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Bullying nas Escolas: Prevenção e Intervenção

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Bullying nas escolas
Apresentação
Um considerável número de indivíduos em idade escolar são vítimas de bullying. Constata-se que 
tal prática acomete crianças, adolescentes e jovens com características específicas, tais como traços 
físicos ou comportamentais, algo incompatível com um ambiente educacional pensado para acolher 
as diversidades. Esta Unidade de Aprendizagem versará sobre o tema, apontando modos possíveis 
de reverter este quadro que gera um considerável stress nos diversos setores educacionais. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar a origem e a aplicabilidade do conceito de bullying.•
Reconhecer os mecanismos relacionados à prática do bullying no contexto escolar.•
Desenvolver ações pedagógicas capazes de inibir o bullying, promovendo uma mudança de 
atitude, em especial, junto aos alunos diretamente envolvidos com tal prática.
•
Desafio
Você sabe o que é bullying? O bullying se define como um comportamento recorrente, verbal ou 
físico, com o qual um perpetrador tem a intenção de incomodar um ou mais indivíduos. Em geral, 
esta vítima apresenta algum traço característico específico como a pertença a uma determinada 
religião ou etnia, traços físicos relacionados como estatura e peso, ou é alguém com temperamento 
bastante tímido. Na maior parte dos casos, a vítima se demonstra inapta para se defender das 
investidas do perpetrador do bullying.
A educadora Cleó Fante afirma tratar-se de uma das formas de violência que mais cresce no 
mundo. O sofrimento imposto às vítimas gera desde isolamento e queda do rendimento escolar até 
alterações do estado emocional que podem ter consequências trágicas. Todavia, quando o bullying 
ocorre no ambiente escolar, dificilmente este tipo de violência não se torna algo conhecido ou 
testemunhado por outros alunos. Mas, afinal, por que muitos não tomam partido da vítima e saem 
em sua defesa?
Seu desafio consiste em apresentar estratégias para a redução do bullying em uma dada escola. 
Apresente alternativas e sugestões para o empenho de um professor na tentativa de reduzir o 
bullying. Lembre-se de que algumas alternativas deverão envolver diretamente os alunos, que mais 
facilmente conhecem tanto vítimas como possíveis agressores.
Infográfico
O infográfico a seguir apresenta um esquema contendo os principais elementos envolvidos na 
prática do bullying.
Conteúdo do livro
O conhecimento de caraterísticas presentes no bullying é uma arma eficaz que nos permite pensar 
em formas de inibir este tipo de violência. O trecho selecionado do livro A formação de 
professores e seus desafios frente às mudanças sociais, políticas e tecnológicas, organizado por 
Cláudia da Mota Darós Parente, Luiza Elena L. Ribeiro do Valle e Maria José Viana Marinho de 
Mattos, nos informa sobre os diversos fatores ligados ao bullying, partindo de uma pesquisa de 
campo realizada em Aracaju (SE). A chave de leitura para pesquisas como esta é considerá-las uma 
exemplificação que nos ajuda a delimitar os traços do problema estudado. Isto facilita e 
contextualiza o estudo das teorias e propostas feitas pelos especialistas. Confira:
F723 A formação de professores e seus desafios frente às mudanças
 sociais, políticas e tecnológicas [recurso eletrônico] / 
 Organizadoras, Cláudia da Mota Darós Parente, Luiza Elena
 L. Ribeiro do Valle, Maria José Viana Marinho de Mattos. – 
 Porto Alegre : Penso, 2015.
 Editado também como livro impresso em 2015.
 ISBN 978-85-8429-013-0
 1. Docência – Formação. 2. Docência - Qualificação . I. Parente, 
Cláudia da Mota Darós. II. Valle, Luiza Elena L. Ribeiro. III. Mattos, 
Maria José Viana Marinho de.
CDU 377.8
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
Este capítulo discutirá a ocorrência do bullying nas escolas públicas e 
como os profissionais da educação, mais especificamente os professores, po-
dem lidar com essa problemática. Os dados apresentados fazem menção à rea-
lidade em Aracaju (SE) e, desta forma, deverão ser lidos como uma exemplifi-
cação, e não como uma realidade aplicável a todos os contextos, já que cada 
localidade tem sua peculiaridade, que deve ser considerada. 
No planejamento de uma intervenção, além da clareza sobre qual o 
objetivo que se tem em uma pesquisa, é de suma importância o conhecimento 
sobre “o que” se está investigando, portanto, este capítulo está organizado da 
seguinte forma: conceituação do bullying, dados empíricos obtidos na pesquisa 
e, por fim, considerações de como os dados podem orientar futuras inter venções, 
destacando o papel da formação e atuação do professor nesse processo. Sendo 
assim, uma intervenção não pode ser pensada sem nenhum conhecimento da 
realidade, portanto, faz-se necessária não apenas a prática empírica, mas tam-
bém o estudo teórico acerca da problemática. Desta forma, para o planejamen-
to da pesquisa e da posterior intervenção, é de suma importância o conheci-
mento do fenômeno não se deixando levar por modismos e verificando se há, 
realmente, relevância local para a temática. 
Devido a essa necessidade e relevância de se explanar sobre a temática, 
é importante delimitar o tipo específico de violência que se está abordando. 
Para isso, volta-se à leitura da atualidade, na qual uma nova configuração rege 
Bullying nas escolas: 
conhecer para intervir
Jackeline Maria de Souza
Joilson Pereira da Silva
10
A	formação	de	professores	e	seus	desafios	frente	às	mudanças	sociais,	políticas	e	tecnológicas 145
o comportamento em sociedade e dá visibilidade a uma violência denominada 
bullying. Sendo um tema ainda pouco explorado no contexto brasileiro e que 
tem sua relevância justificada pelo momento histórico-cultural no qual as pes-
soas se incomodam com o problema, tirando-o do patamar de “normalidade”, 
essa temática assume para si um conceito próprio e passa a ser vista não mais 
como algo naturalizado e aceitável, mas como um problema social que produz 
sofrimento e interfere na qualidade de vida das pessoas.
