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O CONTEXTO HISTÓRICO DA TESTAGEM E DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA ✓ Avaliar é necessário; � ✓ As primeiras medidas em psicologia; ! ✓ As origens da Psicometria; ✓ A avaliação psicológica e testagem psicológica no Brasil. AVALIAR É NECESSÁRIO Avaliação psicológica é um dos principais temas na formação do psicólogo, pois ela está presente implícita ou explicitamente em quase todas as áreas daPsicologia. Segundo Pasquali (2001), a avaliação não profissional é aquela avaliação que fazemos no cotidiano ao interpretar o comportamento dos outros. Ou seja, a partir da decodificação do comportamento verbal e não verbal relacionando-os dentro de categorias de como as pessoas devam se comportar. Assim, “achamos” alguma coisa a respeito de algo ou alguém e já interpretamos conforme aquilo que acreditamos. Pasquali (2001) ressalta que essa habilidade é importante para nossa sobrevivência. Já a avaliação profissional, na área da psicologia, não há “achismo”. Saímos do senso comum e vamos ao encontro da ciência. O psicólogo deve estar embasado nos seus métodos, que são técnico-científicos para coleta de informações. A avaliação profissional, são as avaliações mais formais, elas são confiáveis porque têm base em instrumentos e procedimentos a d e q u a d o s . C o m a d i v e r s i f i c a ç ã o dasnecessidades e das tecnologias de avaliação, tornou-se necessária a existência de um perito na área: o psicólogo. Assim, a avaliação passou a ser uma habilidade primordial do profissional psicólogo. (PASQUALI,2001, p.15). o Avaliação, em Psicologia, refere-se à coleta e interpretação de informações psicológicas, resultantes de um conjunto de procedimentos confiáveis que permitam ao Psicólogo avaliar o comportamento. Aplica-se ao estudo de casos individuais ou de grupos ou situações. (Resolução CFP Nº 012/00, 2000, que institui o Manual para Avaliação Psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação e condutores de veículos automotores). o Os testes psicológicos são os instrumentos utilizados para esse fim. Sendo assim, a avaliação é um processo, e os testes são os instrumentos. São vários os tipos de testes utilizados para fins de avaliação psicológica. Um teste pode ser bom, ter as propriedades psicométricas básicas com garantias de a l t o g r a u d e c o n f i a b i l i d a d e , m a s , q u a n d o utilizado indevidamente, pode perder sua validade. Cronbach (1996) afirma que um teste é um procedimento sistemático para observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas. Para Pasquali (2001), o teste é um conjunto de comportamentos que querem expressar, em termos físicos, traços latentes, isto é, processos mentais, e não outros comportamentos. O fato é que um teste psicológico é uma medida objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento (Anastasi, 2000). Os testes psicológicos são caracterizados por um conjunto de tarefas ou problemas que o sujeito deve resolver ou responder em uma situação sistematizada. Os testes são construídos com rigor absoluto para que seus itens possam expressar a representação comportamental de um traço latente. Quando um teste é construído, passa por uma série de etapas para que, na sua forma final, seus itens possam realmente expressar aquela característica que ele informa medir. TIPOS DE TESTES 1) Testes psicométricos: são aqueles cujos resultados são valores numéricos, por isso são objetivos. Ou seja, o resultado é um número que vai nos dizer algo a respeito daquela pessoa avaliada. Mas como assim? O número fala? Sim, mas, para compreender sua linguagem, precisamos entender um pouco sobre suas propriedades.Os testes psicométricos têm ênfase na padronização e parâmetros que garantam a veracidade e a precisão dos resultados obtidos. Em geral são utilizados para a medida da capacidade geral, aptidões específicas, atitudes e interesses, além de inventários de personalidade. Os testes psicométricos têm ênfase na padronização e parâmetros que garantam a veracidade e a precisão dos resultados obtidos. Em geral são utilizados para a medida da capacidade geral, aptidões específicas, atitudes e interesses, além de inventários de personalidade. 