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Queimaduras 1 🥼 Queimaduras Reviewed Type Aula Gravada Date Especialidade Trauma Apostila Área Cirurgia Geral Classificação Queimaduras são lesões causadas por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos → podem destruir parcial ou totalmente o tecido cutâneo ou estruturas mais profundas. Vítimas: os mais atingidos são homens em atividade laboral e acidentes automobilísticos → crianças por meio de acidentes ou abuso. 1° Grau: apenas epiderme → não formam bolhas; eritema dolorosa; vermelhas → é a queimadura de sol: alto turn over celular, com 2-3 dias de sintomas e regeneração celular em 7 dias → não entram no cálculo da superfície corpórea queimada (SCQ). 2° Grau: acomete epiderme + derme → pode ser superficial (até derme papilar) ou profunda (até derme reticular) → a superficial costuma ser causada por escaldadura, com regeneração em 14 dias; cursa com bolha rosa; palidez à digitopressão, maior exsudação e maior dor → profundas são causadas por escaldadura, explosões e chama direto, regeneração em 2-9 semanas; bolha pálida; menos exsudação e menos dor. 3° Grau: acomete subcutâneo → folículo e queratinócitos queimados; terminações nervosas queimadas → lesão indolor, mas área circundante @March 16, 2023 Queimaduras 2 hiperestimuladas → mecanismo de regeneração com contração da ferida, necessitando de cirurgia Abordagem Pré-Hospitalar Segurança da cena + controle das chamas. Parar processo de queimadura: retirar roupas e acessórios. Lavagem com água corrente: não por gelo ou pomadas caseiras. Cobrir o doente: evitar hipotermia O grande queimado é um politraumatizado: ABCDE do trauma. Abordagem Hospitalar A: avaliar se via aérea pérvia ou impérvia → a obstrução pode não ser tão evidente → direta: queimadura de nasofaringe, laringe e traqueia → indireta: edema cervical e de língua → obstrução pode demorar horas para ficar óbvia → diagnóstico definitivo de lesão térmica de via aérea é por broncoscopia e visualização direta das estruturas → IOT precoce se: Sinais de obstrução da via aérea → rouquidão, estridor, uso de musculatura acessória, retração esternal. Extensão da queimadura → SCQ > 40-50%. Queimaduras faciais extensas e profundas. Queimaduras no interior da boca. Edema significativo ou risco para edema de orofaringe. Dificuldade para deglutir. Sinais de comprometimento respiratório → incapacidade para eliminar secreções brônquicas; fadiga respiratória; ventilação ou oxigenação deficiente. Diminuição do nível de consciência → reflexos de proteção de vias respiratórias prejudicadas. Necessidade de transferência do doente grande queimado com comprometimento de vias aéreas sem pessoal qualificado para intubá-lo durante o transporte. Queimaduras 3 B: principal responsável pelas alterações na respiração são (1) redução da expansão torácica (queimaduras profundas; principalmente se circunferencial no tórax; paciente geralmente está intubado; indicação de escarotomia); (2) inalação de gases tóxicos (monóxido de carbono; queimaduras em locais fechados; afinidade maior da Hb pelo CO; metabolismo anaeróbio; não pode confiar na oximetria de pulso; gasometria hipoxêmica; ofertar O2 com máscara não reinalante a 100%) e (3) inalação de fuligem (ambientes fechados; acumula nos brônquios distais; cursa com lesão nas células da mucosa, menos clearence de secreções e maior resposta inflamatória pulmonar; gera menor difusão de fases e hipoxemia; conduta com suporte ventilatório e controle infeccioso). 