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SEMINARIO - DOCUMENTOS INTERNACIONAIS - DIREITO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

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FACULDADE JK
BACHARELADO EM DIREITO
LUCILENE CARDOSO.
DOCUMENTOS INTERNACIONAIS RELACIONADOS À PROTEÇÃO DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA.
Brasília / DF
2023
LUCILENE CARDOSO.
DIREITO DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO.
SEMINÁRIO - DOCUMENTOS INTERNACIONAIS RELACIONADOS À PROTEÇÃO DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA.
Professor (a): Marcelo Thimoti da Silva.
Brasília / DF
2023
Resumo: O presente trabalho, objetiva analisar a evolução histórica do reconhecimento das crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, assim como verificar o processo de desenvolvimento legal do sistema jurídico, mormente se considerarmos as influências de políticas e sociais para a formação do conceito de direitos humanos.
O Direito da Criança e do Adolescente é um ramo autônomo da ciência jurídica, cujo tema consiste no estudo das relações jurídicas, de um lado, Estado, família e sociedade e, de outro, crianças e/ou adolescentes, tanto de forma individual ou quanto coletiva. Com isso, apresenta-se declarações, tratados internacionais, trechos da Constituição e legislação específica à proteção da criança. Para não se limitar aos conhecidos avanços normativos de proteção à infância, o texto vai além ao buscar descrever o contexto e os desafios da implementação dos direitos das crianças, para apontar, ainda que pontualmente, alguns indicadores e possibilidades à reconstrução de sentido à sociedade destes cidadãos do presente e do futuro.
Palavra-chave: Tratados internacionais relacionados à proteção da infância e da adolescência.
Sumário: 1 – Introdução. 2 – Convenção americana sobre direitos humanos – Pacto de San José da Costa Rica. 3 – Convenção americana sobre os direitos da criança. 4 – Declaração universal dos direitos humanos. 5 – Declaração Universal dos direitos da criança 1959. 6 – Declaração mundial sobre a sobrevivência, a proteção e o desenvolvimento das crianças nos anos 1990. 7 – Pacto internacional dos direitos Civis e Políticos. 8 – Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de governo – Declaração do Panamá. 9 – Normativa editada da OAE.  Conclusão. Referências.
“Eduquem as crianças e não será necessário castigar o homem”. Pitágoras
Introdução: A proteção à criança e adolescente deriva do Direito internacional dos Direitos Humanos no período pós 2ª guerra mundial. Episódios de grandes violações a direitos foram presenciados pela comunidade mundial. A sociedade internacional, visando coibir que tais acontecimentos viessem novamente a existir, uniram-se com objetivo de criar diplomas legais com a finalidade precípua de proteção e resguardo destes direitos.
É sob esta ótica de proteção de Direitos Humanos que a sociedade internacional também verificou a necessidade de uma proteção especial e integral para com as crianças e adolescentes, tendo em vista suas fragilidades e incapacidades.
Os órgãos internacionais, em função dessas fragilidades atribuídas aos infantes, editam um vasto arcabouço jurídico de tratados, pactos e diretrizes que visam resguardar e garantir direitos inerentes a este grupo da sociedade.
O trabalho em questão, tem o objetivo de apresentar alguns dos diversos diplomas legais a nível internacional que traduzem o amparo às crianças e adolescentes.
2 – CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS – PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, também conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, é um tratado internacional instituído pela Organização dos Estados Americanos em 1969. Embora instituída nesta época, somente passou a vigorar internacionalmente no ano de 1978.
A convenção estabelece uma série de direitos e liberdades fundamentais que devem ser protegidos em todos os países da América, incluindo o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, à igualdade perante a lei, à liberdade de pensamento, de consciência e de religião, entre outros. Preocupando-se em reconhecer direitos essenciais da pessoa humana e não aqueles derivados de sua nacionalidade.
 O Pacto também estabelece uma Comissão e uma Corte Interamericana de Direitos Humanos com vistas a assegurar os compromissos assumidos pelos Estados signatários, serão cumpridos. Esta corte não somente julga casos de violações a Direitos Humanos, mas também, responde a questionamentos dos Estados e edita medidas provisórias em casos de extrema urgência e risco de danos irreparáveis as pessoas.