2) Testes projetivos são aqueles que têm análise qualitativa. O sujeito recebe uma tarefa não estruturada ou pouco estruturada. O estímulo incompleto favorece a projeção de sua experiência interna, distorce o estímulo e, por fim, a interpreta. Portanto, não é u m n ú m e r o q u e m e f a l a a l g u m a c o i s a s o b r e o s u j e i t o a v a l i a d o . As respostas podem variar de sujeito para sujeito. Então, como podemos obter o diagnósti co? A partir da constância das respostas apresentadas. Um exemplo de teste projetivo é aquele em que nos é solicitado desenhar uma casa, uma árvore, uma pessoa. Segundo Pasquali (2001), os testes, como os conhecemos hoje em dia, datam do início do século XX. Contudo, na história do desenvolvimento dos testes psicológicos, há uma série de cientistas que desempenharam um relevante papel. AS PRIMEIRAS MEDIDAS EM PSICOLOGIA Para Urbina (2007), o uso mais básico de um teste é como ferramenta na tomada de decisões que envolvem pessoas. Para ela, antes do estabelecimento de sociedades urbanas, industriais e democráticas, havia pouca necessidade de que as pessoas tomassem decisões a respeito de outras e, mesmo assim, muito antes do século XX já existiam diversos precursores do que conhecemos hoje como testagemmoderna. v No Oriente, uma das primeiras referências a um processo sistematizado de avaliação para uma finalidade remonta à seleção de trabalhadores para o serviço civil no império Chinês em 605 a. C.. ❖ Já no Ocidente, entre os gregos antigos a testagem era realizada principalmente nos processos educacionais (Anastasi e Urbina, 2000). Os processos de avaliação são descritos na idade média nas universidades europeias. O principal aspecto das avaliações era permitir identificar a proficiência de trabalhadores, no império Chinês, ou uma prova de conhecimento e do notório saber daqueles que se destacavam nas universidades europeias nos séculos XI ao XV. v O sistema de concursos da China imperial foi abolido em 1905 e substituído por seleções baseadas em estudos universitários, mas serviu como inspiração para as seleções ao serviço público desenvolvidas na Inglaterra na década de 1850, as quais, por sua vez, estimularam a criação do Concurso Nacional para o Serviço Público dos Estados Unidos (U.S. Civil Service Examination) na década de 1860 (DuBois,1970) v Esses são exemplos simples sem extrapolarmos mais do que o necessário sobre os primórdios da instituição "avaliação". O importante é reconhecermos que uma preocupação em avaliar com uma atitude menos enviesada, e a partir de critérios, não é exclusiva da história da psicologia ou restrita há tempos recentes. AS ORIGENS DA PSICOMETRIA Na psicologia, na segunda metade do século XIX, as primeiras medidas não eram de natureza psicológica, mas psicofísica. Os pesquisadores, dessa época, estavam preocupados em medir atributos físicos associados a capacidades mentais humanas, por exemplo, o nível mínimo de um estímulo que uma pessoa é capaz de identificar. O objetivo era estabelecer leis gerais, voltados para compreender as características da espécie, limiar absoluto, diferencial e terminal, por exemplo, e não diferenças individuais, que na verdade eram vistas como erros. As regularidades com que as pessoas captavam e discriminavam estímulos está na base da psicofísica e esta, nos primórdios históricos da testagem em psicologia. Nessa época, medidas simples como as de discriminação sensorial, começaram a ser relacionadas à capacidadeintelectual geral do indivíduo. Um expoente desse pensamento é Francis Galton que era um estudioso de como medidas antropométricas(características mensuráveis da morfologia humana) e de acuidade sensorial podiam ser utilizadas para avaliar a capacidade intelectual do indivíduo. Galton desenvolveu métodos estatísticos descritivos como a correlação e a tendência de regressão a média para demonstrar associação entre variáveis, medidas de tendência central e variabilidade. Um de seus alunos, Karl Pearson, desenvolveu algumas técnicas estatísticas que são utilizadas na atualidade: r de Pearson, qui-quadrado de Pearson, etc. JAMES McKEEN CATTELL (1860-1944) Foi o primeiro a utilizar a expressão “testes metais” e