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SEGURANÇA PÚBLICA MUNICIPAL AULA 6 Prof. Claudio Frederico de Carvalho 2 CONVERSA INICIAL A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) foi criada em setembro de 1997, assumindo a missão de elaborar e executar as macropolíticas de segurança pública do país. Em junho de 2000, foi criado o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e elaborado o Plano Nacional de Segurança Pública, com o objetivo principal de aperfeiçoar o sistema de segurança pública, buscando assegurar ao cidadão um de seus direitos fundamentais: o direito à segurança. Assim, ao longo dos anos, muitas mudanças foram inseridas e adotadas no intuito de criar e implantar a Política Nacional de Segurança Pública, com o redesenho do aparelho policial brasileiro. Deste modo, a Senasp procurou transformar o FNSP em instrumento indutor da política de segurança, passando a privilegiar planos que contenham planejamento, metas, avaliação e monitoramento, bem como que possam ser considerados o alicerce da polícia do futuro. Em relação às guardas municipais e aos municípios, há direcionamento do fundo para apoio a projetos na área de segurança pública destinados a: reequipar, treinar e qualificar as guardas municipais; desenvolver sistemas de informações, de inteligência e de estatísticas policiais; desenvolver programas de polícia comunitária; e desenvolver programas de prevenção ao delito e à violência. A nova redação, dada pela Lei n. 12.681/2012, define, para ter, efetivamente, acesso aos recursos, o município deve: ter instituído, em seu âmbito, o plano de segurança pública, mantendo a Guarda Municipal; realizar ações de policiamento comunitário ou, ainda, instituir o Conselho de Segurança Pública, visando à obtenção dos resultados descritos no parágrafo anterior. TEMA 1 – SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA (SUSP) O programa Sistema Único de Segurança Pública (Susp) surgiu no Plano Plurianual do governo federal (2004 a 2007) e assumiu as atribuições constantes do antigo programa Segurança do Cidadão, tendo como objetivo principal reduzir a criminalidade e a violência no país. O Susp foi criado para implantar uma política nacional de segurança e estabelecer os parâmetros mínimos de atuação das forças de segurança pública 3 no Brasil. Sua finalidade principal consiste em articular as ações das instituições públicas que prestam serviços na área de segurança pública nas esferas federal, estadual e municipal. Como incentivo financeiro, a União passou a destinar recursos provenientes do FNSP aos entes federados, desde que estes optem por aderir ao Sistema Único de Segurança Pública. Esses recursos devem ser aplicados em políticas públicas que promovam a prevenção e repressão ao crime e a reestruturação e o reaparelhamento das forças estaduais e municipais, além de projetos que estimulem o combate às organizações criminosas e a análise criminal e estatística. Como marco fundamental desse programa, há a criação e a instalação dos Gabinetes de Gestão Integrada (GGIs). Em síntese, o Susp é um programa implantado pelo governo federal com o objetivo de desenvolver e implementar práticas de planejamento e gestão integrada visando à prevenção da violência. As finalidades principais do programa são: fortalecer a integração entre as forças de segurança pública; diminuir o tempo de resposta às situações operacionais; e trazer mais segurança à população, por meio da integração de sistemas, dados e planejamento. O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) foi instituído em 2007 e se destina a articular ações de segurança pública para a prevenção, o controle e a repressão da criminalidade, estabelecendo políticas sociais e ações de proteção às vítimas. O programa deve ser executado de forma integrada pelos órgãos e entidades federais envolvidos, bem como pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. O Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp) é um órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa, subordinado diretamente ao Ministério da Justiça. Tem por finalidade formular e propor diretrizes para as políticas públicas voltadas à promoção da segurança pública, à prevenção e repressão à violência e à criminalidade. O conselho segue o modelo tripartite, composto de nove representantes governamentais dos governos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, além do comando ou da direção das forças policiais. Em relação aos municípios, compete ao conselho: atuar na formulação de diretrizes e no controle da execução da Política Nacional de Segurança Pública; estimular a modernização institucional para o desenvolvimento e a promoção 4 intersetorial das políticas de segurança pública; desenvolver estudos e ações visando ao aumento da eficiência na execução da Política Nacional de Segurança Pública, assim como as suas demais diretrizes. A necessidade da existência do Conselho Municipal de Segurança Pública foi constatada durante a implantação do Sistema Único de Segurança Pública, quando o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, percebeu a importância das ações dos municípios no combate à violência e na diminuição da criminalidade. Os conselhos municipais têm a competência de promover, no âmbito da sua municipalidade, a troca de experiências, bem