💡 Fasciotomia: feito para síndrome compartimental, principalmente se queimaduras elétricas (edema muscular comprimindo feixe vasculonervoso) → 5 Ps: pain, parestesia, paralisia, palidez e pulso ausente. C: queimadura causa aumento de mediadores inflamatórios → vasodilatação sistêmica, levando a um choque distributivo → maior permeabilidade vascular leva a um choque hipovolêmico → tratar com reposição volêmica, preferencialmente com ringer lactato, de acordo com a SCQ. Não contabilizar queimadura de primeiro grau na SCQ. Queimaduras 4 1% de SCQ corresponde a mão do paciente com os dedos abertos. Não esquecer de contabilizar o períneo (1%). Não esquecer de contabilizar porções anteriores e posteriores. Reposição Volêmica: Com RL aquecido → SF pode causar acidose metabólica → albumina proscrita. Acesso venoso periférico calibroso → evitar áreas queimadas → considerar acesso venoso central ou acesso venoso intraósseo. Se ≥ 14 anos, usar a fórmula de Brooke: 2 x peso x SCQ Se < 14 anos: 3 x peso x SCQ Crianças ≤ 30 Kg: 3 x peso x SCQ + Holliday Segar (aporte de manutenção) → 100 mL x peso até 10kg // 1000 mL + 50 mL/kg ente 10-20 kg // 1500 mL + 20 mL/kg se peso > 20 kg. Fazer 50% nas primeiras 8h e 50% nas outras 16h. Parâmetro de Monitorização: mais importante é a diurese. Se ≥ 14 anos: 0,5 ml/kg/h Se < 14 anos: 1 ml/kg/h Elétrica: 1-1,5 ml/kg/h até urina clarear. Queimaduras 5 D: Glasgow e pupilas. E: prevenção de hipotermia + avaliação da queimadura (definir graus e SCQ). Cuidados com a Ferida Limpeza é essencial → evitar soluções alcoólicas e compressas frias. Bolhas: se íntegras, não romper → se rotas, retirar camada desvitalizada → se lesões extensas, retirar bolhas sob técnica asséptica. Sulfadiazina de Prata: antibiótico tópico → prevenção de infecção da ferida. Queimaduras 6 Curativo: primeira camada não aderente (gaze embebida em ácidos graxos ou rayon) → segunda camada absortiva com algodão estéril tipo zobec ou gaze. Outros Cuidados com o Queimado Sondagem vesical de demora: controle da diurese. Sondagem nasogástrica: para esvaziamento gástrico. Dieta: catabolismo importante por hiperativação metabólica e perda de proteínas plasmáticas → dieta enteral se não consegue se alimentar pela boca. Hiper-hidratação é tão ruim quanto hipovolemia. Antibióticos sistêmicos: não está indicada → perda da primeira barreira contra infecção não significa está infectado. Analgesia: simples, opioides, sedativos. Eventos trombóticos: tríade de Virchow → meia compressiva, deambulação precoce, enoxaparina profilática. Tétano: avaliar status vacinal → se não souber ou > 10 anos: fazer dT e imunoglobulina → se < 10 anos, apenas dT. Úlceras gástricas de estresse: a mais comum é a de Curling, que ocorre na submucosa → prescrever IBP é mandatório. Transferir para centro especializado se: (1) queimaduras de 2° ou 3° graus; (2) SCQ > 10%; (3) queimaduras em face, mãos e períneo; (4) crianças e (5) queimaduras química ou elétrica. Complicações Infecção e Sepse: causa mais comum de morbimortalidade → se > 15% de SCQ, tem 6% de chance de sepse → cultura e biópsia de feridas → cuidados tópicas, antibioticoterapia sistêmica se necessária e desbridamento. Síndrome Compartimental: aumento da pressão no compartimento muscular → menor perfusão → redução da elasticidade da pele e aumento do edema dos tecidos moles → cursa com dor desproporcional, dor ao estiramento passivo do músculo, edema tenso do compartimento e parestesia e alterações de sensibilidade → conduta é fasciotomia. Úlcera de Marjolin: carcinoma espinocelular → em locais de feridas crônicas ou cicatrizes de queimaduras → agressivo e prognóstico ruim → recorrência alta e Queimaduras 7 meta em 20-30% → transformação maligna lenta. Queimadura Elétrica Ossos tem elevada resistência, logo, dissipam muito calor → músculos estão mais perto dos ossos. Risco de síndrome compartimental → necessidade de fasciotomia. Risco elevado de LRA → rabdomiólise + hipercalemia → hidratação vigorosa. SCQ: não é calculada. Reposição volêmica com 4 ml/kg para todos. Diurese alvo de 1-1,5 ml/kg. Monitorização cardíaca por, no mínimo 48h → risco de arritmias. Sempre transferir para centro de queimado. 10-14 dias para avaliar necrose tecidual → acometimento vascular é progressivo → necessidade de amputação. Quemiaduras Químicas Ácidos ou álcalis. Grau da lesão depende do tipo de composto, concentração e duração do contato.Álcalis: são piores, pois em geral são mais profundas. Conduta: remoção com água corrente → nunca tentar neutralizar o agente.
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