enfantizou as diferenças individuais e não gerais no estudo dos processos sensoriais , tendo publicado o texto Mental Test and Measurements que foi uma base para construção de testes psicológicos posteriormente. Cattell trabalhou com Wundt e fez estudos com tepo de reação e externsão da memória humana. CHARLES SPEARMAN (1863-1945) Desenvolveu a teoria do Fator Geral de Inteligência (Fator G) através de técnicas estatísticas como correlação e regressão, conforme proposto por Galton e Pearson. https://www.york.ac.uk/depts/maths/histstat/spearman_biog.htm CATTELL E SPEARMAN SÃO EXPOENTES QUE DELIMITARAM O SURGIMENTO HISTÓRICO DAQUILO QUE CHAMAMOS DE… Podemos dividir a história da Psicometria em fases que são delimitadas pelos seus expoentes. Pasquali (2011) apresenta 7 fases e delimita dois momentos. O PRIMEIRO MOMENTO “A Constituição das bases históricas" Inglaterra 1880 A primeira fase: A década de Galton Francis Galton (1809-1882) Galton, na tentativa de verificar semelhanças e diferenças entre pessoas afins ou não, criou instrumentos de medida, tornando-se pioneiro na criação de escalas e questionários e o primeiro a se preocupar com a necessidade de padronização dos testes. (Erthal,2003, p.17) • Foi o primeiro a sugerir que as impressões digitais poderiam ser utilizadas como identificação pessoal de indivíduos – procedimento mais tarde utilizado pela Scotland Yard. • Ele tentou determinar a efetividade da reza (e a considerou inefetiva). • Ele tentou determinar qual país tinha as mulheres mais bonitas. • Ele mediu o nível de tédio observado em palestras científicas. Curiosidades A década de Galton: visava à avaliação das aptidões humana por meio da medida sensorial EUA 1890 A segunda fase: A década de Cattel James McKeen Cattel (1860-1944) Cattell, psicólogo americano, desenvolveu suas medidas de diferenças individuais dando ênfase, ainda, às medidas sensoriais por considerá-las mais precisas. Ficou famoso ao usar, em seu artigo de 1890, o termo “teste mental” (mental test) para as provas aplicadas aos alunos universitários, com a intenção de avaliar seu nível intelectual, o que fez sucesso internacional. Percebeu que algumas medidas objetivas para avaliação das funções mais complexas não produziam resultados condizentes com o desempenho acadêmico. Contudo, os resultados dos seus próprios testes também não foram satisfatórios. Pasquali(p. 20 2003) A década de Cattell (James Mckeen): desenvolveu medidas das diferenças individuais inaugurando a terminologia testes mentais. O SEGUNDO MOMENTO “O Desenvolvimento da Psicometria" França 1900 A terceira fase: A década de Binet Alfred Binet (1857-1911) Com o pedagogo e psicólogo francês Alfred Binet (1857- 1911) realmente começaram os testes de inteligência, propondo-se a medir as funções mais complexas. Ele não pensava no determinismo b i o l ó g i c o n e m n a hereditariedade. Estava preocupado em como ajudar crianças que tinham problemas na escola e que não se desenvolviam tão bem quanto as outras, em como medir e criar instrumentos para avaliar e, assim, auxiliar para que essas crianças progredissem mais. Segundo Pasquali (2001, p.22), esta orientação de Binet e Simon em elaborar testes de conteúdo mais cognitivo fez grande sucesso nos anos subsequentes, inaugurando de uma vez por todas a era dos testes, inclusive com a introdução do Q.I., termo criado por Stern em 1912. A década de Binet: predominaram os interesses pelas avaliações das aptidões humanas, visando à predição na área acadêmica e na área da saúde. Embora Binet tenha predominado nesta época, esta década também pôde ser considerada a era de Spearman, o qual deu os fundamentos da teoria da psicometria clássica com suas obras. Portanto, obras que falavam sobre a correlação entre medidas, diferenças, somas, e sobre a inteligência, de uma forma geral. Alemanha/Inglaterra A quarta fase: A década de Binet, incluimos Spearman Charles Spearman (1863-1945) O conceito de “inteligência geral”. Em 1904, publicou o seu artigo chamado “General Intelligence, Objectively Determined and Measured.” Análise da capacidade de “medir tanto um indivíduo ou um grupo de indivíduos de formas variadas. Todas as medidas são intercorrelacionadas para determinar