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Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 1 Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 2 SUMÁRIO Componentes do gasto energético …………………………………………………………………………………..03 Gasto energético em repouso ……………………………………………………………………………………………04 Efeito Térmico dos Alimentos …………………………………………………………………………………………… 07 Gasto da atividade física ……………………………………………………………………………………………………. 08 Gasto da atividade não-exercício ……………………………………………………………………………………..10 Cálculo do gasto energético ………………………………………………………………………………………………..13 Fator Atividade ………………………………………………………………………………………………………………………..16 Escolha do Déficit Calórico ………………………………………………………………………………………………..17 Limitações do Inquérito Alimentar …………………………………………………………………………………..19 Referências............................................................................................................................. ..................21 Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 3 1 Componentes do Balanço Energético Para facilitar o entendimento do balanço energético, é fundamental que se retome o fundamento básico envolvido na primeira Lei da Termodinâmica, que compreende o princípio da conservação de energia. Fisicamente, essa lei explica que toda energia adicionada a um sistema, pode ser armazenada ou então, utilizada para realizar trabalho. A questão é que esta lei da física pode ser aplicada ao organismo humano, o que reforça que todo e qualquer excesso de energia, ou seja, toda energia que não é gasta, tende a se manter armazenada como gordura corporal ou massa magra, caracterizando o ganho de peso. Dessa forma, o balanço energético é um fator importante no que tange a perda, o ganho, ou a manutenção de peso corporal, estando relacionado à diferença entre a ingestão calórica e o gasto energético dos indivíduos. Um balanço energético neutro confere a manutenção de peso e da composição corporal, a partir de um consumo calórico bastante similar ao gasto energético realizado. Aos indivíduos que buscam emagrecimento, com redução de peso a partir de expressiva perda de gordura, aplica-se um balanço energético negativo (mantendo-os em déficit calórico), caracterizado por um consumo de calorias abaixo da quantidade calórica gasta. Já aqueles que buscam o ganho de peso, sobretudo com ganho de massa muscular, devem manter um balanço energético positivo (ou superávit calórico), com consumo acima da quantidade de calorias que serão gastas. Fisiologicamente, o organismo demanda uma grande quantidade de energia para manter suas funções básicas que vão desde a respiração até o controle da temperatura corporal. Compreender adequadamente este gasto é fundamental na regulação do balanço a ser feito em cada indivíduo, sendo esta quantidade de energia denominada de Taxa Metabólica Basal (TMB). Entretanto, sua medição requer condições laboratoriais muito bem controladas, devendo o indivíduo permanecer em repouso e jejum, por um período mínimo de 12 horas. Para fins práticos, mede-se o gasto energético de repouso (GER) através de calorimetria indireta. Este exame estima a quantidade calórica gasta em um estado de repouso a partir do consumo de oxigênio e da produção de gás carbônico. O valor obtido é cerca de 5% mais elevado que o da TBM. Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 4 O GER é apenas um dos componentes do gasto energético total (GET), sendo importante observar, como veremos mais adiante, a contribuição de outros fatores, como a atividade física e a dieta. Apesar de pouco discutido, o gasto não relacionado ao exercício também influencia o GET, o que torna essencial a observação da rotina de cada pessoa. Com relação à energia fornecida pelos alimentos, considera-se a distribuição calórica abaixo, para 1g de macronutriente, sendo as gorduras os componentes mais calóricos da dieta. Figura 1.1. Densidade energética a partir dos macronutrientes da dieta (Hall, M, 2021) 2 Gasto energético em repouso O gasto energético de repouso (GER) compreende cerca de dois terços do gasto energético total (GET), embora varie entre os indivíduos de maneira considerável, a depender do total de atividades físicas. Como discutido no capítulo anterior, esta variável estima o gasto calórico necessário para manter as funções biológicas e vitais do organismo, com alguns órgãos contribuindo mais para esse gasto, em detrimento de Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 5 outros. Entre estes estão incluídos órgãos como o coração, rins, cérebro e fígado, altamente metabólicos. Estima-se que apenas o cérebro tenha um consumo calórico de aproximadamente 400 kcal. O GER também é amplamente variável entre diferentes indivíduos, a depender da composição corporal de cada um. Isso se explica pelo maior gasto calórico envolvendo o tecido magro, em comparação ao tecido adiposo. Pode-se dizer que estes dois tecidos contribuem para o GER variavelmente, de acordo com os ganhos ou perdas de massa muscular e de gordura de cada indivíduo. Ainda assim, indivíduos com igual peso e composição corporal apresentam variabilidade no GER, sendo esta próxima a 250 kcal. O GER depende da massa corporal, que