temas ou recortes temáticos foram pensados a partir da interação 
das ementas com levantamento realizado em duas coletâneas (MOU-
RA, 2001) e (SANTOS, 2016), a primeira sistematiza bibliografias sobre o 
negro no Brasil de 1637 a 2016 e a segunda voltada mais diretamente 
para a implementação da Lei 10.639. Dessa forma, foi possível selecio-
nar alguns temas de destaque a serem abordados em sala de aula tais 
como: Biografias de personagens significativas; Escravidão; Racismo e rela-
ções raciais- Comparação entre Brasil e Estados Unidos; Mulheres Negras; 
Literatura; Violência e questão racial.
A partir da ideia de Pedagogias das Emergências proposta por Boaven-
tura de Souza Santos, a intelectual negra Nilma Lino Gomes (2017) pro-
põe uma leitura do Movimento Negro como sujeito político educador 
destacando, foi possível discutir a prática política do engajamento como 
gatilho para mudanças no campo educacional. 
6
A abordagem articulada ente temas, autores, experiências no desenvol-
vimento da prática docente em sala de aula no decorrer dos dois semes-
tres possibilitou ressignificar a atuação nas disciplinas História e Cultura 
Afro-brasileira e africana e Sociologia, inspirada nos diálogos anteriores 
com as disciplinas de Geografia e Artes, materializando o exercício inter-
disciplinar. 
Esse processo demonstrou que não é possível pensar a Educação Profis-
sional e Tecnológica descolada do contexto político cultural mais amplo, 
as questões relativas às políticas educacionais, como também os seus 
pontos de toque com as demandas de diversos grupos sociais, sobretu-
do os marginalizados, pelo acesso, permanência e valorização dos seus 
saberes no âmbito escolar.
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1. SEQUÊNCIA DIDÁTICA
As abordagens apresentadas a seguir foram desenvolvidas a partir do 
eixo: Histórias de Vidas de Pessoas Negras em diferentes contextos, e das 
temáticas: Biografias de personagens significativas; Racismo e relações 
raciais; Mulheres Negras; Literatura, juntamente com os conteúdos e as 
metodologiasabaixo descritos:
Eixo: Histórias de Vidas de Pessoas Negras em diferentes contextos his-
tóricos e sociais.
Ementa: Diferentes Modelos de Relações Raciais: Segregação Racial x 
Democracia Racial. Os casos do Brasil e do Sul dos Estados Unidos; Rela-
ção Indivíduo e Sociedade.
Temas transversais- Papéis sociais de Gênero, Divisão Social e Sexual do 
trabalho, Trajetórias e Lugar de fala de indivíduos subalternos e grupos 
sociais excluídos.
ABORDAGEM 1: 
Introdução: Apresentação da proposta da aula e de atividade escrita.
Material Motivador: Filme “Histórias Cruzadas” (The Help, Tate Taylor, 
2011, EUA)
Sinopse - Nos anos de 1960, no Mississippi, Skeeter é uma garota da 
sociedade que retorna determinada a se tornar escritora. Ela começa a 
entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para 
trabalhar na criação dos filhos da elite branca, da qual a própria Skeeter 
faz parte. Aibileen Clark, a empregada da melhor amiga de Skeeter, é a 
primeira a conceder uma entrevista. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen 
continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões.
Metodologia: Aula Expositiva e Dialógica; Exercício de Produção Textual; 
Uso de Tecnologias de Informação e Comunicação TIC´s; 
Percurso pedagógico: Antes de iniciar a exibição do filme, a professora 
apresentou o contexto histórico, geográfico e político no qual a trama se 
desenvolve, chamando atenção para referências importantes como as 
Leis Jim Crow (1876 a 1965), que eram leis locais e estaduais que institu-
cionalizaram a segregação racial nos EUA e o Movimento pelos Direitos 
Civis, representado por lideranças como Medgar Evers, morto em 1963 e 
Martin Luther King Jr., assassinado em 1968.
