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Psicologia Economica

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RESUMO
A disciplina tem como objetivos específicos:
1) compreender os desenvolvimentos teóricos, epistemológicos e metodológicos das
Ciências Econômicas como frutos de processo histórico;
2) apresentar as contribuições que outras áreas do conhecimento podem oferecer ao
estudo do comportamento dos agentes econômicos;
3) apresentar os estudos sobre o comportamento dos indivíduos com base na utilização de
variáveis psicológicas e comportamentais, tais como sentimentos, pensamentos, crenças,
atitudes e expectativas.
4) conhecer as possibilidades de investigação oferecidas pelo método indutivo,
notadamente pelas pesquisas qualitativas e quantitativas e pelos experimentos; e
5) identificar as possibilidades de investigação em áreas de fronteira, tais como a Economia
Experimental, a Economia Comportamental, a Neuroeconomia e a Psicologia Econômica.
MÓDULO 1. A QUESTÃO DO MÉTODO NAS CIÊNCIAS ECONÔMICAS: DEDUÇÃO E
INDUÇÃO
A proposta de investigar determinado objeto traz consigo o pressuposto de que a realidade
seja dotada de uma racionalidade passível de ser percebida e apreendida pela nossa
atividade intelectual. Por sua vez, a atividade racional, essa capacidade humana de
apreender a realidade, pode ocorrer de duas formas: pela intuição (que está associada ao
“ver” imediato, sem qualquer necessidade de prova ou demonstração, como se houvesse
ocorrido um "estalo" ou uma “revelação”) ou pelo raciocínio. Para efeito da nossa disciplina,
interessa-nos especialmente esta última, que se configura como razão discursiva, e que
ocorre sob as formas de dedução e indução.
a) no caso da dedução: parte-se de uma premissa inicial e, com base nela, explicam-se os
casos particulares.
Todos os homens são mortais. Sócrates é homem. Portanto, Sócrates é mortal.
b) no caso da indução: partimos de casos particulares para, em função deles, estabelecer
uma regra geral.
João é homem e é mortal. Pedro é homem e é mortal. Paulo é homem e é mortal. Portanto,
todos os homens são mortais.
De forma resumida, o método dedutivo parte de um princípio geral para explicar os casos
particulares. Por exemplo: caso alguém queira traçar um perfil dos alunos que cursam
Ciências Econômicas por meio do ensino à distância, poderá levantar algumas hipóteses:
são alunos que não têm tempo para assistir aulas presenciais; são alunos que moram
distantes de boas universidades; são alunos que preferem estudar segundo um ritmo
diferente daquele utilizado nos cursos presenciais. Essas são hipóteses: quem reflete sobre
o tema, assume como prováveis essas características dos alunos de cursos à distância,
sendo capaz de criar algumas regras explicativas.
Em contrapartida, o método indutivo parte do particular para o geral. Usando o mesmo
exemplo, conversar-se-ia com cada aluno do curso de Ciências Econômicas à distância,
questionando-o sobre os motivos para a escolha dessa modalidade. Após conversar com
todos, poder-se-ia, então, formular uma explicação geral: o estudo dos casos particulares
permitiria a construção de uma explicação geral.
De maneira geral e sistemática, grande parte dos economistas acomodou-se com o uso de
dois métodos: o hipotético-dedutivo e o histórico-dedutivo. De Smith aos dias de hoje, esses
têm sido os instrumentos preferenciais dos economistas no estudo dos atos e fenômenos
econômicos.
O método dedutivo (histórico ou hipotético) consagrou-se como instrumento preferencial nos
estudos econômicos. Se houve alguma aproximação com o método indutivo (quer dizer,
com o estudo de casos particulares para a formulação de regras gerais), isso ocorreu por
meio de abordagens mais empíricas, especialmente as relacionadas às análises históricas e
estatísticas: melhor dizendo, as relacionadas às análises de dados históricos submetidos ao
rigor matemático.
Mesmo que utilizemos a História como base para nossas reflexões dedutivas, não podemos
esquecer o fato de que eventos novos, fora do comum, podem ocorrer. Imagine alguém
fazendo uma análise histórica antes da Revolução Industrial ou da Revolução Francesa.
Teria sido possível prever esses eventos? E, no entanto, eles ocorreram e passaram a ser
admitidos em todas as análises históricas posteriores!