Tendo em vista a dificuldade de encontrar uma palavra nas diferentes 
línguas que representasse o que a comunidade científica vem chamando de 
bullying, optou-se por adotar esse termo inglês em todo o mundo, facilitando a 
comunicação entre os pesquisadores. Entretanto, na língua portuguesa algu-
mas palavras ainda são adotadas como sinônimos, a saber: maus-tratos, viti-
mização, intimidação, agressividade e violência entre pares (FRANCISCO; LI-
BÓRIO, 2009). Porém, dada a justificativa anterior, na pesquisa em evidência, 
o termo é adotado na forma original do inglês, bullying. 
Embora os estudos acerca do bullying tenham iniciado nas décadas de 1960 
e 1970, na Escandinávia, e tenha tomado proporções mundiais nas décadas de 
1980 e 1990, esse fato somente mobilizou a opinião pública, chamando a atenção 
dos pais e educadores, quando passou a estar associado a casos de suicídios devido 
ao sofrimento gerado pela experiência de vitimização (ANTUNES, 2010). Sendo 
assim, o bullying pode ser considerado um fenômeno ao mesmo tempo novo 
e antigo. Novo, na medida em que recebe uma nomenclatura própria, passan-
do a ser estudado somente recentemente; antigo, em virtude que, desde sem-
pre, pôde ser observado na história das relações escolares entre pares. Além 
disso, pode ser considerado mundial, uma vez que sua incidência é observada 
em todos os países nos quais já foram realizadas pesquisas, independente-
mente de etnia, cultura e condições econômicas (FANTE, 2005). O bullying 
também é observado em diversas faixas etárias e instituições públicas e parti-
culares (CALBO, 2009). 
O bullying, considerado um estressor social crônico (CALBO, 2009), 
de acordo com Olweus (1993, apud ANTUNES, 2010), seria definido a partir 
da repetição de ações negativas de um aluno, ou grupo, em direção a outro. 
Essasações negativas podem ser compreendidas como aqueles atos de inco-
modar ou praticar atos violentos contra o outro. Seria o que os demais auto-
res consideram como comportamento agressivo, contudo, com algumas es-
pecificidades.
Em síntese e em concordância com a perspectiva já apresentada, Musi-
tu, Estévez e Jiménez (2009) esquematizam as características básicas do bullying 
146 Parente, Valle e Mattos (orgs.)
como: a intencionalidade do dano por parte do autor (comumente chamado 
de agressor); as intimidações de ordem física, verbal e/ou psicológica; a perio-
dicidade dos atos violentos; a produção de um efeito negativo para a vítima; o 
autor recebe apoio de um grupo; o alvo, ou a vítima, além de não ter provoca-
do essa conduta agressiva, encontra-se indefeso; e a presença de uma relação 
hierárquica de dominação e submissão entre autor e alvo.
Além desses critérios já comumente observados na literatura citada, ou-
tro fator adotado neste estudo pode ser importante para a compreensão e clas-
sificação de um comportamento como bullying: a ocorrência entre sujeitos que 
ocupam uma mesma posição hierárquica, isto é, entre pares. Neste sentido, 
não seria possível falar em bullying entre professor(a)-aluno(a) ou pais-filhos(as), 
mas sim entre aluno(a)-aluno(a), professor(a)-professor(a), ir mã(o)-irmã(o). Esse 
critério também almeja diferenciar esse conceito de outros já utilizados no meio 
científico, como o assédio, já que este pode se assemelhar ao bullying, caso esse 
critério não seja utilizado.
A importância dos estudos e das intervenções nesse campo está para 
além dos prejuízos à estrutura formal do meio escolar, também representan-
do uma ameaça ao bem-estar dos alunos e professores, uma vez que o am-
biente de violência afeta não apenas os sujeitos diretamente envolvidos, mas 
todos que estão a sua volta. Essas consequências podem surgir em curto pra-
zo – como baixo rendimento escolar, diminuição na qualidade de vida e sin-
tomas psicossomáticos – ou longo prazo, como baixa autoestima, depressão e 
dificuldade em estabelecer relações interpessoais (LOPES NETO, 2005). 
Quanto à disseminação da violência escolar e do bullying, Abramovay e 
Rua (2002) observam que esta pode ser compreendida a partir da ação de fato-
res que podem ser classificados como exógenos e/ou endógenos. As questões 
exógenas, como o próprio nome sugere, fazem menção a elementos que estão 
para além da dinâmica escolar, por exemplo, as questões de gênero, as relações 
raciais, as dinâmicas familiares e os demais arranjos sociais. Os fatores endó-
genos, por sua vez, correspondem a elementos diretamente relacionados à es-
cola, à série, ao sistema disciplinar e punitivo, bem como à qualidade do ensi-
no e outros. Desta forma, ao se elaborar um projeto de investigação e inter-
venção, deve-se pensar em todas essas variáveis. Esses indícios podem ser le-
vantados na literatura científica, em estudos-piloto de natureza qualitativa e 
instrumentos abertos, ou ainda conversando com alguns informantes que te-
nham aproximação com a temática ou com a localidade. 
A	formação	de	professores	e	seus	desafios	frente	às	mudanças	sociais,	políticas	e	tecnológicas 147
dados eMpÍ
Neste estudo, teve-se como objetivo geral analisar a ocorrência do 
bullying em escolas públicas estaduais de Aracaju (SE). Para tanto, participa-
ram 808 adolescentes com idade média de 14,9 anos (DP = 1,98) e estudantes 
de nove escolas de médio e grande porte. Dentre estes, a maioria é do sexo fe-
minino (57%), sendo 52% pardos e 93% tendo afirmado pertencer a algu- 
ma religião.
