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01.MA.ET.Impactos e Riscos Ambientais (2)

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IMPACTOS E RISCOS AMBIENTAIS 
Liane Nakada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
, 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. RISCOS AMBIENTAIS ............................................................................. 3 
2. AVALIAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS .................................................. 13 
3. IMPACTOS AMBIENTAIS ..................................................................... 24 
4. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS............................................. 32 
5. ESTUDOS AMBIENTAIS ....................................................................... 42 
6. ESTUDOS DE CASO ............................................................................. 56 
 
 
, 
 
 
3 
 
 
1. RISCOS AMBIENTAIS 
Apresentação 
Neste bloco, serão apresentados acidentes ambientais de grandes proporções que 
influenciaram a evolução da consciência sobre a importância da segurança dos 
processos produtivos, levando à busca pela prevenção de acidentes. Também serão 
definidos aspectos conceituais relacionados ao estudo dos riscos ambientais, que é 
uma importante frente de atuação na Engenharia Ambiental. 
1.1 Contexto histórico 
O século XX foi um período caracterizado por notáveis avanços na esfera da ciência e 
tecnologia, contudo, sua história também foi marcada por graves desastres 
ambientais, que ocorreram principalmente nas décadas de 1970 e 1980, e foram 
responsáveis por despertar a preocupação sobre a importância da segurança dos 
processos industriais. Vejamos a seguir, grandes acidentes relacionados a atividades 
industriais no mundo, ordenados cronologicamente: 
1930 a 1970 – Mal de Minamata, Japão 
A baía de Minamata foi contaminada por mercúrio presente em rejeitos de indústria 
eletroquímica despejados em suas águas. A contaminação atingiu a fauna e habitantes 
da localidade, causando a morte de cerca de 2200 pessoas e adoecimento de 3 mil 
pessoas, além de deformações em fetos. 
1974 – Explosão de Flixborough, Inglaterra 
A ruptura de uma tubulação temporária causou vazamento de ciclohexano em uma 
unidade fabril, levando à formação de uma nuvem de vapor inflamável, que resultou 
em uma grande explosão e decorrente incêndio, destruindo a unidade e danificando 
quase 2 mil instalações, entre residências e comércios. Ao todo, houve 28 mortes e 36 
pessoas feridas. 
 
, 
 
 
4 
 
1976 – Nuvem de dioxina em Seveso, Itália 
O rompimento do disco de segurança de um reator químico acarretou o vazamento de 
uma nuvem tóxica contendo dioxina, que afetou mais de 1,8 mil hectares, matando 
animais e vegetação nos arredores da unidade industrial, levando à evacuação de 736 
pessoas, além de 193 casos de doença de pele. 
1984 – Incêndio na Vila Socó, Cubatão – SP, Brasil 
Em decorrência de uma falha operacional ocorreu o vazamento de 700 mil litros de 
gasolina de um duto no polo petroquímico de Cubatão, gerando um grande incêndio 
na Vila Socó. O número de mortes é controverso, dados oficiais indicam 93 mortes, 
mas há suspeitas de que mais de 500 pessoas morreram no acidente, considerando o 
número de alunos que deixaram de frequentar a escola e possíveis mortes de famílias 
inteiras. 
1984 – Vazamento em Bhopal, Índia 
Considerado o maior desastre da indústria química, a liberação acidental de uma 
nuvem tóxica de isocianato de metila de uma fábrica de defensivos agrícolas causou 
cerca de 4 mil mortes e 200 mil casos de intoxicação. O acidente aconteceu em função 
de falhas no sistema de tratamento dos vapores da unidade fabril. 
1986 – Explosão de Chernobyl, Ucrânia 
A explosão de um dos quatro reatores da usina de Chernobyl ocorreu como resultado 
de falhas operacionais, e acarretou o mais devastador acidente nuclear da história. O 
consequente incêndio foi controlado somente após nove dias, e a nuvem radioativa 
atingiu outros países. Na época, foram contabilizadas 31 mortes, e evacuação de 45 
mil pessoas; mais tarde, 350 mil pessoas foram realocadas e milhares de pessoas 
desenvolveram doenças graves. 
1987 – Contaminação por Césio 137, Goiânia – GO, Brasil 
Ao abrir uma cápsula de um aparelho de radioterapia, o dono de um ferro-velho 
encontrou um material em pó branco com emissão de luz azulada – era Césio 137. 
Fascinado pelo material e sem saber do perigo a que estava exposto, mostrou o 
material a familiares e conhecidos. Dados oficiais apontam 04 mortes, 04 pessoas com 
danos na medula óssea, e 08 pessoas com síndrome de radiação aguda; além disso, 
151 pessoas apresentaram contaminação no organismo, e 120 apresentaram traços de 
césio 137 em roupas e calçados. Os números são controversos, estima-se um total de 
104 mortes, e 1600 pessoas afetadas. 
 
, 
 
 
5 
 
1989 – Derramamento do Petroleiro Exxon Valdez, Alasca, EUA 
Considerado o pior desastre ecológico já registrado, o derramamento de 40 mil metros 
cúbicos de óleo cru na costa do Alasca, após colisão do petroleiro Exxon Valdez, causou 
a morte de 250 mil aves marinhas, 22 orcas, 250 águias e bilhões de ovas de salmão. 
A ocorrência de diversos acidentes ambientais de grandes proporções com perdas de 
vidas e prejuízos ecológicos ocasionou o desenvolvimento da conscientização sobre a 
segurança dos processos industriais, levando à busca pela prevenção de acidentes e, 
consequentemente, à análise de riscos. 
Mesmo com o avanço da análise de riscos, recentemente, o país testemunhou 
rompimentos de barragens de rejeitos de mineração que destacam a importância do 
gerenciamento de riscos. Vejamos agora os dois episódios recentes de rompimentos 
de barragens no Brasil: 
2015 – Barragem de Fundão, Bento Rodrigues – Mariana – MG 
No dia 05 de novembro de 2015, ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, em 
Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG), ocasionando o vazamento de 55 milhões 
de metros cúbicos de rejeito de mineração de ferro. O acidente causou a morte de 19 
pessoas, além de danos socioeconômicos e ambientais ao longo do Rio Doce. Cinco 
anos após o rompimento, a construção de novas casas a 10 km da vila destruída 
(determinada em acordo judicial) ainda não foi concluída, e o novo prazo vence em 27 
de fevereiro de 2021. 
Figura 1.1 – Fotografias de casas em Bento Rodrigues – Mariana – MG, após o 
rompimento da barragem de Fundão 
 
, 
 
 
6 
 
2019 – Barragem do Córrego do Feijão, Brumadinho – MG 
No dia 25 de janeiro de 2019, ocorreu o rompimento da barragem B1 da Mina Córrego 
do Feijão, em Brumadinho (MG), acarretando o vazamento de 9,7 milhões de metros 
cúbicos de rejeito de mineração. O acidente causou a morte de 259 pessoas já 
identificadas, e 11 continuam desaparecidas. Um ano após o rompimento, a água do 
rio Paraopeba (atingido pelo rejeito) ainda apresentava concentrações de cobre e 
cromo muito acima do limite máximo permitido pela Resolução CONAMA Nº 
357/2005, de acordo com análises feitas pela Fundação SOS Mata Atlântica. 
Figura 1.2 – Fotografia aérea de Brumadinho – MG, após o rompimento da barragem 
do Córrego do Feijão. 
 
1.2 Aspectos conceituais 
Uma definição de risco amplamente aceita se refere à combinação da probabilidade de 
ocorrência com as consequências de uma situação potencialmente prejudicial, sendo o 
risco expresso pelo produto da probabilidade de ocorrência pela magnitude das 
consequências (Figura 1.1). Em geral, as consequências envolvidas no conceito de risco 
são relacionadas a perdas de vidas, redução de expectativa de vida, efeitos adversos 
ao meio ambiente e danos a bens materiais. 
, 
 
 
7 
 
Figura 1.3 – Possíveis combinações de probabilidade de ocorrência com magnitude 
das consequências. 
 
 Fonte: Elaborada pela autora. Adaptada de Reis, 2001. 
1.3 Classificação e fatores determinantes 
Os riscos ambientais podem ser classificados em dois grandes grupos: 
I) Riscos Naturais, de origem física ou biológica; 
II) Riscos Antrópicos, de caráter tecnológico ou social (Figura 1.2). 
Figura 1.4 – Classificação de Riscos Ambientais.Fonte: Elaborada pela autora. Adaptada de Reis, 2001. 
P
C
, 
 
 
8 
 
Dentre os riscos naturais, os atmosféricos são associados a fenômenos meteorológicos 
e climáticos; os riscos hidrológicos, como o próprio nome sugere, são relativos à 
hidrologia; e os riscos geológicos podem ter origem nos chamados processos 
endógenos (referentes à geodinâmica interna) como é o caso dos terremotos, 
tsunamis e atividades vulcânicas, ou em processos exógenos (referentes à 
geodinâmica externa) como é o caso de processos erosivos, escorregamentos e 
subsidência do solo (figura 1.3). Os riscos biológicos podem ter origem em exemplares 
da fauna (como animais peçonhentos ou microrganismos patogênicos, ou da flora) 
como ervas daninhas ou plantas tóxicas. 
Figura 1.5 – Ilustração de riscos naturais físicos de origem atmosférica, hidrológica ou 
geológica. 
 