MÓDULO 2. A PRESUNÇÃO DA RACIONALIDADE NOS ATOS ECONÔMICOS
Para que os atos econômicos pudessem ser estudados dedutivamente, era necessária uma
premissa inicial. era preciso que o raciocínio todo partisse de uma ideia básica, e essa
premissa deveria conter a natureza humana que justificasse os atos econômicos. Em outras
palavras, era necessário descrever o ser humano enquanto agente de atos econômicos.
Quem era esse agente, como ele se comportava e quais eram suas motivações?
Stuart Mill “desenhou” um modelo ideal do agente econômico que acabou por fortalecer:
a) uma ferramenta analítica;
b) um modelo ideal de comportamento econômico, tendo como base uma natureza humana
conduzida pela racionalidade;
c) a indicação desse modelo não apenas como instrumental hipotético, mas até mesmo
como valor ético a ser defendido.
Parece claro, portanto, que para qualquer formulação do tipo "se X, então Y", era proibitivo
supor um comportamento irracional e imprevisível. Era condição necessária que os atos
desse indivíduo pudessem ser previstos; caso contrário, toda a iniciativa de explicação daria
em nada.
a) os sentidos contaminavam a percepção da realidade; portanto, apenas a atividade
racional era capaz (e deveria ser capaz) de conhecer o mundo; a racionalidade não era,
assim, apenas uma característica possível de ser observada em algumas pessoas, mas
uma condição necessária;
b) o ser humano era (e precisava ser) autônomo, livre da pressão e da influência de
costumes, paixões ou fontes de autoridade;
c) para lidar com uma natureza objetiva, o homem desenvolvera (ou precisava desenvolver)
uma natureza também objetiva, portanto racional.
Como consequência disso, imaginava-se um indivíduo centrado na promoção daquilo que
atendia ao seu auto interesse. O conceito de um mundo naturalmente inclinado ao equilíbrio
dava o reforço necessário para a compreensão desse agente econômico. Num ambiente
como que controlado por mãos invisíveis, era razoável que o ser humano também se
comportasse diante de premissas racionais, equilibradas e determinísticas.
Em consequência, o conceito de Homo economicus fortalecido pelas escolas de
pensamento econômico posteriores incluiu as seguintes premissas:
a) ele era capaz de calcular a utilidade proveniente de cada bem ou serviço consumido;
b) o cálculo matemático da utilidade recebida indicava as melhores e racionais escolhas de
consumo que tinham como objetivo principal a maximização do prazer.
o cálculo da utilidade poderia ser realizado a partir de duas variáveis associadas ao
consumo: intensidade e duração. Melhor do que isso, impossível: estavam dadas as
condições para a análise e a demonstração matemática da otimização do prazer. A
psicologia do comportamento cedia espaço, definitivamente, para uma Física econômica:
nenhuma sensação ou valor emocional era capaz de atormentar esse ser racional, que
possuía as informações necessárias para tomar a melhor decisão dentro de bases
racionais.
MÓDULO 3. AS CRÍTICAS AO PRESSUPOSTO DE RACIONALIDADE DO
COMPORTAMENTO ECONÔMICO
Embora hegemônica, a ideia de um Homo economicus racional e otimizador de satisfação
foi alvo de críticas. Thorstein Veblen (1857 – 1929) por exemplo, questionou os
pressupostos de racionalidade e otimização hedonista do agente econômico. Thorstein,
norueguês de nascimento que imigrou para os Estados Unidos ainda adolescente, viveu na
época da supremacia dos ideais capitalistas de concorrência e lucro. Se havia alguma
moralidade nos negócios, era uma moralidade bastante peculiar: valia tudo para acabar
com o concorrente, qualquer ação era legítima se resultasse em aumento do lucro ou do
tamanho dos negócios. Para Veblen, as teorias econômicas existentes (e que,
matematicamente demonstradas, revelavam um mundo equilibrado e ordenado) não
combinavam com a realidade.
sua primeira grande obra: A Teoria dasClasses Ociosas. Por meio de uma ríspida e furiosa
crítica à classe aristocrática, Veblen traçou um vigoroso perfil da psicopatologia econômica.
Para a aristocracia, ciosa do papel que deveria representar, o desejo de riqueza era
substituído pelo desejo de exibição. Nem um pouco racional; ao contrário, tão bárbaro
quanto nas mais primitivas comunidades: assim Veblen descreveu o seu Homo economicus.