quais delas variam de modo sistemático”. Spearman descobriu, então, que a inteligência poderia ser explicada por dois fatores: A) fatores específicos (matemática, línguas, música), que ganhou a letra S como identificador; B) fator geral (G), que teria uma ligação determinante com as questões hereditárias. EUA 1910/1930 A quinta fase: Era dos testes de inteligência Primeira Guerra Mundial (1916) Com a Primeira Guerra Mundial (1916), surgiu a necessidade de realização de testes para convocação ao Exército americano. Foram criadas centenas de testes de inteligência. Depois surgiram os testes de aptidão e de personalidade. Hoje, são diversos os testes que buscam a mensuração dos aspectos do comportamento humano Pasquali (2001) A era dos testes de inteligência desenvolveu-se sob a influência dos testes de inteligência de Binet, os artigos de Spearman, e sob a influência do impacto da Primeira Guerra Mundial, que impôs a necessidade de uma seleção rápida e eficiente de recrutas para o exército (ex. testes Army Alpha e Army Beta). A sexta fase: Década da análise fatorial Análise fatorial é uma análise multivariada que se aplica à busca de fatores num conjunto de medidas realizadas (Pereira, 2004). 1930 Psicólogos estatísticos começaram a repensar as ideias de Spearman e surgiu, assim, a Análise Fatorial, trazendo reconhecido avanço para a Psicometria. A década da análise fatorial: os psicólogos estatísticos começaram a repensar as ideias de Spearman, uma vez que o entusiasmo com os testes de inteligência vinha caindo muito, sobretudo quando se mostrou que estes eram demasiadamente dependentes da cultura onde eram criados. Desenvolvimento da análise fatorial múltipla, a escalonagem psicológica. Fundação da Sociedade Psicométrica Americana e da revista Psycometrika. 1940/1980 A sexta fase: Era da sistematização Questionamento das teorias clássicas de psicometria. Este foi um período marcado por duas tendências opostas. Ambas tinham a intenção de resgatar a confiabilidade dos testes psi- cológicos. Nas obras de síntese, havia o interesse em sistematizar os avanços da Psicometria através dos estudos de Gulliksen (1950), Torgerson (1958), Thurstone (1947), Harman (1967), Cattell (1965) e Guilford (1967). Na mesma época, a American Psychological Association – APA – introduziu as normas de elaboração e uso dos testes.A era da sistematização foi marcada por duas tendências opostas, os trabalhos de síntese e os trabalhos de crítica.Tentou-se sistematizar os avanços da Psicometria, a teoria clássica dos testes psicológicos, e a teoria sobre a medida escalar. Além disso, recolheram-se os avanços na área de análise fatorial, procurou-se sintetizar os dados da medida em personalidade, e procurou-se sistematizar uma teoria sobre a inteligência. American Psychological Association - APA- introduziu as normas de elaboração e uso dos testes. Crítica: levantou-se os problemas das escalas de medida, o que acarretou e ainda acarreta muita polêmica. Surgiu a primeira grande crítica à teoria clássica dos testes, na obra de Lord e Novick (1968 - Statistical theory of mental tests scores), que iniciou o desenvolvimento de uma teoria alternativa, a do traço latente, que desembocou na teoria moderna da psicometria, mais tarde sintetizada por Lord (1980). 1980 A sétima fase: A Era da psicometria moderna Teorias modernas de psicometria Surgimento da TRI – Teoria de Resposta ao Item – que foi sistematizada a partir da obra de Lord e Novick (1968). Embora esta teoria seja considerada um modelo do primeiro mundo, ainda não conseguiu resolver todos os problemas da Psicometria, mas substitui parte do modelo clássico e é baseada no modelo do traço latente Pasquali (2001). Na Teoria Clássica dos Testes (TCT), o foco do interesse está no escore de um teste, que representa um conjunto de comportamentos. Na TRI (Teoria de Resposta ao Item), o foco está no traço latente. Traço latente pode ser, segundo Urbina (2007), habilidades, traços ou construtos psicológicos não observáveis, subjacentes ao comportamento observável dos indivíduos, demonstrados por suas respostas aos itens do teste. A avaliação e testagem psicológica no Brasil No Brasil podemos demarcar o desenvolvimento dos testes psicológicos, didaticamente, em cinco períodos: ü A produção médico-científica acadêmica (1836-1930); ü Difusão da psicologia no ensino das universidades (1930-1962); ü Criação dos cursos de graduação em psicologia (1962-1970); ü Criação de cursos de pós-graduação (1970-1990); ü Criação e consolidação de laboratórios de pesquisa em avaliação e medida em psicologia (1990-atual). 