Para atingir o objetivo proposto, foram aplicados questionários fecha-
dos e sem identificação. Esse questionário de bullying foi uma adaptação do 
instrumento adotado por Bandeira (2009). O instrumento continha 16 ques-
tões de múltipla escolha, podendo, em alguns itens, ser escolhida mais de uma 
alternativa. Esse instrumento possibilitou conhecer os papéis de bullying (clas-
sificando, a partir da autoidentificação, os participantes em alvo, autor, alvo/
autor ou testemunhas), a frequência com que ocorre essa agressão, a motiva-
ção, bem como os pensamentos e sentimentos que ocorriam.
O procedimento de coleta de dados ocorreu nas escolas de forma co-
letiva e durante um período da aula cedido pelo professor. A coleta foi divi-
dida em duas etapas: (1) entrega dos Termos de Consentimento Livre e Es-
clarecido (TCLE) aos alunos e explanação sobre os objetivos da pesquisa e 
em que consistiriam as suas participações; (2) no dia seguinte, os TCLE assi-
nados pelos responsáveis eram recolhidos e o questionário aplicado. O trata-
mento dos dados deu-se de modo quantitativo a partir de análises estatísti-
cas com o software SPSS-19.
O primeiro passo foi verificar a ocorrência ou não do fenômeno em 
questão. Para isso, foi utilizada como critério a autodefinição por parte dos 
adolescentes. Com base na literatura, os sujeitos foram classificados em quatro 
grupos: autor (agressor), alvo (vítima), alvo/autor (sujeitos que a depender da 
relação ocupa a posição de autor e alvo de bullying) e testemunha (alunos que 
somente observam o bullying, sem se envolver diretamente).
No caso de Aracaju, entre os participantes, 32% se definiram como alvo 
de bullying; 12%, autor; 22%, alvo/autor; e 34%, somente testemunha. Como já 
verificado em outros estudos, a distribuição entre esses grupos é diferente en-
tre os sexos, sendo o percentual de alvos maior entre as meninas (36,3%) se 
comparado aos meninos (26,2%). Os meninos tiveram uma maior representa-
ção no papel de autor e alvo/autor, sendo esse percentual significativamente 
inferior entre as meninas, conforme demonstrado na Tabela 10.1.
Ricos
148 Parente, Valle e Mattos (orgs.)
Tabela 10.1 Distribuição dos grupos de acordo com os papéis assumidos 
nas relações de bullying em função do gênero
Grupos de análise
Meninos Meninas
N % N %
Alvos 92 26,2 166 36,3
Autores 65 18,5 35 7,7
Alvos/autores 89 25,4 88 19,3
Testemunhas 105 29,9 168 36,7
Total 351 100 457 100
Buscando caracterizar o bullying ocorrido nas escolas públicas estaduais 
da cidade de Aracaju, questionaram-se aos participantes-alvo quanto ao tipo de 
bullying mais comumente usado contra eles. Segundo esses jovens, o tipo mais 
frequente é o verbal, exemplificado a partir de apelidos e xingamentos – ocorri-
dos em 70% dos casos. Os demais tipos de bullying sinalizados foram calúnia, 
como inventar mentiras ou fazer fofocas com a intenção de que outras pessoas 
não gostem do alvo (23%), ameaças (8%), agressão física (7%), exclusão, como 
não permitir que o adolescente participe de conversas e atividades (2%), dano 
material, como pegar ou quebrar objetos pertencidos às vítimas (2%). É impor-
tante sinalizar que os participantes podiam assinalar mais de um tipo de bullying 
ocorrido, o que justifica o somatório da porcentagem ser superior a 100%.
De acordo com esses tipos de bullying, foi observada, em algumas cate-
gorias, uma diferenciação entre os sexos. Por exemplo, a violência material só 
foi observada entre as meninas, não havendo nenhum caso relatado entre os 
meninos. Já nos casos de bullying de agressão física e ameaça, o número de 
meninos envolvidos foi significativamente superior ao das meninas, sendo 
14% em ambos os casos para os meninos, e 4%, também nos dois casos, para 
as meninas.
Acerca da percepção do alvo sobre a motivação para a realização do 
bullying, 66,6% afirmaram que esta se dá em virtude de alguma característica fe-
notípica. Em seguida, foram mencionados racismo (10,1%), ofensas de cunho 
homofóbico (9,3%), religião (6,2%) e outros (7,8%). Porém, quando esse dado 
foi analisado, diferenciando homens e mulheres, observou-se uma mudança nas 
ordens de frequência. A aparência física continua sendo a motivação mais fre-
quente, contudo, entre os meninos, a segunda opção mais frequente foram as 
ofensas de cunho homofóbico, enquanto para as meninas foi o racismo. Ressal-
ta-se que, em relação ao racismo, o número foi bemsemelhante entre os gêne-
ros. Já a homofobia não aparece com muita frequência entre as meninas.
A	formação	de	professores	e	seus	desafios	frente	às	mudanças	sociais,	políticas	e	tecnológicas 149
Sobre a percepção de testemunhas defensoras e a eficácia dessa defesa, 
a maioria dos alvos (63%) afirmou que os amigos a defenderam do bullying 
e, nesses casos, em grande parte o bullying foi cessado (29%). Em oposição, 
37% dos participantes afirmaram que não houve defesa por parte dos ami-
gos; nesses casos, em 25% os amigos sabiam da ocorrência da agressão. Já 
em 12% os amigos desconheciam que o amigo estava sendo alvo de bullying 
(Tab. 10.2). 