pode aumentar ou diminuir por diversas razões. Sabe-se que o ganho de peso pode culminar em um aumento expressivo de massa gorda, o que faz com que alguns órgãos aumentem de tamanho, o que também contribui para o aumento do GER. Como dito anteriormente, o fígado e o cérebro demandam uma grande quantidade de energia para exercerem suas funções. Apenas 1kg de tecido hepático possui uma taxa metabólica basal bastante elevada, com um gasto de cerca de 200kcal. O cérebro apresenta um gasto similiar, mas ainda maior, totalizando 240 kcal gastas por kg, sendo que o cérebro tem uma média de 1,5kg. No entanto, o tecido muscular esquelético, possui uma TMB correspondente a apenas 13kcal/kg, com o tecido adiposo apresentando uma taxa ainda menor, de 4,5 kcal/g. Ainda assim, é correto afirmar que ambos os tecidos contribuem significativamente para o GER, tendo em vista que estão amplamente distribuídos pelo corpo. Somente a musculatura esquelética pode constituir cerca de 45% do peso corporal dos indivíduos. A partir disso, é fundamental entender a composição corporal de cada um com uma prática direcionada para cada especificidade. Uma mesma equação de estimativa de GER não pode ser aplicada a dois indivíduos com composição corporal diferente, mesmo que tenham peso e altura iguais, sendo importante utilizar fórmulas específicas, e portanto, mais adequadas para cada indivíduo. O gasto energético pode ser medido por alguns métodos, sendo os principais listados na tabela abaixo. A calorimetria direta corresponde ao método de melhor acurácia para esta aferição, pois permite a obtenção direta do calor gerado pelo organismo indivíduo. Entretanto, é necessário permanecer confinado em uma câmara metabólica durante o processo, não refletindo o gasto energético usual de 24 horas. É um método bastante caro, sendo mais direcionado para a realização de pesquisas científicas, sobretudo aquelas voltadas para avaliar o efeito térmico dos alimentos e seus nutrientes. Outra medida bastante utilizada, citada no primeiro capítulo, é a calorimetria indireta. Apresenta boa acurácia (2 a 5% de erro), mensurando o calor gerado pelo organismo a partir do consumo e geração de gás oxigênioe gás carbônico, respectivamente, obtendo um quociente respiratório. Pelo alto custo envolvido na Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 6 calorimetria direta, este método acaba sendo mais utilizado, não só por pesquisas, mas também por unidades de terapia intensiva, o que permite que o GER possa ser medido continuamente, ao longo de maiores intervalos de tempo. Por fim, a tabela também traz o método da água duplamente marcada, bastante citado por diversos estudos. Através dele, é possível aferir o gasto energético de 24 horas durante as atividades realizadas pelo indivíduo, não havendo impactos em sua rotina. Para a sua realização, utiliza-se a água marcada com formas estáveis de isótopos, a serem administrados por via oral, cuja meia-vida é monitorada em torno de 7 a 21 dias. A partir da diferença no desaparecimento destes isótopos em fluidos corporais dos isótopos, estima-se a taxa de produção de CO2. Por fim, observam-se dados referentes à composição da dieta e ao quociente respiratório do indivíduo, o que permite, de fato, o cálculo do gasto energético em 24 horas. Figura 2.1. Vantagens e Desvantagens dos principais métodos de aferição do gasto energético (Butte e Cabellero, 2014) Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 7 3 Efeito Térmico dos Alimentos Há um importante gasto calórico associado ao processo de digestão dos nutrientes consumidos a partir da dieta, o que caracteriza o Efeito Térmico dos Alimentos (ETA), também chamado de “Termogênese induzida pela dieta”(TID). Podendo ser observado por várias horas após uma refeição, o ETA seria a representação do gasto energético relacionado a digestão dos nutrientes, como dito anteriormente, mas também aos processos de absorção, armazenamento e direcionamento metabólico de cada um dos macronutrientes da dieta. No entanto, além de compreender tal propriedade de forma geral, é preciso diferenciar a magnitude de efeito de cada nutriente individualmente, observando sempre a composição da dieta. Em quantidades isocalóricas, as proteínas contribuem mais para a ETA que os carboidratos que, por sua vez, contribuem mais que as gorduras. É comum que o ETA represente um percentual fixo na contribuição para o GET, que corresponde a 10% em indivíduos saudáveis, podendo ser observadas algumas variações. Macronutriente % do GET Proteínas 20% a 30% Álcool 10% a 30% Carboidratos 5 a 10% Gorduras 0 a 3% Considerando uma dieta mista, a termogênese induzida pela dieta impacta no GET na distribuição por macronutrientes descrita na tabela acima. A partir dela, é possível observar a grande contribuição das proteínas. Um aumento de proteínas na dieta não irá causar um aumento significativo no gasto calórico para fins de emagrecimento de indivíduos, estando a sua maior contribuição envolvida com a maior saciedade proporcionada por este macronutriente. Carboidratos e gorduras tendem a contribuir menos neste gasto calórico. Embora seja o menor entre os componentes do GET, alguns estudos sugerem que o ETA possa Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 8 desempenhar um papel importante na manutenção e no desenvolvimento da obesidade, atrelada a outros fatores metabólicos e comportamentais que limitam a contabilidade calórica como única intervenção a ser feita. Como exemplo, alimentos mais integrais tem um gasto maior digestivo e uma maior perda fecal, além de contribuírem mais para saciedade dentro do contexto adequado. 