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INTRODUÇÃO O que não é medido, não é gerenciado (William Edwards Deming). Podemos definir finanças como a arte e a ciência de administrar fundos (recursos). Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. As finanças ocupam-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos. A administração financeira diz respeito às responsabilidades do administrador financeiro numa empresa. Os administradores financeiros administram ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles desempenham uma variedade de tarefas, tais como: orçamento, previsões financeiras, administração do caixa, administração do crédito, análise de investimentos e captação de fundos (GITMAN, 2010). O administrador financeiro tem dois problemas básicos. Primeiro: quanto deve a firma investir e em quais ativos deve investir? Segundo: como deve ser levantado o caixa necessário? A resposta ao primeiro problema é a decisão de investimento da firma. A resposta ao segundo problema é a sua decisão de financiamento. O administrador financeiro deve encontrar as respostas específicas que coloquem os acionistas ou cotistas da firma na melhor situação possível. O sucesso é julgado pelo valor (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2013). In God, we trust. All others bring data – Em Deus, confiamos. Para todas as outras coisas, me traga dados (William Edwards Deming). As principais decisões financeiras passam diretamente pela complexidade na formulação do pensamento, mas acompanham métricas objetivas que nos permitirão criar as melhores soluções, e assim nos apontarão os caminhos de onde investir e de como financiar os investimentos, pois essas decisões passam por avaliações de curto prazo – capital de giro, por exemplo – ou de longo prazo – aporte de capital de sócios em uma empresa –, e nas duas vão permitir a melhor tomada de decisão. Nesse sentido, Finanças Corporativas têm o principal objetivo de trazer conceitos e ferramentas que nos trarão os fundamentos de finanças utilizados no mercado, as suas aplicações no mundo corporativo, os seus critérios e os seus princípios. Assim, vamos aplicar modelos existentes para a solução de problemas financeiros, focalizando o estudo de finanças como ferramenta para a análise amplamente utilizada no mercado financeiro, bem como em outros mercados e empresas. Na sequência, vamos desenvolver, estudar e criar métodos, modelos, critérios de análise e avaliação para o devido embasamento da tomada da decisão que maximiza a riqueza e gera valor aos investidores. Para a gestão da empresa pública, a decisão ótima é a que maximiza o retorno dos tributos e cria valor tanto para os cidadãos como para a sociedade. Assim como na empresa privada, a ótima decisão passa pelo retorno dos ativos dos sócios na companhia, elaborando critérios financeiros para que sejam estabelecidas métricas convergentes para o sucesso da estratégia sobre a lógica financeira estabelecida, e com base nos modelos definidos avaliar para alcançar o objetivo principal, a rentabilidade final da empresa, sempre voltada para o longo prazo. Dentro de uma ampla visão de gestão, o objetivo geral da disciplina é abordar os principais objetivos e conceitos sobre o prisma do mundo financeiro, desde a estruturação geral dos fundamentos da Contabilidade até os principais conceitos de Balanço Patrimonial e as suas fundamentais aplicações da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE). Nesse sentido, dimensionaremos e reconheceremos um fluxo de caixa, os seus índices e indicadores para as abordagens diversas da análise econômico-financeira e os seus instrumentos de consolidação de dados, que nos geram os principais índices e indicadores que vão permear as principais tomadas de decisão, consolidando essa visão financeira até a prática e a devida aplicabilidade da Matemática Financeira e a utilização da calculadora HP 12c para alcançar os principais dados quantitativos. Dessa forma, os objetivos específicos da disciplina são: Identificar os objetivos da gestão financeira. Determinar os demonstrativos financeiros básicos. Reconhecer como a administração financeira afeta os resultados da gestão empresarial. Extrair, a partir dos demonstrativos contábeis, informações básicas acerca da saúde e do desempenho financeiro de uma empresa. Calcular e aplicar os conceitos e as taxas de juros nominais, efetivas e equivalentes. Reconhecer o conceito e o impacto da variação do valor do dinheiro ao longo do tempo. Reconhecer a estrutura de um Fluxo de Caixa. Dimensionar o Fluxo de Caixa de um projeto de investimento. Aplicar os métodos e as técnicas de avaliação de projetos de investimento. Avaliar as características e as limitações de um projeto de investimento. Aplicar os métodos e as técnicas de avaliação do projeto de investimento. Caracterizar a importância da definição da taxa de atratividade. Apresentar uma visão geral da contabilidade e dos relatórios econômico-financeiro e a sua importância gerencial. Distinguir as contas do ativo, do passivo e do patrimônio líquido, entendendo a importância de cada conta no contexto do seu grupo de contas. Conhecer os efeitos das variações das receitas e despesas para a determinação do resultado. Avaliar a saúde financeira das companhias a partir da análise dos índices de liquidez. Apresentar os conceitos da Matemática Financeira que servirão de base no desenvolvimento de avaliações e operações financeiras realizadas no seu cotidiano. Com esse enfoque, este material foi estruturado em seis módulos. No módulo 1, estudaremos os princípios conceituais de finanças. Como premissa básica, é universalmente aplicável nas organizações regionais e globais de todos os tipos e setores, além da sua abrangência e importância nas finanças pessoas, pois, segundo Gitman (2010), o termo finanças pode ser definido como “a arte e a ciência de administrar o dinheiro”. No módulo 2, apresentaremos os conceitos introdutórios e os significados da Contabilidade: campo de atuação, definição, importância, usuários e informações para a atividade financeira. Além disso, estudaremos a lógica financeira em relação a objetivos estabelecidos, pois analisaremos o prisma da Contabilidade e os seus vieses decisórios e avaliaremos desde os seus usuários ao seu campo de atuação. No módulo 3, entraremos na vida corporativa das companhias ao explorar o Balanço Patrimonial com todas as suas estruturas, definições, divisões e subdivisões, o que torna este um instrumento padronizado para refletir em números a realidade da empresa, devidamente expressa nos dados que serão explorados. Assim, identificaremos as diferentes estruturas e definições conceituais de ativo e passivo, conforme são realizados no mercado financeiro, desde os mais básicos, como os grupos de contas, aos mais sofisticados, como a própria estrutura de um balanço patrimonial. No módulo 4, exploraremos desde a estrutura básica até os conceitos da DRE nas suas variações de regimes contábeis; regimes financeiros, ou caixa; e regime econômico, ou competência. Além disso, examinaremos os detalhes na demonstração e a comparação dos resultados. No módulo 5, utilizaremos os critérios mais importantes nos ajustes e na parametrização amplamente difundidos e utilizados no mercado financeiro, assim como a efetiva base para a formação dos índices de liquidez, rentabilidade e indicadores econômico-financeiros, tomando por base as avaliações da análise vertical e horizontal. Dessa forma, concluiremos com o módulo 6, no qual trataremos dos fundamentos da Matemática Financeira, desde as noções básicas na utilização da calculadora HP, passando por conceitos e aplicação de capitalização – juros simples e compostos–, evoluindo para série de pagamentos, uniforme e não uniformes; sistema Price e SAC; payback simples e descontado; VPL; TIR e IL. Nesse contexto, exploraremos a sua utilização no mercado financeiro, a formação de preços, a análise de dívida no curto e longo prazo e todos os fatores que influenciam as decisões financeiras vigentes nas empresas e instituições. SUMÁRIO MÓDULO I – VISÃO GERAL DE FINANÇAS ......................................................................................... 11 O QUE SÃO FINANÇAS? ................................................................................................................... 12 GESTOR FINANCEIRO: FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES .......................................................... 12 FUNDAMENTOS FINANCEIROS DE ATIVO – AMBIENTE – INVESTIDOR ..................................... 14 RISCO VERSUS RETORNO ................................................................................................................ 16 O QUE É VALOR EM FINANÇAS? ..................................................................................................... 18 MÓDULO II – CONTABILIDADE ........................................................................................................... 19 CAMPO DE ATUAÇÃO DA CONTABILIDADE .................................................................................. 20 IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE .............................................................................................. 21 USUÁRIOS DA CONTABILIDADE ..................................................................................................... 21 SISTEMA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS ...................................................................................... 24 MÓDULO III – BALANÇO PATRIMONIAL ............................................................................................ 27 ESTRUTURA BÁSICA ......................................................................................................................... 