Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IMPACTOS E RISCOS AMBIENTAIS Liane Nakada , 2 SUMÁRIO 1. RISCOS AMBIENTAIS ............................................................................. 3 2. AVALIAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS .................................................. 13 3. IMPACTOS AMBIENTAIS ..................................................................... 24 4. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS............................................. 32 5. ESTUDOS AMBIENTAIS ....................................................................... 42 6. ESTUDOS DE CASO ............................................................................. 56 , 3 1. RISCOS AMBIENTAIS Apresentação Neste bloco, serão apresentados acidentes ambientais de grandes proporções que influenciaram a evolução da consciência sobre a importância da segurança dos processos produtivos, levando à busca pela prevenção de acidentes. Também serão definidos aspectos conceituais relacionados ao estudo dos riscos ambientais, que é uma importante frente de atuação na Engenharia Ambiental. 1.1 Contexto histórico O século XX foi um período caracterizado por notáveis avanços na esfera da ciência e tecnologia, contudo, sua história também foi marcada por graves desastres ambientais, que ocorreram principalmente nas décadas de 1970 e 1980, e foram responsáveis por despertar a preocupação sobre a importância da segurança dos processos industriais. Vejamos a seguir, grandes acidentes relacionados a atividades industriais no mundo, ordenados cronologicamente: 1930 a 1970 – Mal de Minamata, Japão A baía de Minamata foi contaminada por mercúrio presente em rejeitos de indústria eletroquímica despejados em suas águas. A contaminação atingiu a fauna e habitantes da localidade, causando a morte de cerca de 2200 pessoas e adoecimento de 3 mil pessoas, além de deformações em fetos. 1974 – Explosão de Flixborough, Inglaterra A ruptura de uma tubulação temporária causou vazamento de ciclohexano em uma unidade fabril, levando à formação de uma nuvem de vapor inflamável, que resultou em uma grande explosão e decorrente incêndio, destruindo a unidade e danificando quase 2 mil instalações, entre residências e comércios. Ao todo, houve 28 mortes e 36 pessoas feridas. , 4 1976 – Nuvem de dioxina em Seveso, Itália O rompimento do disco de segurança de um reator químico acarretou o vazamento de uma nuvem tóxica contendo dioxina, que afetou mais de 1,8 mil hectares, matando animais e vegetação nos arredores da unidade industrial, levando à evacuação de 736 pessoas, além de 193 casos de doença de pele. 1984 – Incêndio na Vila Socó, Cubatão – SP, Brasil Em decorrência de uma falha operacional ocorreu o vazamento de 700 mil litros de gasolina de um duto no polo petroquímico de Cubatão, gerando um grande incêndio na Vila Socó. O número de mortes é controverso, dados oficiais indicam 93 mortes, mas há suspeitas de que mais de 500 pessoas morreram no acidente, considerando o número de alunos que deixaram de frequentar a escola e possíveis mortes de famílias inteiras. 1984 – Vazamento em Bhopal, Índia Considerado o maior desastre da indústria química, a liberação acidental de uma nuvem tóxica de isocianato de metila de uma fábrica de defensivos agrícolas causou cerca de 4 mil mortes e 200 mil casos de intoxicação. O acidente aconteceu em função de falhas no sistema de tratamento dos vapores da unidade fabril. 1986 – Explosão de Chernobyl, Ucrânia A explosão de um dos quatro reatores da usina de Chernobyl ocorreu como resultado de falhas operacionais, e acarretou o mais devastador acidente nuclear da história. O consequente incêndio foi controlado somente após nove dias, e a nuvem radioativa atingiu outros países. Na época, foram contabilizadas 31 mortes, e evacuação de 45 mil pessoas; mais tarde, 350 mil pessoas foram realocadas e milhares de pessoas desenvolveram doenças graves. 1987 – Contaminação por Césio 137, Goiânia – GO, Brasil Ao abrir uma cápsula de um aparelho de radioterapia, o dono de um ferro-velho encontrou um material em pó branco com emissão de luz azulada – era Césio 137. Fascinado pelo material e sem saber do perigo a que estava exposto, mostrou o material a familiares e conhecidos. Dados oficiais apontam 04 mortes, 04 pessoas com danos na medula óssea, e 08 pessoas com síndrome de radiação aguda; além disso, 151 pessoas apresentaram contaminação no organismo, e 120 apresentaram traços de césio 137 em roupas e calçados. Os números são controversos, estima-se um total de 104 mortes, e 1600 pessoas afetadas. , 5 1989 – Derramamento do Petroleiro Exxon Valdez, Alasca, EUA Considerado o pior desastre ecológico já registrado, o derramamento de 40 mil metros cúbicos de óleo cru na costa do Alasca, após colisão do petroleiro Exxon Valdez, causou a morte de 250 mil aves marinhas, 22 orcas, 250 águias e bilhões de ovas de salmão. A ocorrência de diversos acidentes ambientais de grandes proporções com perdas de vidas e prejuízos ecológicos ocasionou o desenvolvimento da conscientização sobre a segurança dos processos industriais, levando à busca pela prevenção de acidentes e, consequentemente, à análise de riscos. Mesmo com o avanço da análise de riscos, recentemente, o país testemunhou rompimentos de barragens de rejeitos de mineração que destacam a importância do gerenciamento de riscos. Vejamos agora os dois episódios recentes de rompimentos de barragens no Brasil: 2015 – Barragem de Fundão, Bento Rodrigues – Mariana – MG No dia 05 de novembro de 2015, ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG), ocasionando o vazamento de 55 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração de ferro. O acidente causou a morte de 19 pessoas, além de danos socioeconômicos e ambientais ao longo do Rio Doce. Cinco anos após o rompimento, a construção de novas casas a 10 km da vila destruída (determinada em acordo judicial) ainda não foi concluída, e o novo prazo vence em 27 de fevereiro de 2021. Figura 1.1 – Fotografias de casas em Bento Rodrigues – Mariana – MG, após o rompimento da barragem de Fundão , 6 2019 – Barragem do Córrego do Feijão, Brumadinho – MG No dia 25 de janeiro de 2019, ocorreu o rompimento da barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), acarretando o vazamento de 9,7 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração. O acidente causou a morte de 259 pessoas já identificadas, e 11 continuam desaparecidas. Um ano após o rompimento, a água do rio Paraopeba (atingido pelo rejeito) ainda apresentava concentrações de cobre e cromo muito acima do limite máximo permitido pela Resolução CONAMA Nº 357/2005, de acordo com análises feitas pela Fundação SOS Mata Atlântica. Figura 1.2 – Fotografia aérea de Brumadinho – MG, após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão. 1.2 Aspectos conceituais Uma definição de risco amplamente aceita se refere à combinação da probabilidade de ocorrência com as consequências de uma situação potencialmente prejudicial, sendo o risco expresso pelo produto da probabilidade de ocorrência pela magnitude das consequências (Figura 1.1). Em geral, as consequências envolvidas no conceito de risco são relacionadas a perdas de vidas, redução de expectativa de vida, efeitos adversos ao meio ambiente e danos a bens materiais. , 7 Figura 1.3 – Possíveis combinações de probabilidade de ocorrência com magnitude das consequências. Fonte: Elaborada pela autora. Adaptada de Reis, 2001. 1.3 Classificação e fatores determinantes Os riscos ambientais podem ser classificados em dois grandes grupos: I) Riscos Naturais, de origem física ou biológica; II) Riscos Antrópicos, de caráter tecnológico ou social (Figura 1.2). Figura 1.4 – Classificação de Riscos Ambientais.Fonte: Elaborada pela autora. Adaptada de Reis, 2001. P C , 8 Dentre os riscos naturais, os atmosféricos são associados a fenômenos meteorológicos e climáticos; os riscos hidrológicos, como o próprio nome sugere, são relativos à hidrologia; e os riscos geológicos podem ter origem nos chamados processos endógenos (referentes à geodinâmica interna) como é o caso dos terremotos, tsunamis e atividades vulcânicas, ou em processos exógenos (referentes à geodinâmica externa) como é o caso de processos erosivos, escorregamentos e subsidência do solo (figura 1.3). Os riscos biológicos podem ter origem em exemplares da fauna (como animais peçonhentos ou microrganismos patogênicos, ou da flora) como ervas daninhas ou plantas tóxicas. Figura 1.5 – Ilustração de riscos naturais físicos de origem atmosférica, hidrológica ou geológica. Dentre os riscos antrópicos, os sociais são aqueles relacionados à dinâmica das sociedades, e podem incluir atentados e guerras, ou problemas sociais do cotidiano, como roubos e assaltos. Os riscos tecnológicos são aqueles relativos às atividades industriais. , 9 Deste ponto em diante, nosso foco se voltará aos riscos tecnológicos, que são subdivididos em: I) Agudos – Em referência à exposição aguda a uma situação com potencial de causar danos, a exemplo do incêndio na Vila Socó, em Cubatão - SP (1984); II) Crônicos – Em referência à exposição crônica a uma situação com potencial de causar danos, como no caso da exposição ao mercúrio em Minamata, Japão (1930 a 1970). A identificação de uma situação de risco depende de diversas variáveis, sendo a classe do risco (se natural ou antrópico, de natureza física ou biológica, de ordem tecnológica ou social, por exposição aguda ou crônica) um fator determinante. Por exemplo, um risco agudo é mais evidente do que um risco crônico, visto que na maioria dos casos é possível verificar uma relação direta entre causa e efeito de uma exposição aguda a uma situação potencialmente nociva, enquanto o efeito da exposição crônica a uma situação potencialmente lesiva pode demorar anos para se manifestar. Além da classificação dos riscos ambientais, existe outro fator determinante para a avaliação dos riscos: a finalidade da análise de riscos. Por exemplo, podemos conduzir uma análise de riscos ecológicos, ou uma análise de riscos à saúde e segurança do trabalhador. 