Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1ª QUESTÃO: (2,0 pontos) Uma empresa consulta o seu escritório, uma renomada Sociedade de Advogados Trabalhistas na cidade do RJ e indaga se agiu corretamente ao demitir o seu empregado presidente do sindicato profissional da categoria preponderante da empresa, por justa causa em 02.04.2021. Narrando o fato, o cliente afirma que a demissão ocorreu após manifesta desídia do trabalhador que faltou injustificadamente por mais de 15 dias no mês de janeiro de 2021, culminando com a ausência sem qualquer justificativa no dia 22 de fevereiro de 2021. Esclareceu que esta falta que inicialmente foi objeto de advertência escrita, foi posteriormente alterada para uma demissão por justa causa ao se constatar a reincidência do fato. Afirmou ainda, que de fato, a falta motivadora da extinção do contrato por justa causa foi gerada pela participação do ex-empregado em um piquete violento na última greve realizada na empresa, por ocasião da negociação coletiva referente ao período de data base da categoria que aconteceu em dezembro de 2019. Declarando ter dúvidas se as faltas seriam suficientes e capazes para fundamentar a demissão por justa causa do referido dirigente sindical, o cliente esclareceu ao escritório de advocacia que preferiu motivar a demissão justificada no ato de violência praticado pelo trabalhador na supracitada greve que foi julgada abusiva pelo TRT – 1ª Região. Como resposta ao que foi indagado pelo cliente, formule um pequeno parecer na condição de advogado da empresa, abordando a questão do Poder Disciplinar do empregador e seus limites, no sentido de ser ou não possível a pretendida demissão do empregado sindicalista faltoso por justa causa. R: Primeiramente, independentemente da quantidade de faltas, o empregador pode demitir qualquer empregado, desde que não tenha alguma estabilidade, na modalidade de demissão sem justa causa, isso porque na demissão sem justa causa o motivo não precisa ser informado. Em relação ao caso narrado, o que pode acontecer é o abandono de emprego, previsto no Art. 482, I, CLT, entretanto, só se configurando justa causa caso esse empregado falte por mais de 30 dias sem justificativa ou por um tempo razoável agindo assim com desleixo. Não é razoável transformar apenas uma advertência escrita em uma demissão de justa causa, já que necessitaria a acumulação de advertências, para que pudesse haver a suspensão deste empregado, e posteriormente caso houvesse reincidência do fato, ele pudesse por fim ser demitido. Além disso, o mesmo teria punido duas vezes o empregado pelo mesmo fato, o qual é vedado pelo nosso ordenamento jurídico a ocorrência da dupla punição para o mesmo ato faltoso, ou seja, se a falta ensejadora da justa causa já havia sido punida com advertência escrita, fica caracterizada bis in idem, devendo ser afastada a punição máxima aplicada ao empregado. Vale também dizer que não há nada na CLT que verse sobre a falta em relação a greve, ou seja, não é considerada uma falta justificada, mas vale dizer que se o mesmo tivesse em representação sindical, mediante o Art.482 poderia configurar uma falta com justificativa. 2ª QUESTÃO: (2,0 pontos) Numa entrevista realizada numa emissora privada, um Dirigente de empresa de RH declarou o seguinte: “O empregador precisa ter ciência de que o colaborador (empregado) não pode ser punido seguidamente, por um mesmo motivo. Caso ele apresente duas faltas seguidas sem justificativa, não é possível aplicar uma advertência e logo demitir o trabalhador por justa causa. É preciso respeitar o número de advertências, de acordo com a gravidade.”. Avaliando a declaração, opine sobre a afirmação considerando os limites do poder disciplinar do empregador e a motivação legal para configuração de faltas graves nas demissões justas dos empregados. R: Para se configurar como uma situação de demissão por justa causa vide Art.482 da CLT, é necessário visar o olhar para determinados conceitos, vejamos: 1) Atualidade e imediatidade: a rescisão de contrato de trabalho por justa causa deve acontecer imediatamente após a infração do empregado, de modo que uma falta não rechaçada e ocorrida muito tempo antes deixa de ser válida como motivadora de desligamento na categoria em questão. 2) Causalidade: a má conduta do empregado deve ser a causa direta da extinção de seu contrato. 