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N1 CRIMES CONTRA A PREVIDÊNCIA

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Crimes contra a Previdência Social – N1
O estudo de caso apresentado refere-se em uma empresa do segmento de posto de combustível que tinha como seu administrador Gustavo, que foi denunciado como incurso em crimes de apropriação indébita e sonegação fiscal por não repassar os valores descontados em folha de pagamento de seus colaboradores a Previdência Social. O crime de apropriação indébita previdenciária está previsto no art. 168 A do Código Penal.
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
No entanto existem duas condições: que tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
 Sonegação de contribuição Previdenciária (art. 337 – A).
III - Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
De acordo com o previsto no parágrafo primeiro do art. 337-A, a punibilidade é extinta se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Tal previsão deixa claro que o mais importante é o bem jurídico tutelado por esses crimes, ou seja, as contribuições previdenciárias, não sendo o mais importante punir.
Como Gustavo alegava em que a empresa se encontrava em sérias dificuldades financeiras e sofreu um prejuízo significante sem condições de arcar com o pagamento dos salários dos funcionários e ações trabalhistas.
Sendo assim, o crime de Apropriação Indébita Previdenciária constitui um tipo omissivo próprio, em que a tipicidade fica condicionada a um não fazer do agente, a uma passividade criminosa. Todavia, deverá restar provado que o agente poderia fazer, e assim não quis agir.
O professor Cleber MASSON (2013, p. 679) ensina:
Que quando uma pessoa física ou jurídica, deixa de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional, em razão de dificuldades financeiras, firmou-se tese no sentido de não ser legítima a atuação do Direito Penal, pois seria injusta a incidência prática do crime definido pelo art. 168 -A do Código Penal. Prevalece o entendimento de que se afasta a culpabilidade, em face da ausência de um dos seus elementos constitutivos, a exigibilidade de conduta diversa.
A mera existência de dificuldades financeiras, as quais, por vezes, perpassam todo o corpo social, não configura a exclusão de culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa quanto ao delito de não repasse de contribuições previdenciárias. Ademais, o Gustavo não se desincumbiu do ônus de provar que, concretamente, não havia alternativa ao não repasse das contribuições (estado de necessidade e inexigibilidade de conduta diversa).
Em resumo, tem-se que como o valor do ajuizamento fiscal que não foram repassados não é superior ao limite de R$ 10.000,00, permite-se a solução da demanda com a aplicação do princípio da insignificância. Gustavo seria absolvido com amparo no artigo 386 III, do Código de Processo Penal, em razão da aplicação do princípio da insignificância, que é uma causa supralegal de exclusão de tipicidade penal, pois o Estado considera a dívida como irrisória.
REFERÊNCIAS:
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. vol. 4. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2013.

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