Buscar

Tema 1 - Sistema Digestório e Manifestação Clínica

Prévia do material em texto

DEFINIÇÃO
Apresentação de um panorama dos processos digestivos; do intestino delgado e da absorção dos nutrientes.
Estudo da inflamação e dos nutrientes moduladores desta. Abordagem das manifestações clínicas das doenças
do trato gastrointestinal.
PROPÓSITO
Apresentar um panorama do sistema digestório e suas manifestações clínicas.
INTRODUÇÃO
O trato gastrointestinal é um tubo que se estende da cavidade bucal até o ânus, sendo essencial à saúde humana.
Dentre as múltiplas funções, a mais importante é obter, dos alimentos ingeridos, os nutrientes necessários às
diferentes funções do organismo, como crescimento e reprodução. Ele é a primeira barreira enfrentada pelos
alimentos para adentrarem o organismo; por isso, nossos hábitos alimentares influenciam diretamente a
predisposição a doenças gastrointestinais e fora do sistema digestivo.
O aparelho gastrointestinal apresenta frequentes problemas, como a doença do refluxo esofágico, que afeta cerca
de 20% da população, e a síndrome do intestino irritável (SII), que a acomete em torno de 10%-15%.
As queixas ou os problemas dependem do órgão acometido. Os sinais e os sintomas podem incluir azia, diarreia,
vômitos, dor abdominal, desconforto ao se alimentar, náuseas, constipação e distensão abdominal, entre outros.
Há determinados fatores de risco que aumentam a predisposição a cada doença, como uma dieta rica em
gorduras saturadas, pobre em fibras e em antioxidantes, o hábito de fumar e o sedentarismo. Esses fatores
aumentam o risco do desenvolvimento de um câncer colorretal, principalmente se há um fator genético que
contribua para isso.
O manejo nutricional é de suma importância para o tratamento e a prevenção das doenças do trato gastrointestinal.
Eles podem estar associados ou não ao tratamento medicamentoso, levando à diminuição dos sintomas
desfavoráveis. Isso contribui para uma boa qualidade de vida, melhorando o estado clínico e o estado nutricional
do paciente.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a importância do trato gastrointestinal no processo de digestão e absorção dos nutrientes
MÓDULO 2
Identificar os principais sinais e sintomas das alterações gastrointestinais
MÓDULO 3
Definir a conduta nutricional e o consumo de nutrientes imunomoduladores com suas funções
MÓDULO 1
 Reconhecer a importância do trato gastrointestinal no processo de digestão e absorção dos nutrientes
O trato gastrointestinal objetiva a manutenção da saúde visto que condições clínicas que o envolvem podem levar à
subnutrição, por interferirem em processos que ocorrem em importantes órgãos relacionados à ingestão, à
digestão, à deglutição e à absorção.
O sistema gastrointestinal humano foi feito para digerir e absorver nutrientes de diversas variedades, como grãos,
frutas, legumes, verduras, carnes, gorduras, óleos, produtos lácteos, açúcares etc.
Dependendo das características da dieta consumida, 90% a 97% dos alimentos são digeridos e absorvidos,
sendo que os que não são absorvidos são de origem vegetal.
Fonte: Jonathan Ybema/unsplash
As fibras vegetais não são absorvidas pelos seres humanos, pois estes não possuem enzimas que hidrolisam as
ligações químicas responsáveis por ligar as moléculas de açúcares dessas fibras. Sendo assim, os alimentos
fibrosos e os carboidratos não digeríveis são fermentados por bactérias presentes no cólon humano.
Vamos conhecer agora a importância do sistema gastrointestinal nos processos de digestão e de absorção dos
nutrientes.
TRATO GASTROINTESTINAL
O sistema digestório começa na boca (cavidade oral), passa pela faringe, esôfago, estômago, intestinos delgado
e grosso e finaliza no reto. Compreende ainda os anexos, que são o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar,
coadjuvantes nos processos de ingestão, processamento, extração de nutrientes ou eliminação de dejetos.
A função do sistema digestório é degradar o alimento em moléculas que serão absorvidas pelas células utilizadas
no desenvolvimento, na manutenção do organismo e nas suas necessidades energéticas.
As funções do sistema gastrointestinal são:
Fonte: Adaptado do Autor
Digerir macronutrientes como proteínas, carboidratos e lipídeos de alimentos e bebidas ingeridos.
Fonte: Adaptado do Autor
Absorver fluidos, micronutrientes e oligoelementos.
Fonte: Adaptado do Autor
Fornecer uma barreira física e imunológica contra microrganismos e corpos estranhos consumidos com o alimento
ou formados durante a passagem do alimento, além de desempenhar outras funções, como: Regulação,
metabólica e imunológica.
A absorção correta dos nutrientes é extremamente importante para o organismo, pois qualquer alteração que afete
o sistema digestório pode acarretar prejuízos à saúde.
Fonte: Wikipedia
 Figura 1 – Sistema gastrointestinal.
CAVIDADE ORAL
O início da degradação do alimento ocorre na cavidade oral. Os dentes trituram o alimento, transformando os
pedaços maiores em pedaços menores. A saliva tem o objetivo de umedecer, lubrificar e iniciar a digestão, já a
língua mistura os fragmentos do alimento com a saliva formando o bolo alimentar e, assim, promovendo a
deglutição.
Uma pequena quantidade de amido é degradada pela amilase salivar, mas a digestão completa dos
carboidratos é mínima. O bolo alimentar passa pela faringe e pelo esôfago por meio de processos voluntários e
involuntários, sendo a deglutição um processo involuntário.
A deglutição é iniciada na cavidade oral sob controle voluntário, mas continua pela faringe e pelo esôfago
involuntariamente, por meio de um reflexo autônomo. Entre o esôfago e o estômago há um esfíncter
gastroesofágico, que impede o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. É o peristaltismo que move o
alimento rapidamente para dentro do estômago.
ESTÔMAGO
O estômago é uma porção dilatada do tubo digestório dividido em cárdia, fundo, corpo e piloro. Ele tem como
função macerar o bolo alimentar e digeri-lo parcialmente transformando-o em uma pasta chamada quimo.
As células do estômago são chamadas de parietais ou oxínticas e são responsáveis pela secreção de ácido
clorídrico e fator intrínseco. O ácido clorídrico produzido no estômago esteriliza o alimento, diminuindo a chance
de infecção intestinal. O comprometimento dessa secreção ácida está associado à maior incidência de diarreia.
O fator intrínseco se liga à vitamina B12 formando um complexo que é absorvido no intestino delgado. Alterações
na concentração de ácido clorídrico podem levar ao comprometimento da produção do fator intrínseco e,
consequentemente, da absorção da vitamina B12.
A vitamina B12 age como coenzima na replicação celular e na hematopoese. No estômago, há digestão de
pequena quantidade de lipídeos pela lipase gástrica e de proteínas pela enzima pepsina. No estômago também
há absorção do álcool. No intestino delgado é que ocorre a maior parte da digestão.
INTESTINO
A mucosa intestinal tem uma área total aproximada de 300 m² dobrados em vilosidades e microvilosidades que
mantêm contato com o corpo e com o meio externo, sendo constantemente banhada por uma camada de muco
contendo componentes da dieta e da microbiota.
A microbiota intestinal contém 100 trilhões de bactérias de diferentes espécies com atividade metabólica e peso
de aproximadamente 1 quilo e meio. O intestino, além de ter funções de digestão e absorção, possui também
funções no sistema imune.
Intestino delgado
O intestino delgado é um tubo bastante longo, com cerca de 6 m, e dividido em três partes: Duodeno, jejuno e íleo.
Nos primeiros 100 cm do intestino delgado, ocorre a maior parte da digestão e da absorção dos alimentos
ingeridos.
A presença do alimento estimula a liberação de alguns hormônios que por sua vez estimulam a produção e a
liberação de enzimas, provenientes do pâncreas e do próprio intestino delgado, e da bile, pelo fígado e pela
vesícula biliar, para o processo de digestão.
Fonte: sciencepics/shutterstock
No intestino delgado, a digestão é finalizada e ocorre a absorção de nutrientes, eletrólitos e água. Ospeptídeos, os
polissacarídeos e os triglicerídeos são degradados em suas unidades para serem absorvidos. Para aumentar a
superfície de absorção, a mucosa e a submucosa formam pregas, denominadas vilosidades, e o epitélio e o
conjuntivo se projetam nos vilos.
O intestino delgado também recebe secreções do fígado e do pâncreas, importantes na hidrólise, no transporte e
na absorção. A bile é secretada pelo fígado e pela vesícula biliar. Os sais biliares facilitam a digestão e a
absorção de lipídeos, colesterol e vitaminas lipossolúveis.
As principais enzimas secretadas pelo pâncreas, que digerem lipídeos, são a lipase pancreática e a colipase.
As enzimas proteolíticas incluem a tripsina, a quimiotripsina, a carboxipeptidase, a aminopeptidase, a
ribonuclease e a desoxirribonuclease.
As células do intestino são chamadas de enterócitos, que contêm várias enzimas, como as peptidases, as
dissacaridases (lactase, sacarase e maltase), as lipases e a fosfatase alcalina, como mostrado a seguir.