3) Vedação a dupla punição: a má conduta do empregado não pode ser punida duas vezes; sendo assim, a demissão por justa causa precisa acontecer imediatamente e deve ser comunicada por escrito ao empregado. Sendo assim, a afirmação de que ‘’O empregador precisa ter ciência de que o colaborador (empregado) não pode ser punido seguidamente, por um mesmo motivo’’, é correto, já que pela vedação da dupla punição não poderá o empregado punir duas vezes pelo ato. Em relação da afirmação: ‘’ é preciso respeitar o número de advertências, de acordo com a gravidade.”, também está correto o entendimento já que mediante o princípio da razoabilidade, há uma ‘’escada’’ em questão de advertências e suspensões antes que este empregado seja demitido (Ex: advertências leves/moderadas acúmulos delas demissão; advertências suspensões reincidência do fato demissão;) 3ª QUESTÃO: (1,0 ponto) Luiza ao ser demitida de seu contrato de trabalho por tempo indeterminado, constatou 2 meses após a sua extinção contratual que estava grávida, com 3 meses de gestação. Indaga-se: Pode Luiza obter êxito na Justiça do Trabalho em reclamação trabalhista postulando sua reintegração no emprego, ainda que não tenha informado ao empregador, por ocasião da extinção contratual, o seu estado gestacional? R: A estabilidade de Luiza independe de conhecimento prévio. Em outras palavras, o período de estabilidade se inicia a partir da confirmação da gravidez, ou seja, no momento que a mulher fez o exame e constatou que está grávida, o que garante estabilidade à gestante é a própria gravidez, independentemente da data da confirmação ou do conhecimento do empregador. Sendo assim, significa dizer que, nos casos em que a gestante tenha sido demitida e após a dispensa ela descubra que a concepção (início da gravidez) se deu durante a vigência do contrato de trabalho, ela fará jus à estabilidade, caso contrário, a gestante demitida poderá ser reintegrada ao trabalho, ou poderá pedir indenização em caso de desligamento. A esse respeito: ‘’Art. 391-A da CLT. A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Lei nº 12.812, de 2013)’’ ‘’Súmula nº 244 do TST: GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) – Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I – O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, b do ADCT)’’. 4ª QUESTÃO: (3,0 pontos) O legislador trabalhista dedicou no Título II da CLT, um capítulo sobre férias. Sobre os assuntos abaixo indicados, disserte, avaliando o que foi indagado. a) O que significa período concessivo de férias individuais? R: O período concessivo de férias é o prazo que a lei estabelece para que o empregador conceda as férias ao empregado; este prazo equivale aos 12 (doze) meses subsequentes a contar da data do período aquisitivo completado e deverá ser observado os limites, exigências e atribuições do Art.134 da CLT, vejamos: ‘’Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses subseqüentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977) § 1o Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridose os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 3o É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado’’. b) Em que consiste a perda do direito ao gozo de férias e quais são as situações que definem tal perda? R: Para responder essa questão devemos observar o Art.133 da CLT: ‘’Art. 133 - Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977) I - deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 (sessenta) dias subseqüentes à sua saída; (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977) II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias; (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977) III - deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977) IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos. (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)’’ Sendo assim, o empregado estiver dentro das possibilidades do Art.133 da CLT em durante o período aquisitivo poderá ou irá não ter direito as férias; lembrando que férias é um Direito Constitucional vigente no Art.7, inciso XVII; c) As férias individuais podem ser fracionadas? os empregados maiores de 50 anos de idade podem ter suas férias fracionadas? R: A legislação trabalhista determinou que o fracionamento das férias individuais somente poderia acontecer em casos excepcionais vide Art. 134 da CLT, parágrafo primeiro, da nova redação). Nestes casos, seriam as férias concedidas, desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art134 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art134 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art133 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art133 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art133 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art133 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art133 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art133 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art133 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art133 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art133 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art133 Em relação aos empregados maiores de 50 anos, com a publicação da Lei nº 13.467/17, a partir de 11/11/2017, os empregados maiores de 50 anos de idade também poderão fracionar suas férias em três períodos, uma vez que a citada lei revogou o § 2º do art. 134 da CLT. d) Há algum prazo para o pagamento das férias? R: Sim, de acordo com o art. 145 da CLT, o prazo de pagamento das férias é de no máximo dois dias antecedentes ao seu início. Vejamos: ‘’Art. 145 - O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o do abono referido no art. 