Tabela 10.2 Percepção de testemunhas defensoras e eficácia da defesa
Conteúdo Frequência %
Houve defesa, mas o bullying continuou 44 17
Houve defesa e o bullying diminuiu 44 17
Houve defesa e o bullying cessou 74 29
Não houve defesa, pois os amigos não sabiam do bullying 31 12
Não houve defesa, mas os amigos sabiam do bullying 65 25
Total 258 100
Quanto à justificativa para sofrer bullying, a resposta mais frequente dos 
alvos (40%) foi que esta ocorria como um tipo de brincadeira. Um percentual 
próximo de sujeitos respondeu não saber o porquê (32%). As demais respostas 
foram: em virtude de ele (o alvo) ser diferente (11%); outras razões não expli-
citadas na pergunta (11%); porque os autores são mais fortes (5%); e porque o 
sujeito-alvo provocou o autor (1%).
Quanto ao sentimento e o pensamento vivenciado no momento de fa-
zer o bullying, os jovens autores da agressão afirmam ter sido engraçado (38%), 
seguido de 19% que afirmaram ter se sentido mal. Houve também aqueles que 
alegaram se sentir bem ao fazer o bullying, representando 4% dos autores. Mais 
uma vez, houve diferenças quanto às respostas apresentadas por jovens do gê-
nero masculino e feminino. Aproximadamente o dobro das meninas (14,3%), 
se comparadas aos meninos (7,7%), afirmaram que praticaram bullying porque 
acharam que fariam o mesmo com elas. Já os garotos exerceram em maior 
quantidade que as meninas, sob a justificativa de que os alvos mereciam casti-
go (7,7 e 2,9%, respectivamente). Embora os meninos pratiquem mais bullying, 
estes costumam relatar com maior frequência que se sentem mal nessa situa-
ção (21,5%) do que as meninas (14,3%) (Tab. 10.3).
150 Parente, Valle e Mattos (orgs.)
Tabela 10.3 Sentimentos e pensamentos descritos pelos autores de bullying 
ao desenvolver tal prática
Respostas Total
% (N)
Meninos
% (N)
Meninas
% (N)
Não sentiu nada
Sentiu-se bem
10 (10)
4 (4)
9,2 (6)
4,6 (3)
11,3(4)
2,9 (1)
Sentiu-se mal
Sentiu pena do colega
Achou engraçado
19 (19)
10 (10)
38 (38)
21,5 (14)
7,7 (5)
38,5 (25)
14,3 (5)
14,3 (5)
37,1 (13)
Os alvos mereciam castigo 6 (6) 7,7 (5) 2,9 (1)
Achou que fariam o mesmo com ele(a)
Preocupou-se que algum adulto 
descobrisse
10 (10)
3 (3)
7,7 (5)
3,1 (2)
14,3 (5)
2,9 (1)
Total 100 (100) 100 (65) 100 (35)
Sobre o comportamento das testemunhas de bullying, estes apresenta-
ram as seguintes respostas: pediu para que agressores parassem – 45,9%; se 
sentiu mal – 47,8%; ficou com pena do alvo – 51,8%; teve medo que isso pu-
desse acontecer consigo – 24,8%; solicitou ajuda a algum professor ou funcio-
nário da escola – 20,4%. Vale ressaltar que, entre os participantes que respon-
deram, não ter se incomodado com a situação de bullying (2,5%), todos eram 
do gênero masculino, não sendo relatado o incômodo por nenhuma partici-
pante do gênero feminino. Já as meninas apresentaram maior medo de se tor-
narem alvo de bullying, 33,3% dos casos, enquanto a frequência dessa resposta 
entre os meninos foi de 16,3%.
Resultados de pesquisas coMo fonte paRa inteRvenção
O primeiro dado analisado na pesquisa foi a categorização dos partici-
pantes segundo os papéis de bullying. Esse dado inicial é de suma importância 
para verificar como o fenômeno se organiza entre os participantes, afirmando ou 
negando a existência do fenômeno investigado. Dessa forma, antes de verificar 
do “como”, deve-se atentar para o fato do problema estar ou não presente.
Assim como já observado na literatura, na amostra coletada em Araca-
ju, a maioria dos participantes se define como testemunhas de bullying, repre-
sentando 34% do total. Uma porcentagem semelhante considera-se alvo (32%), 
sendo um número superior aos observados em outros estudos. Embora outras 
pesquisas possam orientar os professores quanto a uma intervenção, verifica-
se que há diferenças entre os estudos. Comparando dados de 2007 (ABRAPIA, 
2007) e 2009 (BANDEIRA, 2009), por exemplo, pode-se observar um aumen-
A	formação	de	professores	e	seus	desafios	frente	às	mudanças	sociais,	políticas	e	tecnológicas 151
to ao longo dos anos na porcentagem da vitimização, o que pode ser compreen-
dido por diversos fatores, tais como: o fato de as pesquisas terem sido realiza-
das em localidades diferentes; o instrumento utilizado; os procedimentos dife-
rentes na coleta de dados; e como cada pesquisador buscou assegurar o que os 
alunos estavam compreendendo por bullying. 
Porém, essas justificativas não descartam a possibilidade de que real-
mente a violência nas escolas venha aumentando, ou que esteja sendo mais 
notada, já que ações antes denominadas de “brincadeiras” podem, nesse mo-
mento, ser percebidas como agressão, considerando, também, que a temática é 
mais comumente abordada do que há anos. Em suma, essa diferença nos re-
sultados pode ser explicada pela cultura local, pelo intervalo de tempo entre as 
pesquisas – o que pode indicar uma mudança de comportamento nos últimos 
anos, uma vez que o bullying atualmente é uma temática mais conhecida – ou, 
ainda, pelos métodos adotados nas coletas de dados, que podem ter interferi-
do na forma como os entrevistados compreendiam essa prática. Portanto, além 
de essas pesquisas terem ocorrido em locais diferentes, também deve-se consi-
derar a fragilidade do que está sendo entendido como bullying, podendo ter 
sido um fator diferencial para os participantes, o que vem a dificultar a com-
paração entre as mesmas.