1.4 Exposição, percepção e comunicação Além do fator exposição, a percepção e a comunicação sobre a exposição a um determinado risco são essenciais para a prevenção de acidentes. Em um ambiente industrial ou organizacional, um mapa de riscos tem como objetivo fornecer um diagnóstico sobre a segurança no local de trabalho, e, portanto, constitui um importante instrumento de comunicação sobre os riscos ambientais. Na NR nº 09 (Brasil, 1994) são apresentados os principais riscos ocupacionais, agrupados por natureza do risco com uma padronização de cores (Tabela 1.1) que devem ser usadas na elaboração do mapa de riscos. , 10 Tabela 1.1 – Classificação de riscos ocupacionais e a padronização das cores correspondentes. Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Brasil, 1995. 1.5 Normas aplicadas Considerando os riscos tecnológicos, temos duas importantes referências normativas, a saber: NR nº 09 – Riscos Ambientais (Brasil, 1994; 2020) Esta Norma Regulamentadora trata dos riscos ambientais nos locais de trabalho e orienta a avaliação e o controle dos riscos com vistas à preservação da saúde dos trabalhadores. A mais nova versão desta NR traz uma importante alteração: o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) será substituído pelo Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), a partir de março de 2021. GRUPO 1 VERDE GRUPO 2 VERMELHO GRUPO 3 MARROM GRUPO 4 AMARELO GRUPO 5 AZUL Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos Riscos Ergonômicos Riscos de Acidentes Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso Arranjo físico inadequado Vibrações Fumos Bactérias Levantamento e transporte de peso Máquinas e equipamentos sem proteção Radiações ionizantes Névoas Protozoários Exigência de postura inadequada Ferramentas inadequadas ou defeituosas Radiações não ionizantes Neblinas Fungos Controle rígido de produtividade Iluminação inadequada Frio Gases Parasitas Imposição de ritmos excessivos Eletricidade Calor Vapores Bacilos Trabalho em turno noturno Probabilidade de incêndio ou explosão Pressões anormais Substâncias químicas Jornadas de trabalho prolongadas Armazenamento inadequado Umidade Monotonia e repetitividade Animais peçonhentos Estresse físico e/ou psíquico Outras situações de risco , 11 Norma Técnica P4.261 – Risco de Acidente de Origem Tecnológica – Método para decisão e termos de referências (CETESB, 2011) Esta Norma Técnica, embora publicada por um órgão do Estado de São Paulo, também pode ser usada como referência em outros estados que não dispõem de orientações para análise de riscos de empreendimentos potencialmente geradores de acidentes. Conclusão Neste bloco foi apresentado um histórico de acidentes decorrentes de atividades industriais; aspectos conceituais sobre riscos ambientais; classificações e fatores determinantes para a avaliação de riscos; orientações para a comunicação de riscos em ambientes industriais; e normas aplicadas. REFERÊNCIAS AQUINO, A. R.; PALETTA, F.C.; ALMEIDA, J.R. Risco ambiental. São Paulo: Blucher, 2017. BASSO, G. Cinco anos depois, desalojados por barragem de Mariana ainda não foram reassentados. National Geographic Brasil. 2020. Disponível em:<https://bit.ly/3p6ErOw>. Acesso em 10 dez. 2020 BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994. Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora N.º 09 – Riscos Ambientais. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 15 dez. 1995. Seção 1. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Portaria SEPRT nº 6735, de 12 de março de 2020. Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora N.º 09 - Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 12 mar. 2020. Seção 1. CARVALHO, V. Maior acidente radiológico do mundo completa 25 anos nesta semana. Goias: G1, 2012. Disponível em: <https://glo.bo/2Md5qcY>. Acesso em 10 dez. 2020 , 12 CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Análise de Risco Tecnológico. 2020. Disponível em: <https://cetesb.sp.gov.br/analise-risco-tecnologico/historico/>. Acesso em 10 Dez 2020. CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Norma Técnica P4.261/2011: Risco de Acidente de Origem Tecnológica – Método para decisão e termos de referências. 2. ed. São Paulo: CETESB, 2011. GONÇALVES, D. P. Principais desastres ambientais no Brasil e no mundo. Jornal da UNICAMP, 2017. Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias/2017/12/01/princi pais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-mundo>. Acesso em 10 dez. 2020 KAKABADSE, Y; SÁNCHEZ, L. E. Cinco anos do desastre da barragem de rejeitos em Mariana: Olhando para o futuro. ((o))eco. 2020. Disponível em: <https://bit.ly/3qHu5F9>. Acesso em 10 dez. 2020 PAES, C. Estudo contratado pela Vale confirma que barragem em Brumadinho se rompeu por liquefação. Belo Horizonte: G1 Minas, 2019. Disponível em: <https://glo.bo/2XXLywT>. Acesso em 10 dez. 2020 REIS, F. A. G. V. Curso de Geologia Ambiental. Rio Claro: UNESP, 2001. RODRIGUES, A. C. Top 11: Os piores desastres ambientais da história. Mundo Estranho, 2018. Disponível em: <https://bit.ly/3qDgdvU>. Acesso em 10 dez. 2020. RODRIGUES, S. Brumadinho: Após um ano, água de Paraopeba continua sem condições para consumo. ((o))eco.2020. Disponível em: <https://bit.ly/3sJSlIz>. Acesso em 10 dez. 2020 SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. SOS MATA ATLÂNTICA - Fundação SOS Mata Atlântica. Observando os Rios: O retrato da qualidade da água nas bacias dos rios Paraopeba e Alto São Francisco um ano após o rompimento da barragem Córrego do Feijão. Minas Gerais, 2020. https://cetesb.sp.gov.br/analise-risco-tecnologico/historico/ https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-mundo https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-mundo , 13 2. AVALIAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS Apresentação Neste bloco, serão apresentados os principais métodos para a avaliação de riscos ambientais. Também serão definidos aspectos técnicos relacionados ao Programa de Gerenciamento de Riscos, ao Plano de Ação de Emergência, e ao Estudo de Análise de Riscos, que são importantes instrumentos para a gestão de riscos ambientais. 2.1 Técnicas de Análise de Riscos – Parte I Para uma boa compreensão sobre análises de riscos, é importante diferenciar dois conceitos: perigo e risco. Conforme apresentado no Bloco 1, o risco está associado à probabilidade de ocorrência e às consequências de uma situação com potencial de gerar efeitos prejudiciais. O perigo, por sua vez, representa características inerentes a uma determinada substância ou instalação, sendo que essas características determinam potenciais efeitos adversos em caso de ocorrência de eventos não planejados. Por exemplo, considere o transporte de combustível derivado de petróleo em dutos. No caso de um episódio de vazamento, o que caracteriza perigo e quais riscos podem ser indicados? Antes de responder a essas questões, vejamos as definições de perigo e risco adotadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo: Perigo: Uma ou mais condições físicas ou químicas com potencial para causar danos às pessoas, à propriedade e ao meio ambiente. Risco: Medida de danos à vida humana, resultante da combinação entre frequência de ocorrência de um ou mais cenários acidentais e a magnitude dos efeitos físicos associados a esses cenários. (CETESB, 2011, p. 6 - 7) No caso de um vazamento de combustível derivado de petróleo, o perigo é representado pelo próprio combustível que, em função de características de inflamabilidade e toxicidade, apresenta potencial de causar danos às pessoas e ao meio ambiente. Podem ser indicados os seguintes riscos: incêndio; contaminação de água e solo; e mortes em decorrência das situações mencionadas. , 14 Existem diversas técnicas de análise de riscos, cada uma com características próprias