Dentre os riscos antrópicos, os sociais são aqueles relacionados à dinâmica das 
sociedades, e podem incluir atentados e guerras, ou problemas sociais do cotidiano, 
como roubos e assaltos. Os riscos tecnológicos são aqueles relativos às atividades 
industriais. 
, 
 
 
9 
 
Deste ponto em diante, nosso foco se voltará aos riscos tecnológicos, que são 
subdivididos em: 
I) Agudos – Em referência à exposição aguda a uma situação com potencial de causar 
danos, a exemplo do incêndio na Vila Socó, em Cubatão - SP (1984); 
II) Crônicos – Em referência à exposição crônica a uma situação com potencial de 
causar danos, como no caso da exposição ao mercúrio em Minamata, Japão (1930 a 
1970). 
A identificação de uma situação de risco depende de diversas variáveis, sendo a classe 
do risco (se natural ou antrópico, de natureza física ou biológica, de ordem tecnológica 
ou social, por exposição aguda ou crônica) um fator determinante. Por exemplo, um 
risco agudo é mais evidente do que um risco crônico, visto que na maioria dos casos é 
possível verificar uma relação direta entre causa e efeito de uma exposição aguda a 
uma situação potencialmente nociva, enquanto o efeito da exposição crônica a uma 
situação potencialmente lesiva pode demorar anos para se manifestar. 
Além da classificação dos riscos ambientais, existe outro fator determinante para a 
avaliação dos riscos: a finalidade da análise de riscos. Por exemplo, podemos conduzir 
uma análise de riscos ecológicos, ou uma análise de riscos à saúde e segurança do 
trabalhador. 
1.4 Exposição, percepção e comunicação 
Além do fator exposição, a percepção e a comunicação sobre a exposição a um 
determinado risco são essenciais para a prevenção de acidentes. 
Em um ambiente industrial ou organizacional, um mapa de riscos tem como objetivo 
fornecer um diagnóstico sobre a segurança no local de trabalho, e, portanto, constitui 
um importante instrumento de comunicação sobre os riscos ambientais. Na NR nº 09 
(Brasil, 1994) são apresentados os principais riscos ocupacionais, agrupados por 
natureza do risco com uma padronização de cores (Tabela 1.1) que devem ser usadas 
na elaboração do mapa de riscos. 
, 
 
 
10 
 
Tabela 1.1 – Classificação de riscos ocupacionais e a padronização das cores 
correspondentes. 
 
Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Brasil, 1995. 
1.5 Normas aplicadas 
Considerando os riscos tecnológicos, temos duas importantes referências normativas, 
a saber: 
 NR nº 09 – Riscos Ambientais (Brasil, 1994; 2020) 
Esta Norma Regulamentadora trata dos riscos ambientais nos locais de trabalho e 
orienta a avaliação e o controle dos riscos com vistas à preservação da saúde dos 
trabalhadores. A mais nova versão desta NR traz uma importante alteração: o 
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) será substituído pelo Programa 
de Gerenciamento de Riscos (PGR), a partir de março de 2021. 
GRUPO 1 
VERDE
GRUPO 2 
VERMELHO
GRUPO 3 
MARROM
GRUPO 4 
AMARELO
GRUPO 5 
AZUL
Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos Riscos Ergonômicos Riscos de Acidentes
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso
Arranjo físico 
inadequado
Vibrações Fumos Bactérias
Levantamento e 
transporte de peso
Máquinas e 
equipamentos sem 
proteção
Radiações ionizantes Névoas Protozoários
Exigência de postura 
inadequada
Ferramentas 
inadequadas ou 
defeituosas
Radiações não 
ionizantes 
Neblinas Fungos
Controle rígido de 
produtividade
Iluminação 
inadequada
Frio Gases Parasitas
Imposição de ritmos 
excessivos
Eletricidade
Calor Vapores Bacilos
Trabalho em turno 
noturno
Probabilidade de 
incêndio ou explosão
Pressões anormais Substâncias químicas
Jornadas de trabalho 
prolongadas
Armazenamento 
inadequado
Umidade
Monotonia e 
repetitividade
Animais peçonhentos
Estresse físico e/ou 
psíquico
Outras situações de 
risco
, 
 
 
11 
 
 Norma Técnica P4.261 – Risco de Acidente de Origem Tecnológica – Método 
para decisão e termos de referências (CETESB, 2011) 
Esta Norma Técnica, embora publicada por um órgão do Estado de São Paulo, também 
pode ser usada como referência em outros estados que não dispõem de orientações 
para análise de riscos de empreendimentos potencialmente geradores de acidentes. 
Conclusão 
Neste bloco foi apresentado um histórico de acidentes decorrentes de atividades 
industriais; aspectos conceituais sobre riscos ambientais; classificações e fatores 
determinantes para a avaliação de riscos; orientações para a comunicação de riscos 
em ambientes industriais; e normas aplicadas. 
REFERÊNCIAS 
AQUINO, A. R.; PALETTA, F.C.; ALMEIDA, J.R. Risco ambiental. São Paulo: Blucher, 
2017. 
BASSO, G. Cinco anos depois, desalojados por barragem de Mariana ainda não foram 
reassentados. National Geographic Brasil. 2020. Disponível 
em:<https://bit.ly/3p6ErOw>. Acesso em 10 dez. 2020 
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. 
Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994. Aprova a nova redação da Norma 
Regulamentadora N.º 09 – Riscos Ambientais. Diário Oficial [da] República Federativa 
do Brasil. Brasília, DF, 15 dez. 1995. Seção 1. 
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. 
Portaria SEPRT nº 6735, de 12 de março de 2020. Aprova a nova redação da Norma 
Regulamentadora N.º 09 - Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes 
físicos, químicos e biológicos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF, 12 mar. 2020. Seção 1. 
CARVALHO, V. Maior acidente radiológico do mundo completa 25 anos nesta 
semana. Goias: G1, 2012. Disponível em: <https://glo.bo/2Md5qcY>. Acesso em 10 
dez. 2020 
, 
 
 
12 
 
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Análise de Risco Tecnológico. 
2020. Disponível em: <https://cetesb.sp.gov.br/analise-risco-tecnologico/historico/>. 
Acesso em 10 Dez 2020. 
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Norma Técnica P4.261/2011: 
Risco de Acidente de Origem Tecnológica – Método para decisão e termos de 
referências. 2. ed. São Paulo: CETESB, 2011. 
GONÇALVES, D. P. Principais desastres ambientais no Brasil e no mundo. Jornal da 
UNICAMP, 2017. Disponível em: 
<https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias/2017/12/01/princi 
pais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-mundo>. Acesso em 10 dez. 2020 
KAKABADSE, Y; SÁNCHEZ, L. E. Cinco anos do desastre da barragem de rejeitos em 
Mariana: Olhando para o futuro. ((o))eco. 2020. Disponível em: 
<https://bit.ly/3qHu5F9>. Acesso em 10 dez. 2020 
PAES, C. Estudo contratado pela Vale confirma que barragem em Brumadinho se 
rompeu por liquefação. Belo Horizonte: G1 Minas, 2019. Disponível em: 
<https://glo.bo/2XXLywT>. Acesso em 10 dez. 2020 
REIS, F. A. G. V. Curso de Geologia Ambiental. Rio Claro: UNESP, 2001. 
RODRIGUES, A. C. Top 11: Os piores desastres ambientais da história. Mundo Estranho, 
2018. Disponível em: <https://bit.ly/3qDgdvU>. Acesso em 10 dez. 2020. 
RODRIGUES, S. Brumadinho: Após um ano, água de Paraopeba continua sem 
condições para consumo. ((o))eco.2020. Disponível em: <https://bit.ly/3sJSlIz>. Acesso 
em 10 dez. 2020 
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São 
Paulo: Oficina de Textos, 2013. 
SOS MATA ATLÂNTICA - Fundação SOS Mata Atlântica. Observando os Rios: O retrato 
da qualidade da água nas bacias dos rios Paraopeba e Alto São Francisco um ano após 
o rompimento da barragem Córrego do Feijão. Minas Gerais, 2020. 
 
https://cetesb.sp.gov.br/analise-risco-tecnologico/historico/
https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-mundo
https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-mundo
, 
 
 
13 
 
 
2. AVALIAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 
Apresentação 
Neste bloco, serão apresentados os principais métodos para a avaliação de riscos 
ambientais. Também serão definidos aspectos técnicos relacionados ao Programa de 
Gerenciamento de Riscos, ao Plano de Ação de Emergência, e ao Estudo de Análise de 
Riscos, que são importantes instrumentos para a gestão de riscos ambientais. 
2.1 Técnicas de Análise de Riscos – Parte I 
Para uma boa compreensão sobre análises de riscos, é importante diferenciar dois 
conceitos: perigo e risco. Conforme apresentado no Bloco 1, o risco está associado à 
probabilidade de ocorrência e às consequências de uma situação com potencial de 
gerar efeitos prejudiciais. O perigo, por sua vez, representa características inerentes a 
uma determinada substância ou instalação, sendo que essas características 
determinam potenciais efeitos adversos em caso de ocorrência de eventos não 
planejados. 
Por exemplo, considere o transporte de combustível derivado de petróleo em dutos. 
No caso de um episódio de vazamento, o que caracteriza perigo e quais riscos podem 
ser indicados? Antes de responder a essas questões, vejamos as definições de perigo e 
risco adotadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo: 
Perigo: Uma ou mais condições físicas ou químicas com potencial para 
causar danos às pessoas, à propriedade e ao meio ambiente. 
Risco: Medida de danos à vida humana, resultante da combinação entre 
frequência de ocorrência de um ou mais cenários acidentais e a magnitude 
dos efeitos físicos associados a esses cenários. (CETESB, 2011, p. 6 - 7) 
No caso de um vazamento de combustível derivado de petróleo, o perigo é 
representado pelo próprio combustível que, em função de características de 
inflamabilidade e toxicidade, apresenta potencial de causar danos às pessoas e ao 
meio ambiente. Podem ser indicados os seguintes riscos: incêndio; contaminação de 
água e solo; e mortes em decorrência das situações mencionadas. 
, 
 