Veblen identificou que o consumo era, em grande parte das vezes, fruto da pressão social
do grupo ao qual se pertencia. Fazer parte de um grupo requeria que fossem consumidos
os bens que esse grupo consumia, mesmo que eles não fossem úteis, mesmo que eles não
fossem necessários do ponto de vista da sobrevivência e do bem-estar básico.
De forma quase oposta ao ideal até então festejado, Veblen via o empreendedor como
alguém que, basicamente, vivia do caos que gerava no sistema produtivo. Para ter lucro – e
apenas para isso – o empreendedor desorganizava o sistema, fazia os preços flutuar,
eliminava a concorrência e aumentava a sua influência no mercado. Nada nessas ações
tinham como objetivo o bem-estar de todos, tampouco a produção em si: o objetivo do
empreendedor era tão somente o lucro e, para conquista-lo, tanto fazia provocar o
desemprego, onerar o consumidor, desempregar funcionários ou destruir uma empresa
concorrente. A função do empreendedor, portanto, era o de criar confusão para obter lucro.
Em suma, na perspectiva de Veblen, os empresários tinham uma natureza essencialmente
predadora.
Carl Menger (1840 - 1921), economista austríaco, introduziu uma novidade na análise do
comportamento econômico: para ele, a capacidade de conhecimento humano era limitada:
assim, não haveria como o agente econômico ter todas as informações possíveis.
Vilfredo Pareto (1848 – 1923), por sua vez, resolveu separar a Economia Política Clássica
em duas grandes dimensões. A primeira, a Economia Política pura, estaria associada ao
uso do conceito de utilidade como uma forma de abstração que serviria tão somente de
ferramenta operacional. A Economia Política aplicada, por sua vez, estaria associada ao
estudo de aspectos empíricos econômicos, por exemplo, os históricos e os relacionados à
questão do desenvolvimento. Como resultado da inclusão de aspectos não lógicos na
esfera do comportamento econômico, o Homo economicus de Pareto possuía uma face
mais "real" e mais distante do modelo neoclássico maximizador de utilidade.
Amartya Sen (1933 - ), Prêmio Nobel de Economia de 1988, por sua vez, preferiu criticar o
modelo neoclássico de Homo economicus egoísta e movido pelo auto interesse. Para ele, o
compromisso com a comunidade, a empatia e o desejo de liberdade seriam características
humanas que não poderiam ser desconsideradas quando da formulação - mesmo que
teórica - de um modelo ideal de agente econômico.
Os economistas incomodavam-se com a transposição de constructos da Psicologia Social
para o estudo do comportamento econômico. Os psicólogos, por sua vez, estavam mais
interessados no estudo da clínica do que na investigação de comportamentos “incomuns”,
tais como aqueles relacionados à Economia. Para tornar o cenário mais conturbado, a
Psicologia e a Economia utilizavam metodologias visceralmente diferentes: enquanto as
Ciências Econômicas adotavam o método dedutivo (como já vimos), a Psicologia
desenvolvia seu corpus teórico a partir de métodos indutivos. Mais: as teorias em Psicologia
trabalhavam com hipóteses temporárias, dadas as mudanças pelas quais os seres
humanos estavam sujeitos. As Ciências Econômicas, em contrapartida, baseavamse nos
pressupostos de racionalidade que haviam sido desenvolvidos no século XVIII.
Pierre-Louis Reynaud lamentava os equívocos empíricos dos economistas da mesma
forma como o fazia em relação aos erros dedutivos. Para ele, era fundamental o estudo do
"interior" do agente econômico, estudo esse que deveria ser conduzido pelas teorias
psicológicas e comportamentais. definiu a Psicologia Econômica como o estudo da
economia sob aspectos subjetivos e mentais.
George Katona (1901 – 1981) Realizando entrevistas por meio de amostragem, Katona,
finalmente, utilizou a metodologia das ciências comportamentais para investigar o
comportamento relacionado aos atos e aos fenômenos econômicos. na visão dele, era
inviável uma Economia sem a Psicologia, da mesma forma como era inviável uma
Psicologia que não estudasse um comportamento humano tão importante quanto o
econômico. embora Katona admitisse comportamentos diferentes daqueles racionais
preconizados até então, ele entendia que as teorias psicológicas seriam capazes de medir e
estabelecer relações causais explicativas desses comportamentos. Mesmo que esses
comportamentos se modificassem ao longo da vida de um indivíduo, ainda assim seria
possível estudá-lo a partir das teorias comportamentais. Afinal, o comportamento
econômico, como outros comportamentos, era socialmente aprendido, dependia de
estímulos e era capaz de se manifestar e se modificar de forma observável.