27 DEFINIÇÃO DE ATIVO ....................................................................................................................... 28 DEFINIÇÃO DE PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO....................................................................... 29 Passivo exigível ......................................................................................................................... 29 Patrimônio líquido ................................................................................................................... 29 BALANÇO PATRIMONIAL SEGUNDO ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS ........................ 29 SUBDIVISÕES DO BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................................. 30 GRUPO DE CONTAS DO ATIVO ....................................................................................................... 31 Ativo circulante ......................................................................................................................... 31 Ativo não circulante ................................................................................................................. 31 Investimento ....................................................................................................................... 31 Imobilizado .......................................................................................................................... 32 Intangível ............................................................................................................................. 32 GRUPOS DE CONTAS DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO .................................................... 32 Passivo circulante .................................................................................................................... 32 Passivo não circulante ............................................................................................................. 32 Patrimônio líquido ................................................................................................................... 33 CONTAS REDUTORAS DO ATIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO ........................................................ 33 Depreciação ......................................................................................................................... 34 Amortização ........................................................................................................................ 34 Exaustão .............................................................................................................................. 34 Prejuízos acumulados ............................................................................................................. 34 ESTRUTURAS DO BALANÇO PATRIMONIAL .................................................................................. 35 SITUAÇÕES PATRIMONIAIS ............................................................................................................. 36 MÓDULO IV – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO ................................................... 37 DEMONSTRAÇÃO DEDUTIVA .......................................................................................................... 38 REGIMES CONTÁBEIS ....................................................................................................................... 40 Regime financeiro ou regime de caixa .................................................................................. 40 Regime econômico ou regime de competência .................................................................. 41 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................................................. 41 DRE: DETALHES ................................................................................................................................ 42 MÓDULO V – INSTRUMENTOS DA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA ........................................ 47 AJUSTES E PADRONIZAÇÃO ............................................................................................................ 48 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS .................................................................................. 48 Índices de estrutura patrimonial ........................................................................................... 49 Relações entre as fontes de recursos .............................................................................. 50 Endividamento geral .......................................................................................................... 50 Composição das exigibilidades ......................................................................................... 52 Imobilização do patrimônio líquido ................................................................................. 52 Índices de liquidez ................................................................................................................... 53 Liquidez corrente ................................................................................................................ 53 Liquidez seca ....................................................................................................................... 54 Liquidez geral ...................................................................................................................... 54 Índice de rentabilidade ........................................................................................................... 54 Rentabilidade do patrimônio líquido ............................................................................... 55 Margem bruta ..................................................................................................................... 56 Margem operacional de lucro ........................................................................................... 56 Margemlíquida de lucro ................................................................................................... 57 Rotação do ativo ................................................................................................................. 57 Indicadores de prazo médio ................................................................................................... 58 Prazo médio de compras .................................................................................................. 58 Prazo médio de estoque .................................................................................................... 59 Prazo médio de recebimento ........................................................................................... 59 Ciclo operacional ................................................................................................................ 60 Ciclo financeiro ................................................................................................................... 61 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL ................................................................................................ 62 Análise vertical ......................................................................................................................... 62 Análise horizontal .................................................................................................................... 64 MÓDULO VI – MATEMÁTICA FINANCEIRA E UTILIZAÇÃO DA CALCULADORA HP ......................... 71 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ......................................................................................................... 72 Valor do dinheiro no tempo ................................................................................................... 72 Capitalização ............................................................................................................................. 72 Capitalização simples ......................................................................................................... 72 Capitalização composta ..................................................................................................... 73 Série de pagamentos ............................................................................................................... 75 Valor presente de uma série de pagamentos ................................................................ 75 Valor Futuro de uma série de pagamentos .................................................................... 75 Amortização de empréstimos ........................................................................................... 76 Critérios para avaliação de projeto .................................................................................. 76 Exercícios ............................................................................................................................. 76 NOÇÕES BÁSICAS DA CALCULADORA HP 12C ............................................................................. 77 Teclas com múltiplas funções ................................................................................................ 78 Separador de casas decimais ................................................................................................. 78 Quantidade de casas decimais .............................................................................................. 79 Limpeza do valor do visor da HP 12C ................................................................................... 79 Troca do sinal de um número ................................................................................................ 