 
14 
 
Existem diversas técnicas de análise de riscos, cada uma com características próprias 
que determinam a aplicabilidade a diferentes fases de um empreendimento (Quadro 
2.1 ). Aqui, vamos estudar com mais detalhes dois métodos amplamente empregados 
para análise de riscos de atividades com potencial de causar acidentes, o método da 
Análise Preliminar de Riscos e o método Hazop. A seguir, os demais métodos listados 
no Quadro 2.1 são apresentados brevemente: 
 Análise Histórica de Acidentes 
Esse método se respalda no levantamento de acidentes já registrados em instalações 
semelhantes àquela que está sendo avaliada quanto aos riscos, e fornece informações 
sobre as possíveis situações não planejadas que têm potencial de causar danos. 
 Inspeção de Segurança 
Como a própria nomenclatura sugere, consiste em inspeção para avaliar a segurança 
das instalações, e por isso é aplicável somente a empreendimentos em fase de 
operação. 
 Análise dos Modos de Falhas e Efeitos 
Esse método é aplicável a sistemas, sendo focado em seus componentes e na busca 
por possíveis falhas, objetivando identificar os modos de falhas e respectivos efeitos 
no sistema, e/ou no meio ambiente. 
 Análise de Árvore de Falhas 
Esse método é aplicável a sistemas e consiste na seleção de um evento adverso – 
denominado evento topo, seguida da combinação de fatores ou falhas que poderiam 
ocasionar o evento topo. 
 Análise de Árvore de Eventos 
Esse método é usado para analisar situações de emergência, e é centrado no chamado 
evento iniciador, do qual decorrem outros eventos que podem demandar atendimento 
a emergências. 
, 
 
 
15 
 
 Análise de Causas e Consequências 
Esse método constitui uma ferramenta para análise de riscos em sistemas complexos, 
e faz uso das Análises por Árvores de Eventos e de Falhas para avaliar cenários 
complexos de acidentes. 
 Listas de Verificação 
Esse método pode ser aplicado a instalações, processos ou mesmo equipamentos, 
para avaliar os riscos considerando as rotinas empregadas. Baseia-se em questionários 
fechados organizados em forma de listas, que são aplicados visando reunir 
informações sobre o arranjo físico, os equipamentos e as práticas empregadas. 
 What if...? (e se...?) 
Esse método também pode ser aplicado a instalações, processos e equipamentos, e 
difere das listas de verificação especialmente por ser baseado em questionários 
abertos, para motivar a identificação de perigos e consequentes riscos. A pergunta “E 
se...?” completa por potenciais situações adversas é respondida por especialistas de 
diversas áreas, tais como saúde e segurança no trabalho, meio ambiente, e combate a 
incêndio. 
Quadro 2.1 – Métodos de análise de riscos aplicáveis nas diferentes fases do 
empreendimento 
 
Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sanchez, 2013. 
Método de Análise
Fases do empreendimento
Projeto Instalação Operação Desativação
Análise histórica de acidentes 
Inspeção de segurança 
Hazop – Hazard and Operability Study
Estudo de riscos e operabilidade
 
FMEA – Failure Modes and Effects Analysis
Análise dos modos de falhas e efeitos
 
FTA – Fault Tree Analysis
Análise de árvore de falhas
 
ETA – Event Tree Analysis
Análise de árvore de eventos
 
Análise de causas e consequências  
Checklist (Lista de verificação)    
What if...? (E se...?)   
Análise Preliminar de Riscos (APR)    
, 
 
 
16 
 
2.2 Técnicas de Análise de Riscos – Parte II 
 Análise Preliminar de Risco 
A Análise Preliminar de Risco (APR) ou Análise Preliminar de Perigo (APP) consiste no 
uso de uma matriz de riscos gerada a partir do cruzamento de informações sobre a 
frequência de ocorrência de uma situação potencialmente adversa e a severidade das 
consequências em caso de concretização da situação avaliada. 
Na figura 2.1 é apresentado um exemplo de uma matriz de APR, em que os riscos são 
representados numericamente de 1 a 5, sendo 1 o menor e 5 o maior risco 
identificado. O uso de cores para facilitar uma interpretação visual da matriz de APR 
também é uma prática comum, e, em geral, o maior risco é associado à cor vermelha, 
o menor risco é relacionado à cor verde, e os riscos intermediários são representados 
por gradações variáveis entre as duas cores principais. 
 Figura 2.1 – Exemplo de Matriz de Riscos baseada em APR. 
 
Fonte: Elaborada pela autora. Adaptada de Barros, 2013. 
Na APR, a severidade é determinada em função da gravidade e do alcance dos danos, 
de acordo com as características descritas no Quadro 2.2. A CETESB indica a severidade 
por algarismos romanos de I a IV, sendo I o menos severo e IV o mais severo. A 
frequência é apresentada em termos de probabilidade de ocorrência ao longo da vida 
útil do empreendimento, atividade ou equipamento, conforme apresentado no quadro 
2.3. 
Riscos
Frequência
A B C D E
Se
ve
ri
d
ad
e I 3 2 1 1 1
II 4 3 2 1 1
III 5 4 3 2 1
IV 5 5 4 3 2
Severidade:
I: Desprezível
II: Marginal
III: Crítica
IV: Catastrófica
Frequência:
A: Frequente
B: Provável
C: Ocasional
D: Remota
E: Improvável
Risco:
1: Desprezível
2: Baixo
3: Médio
4: Alto
5: Crítico
, 
 
 
17 
 
Quadro 2.2 – Categorias de severidade e respectivas característicasFonte: Elaborado pela autora. Adaptado de CETESB, 2011. 
Quadro 2.3 – Categorias de frequência e respectivas características 
 
Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América, 
2000. 
Para a execução da APR, é necessário fazer um levantamento dos seguintes dados 
referentes ao empreendimento e seu entorno: 
 Layout da instalação; 
 Especificações técnicas do projeto; 
 Especificações de equipamentos; 
 Descrição dos sistemas de proteção e segurança; 
 Substâncias: propriedades físicas e químicas, características de inflamabilidade 
e de toxicidade; 
 Dados sobre o meio físico, biótico e socioeconômico do entorno. 
Severidade Características
I: Desprezível • Nenhum dano ou dano não mensurável.
II: Marginal • Danos irrelevantes ao meio ambiente e à comunidade externa.
III: Crítica • Possíveis danos ao meio ambiente devido à liberação de substâncias
químicas, tóxicas ou inflamáveis, alcançando áreas externas à instalação.
• Possíveis lesões de gravidade moderada na população externa, ou
impactos ambientais com curto tempo de recuperação.
IV: Catastrófica • Impactos ambientais devido à liberação de substâncias químicas, tóxicas
ou inflamáveis, atingindo áreas externas às instalações.
• Mortes ou lesões graves na população externa, ou impactos ao meio
ambiente com longo tempo de recuperação.
Frequência Características
A: Frequente
• Probabilidade de ocorrência contínua
• p ≥ 10%
B: Provável
• Probabilidade de ocorrência frequente
• 1% ≤ p < 10%
C: Ocasional
• Probabilidade de ocorrência ocasional
• 0,1% ≤ p < 1%
D: Remota
• Probabilidade de ocorrência baixa, porém factível
• 0,0001% ≤ p < 0,1%
E: Improvável
• Probabilidade de ocorrência desprezível, porém possível
• p < 0,0001%
, 
 
 
18 
 
 A APR inclui as seguintes atividades: 
 Definição dos objetivos da análise; 
 Levantamento de dados sobre a instalação analisada; 
 Coleta de informações sobre a região; 
 Determinação de perigos e riscos envolvidos; 
 Determinação de frequência e severidade; 
 Preenchimento da planilha de APR. 
No quadro 2.4 é apresentado um exemplo de planilha de APR aplicada ao transporte 
de combustível em dutos. Na planilha da APR devem ser identificados os perigos, 
indicadas suas respectivas causas, consequências, frequência e severidade, e 
determinadas a categoria de risco e as medidas de controle. 
Quadro 2.4 - Exemplo de Planilha de APR 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 HAZOP 
O Hazop, do inglês Hazard and Operability Study (traduzido como estudo de perigos e 
operabilidade) é um método para identificação de perigos, por meio da aplicação de 
palavras-guia a variáveis de um processo, buscando identificar desvios da operação 
considerada normal. Esse método é amplamente empregado no meio industrial, em 
setores que demandam processos contínuos como é o caso de refinarias, estações de 
tratamento de água ou esgoto. 
Análise Preliminar de Riscos
Transporte de combustível em dutos
Perigo Causa
Modo de 
detecção
Efeito Frequência Severidade
Categoria 
de risco
Recomendações
Vazamento de 
combustível
Falha 
operacional
Sensor
Contaminação 
ambiental, 
incêndio
D 
remota
IV
Catastrófica
3 
Médio
Inspeções e 
treinamentos 
periódicos
, 
 
 
19 
 
No quadro 2.5 são apresentados exemplos de palavras-guia e seus significados, bem 
como a quais variáveis de processo podem ser aplicadas, e os desvios que indicam. 
Quadro 2.5 – Exemplos de palavras-guia, significados, variáveis de processo e desvios 
 
Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Barros, 2013. 
Para a execução do Hazop, deve-se seguir as seguintes etapas: 
1. Selecionar uma variável do processo a ser analisado; 
2. Aplicar as palavras-guia a essa variável; 
3. Identificar os desvios; 
4. Determinar possíveis causas dos desvios; 
5. Avaliar as consequências; 
6. Estabelecer medidas de controle. 
 