Ainda a respeito da distribuição dos participantes nos papéis de 
bullying, em conformidade com outras pesquisas, o menor grupo é composto 
pelos sujeitos que se assumiram a autoria de bullying (12%). Essa menor repre-
sentativa é observada em outras investigações, não havendo grande diferença 
nessa representatividade (BANDEIRA, 2009; ABRAPIA, 2007; FANTE, 2005). 
Ressalta-se que a desejabilidade social e o “politicamente correto” tentaram ser 
controlados em todos os estudos mencionados a partir da aplicação de ques-
tionários não identificados. 
Essa estratégia de questionário não identificado é bastante útil para o con-
texto escolar, na medida em que os alunos podem se sentir intimidados pelos 
profissionais. Assim, quando em questionários anônimos, estes se sentiram mais 
livres para declarar a sua percepção, e não o que imaginam que os pesquisadores 
desejam ouvir. Desta forma, esse método pode ser pensado para temas em que a 
desejabilidade social tenha maior influência, e o “politicamente correto” controle 
as respostas dos participantes. Caso métodos como entrevistas e grupos focais 
sejam avaliados como mais vantajosos, destaca-se o cuidado na escolha do pes-
quisador, pois esta pode impactar diretamente no resultado da pesquisa. 
Destaca-se que a porcentagem de alunos que afirmaram ser alvos/auto-
res foi superior aos que se identificam somente como autores (22 e 12%, res-
pectivamente). Esse dado pode estar sinalizando uma autoria que é oriunda de 
152 Parente, Valle e Mattos (orgs.)
uma vitimização anterior, na qual se busca um alvo em uma posição de poder 
inferior para dirigir a agressividade que não pode ser revertida no autor, le-
vando a uma cadeia de violência entre os pares na escola. 
Somando a porcentagem de adolescentes que vivenciam diretamente 
a situação de bullying, observa-se que mais da metade dos adolescentes (66% 
dos estudantes) se relacionam entre os pares por meio dessa situaçãode vio-
lência. Essa é uma representação considerada bastante alta e demanda dos 
profissionais da área e dos pais um posicionamento em torno da problemáti-
ca, uma vez que ela traz consigo diversas consequências negativas para todos 
os envolvidos. 
Além disso, vale ressaltar o cuidado na classificação de um comporta-
mento como bullying, já que a mera presença da agressão física e/ou verbal 
não é suficiente para fornecer esses dados, fazendo-se necessário o cumpri-
mento de todas aquelas características que formam o conceito, diferenciando, 
portanto, a incidência de agressão/violência e da de bullying. Essa análise é im-
portante por trazer diferenças nos números encontrados, como em um estudo 
realizado em Portugal (PEREIRA; SILVA; NUNES, 2009), que revelou o per-
centual de que 47% das crianças investigadas já foram alvos de violência na es-
cola. Quando utilizado o critério da periodicidade para definir esses conceitos, 
esse número reduz para 24% de casos, que, embora seja um número elevado, 
se diferencia bastante do anterior.
Outro ponto importante, ao se pensar em uma intervenção, diz respeito 
ao público. Na presente pesquisa, como todos os participantes eram adoles-
centes, a idade não foi uma variável que produziu diferença, contudo, esta foi 
observada a partir do gênero.
Ainda em relação aos grupos de bullying, observa-se uma diferença na 
distribuição de gênero. De forma estatisticamente significativa, constata-se 
que o grupo formado por autores de bullying é, em sua maioria, do sexo 
masculino. Esses dados confirmam o que já vem sendo discutido na literatu-
ra (NATVIG; ALBREKTSEN; QVARNSTROM, 2001; CATINI, 2004; BAN-
DEIRA, 2009; CALBO, 2009). Essa mesma literatura afirma que os meninos 
são mais propensos a se envolverem nas cenas de bullying em todos os pa-
péis, o que não foi observado na presente pesquisa, já que, comparando a 
porcentagem de vitimização em ambos os gêneros, observa-se, em Aracaju, 
uma maior vitimização entre as meninas. Em concordância com esse dado, 
em uma pesquisa realizada por Carrera, DePalma e Lameira (2011), notou- 
-se que as meninas são igualmente ou mais suscetíveis a ser envolverem 
como alvos, enquanto os meninos são mais propensos a participar como au-
tores ou alvos/autores.
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Além das diferenças regionais, temporais e metodológicas já comenta-
das, a maior vitimização feminina pode estar associada ao tipo de bullying, neste 
caso o verbal, mais utilizado e mais recorrente entre as meninas (MAHAN et al., 
2006), enquanto os meninos tendem a utilizar a agressão física, tipo menos co-
mum para as meninas. 
O comportamento de bullying, embora sempre muito associado aos 
xingamentos e apelidos, pode ser de ordem tanto verbal quanto física. Segun-
do a literatura, a agressão física é mais comum entre estudantes dos anos ini-
ciais do ensino fundamental, ou seja, entre crianças; entre os adolescentes 
as intimidações e violências verbais são mais presentes, como insultos e humi-
lhações, conforme identificado na presente pesquisa (MUSITU; ESTÉVEZ; 
JIMÉNEZ, 2009).
Além da ocorrência, Natvig, Albrektsen e Qvarnstrom (2001) já destaca-
vam que a diferença entre os gêneros em relação ao bullying está para além dos fa-
tores citados. A partir dos dados observados nessa pesquisa, acrescenta-se, ainda, 
a diferenciação em relação aos pensamentos e sentimentos que essa violência gera 
nos diferentes gêneros, por exemplo: no grupo de autores, os meninos diferiram 
das meninas ao afirmar se sentirem mal nessa situação e fazer o bullying porque os 
alvos mereciam um castigo; enquanto as meninas tenderam mais a justificar sua 
autoria sob a alegação de que acharam que fariam o mesmo com elas. Contudo, 
essa afirmação muda quando se compara entre os grupos de alvos/autores. Entre 
esses participantes, os meninos afirmaram não sentir nada ao praticar o bullying, 
já as meninas relataram sentirem-se mal.