Cada aluno, individualmente, escolheu, nos primeiros 30 minutos do fil-
me umas das personagens com o objetivo de observá-la mais atenta-
mente no desenrolar da trama. Ao final, produziam um texto, de 1 a 2 
laudas, descrevendo a personagem, e apresentando os principais confli-
tos e problemas vivenciados por ela.
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Após a produção do texto pelos alunos foi realizado debate sobre os 
aspectos do filme que chamaram mais atenção dos e a partir daí a pro-
fessora buscou apresentar as diferentes perspectivas de segregação 
racial a partir de situações retratadas no filme e como processos simi-
lares se desenvolvem no Brasil, embora predominantemente de forma 
negada e diluída culturalmente, embora também em caráter estrutural 
e com aspectos institucionais.
Atividade avaliativa: Produção de texto. 
Duração: 08 aulas de 50 minutos.
Recursos: Datashow, caixa de som.
Sinopse Educativa
Esse longa-metragem de ficção, protagonizado pela atriz negra 
norte-americana Viola Davis retrata o cotidiano da segregação 
racial no Sul dos EUA através das histórias de três empregadas 
domésticas negras. Como pano de fundo a trama apresenta a 
ascensão do movimento por direitos civis que se constitui um 
marco na luta do povo negro contra o racismo que se somou 
de forma significativa à revolta dos demais povos no contexto 
da diáspora negra. 
Trata-se de um material rico para abordar de forma compara-
tiva os formatos históricos que assumiram as relações raciais 
a partir de realidades escravocratas e coloniais. 
Por esmiuçar as particularidades do racismo no âmbito privado 
e público, partindo da situação de trabalho doméstico esse pro-
duto cinematográfico lança luz sobre a realidade brasileira em 
que o modelo de exploração no âmbito doméstico se constitui 
numa forte continuidade com o passado escravista.
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ABORDAGEM 2: 
Introdução: Apresentação da proposta da aula e de atividade escrita.
Material Motivador: Letra impressa e áudio da música “Canto das três 
raças” na voz da cantora Clara Nunes.
Metodologia: Aula Expositiva e Dialógica; Exercício de Produção Textual; 
Uso de Tecnologias de Informação e Comunicação TIC´s; 
Percurso pedagógico: Cada educando recebeu a letra da música impres-
sa. Num primeiro momento a turma foi convidada a apenas ouvir a músi-
ca, acompanhando a letra através da leitura silenciosa, num segundo 
momento todos cantam juntos. 
Em seguida a professora apresentou de forma introdutória o que seria o 
“Mito da Democracia Racial”, uma ideologia nacional, construída no iní-
cio do século XX que tem no livro “Casa grande e senzala” do intelectual 
pernambucano Gilberto Freyre um expoente. Nesse livro o autor cons-
trói uma interpretação do Brasil, defendendo que as relações raciais por 
aqui teriam uma característica branda, de interdependência e convivên-
cia próxima entre senhores e escravizados, dando lugar assim a uma 
sociedade harmoniosa, integrada e não cindida por conflitos raciais. 
Embora a letra da canção resguarde ainda esse foco nos três pilares 
da formação sócio-cultural brasileira ela apresenta o aspecto violento e 
conflituoso e de revolta do povo negro contra a escravidão.
Dessa forma, é possível com esse material estabelecer um ponto de diá-
logo entre a história da colonização do Brasil e as características contem-
porâneas da segregação das populações afrodescendentes no âmbito, 
econômico, político e social. 