Herbert Simon (1916 - 2001) o economista assume ser a Economia Política, em essência,
uma ciência psicológica. O foco de seu estudo é a Teoria da Decisão, bem como a
influência desta na formulação da Teoria da Firma. Para ele, as teorias comportamentais
teriam maior poder explicativo das escolhas feitas pelos agentes econômicos, em especial
nos ambientes de incerteza e competição imperfeita. Simon trabalha, portanto, com o
conceito de racionalidade limitada. Em outras palavras, Simon trabalha com a não inclusão
de uma perspectiva de racionalidade ilimitada, tampouco de certezas matemáticas: o
verdadeiro movimento da Economia era aquele no sentido da aproximação, da satisfação
sistematicamente alcançada em função de níveis de expectativa críveis e possíveis de
serem alcançados.
Daniel Kahneman (1934 - ) enfocou o processo de decisão não como fruto de análise
cuidadosa e racional de alternativas, mas como resultado de um processo quase intuitivo.
Para Kahneman, portanto, não havia como justificar o uso do conceito de racionalidade, já
que a maioria das decisões era realizada (e de forma bem-sucedida) pela intuição.
MÓDULO 4. AS CIÊNCIAS ECONÔMICAS E OS MÉTODOS INDUTIVOS
Para a aceitação ou não dos resultados de uma pesquisa, buscamos verificar:
a) Se a pesquisa tem validade interna, isto é, se ela identifica relações causais precisas.
Entendemos que uma relação causal é quando identificamos que uma variável X causa um
efeito na variável Y;
B)A validade de constructo diz respeito, portanto, ao fato de o pesquisador estar estudando
as relações entre as variáveis realmente pertinentes ao fenômeno que ele quer investigar.
c) Se a pesquisa apresenta validade externa, quer dizer, se a pesquisa mostra algo que é
verdadeiro para um contexto maior do que o do estudo. De fato, quanto mais a pesquisa é
replicada (reproduzida) junto a outros grupos e outros lugares, e caso os resultados sejam
semelhantes, maior validade externa ele possui.
d) A pesquisa precisa ser fidedigna, quer dizer, ela deve ser passível de repetição. Em
outros termos: a metodologia utilizada tem que ser compreensível para que qualquer outro
pesquisador repita os procedimentos com o objetivo de verificar se são alcançados ou não
os mesmos resultados.
1. As pesquisas quantitativas As pesquisas quantitativas são aquelas que pretendem
mensurar a ocorrência de um determinado fenômeno dentro de um grupo de pessoas.
MÓDULO 5. OS EXPERIMENTOS
Um exemplo interessante de experimento na área do comportamento econômico é o do
trabalho realizado por Mani e colaboradores, em 2013: neste estudo, os pesquisadores
testaram se pessoas em condição econômica desfavorável tinha funções cognitivas -
ligadas ao conhecimento - prejudicadas em função da pressão exercida pelos problemas
financeiros. Plantadores de cana-de-açúcar foram estudados em dois momentos distintos:
no primeiro, em período pré-colheita, em que o estresse provocado pela ansiedade em
relação aos ganhos futuros é elevado; no segundo, em período pós-colheita,quando a
pressão financeira é menor. Nos dois momentos, os trabalhadores tiveram suas funções
cognitivas medidas por meio de testes.
Neste experimento, qual é a variável sob controle? A variável "ansiedade em função de
problemas financeiros". Qual a outra variável? A performance em testes cognitivos. No caso
deste estudo, os pesquisadores descobriram pontuações significativamente melhores no
segundo momento.
MÓDULO 6. A CONSTRUÇÃO E O USO DE ESCALAS NAS PESQUISAS
QUANTITATIVAS
Uma grande parte das pesquisas quantitativas faz uso da mensuração de atitudes por meio
da construção de escalas.
Escalas sociais são instrumentos construídos com o objetivo de medir a intensidade de
opiniões e atitudes de maneira mais objetiva possível. Embora se apresentem segundo as
mais diversas formas, consistem basicamente em solicitar ao indivíduo que assinale, dentro
de uma série graduada de itens, aqueles que melhor correspondem à sua percepção acerca
do fato pesquisado
A atitude tem três componentes principais: o componente afetivo (que indica o quanto
gostamos ou não de determinado objeto), o componente comportamental (que indica as
nossas tendências de ação) e o componente cognitivo (que indica o que sabemos a
respeito de determinado objeto).