 
Palavras-guia Significado Variáveis de processo Desvio
Não, Nenhum • Negação • Reação
• Fluxo
• Nenhuma reação
• Nenhum fluxo
Menos, Menor • Decréscimo
quantitativo
• Reação
• Fluxo
• Pressão
• Temperatura
• Nível
• Reação incompleta
• Fluxo menor
• Pressão menor
• Temperatura menor
• Nível menor
Mais, Maior • Acréscimo
quantitativo
• Reação
• Fluxo
• Pressão
• Temperatura
• Nível
• Reação descontrolada
• Fluxo maior
• Pressão maior
• Temperatura maior
• Nível maior
Também, Bem como • Acréscimo
qualitativo
• Reação
• Fluxo
• Reação secundária
• Contaminação
Parte de • Decréscimo
qualitativo
• Fluxo • Parte do fluxo
Reverso • Oposição • Reação
• Fluxo
• Reação reversa
• Fluxo reverso
Outro que, Senão • Substituição
completa
• Qualquer operação
anormal
• Outro composto
• Desligamento
, 
 
 
20 
 
No quadro 2.6 é apresentado um exemplo de planilha de Hazop aplicado ao transporte 
de combustível em dutos. Na planilha do Hazop devem ser identificadas as palavras-
guia e indicados os desvios das variáveis de processo; as possíveis causas e 
consequências; e as medidas de controle. 
Quadro 2.6 – Exemplo de Planilha de Hazop 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
2.3 Avaliação de riscos de empreendimentos com potencial geração de acidentes 
No estado de São Paulo, a avaliação de risco é requerida para o licenciamento de 
empreendimentos destinados a produzir, armazenar ou transportar substâncias 
inflamáveis e/ou tóxicas, no estado líquido ou gasoso. A depender da quantidade e da 
periculosidade das substâncias, bem como da vulnerabilidade do entorno, pode ser 
exigida ou dispensada a elaboração do Estudo de Análise de Risco (EAR), sendo, de 
qualquer forma, demandado o Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), que 
apresenta um grau de complexidade menor do que o EAR. 
Na figura 2.2 é apresentado um fluxograma de decisões sobre a exigência do EAR. Para 
cada substância de interesse, são determinadas uma quantidade e uma distância de 
referência (dr), que norteiam a decisão final em função da distância de uma população 
de interesse (dp). 
 
 
 
 
 
Hazop
Transporte de combustível em dutos
Palavra-guia
Variável de 
processo
Desvio Causa Efeito Recomendações
Menor Fluxo
Menor 
vazão
Vazamento de 
combustível
Contaminação 
ambiental, incêndio
Interromper o transporte, identificar 
o local do vazamento, e fazer reparos
, 
 
 
21 
 
Figura 2.2 – Fluxograma para exigência de EAR (Estudo de Análise de Risco) ou PGR 
(Programa de Gerenciamento de Risco). 
 
 Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de CETESB, 2011. 
2.4 Programa de Gerenciamento de Riscos e Plano de Ação de Emergência 
O Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) deve contemplar os seguintes 
itens: 
 Caracterização do empreendimento e do entorno; 
 Identificação de perigos; 
 Revisão do Estudo de Análise de Risco ou da identificação de perigos; 
 Procedimentos operacionais; 
 Gerenciamento de modificações; 
 Manutenção e garantia de integridade; 
 Capacitação de recursos humanos; 
Caracterização do 
empreendimento e do entorno 
Identificação de perigos e 
hipóteses de acidentes
É necessário 
realizar o EAR?
Estimativa de efeitos físicos e 
Avaliação de vulnerabilidade
É necessário 
estimar o risco?
Estimativa de frequências
Estimativa e avaliação de riscos
Medidas 
necessárias para 
reduzir o risco?
PGR: Programa de 
Gerenciamento de Riscos
PGR: Programa de 
Gerenciamento de Riscos
Não
PGR: Programa de 
Gerenciamento de Riscos
Não
Proposição de medidas
Sim
Sim
Sim
Não
Se 
e 
EAR: Estudo de 
Análise de Risco
Se 
e 
OU 
Somente PGR
, 
 
 
22 
 
 Investigação de incidentes e acidentes; 
 Plano de Ação de Emergência (PAE); 
 Auditoria do PGR (CETESB, 2011). 
Vejamos as definições de Programa de Gerenciamento de Risco e Plano de Ação de 
Emergência adotadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo: 
Programa de Gerenciamento de Risco (PGR): Documento que define a 
política e diretrizes de um sistema de gestão, com vista à prevenção de 
acidentes em instalações ou atividadespotencialmente perigosas. (CETESB, 
2011, p. 7) 
Plano de Ação de Emergência (PAE): Documento que define as 
responsabilidades, diretrizes e informações, visando a adoção de 
procedimentos técnicos e administrativos, estruturados de forma a propiciar 
respostas rápidas e eficientes em situações emergenciais. (CETESB, 2011, p. 
6) 
O PAE deve ser condizente com a fase e as condições do empreendimento, e por esse 
motivo é um documento datado e que deve ser revisado periodicamente. No caso de 
barragens, o PAE deve contemplar no mínimo os seguintes itens: identificação e 
análise de possíveis situações de emergência; procedimentos para identificação e 
notificação de mau funcionamento ou de condições de potencial ruptura da barragem; 
procedimentos preventivos e corretivos para situações de emergência, com indicação 
do responsável pelas ações; e estratégia e meios de divulgação e alerta para as 
comunidades potencialmente afetadas em situação de emergência. 
2.5 Estudo de Análise de Riscos 
O EAR deve contemplar os seguintes itens: 
 Caracterização do empreendimento e do seu entorno; 
 Identificação de perigos e consolidação das hipóteses acidentais; 
 Estimativa dos efeitos físicos e avaliação de vulnerabilidade; 
 Estimativa de frequências; 
 Estimativa e avaliação de risco; 
 Redução do risco (CETESB, 2011). 
, 
 
 
23 
 
Vejamos agora a definição Estudo de Análise de Risco adotada pela Companhia 
Ambiental do Estado de São Paulo: 
Estudo de Análise de Risco (EAR): Estudo quantitativo de risco de um 
empreendimento, baseado em técnicas de identificação de perigos, 
estimativa de frequências e de efeitos físicos, avaliação de vulnerabilidade e 
na estimativa do risco. (CETESB, 2011, p. 5). 
Conclusão 
Neste bloco, foram definidos os principais métodos de avaliação de riscos ambientais, 
e os métodos conhecidos como APR e Hazop foram exemplificados. Também foram 
apresentados aspectos técnicos do Programa de Gerenciamento de Riscos, do Plano de 
Ação de Emergência, e do Estudo de Análise de Riscos. 
REFERÊNCIAS 
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL DE AVIÇÃO DOS ESTUDOS UNIDOS DA AMÉRICA. System 
Safety Handbook. 2000. 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Guia de orientação e formulários do Plano de 
Ação de Emergência - PAE. Brasília: ANA, 2016. 
BARROS, S. S. Análise de Riscos. Curitiba: IFPR, 2013. 
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Norma Técnica P4.261/2011: 
Risco de Acidente de Origem Tecnológica – Método para decisão e termos de 
referências. 2. ed. São Paulo: CETESB, 2011. 140 p. 
DEPARTAMENTO DE DEFESA DOS ESTUDOS UNIDOS DA AMÉRICA. MIL-STD-882D. 
2000. 
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São 
Paulo: Oficina de Textos, 2013. 
 
, 
 
 
24 
 
 
3. Impactos Ambientais 
Apresentação 
Neste bloco, será apresentada a evolução histórica da avaliação de impactos 
ambientais. Também serão definidos aspectos conceituais e critérios para classificação 
de impactos, com apresentação de exemplos e interlocução com a legislação aplicada, 
que são essenciais para a prática da avalição de impactos ambientais. 
3.1 Evolução Histórica 
Os grandes acidentes industriais historicamente registrados, principalmente nas 
décadas de 1970 e 1980, contribuíram para a crescente conscientização sobre as 
questões ambientais, levando órgãos governamentais a abordarem essas questões em 
suas legislações, visando à prevenção de novos acidentes. 
Na figura 3.1 é apresentada uma linha do tempo sobre a inclusão da avaliação de 
impacto ambiental na legislação de diversos países. No Brasil, a avaliação de impactos 
ambientais foi introduzida na legislação nacional como um instrumento da Política 
Nacional do Meio Ambiente (Lei Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, Art. 9º, Inciso III). 
Os critérios básicos e as diretrizes gerais para a avaliação de impactos ambientais 
foram estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a 
publicação da Resolução CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986. 
 Figura 3.1 – Linha do tempo da introdução legal de Avaliação de Impacto Ambiental 
em vários países. 
 
 Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sánchez (2013). 
 
1973
1974
Canadá
Nova Zelândia
Austrália
Colômbia
1976
França
1978
Filipinas
China
1979
1981
Brasil
1982
México
1986
Espanha
Indonésia
Holanda
Malásia
Portugal
Alemanha
1990
1987
África do Sul
Tunísia
1991
1993
Hungria
1994
Chile
Uruguai
Hong Kong
Moçambique
1997
Angola
1998
Japão
19991970
EUA
, 
 
 
25 
 
3.2 Aspectos Conceituais 
A definição de impacto ambiental estabelecido pela Resolução CONAMA Nº 001/1986 
é apresentada a seguir: 
Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer 
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, 
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades 
humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 
I - A saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II - As atividades sociais e econômicas; 
III - A biota; 
IV - As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
V - A qualidade dos recursos ambientais. 
(Resolução CONAMA Nº 001/1986, Art. 1º) 
Vejamos agora a definição de poluição disposta na Política Nacional do Meio 
Ambiente: 
Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que 
direta ou indiretamente: 
a. Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b. Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c. Afetem desfavoravelmente a biota; 
d. Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e. Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos. 
(Lei Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, Art. 3º, Inciso III) 
 
, 
 
 
26 
 
Sánchez (2013) destaca que, embora a definição de impacto ambiental adotada na 
Resolução CONAMA Nº 001/1986 remeta à definição de poluição disposta na Política 
Nacional do Meio Ambiente, nem sempre os impactos ambientais são causados por 
poluentes, ainda que toda poluição gere impacto ambiental. Por exemplo, a geração 
de energia renovável, também chamada de energia limpa, como no caso de usinas 
hidrelétricas ou eólicas, não gera poluição, porém acarreta impactos ambientais. 
Outro importante conceito relacionado à avaliação de impactos ambientais diz 
respeito ao denominado aspecto ambiental, que foi definido pela norma ISO 14.001 
(ABNT, 2015) como “elemento das atividades, produtos ou serviços de uma 
organização, que interage ou pode interagir com o meio ambiente”, seguido das notas: 
“NOTA 1 - Um aspecto ambiental pode causar impactos ambientais. Um aspecto 
ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter um ou mais impactos ambientais 
significativos.” e “NOTA 2 - Aspectos ambientais significativos são determinados pela 
organização, aplicando um ou mais critérios”. 
Figura 3.2 – Impactos ambientais causados por poluição. 
 