Desta forma, percebe-se que os trabalhos que buscam intervir nessa si-
tuação e elaborar programas antibullying devem levar em consideração as dife-
renças de gênero e produzir intervenções mais adequadas à realidade. Essa di-
ferenciação chama a atenção para a não homogeneidade desse fenômeno, que 
é consequência da não homogeneizição da categoria de adolescentes. Há uma 
construção social em torno do ser homem e ser mulher, bem como do ser ado-
lescente, que merece atenção em um determinado contexto social e histórico. 
Com essa reflexão, fica clara a não naturalização desses sujeitos, mas sim uma 
leitura social das diferenças observadas.
Como citado, a representação que os alunos têm acerca do que seja 
bullying pode influenciar diretamente a sua ocorrência. Uma das representa-
ções mais conhecidas é a de que esse comportamento é “uma brincadeira”, e, 
embora haja uma tentativa de desconstruir essa percepção, 40% dos alvos e 
50% dos alvo/autores continuam pensando dessa forma, além de acharem en-
graçado (36% dos alvos, e 38%, dos alvos/autores); esses dados são semelhan-
tes aos observados por Bandeira (2009). Aqui, chama-se a atenção para o alto 
154 Parente, Valle e Mattos (orgs.)
índice, não apenas entre os autores, que podem criar a norma “não estou sen-
do violento, estou brincando”, para justificar a continuação desse comporta-
mento, como também dos alvos. Nesse último grupo, essa percepção pode es-
tar influenciando uma subnotificação, bem como o não pedido de auxílio a al-
guém que possa combater essa situação.
Na literatura, há uma reflexão acerca da percepção de pais e professores, 
sendo poucos os estudos que veem como essa representação influencia o com-
portamento dos alvos. Por exemplo, em estudo desenvolvido por Toro, Neves e 
Rezende (2010) com docentes, foi evidenciada a falta de informação quanto ao 
que seria o bullying e a naturalização das intimidações entre os pares, justifica-
das como um evento típico da idade. Desta forma, uma vez que não é com-
preendida como um problema, essa realidade não precisa ser encarada como algo 
a ser modificado, contribuindo para a sua manutenção. E mesmo aqueles que re-
conheciam a problemática, apresentavam um conformismo, afirmando não haver 
possibilidades de mudanças, mas sim dificuldades (TORO; NEVES; REZENDE, 
2010). Essa passividade entre os adultos parece ser percebida entre os adolescentes 
e confirmada no dado de que apenas 3% dos autores teriam medo de que algum 
adulto os flagrassem na prática de bullying contra seus pares. 
Finalmente, um grupo menos comentado, mas que também pode ser 
afetado, é a testemunha. Embora não tenha sido um dado alarmante, se for 
considerado somente de forma numérica, mas que merece destaque, é o fato 
de 26% de os sujeitos desse grupo relatarem ter medo de se tornarem o próxi-
mo alvo. Esse resultado chama a atenção para ampliação nas pesquisas que, 
por muitas vezes, se limitam à relação entre alvos e autores, esquecendo os de-
mais pares que estão em volta. Outra forma de se pensar a participação dessas 
testemunhas no bullying é refletindo a sua atuação como agentes para a dimi-
nuição dessa violência. Embora o número de testemunhas que relataram soli-
citar ajuda de algum adulto tenha sido de apenas 20%, os alvos reconhecem al-
guma forma de defesa por parte destes em 63% dos casos, havendo algum re-
sultado positivo (diminuição ou extinção) em 73%. No grupo de alvos/autores, 
esse comportamento foi menos percebido, mas, ainda assim, representativo, 
correspondendo a 53%, e destes, 62,5% mostraram resultados positivos. 
Sobre a busca de auxílio com os adultos, um aspecto que merece aten-
ção na pesquisa de Francisco e Libório (2009) é que alguns alunos, após terem 
buscado auxílio profissional como forma de enfrentar o bullying e não terem 
tido o apoio desses adultos, não conseguem mais ver outra forma de solucio-
nar o problema. Essa falta de habilidades, por parte dos adultos em lidar com a 
temática sinaliza a necessidade de maispesquisas e extensões com esse públi-
co, a fim de potencializar o bem-estar nas relações escolares. Essa afirmação 
A	formação	de	professores	e	seus	desafios	frente	às	mudanças	sociais,	políticas	e	tecnológicas 155
também pode ser sustentada a partir dos resultados apresentados por Fante 
(2005), em que foi observado que, enquanto os diretores negam a existência 
dessa forma de violência em sua escola, os professores justificam esse fenôme-
no como algo “normal”.
A falta de defesa relatada pelos adolescentes por parte dos adultos pode 
servir de apoio para a manutenção desses comportamentos de bullying. A par-
tir do momento em que essas agressões não são combatidas pelos professores, 
pode ser estabelecido um acordo tácito que a permite. Desta forma, os adultos 
podem ser um fator importante no desenvolvimento de atitudes que as crian-
ças têm em direção à aceitabilidade de tais comportamentos (SWEARER; 
TURNER; GIVENS; POLLACK, 2008). Nessa lógica, a falta de ação do profes-
sor pode estar reforçando o bullying. Contudo, vale sinalizar que, tal como 
para a manutenção, o professor tem papel fundamental no combate dessa prá-
tica.