Canto das Três Raças
Clara Nunes
Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
Ô, ô, ô, ô, ô, ô
Ô, ô, ô, ô, ô, ô
“O ATO POLÍTICO DE ESCREVER VEM ACRESCIDO 
DO ATO POLÍTICO DE PUBLICAR, UMA VEZ 
QUE, PARA ALGUMAS, A OPORTUNIDADE DE 
PUBLICAÇÃO E RECONHECIMENTO DAS SUAS 
ESCRITAS, E OS ENTRAVES A SER VENCIDOS, 
NÃO SE LOCALIZAM APENAS NA CONDIÇÃO DE A 
AUTORA SER INÉDITA OU DESCONHECIDA. NÃO 
SÓ A CONDIÇÃO DE GÊNERO VAI INTERFERIR 
NAS OPORTUNIDADES DE PUBLICAÇÃO E NA 
INVISIBILIDADE DA AUTORIA DESSAS MULHERES, 
MAS TAMBÉM A CONDIÇÃO ÉTNICA E SOCIAL”
(CONCEIÇÃO EVARISTO, FEV/2017)
Atividade avaliativa: Produção de texto. 
Duração: 08 aulas de 50 minutos.
Recursos: Datashow, caixa de som.
Avaliação: Produção de texto. 
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ABORDAGEM 3
Introdução: Apresentação da proposta da aula e de atividade escrita.
Material Motivador: Livro “Quarto de despejo” de Carolina Maria de Jesus
Metodologia: Aula Expositiva e Dialógica; Exercício de Produção Textual; 
Uso de Tecnologias de Informação e Comunicação TIC´s;
Percurso pedagógico: A turma recebeu antes da aula pequenos fragmen-
tos do livro contendo 3 ou 4 registros diários de Carolina para ler antes 
da aula. No primeiro momento da aula os estudantes responderam um 
questionário com perguntas objetivas relacionadas à leitura, conforme 
apresentação a seguir:
Perguntas Motivadoras:
Que tipo de história é contada nesse livro?
O que mais lhe chamou atenção na 
narrativa da autora?
Em que aspectos a realidade retratada 
no livro permanece atual?
Atividade avaliativa: as respostas às perguntas foram utiliza-
das para fomentar o debate sobre a obra. Numa perspectiva 
interdisciplinar com o conteúdo de Sociologia o tema trabalhado 
foi “Pobreza e Exclusão Social”.
Duração: 08 aulas de 50 minutos.
Recursos: Datashow, caixa de som.
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ABORDAGEM 4: 
EXIBIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO “30 ANOS DEPOIS: 
EXCLUSÃO SOCIAL”, 
Introdução: Apresentação da proposta da aula
Material Motivador: Documentário 
Metodologia: A aula iniciou com a apresentação do documentário como 
mote para estimular o debate sobre a exclusão social, em especial da 
população negra e relacionar com a realidade vivenciada pelos alunos, 
através do levantamento de situações vivenciadas por eles. Assim, após 
a apresentação do documentário os alunos foram estimulados a falar 
sobre sua compreensão sobre o tema exclusão social. 
Em seguida a professora fez um aprofundamento teórico através de uma 
exposição, em que estimulou a visão crítica sobre a definição de pobreza, 
apresentou os índices decaracterização desse fenômeno historicamente 
e diversos países, definição e aspectos da exclusão social e racial no Brasil; 
modelos de segregação urbana e regional: favelas, periferias, zona rural.
Dando prosseguimento os alunos formaram pequenos grupos, com o 
objetivo de refletir sobre quais aspectos da exclusão social e racial estão 
mais presentes no cotidiano deles, seja na sua família, assentamento, 
vilas, bairro ou município. 
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Atividade avaliativa: Produção de texto. 
Duração: 08 aulas de 50 minutos.
Recursos: Datashow, caixa de som.
ABORDAGEM 5: 
EXIBIÇÃO DO CLIP “DELINQUENTES” DO RAPPER PARAENSE 
BRUNO BO;
Introdução: Apresentação da proposta da aula
Material Motivador: Música
Metodologia: A letra da música foi distribuída aos estudantes. Após ouvir 
a música os estudantes foram estimulados a refletir sobre o significado 
da letra de modo a estimular a visão crítica sobre como embora convi-
vam num mesmo espaço como é o caso do Mercado Ver-o-Peso, ponto 
turístico da cidade de Belém, ambulantes, moradores de rua, mendigos 
compõem um cenário no qual a segregação é simbólica e marcada pela 
exclusão ou capacidade de inserção no universo do consumo de lazer e 
mercadorias que aquele espaço social oferece. 