Quadro 1 – Enzimas gastrintestinais e suas funções no intestino delgado
Secreção e
fonte
Enzimas Substrato
Ação e produtos
resultantes
Produtos finais
absorvidos
Saliva da
glândula salivar
na boca
Ptialina (amilase
salivar)
Amido
Hidrólise para
formar dextrinas e
oligossacarídeos
ramificados
--
Suco gástrico
das glândulas
gástricas na
mucosa
estomacal
Pepsina
Proteína (na forma
de HCL)
A hidrólise de
ligações
peptídicas para
formar poliptídeos
e aminoácidos
--
Lipase gástrica
Lipídeo, cadeia
especialmente curta
Hidrólise para
formar ácidos
graxos livres
--
Secreções
exócrinas do
pâncreas
Lipase
Lipídeo (na
presença de sais
biliares)
Hidrólise para
formar
monoglicerídeos
e ácidos graxos
incorporados nas
micelas
Ácidos graxos em
células da
mucosa
reesterificados
como
triglicerídeos
Esterase-colesterol Colesterol
Hidrólise para
formar ésteres de
colesterol e
ácidos graxos
incorporados nas
micelas
Colesterol nas
células da
mucosa;
transferido para
os quilomícrons
α-Amilase Amido e dextrinas Hidrólise para
formar dextrinas e
--
maltose
Tripsina
(tripsinogênio
ativado)
Proteínas e
polipeptídeos
Hidrólise de
ligações
peptídicas
interiores para
formar
polipeptídeos
--
Quimiotripsina
(quimiotripsinogênio
ativado)
Proteínas e
peptídeos
Hidrólise de
ligações
peptídicas
interiores para
formar
polipeptídeos
--
Carboxipeptidase Polipeptídeos
Hidrólise de
ligações
peptídicas
terminais
(extremidade
carboxila) para
formar
aminoácidos
Aminoácidos
Ribonuclease e
desoxirrinonuclease
Ácidos
ribonucleicos e
(RNA) ácidos
desoxirribonucleicos
(DNA)
Hidrólise para
formar
mononucleotídeos
Mononucleotídeos
Elastase Proteína fibrosa
Hidrólise para
formar peptídeos
e aminoácidos
--
Pequenas
enzimas do
intestino
(principalmente
Carboxipeptidase,
aminopeptidase e
dipeptidase
Polipeptídeos Hidrólise da
extremidade
carboxílica,
extremidade
Aminoácidos
na borda em
escova)
amínica ou
ligações
peptídicas
internas
Enteroquinase Tripsinogênio Tripsinas ativas
Dipeptídeos e
tripeptídeos
Sacarase Sacarose
Hidrólise para
formar glicose e
frutose
Glicose e frutose
α- Dextrinase
(isomaltase)
Dextrina
(isomaltose)
Hidrólise para
formar glicose
Glicose
Maltase Maltase
Hidrólise para
formar glicose
Glicose
Lactase Lactose
Hidrólise para
formar glicose e
galactose
Glicose e
Galactose
Nucleotidase Ácidos nucleicos
Hidrólise para
formar
nucleotídeos e
fosfatos
Nucleotídeos
Nucleotidase e
fosforilase
Nucleosídeos
Hidrólise para
formar as purinas,
pirimidinas e
fosfato de
pentose
Purinas e
pirimidina
básicas
 Fonte: Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2013.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Os enterócitos finalizam a digestão e realizam a absorção dos nutrientes. Eles são substituídos a cada cinco a seis
dias.
O conteúdo intestinal se move pelo intestino delgado levando de 3 a 8 horas para percorrê-lo todo até a válvula
ileocecal enquanto os substratos continuam a ser digeridos e absorvidos durante o trajeto.
 COMENTÁRIO
Saber identificar os locais de absorção dos micronutrientes é de grande valia, pois qualquer comprometimento ao
longo do trato digestório, por exemplo, a ressecção do jejuno, poderá levar ao comprometimento da absorção de
vitamina C, tiamina, riboflavina, piridoxina e ácido fólico, levando a quadros de deficiências nutricionais.
Vejamos a seguir:
Fonte: Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2013.
 Figura 2 – Locais de absorção intestinal.
Intestino grosso
O intestino grosso tem cerca de 1,5 m de comprimento e é subdividido em ceco, apêndice, colo ou cólon
ascendente, transverso, descendente, sigmoide e reto. Ele secreta um muco que tem como objetivo proteger a
própria parede contra escoriação e atividade bacteriana e unir as fezes. Não há vilosidades, mas ocorre a
absorção de água e de sais inorgânicos levando à formação do bolo fecal.
Em circunstâncias normais, grande parte dos fluidos é absorvida no intestino delgado e aproximadamente 1 L a
1,5 L entra no intestino grosso. Somente 100 mL remanescentes são excretados pelas fezes.
Fonte: Magic mine/shutterstock
No intestino grosso ocorre a fermentação bacteriana dos carboidratos e aminoácidos remanescentes, a síntese de
pequenas quantidades de vitaminas, o armazenamento e a excreção de resíduos fecais.
Todo o conteúdo que está no cólon se move vagarosamente visando a que alguns nutrientes remanescentes ainda
possam ser absorvidos. No intestino grosso, há presença de bactérias que formam a microbiota intestinal, sendo a
ação dessas bactérias mais intensa nesse local.
MICROBIOTA INTESTINAL
A microbiota intestinal é o conjunto de microrganismos que povoam o trato gastrointestinal humano e que, em
condições normais, não causam doenças. O surgimento da microbiota começa logo após o nascimento,
predominantemente proveniente da mãe.
Existem diferenças nos microrganismos portados por crianças que nascem de parto normal e as que nascem de
parto cesáreo, apresentando perfis imunológicos diferentes. Então, logo após o nascimento, microrganismos
iniciam a colonização do recém-nascido, que estabelecem uma relação mútua com seu hospedeiro, a qual perdura
por toda a vida, além de contribuir de forma essencial para a sua saúde e o seu bem-estar.
Esses microrganismos ajudam na digestão de alguns alimentos (como polissacarídeos que não digerimos),
produzem vitaminas e protegem o TGI contra a colonização por agentes agressores.
A microbiota intestinal contribui também para a bioconversão de compostos advindos da alimentação e exerce,
ainda, um papel direto de colonização preventiva por meio da manutenção, em níveis populacionais reduzidos, de
patógenos e os impedem de expressar virulência. A microbiota saudável é definida como a microbiota normal
que conserva e promove o bem-estar e a ausência de doenças, especialmente do trato gastrintestinal.
Fonte: SmallSnail/shutterstock
Quando nos alimentamos, as fibras dietéticas, os amidos resistentes, algumas partes remanescentes dos
aminoácidos e o muco descamado do intestino são fermentados no cólon.
O amido resistente pode ser entendido como a soma do amido e dos produtos da sua degradação que não são
digeridos e absorvidos no intestino delgado, semelhante à fibra alimentar. As bactérias presentes no cólon
contribuem para a formação de gases e constituem a microbiota intestinal.
A microbiota intestinal desempenha um papel essencial na fermentação de carboidratos e fibras e compreende
uma comunidade complexa que envolve 400 espécies de microrganismos, sendo a Escherichia coli predominante
no íleo distal.
A ação bacteriana é mais intensa no intestino grosso e as bactérias do cólon, além de contribuírem para a
formação de gases, formam também ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e nutrientes, como vitamina K,
vitamina B12, tiamina e riboflavina.
Os AGCC são substâncias produzidas a partir da ação debactérias do cólon em um processo de fermentação
anaeróbia de fibras ingeridas na dieta. Essas substâncias têm uma importante ação sobre a manutenção do
trofismo da parede do cólon.
Os AGCC são combustíveis e estimulam a diferenciação celular melhorando a absorção de sódio e água,
participando do metabolismo lipídico, levando efeitos benéficos para os sintomas da constipação, por aumentar o
volume fecal, entre outros. Estão associados à redução do risco de desenvolvimento de algumas doenças, como a
síndrome do cólon irritável, a doença inflamatória intestinal, a doença cardiovascular e o câncer.
Os AGCC produzidos em maior abundância são o acetato, o propionato e o butirato. O butirato, um dos principais
AGCC, apresenta-se como fonte de energia primária para os colonócitos e estimula a proliferação celular do
epitélio colônico. O aumento da ingestão de prebióticos pode aumentar a produção dos AGCC, conforme
mostrado a seguir, e da massa microbiana, principalmente as Bifidobacteria e Lactobacilli, que parecem ser
benéficas .
Fonte: Adaptado do Autor
 Figura 3 – Produção dos AGCC.
Os prebióticos são carboidratos não digeríveis, incluindo a lactulose, a inulina e diversos oligossacarídeos que
fornecem os carboidratos que as bactérias benéficas do cólon são capazes de fermentar. Os mais conhecidos são
os fruto-oligossacarídeos (FOS) e a inulina, cujas fontes são a chicória e a alcachofra.
As bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium são mais frequentemente empregadas
como suplementos probióticos para alimentos, uma vez que elas têm sido isoladas de todas as porções do trato
gastrintestinal do humano saudável.
O íleo terminal e o cólon parecem ser, respectivamente, os locais de preferência para a colonização intestinal dos
lactobacilos e das bifidobactérias. Entre as bactérias pertencentes ao gênero Bifidobacterium, destacam-se:
B. bifidum;
B. breve;
B. infantis;
B. lactis;
B. animalis:
B. longum;
B. thermophilum.
Entre as bactérias láticas pertencentes ao gênero Lactobacillus, destacam-se:
Lb. acidophilus;
Lb. helveticus;
Lb. casei – subsp. paracasei e subsp. tolerans;
Lb. paracasei;
Lb. fermentum;
Lb. reuteri;
Lb. johnsonii;
Lb. plantarum;
Lb. rhamnosus;
Lb. salivarius.
Vejamos, a seguir, os microrganismos que colonizam o trato gastrointestinal, sendo o Bifidobacterium o mais
comum deles.
Quadro 2 – Microrganismos colonizadores do sistema gastrointestinal mais comuns
Bactérias Lactobacilos Fungos
Acinetobacter Peptostreptococcus Candida
Bacteroides Porphyromonas ---
Bifidobacterium Prevotella Parasites
Clostridium Propionibacterium Blastocystis
Corynebacterium Pseudomonas Endolimax
Eudobacterium Staphylococcus Entamoeba coli
Enterobacteriaceae Streptococcus A, B,C,F,G E. hartmanni
Entercoccus Streptococcus bovis E. polecki
Fusobacterium Streptococcus Iodamoeba
Helicobacter Veillonella Trichomonas hominis
 Fonte: Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2013.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Microbiota intestinal e a Importância para Nutrição
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O TRATO GASTROINTESTINAL FUNCIONA COMO UMA BARREIRA IMUNOLÓGICA.
DESSA FORMA, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) O processo de digestão do alimento ocorre inicialmente no estômago com a presença de ácido clorídrico e
enzimas digestivas; em seguida, no intestino delgado, principalmente na primeira porção, em que há maior
presença de enzimas, finalizando no intestino grosso com a absorção do álcool.