1836-1930 A produção médico- científica acadêmica A Psicologia como um novo campo de estudos das faculdades de Medicina, os temas de interesse eram neurologia, psicofisiologia, psiquiatria, , saúde mental com ênfase na avaliação psiquiátrica. Em 1913 a escala Binet- Simon é utilizada em pacientes do Hospício Nacional (Pedro II). Em 1919 o médico José Joaquim Medeiros e Albuquerque publicou "Psicologia de um Neurologista – Freud e suas teorias sexuais”, e em 1924 o primeiro livro de teste “Tests”. Foi o criador o primeiro laboratório experimental do Brasil, no Rio de Janeiro. http://newpsi.bvs-psi.org.br/ebooks2010/pt/ Jose_J._de_C._da_C._Medeiros_e_Albuquerqu e_files/TestsMedeiros.pdf 1930-1962 Difusão da psicologia no ensino das universidades A criação das primeiras universidades e o aumento do ensino das disciplinas de psicologia e da pesquisa. Em 1962 houve a Regulamentação da Psicologia como profissão (Lei 4.119/62), criação do CFP (Lei 5.766/74). 1962/1990 Criação dos cursos de graduação e pós- graduação em Psicologia Houve uma rápida expansão dos cursos de psicologia, mas ao longo de 3 décadas a qualidade cai devido a infraestrutura e qualificação dos professores da disciplina Psicometria e na pós-graduação de Avaliação Psicológica. No Brasil o declínio do interesse pelos testes psicológicos perdurou até quase o final da década de 80, tonando a evoluir com falta de recursos humanos e baixa qualidade no material gráfico e de impressão comercializados pelas editoras até os anos 2000. No final da década de 60, observa-se no brasil e no mundo, um desinteresse pela medida em psicologia, fato fomentado pelo advento do humanismo e da dialética, movimentos contrários à quantificação e as ciências de base positivista e derivadas. Fato agravado no Brasil pela precária qualificação dos profissionais da psicologia, principalmente, na área de avaliação psicológica. A psicometria, o número e a medida em psicologia transformaram-se em vilãs, e aos testes, a culpa pela rotulação e exclusão de crianças em ambiente escolar, por exemplo. As críticas apontavam que a psicologia deveria abandonar os testes e desenvolver processos mais compreensivos como a observação e a entrevista. Hoje sabese que a crítica foi salutar, uma vez que, nesses desdobramentos históricos, avaliar e testar eram sinônimos. Um exemplo prático, é a criação em 1947 do Instituto de Seleção e Orientação Profissional no Rio de Janeiro, sendo o teste o único recurso técnico que era empregado, mas devemos destacar que a partir do zeitgeist*, do conhecimento acumulado até aquele momento, o teste trazia para a psicologia um status de ciência, pois media com imparcialidade e isso era desejável no Brasil e no mundo. O problema era a imprecisão desses instrumentos, os equívocos nas tomadas de decisão e a carência de estudos de validade. § Podemos traduzir o termo alemão como o espírito (ou índole) do tempo. Goethe (1749-1832), pensador alemão, viu o Zeitgeist como um “conjunto de opiniões que dominam um momento específico da história e que, sem nosso saber, ou inconscientemente, formam o pensamento de todos os que vivem em seu contexto”. § Utilizando uma terminologia antropológica, poderíamos falar da “cultura do dia, cultura dos tempos”: os conhecimentos, as crenças, as atitudes das pessoas que vivem num tempo e num lugar específicos. ZEITGEIST* § Segundo este Modelo, Zeitgeist produz idéias como a "grativatação" , instituições como "casas editoriais ou periódicos" e "movimentos científicos", como a Psicologia Experimental. Sem Wundt, a psicologia experimental produziria um substituto, seria institucionalizada em outro lugar, por outra pessoa. Os tempos estariam prontos para receber a Institucionalização da Psicologia. • Os Grandes Homens, são os agentes máximos do Zeitgeist, uma construção hipotética, um modo de