79 Notação polonesa reversa ...................................................................................................... 79 Armazenamento de valores na memória fixa ..................................................................... 79 Recuperação de valores na memória fixa ............................................................................ 80 Limpeza de todos os registros ............................................................................................... 80 Potenciação .............................................................................................................................. 80 Taxa mínima de atratividade .................................................................................................. 80 Payback simples ....................................................................................................................... 81 Payback descontado ................................................................................................................ 81 Valor presente .......................................................................................................................... 81 Valor presente líquido ............................................................................................................. 82 Taxa Interna de Retorno ......................................................................................................... 82 Índice de lucratividade ............................................................................................................ 83 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ......................................................................................................... 84 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 85 PROFESSOR-AUTOR ............................................................................................................................. 87 Neste módulo, apresentamos os principais objetivos, os conceitos e as definições da gestão financeira, bem como consolidamos a introdução de uma visão ampla de Finanças Corporativas e os seus modelos de avaliação, métricas e atividades financeiras que ocorrem rotineiramente no dia a dia das empresas e dos seus usuários. Veremos os fundamentos de finanças, com os métodos e as regras para a decisão de aceitação – investir – ou rejeição – não investir – de projetos em orçamento de capital; análise de custo de capital próprio e médio ponderado; e análise do risco econômico-financeiro, por meio dos principais índices e indicadores. Mas o que é finanças e o que engloba o mundo financeiro é fundamentalmente entender o processo de criação de riqueza nas organizações, assim como os principais objetivos da gestão financeira e o seu impacto no cotidiano da sociedade, nas empresas e nos mercados de uma forma ampla e globalizada, por meio das noções gerais de contabilidade, com a consolidação dos seus principais instrumentos e o uso dos indicadores de desempenho. Nesse contexto, exploramos, de fato, finanças e os principais objetivos e resultados da gestão financeira nas diversas estruturas e a sua devida aplicabilidade, para reconhecermos o impacto dos recursos ao longo do tempo e criarmos as bases para as definições de lucro de uma empresa e o processo de criação de riqueza da sociedade como um todo. Dessa forma, contextualizamos a integração da análise de viabilidade financeira com as demais áreas de gerenciamento e a estratégia financeira da organização, a fim de estarmos aptos na tomada de decisão para avaliar, reconhecer e aplicar um projeto de investimento. MÓDULO I – VISÃO GERAL DE FINANÇAS 12 O que são finanças? O estudo de finanças é amplo e dinâmico, englobando conhecimento e análise dos recursos em questão, tanto na vida das pessoas como nas organizações, tomando por base tanto decisões individuais como decisões empresariais pela busca da maximização sobre o maior retorno possível para a empresa. Sob essa ótica, devemos buscar e analisar todos os dados disponíveis para estruturar a melhor tomada de decisão, dentro da ótica financeira. Ou seja, cruzando assimtodo o contexto qualitativo da estratégia macro da empresa com o resultado objetivo e quantitativo que os dados trarão. Dentro desse contexto, com base na gestão financeira, devemos manter o foco no longo prazo para interligar a perspectiva global com os dados gerados para metrificar e embasar a melhor tomada de decisão, pois com o conhecimento existente e com as devidas informações resultará a criação de valor e a potencialização de riqueza da empresa e dos acionistas. Visto isso, na prática, devemos identificar, contextualizar e analisar as informações disponíveis com o objetivo de construir a melhor relação do risco existente sobre o retorno em questão. Gestor financeiro: funções e responsabilidades O maior desafio do gestor é reconhecer a decisão correta, ao efetuar a leitura do cenário econômico-financeiro e as influências do setor em análise versus o contexto da empresa e a sua real capacidade sobre o mercado em que atua. Assim, poderá ponderar a necessidade de tomar recursos no mercado e analisar as fontes – bancos e credores em geral –, sobre qual prazo, condições e garantia exigidas, entre outras análises; ou utilizar recursos próprios, seja por meio dos recursos da empresa, desde o uso do capital próprio disponível – patrimônio líquido –, ou até mesmo do capital de giro, e eventualmente avaliar qual é o balanço ideal entre os recursos próprios e os de terceiros; ou aportar capital de um dos sócios, ou até mesmo a entrada de um novo, diluindo assim a participação dos demais. Com isso, em última análise, o objetivo do gestor é, por meio do conhecimento e das informações disponíveis, conduzir o resultado para a melhor tomada de decisão desde investimentos e financiamentos até avaliações financeiras contextualizadas para gerar valor e proporcionar a maximização de lucros e riqueza da companhia e dos seus investidores. Dentro desse contexto, o papel do gestor financeiro passa por levantar todas as informações disponíveis antes de tomar a melhor decisão para a companhia, que passa, basicamente pela análise de onde, quanto e como investir. 13 Isso pode ocorre entre opções como o crescimento orgânico ou inorgânico. O crescimento orgânico ocorre pelo progresso natural, por meio da evolução no faturamento da companhia. Já o crescimento inorgânico ocorre, basicamente, por fusão, aquisição ou um empreendimento conjunto (EC). Por exemplo, o processo conhecido no mercado como F&A (fusões e aquisições), mais conhecido pela sigla em inglês que significa M&A (margin and acquisition). Sob essa ótica, definimos a aquisição (compra) de uma empresa concorrente, em partes ou na totalidade, ou por meio do processo de fusão entre duas empresas, estabelecendo sinergias operacionais, financeiras e gerenciais de uma forma geral, entre outras. Eventualmente, na forma de joint venture, com a criação de uma empresa nova, que define uma modalidade em que ambos têm a identidade conservada. Assim, gerando uma parceria com a terceira parte, em vez de realizar uma fusão completa ou parcial com as outras duas que compõem a transação, mantendo assim a natureza e rotina normal destes. No mercado, o termo se consolidou como definição de um negócio que é gerado a partir da associação de duas partes – empresas – com o objetivo de explorar um determinado setor. Seguem alguns exemplos ocorridos no mercado de M&A (fusão e aquisição) e joint venture no cenário nacional: Gráfico 1 – Top 10 Brasil: maiores fusões e aquisições em 2018, envolvendo empresas brasileiras, em R$ bilhões 14 Fonte: Moura (2019). Para mais detalhes sobre o relatório da PricewaterhouseCoopers (Pwc) sobre M&A, acesse https://www.pwc.com.br/pt/estudos/servicos/assessoria-tributaria-societaria/fusoes- aquisicoes/2020/fusoes-e-aquisicoes-no-brasil-fevereiro-20.html Seguem abaixo três sugestões de leitura: SAFATLE, Claudia; MURAKAWA, Fabio. Boeing e Embraer se aproximam de acordo para criar joint venture. Valor Econômico, 3 de julho de 2018. Disponível em: <https://www.valor.com.br/empresas/5634127/boeing-e-embraer-se-aproximam-de- acordo-para-criar-joint-venture>. Acesso em: 14 set. 2018. SALOMÃO, Karin; VAZ, Tatiana. As maiores compras e fusões de empresas no Brasil até junho. Exame, 3 de julho de 2016. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/as- maiores-compras-e-fusoes-de-empresas-no-brasil-ate-junho>. Acesso em: 14 set. 2018. VAZ, Tatiana. As 10 maiores fusões e compras de grandes empresas em abril. Exame, 1º de maio de 2016. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/as-10-maiores-fusoes- e-compras-de-grandes-empresas-em-abril>. Acesso em: 14 set. 2018. Fundamentos financeiros de ativo – ambiente – investidor A identificação e diferenciação entre ativo, ambiente e investidor trará a segurança necessária para o entendimento pleno das principais atividades, características, complexidades e diversidades da esfera financeira, assim como as variações e diferentes participações dos investidores e as variações desse modelo. O ativo da empresa é de onde efetivamente se obtêm os ganhos desta. Ou seja, é o bem primordial de onde se obtém o faturamento da organização, por exemplo, em uma indústria, o principal ativo é a planta fabril (imóvel, máquinas, etc.); e já no caso de uma empresa de consultoria, o seu maior ativo será o capital intelectual, pois é o que de fato produz valor a empresa. Nesse sentido, podemos citar como um grande diferencial no ativo a natureza de onde é gerado o maior valor de uma empresa, o chamado core business. Pelo qual se evidencia o ponto forte na estratégia da atuação da empresa, ou seja, o negócio majoritário, a sua principal fonte de renda. O termo é originário das palavras em inglês core = núcleo/central e business = negócio. Com isso, forma o termo usado para evidenciar o “negócio principal” da empresa, a sua atividade mais importante. No caso do chamado ambiente, é de fundamental importância ter pleno conhecimento sobre os detalhes, a complexidade e a sua completa natureza. Uma vez que existem diferenças importantes que podem fazer um projeto de investimento decolar ou afundar de vez. Ou seja, será a diferença entre o sucesso e o insucesso na empreitada, no sentido de provocar a devida amplitude sobre a sua importância e os seus reais riscos e benefícios, principais influências, potencial ponto de saturação, tipo de monopólio e eficiência do mercado em geral. 