que determinam a aplicabilidade a diferentes fases de um empreendimento (Quadro 2.1 ). Aqui, vamos estudar com mais detalhes dois métodos amplamente empregados para análise de riscos de atividades com potencial de causar acidentes, o método da Análise Preliminar de Riscos e o método Hazop. A seguir, os demais métodos listados no Quadro 2.1 são apresentados brevemente: Análise Histórica de Acidentes Esse método se respalda no levantamento de acidentes já registrados em instalações semelhantes àquela que está sendo avaliada quanto aos riscos, e fornece informações sobre as possíveis situações não planejadas que têm potencial de causar danos. Inspeção de Segurança Como a própria nomenclatura sugere, consiste em inspeção para avaliar a segurança das instalações, e por isso é aplicável somente a empreendimentos em fase de operação. Análise dos Modos de Falhas e Efeitos Esse método é aplicável a sistemas, sendo focado em seus componentes e na busca por possíveis falhas, objetivando identificar os modos de falhas e respectivos efeitos no sistema, e/ou no meio ambiente. Análise de Árvore de Falhas Esse método é aplicável a sistemas e consiste na seleção de um evento adverso – denominado evento topo, seguida da combinação de fatores ou falhas que poderiam ocasionar o evento topo. Análise de Árvore de Eventos Esse método é usado para analisar situações de emergência, e é centrado no chamado evento iniciador, do qual decorrem outros eventos que podem demandar atendimento a emergências. , 15 Análise de Causas e Consequências Esse método constitui uma ferramenta para análise de riscos em sistemas complexos, e faz uso das Análises por Árvores de Eventos e de Falhas para avaliar cenários complexos de acidentes. Listas de Verificação Esse método pode ser aplicado a instalações, processos ou mesmo equipamentos, para avaliar os riscos considerando as rotinas empregadas. Baseia-se em questionários fechados organizados em forma de listas, que são aplicados visando reunir informações sobre o arranjo físico, os equipamentos e as práticas empregadas. What if...? (e se...?) Esse método também pode ser aplicado a instalações, processos e equipamentos, e difere das listas de verificação especialmente por ser baseado em questionários abertos, para motivar a identificação de perigos e consequentes riscos. A pergunta “E se...?” completa por potenciais situações adversas é respondida por especialistas de diversas áreas, tais como saúde e segurança no trabalho, meio ambiente, e combate a incêndio. Quadro 2.1 – Métodos de análise de riscos aplicáveis nas diferentes fases do empreendimento Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sanchez, 2013. Método de Análise Fases do empreendimento Projeto Instalação Operação Desativação Análise histórica de acidentes Inspeção de segurança Hazop – Hazard and Operability Study Estudo de riscos e operabilidade FMEA – Failure Modes and Effects Analysis Análise dos modos de falhas e efeitos FTA – Fault Tree Analysis Análise de árvore de falhas ETA – Event Tree Analysis Análise de árvore de eventos Análise de causas e consequências Checklist (Lista de verificação) What if...? (E se...?) Análise Preliminar de Riscos (APR) , 16 2.2 Técnicas de Análise de Riscos – Parte II Análise Preliminar de Risco A Análise Preliminar de Risco (APR) ou Análise Preliminar de Perigo (APP) consiste no uso de uma matriz de riscos gerada a partir do cruzamento de informações sobre a frequência de ocorrência de uma situação potencialmente adversa e a severidade das consequências em caso de concretização da situação avaliada. Na figura 2.1 é apresentado um exemplo de uma matriz de APR, em que os riscos são representados numericamente de 1 a 5, sendo 1 o menor e 5 o maior risco identificado. O uso de cores para facilitar uma interpretação visual da matriz de APR também é uma prática comum, e, em geral, o maior risco é associado à cor vermelha, o menor risco é relacionado à cor verde, e os riscos intermediários são representados por gradações variáveis entre as duas cores principais. Figura 2.1 – Exemplo de Matriz de Riscos baseada em APR. Fonte: Elaborada pela autora. Adaptada de Barros, 2013. Na APR, a severidade é determinada em função da gravidade e do alcance dos danos, de acordo com as características descritas no Quadro 2.2. A CETESB indica a severidade por algarismos romanos de I a IV, sendo I o menos severo e IV o mais severo. A frequência é apresentada em termos de probabilidade de ocorrência ao longo da vida útil do empreendimento, atividade ou equipamento, conforme apresentado no quadro 2.3. Riscos Frequência A B C D E Se ve ri d ad e I 3 2 1 1 1 II 4 3 2 1 1 III 5 4 3 2 1 IV 5 5 4 3 2 Severidade: I: Desprezível II: Marginal III: Crítica IV: Catastrófica Frequência: A: Frequente B: Provável C: Ocasional D: Remota E: Improvável Risco: 1: Desprezível 2: Baixo 3: Médio 4: Alto 5: Crítico , 17 Quadro 2.2 – Categorias de severidade e respectivas característicasFonte: Elaborado pela autora. Adaptado de CETESB, 2011. Quadro 2.3 – Categorias de frequência e respectivas características Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América, 2000. Para a execução da APR, é necessário fazer um levantamento dos seguintes dados referentes ao empreendimento e seu entorno: Layout da instalação; Especificações técnicas do projeto; Especificações de equipamentos; Descrição dos sistemas de proteção e segurança; Substâncias: propriedades físicas e químicas, características de inflamabilidade e de toxicidade; Dados sobre o meio físico, biótico e socioeconômico do entorno. Severidade Características I: Desprezível • Nenhum dano ou dano não mensurável. II: Marginal • Danos irrelevantes ao meio ambiente e à comunidade externa. III: Crítica • Possíveis danos ao meio ambiente devido à liberação de substâncias químicas, tóxicas ou inflamáveis, alcançando áreas externas à instalação. • Possíveis lesões de gravidade moderada na população externa, ou impactos ambientais com curto tempo de recuperação. IV: Catastrófica • Impactos ambientais devido à liberação de substâncias químicas, tóxicas ou inflamáveis, atingindo áreas externas às instalações. • Mortes ou lesões graves na população externa, ou impactos ao meio ambiente com longo tempo de recuperação. Frequência Características A: Frequente • Probabilidade de ocorrência contínua • p ≥ 10% B: Provável • Probabilidade de ocorrência frequente • 1% ≤ p < 10% C: Ocasional • Probabilidade de ocorrência ocasional • 0,1% ≤ p < 1% D: Remota • Probabilidade de ocorrência baixa, porém factível • 0,0001% ≤ p < 0,1% E: Improvável • Probabilidade de ocorrência desprezível, porém possível • p < 0,0001% , 18 A APR inclui as seguintes atividades: Definição dos objetivos da análise; Levantamento de dados sobre a instalação analisada; Coleta de informações sobre a região; Determinação de perigos e riscos envolvidos; Determinação de frequência e severidade; Preenchimento da planilha de APR. No quadro 2.4 é apresentado um exemplo de planilha de APR aplicada ao transporte de combustível em dutos. Na planilha da APR devem ser identificados os perigos, indicadas suas respectivas causas, consequências, frequência e severidade, e determinadas a categoria de risco e as medidas de controle. Quadro 2.4 - Exemplo de Planilha de APR Fonte: Elaborado pela autora. HAZOP O Hazop, do inglês Hazard and Operability Study (traduzido como estudo de perigos e operabilidade) é um método para identificação de perigos, por meio da aplicação de palavras-guia a variáveis de um processo, buscando identificar desvios da operação considerada normal. Esse método é amplamente empregado no meio industrial, em setores que demandam processos contínuos como é o caso de refinarias, estações de tratamento de água ou esgoto. Análise Preliminar de Riscos Transporte de combustível em dutos Perigo Causa Modo de detecção Efeito Frequência Severidade Categoria de risco Recomendações Vazamento de combustível Falha operacional Sensor Contaminação ambiental, incêndio D remota IV Catastrófica 3 Médio Inspeções e treinamentos periódicos , 19 No quadro 2.5 são apresentados exemplos de palavras-guia e seus significados, bem como a quais variáveis de processo podem ser aplicadas, e os desvios que indicam. Quadro 2.5 – Exemplos de palavras-guia, significados, variáveis de processo e desvios Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Barros, 2013. Para a execução do Hazop, deve-se seguir as seguintes etapas: 1. Selecionar uma variável do processo a ser analisado; 2. Aplicar as palavras-guia a essa variável; 3. Identificar os desvios; 4. Determinar possíveis causas dos desvios; 5. Avaliar as consequências; 6. Estabelecer medidas de controle. Palavras-guia Significado Variáveis de processo Desvio Não, Nenhum • Negação • Reação • Fluxo • Nenhuma reação • Nenhum fluxo Menos, Menor • Decréscimo quantitativo • Reação • Fluxo • Pressão • Temperatura • Nível • Reação incompleta • Fluxo menor • Pressão menor • Temperatura menor • Nível menor Mais, Maior • Acréscimo quantitativo • Reação • Fluxo • Pressão • Temperatura • Nível • Reação descontrolada • Fluxo maior • Pressão maior • Temperatura maior • Nível maior Também, Bem como • Acréscimo qualitativo • Reação • Fluxo • Reação secundária • Contaminação Parte de • Decréscimo qualitativo • Fluxo • Parte do fluxo Reverso • Oposição • Reação • Fluxo • Reação reversa • Fluxo reverso Outro que, Senão • Substituição completa • Qualquer operação anormal • Outro composto • Desligamento , 20 No quadro 2.6 é apresentado um exemplo de planilha de Hazop aplicado ao transporte de combustível em dutos. Na planilha do Hazop devem ser identificadas as palavras- guia e indicados os desvios das variáveis de processo; as possíveis causas e consequências; e as medidas de controle. Quadro 2.6 – Exemplo de Planilha de Hazop Fonte: Elaborado pela autora. 