No tocante à proteção de crianças e adolescente, o Pacto traz explicitamente quanto a uma possível submissão a censura de espetáculos públicos, restringindo-lhes o acesso em função da proteção à moral da infância e adolescência. Bem como a afirmação de que toda criança tem direito às medidas de proteção que a sua condição requer por parte da família, Estado e sociedade.
O Brasil é signatário da Convenção Americana Direitos Humanos desde 1992 e, em 1998, reconheceu a jurisdição obrigatória da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o que significa que o país se comprometeu a acatar as decisões da Corte em casos que envolvam a violação dos direitos humanos previstos na convenção.
Ainda de acordo com o que prescreve o preambulo de tal Pacto, reitera que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos.
3 - CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS DAS CRIANÇAS
Fundada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1989, a Convenção sobre Direitos da Criança é um tratado internacional que contém princípios, direitos e proteções para crianças em todo o mundo. Além disso, é um documento legal obrigatório que impõe obrigações aos Estados partes de proteger e promover os direitos da criança. Nesse sentido, reconhece que as crianças têm direitos independentemente de seus pais ou responsáveis, e que todas as partes interessadas, incluindo governos, organizações internacionais, sociedade civil e setor privado, devem respeitar, proteger e garantir esses direitos.
Por isso que, ao analisar a Convenção dos Direitos das Crianças (CIDC/1989) se reconhece que, quando comparada às outras legislações e declarações internacionais, o documento realmente resinificou diversas nuances em torno das crianças. Por exemplo, ela não só reconhece a criança (entendida até os 18 anos de idade) todos os direitos e liberdades que já estavam inscritas na Declaração dos Direitos Humanos (MARIANO e ROSEMBERG, 2010), o que já seria um bastante avanço, tendo em vista que só adultos eram considerados dignos e merecedores da liberdade.
No entanto, tal concepção de proteção não foi aceita de forma tranquila por todas as pessoas e logo foi alvo de objeções. Nos EUA, por exemplo, durante a década de 1970, existiram grupos sociais que tinham uma posição mais liberacionista quando se tratava dos direitos da criança, como mostraremos a seguir: 
 [...] Os libertadores das crianças não devem incorrer no erro de acreditar que a liberação e os direitos das crianças apresentam os mesmos objetivos. O movimento pelos direitos das crianças luta pelas crianças que aceitam sua proteção especial, como participantes desiguais da vida social. Os libertadores das crianças frequentemente parecem desejar o contrário: a liberação das crianças até mesmo da autoridade bem-intencionada dos adultos e sua exposição aos mesmos direitos e privilégios dos adultos, com base em que a proteção que a elas proporcionam, na verdade lhes extorquem muitos direitos como cidadãos
Houve também um movimento de feminismo negro nos EUA que englobou as crianças como vítimas das mazelas sociais. A militante feminista Shulamith Firestone (1976), por exemplo, na obra A dialética do sexo: um manifesto da revolução feminista10, propõe os seguintes pontos em sua ideologia revolucionária: 
1) A total autodeterminação, incluindo a independência econômica, tanto das mulheres, quanto das crianças; 
2) A total integração das mulherese das crianças em todos os níveis da sociedade; 
3) Liberdade para todas as mulheres e crianças usarem a sua sexualidade como quiserem. 
No entanto, ao contrário dos que desejam os liberacionistas, o documento traz consigo uma ênfase dada a proteção especial e ao cuidado com as crianças, tendo em vista a sua vulnerabilidade. Desse modo, ressalta a importância da família para que a criança desenvolva sua personalidade e tenha um ambiente de felicidade, amor e compreensão (VERONESE, 2013).
Portanto, a Convenção é composta por 54 artigos que fortalecem os direitos da criança em diversas áreas, como saúde, educação, proteção contra exploração e abuso, participação na vida pública e acesso à justiça. 
Reconhecendo que, em todos os países do mundo, existem crianças vivendo em condições excepcionalmente difíceis, e que essas crianças precisam de consideração especial.
Dando a devida importância às tradições e aos valores culturais de cada povo para a proteção e o desenvolvimento harmonioso da criança.
E por fim, contém disposições sobre a implementação e monitoramento dos direitos da criança para garantir sua proteção e promoção eficazes em todo o mundo.