B) O processo de digestão do alimento ocorre inicialmente na boca e logo em seguida no esôfago, com os
movimentos peristálticos que auxiliam na secreção de enzimas nessa região; posteriormente, no estômago, com a
presença de ácido clorídrico e enzimas digestivas; em seguida, no intestino delgado, principalmente na primeira
porção, em que há maior presença de enzimas, finalizando no intestino grosso com a absorção do álcool.
C) O processo de digestão do alimento ocorre inicialmente na boca; em seguida no estômago, com a presença de
ácido clorídrico e enzimas digestivas; posteriormente no intestino delgado, principalmente na primeira porção, em
que há maior presença de enzimas; finalizando no intestino grosso.
D) O processo de digestão do alimento ocorre inicialmente na boca; em seguida no estômago, com a presença de
ácido clorídrico e enzimas digestivas; posteriormente no intestino delgado, principalmente na última porção, em
que há maior presença de enzimas; finalizando no intestino grosso.
2. NO CÓLON OCORRE MAIOR AÇÃO BACTERIANA, PRODUÇÃO DE ALGUNS
MICRONUTRIENTES E SUBSTRATOS. OS AGCC SÃO PRODUZIDOS A PARTIR DA AÇÃO
DE BACTÉRIAS EM UM PROCESSO DE FERMENTAÇÃO ANAERÓBIA DE FIBRAS
INGERIDAS NA DIETA. MARQUE A RESPOSTA INCORRETA SOBRE OS AGCC:
A) Não têm função na constipação intestinal.
B) Não participam da síntese da vitamina B3.
C) Os mais conhecidos são o acetato, o propionato e o butirato.
D) Têm ação sobre o trofismo intestinal.
GABARITO
1. O trato gastrointestinal funciona como uma barreira imunológica. Dessa forma, marque a alternativa
correta:
A alternativa "C " está correta.
O processo de digestão do alimento ocorre inicialmente na boca, com a ação da amilase salivar; em seguida, no
estômago, com a presença de ácido clorídrico e enzimas digestivas; posteriormente no intestino delgado,
principalmente na primeira porção, em que há maior presença de enzimas; finalizando no intestino grosso.
2. No cólon ocorre maior ação bacteriana, produção de alguns micronutrientes e substratos. Os AGCC
são produzidos a partir da ação de bactérias em um processo de fermentação anaeróbia de fibras
ingeridas na dieta. Marque a resposta INCORRETA sobre os AGCC:
A alternativa "A " está correta.
Os AGCC são combustíveis e estimulam a diferenciação celular melhorando absorção de sódio e água,
participando do metabolismo lipídico e levando efeitos benéficos para os sintomas da constipação, por aumentar o
volume fecal.
MÓDULO 2
 Identificar os principais sinais e sintomas das alterações gastrointestinais
Os distúrbios digestórios estão entre os problemas mais comumente encontrados no serviço de saúde, devendo-
se avaliar a história de peso do paciente, alterações de apetite, náuseas, vômitos, diarreia, problemas de
mastigação ou deglutição, ingestão diária, uso de suplementação nutricional, alergias e intolerâncias.
A seguir, conheceremos alguns distúrbios gastrointestinais.
DISFAGIA
A disfagia é qualquer dificuldade apresentada na deglutição, podendo ser classificada em orofaríngea e
esofágica (como mostrado à frente). Ela é muito comum na geriatria, cuja prevalência é de 10% em pacientes
hospitalizados e de 30% a 60% em pacientes em programas de acompanhamento domiciliar. Ocorre em
decorrência das alterações fisiológicas que acontecem com o envelhecimento, como a diminuição da secreção
salivar.
Fonte: Naeblys/shutterstock
Quadro 3 – Diferenças entre a disfagia orofaríngea e a disfagia esofágica
Características Disfagia orofaríngea Disfagia esofágica
Definição
Anormalidades que afetam o mecanismo
neuromuscular de controle do movimento
de palato, faringe e esfíncter esofágico
superior
Distúrbios que afetam o esôfago
Sintomas
Dificuldade em iniciar o ato de deglutição,
na transferência dos alimentos da boca
para o esôfago
Dificuldade na transferência do bolo
alimentar pelo esôfago
Causas
Relacionadas ao sistema nervoso central:
Derrame, doença de Parkinson, esclerose
múltipla e neoplasias
Distúrbios neuromusculares: Miastenia
grave, poliomielite bulbar e neuropatia
periférica (secundária e diabetes)
Distúrbios de motilidade: Acalasia,
escleroderma e espasmos
esofágicos
Obstruções mecânicas: Neoplasias,
estreitamento péptico, lesões
esofágicas induzidas por
medicamentos
 Fonte: O autor.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
ODINOFAGIA
A odinofagia é a sensação de dor ao engolir o alimento, ou seja, dor ao deglutir.Ela pode ser causada por
queimadura recente na boca, tentativa de engolir algo grande demais, secura ou algum corpo estranho preso na
garganta, infecções que afetam a laringe e a faringe, como a amigdalite e a faringite. Doenças como gripe,
resfriado e refluxo gástrico também podem fazer o paciente sentir dor ao engolir os alimentos.
PIROSE/AZIA
A pirose ou azia é a sensação de queimação/ardor que tem início na parte posterior do esterno e se propaga por
meio de ondas ou golfadas, até a faringe, fazendo-se acompanhar de eructação com acidez e aumento de
salivação.
Ela pode ser sintoma de algumas doenças, como refluxo gastroesofágico. As causas podem estar relacionadas a
uma alimentação inadequada, como excesso de cafeína, comida excessivamente temperada e gordurosa,
excesso de frutas cítricas, substâncias tóxicas (álcool, fumo e outras drogas).
VÔMITO OU ÊMESE
O vômito ou êmese é um ato involuntário que consiste na expulsão forçada do conteúdo gástrico, provocada por
contração energética dos músculos abdominais.
Ele acarreta perdas importantes de líquidos e outras substâncias, como potássio, hidrogênio e cloro, podendo
levar a distúrbios graves como desidratação, hipopotassemia e alcalose ou acidose.
HEMATÊMESE
A hematêmese é o vômito com sangue fresco e vermelho ou digerido e escuro. Se o vômito aparecer logo após o
início da hemorragia, é bem provável que seja vermelho. Se existir retardo na sua apresentação, terá aparência
vermelho-escura, preta ou de “borra de café”.
As causas do sangramento do tubo gastrointestinal podem estar relacionadas a ruptura de vasos sanguíneos,
distúrbios na coagulação sanguínea, lesão na mucosa, úlcera péptica, varizes esofagianas e outros.
MELENA
A melena é a presença de sangue nas fezes, ou seja, é a eliminação de sangue digerido juntamente com as fezes.
estas tornam-se escuras, quase pretas e pastosas, lembrando borra de café ou piche, com odor fétido.
As causas podem estar relacionadas ao quadro de cirrose hepática, que gera hipertensão portal, perfuração
intestinal, gastrite hemorrágica, retocolite ulcerativa, tumores malignos do intestino e reto, hemorroidas e outras.
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO
(DRGE)
A doença do refluxo gastroesofágico apresenta sintomas como azia (sensação de queimação ou inflamação
com erosão do revestimento do esôfago), dor subesternal, eructações, espasmo esofágico, irritação da faringe,
pigarro frequente, rouquidão e agravamento dos sintomas asmáticos.
O sintoma mais comum é a queimação dolorosa epigástrica e retroesternal que resulta em considerável
impacto na qualidade de vida.
Por causa da DRGE, ocorre a diminuição na pressão do esfíncter esofagiano inferior (EEI), que não contrai
adequadamente após a passagem dos alimentos para o estômago, permitindo o retorno do conteúdo gástrico.
Algumas substâncias podem alterar essa pressão do EEI.
Fonte: Designua/shutterstock
ESOFAGITE
A esofagite é uma inflamação do esôfago que ocorre pela exposição prolongada deste ao ácido, levando a
erosões, ulceração, cicatrizes, estenose e, em alguns casos, disfagia. O principal sintoma é a dor epigástrica.
DISPEPSIA
Relacionada ao estômago, conhecida também como indigestão, a dispepsia se refere ao desconforto ou à dor
abdominal superior inespecífica persistente.
Entre os sintomas estão a dor por várias horas após as refeições, que pode ser aliviada com a ingestão de
alimentos, o desconforto abdominal superior e o inchaço, especialmente após as refeições.
Fonte: Emily frost/shutterstock
GASTRITE E ÚLCERAS PÉPTICAS
Ocorrem quando anormalidades químicas, infecciosas ou neurais perturbam a integridade da mucosa do
estômago, sendo a infecção pela bactéria Helicobacter pylori a causa mais comum. Existem outras causas, como
o uso crônico de aspirina, AINEs, esteroides, bebidas alcoólicas, substâncias erosivas e tabaco.
Tanto na gastrite como na úlcera, o ponto central é o desequilíbrio entre os fatores que agridem a mucosa (ácido
clorídrico, pepsina, bile e medicamentos ulcerogênicos) e os que a protegem (barreira mucosa, prostaglandinas e
secreção mucosa).
GASTRITE CRÔNICA
A gastrite crônica pode resultar em atrofia e perda de células parietais do estômago, levando à perda de
secreção de ácido clorídrico, fator intrínseco resultando em anemia perniciosa. É comum a deficiência de
vitamina B12.
Principais sintomas: Náuseas, vômitos, mal-estar, anorexia, hemorragia e dor epigástrica.
Fonte: PopTika/shutterstock
ÚLCERA PÉPTICA
Na úlcera péptica, ocorre um quadro de inflamação crônica e processos de reparo em torno da lesão. Pode
ocorrer no estômago e no intestino. Complicações podem ocorrer, como perfuração da cavidade peritoneal ou
penetração em um órgão adjacente. As deficiências mais comuns são de energia, proteínas e ferro (devido à
hemorragia).
Principais sintomas: Dor ou desconforto abdominal e sintomas semelhantes à dispepsia e à gastrite.