Desse modo, observa-se que conhecer a forma como o bullying se ma-
nifesta e buscar entender os determinantes desse comportamento traz consigo 
informações que fundamentam a intervenção, sendo este o objetivo último da 
produção desse conhecimento, e não apenas retratar a realidade e produzir co-
nhecimento teórico, entre as formas de manifestação. Além disso, se o conhe-
cimento de como o fenômeno ocorre é necessário para elaborar intervenções, 
conhecer as consequências negativas dessa violência pode ser uma motivação 
maior e relevante para se implementar tais estratégias.
consideRações finais
Em relação ao tipo de bullying, na intervenção, os professores devem levar 
em consideração o conceito mais amplo do que seja violência, envolvendo desde 
agressão física até simbólica, pois esta ainda aparece camuflada e, por muitas vezes, 
não é identificada pelos sujeitos. Faz-se necessária a representação da violência 
também como algo verbal, tirando-a do patamar de normalidade, “coisas da 
idade” ou sem importância, já que esta é capaz de produzir consequências tão ne-
gativas quanto a violência física (LOPES NETO, 2005). Como já relatado, o 
bullying físico é mais combatido, uma vez que é mais facilmente observado e há 
políticas de “tolerância zero” para essa forma de agressão no cotidiano escolar 
(MAHAN et al., 2006), o que reforça a necessidade de atentar para uma forma 
mais camuflada de violência, já que esta está sendo menos alvo de intervenção. Tal 
fato pode ser uma das razões para a ocorrência do bullying físico ser menor; 
no entanto, refletir sobre o problema somente depois que este já está instalado 
156 Parente, Valle e Mattos (orgs.)
pode exigir maiores esforços. Por essa razão, sugerem-se programas preventi-
vos que ressaltem a importância de um convívio pacífico entre os pares e o 
respeito às diferenças. Estudos vêm demonstrando outras variáveis que po-
dem ser trabalhadas com a finalidade de evitar a vitimização. Por exemplo, 
alguns dados demonstram que a manifestação de comportamentos pró-so-
ciais (ser um bom líder, se importar com o bem-estar dos colegas) age como 
um fator de proteção contra ser alvo de bullying, enquanto a capacidade de 
manifestar esse tipo de comportamento é diminuída pelos efeitos da vitimi-
zação (CALBO, 2009). Já em outro estudo, a partir de uma análise de regres-
são logística, foi possível observar que o aumento na alienação escolar foi as-
sociado a um risco maior de bullying, enquanto o apoio de professores e pa-
res diminuiu esse risco (NATVIG; ALBREKTSEN; QVARNSTROM, 2001). 
Mais recursos, como apoio social, autoestima, resiliência, habilidades sociais 
e assertividade, já foram mencionados na literatura e podem ser investigados 
por outras pesquisas. 
De acordo com Estévez, Jiménez e Musitu (2008), com base nas motivações 
e causas do bullying, recomendam estratégias para a prevenção dessas violências, 
dentre as quais podem ser destacadas a maior participação do aluno nas decisões 
escolares, fazendo com que este crie uma identificação e vínculo afetivo com esse 
espaço; a apresentação no cotidiano escolar de um modelo positivo de conduta 
por parte dos profissionais; e a inclusão do conteúdo nas aulas de educação de va-
lores, estimulando a democracia e a inclusão. Especificamente em sala de aula, po-
dem ser realizadas estratégias, como dar mais responsabilidade aos alunos na reso-
lução dos conflitos, propor atividades de cooperação, e não de competição e deba-
ter temáticas que exijam uma reflexão crítica por parte dos alunos.
Segundo Ferreira, Rowe e Oliveira (2010), uma intervenção no cenário 
em que ocorra o bullying traz benefícios não apenas para os alunos, mas tam-
bém para os professores, porque os autores observaram que os docentes pos-
suem um sentimento de impotência e angústia diante das situações. Além dis-
so, os participantes dessa pesquisa demonstraram ter consciência do desgaste 
emocional que esse tipo de situação pode causar, e também reconhecem que 
se trata de um problema complexo, e a escola sozinha não dispõe de meios 
para lidar com esse tipo de situação de maneira eficaz. Desta forma, o bullying 
pode ser um agente estressor também para os professores. 
No caso da pesquisa exemplificada, alguns dados são fundamentais na 
hora de se planejar uma intervenção, tais como: diferenças entre os gêneros, a 
compreensão da agressão verbal como uma forma de violência, a representa-
ção do bullying como uma brincadeira e a importância das testemunhas na di-
minuição deste. Portanto, considerando esses achados, intervenções mais efe-
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tivas podem ser implantadas e pode ser ressaltada a relevância da pesquisa 
para intervenções com menores custos, mais rapidez na resolução dos proble-
mas e construção de novos conhecimentos científicos. 
Diante do exposto, observa-se ainda que uma possível intervenção dos 
professores seria abordar os temas em sala de aula e refletir sobre as violências 
sutis e suas motivações, levando-os a pensar criticamente sobre o tema. Discu-
tir isso em sala de aula é uma maneira de compreender melhor como a violên-
cia e o preconceito subjacente a ela, que estão presentes no cotidiano e nas re-
presentações dos jovens, bem como por que determinadas características são 
atribuídas aos gêneros e por que há uma hierarquização entre esses grupos. 
Com base nesses resultados, destaca-se a necessidade de se discutir a 
temática junto a profissionais ainda em formação na área de educação. Esta se-
ria uma tentativa de reverter um quadro no qual os profissionais afirmam não 
saber como lidar com o fenômeno e inseri-los no planejamento curricular, 
além de envolver os pais na problemática.
Por fim, destaca-se a parceria das instituições família e escola, já que 
ambas têm como objetivo comum o favorecimento do desenvolvimento de 
crianças e adolescentes. Uma vez que estes são os principais meios de sociali-
zação e aprendizagem deles, atividades conjuntas potencializam a efetivação 
destas mesmas além de uma apoiar a outra nas suas dificuldades. 
RefeRências
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Dica do professor
A palavra "bullying" foi adotada em todo o mundo como uma forma de ajudar os estudiosos a 
elaborarem suas pesquisas. Os estudos sobre o tema iniciaram-se nas décadas de 1960 e 1970, 
mas, apenas recentemente, ganhou relevância de proporções mundiais, devido às severas 
consequências que acometeram muitas vítimas, afligindo-as, até mesmo, na vida adulta. 