Atividade avaliativa: Pesquisa em grupo (até cinco participantes) de 
músicas relacionadas ao tema da pobreza e exclusão a partir de gru-
pos marginalizados, apresentação da música escolhida, dados da músi-
ca (compositor, intérprete, letra, ano e principais aspectos abordados), 
apresentação da motivação e argumentação que fundamentou a esco-
lha da música pelo grupo.
Música trazida por um dos grupos para discutir a questão da exclusão 
social
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Música: Cota não é esmola
Arista: Bia Ferreira
Ano: 2019
O que os motivou a escolher essa música para discutir a questão da 
exclusão social no Brasil nos dias atuais?
Destacaram as dificuldades que os jovens de periferia, pobres tem para 
continuarem seus estudos. A desigualdade de oportunidades que é 
derivada da desigualdade econômica, a falta de recursos básicos como 
transporte, alimentação de qualidade, livros e incentivo para se desen-
volver na vida. Injustiça apontada nessa “competição” com jovens de 
classe média e ricos.
Ao final a professora fez comentários sobre a apresentação e encerrou 
com a apresentação do curta “O Papel e o Mar” (13’), inspirado na vida e 
obra de Carolina Maria de Jesus. 
Duração: 08 aulas de 50 minutos.
Recursos: Datashow, caixa de som.
“NESSA TEIA, O AFRO-BRASILEIRO SE VÊ 
TOLHIDO DE TODOS OS LADOS, PRISIONEIRO 
DE UM CICLO VICIOSO DE DISCRIMINAÇÃO- 
NO EMPREGO, NA ESCOLA- E TRANCADAS 
AS OPORTUNIDADES QUE LHE PERMITIRIAM 
MELHORAR SUAS CONDIÇÕES DE VIDA, SUA 
MORADIA, INCLUSIVE. ALEGAÇÕES DE QUE 
ESSA ESTRATIFICAÇÃO É “NÃO-RACIAL” OU 
PURAMENTE “SOCIAL E ECONÔMICA” SÃO 
CHAVÕES QUE SE REPETEM E RACIONALIZAÇÕES 
BASICAMENTE RACISTAS: POIS O FATOR RACIAL 
DETERMINA A POSIÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA 
NA SOCIEDADE BRASILEIRA”
(ABDIAS NASCIMENTO, 1976)
Sinopse Educativa
Esse curta metragem apresenta duas personagens importantes da histó-
ria do Brasil, a escritora negra Carolina Maria e Jesus, autora de “Quarto 
de Despejo” e o marinheiro João Cândido, conhecido como Almirante 
Negro, um dos líderes da Revolta da Chibata que se contrapôs aos casti-
gos físicos e péssimas condições de trabalho a que eram submetidos os 
marinheiros negros, numa das primeiras sublevações que tinha como 
foco a discriminação racial no mundo do trabalho.
Material interessante para apresentar as histórias de heróis e artistas 
negros pouco conhecidos no ambiente escolar e discutir a transformações 
no papel das pessoas negras na sociedade brasileira no último século.
Atividade avaliativa: Produção de texto. 
Duração: 08 aulas de 50 minutos.
Recursos: Datashow, caixa de som.
Material motivador 6: O Papel e o Mar” (13’), inspirado na vida e obra 
de Carolina Maria de Jesus.
Introdução: Apresentação da proposta da aula
Material Motivador: Documentário 
Metodologia: Esse curta foi proposto como forma de aprofundar o 
conhecimento acerca da escritora Carolina Maria de Jesus, autora do 
livro que motivou essa abordagem.