Fonte: Crevis/shutterstock
SINTOMAS DE GASTRITE
Fonte: Macrovector/shutterstock
GASTROPARESIA
A gastroparesia é o esvaziamento lento do conteúdo gástrico, tendo como causas mais comuns a infecção viral, a
diabetes melito, cirurgias ou idiopáticos.
Os principais sintomas são inchaço abdominal, diminuição do apetite, anorexia, náuseas, vômitos, plenitude,
saciedade precoce, halitose e hipoglicemia pós-prandial.
Fonte: rumruay/shutterstock
CONSTIPAÇÃO
A constipação é a passagem difícil e pouco frequente das fezes pelo intestino, sendo uma das doenças mais
comuns nas sociedades ocidentais, cuja causa pode estar relacionada ao estilo de vida (sedentarismo, hidratação
e alimentação inadequada).
É um transtorno neuromuscular multifatorial que estabelece um número de evacuações inferior a uma a cada 72
horas ou com um peso inferior a 35g/dia.
De acordo com o Comitê de Roma, para poder ser considerado constipado, um paciente deve preencher dois ou
mais dos seguintes critérios:
Fonte: Adapado do Autor
Dificuldade em 25% ou mais das defecações.
Fonte: Adapado do Autor
Sensação de evacuação incompleta após 25% ou mais das defecações.
Fonte: Adapado do Autor
Fezes duras ou caprinas em 25% ou mais das evacuações.
Fonte: Adapado do Autor
Menos de três evacuações semanais.
O uso de medicamentos como os opioides também pode levar a esse quadro.
Os sintomas são dor abdominal, vômitos e anorexia, principalmente em crianças.
OPIOIDES
Opioide é o termo genérico utilizado para definir toda substância, natural ou sintética, cuja ação analgésica
se dá através da interação com os receptores opioides (Mµ, Delta e Kappa) e pode ser antagonizada pela
naloxona. Morfina, um agonista Mµ, é a referência entre os opioides.
Fonte: Ribeiro et al., 2002.
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-70942002000500015&script=sci_arttext
DIARREIA
Quando há trânsito acelerado do conteúdo intestinal pelo intestino delgado, diminuição da absorção de líquidos e
nutrientes, aumento da secreção de fluidos para o TGI ou perdas exsudativas, ocorre a diarreia.
Ela é definida pela evacuação frequente de fezes líquidas, geralmente superiores a 300 ml. As causas são muitas,
entre elas, doença inflamatória intestinal, infecções por agentes fúngicos, bacterianos ou virais, medicamentos,
consumo excessivo de açúcares e outras substâncias osmóticas, ou superfície da mucosa de absorção
insuficiente ou danificada.
Entre os sintomas, pode haver distensão e ou dores abdominais.
DOENÇA CELÍACA (DC)
A doença celíaca (DC) é caracterizada pela intolerância à ingestão de glúten em indivíduos geneticamente
predispostos.
Os sintomas são esteatorreia, diarreia, fezes fétidas, inchaço abdominal, apatia, fadiga.
javascript:void(0)
javascript:void(0);
Fonte: Designua/shutterstock
Entre os sintomas nutricionais, observam-se:
Anemia (ferro ou folato e raramente B12);
Osteomalácia;
Osteopenia;
Fraturas (deficiência de vitamina D, absorção de cálcio inadequada);
Coagulopatias (deficiência de vitamina K);
Retardo do crescimento (puberdade tardia, baixo peso);Deficiência de lactase.
Entre os sintomas extraintestinais, observam-se:
Mal-estar;
Artrite;
Artralgia;
Dermatite;
Herpetiforme;
Infertilidade;
Risco aumentado de aborto;
Esteatose hepática;
Hepatite;
Sintomas neurológicos (ataxia, polineuropatia, convulsões).
INTOLERÂNCIA À LACTOSE
A intolerância à lactose é a má absorção de lactose, que pode estar associada a outros distúrbios
gastrointestinais, como a síndrome do intestino irritável.
Os sintomas são diarreia, dor abdominal, flatulência ou distensão abdominal após o consumo de lactose.
SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL
A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio funcional crônico com alterações do ritmo das evacuações
(constipação ou diarreia). Essa síndrome exerce um forte impacto sobre a qualidade de vida do paciente, limitando
a vida social, as oportunidades educacionais e a produtividade no trabalho.
Os sintomas mais comuns são as dores abdominais ou o desconforto, a distensão abdominal e a sensação de
evacuação incompleta.
Fonte: Olena758/shutterstock
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS
DOENÇA DE CROHN (DC) E COLITE ULCERATIVA OU
RETOCOLITE ULCERATIVA (RCU)
As doenças inflamatórias intestinais, cujas causas são desconhecidas, vê aumentando desde a última metade do
século XX. A etiopatogenia está envolvida com:
Fatores genéticos;
Luminais relacionados à microbiota intestinal, aos antígenos e produtos metabólicos e aos antígenos
alimentares;
Fatores relacionados à barreira intestinal, incluindo os aspectos referentes à imunidade inata e à
permeabilidade intestinal;
Fatores relacionados à imunorregulação, incluindo a imunidade adaptativa ou adquirida.
A doença de Crohn (DC) é considerada uma doença inflamatória intestinal cuja prevalência é de
aproximadamente 130 casos por 100.000 indivíduos na faixa etária de 15-30 anos de idade e, em alguns casos,
na fase adulta. A DC pode envolver qualquer parte do TGI, mas aproximadamente 50% a 60% dos casos envolvem
tanto o íleo distal quanto o cólon.
Os segmentos do intestino inflamado podem estar separados por segmentos saudáveis, sendo que o envolvimento
da mucosa na DC é transmural, pois afeta todas as camadas da mucosa. A doença também se caracteriza por:
Abcessos;
Fístulas;
Fibrose;
Espessamento da submucosa;
Estenoses localizadas;
Segmentos estreitados do intestino;
Obstrução parcial ou total do lúmen intestinal.
Os sintomas mais comuns na DC são dor abdominal (65%), diarreia, febre, perda de peso, anemia, intolerâncias
alimentares, desnutrição, déficit de crescimento e manifestações extraintestinais (dermatológicas e hepáticas).
Em torno de 50% dos pacientes com DC podem desenvolver déficit de zinco, o que contribuirá para a diminuição
do apetite. Vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) podem estar deficientes nesses pacientes e a má absorção
naqueles com comprometimento ileal (ou ressecção).
Fonte: sdecoret/shutterstock
A colite ulcerativa ou retocolite ulcerativa (RCU) é uma doença inflamatória intestinal cuja prevalência é de 100
para 100.000. Ela acomete desde o intestino grosso até o reto, sendo limitada normalmente à mucosa e tendo o
sangramento como sintoma mais comum. Outros sintomas são diarreia sanguinolenta, febre, perda de peso,
anemia, intolerâncias alimentares, desnutrição, déficit de crescimento e manifestações extraintestinais
(dermatológicas e hepáticas).
A principal diferença entre a DC e a RCU é que a última compromete somente o intestino grosso, enquanto a
primeira pode ocorrer no trato digestivo, da boca ao ânus. Veja esse comparativo a seguir:
Quadro 4 – Comparação entre a RCU e a DC
Retocolite ulcerativa (RCU) Doença de Crohn (DC)
Manifestação Diarreia sanguinolenta
Doença perianal, dor abdominal (65%),
massa no abdome
Patologia
macroscópica
Reto sempre envolvido. Move-se
contínua e proximalmente a partir
do reto.
Parede fina
Poucas estenoses Ulceração
difusa
Reto pode não estar envolvido. Pode
ocorrer em qualquer local ao longo do
trato gastrointestinal.
Não contínua: “Lesões alternadas”
Parede espessa
Estenoses são comuns
Mais inflamação
Úlceras superficiais e fibrose
Manifestações
Extraintestinais
Colangite esclerosante
Pioderma gangrenoso
Eritema nodoso
Poliartrite migratória
Cálculos biliares
Complicações
Megacolon tóxico, câncer,
estenoses e fístulas
Câncer, doença perianal, estenoses ou
fístulas
 Fonte: Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2013.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
As deficiências nutricionais são comuns nas doenças inflamatórias intestinais, como mostrado a seguir:
Quadro 5 – Prevalência de déficits nutricionais em pacientes com doença inflamatória intestinal
Deficiências gerais Prevalência
Perda de peso 65% – 75%
Perda entérica de proteína 40% – 65%
Balanço nitrogenado negativo 40% – 65%
Hipoalbuminemia 25% – 65%
Anemia 50% – 75%
 Ferro 25% – 70%
 Ácido Fólico 45% – 60%
 Vitamina B12 10% – 60%
Deficiências de minerais Prevalência
Zinco 25% – 50%
Magnésio 15% – 30%
Cálcio 15% – 25%
Potássio 5% – 20%
Selênio 5% – 15%
Deficiências vitamínicas Prevalência
Vitamina D 30% – 65%
Vitamina E 15% – 30%
Vitamina C 10% – 30%
Vitamina K 10% – 25%
 Fonte: Silva e Mura, 2016.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A deficiência de ácido fólico, por exemplo, é mais comum na RCU, atingindo até 60%, do que na DC, atingindo até
40%. Devido à intensa diarreia, à má absorção, às fístulas e às estomias, os pacientes podem apresentar
deficiência de cobre, magnésio e fósforo. Há perdas entéricas de proteínas, sangue, minerais, eletrólitos e
elementos-traço do intestino durante o período de inflamação ativa, tanto na RCU quanto na DC.
Na DC há uma predominância de hipoalbuminemia, perda proteica intestinal e balanço nitrogenado negativo,
enquanto na RCU, observa-se maior ocorrência de anemia, por causa das usuais perdas.
Quando se fala de balanço nitrogenado negativo, significa que a quantidade de nitrogênio ingerida (que vem do
consumo de proteína) é menor que a excretada.
Fonte: Alila Medical Media/shutterstock
 Figura 6 – Doença de Crohn.
Fonte: Lightspring/shutterstock
 Figura 7 – Localização da doença de Crohn: lleo-cecal.
Fonte: medicalstocks/shutterstock
 Figura 8 – Diferenças entre a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn.