interpretar a conduta dos indivíduos e dos grupos. O Zeitgeist é o fundo de um esquema interpretativo da história e, como tal, é útil na reconstrução e compreensão de eventos históricos. Freitas (p. 10-11, 2008) 1990-Atual Criação e consolidação de laboratórios de pesquisa em avaliação e medida em psicologia Em 1998 foi criado o Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (Minas Gerais). Em 2003 o CFP cria o Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos. A legislação forçou o psicólogo a assumir maior responsabilidade quanto aos instrumentos que utiliza, do seu papel de profissional de avaliação psicológica, sujeito às leis da qualidade e de prestação de serviço à sociedade. https://satepsi.cfp.org.br/legislacao.cfm CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA A Avaliação Psicológica é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA Os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo,com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão do processo de avaliação psicológica (Resolução CFP N.o 007/2003). Critérios de Avaliação De acordo com Alchieri (2003) • A medida oferece um valor de magnitude ao objeto estudado (linguagem matemática); • Instrumento é todo recurso usado para fins de coleta de informações, como testes, dinâmicas de grupo, entrevistas, questionários…; • A avaliação psicológica é um processo que se refere à coleta e interpretação de informações psicológicas, resultantes de um conjunto de procedimentos confiáveis que permitam ao psicólogo avaliar o comportamento. Avaliação - PROCESSO Teste - INSTRUMENTO Testes Psicológicos no Brasil satepsi.cfp.org.br Testes Psicológicos no Brasil satepsi.cfp.org.br Testes Psicológicos no Brasil satepsi.cfp.org.br Propriedades Psicométricas satepsi.cfp.org.br Propriedades Psicométricas Fidedignidade - grau de precisão do instrumento. É confiável o instrumento que não apresenta erros. Quanto menor a margem de erro mais confiável. Validade - capacidade do instrumento de medir o traço, a característica que informa medir. Obs.: Não podemos confiar no “nome” do teste; devemos buscar no manual seu referencial teórico e suas propriedades psicométricas: validade e fidedignidade. Vamos, então, conhecer as áreas mais comuns para utilização da avaliação psicológica NO BRASIL Os alunos de Psicologia devem se capacitar para: • Reconhecer o tipo de instrumento adequado aos seus objetivos psicológicos; • Aplicar adequadamente, cumprindo as instruções contidas no manual; • Apurar com cautela os resultados; • Interpretar de maneira correta todo material resultante da testagem, levando em consideração os outros métodos utilizados, como a observação e a entrevista. Para o CRP, a avaliação psicológica é uma função privativa do psicólogo e, como tal, se encontra definida na Lei no 4.119 de 27 de agosto de 1962 (alínea a, do parágrafo 1o do artigo 13). Referências ALCHIERI , J. C. & A. P. P. Noronha. Reflexões Sobre os Instrumentos de Avaliação Psicológica (in Temas em Avaliação Psicológica/ Ricardo Primi, (organizador). São Paulo: Casa do Psicólogo; Porto Alegre: IBAP, 2005.# ALCHIERI, J.C. Avaliação psicológica: conceito, métodos e instrumentos/ João Carlos Alchieri, Roberto Moraes Cruz. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.# ALMEIDA, Leandro S.. As aptidões na definição e avaliação da inteligência: o concurso da análise fatorial. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v. 12, n. 23, p. 5-17, 2002. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2002000200002&lng=en&nrm=iso>. Accesso en: 26 Mar. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-863X2002000200002.# ANASTASI, A. & URBINA,S. Testagem Psicológica /Anne Anastasi e Susana Urbina. Porto Alegre: Artes MédicasSul, 2000.# GRUBER, Howard E.; BÖDEKER, Katja (Ed.). Creativity, Psychology and the History of Science. Netherlands: Springer, 2005. 500 p.# CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Avaliação psicológica: diretrizes na regulamentação da profissão / Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2010.# CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Cartilha de Avaliação Psicológica 2013. CFP. 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