15 Também podemos citar a avaliação do seu tamanho e das suas influências para um lançamento de um produto e eventuais concorrentes e substitutos, perfil de fornecedor e stakeholders diversos – público estratégico com envolvimentos diretos ou indiretos na operação –, são as chamadas partes interessadas no ponto em questão; ou seja, os influenciados e influenciadores, diretos e indiretos, positiva e negativamente no cerne central da questão – a empresa. Porém, também se faz necessário o entendimento sobre o perfil e a característica do cliente em potencial, desde target – nível – de preço, perfil e poder de compra em uma tomada de decisão final, por exemplo, assim como toda a logística e infraestrutura em torno da operação e as suas influências na operação. Além disso, essas influências passam desde as questões legais, tais como incentivos fiscais, legislação, complexidade tributária envolvida e demais, como os índices de referência mais relevantes, que são medidos desde Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até o Banco Central (Bacen), desde taxa de desemprego (PNAD), inflação, taxa básica (Selic) e os juros que de fato são operados no mercado, “bancabilidade” – acesso ao mercado bancário com boas taxas, prazos e garantias –, entre outras interferências. Assim como critérios macro e micro econômico existente, desde nível de câmbio, perfil para importação e exportação e as suas exposições e estratégias sobre o mercado global. Dessa forma, os vários pontos citadosdemonstram a complexidade em lidar com todos esses componentes sobre uma mesma variável e dar validade a uma decisão final, pois os pontos influenciadores são complexos e surgem de vieses não só financeiros. Como vimos, podem ser jurídicos, de mercado, econômico e cultural, no caso de um novo entrante regional ou internacional. Em última análise, faz-se necessário o entendimento final sobre o perfil dos investidores, passando desde credores até o próprio sócio e as suas variações, como apetite a risco entre outros que influenciam direta e indiretamente a operação, pois o modelo de negócio, invariavelmente, vai transitar por um destes, ou na maior parte do tempo, por ambos. O que vai diferenciar uma boa estrutura é exatamente o balanceamento entre essas duas fontes, com todas as suas variações características do capital de terceiros ou próprio. Por isso, inclusive, existe um termo que mede o custo do capital da empresa, o chamado Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC), ou em inglês conhecido como Weighted Average Cost of Capital (WACC). Dentro desse contexto, teremos um mix de dados e avaliações que serão preponderantes para a tomada de decisão de uma companhia, e a maior influência vai passar exatamente sobre o nível de risco aceito por sócios e conselheiros, que formam a decisão da empresa para uma determinada empreitada. Ou seja, terão de assumir a responsabilidade sobre aquela decisão, e por isso foi chamado como conhecido termo de risco versus retorno. 16 Risco versus retorno O fato é que, se existe a incerteza, existe o risco. Quanto maior o risco, sobre determinado ativo, maior a expectativa de retorno. Em contrapartida, quanto mais conservadorismo, sob a ótica financeira, maior será a segurança. Nesse sentido, o comportamento do investidor pode resumir-se em ser avesso ao risco, neutro ou propenso ao risco. Relação Risco e Retorno: A relação entre risco e retorno é simples: ambos andam de mãos dadas. Basta olhar para o mercado financeiro: enquanto a poupança e os fundos DI mostram maior segurança, investimentos em ativos mais arriscados, como Bolsa, por exemplo, acabam mostrando retornos de longo prazo mais elevados (INFOMONEY, 2007). Em matéria do jornal Valor Econômico, foi exemplificada a variação de 39 anos de aplicações financeiras no Brasil, entre os anos de 1970-2009: D’AGOSTO, Marcelo. Risco e retorno nas aplicações financeiras. Valor Econômico, 7 de novembro de 2012. Disponível em: <https://www.valor.com.br/valor-investe/o-consultor-financeiro/2895132/risco-e-retorno-nas- aplicacoes-financeiras>. Acesso em: 14 set. 2018. Gráfico 2 – Fim da instabilidade financeira Fonte: IpeaData e Banco Central. 17 Como exemplificação desse fato, segue trecho de recente matéria do jornal Valor Econômico, exemplificando as razões das variações existentes na decisão de um investidor, que são influenciados por conjunturas complexas, desde o contexto macroeconômico até as variações culturais de faixa etária dos indivíduos, estampada na matéria de 14 de junho de 2018: Pela primeira vez em pelo menos cinco anos, o brasileiro mostra disposição para revisar sua tolerância a riscos e partir para investimentos menos conservadores. A diversificação para ativos como ações, fundos de gestoras independentes ou aplicações no exterior [...] Essa dinâmica coincide com o significativo corte da Selic desde outubro de 2016, conforme aponta a pesquisa “Sentimento do Investidor 2018”, feita pela gestora Franklin Templeton no Brasil, como parte de um levantamento global do grupo americano, que reúne US$ 750 bilhões em ativos mundo afora. Os dados foram antecipados para o Valor (COTIAS, 2018). Em uma tomada de decisão, sob a ótica financeira, precisamos medir o risco, e isso pode ser feito por dois modelos. Um por comparação no mercado, semelhança de taxas de retorno que são praticadas; e outro por métricas teóricas, com a utilização do modelo de precificação de ativos = Capital Asset Pricing Model (CAPM). Basicamente, na medição por semelhança, executa-se uma média das taxas de retorno praticadas no mercado e conclui-se um padrão de referência com base na média praticada pelo mercado. Por exemplo, a taxa de retorno de investidores para empresas do setor industrial é 10%, 15% e 20%; na média, chegamos a 15% sobre esse setor em análise. No caso do modelo CAPM, deve ser feito um cálculo, por meio da fórmula: Ks = Rf + Bs (Erm – Rf) Onde temos: Ks: Taxa mínima de retorno indicada/exigida (sócios) Rf: Taxa de aplicação em Renda Fixa (média do que conseguiria no mercado com < risco) BETA (Bs) = risco do ativo dos sócios Erm = retorno do mercado (Erm – Rf) = prêmio de risco de mercado 18 O que é valor em finanças? Devemos entender os contextos necessários e, principalmente, as formas e os critérios variados para metrificar e analisar pontos focais de determinados investimentos. Ou seja, essa função requer muita responsabilidade, é um fato. Todavia, é um caminho matemático, e devidamente tipificado se faz necessário levantar os dados corretos e calcular. Nesse contexto, faz-se necessário contextualizar os objetivos finais para tais métricas e invariavelmente vai remeter-nos a analisar a viabilidade de um projeto financeiro em análise, os seus critérios de seleção, viabilidade e classificação entre os melhores e mais lucrativos ou não, por exemplo. Por exemplo, valor de um projeto ou empreendimento sobre um determinado prazo, custo dos fluxos de caixa (FC) projetado naquele período e taxa descontada sobre o risco, para tal, desbravar o Valor Presente Líquido (VPL); ou para o caso de metrificar e comparar, criar um índice para gerar um critério de análise, e teremos maior objetividade como a Taxa Interna de Retorno (TIR); e para o caso de ter o entendimento mais detalhado sobre o custo de capital para efeitos de comparação entre capital próprio ou de terceiros, por exemplo, e com isso será calculado o Índice de Lucratividade Líquida (IL). Neste módulo, acessamos os fundamentos de Contabilidade, os seus demonstrativos financeiros básicos e as suas aplicações, passando à introdução, ao campo de atuação, à importância, aos usuários e ao sistema de informações contábeis. Define-se objetivamente a Contabilidade como sendo um sistema de informações e avaliações a prover o seu usuário com demonstrações e análises econômica, financeira e produtividade do objeto de contabilização. a função fundamental da Contabilidade [...] tem permanecido inalterada desde os primórdios. Sua finalidade é prover os usuários dos demonstrativos financeiros com informações que os ajudarão a tomar decisões. Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais nos tipos de usuários e nas formas de informação que têm procurado. Todavia, esta função dos demonstrativos financeiros é fundamental e profunda. O objetivo básico dos demonstrativos financeiros é prover informação útil para a tomada de decisões econômicas (LUDÍCIBUS, 1986, p. 17). Contabilidade conceitos básicos; objetivos da Contabilidade e usuários da Contabilidade. Demonstrações contábeis balanço patrimonial e demonstração de resultado do exercício. MÓDULO II – CONTABILIDADE 20 Análise econômico-financeira por meio de índices índices econômico-financeiros; índices de estrutura patrimonial; índices de liquidez; índices de rentabilidade e análise vertical e horizontal. Ao analisarmos as definições acima, podemos deduzir sem maiores dificuldades que o objetivo da Contabilidade é fornecer informações para vários usuários, a fim de auxiliar o processo de tomada de decisões. Campo de atuação da Contabilidade De forma simplificada, é o processo de registrar, sumarizar e organizar todos os atos e fatos, mensuráveis financeiramente, que ocorrem nas empresas. Devido à necessidade de registro contábil de todas as movimentações financeirasde uma empresa, a Contabilidade acaba tornando-se o seu grande banco de dados, com o histórico de todas as suas operações, o que pode ser de grande importância estratégica para utilizar as informações adequadamente. Assim, a Contabilidade, muito além de servir para a apuração de tributos, tem a função de subsidiar o processo de tomada de decisões para se atingir o objetivo da empresa. De acordo com Damodaran (1999), as decisões para maximizar o valor para o acionista são de três tipos: investimento, financiamento e dividendo. Como escolher em que projetos investir? Como financiá-los? O que fazer com o excedente de recursos se não houver projetos suficientes? Figura 1 – Decisões para maximizar o valor para o acionista 21 A nossa disciplina vai concentrar-se no conjunto de conhecimentos sobre Contabilidade presente nessas três classes de decisões – investimento, financiamento e dividendo – tomadas no âmbito das Finanças Corporativas e nos Projetos de Investimento que integram os portfólios das empresas. Importância da Contabilidade É indiscutível a importância e responsabilidade da Contabilidade para toda a sociedade. As informações contábeis geram eficiência para o sistema econômico. Sem a informação apropriada, há um acréscimo do risco e, como consequência do custo de capital, há um reflexo nos preços. A Contabilidade representa um patrimônio da humanidade, desenvolvido pela capacidade intelectual do ser humano. Constitui uma linguagem universal única e uma atividade de serviço para todos os governos, empresas privadas e entidades sem fins lucrativos, sendo um instrumento para a eficiente alocação de recursos, atingindo um papel marcante em uma economia de mercado de capitais. A Contabilidade proporciona a base para a efetivação de contratos e para a comprovação das relações estabelecidas e é fundamental para o controle das atividades econômicas e para a avaliação do desempenho daqueles que efetuam a gestão dos recursos. É consagrada em termos legais por meio da apresentação das demonstrações contábeis. O profissional de Contabilidade tem como competência básica a habilidade para conceituar a informação, bem como conhece profundamente o ambiente interno e o externo. Por meio de sistemas, sabe que as informações geradas são de extrema importância para que o gestor tome uma decisão adequada. Por meio das demonstrações contábeis, como vimos acima, torna-se possível uma análise completa das informações geradas, bem como a sua importância para o usuário. Usuários da Contabilidade O estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) definiu usuários como: “toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo patrimônio familiar” (FIPECAFI, 1995, p. 59). 22 Diversos são os usuários das informações contábeis, cada um, especificamente, com uma necessidade informacional diferenciada. Podemos destacar como os principais: usuários internos, que são os empresários, gerentes, diretores, etc.; e usuários externos, que são os investidores – pessoas físicas ou jurídicas que adquirem participações nas empresas –, fornecedores de bens e serviços, clientes, instituições financeiras, sindicatos, entidades governamentais, não governamentais e outros. Portanto, o usuário da informação contábil é toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja de finalidades lucrativas, não lucrativas, ou patrimônio familiar. Quadro 1 – Usuários da informação contábil tipo de usuário da informação contábil meta que desejaria maximizar ou tipo de informação mais importante acionista minoritário fluxo regular ou dividendos acionista majoritário fluxo de dividendos, valor de mercado da ação e lucro por ação acionista preferencial fluxo de dividendos mínimos emprestadores de recursos e credores em geral geração de fluxos de caixa futuros, suficientes para retornar o principal e juros com segurança entidades governamentais análise da situação econômico-financeira, produtividade e lucro tributável empregados em geral fluxo de caixa futuro capaz de assegurar bons aumentos ou manutenção de salários, com segurança; liquidez; participação nos lucros média de alta administração retorno sobre o ativo e sobre o PL, liquidez, etc. 23 A figura 2, abaixo, resume quais são os usuários da Contabilidade. Figura 2 – Usuários da Contabilidade 24 Sistema de informações contábeis O processo contábil, descrito na figura 3, abaixo, é cada vez mais complexo e trabalhoso conforme a complexidade e o tamanho da entidade que se esteja analisando. No entanto, atualmente a grande maioria das empresas de médio porte e a totalidade das empresas de grande porte utilizam sistemas integrados para dar suporte à realização desse processo de forma eficiente e adequada. Figura 3 – Processo contábil Hoje em dia, a responsabilidade de realização do processamento contábil não está concentrada na figura apenas do contador, pois com a utilização dos sistemas integrados os registros contábeis vão sendo realizados conforme as operações do dia a dia da empresa vão acontecendo nas áreas responsáveis. Um exemplo disso é o recebimento de uma matéria-prima adquirida pela empresa. No momento em que a pessoa responsável a recebe, realiza a conferência e registra a entrada da nota fiscal no sistema. Nesse momento, ele já esta realizando um processo contábil, que vai alimentar as informações de estoque de matéria-prima, e contas a pagar da empresa, por exemplo. A partir da tecnologia da informação, ficou fácil obter informações atualizadas das contas controladas pela Contabilidade. Os sistemas de contabilidade atualmente são informatizados e com os seus lançamentos instantâneos e descentralizados. 25 A todo o momento chegam ao plano de contas da contabilidade informações de todas as partes da organização atualizando a posição patrimonial. Dessa forma, as informações geradas pela contabilidade podem ser utilizadas para a tomada de decisões. Assim, a organização contábil contemporânea se mostra altamente dependente de sistemas de informações adequados, utilizando processos descentralizados de registro das operações realizadas, estando evidenciadas pelas definições e ponderações a seguir. A Contabilidade não toma decisões, é um instrumento para avaliar desempenho e subsidiar o parecer. O principal objetivo é fornecer informações para subsidiar a tomada de decisão. Por definição, é o processo de registrar, sumarizar e organizar todos os atos e fatos, mensuráveis financeiramente, que ocorrem nas empresas. As organizações contábeis modernas se estruturam a partir do esquema: Figura 4 – Organização contábil contemporânea Neste módulo, abordamos a principal função do Balanço Patrimonial, que é refletir a posição financeira de uma empresa em determinado momento. Deve-se observar que esse relatório apresenta uma posição estática da empresa, sendo em qualquer momento após o seu encerramento. A sua informação pode ser alterada, visto que outras operações podem ter sido registradas, tais como vendas, recebimentos, pagamentos, etc. Estrutura básica A estrutura do Balanço Patrimonial é composta, basicamente, de três partes principais: o Ativo, o Passivo e Patrimônio Líquido, segundo as suas origens e aplicações de recursos e subdivisões. Esse relatório pode ser graficamente apresentado na estrutura abaixo, onde se observa um grande grupo do lado esquerdo, chamado de Ativo; e outro do lado direito, com uma separação entre Passivo e Patrimônio Líquido. Balanço Patrimonial Ativo Líquido Passivo e Patrimônio Lado Esquerdo Lado Direito MÓDULO III – BALANÇO PATRIMONIAL28 Outra característica a ser observada é que cada uma das partes apresentadas desse relatório é composta de diversas contas criadas conforme as necessidades de registros das operações da empresa. Essas contas estão organizadas de acordo com o seu grau de liquidez – velocidade de se transformarem em dinheiro – e exigibilidade – prazo de exigência de pagamento. Definição de ativo Para algo ser considerado Ativo, deve preencher uma série de requisitos. O primeiro deles é ser um bem ou direito da empresa. Assim, uma dívida que a empresa possua, em nenhum momento pode ser considerada um ativo. Os bens ainda podem ser divididos em outros subgrupos de características semelhantes, tais como tangíveis, que são físicos, por exemplo, os computadores; ou intangíveis, que não são físicos, como a marca. Além disso, podem ser classificados como móveis, que podem ser movimentados, por exemplo, uma cadeira; ou imóveis, que não podem ser movimentados, como um terreno. A segunda característica que define um ativo é ser controlado pela entidade. Somente é considerado como um ativo da empresa aquilo de que efetivamente ela tenha o controle. Ressaltamos que esse conceito se sobrepõe ao de propriedade, uma vez que podem existir situações em que a empresa formalmente não seja proprietária de um bem, mas efetivamente tenha o controle sobre ele. Nessas situações, deve prevalecer o conceito da essência sobre a forma, ou seja, a contabilidade deve registrar o fato tal como ele é, mesmo que este se apresente de forma diferenciada ao contrato (forma). Podemos citar como exemplos dessa situação algumas empresas aéreas, as quais comumente adquirem aviões utilizando financiamento por um mecanismo chamado de leasing, o qual, na sua forma, é um contrato de aluguel, sendo a propriedade do bem pertencente à instituição financeira arrendadora e não especificamente à empresa aérea. Essa situação pode gerar uma distorção nas informações contábeis apresentadas pelas empresas, uma