Alguns medicamentos prescritos no tratamento da doença inflamatória intestinal geram efeitos colaterais
relacionados à má absorção de nutrientes, podendo levar a deficiências nutricionais. Estão entre esses fármacos a
colestiramina, cuja ação é aumentar a má absorção de gordura, as vitaminas lipossolúveis e o cálcio, cujos efeitos
colaterais são esteatorreia, deficiências de vitaminas A, D, E e K e distúrbio hidroeletrolítico.
DOENÇA DIVERTICULAR
A diverticulose é uma condição em que há hérnias em forma de saco (divertículos) na parede do cólon, cuja
incidência aumenta com a idade. Estima-se que 5% dos idosos podem ter inflamação e diverticulite.
O quadro é assintomático ou pode apresentar cólicas.
DOENÇA HEMORROIDÁRIA
A doença hemorroidária é uma enfermidade antiga cuja afecção é das mais frequentes. Incide em ambos os
sexos, com maior incidência na quarta década de vida, ocorrendo raramente na infância.
Ela ocorre quando há congestão, dilatação e aumento dos corpos cavernosos, formando grandes emaranhados
vasculares submucosos ou subcutâneos, flexíveis, os quais se enchem de sangue, constituindo os mamilos
hemorroidários, que podem ser internos, externos ou mistos.
Entre os sintomas, pode haver sangramento e desconforto anal durante ou após a evacuação.
SUPERCRESCIMENTO BACTERIANO NO INTESTINO
DELGADO
O supercrescimento de bactérias no intestino delgado (ID) pode ter como causa o uso crônico de fármacos
que suprimem o ácido gástrico, permitindo assim que mais bactérias sobrevivam à passagem pelo intestino
delgado.
Outros fatores que podem influenciar no aparecimento excessivo de bactérias são doençashepáticas ou
pancreatite crônica, gastroparesia, fármacos narcóticos, distúrbios de dismotilidade intestinal e ressecção
cirúrgica do íleo distal e da válvula ileocecal.
Os sintomas são diarreia crônica, pela má digestão das gorduras; esteatorreia, que é a presença de gordura nas
fezes; distensão abdominal; e, deficiência de vitamina B12.
Fonte: HENADZI PECHAN/shutterstock
Vamos identificar os principais sinais e sintomas nas doenças gastrointestinais e o tratamento dietoterápico.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM RELAÇÃO AOS SINTOMAS DAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS
VISTOS NESTE MÓDULO, O QUE DIFERE A DOENÇA DE CROHN (DC) DA RETOCOLITE
ULCERATIVA (RCU)?
A) Na DC ocorre o comprometimento do intestino delgado e do intestino grosso e na RCU apenas do intestino
grosso.
B) Na RCU ocorrem múltiplas lesões no TGI, enquanto na DC, apenas no intestino grosso.
C) Nas duas, DC e RCU, ocorrem diarreia, dor abdominal e lesões por todo o TGI.
D) Na DC pode ocorrer comprometimento por todo o TGI e na RCU apenas no intestino grosso.
2. O REFLUXO GASTROESOFÁGICO É O RETORNO DO CONTEÚDO ÁCIDO GÁSTRICO
PARA O ESÔFAGO, PODENDO LEVAR À INFLAMAÇÃO DA MUCOSA. QUAL É O
PRINCIPAL SINTOMA DO RGE E PARA QUAL QUADRO ELE PODE EVOLUIR? MARQUE
A RESPOSTA CORRETA.
A) Dor em queimação nas regiões epigástrica e retroesternal. Gastrite.
B) Dor em queimação nos hipocôndrios. Esofagite.
C) Dor em queimação nas regiões epigástrica e retroesternal. Esofagite.
D) Dor em queimação na região epigástrica e em hipocôndrio. Gastrite.
GABARITO
1. Em relação aos sintomas das doenças inflamatórias intestinais vistos neste módulo, o que difere a
doença de Crohn (DC) da retocolite ulcerativa (RCU)?
A alternativa "D " está correta.
As doenças inflamatórias intestinais estudadas neste módulo foram a doença de Chron (DC) e a retocolite
ulcerativa (RCU), cuja principal diferença é que a RCU compromete somente o intestino grosso, enquanto a DC
pode ocorrer em parte do trato digestivo, da boca ao ânus.
2. O refluxo gastroesofágico é o retorno do conteúdo ácido gástrico para o esôfago, podendo levar à
inflamação da mucosa. Qual é o principal sintoma do RGE e para qual quadro ele pode evoluir? Marque a
resposta correta.
A alternativa "C " está correta.
O RGE é uma doença do trato gastrointestinal superior, cujo sintoma mais comum é a queimação dolorosa
epigástrica e retroesternal pela presença do ácido gástrico, podendo evoluir para o aparecimento da esofagite.
Esta é uma inflamação do esôfago que ocorre com a exposição prolongada ao ácido.
MÓDULO 3
 Definir a conduta nutricional e o consumo de nutrientes imunomoduladores com suas funções
O manejo nutricional faz parte do tratamento das doenças do trato gastrointestinal associado ou não ao tratamento
medicamentoso. Os nutrientes imunomoduladores atuam na resposta imunológica e têm demonstrado bons
resultados na resposta imunoinflamatória, mantendo a integridade da mucosa intestinal e melhorando o estado
clínico e, consequentemente, o estado nutricional dos pacientes.
PREBIÓTICOS
Os prebióticos são ingredientes alimentares (fibras) não digeridos no intestino delgado que, ao atingir o intestino
grosso, contribuem para o aumento da produção de bactérias benéficas, promovendo também a produção dos
ácidos graxos de cadeia curta.
Os prebióticos mantêm a microflora do intestino saudável e estimulam o crescimento de bactérias benéficas. Os
ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) são o acetato, o propionato e o butirato, que constituem o principal
combustível da célula colônica (colonócito).
Fonte: SewCream/shutterstock
São nutrientes imunomoduladores produzidos pela fermentação bacteriana de carboidratos (fibras solúveis) cujas
ações são inúmeras, como redução do pH colônico levando ao crescimento de bactérias não patogênicas
(Lactobacillus e Bifidobacterium); redução do desenvolvimento de bactérias potencialmente patogênicas
(Clostridium, Pseudomonas e Klebsiella); estimulação da secreção de mucina, que é um protetor de mucosa;
aumento do fluxo vascular; e, aumento da absorção colônica de sódio e água.
Ainda exercem efeitos citoprotetores e anti-inflamatórios, reduzem a permeabilidade paracelular e induzem a
resposta imunológica. A utilização de butirato por meio de enema por via retal mostrou um número reduzido de
evacuação com sangue em pacientes com RCU em atividade intensa. Quando esse tratamento foi comparado
com medicamentos como corticoides e mesalamina, todos tiveram resultados equivalentes.
O uso de fibra solúvel dietética (sementes de Plantago ovata) tem mostrado grande eficácia no tratamento de
pacientes com RCU. As sementes do Plantago ovata possuem de 20% a 30% de mucilagem, sendo muito
utilizada no tratamento de constipação intestinal crônica, câncer intestinal, amebíase, disenteria e irritações
gastrointestinais.
Os prebióticos mais conhecidos são a inulina e os fruto-oligossacarídeos (FOS) presentes nas fibras de frutas e
vegetais como a alcachofra, a bardana, a cebola, o alho, o farelo de trigo e a banana.
PROBIÓTICOS
São bactérias vivas presentes em alimentos ou suplementos, que podem alterar a microbiota intestinal levando
benefícios à saúde, pois favorecem o seu equilíbrio.
Muitos microrganismos são usados como probióticos, entre eles as bactérias ácido-láticas, as bactérias não
ácido-láticas e as leveduras. Eles são usados na prevenção e no tratamento de doenças, na regulação da
microbiota intestinal, em distúrbios do metabolismo gastrintestinal, como imunomoduladores e na inibição da
carcinogênese.
São exemplos desses microrganismos os Lactobacillus acidophillus, os Bifidobacterium bifidum e os
Bifidobacterium lactis. Pacientes com RCU ativa e em remissão se beneficiam com o tratamento de probióticos.
Fonte: Lifeking/shutterstock
NUTRIENTES IMUNOMODULADORES
Esses nutrientes atuam na resposta imunológica, estimulando-a ou suprimindo-a, dependendo da quantidade
ingerida. Sabe-se que a imunossupressão é de origem multifatorial, entretanto, diversas situações, como
desnutrição, infecção, cirurgias, tumores etc. promovem a imunossupressão.
A maioria dos estudos com terapia nutricional imunomoduladora evidenciou benefícios relacionados à redução do
tempo de internação hospitalar, do uso de antibióticos e da frequência de infecções. Os resultados tendem a ser
positivos em pacientes cirúrgicos, pacientes de UTI e clínicos.
GLUTAMINA
A glutamina é um aminoácido condicionalmente essencial em situações de estresse (hipercatabolismo, câncer,
politraumatismo, queimaduras) devido à sua grande utilização. Ela é o aminoácido livre mais abundante no
músculo e no plasma humano, sendo encontrada também nos tecidos.
A glutamina é convertida para glutamato e aspartato sofrendo oxidação parcial para CO2 essencial para o sistema
imunológico. O processo de proliferação de linfócitos T e B, como também as taxas de síntese proteica, produção
de interleucina-2 e síntese de anticorpos dessas células são dependentes de glutamina.
Nos macrófagos, a síntese e a secreção de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral α, IL-1 e Il-
6, é também dependente da concentração de glutamina extracelular. Os neutrófilos, assim como os linfócitos e os
macrófagos, também consomem a glutamina ativamente. Dessa forma, podemos observar a ligação entre a
glutamina e o sistema imunológico.
São verificadas diminuídas concentrações plasmáticas e teciduais de glutamina em algumas situações clínicas e
catabólicas, como no trauma, na queimadura, no pós-operatório, na sepse, na diabetes não controlada e no pós-
exercício intenso exaustivo. Estudos demonstram que quando há redução das concentrações de glutamina
plasmática em decorrência do aumento da taxa de utilização entre diversos tecidos, pode aumentar a
suscetibilidade a infecções.
Na prática, a suplementação desse aminoácido está indicada no jejum digestivo – suplementação parenteral,
doenças inflamatórias intestinais, hipercatabolismo, como câncer, choque, sepse,queimaduras severas e
transplantes.