Aprofundaremos esta temática no vídeo a seguir.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
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Exercícios
1) A violência nas escolas, quer seja física, verbal ou psicológica, tem motivado estudos e 
pesquisas cujos dados podem orientar nas formas de intervenções necessárias ao problema 
em questão. Um dos tipos de violência que mais tem mobilizado especialistas é o bullying. 
De acordo com seus estudos sobre o tema, assinale a alternativa CORRETA: 
A) A ocorrência do bullying é própria das classes menos favorecidas.
B) A relação estabelecida entre o autor e o alvo do bullying é do tipo dominação versus 
submissão.
C) Aquilo que a palavra bullying designa não tem correspondentes e nem sinônimos na Língua 
Portuguesa.
D) O bullying é um fenômeno que pode ser considerado como algo relativamente novo.
E) O bullying difere de outras formas de agressividade por afetar somente a vítima.
2) O bullying foi definido como um comportamento verbal ou físico com a intenção de atingir 
alguém considerado mais fraco. No ensino fundamental, os meninos mais jovens são os mais 
afetados, embora as meninas também se tornem vítimas de bullying. Considerando os dados 
relacionados à pesquisa sobre o bullying, realizada nas escolas públicas de Aracaju e 
apresentada nesta Unidade de Aprendizagem na sessão "Conteúdo do livro", assinale a 
alternativa CORRETA: 
A) A homofobia é apontada como causa principal de bullying entre as meninas.
B) Uma grande maioria dos participantes-alvo relatou que são vítimas de exclusão.
C) O argumento "pratico bullying porque penso que poderia sofrer o mesmo" é maior entre os 
meninos.
D) Os autores do bullying, em sua maioria, dizem sentir-se mal após a prática da agressão, 
enquanto a minoria sente graça com ela.
E) Quando perguntados sobre o tipo de bullying mais comum que sofriam, os participantes-alvo 
responderam ser o verbal.
3) Carlos é aluno do 5° ano do ensino fundamental e não é bem quisto pelos colegas. Eles 
zombam de sua aparência, de suas roupas, de sua falta de coordenação e de sua falta de 
controle emocional. A situação piora no pátio durante o recreio, o que geralmente leva 
Carlos às lágrimas, reação que atiça ainda mais a zombaria e a perseguição para com ele. 
Qual das seguintes medidas tem maior probabilidade de reduzir esse comportamento de 
bullying? 
A) Eliminar os privilégios de intervalo dos perpetradores de bullying.
B) Isolar Carlos destes colegas para que ele não tenha que lidar com o bullying.
C) Propor aos pais que transfiram Carlos para outra instituição escolar.
D) Suspender os perpetradores de bullying, esclarecendo para eles e para seus responsáveis os 
motivos da suspensão.
E) Treinar as habilidades sociais tanto de Carlos quanto dos perpetuadores de bullying.
4) Sílvia é uma menina de 8 anos, vítima constante de apelidos depreciadores: "branquela", 
"ferrugem", "perna de passarinho" etc. Certa vez, cansada de ouvir apelidos, a menina 
revidou, acertando com uma pedra que guardara na mochila a testa de seu agressor. Relatos 
como este demonstram que os efeitos do bullying são imprevisíveis, podendo ser imediatos 
ou surgindo em longo prazo. Nesta perspectiva, marque a alternativa CORRETA: 
A) A agressividade é um recurso muito usado pelo alvo, como forma de defesa.
B) Em alguns casos, o aluno-alvo pode perder o interesse pela escola ou pelos estudos.
C) Os efeitos negativos do bullying não afetam o executor, e sim o alvo.
D) Os efeitos do bullying tende a desaparecer somente quando o alvo atinge a idade adulta.
E) Uma vez afastado dos agressores, o alvo tem finalmente todas as chances para um 
desenvolvimento sadio.
5) A atuação do professor em sala de aula deve ser sempre coerente e pacificadora. Uma 
pedagogia assertiva pode prevenir a violência quando capacita alunos a refletirem sobre 
suas atitudes e sobre a dignidade de cada indivíduo. Diante dos problemas ocasionados pelo 
bullying, tornam-se ainda mais evidentes as necessidades de uma pedagogia da alteridade e 
do respeito. Pensando nas ações que compõem este tipo de pedagogia, é CORRETO afirmar 
que: 
A) A indiferença em relação aos casos de bullying facilita a solução para a questão no ambiente 
escolar.
B) A abordagem pessoal, tanto de alvos quanto de praticantes do bullying, leva ao 
constrangimento e deve ser evitada.
C) É importante que o professor identifique os autores do bullying, para, em seguida, aplicar-lhes 
alguma punição.
D) Manter um controle mais rígido no gerenciamento da sala de aula é uma forma eficaz de inibir 
os espaços em que o bullying ocorre.
E) O ambiente da sala de aula pode ser favorável para que o professor estabeleça uma boa 
comunicação entre autores e alvos de bullying.
Na prática
Um professor habilidoso consegue atuar por meio de práticas efetivas, tanto na prevenção quanto 
na redução do bullying no ambiente escolar e, até mesmo, naqueles casos em que a violência se 
estende para fora dos espaços da escola. É fundamental o diálogo em sala de aula, com o intuito de 
formar uma maior conscientização dos alunos quanto aos malefícios do bullying. No entanto, outras 
ações conjuntas podem ser tomadas. O bullyingé um tipo de violência que ocorre, muitas vezes, 
fora das salas de aula. Por isso, alguns alunos mais velhos e com maior senso de responsabilidade 
podem atuar como monitores nos espaços de convivência, tanto intervindo diretamente junto aos 
alunos perpetradores quanto relatando aos educadores eventuais casos de agressão. Esta é uma 
forma de identificar os alunos diretamente envolvidos com o bullying, uma vez que as vítimas não 
costumam relatar para um adulto as situações de sofrimento a que são submetidas. 
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
21 perguntas e respostas sobre o bullying
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://novaescola.org.br/conteudo/336/bullying-escola

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