vez que se poderiam encontrar empresas aéreas sem aviões. Sendo assim, prevalecendo-se o conceito da essência sobre a forma, a contabilidade registra o avião arrendado como ativo da empresa independentemente da natureza jurídica do contrato. Além das características anteriores, deve também, necessariamente, ter valor objetivo, ou seja, deve haver a possibilidade de ser avaliado em dinheiro. A Contabilidade registra atos e fatos financeiros, e se alguma coisa não tiver a possibilidade de ser mensurada financeiramente, não pode ser registrado ativo. A última característica que define o conceito de ativo é o fato de que os ativos devem trazer benefícios presentes ou futuros para a empresa. Um computador que tenha sofrido um problema elétrico e que não tenha mais uso não vai trazer mais benefícios para a empresa tanto no momento atual, quanto no futuro. Assim, esse equipamento, que antes era classificado como ativo, deve ser baixado, não devendo mais ser considerado como tal. 29 Definição de passivo e patrimônio líquido A estrutura do Balanço Patrimonial do Brasil apresenta todo o lado direito do relatório como “Passivo”. Na verdade, nesse lado existem dois grupos, chamados de Passivo Exigível e Patrimônio Líquido, os quais têm características. Passivo exigível O grupo do Passivo Exigível contém todas as obrigações – dívidas – que a empresa tem com terceiros, tais como contas a pagar, fornecedores, empréstimos, etc. Uma característica muito importante deste grupo é que os valores nele registrados, em algum momento, deverão ser pagos, ou seja, serão liquidados pela empresa, mesmo que o período seja bastante distante. Patrimônio líquido Os valores apresentados no grupo do Patrimônio Líquido representam os recursos dos proprietários aplicados na empresa. Esses recursos pertencem aos seus sócios, no entanto, não podem ter a sua devolução exigida, a não ser que a empresa venha a encerrar as suas atividades e liquide os seus compromissos. Destacam-se neste grupo duas contas: a de Capital, onde são registrados os valores efetivamente aportados pelos sócios no negócio; e a conta de Lucros/Prejuízos Acumulados. Esta última tem uma característica diferenciada das outras deste grupo, pois registra o lucro das operações da empresa que não foram distribuídos aos sócios. Nesse caso, o lucro é a remuneração do capital investido pelos proprietários, e a eles pertence, estando apenas temporariamente à disposição da empresa, mas podendo ser solicitados. Deve-se observar que, segundo a nova legislação contábil, a conta de Lucros Acumulados não poderá existir após o encerramento do exercício, permitindo-se apenas a de Prejuízos Acumulados. Assim, a empresa, deverá destinar o seu lucro para a distribuição ou para retenção por meio da criação de reservas ou do aumento de capital. Balanço patrimonial segundo origens e aplicações de recursos Apesar de a Contabilidade ter de respeitar uma série de regras e procedimentos para que a sua informação seja considerada adequada, o seu objetivo final é sempre gerar uma informação adequada para os tomadores de decisão. Sendo assim, o seu produto final deve ser entendido de acordo com uma lógica que permita a sua adequada interpretação. 30 Os registros contábeis são realizados de acordo com o método das partidas dobradas, segundo o qual, toda origem de recurso deverá, necessariamente, possuir uma aplicação de recursos. Conforme diagrama abaixo: Figura 5 – Fluxo de recursos da empresa Fonte: LIMEIRA, A. L. F. et al. Contabilidade para executivos. 7. ed. FGV, 2006. Seguindo o mesmo raciocínio, pode-se entender o Balanço Patrimonial também desta forma, em que o passivo representa as origens; e o ativo, as aplicações, tal como demonstrado na figura 6, a seguir: Figura 6 – Balanço patrimonial Ao visualizar o Balanço Patrimonial conforme o diagrama anterior, pode-se observar a estratégia de financiamento das operações adotada pela empresa, seja por meio da utilização de capital próprio – Patrimônio Líquido –, ou por meio de uma combinação com capital de terceiro – Passivo Exigível. Além disso, essa análise permite identificar o destino dado aos recursos que entraram na empresa, ou seja, de que forma foram aplicados – estoques, máquinas, aplicações financeiras, etc. Subdivisões do balanço patrimonial O Balanço Patrimonial, além de apresentar a separação de Ativo, Passivo Exigível e Patrimônio Líquido, é dividido em diversos subgrupos que têm como objetivo aumentar a qualidade na informação contábil. 31 A primeira grande divisão existente no Balanço Patrimonial se refere ao prazo de liquidação das suas contas, tanto de Ativo, quanto de Passivo, podendo ser representado graficamente em duas partes: Figura 7 – Balanço patrimonial: prazo de liquidação das contas Geralmente, consideramos de curto prazo todas as contas que devem ser liquidadas antes de um ano, e de longo prazo aquelas que ultrapassem esse período. Grupo de contas do ativo Ativo circulante O primeiro grupo de contas pertencentes ao Ativo é chamado de Circulante. Nele são encontrados ativos que serão liquidados, ou seja, serão transformados em recursos, de forma mais rápida, geralmente em um período de até um ano. Ativo não circulante O segundo grupo é chamado de Ativo Não Circulante = Realizável a Longo Prazo. Nele podemos observar as contas que a empresa tem intenção de transformar em recursos financeiros, mas que levarão um prazo maior para que aconteça, mais de um ano. Investimento São participações em outras empresas que não se destinam à venda, e outras aplicações que não têm relação com a atividade operacional da empresa. Por exemplo, ações de outras empresas, imóveis alugados a terceiros, obras de arte, etc. Ao registrar neste grupo, as participações em outras empresas, existem duas metodologias de avaliar essas aplicações no decorrer do tempo: o método de custo e ode equivalência patrimonial. 32 Segundo o método de custo, mantém-se como valor da participação na investida o custo histórico de aquisição – o valor pago –, não sofrendo, dessa forma, interferências de lucros ou prejuízos apurados. De forma distinta, o método de equivalência patrimonial vai registrar no seu balanço, em cada período, o valor referente à participação percentual no patrimônio líquido da investida. Assim, sempre que o PL da investida sofrer modificações – por lucro ou prejuízo, por exemplo – o total do investimento da controladora também sofrerá alterações. Além disso, o valor dessa variação será considerado no resultado da controladora, equilibrando ativo total com passivo total. Imobilizado Aplicações que tenham por objetivo a atividade operacional da empresa. Por exemplo, imóveis de uso, móveis, veículos e máquinas. Reduzindo pode existir uma a depreciação, a qual diminui o valor, representando perda por uso ou obsolescência. Intangível No fim de 2007, foi aprovada nova legislação contábil brasileira, a qual tramitava há sete anos no Congresso Nacional. As novas normas modificaram alguns pontos da estrutura de relatórios contábeis. Entre as modificações aprovadas, está a criação de mais um subgrupo, chamado Intangível. Neste subgrupo, são classificados todos aqueles ativos de uso que são imateriais, marcas, patentes e fundos de comércio. Grupos de contas do passivo e patrimônio líquido Da mesma forma que o Ativo, o Passivo também apresenta as suas subdivisões. Passivo circulante A primeira subdivisão é chamada também de Circulante e apresenta as mesmas características do Ativo, ou seja, são classificadas as contas que serão liquidadas rapidamente, até um ano. Passivo não circulante A segunda subdivisão é o Passivo Não Circulante. Nele são classificadas todas as contas que serão liquidadas em períodos mais longos, superiores a um ano. 33 Patrimônio líquido Por fim, existe o subgrupo do Patrimônio Líquido. A característica deste é que as suas contas não são exigíveis. Ou seja, apesar de pertencerem aos sócios, apenas poderão ser retidas da empresa após a sua liquidação e o encerramento dos seus compromissos. Considerando todos os subgrupos descritos anteriormente, pode-se observar o Balanço Patrimonial com a estrutura: Figura 8 – Balanço patrimonial: contas do ativo, contas do passivo e patrimônio líquido Contas redutoras do ativo e patrimônio líquido Nos itens anteriores, observamos que uma forma de compreender a lógica gerencial do Balanço Patrimonial é por meio da visualização das origens de recursos (Passivo + Patrimônio Líquido) e das aplicações de recursos (Ativo). A consequência desse conceito é que, nesse demonstrativo, tanto origens quanto aplicações de recursos são visualizadas com valores positivos. No entanto, existem algumas exceções. Uma primeira exceção pode ser encontrada no Ativo Circulante, sendo chamada de Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa ou Provisão para Devedores Duvidosos (PDD). Na sua operação normal, a maioria das empresas vende pelo menos uma parte dos seus produtos ou serviços a prazo. Também é comum que uma parcela do total vendido a prazo não seja recebida conforme acordado. Ressaltamos que a empresa não sabe quem é o cliente que não vai honrar com os seus compromissos, pois se soubesse antecipadamente não venderia. Por outro lado, fazendo uma análise histórica das suas operações e das tendências de mercado, pode com certo grau de segurança encontrar um percentual das vendas que tende a não ser recebido. Como já explicado, o objetivo da contabilidade é fornecer informações adequadas para os seus usuários e se ela ignorasse este fato, o resultado seria que as pessoas que estivessem analisando os seus dados considerariam que no futuro entraria no caixa da empresa um valor maior do que o correto, ou seja, seria feita uma avaliação equivocada sobre a real situação da empresa. 