 
, 
 
 
27 
 
Figura 3.3 – Fotografias: Hidrelétrica de Itaipu, Foz do Iguaçu – PR; e Parque Eólico de 
Icaraizinho, Amontada – CE. 
 
3.3 Classificação de Impactos 
A Resolução CONAMA Nº 001/1986 determina que, para a análise de impactos 
ambientais, devem ser previstas a magnitude e a importância dos impactos, e 
discriminada a sua classificação quanto a: natureza, origem, duração, grau de 
reversibilidade e características de acumulação e sinergia, conforme transcrição a 
seguir: 
Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através 
de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos 
prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e 
negativos (benéficos e adversos); diretos e indiretos; imediatos e a médio e 
longo prazos; temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas 
propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus; e benefícios 
sociais (Resolução CONAMA Nº001/1986, Art. 6º, inciso II). 
Veja, a seguir, uma ilustração dos impactos ambientais classificados como negativos, 
diretos, imediatos, permanentes e irreversíveis (Figura 3.). 
 
 
 
 
, 
 
 
28 
 
Figura 3.4 – Fotografias de empreendimento de mineração de ferro, Carajás – PA: 
exemplos de impactos decorrentes de mineração de ferro. 
 
A previsão de magnitude está relacionada a uma estimativa de intensidade do 
impacto, enquanto a importância está associada ao valor atribuído ao recurso 
ambiental afetado pelos impactos em questão. 
No Quadro 3.1 é apresentada a classificação de impactos ambientais com uma breve 
descrição para cada tipo de impacto. 
Quadro 3.1 – Classificação de impactos ambientais 
 
Fonte: Sánchez (2013). Elaborado pela autora. 
 
 
Classificação Características
Impacto Direto • Causado pelo empreendimento
Impacto Indireto • Impacto de enésima ordem
Impacto Imediato • Simultâneo à ação geradora
Impacto de Médio 
ou Longo Prazo
• Não simultâneo à ação geradora
Impacto 
Temporário
• Impacto cessa ao interromper a ação geradora
Impacto 
Permanente
• Impacto permanece após encerrar a atividade geradora
Impacto 
Reversível
• Retorno à situação anterior à ação geradora, caso esta ação seja
interrompida, ou ação uma corretiva seja aplicada
Impacto 
Irreversível
• Não ocorre retorno à situação anterior à ação geradora
Impacto 
Cumulativo
• Ocorre soma ou multiplicação dos impactos, ao longo do tempo ou
espaço
Impacto Sinérgico • Decorre da combinação de várias ações
, 
 
 
29 
 
3.4 Impactos Ambientais de Grandes Obras 
Empreendimentos de grande porte estão sujeitos a diversos tipos de impactos 
ambientais, em sua maioria, negativos. Vejamos alguns exemplos de impactos de 
grandes obras: 
 Aterro Sanitário 
Aterros Sanitários são grandes obras de Engenharia, que tem como objetivo a 
disposição controlada e segura de resíduos sólidos no solo. Contudo, como toda 
grande obra, a implantação e operação de aterros sanitários causa impactos 
ambientais, tais como a alteração da qualidade do ar (pela suspensão de poeira por 
caminhões ou pelos gases da decomposição dos resíduos); alterações da paisagem; 
intensificação de processos erosivos; e ruído. No caso de operação inadequada desses 
empreendimentos, também podem ser gerados impactos na qualidade das águas 
subterrânea e superficial; impactos sociais; geração de odor; etc. 
 Obras hidráulicas 
Obras que são realizadas em cursos de água, para fins de abastecimento, saneamento, 
transporte ou aproveitamento energético podem ser denominadas obras hidráulicas e 
incluem: barragens, pequenas centrais hidrelétricas, obras para captação de água, 
sistemas de esgotamento sanitário, ou mesmo hidrovias. 
As obras hidráulicas podem gerar impactos nos meios físico, biótico ou antrópico, 
como por exemplo: aceleração de processos erosivos; assoreamento de cursos de 
água; alterações na qualidade da água; interferências na fauna aquática e terrestre; 
remoção da cobertura vegetal; desapropriação de terra; e reassentamentos de 
comunidades locais. 
 Rodovias 
A implantação de rodovias difere de outras grandes obras por tratar de construções de 
longa extensão, e seus impactos ambientais estão relacionados a essa característica. 
Podemos citar os seguintes impactos: emissão de gases e material particulado; ruído; 
assoreamento de cursos de água; supressão de vegetação; alteração de habitats e 
interferência na circulação de animais. 
 
, 
 
 
30 
 
 Portos 
Os portos constituem importantes componentes de infraestrutura para o comércio de 
bens entre países, entretanto, diversos impactos ambientais estão associados à 
construção dessas estruturas, tais como: supressão de vegetação; alterações de áreas 
costeiras e da dinâmica sedimentar; e modificações nos regimes hídricos. Outros 
impactos ambientais, positivos ou negativos, podem ser decorrentes da operação e 
funcionamento dessas estruturas, como ilustrado na Figura 3.. 
Figura 3.5 – Fotografias da baía de Paranaguá – PR e entorno do Porto de Paranaguá 
– PR: exemplos de impactos de grandes obras. 
 
3.5 Legislação Aplicada 
No Brasil, a legislação aplicada à avaliação de impacto ambiental inclui: 
 A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Nº 6.938/1981), que institui a 
avaliação de impactos ambientais como um de seus instrumentos; 
 A Resolução CONAMA Nº 001/1986, que dispõe sobre os critérios básicos e 
diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental; 
 A Resolução CONAMA Nº 237/1997, que dispõe sobre a revisão e 
complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento 
ambiental, determina que empreendimentos e atividades consideradas efetiva 
ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio 
dependerão de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto 
sobre o meio ambiente (EIA/RIMA) para a obtenção da licença ambiental. 
 
, 
 
 
31 
 
Conclusão 
Neste bloco, foi apresentada uma linha do tempo sobre a avaliação de impactos 
ambientais. Também foram definidos importantes conceitos, como aspecto ambiental, 
impacto ambiental e poluição. A classificação de impactos foi exemplificada, e a 
legislação aplicada foi compilada. 
REFERÊNCIAS 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 14001: Sistemas de 
gestão ambiental — Requisitos com orientações para uso. 2015. 
ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Impactos Ambientais. S.D. 
Disponível em: <https://bit.ly/3c3hc4i>. Acesso em 16 dez. 2020. 
BRASIL. LEI Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do 
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências. Diário Oficial da União. Brasília, 1981. 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 001, de 23 
de janeiro de 1986. Brasília, 1986. 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 237, de 19 
de dezembro de 1997. Brasília, 1997. 
KAPUSTA, S. C.; RODRIGUEZ, M. T. M. R. Análise de Impacto Ambiental. Porto Alegre: 
IFRS, 2009. 
MANCHON, F. T.; BONETTO, N. C. F. Principais impactos ambientais gerados por 
empreendimentos hidráulicos no Estado de São Paulo. Revista Acadêmica Oswaldo 
Cruz, São Paulo, v.3, n.9, Jan-Mar, 2016. 
REZENDE, E. N.; COELHO, H. A. Impactos ambientais decorrentes da construção de 
estradas e suas consequências na responsabilidade civil. RVMD, Brasília, v.9, n.2, p. 
155-180, Jul-Dez, 2015. 
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São 
Paulo: Oficina de Textos, 2013. 
SILVA, C. A. Estudo de Impactos Ambientais. Curitiba: IFPR, 2011. 
, 
 
 
32 
 
 
4. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS 
Apresentação 
Neste bloco, serão apresentados aspectos técnicos da identificação e previsão de 
impactos, além de métodos amplamente empregados na avaliação de impactos 
ambientais. Também serão definidos aspectos conceituais sobre as medidas 
mitigadoras e compensatórias, fundamentais para a avaliação de impactos ambientais. 
4.1 Identificação e Previsão de Impactos 
Conforme visto no Bloco 3, o licenciamento de empreendimentos e atividades 
considerados efetiva ou potencialmente causadores de significativa degradação 
ambiental depende de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto 
sobre o meio ambiente (EIA/RIMA). A identificação e a previsão de impactos são 
importantes tarefas para a avaliação de impactos ambientais que, por sua vez, 
constitui uma ferramenta de planejamento. 
A identificação de impactos deriva de informações e conhecimento sobre o 
empreendimento em análise, sendo comum nesta etapa a elaboração de uma lista 
detalhada de ações previstas para o projeto em questão. Devem ser consideradas 
todas as fases do empreendimento, incluindo planejamento, instalação, operação, e 
(em alguns casos) desativação. No quadro 4.1, a título de exemplo, é apresentada uma 
listade ações previstas para a implantação de um aterro sanitário. 
Devem ser avaliados os meios físico, biótico e socioeconômico, e os impactos 
identificados devem ser descritos de modo conciso e preciso, com uso de texto 
autoexplicativo, como por exemplo: 
 Perda de habitats; 
 Proliferação de vetores; 
 Afugentamento da fauna; 
, 
 
 
33 
 
 Aumento do risco de atropelamento de animais silvestres; 
 Intensificação de processos erosivos; 
 Poluição do ar; 
 Poluição / Contaminação do solo; 
 Poluição / Contaminação da água; 
 Ruído; 
 Realocação de comunidade local. 
, 
 
 
34 
 
Quadro 4.1 – Exemplo de lista de ações previstas para a implantação de um aterro 
sanitário, considerando as fases de planejamento, instalação, operação e 
desativação. 
 
Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sánchez (2013). 
 
 
 
Fase do 
empreendimento
Ações previstas
Planejamento
• Estudos de viabilidade técnica e econômica
• Avaliação de alternativas locacionais
• Divulgação do empreendimento
• Declaração de utilidade pública e comunicação de desapropriações
Instalação
• Desapropriações e pagamento de indenizações
• Supressão de vegetação
• Contratação de serviços e mão de obra
• Instalação do canteiro de obras e de maquinário
• Aquisição de materiais
• Estocagem de materiais
• Movimentação de terra para preparo das células
• Instalação de sistema de drenagem de fundo e em taludes laterais
• Impermeabilização de fundo e de taludes laterais
• Instalação de dutos para coleta de gases
• Instalação de sistema de drenagem de águas pluviais
• Perfuração de poços de monitoramento de águas subterrâneas
• Construção de vias de acesso, guaritas, sanitários, etc.
• Instalação de cerca
• Execução de cortinamento vegetal
Operação
• Tráfego de caminhões pelas vias de acesso
• Pesagem de caminhões
• Descarga de caminhões
• Compactação dos resíduos sólidos
• Cobertura dos resíduos sólidos com solo
• Coleta de chorume
• Tratamento de chorume ou transporte para estação de tratamento
• Queima de gases ou aproveitamento de biogás
• Monitoramento ambiental
Desativação
• Cobertura final com solo
• Plantio de gramíneas nas bermas e nos taludes
• Monitoramento geotécnico
• Monitoramento ambiental
• Tratamento de chorume ou transporte para estação de tratamento
• Queima de gases ou aproveitamento de biogás
, 
 
 
35 
 
4.2 Métodos de Avaliação de Impactos – Parte I 
 Listas de Verificação (Checklists) 
Existem diversos tipos de listas de verificação, desde modelos mais simples que 
somente apresentam uma relação de impactos, até modelos mais detalhados que 
incluem suas características, como é caso do exemplo apresentado no quadro 4.2. 
Quadro 4.2 – Impactos ambientais identificados em estudo ambiental sobre a 
transposição do Rio São Francisco 
 
Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sánchez (2013). 
 
 
Impactos identificados
Fases do empreendimento
Planejamento Construção Operação
M
ei
o
 s
o
ci
o
ec
o
n
ô
m
ic
o
 
Tensões e riscos socias  (−)  (−)
Ruptura de relações comunitárias  (−)
Possível interferência com populações indígenas  (−)  (−)
Risco de interferência com o patrimônio cultural  (−)  (−)
Perdas de emprego devido a desapropriações  (−)
Geração de empregos  (+)
Dinamização da economia regional  (+)  (+)
Dinamização da atividade agrícola  (+)
Interferência sobre a pesca nos açudes receptores  (−)
Redução do êxodo rural e da emigração da região  (+)
Redução da exposição da população a doenças e óbitos  (+)
Pressão sobre a infraestrutura urbana  (−)  (−)
Aumento da oferta de água  (+)
Aumento da oferta de água para abastecimento urbano  (+)
Redução da pressão sobre a infraestrutura de saúde  (+)
M
ei
o
s 
b
ió
ti
co
 e
 f
ís
ic
o
Perda e fragmentação de 430 ha de vegetação nativa e 
de habitats da fauna terrestre
 (−)  (−)
Alteração da composição das comunidades biológicas 
aquáticas nativas nas bacias receptoras
 (−)
Risco da redução da biodiversidade das comunidades 
biológicas aquáticas nativas nas bacias receptoras
 (−)
Risco de introdução de espécies de peixes daninhas nas 
bacias receptoras
 (−)
Alteração do regime fluvial das drenagens receptoras  (−)  (−)
Melhoria da qualidade da água nas bacias receptoras  (+)
, 
 
 
36 
 
4.3 Métodos de Avaliação de Impactos – Parte II 
 Matrizes de Interação 
As matrizes de interação, usadas para a identificação de impactos são constituídas por 
duas listas, uma que indica os componentes ambientais afetados, e outra que aponta 
as ações geradoras dos impactos. As listas são organizadas em linhas e colunas, e a 
análise de matrizes de impactos consiste no cruzamento de informações contidas 
entre linhas e colunas. 
A Matriz de Leopold, em referência ao primeiro autor de uma publicação datada de 
1971, é composta por 88 componentes ambientais possivelmente afetados por 100 
ações com potencial de geração de impactos ambientais, produzindo 8800 
cruzamentos. Esse é o exemplar clássico de matriz de identificação de impactos 
ambientais, e diversas adaptações foram propostas a partir desse modelo. Na figura 
4.1 é apresentado um exemplo da Matriz de Leopold, sendo os impactos considerados 
significativos avaliados quanto à magnitude e à importância, indicadas de 1 a 10. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
, 
 
 
37 
 
Figura 4.1 – Matriz de Leopold: exemplo aplicado à mineração. 
 
Fonte: Elaborada pela autora. Adaptada de Leopold et al. (1971). 
4.4 Métodos de Avaliação de Impactos – Parte III 
 Diagramas de Interação 
Esse método de identificação de impactos ambientais é baseado na análise de ações 
com potencial de geração de impactos, visando a sua redução. Na figura 4.2 é 
apresentado um exemplo de diagrama de interação aplicado à análise da ação de 
urbanização e identificação de potenciais impactos ambientais. Nesse exemplo são 
considerados somente impactos associados à hidrologia, não sendo abordados outros 
decorrentes da urbanização, como supressão de vegetação, influência sobre a fauna, 
poluição ou alterações no microclima. 
 
 
, 
 
 
38 
 
Figura 4.2 – Diagrama de interação: ação de urbanização e possíveis impactos 
ambientais. 
 
Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sánchez (2013). 
4.5 Medidas mitigadoras e compensatórias 
A Resolução CONAMA Nº 001/1986, determina a definição de medidas mitigadoras 
como uma atividade técnica que deve ser desenvolvida no Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA) e divulgada no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Vejamos com 
mais detalhes o que a Resolução CONAMA Nº 001 dispõe sobre o assunto: 
Art. 6º O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as 
seguintes atividades técnicas: 
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os 
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando 
a eficiência de cada uma delas. 
(Resolução CONAMA Nº 001/1986, Art. 6º, inciso III) 
Art. 9º O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do 
estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo: 
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em 
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderem ser 
evitados, e o grau de alteração esperado. 
(Resolução CONAMA Nº 001/1986, Art. 9º, inciso VI) 
, 
 
 
39 
 
Sánchez (2013) indica que as medidas mitigadoras devem atender à seguinte ordem 
preferencial: 
1) evitar; 
2) minimizar ou reduzir; 
3) corrigir; 
4) compensar impactos não controlados de modo satisfatório (figura 4.3). 
Para o autor, medidas mitigadoras são as “ações propostas com a finalidade de reduzir 
a magnitude ou a importância dos impactos adversos”, e medidas compensatórias são 
as “ações que visam a compensar a perda de um bem ou função que será perdido em 
decorrência do projeto em análise”, enquanto compensação ambiental remete à 
“substituição de um bem que será perdido, alterado ou descaracterizado poroutro, 
entendido como equivalente ou que desempenhe função equivalente”. 
Figura 4.3 – Hierarquia de mitigação. 
 
Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sánchez (2013). 
Na figura 4.4 são apresentadas fotografias que ilustram impactos significativos sobre a 
fauna, que ocorrem durante a fase de operação de empreendimentos rodoviários. No 
primeiro exemplo, um urso caminha em uma rodovia, há um evidente risco de 
atropelamento. Já no segundo exemplo, quatis são alimentados por turistas às 
margens de uma rodovia, há impactos relacionados aos hábitos alimentares desses 
animais, que passam a ingerir alimentos industrializados, de fácil obtenção. 
 
1º - Evitar
2º - Minimizar / Reduzir
3º - Corrigir
4º - Compensar 
, 
 
 
40 
 
Figura 4.4 – Fotografias de urso caminhando em rodovia e quatis sendo alimentados 
por turistas 
 
Na figura 4.5 é apresentada uma fotografia que mostra uma estrutura de passagem 
para fauna sobre rodovias, um exemplo de medida mitigadora para os impactos 
causados por rodovias sobre a fauna de uma região. 
Figura 4.5 – Fotografia de estrutura de passagem para fauna sobre rodovias: exemplo 
de medida mitigadora. 
 
Conclusão 
Neste bloco, foram apresentados aspectos técnicos da identificação e previsão de 
impactos, e exemplos dos métodos de listagem de verificação, matrizes de interação, e 
diagramas de interação, que são aplicados à avaliação de impactos ambientais. 
Também foram definidos aspectos conceituais sobre as medidas mitigadoras e 
compensatórias, indispensáveis para o controle de impactos ambientais. 
REFERÊNCIAS 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 001, de 23 
de janeiro de 1986. Brasília, 1986. 
, 
 
 
41 
 
LEITE, M. M. Análise comparativa dos sistemas de avaliação de impacto ambiental. In: 
LIRA, W. S.; CÂNDIDO, G. A. Gestão sustentável dos recursos naturais: uma 
abordagem participativa [online]. Campina Grande: EDUEPB, 2013. 
LEOPOLD, L. B.; CLARKE, F. E.; HANSHAW, B. B.; BALSLEY, J. R. A Procedure for 
Evaluating Environmental Impact. Geological Survey Circular 645, 1971. 
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São 
Paulo: Oficina de Textos, 2013. 
 