A glutamina participa no processo de ganho de massa muscular, cicatrização de tecidos exercendo um papel
importante no sistema imunológico, pois é um grande combustível para esse sistema ir melhorando sua função
sendo considerada um nutriente imunomodulador.
 RECOMENDAÇÃO
As doses recomendadas com a finalidade imunoestimulante são: Adultos: 0,2 a 0,57 g/kg peso atual e Crianças:
0,5g/kg peso atual. Para pacientes com problemas renais e/ou hepáticos a suplementação não deve ultrapassar
15g/dia.
Fonte: Jan Maly/shutterstock
ARGININA
A arginina é um aminoácido condicionalmente essencial, pois tem um papel importante no metabolismo
intermediário de pacientes críticos. As fontes alimentares são carnes, leguminosas, oleaginosas e chocolate. A
arginina é um modulador potente da função imune tendo efeitos sobre a proliferação e diferenciação dos linfócitos.
Ela favorece o balanço nitrogenado em pacientes com câncer gastrointestinal e aumenta o número de linfócitos T-
CDA.
Existem estudos que demonstram que a arginina pode constituir um risco para pacientes em estado crítico que
estão hemodinamicamente instáveis, pois a suplementação dela nesses pacientes leva ao aumento do oxido
nítrico, podendo induzir a vasodilatação e a hipotensão, mas isso ainda é controverso.
O uso de 15 g/d a 30 g/d de arginina é seguro com poucos efeitos colaterais. A deficiência da arginina em
pacientes críticos desencadeia a resposta inflamatória e imunológica aumentando o risco de complicações
infecciosas.
 RECOMENDAÇÃO
As doses recomendadas (Chemin, 2016) são de 300 mg/kg/dia a 500mg/kg/dia, ou acima de 4% a 6% do VET ou
acima de 10 g/dia a 12 g/dia, tolerando até 30 g/dia a 60g/dia. Deve-se ter cautela com a suplementação em
pacientes com insuficiência renal e hepática.
Fonte: M.Photografer/shutterstock
ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS W-3 DE
ÓLEO DE PEIXE
As gorduras dietéticas têm participação ativa na resposta imunológica por serem precursoras das
prostaglandinas. Os ácidos graxos são um dos principais nutrientes imunomoduladores, sendo o ômega 3 o
principal deles, pois participa do sistema imunológico produzindo citocinas da série E3 e I3. Ele não é produzido
pelo organismo humano, sendo então a sua ingestão fundamental.
Os ácidos graxos têm efeito protetor reduzindo o colesterol ruim e os triglicerídeos, melhorando a resposta
inflamatória e imunológica. As fontes de ômega 3 são nozes, castanhas, manteiga, peixes e ovos.
 RECOMENDAÇÃO
Para a obtenção de benefício clínico, a ingestão deverá ser de 1,5 g/dia a 3 g/dia de ácido eicosapentaenoico
(EPA) e de ácido docosahexaenoico (DHA).
Com um maior consumo de ômega 3 que de ômega 6 na dieta, pode-se otimizar a provisão desses produtos pró-
inflamatórios para a resposta imune e atenuar ao mesmo tempo o estado inflamatório.
O uso de ácidos graxos poli-insaturados ômega 3 (w-3) tem sido prescrito no tratamento das doenças
inflamatórias intestinais, visto que atuam na cascata anti-inflamatória cujo mecanismo de ação é competir entre os
ácidos eicosapentaenoico e docosaexaenoico com o ácido araquidônico nas vias ciclo-oxigenase e lipo-
oxigenase, diminuindo a síntese das prostaglandinas E2 (PGE2) e dos leucotrienos da série 4.
Há diminuição da formação dos leucotrienos B4, na via da lipo-oxigenase favorecendo a produção das séries com
menor potencial inflamatório, que são os leucotrienos de série 5 (B5), conforme mostrado mais à frente.
A utilização do w-3 no tratamento da RCU tem mostrado bons resultados, diminuindo os sintomas e a necessidade
de medicamentos, como os corticosteroides, levando à melhora colônica, histológica e endoscópica. Veja a seguir:
Fonte: Adaptado de Scielo.
 Figura 9 – Vias metabólicas dos ácidos graxos ômega-3 e ômega-6.
VITAMINAS, MINERAIS E ANTIOXIDANTES
Estudos realizados com o selênio e as vitaminas C e E demonstram que a suplementação com antioxidantes leva
à redução da mortalidade e à diminuição na ventilação mecânica e nos dias de permanência na UTI.
Carências vitamínicas podem levar a alterações na resposta imunológica. O selênio é um oligoelemento essencial
que atua como cofator para a glutationa peroxidase, potente antioxidante removedor enzimático endógeno de
resíduos. Na deficiência dele, pode haver dificuldade de as células se protegerem contra os elementos oxidantes,
decorrente da disfunção dessa enzima.
Fonte: Adaptado do Autor
A carência de vitamina C leva ao aumento da suscetibilidade a alguns tumores, à diminuição da resposta
inflamatória, como também à citoxicidade das células T e à função fagocitária dos macrófagos e neutrófilos.
Fonte: Adaptado do Autor
A carência de vitamina E leva à diminuição da resposta aos anticorpos, à diminuição na mitogênese dos
linfócitos e da função fagocitária. Pacientes queimados, traumatizados e pacientes graves sob ventilação
mecânica podem se beneficiar de doses maiores de vitaminas antioxidantes (C e E) e elementos-traço (zinco e
selênio), sendo necessários estudos para determinar as doses e os períodos de tratamento além das
combinações adequadas.
CUIDADOS NUTRICIONAIS
DISFAGIA
O tratamento dietoterápico da disfagia consiste no acompanhamento da equipe multidisciplinar. A escolha da
alimentação dependerá da classificação da disfagia, cuja avaliação é realizada pela fonoaudiologia. As
necessidades nutricionais, quando não são atingidas pela via oral, poderão ser supridas por via enteral.
A consistência da dieta poderá ser desde líquida, cuja classificação se dá conforme a viscosidade:
Rala (líquidos regulares, sem alteração – leite);
Néctar (líquidos levemente espessados, mas finos o suficiente para poderem ser ingeridos aos goles sem
colher – leite batido com frutas);
Mel (líquido espessado que deverá ser consumido com colher – mingau grosso);
Pudim (aparência sólida que deverá ser consumida com colher mas desfazendo-se na boca – flan).
Os líquidos podem ser espessados com farinhas à base de amido, podendo requerer aquecimento para o
aumento da viscosidade. Poderão ser espessados também com ágar-ágar ou produtos industrializados
elaborados com o propósito de espessar sem alterar o sabor.
Além dos líquidos, a consistência dos alimentos também poderá ser sólida ou semissólida, como purês
homogêneos e de baixa adesividade, ou compostos de alimentos úmidos e de textura macia, como os vegetais
cozidos, frutas macias e maduras, dependendo da classificação da disfagia.
REFLUXO GASTROESOFÁGICO – ESOFAGITE
Fonte: Emily frost/shutterstock
Quadro 6 – Refluxo gastroesofágico – esofagite
Adultos Recomendação nutricional
Valor energético
Total
Suficiente para manter o peso saudável e ser programada para a perda de peso
necessária
Lipídeos
Dieta hipolipídica ( < 20% do valor energético total) Evitar alimentos e preparações
gordurosas, uma vez que a colecistoquinina diminui a pressão do esfíncter esofágico
inferior (EEI)
Consistência Na fase aguda, dieta líquida ou semilíquida com evolução até geral
Fracionamento Seis a oito refeições de pequenos volumes para evitar o refluxo
Líquidos
Preferencialmente entre as refeições
Evitar no almoço e jantar para diminuir o volume ingerido
Excluir
Alimentos que diminuem a pressão do EEI: Café, mate, chá-preto, bebidas
alcoólicas e chocolate
Alimentos que irritam a mucosa inflamada: Sucos e frutas ácidas, tomate, temperos
e especiarias picantes e irritantes (pimenta, vinagre etc.)
Alimentos que estimulam a secreção ácida: Com alto teor de purinas (por exemplo,
consomê)
Em geral
Não comer antes de dormir (espaço de pelo menos 2h) Comer em posição ereta.
Não se recostar ou deitar logo após a refeição
Manter horários regulares para evitar aumento do volume das refeições
Não usar roupas e acessórios apertados
Manter a cabeceira da cama elevada
 Fonte: Silva e Mura, 2016.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
GASTRITE E ÚLCERA
Leite e derivados não devem ser consumidos para aliviara dor de queimação, pois isso resulta em efeito rebote.
Devem ser consumidos como parte integrante da alimentação, na quantidade recomendada nos guias alimentares
(2 a 3 porções/dia).
Veja, a seguir, as recomendações nutricionais para o tratamento da gastrite e da úlcera:
Quadro 7 – Recomendações nutricionais para gastrite e úlcera
Adultos Recomendação nutricional
Valor energético
total
Suficiente para manter ou recuperar o estado nutricional
Distribuição
calórica
Normal (CHO: 50-60%; PTN: 10-15%; LIP: 25-30%)
Consistência Geral ou adaptada às condições da cavidade oral
Fracionamento Quatro a cinco refeições ao dia (evitar longos períodos de jejum)
Alimentos com
efeito positivo
Alimentos ricos em fibras alimentares (vegetais em geral): A fibra apresenta efeitos
benéficos, agindo como tampão, reduzindo a concentração de ácidos biliares no
estômago e diminuindo o tempo de trânsito intestinal, levando a menor distensão.
Alimentos a
serem evitados
Bebidas alcoólicas: O álcool é um potente irritante da mucosa gastrointestinal. Café:
Mesmo que seja do tipo descafeinado, leva ao aumento da produção ácida gástrica,
resultando em irritação da mucosa. Chocolate: Contém xantinas que contribuem para
a irritação da mucosa. Refrigerantes: À base de cola e, em especial, à base de limão
são relacionados ao aumento da produção ácida. Além disso, por serem gasosos,
provocam distensão gástrica e podem se relacionar à dispepsia. Pimenta vermelha:
Possui capsaicina – substância irritante gastrointestinal. A preta também é irritante,
porém, a substância ainda não foi identificada. Mostarda em grão e chili são
irritantes.