34 Dessa forma, a contabilidade, tendo identificado a existência de uma parcela que não será recebida pela empresa, expõe-na por meio da constituição da conta de perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa, a qual aparece abaixo de Contas a Receber, mas com o seu valor negativo. Assim, se a empresa tem R$ 2 milhões registrados em Contas a Receber, e apresenta um PDD de R$ 100 mil, logo abaixo, o usuário imediatamente analisará que a empresa, apesar de ter vendido a prazo R$ 2 milhões, tende a receber conforme acordado com os seus clientes apenas R$ 1,9 milhões. No grupo do Ativo Não Circulante, podem-se encontrar também algumas contas redutoras, sendo elas: Depreciação, Amortização e Exaustão. Depreciação Representa a diminuição do valor de itens classificados no Ativo Não Circulante, causada por desgaste pelo uso, ação da natureza ou obsolescência técnica. Amortização Compreende a importância correspondente à recuperação do capital aplicado em bens intangíveis, ou dos recursos aplicados em despesas que contribuam para a formação no resultado de mais de um exercício social, a ser lançada com custo ou encargo, em cada exercício. Exaustão É a importância correspondente à diminuição do valor dos recursos naturais não renováveis ou exaurimento indeterminável, resultante da sua exploração, a ser lançada como custo ou encargo, em cada período de apuração, nas mesmas condições dos cálculos dos encargos de depreciação e amortização, considerando o custo de aquisição ou prospecção dos recursos explorados. As três contas citadas têm o mesmo princípio, ou seja, a redução do valor do imobilizado, reconhecendo a sua perda, sendo que são apresentadas no grupo do Ativo Não Circulante com os seus valores negativos. Prejuízos acumulados No grupo do Patrimônio Líquido, também se pode encontrar uma conta redutora, no caso a de Prejuízos Acumulados, a qual acumula os resultados negativos do período contábil atual, bem como de passados. 35 Estruturas do balanço patrimonial De acordo com a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 – atualizada pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009 –, o Balanço Patrimonial deve respeitar a estrutura apresentada no quadro 3, abaixo: Quadro 2 – Estrutura do balanço patrimonial Deve-se observar que este modelo de Balanço Patrimonial inclui as alterações incluídas na Lei nº 11.941/09. Segundo essa medida, criou-se o agrupamento “Ativo Não Circulante”, o qual compõe os grupos do Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível; e, no passivo, o “Passivo Não Circulante”. Outro fato a ser observado é que essa lei determinou a eliminação do grupo de Diferido, o qual era encontrado no permanente. No entanto, algumas publicações ainda podem ser realizadas com essa antiga classificação, nas situações em que os saldos das contas anteriormente existentes não possam ser reclassificados. De qualquer maneira, a estrutura acima apresenta nova estrutura de Balanço Patrimonial a ser adotada pelas empresas. 36 Situações patrimoniais Conforme demonstrado nos itens anteriores, o total do ativo não pode ser diferente do total do passivo. No entanto, algumas empresas podem apresentar prejuízo, o qual é registrado na conta de prejuízos acumulados. A existência de prejuízos acumulados faz com que o Patrimônio Líquido da empresa diminua, mas não altera a igualdade entre ativo e passivo. No entanto, a possibilidade de diminuição do Patrimônio Líquido pode fazer com que uma empresa apresente três estruturas: Patrimônio Líquido > 0 – Situação mais comum, observada principalmente no momento de constituição de uma empresa, representa a situação regular das empresas. Patrimônio Líquido = 0 – Situação em que prejuízos consecutivos acumularam-se e acabaram zerando o valor do Patrimônio Líquido, sendo que a empresa estaria financiando integralmente o seu Ativo(aplicação de recursos) com capital de terceiros. Patrimônio Líquido < 0 – Situação em que os prejuízos acumulados superaram o valor do Patrimônio Líquido. A empresa nessa situação, além de estar financiando integralmente o seu ativo (aplicação de recursos) com capital de terceiros, também dependeria deste para cobrir os prejuízos acumulados na sua operação. Neste módulo, abordamos o estudo da DRE e os seus principais conceitos que devem ser observados para facilitar a compreensão. Desenvolve-se o entendimento para demonstrações dedutivas; regimes contábeis; regime financeiro, ou regime de caixa; regime econômico, ou regime de competência; e comparação dos resultados. No dia a dia de qualquer negócio, uma série de pagamentos é realizada com as mais diversas finalidades. Qualquer pagamento realizado por uma empresa pode ser chamado de Gasto. Uma das formas de classificar os diversos tipos de gastos é como Custos, Despesas ou Perdas. Custos podem ser entendidos como todos os gastos diretamente relacionados com o produto ou serviço prestado. O custo tem como característica possibilitar a sua identificação na composição do produto. Como exemplo, considere uma cadeira. Nesse produto, pode-se dizer quanto de madeira, plástico, metal, tinta e horas trabalhadas de pessoal de produção foram consumidos para se montar um exemplar. Ou seja, todos esses itens são claramente identificados no produto, sendo considerados, portanto, custos. De outra forma, as despesas, apesar de também serem gastos da empresa, não são diretamente relacionadas ao produto. Por exemplo, não é possível dizer quanto do aluguel do escritório da administração foi utilizado para montar uma cadeira ou quanto do valor gasto com um comercial veiculado na televisão pertence ao mesmo produto. Todos os gastos que têm essas características são considerados como despesas. Por fim, devemos distinguir conceitualmente custos de perdas. Um gasto deve ser considerado como perda quando é imprevisível e aleatório. Se uma quantidade de matéria-prima ao ser colocada em produção é descartada devido a algum erro ou falha de operação, por exemplo, sendo esse fato não previsto antecipadamente e não devendo repetir-se no futuro, essa quantidade deve ser considerada como perda. MÓDULO IV – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO 38 Por outro lado, se uma matéria-prima é colocada em produção, e uma parte dela é constantemente descartada, mas esse efeito já é esperado antecipadamente, essa parcela faz parte da composição do produto. Nesse caso, não seria possível fabricar o produto sem descartar a referida quantidade. Sendo assim, essa parcela deve ser considerada como custo do produto. O objetivo da demonstração de resultado do exercício é a organização das informações sobre o lucro ou o prejuízo de uma empresa de forma que o usuário da informação seja capaz de avaliar a atuação da empresa e visualizar a sua operação futura. Considerando esse segundo objetivo, faz-se necessário separar os resultados atingidos com base em operações que a empresa continuará a executar e aqueles originados de fatos que não se repetirão mais. Esses casos são chamados de operações continuadas e não continuadas. Segundo o CPC 3, a entidade deve apresentar e divulgar informações que permitam aos usuários das demonstrações contábeis avaliar os efeitos financeiros das operações descontinuadas e das baixas de ativos não circulantes mantidos para venda. Uma operação descontinuada é um componente da entidade que foi baixado ou está classificado como mantido para venda. Além disso: Representa uma importante linha separada de negócios ou área geográfica de operações. É parte integrante de um único plano coordenado para a venda de uma importante linha separada de negócios ou área geográfica de operações. É uma controlada adquirida exclusivamente com o objetivo da revenda. Demonstração dedutiva Diferentemente do Balanço Patrimonial, este relatório fornece um sumário de receitas e despesas de todo um período, e não uma situação estática em determinado momento. A função deste relatório é apurar o lucro ou o prejuízo do exercício, por meio da diferença entre as receitas auferidas e os seus custos e despesas correspondentes. A DRE pode ser visualizada de uma forma simples, como sendo a sumarização de Receitas e Despesas realizadas em determinado período, conforme diagrama abaixo: 39 Antes de ser apresentado o detalhamento de uma DRE, devemos compreender o comportamento do fluxo financeiro e as suas características contábeis. Tomemos como exemplo uma empresa industrial. Como se sabe, uma empresa pode realizar diversos tipos de gastos. Uma parte desses gastos é destinada à elaboração dos seus produtos, sendo, portanto, considerados como custo. Os custos de produção podem ser diretos ou indiretos. A diferença entre os custos diretos está no fato de que estes necessitam de alguma medida de apropriação, chamadas de rateio para serem relacionadas aos produtos. Um exemplo a ser considerado seria o salário de um supervisor de produção que tenha sob a sua responsabilidade diversas linhas de produtos simultaneamente. É fato que os gastos com o seu salário são custos de produção. Porém, para dizer quanto destes pertence a cada unidade produzida, deve-se utilizar algum tipo de medida, tal como a divisão do valor pela quantidade produzida total, ou a área ocupada por cada linha, entre outras. Nesse caso, o gasto é considerado indireto, diferentemente dos gastos com matéria-prima, por exemplo, que são prontamente identificados nos produtos em tipo e quantidade. O grande problema para a apuração adequada de custos de produtos se encontra nos custos indiretos, pois, a cada medida utilizada para realizar o rateio, podemos encontrar valores finais diferentes. Os custos de produção, independentemente da sua natureza, são incorporados aos produtos. Ressaltamos que, antes de calcular qualquer resultado – lucro ou prejuízo –, os produtos devem ser vendidos. Se não houver venda, não pode haver resultado. Por outro lado, os custos ocorrem antes da venda. Sendo assim, todos os custos de produção antes de serem incorporados ao resultado devem necessariamente ser acumulados na conta estoque e somente depois da efetivação da venda é que o seu valor registrado é transferido como custo para a apuração do resultado da operação. Outros gastos realizados pela empresa são considerados como despesa, tais como os administrativos ou os comerciais. Estes são normalmente consideradas diretamente na apuração do resultado do exercício. 