A escala de graduação é uma das mais utilizadas pelos pesquisadores quanto eles têm em
mente investigar certos comportamentos.
Escala de graduação No caso de uma pesquisa a respeito das atitudes em relação ao
aumento de impostos na compra de bebidas e cigarros
Escala de Likert
A Escala de Likert é construída a partir da mensuração do grau de concordância em relação
a determinado enunciado.
c) Escala de diferencial semântico Essa escala tem o objetivo de medir o sentido que
determinado objeto ou situação tem para os entrevistados. Em geral, usamos dois pares de
adjetivos, cada um deles apresentando um conceito oposto de potência ou de valorização.
MÓDULO 7. AS PESQUISAS DE OBSERVAÇÃO E OS ESTUDOS DE CASO
7.1. Pesquisas de observação
Observa-se uma determinada situação com o objetivo de entender os comportamentos ali
envolvidos. É claro que a presença do pesquisador pode alterar o comportamento dos
agentes observados, mas, de forma geral, ela tem sido produtiva no alcance de informações
que não poderiam ser acessadas de outra forma. São dois os principais tipos de
observação: a observação simples e observação participante.
A observação simples é aquela em que o pesquisador, permanecendo alheio à
comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira espontânea os
fatos que aí ocorrem. Neste procedimento, o pesquisador é muito mais um espectador que
um ator. Daí por que pode ser chamado de observação-reportagem, já que apresenta certa
similaridade com as técnicas empregadas pelos jornalistas
A observação participante consiste na participação real do observador na vida da
comunidade, do grupo ou de uma situação determinada. Neste caso, o observador assume,
pelo menos até certo ponto, o papel de um membro do grupo. Daí por que se pode definir
observação participante como a técnica pela qual se chega ao conhecimento da vida de um
grupo a partir do interior dele mesmo.
7.2. Pesquisas qualitativas: entrevistas em profundidade, discussões em grupo e
estudos de casos
As pesquisas qualitativas podem ser realizadas por meio de três diferentes técnicas:
a) Entrevistas em profundidade Nesta modalidade, é escolhida uma amostra pequena de
sujeitos (em geral, de 10 a 15 indivíduos) que têm as características desejadas e que serão
entrevistados pelo pesquisador.
O uso desta técnica não pressupõe que os dados coletados serão objeto de mensuração ou
de estatística: não há qualquer intenção de projetar os resultados da amostra para o
universo da população.
b) Discussões em grupo Nesta modalidade, um grupo de sujeitos com as características
desejadas é reunido numa sala e colocado a dialogar sob a supervisão de um pesquisador.
Tal como ocorre no caso das entrevistas em profundidade, não há intenção de mensurar a
ocorrência de nenhum aspecto do comportamento; Embora seja mais comumente utilizada
nos Estados Unidos, essa técnica vem sendo aplicada no Brasil para o estudo do
comportamento de consumo ou de outros aspectos de natureza mercadológica.
c) Estudos de caso São estudos que partem da seleção de um caso particular para ser
investigado. Os estudos de casos são muito utilizados para a investigação do
comportamento econômico, e um dos casos mais interessantes foi o estudo realizado por
Oscar Lewis. Em 1959, Lewis realizou uma pesquisa junto a populações carentes na
região urbana de países subdesenvolvidos. Para isso, ele conviveu com uma família
mexicana, procurando identificar os traços culturais do que ele denominou "cultura da
pobreza". A pergunta que norteou seu trabalho foi: era possível identificar, do ponto de vista
cultural e antropológico, as principais crenças e atitudes associadas a uma situação de
pobreza?
MÓDULO 8. A PSICOLOGIA ECONÔMICA: TENDÊNCIAS E ÁREAS DE FRONTEIRA
A Psicologia Econômica, atualmente, é estudada a partir de uma perspectiva positivista,
behaviorista e cognitiva. Entendemos por perspectiva positivista aquela que se apoia,
preferencialmente, em dados empíricos. A abordagem behaviorista diz respeito ao estudo
do comportamento, ao invés de investigar processos mentais internos. A perspectiva
cognitiva está associada ao estudo da percepção, do pensamento e da memória, buscando
compreender as funções cognitivas relacionados à fala, ao raciocínio, à resolução de
problemas e à memorização.