como de realizar o planejamento integrado e a coordenação de ações de segurança pública. O conselho se fortalece com a multiplicação de protagonistas, isto é, com a ampliação de interessados em participar da gestão pública. O conselho municipal segue o modelo tripartite, assim com o Conasp, tendo o privilégio de discutir, avaliar e implantar medidas de segurança. TEMA 2 – GABINETE DE GESTÃO INTEGRADA O Gabinete de Gestão Integrada (GGI) foi instituído pelo governo federal com a implantação do Sistema Único de Segurança Pública, tendo como objetivo propiciar um espaço de interlocução permanente entre as instituições do sistema de justiça criminal e os órgãos de segurança pública. Com a criação do Fundo Nacional de Segurança Pública, para aderir ao Pronasci, o munícipio interessado ficou condicionado a criar o Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M), entre outras ações. O GGI é uma ferramenta de gestão que reúne o conjunto de instituições que incide sobre a política de segurança no município, promovendo ações conjuntas e sistêmicas de prevenção e enfrentamento da violência e criminalidade e aumentando a percepção da segurança por parte da população. As decisões do GGI-M devem ser sempre tomadas por consenso, sem hierarquia e subordinação entre seus membros, de modo a respeitar as autonomias institucionais, visando à cooperação mútua entre as instâncias promotoras da segurança pública. O Colegiado Pleno de cada GGI deve produzir documentação comprobatória de suas ações e encaminhá-la regularmente à Senasp/MJ por 5 meio dos mecanismos disponibilizados pela citada Secretaria, em especial, pela alimentação do Sistema de Informações de Gestão Integrada (InfoGGI). TEMA 3 – DEFESA CIVIL Após o Brasil ter sofrido ataques contra três navios militares no litoral de Sergipe e uma embarcação civil no litoral do estado da Bahia, além de um cargueiro que fazia o resgate das vítimas da embarcação civil, em agosto de 1942, foi criada a primeira estrutura de defesa civil no Brasil, chamada de Serviço de Defesa Passiva Antiaérea. No ano seguinte, alterou-se a denominação de Defesa Passiva Antiaérea, passando a se chamar Serviço de Defesa Civil. Para supervisionar esse serviço, foi criada a Diretoria Nacional do Serviço da Defesa Civil, do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Em 1988, foi instituída a organização do Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec), que passou a considerar as ações de prevenção como atribuições dedefesa civil. O Brasil, a fim de cumprir com o compromisso firmado com a ONU em dezembro de 1989, elaborou o Plano Nacional de Redução de Desastres para a década de 1990, prevendo metas e programas a serem atingidos até o ano 2000. Em outubro de 2009, foi convocada, e posteriormente realizada, a 1º Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária. Em 2010, o Sindec foi remodelado, passando a ter novas atribuições oriundas dos trabalhos desenvolvidos na Conferência Nacional. Consagrando a legislação brasileira em relação à proteção e à defesa civil, a Lei n. 12.608/2012 instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), além de dispor sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec) e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (Conpdec) e, por fim, autorizar a criação de um sistema de informações e monitoramento de desastres. A legislação que trata da proteção e defesa civil estabelece que é dever da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios adotar as medidas necessárias à redução dos riscos de desastres, incorporando ações de proteção e defesa civil aos seus respectivos planejamentos. Atendendo a legislação em vigor, os municípios, por sua vez, têm constituído suas Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil, 6 responsáveis pela execução, coordenação e mobilização de todas as ações de proteção e defesa civil no município. A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e à defesa civil. É fundamental a criação de um órgão municipal específico que trate da gestão de risco e da gestão do desastre, tendo a atribuição de conhecer e identificar os riscos de desastres no município. Esse órgão deve ser focado em ações de prevenção e integrado com a comunidade local, contribuindo para que tenhamos uma população organizada e preparada para minimizar os riscos e devidamente orientada e preparada para agir em casos de necessidade. TEMA 4 – AGENTE DE TRÂNSITO Com a Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro – CTB), os municípios passaram a ter mais uma competência, possibilitando a criação de órgãos executivos de trânsito para gerenciar e exercer funções técnicas, como: planejamento, administração, normatização, pesquisa, educação, engenharia, operação do sistema viário, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades. Por sua vez, as funções relacionadas à segurança viária – o policiamento e a fiscalização de trânsito – em alguns municípios foram delegadas aos integrantes da Guarda Municipal. Em outros, optou-se por instituir uma carreira própria para o exercício da função de agente de trânsito. Logo, temos que o servidor público municipal que exerce atividade de segurança viária realiza o policiamento das vias públicas, pois está imbuído da missão de manter a ordem pública e garantir a segurança das pessoas e de seu