“OS MOVIMENTOS SOCIAIS SÃO PRODUTORES E 
ARTICULADORES DOS SABERES CONSTRUÍDOS 
PELOS GRUPOS NÃO HEGEMÔNICOS E CONTRA 
HEGEMÔNICOS NA NOSSA SOCIEDADE”
(NILMA LINO GOMES, 2017)
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ABORDAGEM 7: VIOLÊNCIA E RACISMO
Introdução: Apresentação da proposta da aula
Material Motivador: Manchetes e matérias de jornais e revistas que 
demonstrem aspectos da violência relacionada à questão racial no Brasil
Metodologia: Os educandos foram convidados a pesquisar recortes de jor-
nais nos quais aparecessem o tema da violência relacionada ao racismo.
Atividade 1: Debate com a participação do estudante do curso de Histó-
ria da Unifesspa Eduardo Silva e do Advogado Adebral Favacho ligado ao 
setor de Direitos Humanos da OAB Pará.
Percurso pedagógico: O primeiro momento da aula foi de exposição 
acerca dos aspectos que evidenciam a interrelação histórica entre vio-
lência e racismo no Brasil. Desde considerações acerca da dominação 
exercido através da violência física, cultural e simbólica que marcam o 
período da escravidão até a sua expressão contemporânea marcada 
pela violência policial que tem nas pessoas negras suas principais víti-
mas, os crimes violentos, o encarceramento em massa e a violência sim-
bólica que constitui o imaginário racista, a falta de representatividade, 
os estereótipos, a hiper sexualização dos corpos negros dentre outros. 
A partir disso, a atividade proposta foi que os estudantes pesquisassem, em 
jornais e revistas online ou impressas, matérias jornalísticas que evidencias-
sem essa conjunção entre racismo e violência no Brasil. A proposta era criar 
um painel que estampasse essa realidade expressa nos jornais como forma 
de dar visibilidade e denunciar essa faceta do racismo no Brasil. 
Finalizamos esse conjunto de aulas com um debate acerca dos Direitos 
Humanos e Genocídio da Juventude Negra no Brasil.
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Atividade avaliativa: Realização de pesquisa de manchetes 
e matérias de jornal que expressem a relação entre violência 
e racismo e participação no debate com os convidados.
Duração: 08 aulas de 50 minutos.
Recursos: Material impresso, TNT preto.
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ABORDAGEM 8: 
A PRESENÇA NEGRA NA HISTÓRIA DO BRASIL: BIOGRAFIA DE 
PERSONALIDADES
Introdução: Apresentação da proposta da aula
Material Motivador: Visita online ao conteúdo virtual do Museu Afro-
Brasil, São Paulo.
Metodologia: O Museu Vivo, no qual as salas de aulas, dos professores e 
dos setores administrativos da escola foram mudadas temporariamente 
para homenagear e dar a conhecer personalidades negras que marca-
ram a história do Brasil. A partir disso, cada educando escolheu uma 
daquelas personalidades para dar aprofundamento, através de pesqui-
sa dos dados biográficos, percebendo seu pioneirismo, seu legado, os 
obstáculos vivenciados e a sua importância histórica.
Percurso pedagógico: Durante a semana da consciência negra a turma 
foi orientada a navegar pelo site do Museu AfroBrasil, instituição situada 
no Parque Ibirapuera, na cidade de São Paulo. Paralelo a isso, a profes-
sora produziu uma intervenção que “batizou” todas as salas do Campus 
com nomes de personalidades negras em vários campos: artísticos, luta 
abolicionista, luta quilombola, científico, movimento negro, dentre outros.
Após as atividades do Evento da Consciência negra, retomamos o deba-
te sobre representatividade, orientando os estudantes a aprofundar as 
pesquisas sobre aquelas personalidades e entregar essas pesquisas por 
escrito.