4 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
Adotada e proclamada na Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da resolução 217 A (III), é um considerado um grande marco garantista dos Direitos Humanos, reconhecendo a dignidade da pessoa humana, o direito à vida, à liberdade, a justiça social e a paz mundial, sendo ratificada pelo Brasil.
No dia 10 de dezembro de 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) – na ocasião composta por 58 Estados-membros, entre eles o Brasil – instituiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Ela foi responsável pela mudança das primeiras palavras da Declaração, modificadas de "todos os homens nascem livres e iguais" para "todos os seres humanos nascem livres e iguais". A versão final foi entregue à Comissão de Direitos Humanos, que estava reunida em Genebra.
Esse documento foi fundamental no estabelecimento de direitos essenciais a todos os seres humanos, lutando contra quaisquer discriminações por raça, cor, gênero, idioma, nacionalidade ou outra razão.
No âmbito das crianças e adolescentes, merecem destaque os artigos XXV e XXVI, proclamando que a maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais, e ainda que todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso, A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição, dentre eles podemos citar alguns:
Artigo I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. 
Artigo II - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
Artigo III - Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
Artigo IV - Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. 
Artigo V - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, 
Segundo o Guinness Book of World Records, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento traduzido no maior número de línguas (337 em 2008). Em maio de 2009, o sítio oficial da Declaração Universal dos Direitos Humanos dava conta da existência de 360 traduções disponíveis.
5–DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA DE 1959
A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração. Estes direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer exceção, distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição econômica, nascimento ou outra condição, seja inerente à própria criança ou à sua família.
A criança gozará de proteção especial e disporá de oportunidade e serviços, a serem estabelecidos em lei por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança. Esta necessidade foi enunciada na Declaração dos Direitos da Criança em Genebra, de 1924, e reconhecida na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos estatutos das agências especializadas e organizações internacionais interessadas no bem-estar da criança, visto que a humanidade deve à criança o melhor de seus esforços,
ASSIM, A ASSEMBLÉIA GERAL 
PROCLAMA esta Declaração dos Direitos da Criança, visando que a criança tenha uma infância feliz e possa gozar, em seu próprio benefício e no da sociedade, os direitos e as liberdades aqui enunciados e apela a que os pais, os homens e as mulheres em sua qualidade de indivíduos, e as organizações voluntárias, as autoridades locais e os Governos nacionais reconheçam estes direitos e se empenhem pela sua observância mediante medidas legislativas e de outra natureza, progressivamente instituídas, de conformidade com os seguintes princípios (Citado alguns, apenas): 
Princípio 1º - A criança gozará todos os direitos enunciados nesta Declaração. Todas as crianças, absolutamente sem qualquer exceção, serão credoras destes direitos, sem distinção ou discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família.
Princípio 5º - A criança física ou mentalmente deficiente ou aquela que sofre do algum impedimento social deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que requeira o seu caso particular.
Princípio 6º - A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afeto e segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe. A sociedade e as autoridades públicas terão a obrigação de cuidar especialmente do menor abandonado ou daqueles que careçam de meios adequados de subsistência. Convém que se concedam subsídios governamentais, ou de outra espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas.
Princípio 10º - A criança gozará proteção contra atos que possam suscitar discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza. Criar-se-á num ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e de fraternidade universal e em plena consciência que seu esforço e aptidão devem ser postos a serviço de seus semelhantes.
6 – DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE A SOBREVIVÊNCIA, A PROTEÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS NO ANOS 1990
O Encontro Mundial de Cúpula pela Criança foi realizado nas Nações Unidas, em Nova lorque, no dia 30 de setembro de 1990.
Como pressuposto de tal Declaração, a ênfase está na prioridade do bem-estar das crianças, propiciando a melhoria na saúde das mães, dosfilhos, combatendo a desnutrição, o analfabetismo e a erradicação de doenças que dizimam milhares de crianças em todo o mundo.
1. Nosso objetivo como participantes do Encontro de Cúpula pela Criança é o de assumir um compromisso conjunto e fazer um veemente apelo universal: dar a cada criança um futuro melhor.