2.3 Avaliação de riscos de empreendimentos com potencial geração de acidentes No estado de São Paulo, a avaliação de risco é requerida para o licenciamento de empreendimentos destinados a produzir, armazenar ou transportar substâncias inflamáveis e/ou tóxicas, no estado líquido ou gasoso. A depender da quantidade e da periculosidade das substâncias, bem como da vulnerabilidade do entorno, pode ser exigida ou dispensada a elaboração do Estudo de Análise de Risco (EAR), sendo, de qualquer forma, demandado o Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), que apresenta um grau de complexidade menor do que o EAR. Na figura 2.2 é apresentado um fluxograma de decisões sobre a exigência do EAR. Para cada substância de interesse, são determinadas uma quantidade e uma distância de referência (dr), que norteiam a decisão final em função da distância de uma população de interesse (dp). Hazop Transporte de combustível em dutos Palavra-guia Variável de processo Desvio Causa Efeito Recomendações Menor Fluxo Menor vazão Vazamento de combustível Contaminação ambiental, incêndio Interromper o transporte, identificar o local do vazamento, e fazer reparos , 21 Figura 2.2 – Fluxograma para exigência de EAR (Estudo de Análise de Risco) ou PGR (Programa de Gerenciamento de Risco). Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de CETESB, 2011. 2.4 Programa de Gerenciamento de Riscos e Plano de Ação de Emergência O Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) deve contemplar os seguintes itens: Caracterização do empreendimento e do entorno; Identificação de perigos; Revisão do Estudo de Análise de Risco ou da identificação de perigos; Procedimentos operacionais; Gerenciamento de modificações; Manutenção e garantia de integridade; Capacitação de recursos humanos; Caracterização do empreendimento e do entorno Identificação de perigos e hipóteses de acidentes É necessário realizar o EAR? Estimativa de efeitos físicos e Avaliação de vulnerabilidade É necessário estimar o risco? Estimativa de frequências Estimativa e avaliação de riscos Medidas necessárias para reduzir o risco? PGR: Programa de Gerenciamento de Riscos PGR: Programa de Gerenciamento de Riscos Não PGR: Programa de Gerenciamento de Riscos Não Proposição de medidas Sim Sim Sim Não Se e EAR: Estudo de Análise de Risco Se e OU Somente PGR , 22 Investigação de incidentes e acidentes; Plano de Ação de Emergência (PAE); Auditoria do PGR (CETESB, 2011). Vejamos as definições de Programa de Gerenciamento de Risco e Plano de Ação de Emergência adotadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo: Programa de Gerenciamento de Risco (PGR): Documento que define a política e diretrizes de um sistema de gestão, com vista à prevenção de acidentes em instalações ou atividadespotencialmente perigosas. (CETESB, 2011, p. 7) Plano de Ação de Emergência (PAE): Documento que define as responsabilidades, diretrizes e informações, visando a adoção de procedimentos técnicos e administrativos, estruturados de forma a propiciar respostas rápidas e eficientes em situações emergenciais. (CETESB, 2011, p. 6) O PAE deve ser condizente com a fase e as condições do empreendimento, e por esse motivo é um documento datado e que deve ser revisado periodicamente. No caso de barragens, o PAE deve contemplar no mínimo os seguintes itens: identificação e análise de possíveis situações de emergência; procedimentos para identificação e notificação de mau funcionamento ou de condições de potencial ruptura da barragem; procedimentos preventivos e corretivos para situações de emergência, com indicação do responsável pelas ações; e estratégia e meios de divulgação e alerta para as comunidades potencialmente afetadas em situação de emergência. 2.5 Estudo de Análise de Riscos O EAR deve contemplar os seguintes itens: Caracterização do empreendimento e do seu entorno; Identificação de perigos e consolidação das hipóteses acidentais; Estimativa dos efeitos físicos e avaliação de vulnerabilidade; Estimativa de frequências; Estimativa e avaliação de risco; Redução do risco (CETESB, 2011). , 23 Vejamos agora a definição Estudo de Análise de Risco adotada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo: Estudo de Análise de Risco (EAR): Estudo quantitativo de risco de um empreendimento, baseado em técnicas de identificação de perigos, estimativa de frequências e de efeitos físicos, avaliação de vulnerabilidade e na estimativa do risco. (CETESB, 2011, p. 5). Conclusão Neste bloco, foram definidos os principais métodos de avaliação de riscos ambientais, e os métodos conhecidos como APR e Hazop foram exemplificados. Também foram apresentados aspectos técnicos do Programa de Gerenciamento de Riscos, do Plano de Ação de Emergência, e do Estudo de Análise de Riscos. REFERÊNCIAS ADMINISTRAÇÃO FEDERAL DE AVIÇÃO DOS ESTUDOS UNIDOS DA AMÉRICA. System Safety Handbook. 2000. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Guia de orientação e formulários do Plano de Ação de Emergência - PAE. Brasília: ANA, 2016. BARROS, S. S. Análise de Riscos. Curitiba: IFPR, 2013. CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Norma Técnica P4.261/2011: Risco de Acidente de Origem Tecnológica – Método para decisão e termos de referências. 2. ed. São Paulo: CETESB, 2011. 140 p. DEPARTAMENTO DE DEFESA DOS ESTUDOS UNIDOS DA AMÉRICA. MIL-STD-882D. 2000. SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. , 24 3. Impactos Ambientais Apresentação Neste bloco, será apresentada a evolução histórica da avaliação de impactos ambientais. Também serão definidos aspectos conceituais e critérios para classificação de impactos, com apresentação de exemplos e interlocução com a legislação aplicada, que são essenciais para a prática da avalição de impactos ambientais. 3.1 Evolução Histórica Os grandes acidentes industriais historicamente registrados, principalmente nas décadas de 1970 e 1980, contribuíram para a crescente conscientização sobre as questões ambientais, levando órgãos governamentais a abordarem essas questões em suas legislações, visando à prevenção de novos acidentes. Na figura 3.1 é apresentada uma linha do tempo sobre a inclusão da avaliação de impacto ambiental na legislação de diversos países. No Brasil, a avaliação de impactos ambientais foi introduzida na legislação nacional como um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, Art. 9º, Inciso III). Os critérios básicos e as diretrizes gerais para a avaliação de impactos ambientais foram estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a publicação da Resolução CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Figura 3.1 – Linha do tempo da introdução legal de Avaliação de Impacto Ambiental em vários países. Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sánchez (2013). 1973 1974 Canadá Nova Zelândia Austrália Colômbia 1976 França 1978 Filipinas China 1979 1981 Brasil 1982 México 1986 Espanha Indonésia Holanda Malásia Portugal Alemanha 1990 1987 África do Sul Tunísia 1991 1993 Hungria 1994 Chile Uruguai Hong Kong Moçambique 1997 Angola 1998 Japão 19991970 EUA , 25 3.2 Aspectos Conceituais A definição de impacto ambiental estabelecido pela Resolução CONAMA Nº 001/1986 é apresentada a seguir: Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - A saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - As atividades sociais e econômicas; III - A biota; IV - As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - A qualidade dos recursos ambientais. (Resolução CONAMA Nº 001/1986, Art. 1º) Vejamos agora a definição de poluição disposta na Política Nacional do Meio Ambiente: Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a. Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b. Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c. Afetem desfavoravelmente a biota; d. Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e. Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. (Lei Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, Art. 3º, Inciso III) , 26 Sánchez (2013) destaca que, embora a definição de impacto ambiental adotada na Resolução CONAMA Nº 001/1986 remeta à definição de poluição disposta na Política Nacional do Meio Ambiente, nem sempre os impactos ambientais são causados por poluentes, ainda que toda poluição gere impacto ambiental. Por exemplo, a geração de energia renovável, também chamada de energia limpa, como no caso de usinas hidrelétricas ou eólicas, não gera poluição, porém acarreta impactos ambientais. Outro importante conceito relacionado à avaliação de impactos ambientais diz respeito ao denominado aspecto ambiental, que foi definido pela norma ISO 14.001 (ABNT, 2015) como “elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização, que interage ou pode interagir com o meio ambiente”, seguido das notas: “NOTA 1 - Um aspecto ambiental pode causar impactos ambientais. Um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter um ou mais impactos ambientais significativos.” e “NOTA 2 - Aspectos ambientais significativos são determinados pela organização, aplicando um ou mais critérios”. Figura 3.2 – Impactos ambientais causados por poluição. , 27 Figura 3.3 – Fotografias: Hidrelétrica de Itaipu, Foz do Iguaçu – PR; e Parque Eólico de Icaraizinho, Amontada – CE. 3.3 Classificação de Impactos A Resolução CONAMA Nº 001/1986 determina que, para a análise de impactos ambientais, devem ser previstas a magnitude e a importância dos impactos, e discriminada a sua classificação quanto a: natureza, origem, duração, grau de reversibilidade e características de acumulação e sinergia, conforme transcrição a seguir: Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos); diretos e indiretos; imediatos e a médio e longo prazos; temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus; e benefícios sociais (Resolução CONAMA Nº001/1986, Art. 6º, inciso II). Veja, a seguir, uma ilustração dos impactos ambientais classificados como negativos, diretos, imediatos, permanentes e irreversíveis (Figura 3.). , 28 Figura 3.4 – Fotografias de empreendimento de mineração de ferro, Carajás – PA: exemplos de impactos decorrentes de mineração de ferro. A previsão de magnitude está relacionada a uma estimativa de intensidade do impacto, enquanto a importância está associada ao valor atribuído ao recurso ambiental afetado pelos impactos em questão. No Quadro 3.1 é apresentada a classificação de impactos ambientais com uma breve descrição para cada tipo de impacto. Quadro 3.1 – Classificação de impactos ambientais Fonte: Sánchez (2013). Elaborado pela autora. Classificação Características Impacto Direto • Causado pelo empreendimento Impacto Indireto • Impacto de enésima ordem Impacto Imediato • Simultâneo à ação geradora Impacto de Médio ou Longo Prazo • Não simultâneo à ação geradora Impacto Temporário • Impacto cessa ao interromper a ação geradora Impacto Permanente • Impacto permanece após encerrar a atividade geradora Impacto Reversível • Retorno à situação anterior à ação geradora, caso esta ação seja interrompida, ou ação uma corretiva seja aplicada Impacto Irreversível • Não ocorre retorno à situação anterior à ação geradora Impacto Cumulativo • Ocorre soma ou multiplicação dos impactos, ao longo do tempo ou espaço Impacto Sinérgico • Decorre da combinação de várias ações , 29 3.4 Impactos Ambientais de Grandes Obras Empreendimentos de grande porte estão sujeitos a diversos tipos de impactos ambientais, em sua maioria, negativos. Vejamos alguns exemplos de impactos de grandes obras: Aterro Sanitário Aterros Sanitários são grandes obras de Engenharia, que tem como objetivo a disposição controlada e segura de resíduos sólidos no solo. Contudo, como toda grande obra, a implantação e operação de aterros sanitários causa impactos ambientais, tais como a alteração da qualidade do ar (pela suspensão de poeira por caminhões ou pelos gases da decomposição dos resíduos); alterações da paisagem; intensificação de processos erosivos; e ruído. No caso de operação inadequada desses empreendimentos, também podem ser gerados impactos na qualidade das águas subterrânea e superficial; impactos sociais; geração de odor; etc. Obras hidráulicas Obras que são realizadas em cursos de água, para fins de abastecimento, saneamento, transporte ou aproveitamento energético podem ser denominadas obras hidráulicas e incluem: barragens, pequenas centrais hidrelétricas, obras para captação de água, sistemas de esgotamento sanitário, ou mesmo hidrovias. As obras hidráulicas podem gerar impactos nos meios físico, biótico ou antrópico, como por exemplo: aceleração de processos erosivos; assoreamento de cursos de água; alterações na qualidade da água; interferências na fauna aquática e terrestre; remoção da cobertura vegetal; desapropriação de terra; e reassentamentos de comunidades locais. Rodovias A implantação de rodovias difere de outras grandes obras por tratar de construções de longa extensão, e seus impactos ambientais estão relacionados a essa característica. Podemos citar os seguintes impactos: emissão de gases e material particulado; ruído; assoreamento de cursos de água; supressão de vegetação; alteração de habitats e interferência na circulação de animais. , 30 Portos Os portos constituem importantes componentes de infraestrutura para o comércio de bens entre países, entretanto, diversos impactos ambientais estão associados à construção dessas estruturas, tais como: supressão de vegetação; alterações de áreas costeiras e da dinâmica sedimentar; e modificações nos regimes hídricos. Outros impactos ambientais, positivos ou negativos, podem ser decorrentes da operação e funcionamento dessas estruturas, como ilustrado na Figura 3.. Figura 3.5 – Fotografias da baía de Paranaguá – PR e entorno do Porto de Paranaguá – PR: exemplos de impactos de grandes obras. 3.5 Legislação Aplicada No Brasil, a legislação aplicada à avaliação de impacto ambiental inclui: A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Nº 6.938/1981), que institui a avaliação de impactos ambientais como um de seus instrumentos; A Resolução CONAMA Nº 001/1986, que dispõe sobre os critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental; A Resolução CONAMA Nº 237/1997, que dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental, determina que empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerão de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA) para a obtenção da licença ambiental. , 31 Conclusão Neste bloco, foi apresentada uma linha do tempo sobre a avaliação de impactos ambientais. Também foram definidos importantes conceitos, como aspecto ambiental, impacto ambiental e poluição. A classificação de impactos foi exemplificada, e a legislação aplicada foi compilada. REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 14001: Sistemas de gestão ambiental — Requisitos com orientações para uso. 2015. ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Impactos Ambientais. S.D. Disponível em: <https://bit.ly/3c3hc4i>. Acesso em 16 dez. 2020. BRASIL. LEI Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 1981. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Brasília, 1986. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Brasília, 1997. KAPUSTA, S. C.; RODRIGUEZ, M. T. M. R. Análise de Impacto Ambiental. Porto Alegre: IFRS, 2009. MANCHON, F. T.; BONETTO, N. C. F. Principais impactos ambientais gerados por empreendimentos hidráulicos no Estado de São Paulo. Revista Acadêmica Oswaldo Cruz, São Paulo, v.3, n.9, Jan-Mar, 2016. REZENDE, E. N.; COELHO, H. A. Impactos ambientais decorrentes da construção de estradas e suas consequências na responsabilidade civil. RVMD, Brasília, v.9, n.2, p. 155-180, Jul-Dez, 2015. SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. SILVA, C. A. Estudo de Impactos Ambientais. Curitiba: IFPR, 2011. , 32 4. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS Apresentação Neste bloco, serão apresentados aspectos técnicos da identificação e previsão de impactos, além de métodos amplamente empregados na avaliação de impactos ambientais. Também serão definidos aspectos conceituais sobre as medidas mitigadoras e compensatórias, fundamentais para a avaliação de impactos ambientais. 4.1 Identificação e Previsão de Impactos Conforme visto no Bloco 3, o licenciamento de empreendimentos e atividades considerados efetiva ou potencialmente causadores de significativa degradação ambiental depende de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA). A identificação e a previsão de impactos são importantes tarefas para a avaliação de impactos ambientais que, por sua vez, constitui uma ferramenta de planejamento. A identificação de impactos deriva de informações e conhecimento sobre o empreendimento em análise, sendo comum nesta etapa a elaboração de uma lista detalhada de ações previstas para o projeto em questão. Devem ser consideradas todas as fases do empreendimento, incluindo planejamento, instalação, operação, e (em alguns casos) desativação. No quadro 4.1, a título de exemplo, é apresentada uma listade ações previstas para a implantação de um aterro sanitário. Devem ser avaliados os meios físico, biótico e socioeconômico, e os impactos identificados devem ser descritos de modo conciso e preciso, com uso de texto autoexplicativo, como por exemplo: Perda de habitats; Proliferação de vetores; Afugentamento da fauna; , 33 Aumento do risco de atropelamento de animais silvestres; Intensificação de processos erosivos; Poluição do ar; Poluição / Contaminação do solo; Poluição / Contaminação da água; Ruído; Realocação de comunidade local. , 34 Quadro 4.1 – Exemplo de lista de ações previstas para a implantação de um aterro sanitário, considerando as fases de planejamento, instalação, operação e desativação. Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sánchez (2013). Fase do empreendimento Ações previstas Planejamento • Estudos de viabilidade técnica e econômica • Avaliação de alternativas locacionais • Divulgação do empreendimento • Declaração de utilidade pública e comunicação de desapropriações Instalação • Desapropriações e pagamento de indenizações • Supressão de vegetação • Contratação de serviços e mão de obra • Instalação do canteiro de obras e de maquinário • Aquisição de materiais • Estocagem de materiais • Movimentação de terra para preparo das células • Instalação de sistema de drenagem de fundo e em taludes laterais • Impermeabilização de fundo e de taludes laterais • Instalação de dutos para coleta de gases • Instalação de sistema de drenagem de águas pluviais • Perfuração de poços de monitoramento de águas subterrâneas • Construção de vias de acesso, guaritas, sanitários, etc. • Instalação de cerca • Execução de cortinamento vegetal Operação • Tráfego de caminhões pelas vias de acesso • Pesagem de caminhões • Descarga de caminhões • Compactação dos resíduos sólidos • Cobertura dos resíduos sólidos com solo • Coleta de chorume • Tratamento de chorume ou transporte para estação de tratamento • Queima de gases ou aproveitamento de biogás • Monitoramento ambiental Desativação • Cobertura final com solo • Plantio de gramíneas nas bermas e nos taludes • Monitoramento geotécnico • Monitoramento ambiental • Tratamento de chorume ou transporte para estação de tratamento • Queima de gases ou aproveitamento de biogás , 35 4.2 Métodos de Avaliação de Impactos – Parte I Listas de Verificação (Checklists) Existem diversos tipos de listas de verificação, desde modelos mais simples que somente apresentam uma relação de impactos, até modelos mais detalhados que incluem suas características, como é caso do exemplo apresentado no quadro 4.2. Quadro 4.2 – Impactos ambientais identificados em estudo ambiental sobre a transposição do Rio São Francisco Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sánchez (2013). Impactos identificados Fases do empreendimento Planejamento Construção Operação M ei o s o ci o ec o n ô m ic o Tensões e riscos socias (−) (−) Ruptura de relações comunitárias (−) Possível interferência com populações indígenas (−) (−) Risco de interferência com o patrimônio cultural (−) (−) Perdas de emprego devido a desapropriações (−) Geração de empregos (+) Dinamização da economia regional (+) (+) Dinamização da atividade agrícola (+) Interferência sobre a pesca nos açudes receptores (−) Redução do êxodo rural e da emigração da região (+) Redução da exposição da população a doenças e óbitos (+) Pressão sobre a infraestrutura urbana (−) (−) Aumento da oferta de água (+) Aumento da oferta de água para abastecimento urbano (+) Redução da pressão sobre a infraestrutura de saúde (+) M ei o s b ió ti co e f ís ic o Perda e fragmentação de 430 ha de vegetação nativa e de habitats da fauna terrestre (−) (−) Alteração da composição das comunidades biológicas aquáticas nativas nas bacias receptoras (−) Risco da redução da biodiversidade das comunidades biológicas aquáticas nativas nas bacias receptoras (−) Risco de introdução de espécies de peixes daninhas nas bacias receptoras (−) Alteração do regime fluvial das drenagens receptoras (−) (−) Melhoria da qualidade da água nas bacias receptoras (+) , 36 4.3 Métodos de Avaliação de Impactos – Parte II Matrizes de Interação As matrizes de interação, usadas para a identificação de impactos são constituídas por duas listas, uma que indica os componentes ambientais afetados, e outra que aponta as ações geradoras dos impactos. As listas são organizadas em linhas e colunas, e a análise de matrizes de impactos consiste no cruzamento de informações contidas entre linhas e colunas. A Matriz de Leopold, em referência ao primeiro autor de uma publicação datada de 1971, é composta por 88 componentes ambientais possivelmente afetados por 100 ações com potencial de geração de impactos ambientais, produzindo 8800 cruzamentos. Esse é o exemplar clássico de matriz de identificação de impactos ambientais, e diversas adaptações foram propostas a partir desse modelo. Na figura 4.1 é apresentado um exemplo da Matriz de Leopold, sendo os impactos considerados significativos avaliados quanto à magnitude e à importância, indicadas de 1 a 10. , 37 Figura 4.1 – Matriz de Leopold: exemplo aplicado à mineração. Fonte: Elaborada pela autora. Adaptada de Leopold et al. (1971). 4.4 Métodos de Avaliação de Impactos – Parte III Diagramas de Interação Esse método de identificação de impactos ambientais é baseado na análise de ações com potencial de geração de impactos, visando a sua redução. Na figura 4.2 é apresentado um exemplo de diagrama de interação aplicado à análise da ação de urbanização e identificação de potenciais impactos ambientais. Nesse exemplo são considerados somente impactos associados à hidrologia, não sendo abordados outros decorrentes da urbanização, como supressão de vegetação, influência sobre a fauna, poluição ou alterações no microclima. , 38 Figura 4.2 – Diagrama de interação: ação de urbanização e possíveis impactos ambientais. Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sánchez (2013). 4.5 Medidas mitigadoras e compensatórias A Resolução CONAMA Nº 001/1986, determina a definição de medidas mitigadoras como uma atividade técnica que deve ser desenvolvida no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e divulgada no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Vejamos com mais detalhes o que a Resolução CONAMA Nº 001 dispõe sobre o assunto: Art. 6º O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. (Resolução CONAMA Nº 001/1986, Art. 6º, inciso III) Art. 9º O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo: VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderem ser evitados, e o grau de alteração esperado. (Resolução CONAMA Nº 001/1986, Art. 9º, inciso VI) , 39 Sánchez (2013) indica que as medidas mitigadoras devem atender à seguinte ordem preferencial: 1) evitar; 2) minimizar ou reduzir; 3) corrigir; 4) compensar impactos não controlados de modo satisfatório (figura 4.3). Para o autor, medidas mitigadoras são as “ações propostas com a finalidade de reduzir a magnitude ou a importância dos impactos adversos”, e medidas compensatórias são as “ações que visam a compensar a perda de um bem ou função que será perdido em decorrência do projeto em análise”, enquanto compensação ambiental remete à “substituição de um bem que será perdido, alterado ou descaracterizado poroutro, entendido como equivalente ou que desempenhe função equivalente”. Figura 4.3 – Hierarquia de mitigação. Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Sánchez (2013). Na figura 4.4 são apresentadas fotografias que ilustram impactos significativos sobre a fauna, que ocorrem durante a fase de operação de empreendimentos rodoviários. No primeiro exemplo, um urso caminha em uma rodovia, há um evidente risco de atropelamento. Já no segundo exemplo, quatis são alimentados por turistas às margens de uma rodovia, há impactos relacionados aos hábitos alimentares desses animais, que passam a ingerir alimentos industrializados, de fácil obtenção. 1º - Evitar 2º - Minimizar / Reduzir 3º - Corrigir 4º - Compensar , 40 Figura 4.4 – Fotografias de urso caminhando em rodovia e quatis sendo alimentados por turistas Na figura 4.5 é apresentada uma fotografia que mostra uma estrutura de passagem para fauna sobre rodovias, um exemplo de medida mitigadora para os impactos causados por rodovias sobre a fauna de uma região. Figura 4.5 – Fotografia de estrutura de passagem para fauna sobre rodovias: exemplo de medida mitigadora. Conclusão Neste bloco, foram apresentados aspectos técnicos da identificação e previsão de impactos, e exemplos dos métodos de listagem de verificação, matrizes de interação, e diagramas de interação, que são aplicados à avaliação de impactos ambientais. Também foram definidos aspectos conceituais sobre as medidas mitigadoras e compensatórias, indispensáveis para o controle de impactos ambientais. REFERÊNCIAS CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Brasília, 1986. , 41 LEITE, M. M. Análise comparativa dos sistemas de avaliação de impacto ambiental. In: LIRA, W. S.; CÂNDIDO, G. A. Gestão sustentável dos recursos naturais: uma abordagem participativa [online]. Campina Grande: EDUEPB, 2013. LEOPOLD, L. B.; CLARKE, F. E.; HANSHAW, B. B.; BALSLEY, J. R. A Procedure for Evaluating Environmental Impact. Geological Survey Circular 645, 1971. SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. , 42 5. ESTUDOS AMBIENTAIS Apresentação Neste bloco, serão apresentados aspectos técnicos de estudos ambientais utilizados para a avaliação de impactos ambientais com vistas ao licenciamento ambiental. Serão abordados: o Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), o Relatório Ambiental Preliminar (RAP), e o Relatório Ambiental Simplificado (RAS). Também será apresentado o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). 