40 Acrescentando neste diagrama a receita das vendas realizadas, podemos finalmente encontrar o lucro das operações do período, conforme a figura 9, abaixo. Figura 9 – Lucro das operações do período Regimes contábeis Para que sejam apurados os resultados, a Contabilidade utiliza dois regimes diferentes: o Financeiro e o Econômico. Regime financeiro ou regime de caixa Neste regime, o resultado pode ser obtido pela Demonstração do Fluxo de Caixa, que é o resultado líquido – final – que o investidor vai receber, imediatamente depois dos devidos descontos (CF – custo fixo; CV – custo variável; CO – custo operacional), além das taxas e impostos. Para melhor entendimento observe o exemplo: A Cia. HM7 teve como entrada de caixa em dezembro $ 150.000, provenientes de Receita (Vendas) recebida. Ainda no mês de dezembro, a mesma empresa HM7 pagou despesas com salários no valor de $ 100.000. Temos, portanto: 150.000 – 100.000 = 50.000, um resultado financeiro positivo, já que houve uma sobra financeira. Há efetivamente $ 50.000 de dinheiro em caixa. 41 Temos, então, a seguinte Demonstração do Fluxo de Caixa: Demonstração de Fluxo de Caixa – dezembro (Cia. HM7) Receita Recebida no mês $ 150.000 (-) Despesas com Salários pagas no mês ($ 100.000) Lucro Financeiro (Acréscimo de Caixa) $ 50.000Regime econômico ou regime de competência Há de se ressaltar que em uma empresa podem existir receitas que ainda não foram recebidas, bem como despesas que ainda não foram pagas. Esses fatos não afetam o caixa da empresa imediatamente, sendo necessária uma apuração do resultado econômico. A depreciação de um bem não demanda desembolso de caixa, mas constitui-se de um elemento importantíssimo para a apuração do resultado. Se não levarmos em conta a depreciação de uma máquina, por exemplo, em alguns anos ela perderá a sua capacidade de trazer benefícios, e todo o resultado, apurado apenas financeiramente, será incorreto, pois não consideramos o sacrifício mensal desse bem para a obtenção do Resultado. Veremos o exemplo da Cia. HM7, agora considerando a depreciação das suas máquinas no mês de dezembro ($ 80.000), e apurando o resultado por meio da DRE: Demonstração do Resultado do Exercício – dezembro (Cia. HM7) Receita Gerada $ 150.000 (-) Despesas com Salários ($ 100.000) (-) Despesas com Depreciação ($ 80.000) Prejuízo Econômico ($ 30.000) Comparação dos resultados Se do ponto de vista financeiro há um resultado financeiro positivo; do econômico, apuramos um prejuízo – resultado econômico negativo. Mesmo havendo sobra em caixa, a Cia. HM7, no futuro, se pretende continuar no mercado, não terá recursos financeiros suficientes para a reposição dessas máquinas, as quais geram o ganho da empresa. Esse alerta é feito pelo prejuízo econômico, que indica a necessidade de maior geração de recursos para essa provável reposição. 42 Avaliando as duas situações, podemos dizer que as despesas pelo regime financeiro são identificadas pelo desembolso, pelas saídas do caixa e pelo regime econômico pelo sacrifício incorrido para obter a receita. Quanto às receitas, pelo sistema financeiro só são consideradas quando efetivamente recebidas, ou seja, quando entrarem no caixa. Pelo sistema econômico, a Receita gerada, mesmo que ainda não recebida, já é considerada para apuração do resultado. Sendo assim, as vendas a prazo só são consideradas pelo regime econômico, nunca pelo regime financeiro – o que gera uma grande diferenciação na avaliação de ambos, uma vez que os dados precisam ser efetivamente interpretados, antes de formalizar a análise final dos dados para prosseguir com as devidas tomadas de decisão. Notamos que o Regime Econômico é melhor, já que o Regime Financeiro é imperfeito ao não considerar alguns fatos, como a depreciação. A apuração ineficaz do resultado pode levar a empresa a tomar decisões erradas, que trariam consequências graves, como a própria descontinuidade. DRE: detalhes A função dos relatórios contábeis é fornecer informações adequadas e úteis para os seus usuários. Sendo assim, o simples agrupamento de todos os gastos em “Despesas” não é uma informação totalmente adequada, pois existem diversas situações diferenciadas que podem reduzir a Receita de uma empresa. Para que a apuração de resultado de uma empresa pudesse se tornar mais rica em detalhes, a seguinte estrutura padrão foi adotada: Receita Bruta (-) Deduções (=) Receita Líquida (-) Custos (=) Lucro Bruto (-) Despesas (Administrativas, Comerciais e Gerais) (+/-) Outras Receitas e Despesas Operacionais (+/-) Resultado da Equivalência Patrimonial (=) Resultado Antes das Despesas e Receitas Financeiras (+/-) Receitas e Despesas Financeiras (=) Resultado Antes dos Tributos sobre o lucro (-) Despesas com Tributos Sobre o Lucro 1 (=) Resultado Após os Tributos sobre o lucro (+/-) Resultado Líquido das Operações Descontinuadas (+/-) Tributos sobre as Operações Descontinuadas 2 (=) Resultado Líquido das Operações Descontinuadas Após Tributos 1+2 (=) Resultado Líquido do Período (-) Participações Diversas 43 A Receita Bruta pode ser entendida como sendo os valores gerados pela venda de produtos ou serviços prestados pela empresa, mas que são originados da sua atividade operacional, ou seja, para o fim que foi constituída. Do total da Receita Bruta são abatidos os valores referentes a: Impostos sobre vendas – Representam os tributos gerados no momento da venda e que variam proporcionalmente a ela. Os mais comuns neste grupo são o IPI, ICMS, ISS, PIS e Cofins. Devemos observar que os impostos sobre vendas não pertencem à empresa, sendo esta apenas uma intermediária para o seu recolhimento. Devoluções (vendas canceladas) – Enquadram-se neste grupo mercadorias devolvidas por estarem em desacordo com o pedido por divergências variadas, tais como preço, quantidade, avaria, etc. Descontos e abatimentos – Em operações comerciais, é comum a ocorrência de diminuições nos preços venda, seja esta motivada por um desejo de fechar uma venda, ou muitas vezes, para evitar que produtos que estão sendo entregues sejam devolvidos, são oferecidos descontos ao cliente para compensar eventuais prejuízos, evitando, assim, que a mercadoria retorne. Quando a redução de preço é concedida no momento da venda, esta é chamada contabilmente de “Desconto”; por outro lado, se for após, passa a ser chamada de “Abatimento”. Fazendo-se o abatimento de todas as deduções do valor da Receita Bruta, encontra-se a Receita Líquida, a qual representa o que efetivamente resta para a empresa do total faturado. No caso da Receita Líquida, reduzimos o montante de custo referente aos produtos vendidos ou serviços prestados, de modo a encontrar o Lucro Bruto. Assim, o Lucro Bruto é o montante resultante da diferença entre a Receita Líquida e os custos dos produtos ou serviços prestados, representando o valor destinado a liquidar as despesas da empresa e remunerar os proprietários. Dependendo do ramo de atuação de uma empresa, a denominação do custo é alterada, podendo-se encontrar três tipos: Custo do Produto Vendido (CPV) – Denominação utilizada para empresas industriais. Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) – Denominação utilizada para empresas comerciais. Custo dos Serviços Prestados (CSP) – Denominação utilizada para empresas prestadoras de serviços. Também as despesas podem ter características diferenciadas, as quais fazem com que a DRE as contemple. As principais despesas operacionais são: Despesas de vendas – Incluindo desde a promoção de produtos quanto às despesas referentes à sua colocação junto ao consumidor (comercialização e distribuição). Despesas administrativas – As necessárias por administrar a empresa. 44 Essas despesas têm como características contribuírem para a atividade normal da empresa. No entanto, no dia a dia dos negócios, as organizações podem efetuar operações que não têm relação direta com a sua atividade-fim. Um exemplo dessa situação seria uma fábrica de tecidos realizando a venda de uma máquina da sua produção. Nesse exemplo citado, a empresa não foi criada para gerar resultado por meio da venda de máquinas, no entanto, o seu resultado não pode ignorar eventuais perdas ou ganhos provenientes dessa operação. Sendo assim, o resultado dessas operações é contabilizado em uma conta específica – tanto receitas quanto despesas – de modo que o seu montante seja considerado, mas de forma destacada. Esta conta recebe a denominação de “Outras Receitas e Despesas Operacionais” e pode tanto aumentar como diminuir o resultado da operação. Outra conta particular que pode ser encontrada na demonstração de resultado é a de “Resultado de Equivalência Patrimonial”. De uma forma muito simples, podemos dizer que os valores encontrados nessa conta representam a participação que a organização tem direito referente ao lucro apurado por empresa em que tenha participação. Subtraindo do Lucro Bruto as Despesas e as contas citadas acima, encontramos o “Resultado antes das Despesas e Receitas Financeiras”. Este representa o resultado apurado pela empresa exclusivamente com as operações que representam o seu objetivo fim, sem considerar o efeito de movimentações financeiras,
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