2. A criança é inocente, vulnerável e dependente. Também é curiosa, ativa e cheia de esperança. Seu universo deve ser de alegria e paz, de brincadeiras, de aprendizagem e crescimento. Seu futuro deve ser moldado pela harmonia e pela cooperação. Seu desenvolvimento deve transcorrer à medida que amplia suas perspectivas e adquire novas experiências.
3. Mas para muitas crianças a realidade da infância é muito diferente.
O artigo 20 da supracitada Declaração descreve dez pontos para a proteção da criança e para a melhoria de sua condição de vida, onde os países signatários que comprometem a executar, mas para não delongar muito o trabalho, vamos citar alguns, apenas:
1)    Trabalharemos para promover o mais rapidamente possível a ratificação e a
implementação da Convenção sobre os Direitos da Criança. Devem ser lançados em todo o mundo programas de incentivo à divulgação de informações sobre os direitos da criança, que levem em consideração os diversos valores culturais e sociais dos diferentes países.
2)    Trabalharemos em prol de um esforço consistente de ação em níveis nacional
e internacional por melhores condições de saúde da criança, pela promoção do atendimento pré-natal e pela redução da mortalidade infantil em todos os países e entre todos os povos. Promoveremos o fornecimento de água limpa a todas as comunidades, para todas as suas crianças, assim como o acesso universal ao saneamento básico.
3)    Trabalharemos por condições mais favoráveis de crescimento e de
desenvolvimento da criança, através de medidas para a erradicação da fome, da desnutrição e da inanição, minimizando, assim, o trágico sofrimento de milhões de crianças num mundo que dispõe dos meios para alimentar todos os seus cidadãos.
4)    Trabalharemos para fortalecer o papel e a condição da mulher. Promoveremos o planejamento familiar responsável, o espaçamento entre partos, o aleitamento materno e a maternidade sem riscos.
7 – PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos é um tratado internacional adotado pelas Nações Unidas em 1966. Ele estabelece direitos civis e políticos que devem ser garantidos a todas as pessoas, independentemente de raça, cor, sexo, idioma, religião ou opinião política. ou outra pessoa.
Esses direitos civis e os direitos políticos definidos na Convenção incluem o direito à vida, à liberdade e à segurança, o direito à igualdade perante a lei, o direito a um julgamento justo e imparcial, o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião, liberdade de expressão e reunião pacífica, e o direito de participar livremente na vida política do país.
Nesse sentido, os países devem garantir o pleno gozo dos direitos estabelecidos na Convenção a todas as pessoas sob sua jurisdição, sem discriminação. Por isso, também devem tomar medidas para proteger os direitos civis e políticos de todas as pessoas e prevenir a violação desses direitos. Logo, os Estados são obrigados a permitir que indivíduos e organizações apresentem denúncias sobre violações de direitos decorrentes da Convenção ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, encarregado de monitorar a implementação da Convenção pelos países que a ratificaram.
Portanto, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos é um importante tratado de direitos humanos porque estabelece padrões internacionais claros e obrigatórios para os Estados. Com isso, sua implementação ajudará a fortalecer a democracia, o estado de direito e o respeito aos direitos humanos em todo o mundo é importante que a sociedade civil e as organizações de direitos humanos continuem monitorando a implementação da Convenção nos países e pressionando-os a cumprir suas obrigações.
8 – CÚPULA IBERO-AMERICANA DE CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO – DECLARAÇÃO DO PANAMÁ – “UNIDOS PELA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA, BASE DA JUSTIÇA E DA EQUIDADE NO NOVO MILÊNIO”.
Os Chefes de Estado e de Governo dos 21 países Ibero-americanos, reunidos na Cidade do Panamá, República do Panamá, nos dias 17 e 18 de novembro de 2000; convencidos de que para conseguir um desenvolvimento humano sustentável, a consolidação democrática, a equidade e a justiça social, e com base nos princípios de universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, é de importância estratégica dedicar especial atenção à infância e à adolescência, decidimos, mais uma vez, examinar em conjunto, a situação das crianças e adolescentes de Ibero-américa com o propósito de formular políticas e promover programas e ações que garantam o respeito dos seus direitos, seu bem-estar e desenvolvimento integral.