, 
 
 
42 
 
 
5. ESTUDOS AMBIENTAIS 
Apresentação 
Neste bloco, serão apresentados aspectos técnicos de estudos ambientais utilizados 
para a avaliação de impactos ambientais com vistas ao licenciamento ambiental. Serão 
abordados: o Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto 
Ambiental (EIA/RIMA), o Relatório Ambiental Preliminar (RAP), e o Relatório Ambiental 
Simplificado (RAS). Também será apresentado o Plano de Recuperação de Áreas 
Degradadas (PRAD). 
5.1 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) 
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) constitui o mais completo estudo ambiental 
aplicado ao licenciamento ambiental no Brasil. Vejamos as orientações para o EIA, 
apresentadas na Resolução CONAMA Nº 001/1986: 
O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em especial 
os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio 
Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais: 
I. Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do 
projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do 
projeto; 
II. Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais 
gerados nas fases de implantação e operação da atividade; 
III. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente 
afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, 
considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se 
localiza; 
IV. Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em 
implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade. 
(CONAMA Nº 001/1986, Art. 5º) 
, 
 
 
43 
 
A Resolução CONAMA Nº 001/1986 determina que o Estudo de Impacto Ambiental 
deve contemplar no mínimo os seguintes itens: 
 Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto 
 Descrição completa e análise dos recursos ambientais e suas 
interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação 
ambiental da área, antes da implantação do projeto, 
considerando: 
a) Meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, 
destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos 
e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime 
hidrológico, as correntes marinhas, as correntes 
atmosféricas. 
b) Meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a 
flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade 
ambiental, de valor científico e econômico, raras e 
ameaçadas de extinção e as áreas de preservação 
permanente. 
c) Meio socioeconômico - o uso e ocupação do solo, os 
usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios 
e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da 
comunidade, as relações de dependência entre a 
sociedade local, os recursos ambientais e a potencial 
utilização futura desses recursos. 
 Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas 
 Identificação, previsão da magnitude e interpretação da 
importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: 
os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), 
diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, 
temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas 
propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus 
e benefícios sociais. 
 
, 
 
 
44 
 
 Medidas mitigadoras dos impactos negativos 
 Definição de equipamentos de controle e sistemas de 
tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada medida. 
 Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos 
positivos e negativos 
 Indicação dos fatores e parâmetros a serem considerados. 
(CONAMA Nº 001/1986, Art. 5º) 
5.2 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) 
A Resolução CONAMA Nº 001/1986 estabelece que o RIMA deve refletir as conclusões 
do EIA, e ser apresentado em linguagem acessível, de forma objetiva. Devem ser 
usadas técnicas de comunicação visual, tais como mapas, cartas, quadros e gráficos, 
para ilustrar as informações de modo que as vantagens e desvantagens do projeto, e 
todas as consequências ambientais de sua implementação sejam compreensíveis. Esta 
Resolução também determina que o RIMA deve contemplar no mínimo os seguintes 
itens: 
 Os objetivos e as justificativas do projeto, sua relação e 
compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas 
governamentais. 
 Descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, 
especificando para cada um deles, nas fases de construção e 
operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, 
as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os 
prováveis efluentes, emissões, resíduos e perdas de energia, os 
empregos diretos e indiretos a serem gerados. 
 Síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da 
área de influência do projeto. 
 Descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e 
operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, 
os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os 
métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, 
quantificação e interpretação. 
, 
 
 
45 
 
 Caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, 
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas 
alternativas, com a hipótese de sua não realização. 
 Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em 
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não 
puderem ser evitados, e o grau de alteração esperado. 
 Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos. 
 Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e 
comentários de ordem geral). 
(CONAMA Nº 001/1986, Art. 5º) 
5.3 Relatório Ambiental Preliminar (RAP) 
A avaliação de viabilidade ambiental de empreendimentospode ser baseada em 
diversos tipos de estudos ambientais, a depender da significância dos impactos, sendo 
que o órgão ambiental competente deve definir os estudos ambientais pertinentes. 
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo estabelece que a licença prévia pode 
ser requerida com a apresentação de um dos seguintes estudos ambientais: 
a) Estudo Ambiental Simplificado (EAS) 
b) Relatório Ambiental Preliminar (RAP) 
c) Termo de referência para elaboração de EIA/RIMA 
Vejamos agora as diferenças entre os estudos ambientais mencionados, de acordo 
com CETESB (2019): 
 Estudo Ambiental Simplificado (EAS) - avaliação das consequências de 
atividades e empreendimentos considerados de impactos ambientais de 
pequena magnitude e não significativos. 
 Relatório Ambiental Preliminar (RAP): avaliação sistemática das consequências 
das atividades ou empreendimentos considerados potencial ou efetivamente 
causadores de degradação do meio ambiente, com proposição de medidas 
mitigadoras. 
, 
 
 
46 
 
 Estudo de Impacto Ambiental (EIA): avaliação sistemática das consequências 
das atividades ou empreendimentos considerados potencial ou efetivamente 
causadores de significativa degradação do meio ambiente, com proposição de 
medidas mitigadoras e / ou compensatórias. 
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo publicou o seu Manual para 
Elaboração de Estudos Ambientais com AIA (CETESB, 2019). Nesta publicação, a 
CETESB reuniu orientações para elaboração de estudos ambientais, e incluiu instruções 
complementares àquelas dispostas na Resolução CONAMA Nº 001/1986. A seguir, são 
apresentados os itens recomendados para elaboração de RAP ou EIA, conforme 
CETESB (2019): 
I. Introdução 
II. Informações Gerais 
II.1. Objeto do Licenciamento 
II.2. Empreendedor 
II.3. Empresa Responsável pelo Estudo Ambiental 
III. Justificativas do Empreendimento 
IV. Estudos de Alternativas 
IV.1. Alternativas Tecnológicas 
IV.2. Alternativas Locacionais 
IV.1. Alternativa Zero 
V. Aspectos Legais e Institucionais 
VI. Compatibilidade com Planos, Programas e Projetos Colocalizados 
VII. Caracterização do empreendimento 
VIII. Áreas de Influência 
IX. Diagnóstico Ambiental 
X. Identificação e Avaliação dos Impactos 
, 
 
 
47 
 
XI. Programas de Mitigação, Monitoramento e Compensação 
XII. Prognóstico Ambiental 
XIII. Conclusões 
XIV. Referências Bibliográficas 
XV. Equipe Técnica 
XVI. RIMA 
5.4 Relatório Ambiental Simplificado (RAS) 
O Relatório Ambiental Simplificado (RAS) é aplicado ao licenciamento ambiental 
simplificado de empreendimentos do setor elétrico com baixo potencial de geração de 
impactos ambientais, incluindo usinas eólicas, hidrelétricas, termelétricas, e sistemas 
de transmissão de energia elétrica (Resolução CONAMA Nº 279/2001). 
Vejamos a seguir a definição de Relatório Ambiental Simplificado (RAS): 
Relatório Ambiental Simplificado RAS: os estudos relativos aos aspectos 
ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de 
uma atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a 
concessão da licença prévia requerida, que conterá, dentre outras, as 
informações relativas ao diagnóstico ambiental da região de inserção do 
empreendimento, sua caracterização, a identificação dos impactos 
ambientais e das medidas de controle, de mitigação e de compensação. 
(Resolução CONAMA Nº 279/2001, Art. 2º, inciso I) 
Conforme a Resolução CONAMA Nº 279/2001, o Relatório Ambiental Simplificado deve 
contemplar no mínimo os seguintes itens: 
 Descrição do Projeto 
 Objetivos e justificativas, compatibilidade com as políticas 
setoriais, planos e programas governamentais. 
 Descrição do projeto, alternativas tecnológicas e locacionais, 
considerando a hipótese de não realização, especificando a 
área de influência. 
, 
 
 
48 
 
 Diagnóstico e Prognóstico Ambiental 
 Diagnóstico ambiental: descrição dos prováveis impactos 
ambientais e socioeconômicos da implantação e operação da 
atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os 
horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os 
métodos, técnicas e critérios para sua identificação, 
quantificação e interpretação. 
 Prognóstico Ambiental: caracterização da qualidade ambiental 
futura da área de influência, considerando a interação dos 
diferentes fatores ambientais. 
 Medidas Mitigadoras e Compensatórias 
 Medidas mitigadoras e compensatórias, identificando os 
impactos que não possam ser evitados. 
 Recomendação quanto à alternativa mais favorável. 
 Programa de acompanhamento, monitoramento e controle. 
5.5 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) 
A Recuperação de Áreas Degradadas é um dos princípios da Política Nacional do Meio 
Ambiente (Lei Nº 6.938/1981). Empreendimentos destinados à exploração de recursos 
minerais devem apresentar, além do EIA/RIMA, um plano de recuperação de áreas 
degradadas (Decreto Nº 97.632/1989). 
A Instrução Normativa Nº 4 (IBAMA, 2011) estabelece exigências mínimas para a 
elaboração de Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) ou alteradas, e 
estabelece que “o PRAD deve reunir informações, diagnósticos, levantamentos e 
estudos que permitam a avaliação da degradação ou alteração e a consequente 
definição de medidas adequadas à recuperação da área”, considerando as seguintes 
definições: 
I – Área degradada: área impossibilitada de retornar por uma trajetória 
natural, a um ecossistema que se assemelhe a um estado conhecido antes, 
ou para outro estado que poderia ser esperado; 
, 
 