patrimônio. Com a entrada em vigor do Estatuto Geral das Guardas Municipais, em 8 de agosto de 2014, em seu art. 5º, inciso VI, foi facultada ao administrador municipal a possibilidade de empregar o efetivo da guarda municipal para exercer as competências de trânsito de forma regulamentar, ou mediante convênio, de forma concorrente. Alguns munícipios, conforme estabelece o Código Nacional de Trânsito, em seu art. 5º, no que se refere ao policiamento e à fiscalização do sistema 7 viário, criaram a Guarda Municipal para atuar inicialmente no trânsito de forma exclusiva. Como exemplo, temos a cidade do Rio de Janeiro (RJ). Outros municípios, por sua vez, criaram a instituição com atuação em outra área, mas, ao longo dos anos, acabaram transferindo novas atribuições a essa corporação, como a cidade de Belo Horizonte, que fundou sua guarda municipal em 2003, mas que, em 2007, acresceu às suas competências a segurança viária. Este ocorrido foi o suficiente para a entrada em vigor da Emenda n. 82/2014 e da Lei n. 13.022/2014, por meio do Procurador-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais. TEMA 5 – CONSELHO COMUNITÁRIO DE SEGURANÇA O primeiro Conselho Comunitário de Segurança no Brasil foi fundado no município de Londrina (Paraná) em 11 de janeiro de 1982. Era tido como uma sociedade civil sem fins lucrativos, pessoa jurídica de direito privado, com seus estatutos constitutivos devidamente apontados sob o n. 69.630, registrados sob o n. 256 – Livro J, em 2 de abril de 1982, no 1° Ofício do Registro de Títulos e Documentos de Londrina. Podemos, então, considerar esse ato constitutivo como o marco inicial no Brasil das ações de polícia comunitária no século XX. Assim, com o Decreto Estadual n. 1.790, em setembro de 2003, o governo do Estado do Paraná criou os Conselhos Comunitários de Segurança (Conseg), regulamentados em 10 de dezembro do mesmo ano, com a entrada em vigor do Decreto Estadual n. 2.332/2003. Por fim, o Conseg tem por finalidade reunir sociedade civil organizada e poderes públicos constituídos que atuam diretamente na área de segurança pública para criar um espaço favorável ao debate sobre segurança pública e o enfrentamento da violência. Em síntese, é uma reunião periódica de integrantes dos órgãos de segurança pública e da comunidade local, discutindo assuntos e estratégias de ação na área de segurança pública, voltados ao fortalecimento regional, à integração dos moradores e agentes de segurança que atuam na região e, em especial, à implementação de ações que venham a auxiliar no combate e na diminuição dos níveis de insegurança da referida localidade. 8 NA PRÁTICA Na Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil do município de Curitiba, a cada período de transição governamental, os novos gestores, de acordo com o cargo que passam a assumir, automaticamente se tornam integrantes da comissão municipal de proteção e defesa civil. As respectivas pastas municipais e administrações regionais passam por um processo de capacitação a fim de estarem inteirados e preparados para executar as ações de defesa civil. FINALIZANDO Sistema Único de Segurança Pública, como o próprio nome já diz, busca justamente integrar os órgãos e as ações de segurança pública, de forma que seja possível, efetivamente, executar ações positivas, sem que aja a sobreposição de função e/ou ausência de medidas focadas em determinada região. Trabalhar de forma ordenada e integrada, respeitando as particularidades de cada instituição que integra o Susp, mantendo, porém, os seus respectivos controles institucionais, é uma forma coerente de se otimizar o emprego dos agentes de segurança pública. Utilizar o potencial do Conselho Municipal de Segurança Pública, do Gabinete de Gestão Integrada, dos Conselhos Comunitários de Segurança e da Comissão Municipal de Proteção e Defesa Civil, é, sem dúvida alguma, um grande instrumento de gestão que o poder público municipal pode aproveitar em favor da sua população. 9 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Plano Nacional de Segurança Pública. Brasília, DF, 2000. _____. Portaria n. 1, de 16 de janeiro de 2014. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 jan. 2014. _____. Gabinetes de gestão integrada municipais: documento orientador. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/seguranca- publica/senasp-1/documento-orientador-site-do-mj.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2017. CARVALHO, C. F. de C. O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar. 3. ed. Curitiba: Clube do Autor, 2011. INSTITUTO CIDADANIA. Projeto Segurança Pública para o Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães, 2002. PARANÁ. Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária. Coordenação Estadual dosConselhos Comunitários de Segurança. Disponível em: <http://www.conseg.pr.gov.br/>. Acesso em: 27 jul. 2017. PLANO Nacional de Segurança Pública. Brasília, DF, 2000. Disponível em: <http://www.observatoriodeseguranca.org/files/PNSP%202000.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2017. PROJETO de Segurança Pública para o Brasil. Brasília, DF, 2001. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/redebrasil/executivo/nacional/anexos/pnsp.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2017.
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