São vários princípios e garantias enumeradas, dentre as principais, destaca-se: tratamento com equidade e justiça social, educação integral, significativa e respeitosa da diversidade linguística, étnica, cultural e de equidade de gênero, que apoie o desenvolvimento humano e individual, acesso à educação infantil e ao ensino fundamental gratuito e obrigatório, apoiado nos princípios de não discriminação, equidade, pertinência, de qualidade e eficácia, fortalecer, em cada país, os programas de segurança alimentar, incluindo os que se levam a cabo nas escolas, acompanhando-os de campanhas de difusão e de educação em matéria de nutrição, com especial ênfase em lactantes, crianças pequenas e mulheres grávidas, incorporar nos sistemas educativos, escolar e não escolar, programas de educação sexual, com a participação da família e da comunidade, que fomentem comportamentos sexuais responsáveis, incluindo a paternidade e maternidade responsáveis, a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez precoce e a paternidade precoce, fomentar a adoção de medidas dirigidas às crianças e adolescentes com deficiências, tais como programas de reabilitação e de educação, deste modo, difundir maior informação sobre as políticas de adoção e as campanhas a favor das crianças que trabalham ou vivem na rua.
Concluindo, nas palavras de Ferrandin, “…louvável a iniciativa dos países que formularam a Declaração do Panamá, não somente por tutelar os direitos das crianças e dos adolescentes com políticas promissoras (sem efeito instantâneo e transitório), mas também, e principalmente, por resguardar o bem-estar socioeconômico das gerações supervenientes.
9 – NORMATIVA EDITADA DA OAE – ORGANIZAÇÃO DE ESTADOS AMERICANOS
A Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização internacional criada pelos Estados do Continente americano[1] a fim de conseguir uma ordem de paz e de justiça, promover sua solidariedade e defender sua soberania, sua integridade territorial e sua independência (artigo 1 da Carta da OEA).  A OEA é um organismo regional do tipo a que se refere o artigo 52 da Carta das Nações Unidas.
 A Carta da OEA foi aprovada pela Nona Conferência Internacional Americana, realizada em Bogotá no início de 1948.  Ela foi reformada em 1967 pela Terceira Conferência Interamericana Extraordinária, realizada em Buenos Aires e em 1985, mediante o "Protocolo de Cartagena das Índias", assinado no Décimo Quarto Período Extraordinário de Sessões da Assembléia Geral.  O Protocolo de Washington (1992) introduziu modificações adicionais, que dispõem que um dos propósitos fundamentais da OEA é promover, mediante a ação cooperativa, o desenvolvimento econômico, social e cultural dos Estados membros e ajudar a erradicar a pobreza extrema no Hemisfério.  Além disso, mediante o Protocolo de Manágua (1993), que entrou em vigor em janeiro de 1996, com a ratificação de dois terços dos Estados membros, foi estabelecido o Conselho Interamericano de Desenvolvimento Integral.
Mas, no dia 04/11/2020 – A IN RFB nº 1985/2020 foi revogado seis instruções normativas anteriores e passa a ser a novalegislação de regência do programa OEA, com vigência a partir de 1º de dezembro.
E, publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) do dia 29 de outubro, a Instrução Normativa RFB nº 1985/2020 consolida todas as normas referentes ao Programa OEA. Além de agrupar e sistematizar as normas que tratam sobre o Programa OEA, a nova Instrução Normativa adaptou a terminologia e os procedimentos a relevantes tratados internacionais recentemente ratificados pelo Brasil: a Convenção de Quioto Revisada, da Organização Mundial das Aduanas (CQR/OMA), e o Acordo sobre a Facilitação do Comércio, da Organização Mundial do Comércio (AFC/OMC).
A terminologia aduaneira uniformizada, facilitando a compreensão internacional de institutos aduaneiros, e os procedimentos cada vez mais informatizados, e menos burocratizados, objetivam a inserção do Brasil no cenário de países adaptados às melhores práticas aduaneiras internacionais.
A nova IN também modifica o procedimento para interposição de recurso contra indeferimento de certificação. Foram estabelecidos novos prazos e introduzidas novas instâncias. Agora, a partir da ciência do indeferimento, o interveniente tem 10 dias para apresentar recurso ao chefe da Equipe OEA responsável pela análise do requerimento. Não havendo reconsideração em até 5 dias, o recurso é encaminhado ao titular da respectiva unidade da RFB para decisão. Por fim, da decisão do titular da unidade cabe recurso, no prazo de 10 dias, para o chefe do Centro Nacional de Operadores Econômicos Autorizados (CeOEA), que decidirá a questão de forma definitiva.