5.1 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) constitui o mais completo estudo ambiental aplicado ao licenciamento ambiental no Brasil. Vejamos as orientações para o EIA, apresentadas na Resolução CONAMA Nº 001/1986: O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais: I. Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto; II. Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade; III. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; IV. Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade. (CONAMA Nº 001/1986, Art. 5º) , 43 A Resolução CONAMA Nº 001/1986 determina que o Estudo de Impacto Ambiental deve contemplar no mínimo os seguintes itens: Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto Descrição completa e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) Meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas. b) Meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente. c) Meio socioeconômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas Identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. , 44 Medidas mitigadoras dos impactos negativos Definição de equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada medida. Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos Indicação dos fatores e parâmetros a serem considerados. (CONAMA Nº 001/1986, Art. 5º) 5.2 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) A Resolução CONAMA Nº 001/1986 estabelece que o RIMA deve refletir as conclusões do EIA, e ser apresentado em linguagem acessível, de forma objetiva. Devem ser usadas técnicas de comunicação visual, tais como mapas, cartas, quadros e gráficos, para ilustrar as informações de modo que as vantagens e desvantagens do projeto, e todas as consequências ambientais de sua implementação sejam compreensíveis. Esta Resolução também determina que o RIMA deve contemplar no mínimo os seguintes itens: Os objetivos e as justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais. Descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos e perdas de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados. Síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de influência do projeto. Descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação. , 45 Caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, com a hipótese de sua não realização. Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderem ser evitados, e o grau de alteração esperado. Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos. Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). (CONAMA Nº 001/1986, Art. 5º) 5.3 Relatório Ambiental Preliminar (RAP) A avaliação de viabilidade ambiental de empreendimentospode ser baseada em diversos tipos de estudos ambientais, a depender da significância dos impactos, sendo que o órgão ambiental competente deve definir os estudos ambientais pertinentes. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo estabelece que a licença prévia pode ser requerida com a apresentação de um dos seguintes estudos ambientais: a) Estudo Ambiental Simplificado (EAS) b) Relatório Ambiental Preliminar (RAP) c) Termo de referência para elaboração de EIA/RIMA Vejamos agora as diferenças entre os estudos ambientais mencionados, de acordo com CETESB (2019): Estudo Ambiental Simplificado (EAS) - avaliação das consequências de atividades e empreendimentos considerados de impactos ambientais de pequena magnitude e não significativos. Relatório Ambiental Preliminar (RAP): avaliação sistemática das consequências das atividades ou empreendimentos considerados potencial ou efetivamente causadores de degradação do meio ambiente, com proposição de medidas mitigadoras. , 46 Estudo de Impacto Ambiental (EIA): avaliação sistemática das consequências das atividades ou empreendimentos considerados potencial ou efetivamente causadores de significativa degradação do meio ambiente, com proposição de medidas mitigadoras e / ou compensatórias. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo publicou o seu Manual para Elaboração de Estudos Ambientais com AIA (CETESB, 2019). Nesta publicação, a CETESB reuniu orientações para elaboração de estudos ambientais, e incluiu instruções complementares àquelas dispostas na Resolução CONAMA Nº 001/1986. A seguir, são apresentados os itens recomendados para elaboração de RAP ou EIA, conforme CETESB (2019): I. Introdução II. Informações Gerais II.1. Objeto do Licenciamento II.2. Empreendedor II.3. Empresa Responsável pelo Estudo Ambiental III. Justificativas do Empreendimento IV. Estudos de Alternativas IV.1. Alternativas Tecnológicas IV.2. Alternativas Locacionais IV.1. Alternativa Zero V. Aspectos Legais e Institucionais VI. Compatibilidade com Planos, Programas e Projetos Colocalizados VII. Caracterização do empreendimento VIII. Áreas de Influência IX. Diagnóstico Ambiental X. Identificação e Avaliação dos Impactos , 47 XI. Programas de Mitigação, Monitoramento e Compensação XII. Prognóstico Ambiental XIII. Conclusões XIV. Referências Bibliográficas XV. Equipe Técnica XVI. RIMA 5.4 Relatório Ambiental Simplificado (RAS) O Relatório Ambiental Simplificado (RAS) é aplicado ao licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos do setor elétrico com baixo potencial de geração de impactos ambientais, incluindo usinas eólicas, hidrelétricas, termelétricas, e sistemas de transmissão de energia elétrica (Resolução CONAMA Nº 279/2001). Vejamos a seguir a definição de Relatório Ambiental Simplificado (RAS): Relatório Ambiental Simplificado RAS: os estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a concessão da licença prévia requerida, que conterá, dentre outras, as informações relativas ao diagnóstico ambiental da região de inserção do empreendimento, sua caracterização, a identificação dos impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigação e de compensação. (Resolução CONAMA Nº 279/2001, Art. 2º, inciso I) Conforme a Resolução CONAMA Nº 279/2001, o Relatório Ambiental Simplificado deve contemplar no mínimo os seguintes itens: Descrição do Projeto Objetivos e justificativas, compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais. Descrição do projeto, alternativas tecnológicas e locacionais, considerando a hipótese de não realização, especificando a área de influência. , 48 Diagnóstico e Prognóstico Ambiental Diagnóstico ambiental: descrição dos prováveis impactos ambientais e socioeconômicos da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios para sua identificação, quantificação e interpretação. Prognóstico Ambiental: caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, considerando a interação dos diferentes fatores ambientais. Medidas Mitigadoras e Compensatórias Medidas mitigadoras e compensatórias, identificando os impactos que não possam ser evitados. Recomendação quanto à alternativa mais favorável. Programa de acompanhamento, monitoramento e controle. 5.5 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) A Recuperação de Áreas Degradadas é um dos princípios da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Nº 6.938/1981). Empreendimentos destinados à exploração de recursos minerais devem apresentar, além do EIA/RIMA, um plano de recuperação de áreas degradadas (Decreto Nº 97.632/1989). A Instrução Normativa Nº 4 (IBAMA, 2011) estabelece exigências mínimas para a elaboração de Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) ou alteradas, e estabelece que “o PRAD deve reunir informações, diagnósticos, levantamentos e estudos que permitam a avaliação da degradação ou alteração e a consequente definição de medidas adequadas à recuperação da área”, considerando as seguintes definições: I – Área degradada: área impossibilitada de retornar por uma trajetória natural, a um ecossistema que se assemelhe a um estado conhecido antes, ou para outro estado que poderia ser esperado; , 49 II – Área alterada ou perturbada: área que após o impacto ainda mantém meios de regeneração biótica, ou seja, possui capacidade de regeneração natural; III – recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original (Instrução Normativa IBAMA Nº 4/2011, Art. 4º) A Instrução Normativa Nº 11 (ICMBIO, 2014) determina: O PRAD deverá definir as medidas necessárias à recuperação ou restauração da área perturbada ou degradada, fundamentado nas