Frutas ácidas
Respeitar a tolerância do paciente. O pH do estômago (por volta de 2) é mais ácido
que qualquer fruta (por exemplo, o pH do suco de laranja é em torno de 3), por isso
não seria necessário evitá-las. No entanto, alguns pacientes relatam dispepsia com
cítricos.
Ambiente
durante a
alimentação
Ambiente deverá ser tranquilo e mastigar bem devagar.
 Fonte: Silva e Mura, 2016.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL (DII) – DOENÇA DE
CROHN (DC) E RETOCOLITE ULCERATIVA (RCU)
A desnutrição é um risco significativo em doentes com DII e uma dieta excessivamente restritiva aumenta a
probabilidade de desnutrição e perda de peso. A intervenção nutricional deve ser prontamente instituída se a
ingestão calórica e proteica for aquém das necessidades para manter o peso em adultos ou o crescimento em
crianças.
O objetivo da terapia nutricional na DII é utilizar dietas que diminuem a atividade da doença para que o paciente
possa recuperar o estado nutricional mais rapidamente, como: Uso de pro e prebióticos, nutrientes
imunomoduladores com quantidades adequadas de energia, proteínas e micronutrientes. É importante manter ou
recuperar o estado nutricional dos pacientes com DII, aumentar o tempo de remissão da doença como também
reduzir as indicações cirúrgicas e as complicações do pós-operatório.
É importante avaliar a necessidade nutricional do paciente aplicando fórmulas para que se possa traçar um
planejamento dietético.
Seguem algumas recomendações:
As necessidades calórico-proteicas vão variar conforme a condição nutricional e a atividade da doença do
paciente, podendo alcançar cerca de 45 kcal/Kg/dia para ganho de peso.
A oferta de 25 Kcal/Kg a 35 Kcal/Kg de peso ideal/dia pode ser usada como meta na manutenção, mantendo
a oferta de 1,2 g a 1,5 g de proteína/Kg peso ideal/d para manter o balanço nitrogenado positivo para a
recuperação do paciente, ou seja, uma maior ingestão de nitrogênio que ocorre pelo consumo de proteínas
com menores perdas de nitrogênio.
Em relação à terapia de micronutrientes nos pacientes com DII, recomenda-se a suplementação de
multivitaminas e minerais. A vitamina B12, por exemplo, deve ser mantida regularmente nos portadores de
DC, com ou sem ressecção em íleo distal.
Pacientes em uso de corticosteroides devem receber 1500 mg a 2000 mg de cálcio elementar.
Em caso de intestino curto, a vitamina D deve ser suplementada (25.000 U a 50.000 U por semana), se
abaixo do normal.
Podem ser necessários suplementos de vitaminas como B9, B6 e B12, minerais e oligoelementos para repor
os estoques ou para a manutenção por causa de má digestão, má absorção, interações fármaco-nutrientes
ou ingestão inadequada.
Em casos em que haja má absorção de gordura, a suplementação com triglicerídeos de cadeia média
poderá ser útil para aumentar o aporte calórico e ser um veículo para os nutrientes lipossolúveis.
Para melhorar o estado nutricional dos pacientes com DII, as nutrições enteral e parenteral podem ser
preconizadas. Nutrientes imunomoduladores podem ser instituídos com o objetivo de modular a inflamação. O uso
de ômega 3 tem sido favorável na RCU levando à diminuição dos sintomas e do uso de corticoides, promovendo
melhoras colônicas, histológicas e endoscópicas. O uso de prebióticos (fibras solúveis que produzem AGCC) e
probióticos (L. Lactis) também leva à redução do número de evacuações, contribuindo para a melhora dos
sintomas pela recuperação da microbiota intestinal.
DOENÇA HEMORROIDÁRIA
Recomenda-se uma dieta rica em fibras com 20 g/dia a 30 g/dia. Essas fibras podem ser encontradas em farelos,
gérmen de trigo, cereais integrais, arroz integral, pães integrais, sementes, legumes, verduras e frutas (mamão,
laranja com bagaço, ameixa preta). A ingestão de 2 L de água por dia deve ser recomendada para que as fezes se
tornem macias. Deve-se evitar bebidas alcoólicas, pimentas e condimentos fortes.
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
O tratamento da constipação consiste em um programa alimentar e exercícios físicos desde que já tenham sido
descartadas outras patologias causadoras do quadro. A ingestão de fibras total deve ser de 20 g/dia a 30 g/dia
para que as fezes tenham um peso adequado para promover o reflexo de evacuação.
 RECOMENDAÇÃO
Indica-se o consumo de alimentos crus e folhas nas saladas. Farelo de trigo, farelo de arroz ou outra fibra integral
natural pode ser adicionada às refeições para aumentar o aporte de fibras totais na dieta. Aumentar o consumo de
frutas, verduras e legumes. Orientar o uso de azeite ou óleo vegetal nas verduras cruas. Pode utilizar prebióticos e
probióticos. A ingestão de água deve ser em torno de 3 L/dia.
Fonte: ja ma/unsplash
SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL
O paciente deve ser acompanhado por uma equipe multiprofissional especializada e a intervenção dietética torna-
se uma importante aliada na melhora da qualidade de vida. Pode ser benéfica a dieta hipolipídica e restrições
eventuais de alimentos que produzam gases, quando o paciente se queixa, como: Leite e derivados, brócolis,
beterraba, couve, couve-flor, feijão, ervilha, grão de bico, lentilha, doces, chocolates e bebidas gaseificadas. O
ideal é adequar uma alimentação variada, sem muitas restrições e acompanhada do tratamento medicamentoso.
 RECOMENDAÇÃO
Pacientes com diarreia de difícil controle devem reduzir o consumo de carboidratos fermentativos. Nesse caso,
pode ser benéfica uma dieta com isenção desses carboidratos denominados FODMAP – fermentable oligo-di-
monosaccharides and polyols. Os FODMAP incluem: Maçã, pera, melancia, mel, cebola, aspargo, alcachofra,
alho-poró, alimentos à base de trigo, sorbitol (adoçantes artificiais), repolho, lentilha e feijão. Esses alimentos
poderão ser incluídos com cautela na dieta do paciente conforme a melhora do quadro diarreico e da distensão
abdominal.
GASTROPARESIA
Os pacientes se beneficiam de volumes menores com maior fracionamento, ou seja, pouca quantidade de
alimentos em cada refeição e aumento do número de refeições por dia para 6 a 8, para que se atinjam as
necessidades nutricionais.
Em relação à consistência, muitas vezes há preferência por refeições líquidas e alimentos passados no
processador (sopas, vitaminas, mingaus), pois facilitam a digestão, evitando que o alimentopermaneça por muito
tempo no estômago.
 RECOMENDAÇÃO
É importante mastigar bem os alimentos e evitar, nesse período, alimentos com alta concentração de fibras e
suplementos de fibras, pois contribuirão para que o alimento permaneça mais tempo no estômago retardando o
esvaziamento gástrico. Para isso é importante, nesse período, evitar o consumo de legumes, verduras e frutas
cruas e com cascas. Legumes, frutas e vegetais cozidos ou abrandados são preferíveis.
Fonte: Ildi Papp/shutterstock
DIARREIA
A causa da diarreia deve ser avaliada minuciosamente. Alguns alimentos podem provocar esse quadro em
pessoas sensíveis. Entre eles estão o leite, os doces em grande quantidade, o feijão, as comidas gordurosas,
como as frituras ou gorduras de origem animal. Procurar investigar se algum alimento está relacionado ao quadro
da diarreia.
A reposição de líquidos e eletrólitos é necessária em quadros mais agudos e poderão ser usadas soluções de
reidratação oral, sopas e caldos, sucos de vegetais, água de coco e líquidos isotônicos. Iniciar com dietas
restritivas por pouco tempo e evoluir conforme o quadro. Orientar o consumo de alimentos cozidos, evitando os
crus e as fibras. Frutas e hortaliças devem estar cozidas. Evitar o consumo de doces e gorduras. Indicar sempre
pequenas refeições e ir aumentando a frequência gradativamente.
 RECOMENDAÇÃO
O consumo de alimentos ricos em potássio, como banana, batata, água de coco e carnes brancas também é
recomendado por causa da perda de potássio no quadro da diarreia. Contraindicar o uso de leite até
desaparecerem os sintomas da diarreia, mas a coalhada, iogurtes e queijos podem ser consumidos em pequenas
quantidades, de acordo com a tolerância do paciente. Aumentar a ingestão de líquidos para evitar a desidratação.
Alimentos probióticos, especialmente os leites fermentados com lactobacilos, auxiliam na recuperação da flora
intestinal.
Fonte: Damir Spanic/unsplash
DOENÇA CELÍACA
Baseada na eliminação de peptídeos de glúten da dieta. Restringir todo o trigo, centeio e cevada. Além disso,
deve-se avaliar os níveis de ferritina, folato e vitamina D e, em casos mais graves, com intensa diarreia, devem ser
verificadas as vitaminas lipossolúveis (A, E, K) e os minerais (zinco). A anemia deve ser tratada com ferro, folato ou
vitamina B12, dependendo da natureza.
Os pacientes que continuam a ter má absorção podem ser beneficiados com suplementação de vitaminas e
minerais para atender à ingestão diária recomendada. Algumas vezes ocorre intolerância à lactose e à frutose, e
os álcoois de açúcar também não são bem absorvidos. Por esse motivo, a lactose e a frutose devem ser reduzidas
na dieta desses pacientes.
 RECOMENDAÇÃO
Farinhas como as de milho, batata, arroz, soja, tapioca, araruta, amaranto, quinoa, painço, teff (um cereal muito
pequeno isento de glúten originado da Etiópia) e trigo sarraceno (também chamado de trigo mourisco) podem ser
utilizadas como substitutos nas receitas.