Fica claro então que, embora diferente no aspecto formal, a IN RFB nº 1985/2020 não trouxe alterações materiais significativas.
Os anexos da IN RFB nº 1598/2015 foram reeditados por meio da Portaria Coana nº 77, de 11 de novembro de 2020, publicada no D.O.U. do dia 19 de novembro, com o mesmo conteúdo atual. Portanto, os intervenientes ora em processo de certificação e os operadores em revisão de certificação podem continuar a trabalhar com base nos textos desses anexos. Conforme retificação publicada no D.O.U. em 11 de novembro, a IN RFB nº 1985/2020 entrará em vigor no dia 1º de dezembro, juntamente com a Portaria Coana.
Uma importante modificação de conteúdo, com impacto nos requisitos para certificação/revalidação e no Questionário de Auto avaliação, está na fase de coleta de contribuições do setor privado, com intermediação do Fórum Consultivo OEA. Os novos textos devem ser publicados no próximo ano, com a concessão de prazo adequado para as adaptações necessárias por parte dos intervenientes certificados e em certificação, e efetiva vigência a partir de 2022.
CONCLUSÃO:
Ao tratamos sobre os direitos da criança e do adolescente, tivemos a oportunidade de observar toda evolução da arquitetura humana em prol da construção da cidadania, bem como os direitos fundamentais que a concretizam. Em especial, apresentamos a criança como sujeito de direitos no âmbito nacional e internacional, descrevendo os deveres do Estado e dos instrumentos internacional que tornam o pleno desenvolvimento dos mesmos possíveis. 
A população infantil e adolescente constitui uma faixa etária que, pela sua própria natureza, é particularmente afetada pelos fatores socioeconômicos negativos, sobre os quais é necessário atuar com firmeza, a fim de evitar ou reduzir de modo sensível os efeitos perturbadores do enfraquecimento dos laços sócio familiares, causa de situações irregulares, tais como o abandono familiar, a paternidade irresponsável e os conflitos da lei. 
As garantias e prerrogativas inerentes à criança e adolescente, seja ela infratora ou não, só será devidamente efetivada a partir do momento em que os Órgão internacionais e as leis ratificadas pelas legislações nacionais foram integralmente priorizadas e cumpridas. 
Além disto, no presente trabalho, também buscou-se analisar casos julgados pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com o objetivo de ilustrar que ainda há muito a ser feito para que seja garantido o pleno desenvolvimento social e emocional dos jovens. Isto posto, restou evidenciado o fato de que família e Estado são responsáveis por nossas crianças e adolescentes, tendo a sociedade e o Estado como garantidores dos direitos e garantias fundamentais constitucionalmente previstos a esses jovens.
[...] Assim, o ECA estabelece que “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”. (BRASIL, 1990).
REFERÊNCIAS:
AGÊNCIA UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância, disponível em
https://www.unicef.org/brazil/historia-dos-direitos-da-crianca. Acesso em: 06.out.2022.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069/90. São Paulo, Atlas, 1991.
BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jul. 1990. 
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Brasília, DF, 16 jul. 1990, disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 01. nov. 2022.
BRASIL. Decreto nº 5.007 de 2004 (Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança referente à venda de crianças, à prostituição infantil e à pornografia infantil). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5007.htm Acesso em: 01. dez. 2022.
ONU - Organização das Nações Unidas: Comissão dos Direitos da Criança. OHCHR,s/d. Disponível em https://www.ohchr.org/en/hrbodies/crc/pages/crcindex.aspx. Acesso em: 03.ago.2022.
LIMA,Renata Mantovani. A Evolução Histórica dos Direitos da Criança e do Adolescente: da insignificância jurídica e social ao reconhecimento de direitos e garantias fundamentais. Revista Brasileira de Políticas Públicas, volume 7. 2017.
OIT - Organização Internacional do Trabalho - Trabalho Infantil. 2021. Disponível em https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-infantil/lang--pt/index.htm. Acesso em: 26.out.2022.

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