Em função das limitações do conhecimento obtido por meio dessa abordagem, inúmeros
pesquisadores da área de Psicologia Econômica levantam alguns aspectos que valem a
pena ser destacados:
a) Seria extremamente benéfico um maior contato entre a sociologia econômica e a
Psicologia Econômica: essa aproximação permitiria a investigação de inúmeros temas de
interesse, tais como: processos de escolha individual e contexto social e estrutural;
importância de valores culturais, subclasses e classes sociais; papel das minorias,
distribuição de renda, igualdade e desigualdade, desemprego, inflação, recessão e
crescimento.
b) a Psicologia Econômica deveria ser amplamente utilizada pelos agentes responsáveis
para a formulação de políticas públicas: afinal, as questões relativas à ética nos negócios e
a adesão a programas sociais ou educativos e à programas para mudança de atitudes em
relação a assuntos de interesse público poderiam receber uma significativa contribuição por
parte dos estudos de comportamento econômico.
Atualmente, são várias as áreas estudadas na região de interface entre as Ciências
Econômicas e as ciências comportamentais. Para efeito ilustrativo, vamos investigar
algumas, tais como Economia Comportamental e Experimental, Finanças Comportamentais
e Neuroeconomia.
a) Economia Comportamental e Experimental A Economia Comportamental surgiu da
insatisfação dos economistas com as explicações disponíveis a respeito de
comportamentos dos agentes econômicos que poderiam ser observados no mundo real.
Paralelamente aos estudos em Economia Experimental, outra área foi se desenvolvendo:
a Economia do Comportamento. Há proximidade entre elas, embora sejam distintas e com
objetos e métodos específicos. Na verdade, a Economia Experimental está mais
intimamente associada a uma metodologia de trabalho, enquanto a Economia
Comportamental preocupa-se com o desenvolvimento de modelos teóricos sobre o
comportamento humano, utilizando, para isso, elementos da Psicologia, da Sociologia e da
Antropologia.
Podemos identificar três grandes temas de investigação na Economia Comportamental.
O primeiro diz respeito ao bem-estar relativo, ou seja, no quanto o bem-estar de outros
indivíduos influencia nosso próprio bem-estar. Outro eixo temático em Economia
Comportamental diz respeito aos vieses nas preferências e nas escolhas. Exemplos da
investigação desse tema são os estudos sobre decisões relacionadas ao futuro (poupança e
investimento), e que são prejudicadasem função de vícios de comportamento, tais como
aversões a risco ou excesso de otimismo. Finalmente, o terceiro eixo temático está
relacionado ao processo de aprendizagem das pessoas. Nas situações de jogos, e de forma
distinta do esperado pelos modelos, as pessoas demoram mais para fazer escolhas. Ainda,
elas se imaginam menos inteligentes que seus oponentes.
b) Finanças Comportamentais As Finanças Comportamentais estudam o comportamento
dos agentes nos mercados financeiros. Podemos conceituar a área como sendo a dos
estudos das formas como os agentes interpretam e agem em situações que envolvem
decisões de investimentos.
Quais são os temas estudados no campo das Finanças Comportamentais? O primeiro diz
respeito ao estudo de como agentes financeiros cometem erros em decorrência da crença
em certos pressupostos. Um exemplo é a tendência de os agentes realizarem escolhas em
função da performance histórica, parâmetro que não é necessariamente o melhor para a
tomada de decisão. esses modelos exercem um papel de estratégias estereotipadas que,
na ausência de outras informações, ou dada a urgência da tomada de decisão, tendem a
assumir uma importância significativa. A autoconfiança é um entre esses modelos mentais.
O segundo diz respeito à percepção dos agentes da natureza dos problemas que são
colocados à sua disposição: são eles capazes de perceber, de forma nítida, os riscos que
estão apresentados? Finalmente, o terceiro está relacionado à percepção de perfeição dos
mercados: são os mercados tão eficientes quanto os agentes imaginam?
c) Neuroeconomia A Neuroeconomia surge como área de interface, na qual se combinam
os desenvolvimentos das neurociências e do estudo dos fenômenos econômicos.
De forma simplificada, ela busca investigar o comportamento econômico por meio de
equipamentos e tecnologia extremamente sofisticada que possibilitam o exame do
funcionamento cerebral. Exemplos desses equipamentos e exames são a obtenção de
imagens de atividade neural, a elaboração de perfis genéticos, a realização de
eletroencefalograma e testes e medidas comportamentais, e a análise de química
sanguínea e hormonal.

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