características bióticas e abióticas da área e em conhecimentos secundários sobre o tipo de impacto causado, a resiliência da vegetação e a sucessão secundária. Parágrafo único. Os Termos de Referência (TR) constantes nos anexos I e II estabelecem diretrizes e orientações técnicas voltadas à apresentação de PRAD e PRAD Simplificado. A elaboração do TR e do PRAD serão de atribuição do responsável pela recuperação/restauração. I - Em se tratando de pequena propriedade rural ou posse rural familiar, conforme definidos em legislação específica, poderá ser apresentado Projeto Simplificado de Recuperação de Área Degradada de Pequena Propriedade Rural ou Posse Rural Familiar - PRAD Simplificado, conforme Anexo II desta Instrução Normativa. II - O disposto no inciso anterior também se aplica aos imóveis em áreas urbanas onde a gravidade do dano e a capacidade econômica do interessado assim o justifiquem. (Instrução Normativa ICMBIO Nº 11/2014, Art. 3º) O PRAD deverá propor métodos e técnicas a serem empregados de acordo com as peculiaridades de cada área e do dano observado, incluindo medidas que assegurem a proteção das áreas degradadas ou perturbadas de quaisquer fatores que possam dificultar ou impedir o processo de recuperação/restauração, devendo ser utilizados, de forma isolada ou conjunta, preferencialmente aqueles de eficácia já comprovada, em especial a condução da regeneração natural de espécies nativas. , 50 § 1º. Deverá ser dada atenção especial à proteção e conservação do solo e dos recursos hídricos e, caso se façam necessárias, técnicas de controle da erosão deverão ser executadas. § 2º. O PRAD deverá apresentar embasamento teórico que contemple as variáveis ambientais e seu funcionamento similar ao dos ecossistemasda região. (Instrução Normativa ICMBIO Nº 11/2014, Art. 4º) Conforme a Instrução Normativa ICMBIO Nº 11/2014, o PRAD deve contemplar os seguintes itens: Caracterização do imóvel rural; Identificação do interessado; Identificação do responsável técnico pela elaboração do PRAD; Identificação do responsável técnico pela execução do PRAD; Origem da degradação. Identificação da área degradada ou perturbada. Exemplos: Área de Reserva Legal, Área de Preservação Permanente. Causa da degradação ou alteração: atividade que deu origem à degradação ou alteração ambiental. Exemplos: pecuária, agricultura, mineração, obras civis, exploração de madeira, queimada. Descrição da ação causadora do impacto: tipo de degradação ou alteração ambiental Exemplos: desmatamento, extração mineral de argila, alteração de curso d'água. Efeitos causados no ambiente: danos ambientais. Exemplos: perda de biodiversidade, alteração dos corpos hídricos, processos erosivos, assoreamento. Caracterização regional e local Clima: regime pluviométrico, temperatura, etc. , 51 Bioma, por exemplo: Floresta Tropical Atlântica (Mata Atlântica). Fitofisionomia: Região Fitoecológica. Exemplos: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Decidual, Savana (Campos do Planalto Meridional), Restinga, Manguezal, etc. Bacia e microbacia hidrográfica. Exemplos: Bacia do Rio Itajaí e Microbacia do Ribeirão Taquaras. Caracterização da área a ser recuperada Situação original imediatamente antes da degradação ou alteração, ou ecossistema de referência e a situação atual, após a degradação. Relevo e eventuais alterações. Solo e subsolo: presença de processos erosivos, indicadores de fertilidade, pedregosidade, estrutura, textura, ausência ou presença de horizontes O, A, B, C e R. Hidrografia e eventuais alterações. Cobertura vegetal: cobertura vegetal adjacente à área degradada ou perturbada, existência e distância de remanescentes na área degradada ou perturbada e no entorno, presença de regeneração natural. Objetivo geral Objetivos específicos Da implantação Prazo para implantação do projeto Medidas de contenção de erosão, de preparo e recuperação do solo da área inteira e não apenas na cova de plantio, de revegetação da área degradada ou perturbada incluindo espécies rasteiras, arbustivas e arbóreas e medidas de manutenção e monitoramento. , 52 Métodos e técnicas de recuperação da área degradada ou perturbada, justificados com detalhamento da relação com o diagnóstico e com o objetivo da recuperação da área degradada ou perturbada. Exemplos: Condução da regeneração natural, plantio de espécies nativas. Atividades, mapeamento e quantificação. Exemplos: Prevenção e contenção de processos erosivos, coveamento, quantidade de mudas utilizadas, local de plantio, quantidades de insumos químicos e orgânicos, utilização de cobertura morta, irrigação, etc. Identificação das espécies vegetais por família, nome científico e respectivo nome vulgar. Do monitoramento Métodos de monitoramento para a avaliação do processo de recuperação, baseados nos objetivos e metas estabelecidas no projeto. Presença e diversidade de regeneração espontânea. Cobertura do solo por espécies nativas. Cobertura por espécies exóticas invasoras. Cronogramas físico e financeiro Vejamos agora os itens que devem ser contemplados no PRAD Simplificado, conforme a Instrução Normativa ICMBIO Nº 11/2014: Caracterização do imóvel rural Identificação do interessado Origem da degradação Identificação da área degradada ou perturbada. Exemplos: Área de Reserva Legal, Área de Preservação Permanente. Causa da degradação ou alteração: atividade que deu origem à degradação ou alteração ambiental. Exemplos: pecuária, agricultura, mineração, obras civis, exploração de madeira, queimada. , 53 Descrição da ação causadora do impacto: tipo de degradação ou alteração ambiental Exemplos: desmatamento, extração mineral de argila, alteração de curso d'água. Efeitos causados no ambiente: danos ambientais. Exemplos: perda de biodiversidade, alteração dos corpos hídricos, processos erosivos, assoreamento. Caracterização da área a ser recuperada Situação original imediatamente antes da degradação ou alteração, ou ecossistema de referência e a situação atual, após a degradação. Solo: presença de processos erosivos, indicadores de fertilidade, estrutura, textura. Hidrografia e eventuais alterações. Cobertura vegetal: cobertura vegetal adjacente à área degradada ou perturbada. Existência e localização (distância) de remanescentes na área degradada ou perturbada e no entorno, a presença de regeneração natural. Objetivo geral Da implantação Prazo para implantação do projeto Medidas de contenção de erosão, de preparo e recuperação do solo da área inteira e não apenas na cova de plantio, de revegetação da área degradada ou perturbada incluindo espécies rasteiras, arbustivas e arbóreas e medidas de manutenção e monitoramento. Métodos e técnicas de recuperação da área degradada ou perturbada, justificados com detalhamento da relação com o diagnóstico e com o objetivo da recuperação da área degradada ou perturbada. Exemplos: Condução da regeneração natural, plantio de espécies nativas. , 54 Atividades, mapeamento e quantificação. Exemplos: Prevenção e contenção de processos erosivos, coveamento, quantidade de mudas utilizadas, local de plantio, quantidades de insumos químicos e orgânicos, utilização de cobertura morta, irrigação. Identificação das espécies vegetais por família, nome científico e respectivo nome vulgar. Da Manutenção (Tratos culturais e demais intervenções) Medidas de manutenção da área em recuperação, detalhando todos os tratos culturais e as intervenções necessárias durante o processo de recuperação. Exemplos: Controle de formigas cortadeiras, coroamento das mudas (manual, químico), replantios, adubações de cobertura; manutenção de aceiros; etc. Caso haja necessidade de se efetuar o controle de vegetação competidora, de gramíneas invasoras e agressivas, de pragas e de doenças, deverão ser utilizados métodos e produtos que causem o menor impacto ambiental possível, observando-se critérios técnicos e normas em vigor. Cronogramas físico e financeiro Conclusão Neste bloco, foram definidos e apresentados aspectos técnicos de diversos estudos ambientais aplicados ao licenciamento ambiental, e do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), evidenciando as diferenças de conteúdo entre os variados documentos. , 55 REFERÊNCIAS ALMEIDA, D. S. Recuperação ambiental da Mata Atlântica. 3rd ed. rev. and enl. Ilhéus, BA: Editus, 2016. BRASIL. DECRETO Nº 97.632, de 10 de abril de 1989. Dispõe sobre a regulamentação do Artigo 2°, inciso VIII, da Lei n° 6938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 1989. BRASIL. LEI Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 1981. CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Manual para Elaboração de Estudos Ambientais com AIA. São Paulo: CETESB, 2019. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Brasília, 1986. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Brasília, 1997. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 279, de 27 de junho de 2001. Brasília, 2001. IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Instrução
Compartilhar