Atividade avaliativa: Atividade escrita com o resumo da pes-
quisa acerca da personalidade negra escolhida.
Interdisciplinaridade: História e Cultura Afro, História, Geografia 
e Física
Duração: 08 aulas de 50 minutos.
Recursos: Datashow, caixa de som.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A sequência didática contribuiu não somente para o processo de ensino-
-aprendizagem dos estudantes,mas também para a ressignificação de 
cada educando como sujeito histórico - social, na medida em que pro-
vocou mudança de comportamentos dos estudantes e dos professores 
envolvidos.
No que se refere a ação discente, verificamos mudanças positivas, como 
alguns deles passaram a ter orgulho e assumir sua identidade como pes-
soa negra, valorizando os cabelos afro, realizando transição capilar, ado-
tando o estilo black power, e mudanças de atitude sendo mais participa-
tivos e demonstrando mais envolvimento nas atividades em sala de aula.
No que se refere a atuação docente, a sequência didática desenvolvida, 
possibilitou a ressignificar a disciplina, por meio da realização de ativi-
dades interdisciplinares, bem como no aprofundamento da relação teó-
rico-prática e o levantamento de material alternativo, que possibilitou 
a superação da a problemática vivenciada com a falta de material e de 
experiências de natureza metodológica. 
Essa proposta de compartilhar sequências didáticas, refletindo sobre 
processos de pensar as intervenções didáticas, partidas e chegadas, 
vivências e ideias de como fortalecer o aprendizado e a formação mul-
tidimensional mostra a necessidade de uma prática integrada e de uma 
postura política diante dos desafios de superação de uma educação dua-
lista e limitada ao aspecto da profissionalização. 
Os desafios colocados aos educandos e educandas mudam constante-
mente, o próprio mundo do trabalho se transforma respondendo a lógicas 
que são fundamentadas em processos políticos, econômicos e culturais. 
Construir uma sociedade livre do racismo implica modificar as condições de 
participação da juventude na produção e distribuição dos bens econômicos, 
simbólicos e sociais. Sem transformação estrutural, eles não poderão alçar 
certos voos, sentirão o peso dos obstáculos sobre suas aspirações e sonhos 
gerando frustrações. A essa juventude negra e camponesa está colocado 
o desafio de abrir espaço de desenvolvimento em meio à uma conjuntura 
que os exclui. A desigualdade racial se torna mais extrema nas crises eco-
nômicas, políticas e sociais. Portanto, a consciência histórica e crítica é uma 
ferramenta indispensável nos processos formativos .
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3. REFERÊNCIAS
BRASIL. Plano Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais para 
a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História 
e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília, DF: SECAD; SEPPIR, jun, 
2009. 
EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro: Pallas, 2017, 
3ªed.
GOMES, Nilma L. Educação e relações raciais: refletindo sobre algu-
mas estratégias de atuação. MUNANGA, Kabengele. (Org.). Superan-
do o racismo na escola. Brasília, DF: MEC, SECAD, 2005.
______. O movimento negro educador. Saberes construídos nas 
lutas por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017. 
MOURA, Carlos E. M. de. AfroNegros, seus descendentes: Brasil uma 
bibliografia em construção (1637-2011). São Paulo: Museu Afro Brasil, 
2012.
SANTOS, B. S. (org.) Conhecimento prudente para uma vida decente. 
São Paulo: Cortez, 2004.
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro. São Paulo: 
Perspectiva, 2017.
SANTOS, José Rufino dos. O saber do negro. 1ed. Rio de Janeiro: Ed. 
Vozes, 2015.
______. A questão do negro na sala de aula. 2 ed. São Paulo: Global 
editora, 2016.
RECK, D.N. Breve história da África e dos africanos e o ensino de 
história e cultura afro-brasileira nas escolas: da historiografia 
africana à aplicação da Lei 10.639/03. Revista Latino-Americana, vol 2, 
nº.6, 2013.

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