 
49 
 
II – Área alterada ou perturbada: área que após o impacto ainda mantém 
meios de regeneração biótica, ou seja, possui capacidade de regeneração 
natural; 
III – recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população 
silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente 
de sua condição original 
(Instrução Normativa IBAMA Nº 4/2011, Art. 4º) 
A Instrução Normativa Nº 11 (ICMBIO, 2014) determina: 
O PRAD deverá definir as medidas necessárias à recuperação ou restauração 
da área perturbada ou degradada, fundamentado nas características 
bióticas e abióticas da área e em conhecimentos secundários sobre o tipo de 
impacto causado, a resiliência da vegetação e a sucessão secundária. 
Parágrafo único. Os Termos de Referência (TR) constantes nos anexos I e II 
estabelecem diretrizes e orientações técnicas voltadas à apresentação de 
PRAD e PRAD Simplificado. A elaboração do TR e do PRAD serão de 
atribuição do responsável pela recuperação/restauração. 
I - Em se tratando de pequena propriedade rural ou posse rural familiar, 
conforme definidos em legislação específica, poderá ser apresentado 
Projeto Simplificado de Recuperação de Área Degradada de Pequena 
Propriedade Rural ou Posse Rural Familiar - PRAD Simplificado, conforme 
Anexo II desta Instrução Normativa. 
II - O disposto no inciso anterior também se aplica aos imóveis em áreas 
urbanas onde a gravidade do dano e a capacidade econômica do 
interessado assim o justifiquem. 
(Instrução Normativa ICMBIO Nº 11/2014, Art. 3º) 
 
O PRAD deverá propor métodos e técnicas a serem empregados de acordo 
com as peculiaridades de cada área e do dano observado, incluindo medidas 
que assegurem a proteção das áreas degradadas ou perturbadas de 
quaisquer fatores que possam dificultar ou impedir o processo de 
recuperação/restauração, devendo ser utilizados, de forma isolada ou 
conjunta, preferencialmente aqueles de eficácia já comprovada, em especial 
a condução da regeneração natural de espécies nativas. 
, 
 
 
50 
 
§ 1º. Deverá ser dada atenção especial à proteção e conservação do solo e 
dos recursos hídricos e, caso se façam necessárias, técnicas de controle da 
erosão deverão ser executadas. 
§ 2º. O PRAD deverá apresentar embasamento teórico que contemple as 
variáveis ambientais e seu funcionamento similar ao dos ecossistemasda 
região. 
(Instrução Normativa ICMBIO Nº 11/2014, Art. 4º) 
Conforme a Instrução Normativa ICMBIO Nº 11/2014, o PRAD deve contemplar os 
seguintes itens: 
 Caracterização do imóvel rural; 
 Identificação do interessado; 
 Identificação do responsável técnico pela elaboração do PRAD; 
 Identificação do responsável técnico pela execução do PRAD; 
 Origem da degradação. 
 Identificação da área degradada ou perturbada. Exemplos: 
Área de Reserva Legal, Área de Preservação Permanente. 
 Causa da degradação ou alteração: atividade que deu origem à 
degradação ou alteração ambiental. Exemplos: pecuária, 
agricultura, mineração, obras civis, exploração de madeira, 
queimada. 
 Descrição da ação causadora do impacto: tipo de degradação 
ou alteração ambiental Exemplos: desmatamento, extração 
mineral de argila, alteração de curso d'água. 
 Efeitos causados no ambiente: danos ambientais. Exemplos: 
perda de biodiversidade, alteração dos corpos hídricos, 
processos erosivos, assoreamento. 
 Caracterização regional e local 
 Clima: regime pluviométrico, temperatura, etc. 
, 
 
 
51 
 
 Bioma, por exemplo: Floresta Tropical Atlântica (Mata 
Atlântica). 
 Fitofisionomia: Região Fitoecológica. Exemplos: Floresta 
Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional 
Decidual, Savana (Campos do Planalto Meridional), Restinga, 
Manguezal, etc. 
 Bacia e microbacia hidrográfica. Exemplos: Bacia do Rio Itajaí e 
Microbacia do Ribeirão Taquaras. 
 Caracterização da área a ser recuperada 
 Situação original imediatamente antes da degradação ou 
alteração, ou ecossistema de referência e a situação atual, 
após a degradação. 
 Relevo e eventuais alterações. 
 Solo e subsolo: presença de processos erosivos, indicadores de 
fertilidade, pedregosidade, estrutura, textura, ausência ou 
presença de horizontes O, A, B, C e R. 
 Hidrografia e eventuais alterações. 
 Cobertura vegetal: cobertura vegetal adjacente à área 
degradada ou perturbada, existência e distância de 
remanescentes na área degradada ou perturbada e no 
entorno, presença de regeneração natural. 
 Objetivo geral 
 Objetivos específicos 
 Da implantação 
 Prazo para implantação do projeto 
 Medidas de contenção de erosão, de preparo e recuperação do 
solo da área inteira e não apenas na cova de plantio, de 
revegetação da área degradada ou perturbada incluindo 
espécies rasteiras, arbustivas e arbóreas e medidas de 
manutenção e monitoramento. 
, 
 
 
52 
 
 Métodos e técnicas de recuperação da área degradada ou 
perturbada, justificados com detalhamento da relação com o 
diagnóstico e com o objetivo da recuperação da área 
degradada ou perturbada. Exemplos: Condução da 
regeneração natural, plantio de espécies nativas. 
 Atividades, mapeamento e quantificação. Exemplos: Prevenção 
e contenção de processos erosivos, coveamento, quantidade 
de mudas utilizadas, local de plantio, quantidades de insumos 
químicos e orgânicos, utilização de cobertura morta, irrigação, 
etc. 
 Identificação das espécies vegetais por família, nome científico 
e respectivo nome vulgar. 
 Do monitoramento 
 Métodos de monitoramento para a avaliação do processo de 
recuperação, baseados nos objetivos e metas estabelecidas no 
projeto. 
 Presença e diversidade de regeneração espontânea. 
 Cobertura do solo por espécies nativas. 
 Cobertura por espécies exóticas invasoras. 
 Cronogramas físico e financeiro 
Vejamos agora os itens que devem ser contemplados no PRAD Simplificado, conforme 
a Instrução Normativa ICMBIO Nº 11/2014: 
 Caracterização do imóvel rural 
 Identificação do interessado 
 Origem da degradação 
 Identificação da área degradada ou perturbada. Exemplos: 
Área de Reserva Legal, Área de Preservação Permanente. 
 Causa da degradação ou alteração: atividade que deu origem à 
degradação ou alteração ambiental. Exemplos: pecuária, 
agricultura, mineração, obras civis, exploração de madeira, 
queimada. 
, 
 
 
53 
 
 Descrição da ação causadora do impacto: tipo de degradação 
ou alteração ambiental Exemplos: desmatamento, extração 
mineral de argila, alteração de curso d'água. 
 Efeitos causados no ambiente: danos ambientais. Exemplos: 
perda de biodiversidade, alteração dos corpos hídricos, 
processos erosivos, assoreamento. 
 Caracterização da área a ser recuperada 
 Situação original imediatamente antes da degradação ou 
alteração, ou ecossistema de referência e a situação atual, 
após a degradação. 
 Solo: presença de processos erosivos, indicadores de 
fertilidade, estrutura, textura. 
 Hidrografia e eventuais alterações. 
 Cobertura vegetal: cobertura vegetal adjacente à área 
degradada ou perturbada. Existência e localização (distância) 
de remanescentes na área degradada ou perturbada e no 
entorno, a presença de regeneração natural. 
 Objetivo geral 
 Da implantação 
 Prazo para implantação do projeto 
 Medidas de contenção de erosão, de preparo e recuperação do 
solo da área inteira e não apenas na cova de plantio, de 
revegetação da área degradada ou perturbada incluindo 
espécies rasteiras, arbustivas e arbóreas e medidas de 
manutenção e monitoramento. 
 Métodos e técnicas de recuperação da área degradada ou 
perturbada, justificados com detalhamento da relação com o 
diagnóstico e com o objetivo da recuperação da área 
degradada ou perturbada. Exemplos: Condução da 
regeneração natural, plantio de espécies nativas. 
, 
 
 
54 
 
 Atividades, mapeamento e quantificação. Exemplos: Prevenção 
e contenção de processos erosivos, coveamento, quantidade 
de mudas utilizadas, local de plantio, quantidades de insumos 
químicos e orgânicos, utilização de cobertura morta, irrigação. 
 Identificação das espécies vegetais por família, nome científico 
e respectivo nome vulgar. 
 Da Manutenção (Tratos culturais e demais intervenções) 
 Medidas de manutenção da área em recuperação, detalhando 
todos os tratos culturais e as intervenções necessárias durante 
o processo de recuperação. Exemplos: Controle de formigas 
cortadeiras, coroamento das mudas (manual, químico), 
replantios, adubações de cobertura; manutenção de aceiros; 
etc. 
 Caso haja necessidade de se efetuar o controle de 
vegetação competidora, de gramíneas invasoras e 
agressivas, de pragas e de doenças, deverão ser 
utilizados métodos e produtos que causem o menor 
impacto ambiental possível, observando-se critérios 
técnicos e normas em vigor. 
 Cronogramas físico e financeiro 
Conclusão 
Neste bloco, foram definidos e apresentados aspectos técnicos de diversos estudos 
ambientais aplicados ao licenciamento ambiental, e do Plano de Recuperação de Áreas 
Degradadas (PRAD), evidenciando as diferenças de conteúdo entre os variados 
documentos. 
 
 
 
 
, 
 
 
55 
 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, D. S. Recuperação ambiental da Mata Atlântica. 3rd ed. rev. and enl. Ilhéus, 
BA: Editus, 2016. 
BRASIL. DECRETO Nº 97.632, de 10 de abril de 1989. Dispõe sobre a regulamentação 
do Artigo 2°, inciso VIII, da Lei n° 6938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras 
providências. Diário Oficial da União. Brasília, 1989. 
BRASIL. LEI Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do 
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências. Diário Oficial da União. Brasília, 1981. 
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Manual para Elaboração de 
Estudos Ambientais com AIA. São Paulo: CETESB, 2019. 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 001, de 23 
de janeiro de 1986. Brasília, 1986. 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 237, de 19 
de dezembro de 1997. Brasília, 1997. 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 279, de 27 
de junho de 2001. Brasília, 2001. 
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. 
Instrução

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