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977 Parágrafo único - O empregado dará quitação do pagamento, com indicação do início e do termo das férias’’. e) O que ocorre com empregados com menos de 12 meses de serviço para o empregador quando esse decide conceder férias coletivas e quais os efeitos dessa concessão no contrato de trabalho desses empregados? R: De acordo com o Art.140 da CLT, o funcionário que estiver há menos de 12 meses na empresa deve gozar de férias proporcionais ao seu tempo que está na empresa, iniciando-se, em seguida, um novo período aquisitivo de férias, ou seja, “zera” a partir do momento que gozar férias coletivas. ‘’Art. 140 - Os empregados contratados hão menos de 12 (doze) meses gozarão, na oportunidade, férias proporcionais, iniciando-se, então, novo período aquisitivo. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977’’ f) É possível não conceder férias coletivas a todos os empregados de uma empresa? R: Depende. Não pode escolher os funcionários (individualmente falando), mas sim o departamento. Não há férias coletivas sem que pelo menos um setor inteiro da empresa esteja de férias. Sendo assim, empresa só poderá elaborar escala de trabalho para os departamentos não abrangidos pelas férias coletivas, mas não para um empregado individualmente, importante destacar. ‘’Art. 139. Poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa’’. 5ª QUESTÃO: (2,0 pontos) Paulo Silva era administrador na empresa LZ Ltda. havia 20 anos. Num programa de redução de força de trabalho do empregador, reduzindo o quadro de empregados para eliminar um importante impacto de custos fixos em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art143 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art145 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art145 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art140 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1535.htm#art140 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm#art139 https://ava.candidomendes.edu.br/moodle/mod/resource/view.php?id=169887 sua folha de pagamento, esse elaborou um Programa de Demissão Voluntária (PDV), com regras objetivas, fixadas em acordo coletivo. Avaliando a proposta desse modo de extinção contratual, Paulo resolveu livremente aderir ao PDV em questão, sem lançar qualquer ressalva. Após receber as verbas rescisórias e 12 meses após a extinção contratual que cumpriu integralmente a regra do PDV descobriu que existiam 5 horas extraordinárias trabalhadas e não pagas. Resolveu ingressar com reclamação trabalhista cobrando essas horas extraordinárias, bem como uma indenização equivalente por lhe ter sido negada a habilitação para recebimento do seguro-desemprego. Diante dessa situação hipotética e considerando a legislação trabalhista vigente, avalie as chances de êxito de Paulo nesta ação? R: O Art. 477-B da CLT alega que: “Art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plúrima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes.” Sendo assim, o empregado que escolhe aderir ao PDV não pode posteriormente reivindicar (judicialmente) direitos acerca do contrato de trabalho que já tenha terminado, pois ao optar pelo PDV o empregado aceita o teor do Plano de Demissão Voluntária, ele renuncia a todos os outros direitos porque o PDV é mais vantajoso do que um pedido de demissão qualquer. Importante dizer que o Plano de Demissão Voluntária deve estar previsto em convenção coletiva (celebrada entre o sindicato da categoria profissional e o sindicato patronal) ou acordo coletivo de trabalho (firmado entre uma ou mais empresas e o sindicato dos trabalhadores). Em suma, PDV quando celebrado acarreta a plena e irrevogável quitação dos direitos decorrentes da relação de emprego, impedindo que o empregado venha posteriormente reclamar qualquer outro direito na Justiça do Trabalho, coma exceção de algum termo excepcional estipulado entre o empregado-empregador; Paulo não poderá obter êxito nessa ação, a não ser que se enxergue uma brecha entre as partes, fora isso, o PDV revoga os direitos da relação de emprego. https://ava.candidomendes.edu.br/moodle/mod/resource/view.php?id=169887
Compartilhar