Fonte: marekuliasz/shutterstock
DOENÇA DIVERTICULAR
A ingestão de fibras é essencial no tratamento da doença diverticular, sendo importante aumentar gradualmente,
pois pode causar inchaço ou gases. Esses efeitos adversos geralmente desaparecem em 2 a 3 semanas. A
ingestão recomendada de fibras é de 25 g/dia para mulheres e 38 g/dia para homens. Para atingir as
recomendações de ingestão de fibras por dia, deve-se indicar o consumo de alimentos crus, folhosos, farelo de
trigo, farelo de arroz ou outra fibra integral natural pode ser adicionada às refeições, frutas, verduras e legumes.
Caso não consiga atingir a recomendação adequada de fibras pela dieta, pode ser utilizada a suplementação com
fibras, por exemplo, o psyllium, que tem fibra solúvel e mucilagem em sua composição, favorecendo a formação
do bolo fecal na presença de líquidos.
 RECOMENDAÇÃO
A ingestão de líquidos é necessária para acompanhar a ingestão de fibras, que deve ser em torno de 2 L a 3 L por
dia. Durante a fase aguda da doença, pode ser necessária uma dieta livre de resíduos ou até nutrição parenteral,
que normalmente é recomendada em âmbito hospitalar.
Fonte: Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2013.
 Figura 10 – Mecanismo pelo qual as dietas com baixo conteúdo de fibras podem gerar divertículos. Em locais
nos quais o conteúdo do cólon é volumoso (em cima), as contrações musculares exercem pressão no sentido
longitudinal. Se o conteúdo fecal é de diâmetro pequeno (embaixo), as contrações podem produzir oclusão e
exercer pressão contra a parede do cólon, o que pode produzir uma hérnia diverticular.
SUPERCRESCIMENTO BACTERIANO NO INTESTINO
DELGADO
O tratamento consiste de uma dieta com limitação de carboidratos refinados prontamente fermentados, como o
amido refinado e açúcares (lactose, frutose, açúcares e álcool), com substituição por grãos integrais e hortaliças.
Isso pode limitar a proliferação e a motilidade aumentada. Dietas com restrição de FODMAP e uso de prebióticos
e probióticos também são recomendadas.
Existem tratamentos medicamentosos para as doenças do trato gastrointestinal, como mostrado a seguir:
Quadro 8 – Medicamentos utilizados no tratamento de doenças do sistema gastrointestinal superior
Tipo de fármaco Nomes comuns Função do fármaco
Inibidor da bomba
de prótons
Omeprazol, Esomeprazol,
Lansoprazol, Pantoprazol,
Dexlansoprazol, Rabeprazol
Inibe a secreção do ácido
Bloqueador H2 Cimetidina, Ranitidina, Bloqueia a ação da histamina nas células
Famotidina, Nizatidina parietais, diminuindo a produção de ácido
Procinético
Eritromicina,
Metoclopramida,
Domperidona
Aumenta a contratilidade do estômago e diminui
o tempo de esvaziamento gástrico
Antissecretores Ocreotida, Somatostatina
Inibe a liberação de insulina e outros hormônios
intestinais. Diminui a taxa de esvaziamento
gástrico e o tempo de trânsito do intestino
delgado; aumenta a absorção intestinal de água
e sódio.
Antiesvaziamento
rápido
Acarbose
Atrasa a digestão de carboidratos, pela inibição
da hidrolase alfa-glicosídeo, que interfere na
conversão do amido em monossacarídeos
Agentes antigases Simeticona Reduz a tensão superficial das bolhas de gás
Antiácidos
Magnésio, cálcio ou
alumínio ligado ao
carbonato ou fosfato
Atenua o ácido gástrico
 Fonte: Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2013.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Vamos identificar os principais nutrientes imunomoduladores no tratamento nutricional das doenças inflamatórias.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A INFLAMAÇÃO QUE OCORRE NA MUCOSA ESOFÁGICA DENOMINA-SE ESOFAGITE.
EM RELAÇÃO ÀS RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS NA ESOFAGITE, ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA:
A) Devem ser evitados alimentos que diminuem a pressão do esfíncter esofagiano inferior.
B) Recomenda-se consumir chás, como mate e chá-preto para facilitar a digestão.
C) Deve-se estimular o consumo de sucos cítricos, a fim de garantir a ingestão adequada de vitamina C,
importante anti-inflamatório.
D) Deve-se associar o consumo de líquidos com as refeições para tornar mais rápida a passagem dos alimentos
para o estômago.
2. DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS SÃO DOENÇAS CRÔNICAS QUE
ACOMETEM O TRATO GASTROINTESTINAL. AS DUAS MAIS COMUNS SÃO A DOENÇA
DE CROHN (DC) E A RETOCOLITE ULCERATIVA (RU). SOBRE A CONDUTA
DIETOTERÁPICA, É CORRETO AFIRMAR:
A) Proteína: Dieta hipoproteica em função do hipercatabolismo e do favorecimento do processo de cicatrização.
B) Valor Energético Total (VET): Hipercalórico, 10 kcal/kg/dia, pois o metabolismo está diminuído em função do
catabolismo presente em um processo inflamatório e pela elevação da temperatura corporal.
C) Carboidratos: Hipoglicídica em ênfase em açúcares simples. O leite é de boa tolerância para esses pacientes
tanto pelo teor lipídico quanto pela presença de lactose.
D) Valor energético total e proteína: A dieta deve ser hiperproteica com 1,5 kg/dia associada a uma dieta
hipercalórica.
GABARITO
1. A inflamação que ocorre na mucosa esofágicadenomina-se esofagite. Em relação às recomendações
dietéticas na esofagite, assinale a alternativa correta:
A alternativa "A " está correta.
O refluxo gastroesofágico é uma inflamação da mucosa decorrente de uma falha no esfíncter esofágico inferior
(EEI), que funciona como uma válvula, não deixando que o bolo alimentar do estômago retorne para o esôfago. Se
o EEI tem a pressão reduzida, ele afrouxa, favorecendo o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago. Deve-se
evitar, portanto, o consumo de alimentos que diminuam a pressão do EEI.
2. Doenças inflamatórias intestinais são doenças crônicas que acometem o trato gastrointestinal. As
duas mais comuns são a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RU). Sobre a conduta
dietoterápica, é correto afirmar:
A alternativa "D " está correta.
Visto que as doenças inflamatórias intestinais podem levar à rápida perda de peso e até à desnutrição, é
recomendada uma dieta hipercalórica e hiperproteica com cerca de 45 kcal/Kg/dia para ganho de peso ou 25 a 35
Kcal/Kg de peso ideal/dia para a manutenção do peso, mantendo a oferta de 1,2 g a 1,5 g de proteína/Kg peso
ideal/d para manter o balanço nitrogenado positivo prevenindo o catabolismo muscular. O balanço nitrogenado
positivo ocorre quando a ingestão de nitrogênio é maior do que a excreção (o consumo é pela ingestão de
proteínas).
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dietoterapia no tratamento das doenças gastrointestinais é um grande desafio para o nutricionista devido à
gravidade de algumas doenças que podem levar a uma rápida perda de peso e até à desnutrição.
Quanto mais precoce for a atuação da equipe multidisciplinar, mais rapidamente o paciente será recuperado,
adquirindo uma melhor qualidade de vida.
Cada doença deve ser tratada de forma criteriosa, sendo prescrita uma dieta que contemple alimentos e
quantidades específicas visando à melhora dos sintomas, à recuperação e ao bem-estar do paciente.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
COLLARES-BUZATO, C. B.; ARANA, S. Célula oxíntica. In: CARVALHO, H. F.; COLLARES-BUZATO, C. B.
Células: uma abordagem multidisciplinar. Barueri: Manole, 2005.
COPPOLA, M. M.; TURNES, C. G. Probióticos e resposta imune. In: Ciência Rural. Santa Maria, jul-ago 2004, v.
34, n. 4, p. 1297-1303.
DORÉ, J.; CORTHIER, G. The human intestinal microbiota. In: Gastroentérologie Clinique et Biologique, 2010, v.
34, n. 1, p. 7-15.
GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
GRECA, F. H.; BIONDO-SIMÕES, M. L. P.; COLLAÇO, L. M.; MARTINS, V. D. M.; TOLAZZI, E. A. D.;
GASPARETTO, E. L.; SANTOS, E. A. A. S. A ação dos ácidos graxos de cadeia curta na cicatrização de
anastomoses colônicas: estudo experimental em ratos. In: Acta Cir. Bras. São Paulo, 2000, v. 15, sup. 3.
HAM, A. W.; CORMACK, D. H. Histologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1983.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2013.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 13. ed. São
Paulo: Elsevier, 2013.
OVALLE, W. K.; NAHIRNEY, P. C. Netter: bases da histologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
RIBEIRO, S.; SCHMIDT, A. P.; SCHMIDT, S. R. G. O uso de opioides no tratamento da dor crônica não
oncológica: o papel da metadona. In: Rev. Bras. Anestesiol. Campinas, v. 52, n. 5, 2002
SAAD, S. M. I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. In: Rev. Bras. Cienc. Farm. São Paulo, 2006, v. 42,
n. 1.
SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. M. Tratado de alimentação, nutrição & dietoterapia. 3. ed. São Paulo: Prayá,
2016.
SOUSA, M. P.; BRAGA, L. F. ; BRAGA, J. F.; DELACHIAVE, M. E. A. Germinação de sementes de Plantago
ovata Forsk. (Plantaginaceae): temperatura e fotoblastismo. In: Revista Árvore, Viçosa, jan./fev. 2008, v. 32, n.
1.
WONG, J. M.; SOUZA, R.; KENDALL, C. W.; EMAM, A.; JENKINS, D. J. Colonic health: fermentation and short
chain fatty acids. In: J. Clin. Gastroenterol. 2006, v. 40, n. 3, p. 235-243.
EXPLORE+
Para aprofundar seus conhecimentos, leia os artigos:
Obesidade e microbiota intestinal, de Vera Lúcia Ângelo Andrade et al.
Dieta restrita de FODMEPs como opção terapêutica na síndrome do intestino irritável: revisão sistemática,
de Vera Lúcia Ângelo Andrade et al.
Suporte nutricional da Doença de Crohn, de Carina Oliveira et al.
CONTEUDISTA
Aline Cardozo Monteiro
 CURRÍCULO LATTES
javascript:void(0);

Continue navegando