4 O gasto da atividade física Corresponde ao componente do GET mais conhecido, tendo em vista sua significativa contribuição para o processo de emagrecimento. Pode ser tanto relacionado ao gasto do exercício planejado, como também ao gasto relacionado a atividades de vida diária, sendo esta última modalidade abordada no próximo tópico. Entre os fatores que influenciam na quantidade energética a ser gasta durante o exercício, incluem-se a duração e intensidade do exercício em proporção ao peso corporal. Embora sejam menos ativos fisicamente, indivíduos com obesidade tendem a ter um gasto energético relacionado à atividade física superior, quando comparados a indivíduos eutróficos. Isso pode ser observado a partir do gráfico abaixo, que ilustra o gasto calórico, em kcal/d, obtido de cada um dos três componentes do GET, sendo eles: termogênese induzida pela dieta, gasto energético em repouso e o gasto relacionado à atividade física. Todavia, este gasto calórico pode apresentar quantitativamente uma queda importante a partir da perda de peso, fazendo com que a intensidade seja aumentada a fim de compensar a perda no gasto energético. Resumidamente, a perda de peso pode impactar na diminuição das atividades físicas diárias, de maneira mais comportamental do que planejada. Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 9 Figura 4.1. Gasto energético total (GET) médio em obesos e eutróficos a partir dos componentes do balanço energético (Hall KD, Guo J, 2017). O peso corporal é um fator importante relativo ao gasto calórico dos indivíduos. Para entender melhor, basta pensar em dois corpos diferentes, um com mais peso que o outro. Considerando que ambos façam a mesma atividade, ainda assim, o corpo mais pesado gastará mais energia para mover-se, em comparação ao menor. Isso já é bastante demonstrado na literatura, com trabalhos mostrando aumento no gasto calórico, visualizado em indivíduos mais pesados, sob a prática de atividades de suporte de peso. É importante destacar as mudanças nos padrões de movimento e atividade observadas em adultos e crianças. Estas passam a maior parte de seu ativo em atividades de alta intensidade, diferentemente de adultos jovens que gastam, em média, cerca de 9% de seu tempo ativo com atividades desta intensidade. Esta proporção vai diminuindo conforme a idade, conforme o gráfico abaixo, com idosos apresentando um percentual de apenas 4%. Figura 4.2 Tempo gasto em atividades de baixa, média e alta intensidade, respectivamente (Hall KD, Guo J, 2017). Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 10 Além disso, é preciso considerar as mudanças na composição corporal em resposta a uma mudança na atividade física por meio do treinamento físico, o que também, em certo grau, impacta no gasto calórico, tanto no gasto relacionado à atividade física quanto no próprio gasto energético em repouso. Adultos jovens tendem a ter, a longo prazo, um aumento na massa livre de gordura, a partir do treinamento de resistência, além de maior diminuição de massa gorda, sendo este último efeito mais pronunciado em indivíduos do sexo masculino. 5 Gasto de atividade não-exercício O gasto da atividade física também compreende as atividades cotidianas, muitas vezes subestimadas no que diz respeito ao cálculo do gasto energético. Também conhecida como termogênese da atividade não- exercício (NEAT, em inglês), esse tipo de atividade física engloba todo e qualquer gasto de energia que não esteja envolvido com a alimentação, o sono e com exercícios esportivos. Dessa forma, o NEAT engloba a energia gasta em atividades que podem estar relacionadas à ocupação, lazer, sendo composto por uma ampla gama de componentes que tornam difícil sua medição durante a elaboração de muitos estudos. Além disso, representa o componente mais variável do gasto energético, com grande variabilidade inter e intra-pessoal, o que pode ser observado em variações que atingem cerca de 15% em indivíduos sedentários, podendo alcançar 50% ou mais de variabilidadeno gasto total diário de energia em indivíduos mais ativas. Pode haver variações próximas a 2000 kcal de forma inter-individual, considerando que os níveis de atividade possam variar substancialmente de um indivíduo para o outro. Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 11 Figura 5.1 A contribuição do NEAT para o gasto energético total em adultos sedentários de vida livre (Levine, J.A et al, 2005) É comum que um NEAT mais baixo esteja associado à rotina de indivíduos com obesidade, por apresentarem uma tendência inata de permanecerem mais horas do dia sentados, em comparação a indivíduos sedentários magros. Esta maior capacidade de resposta frente a estímulos ambientais para manter-se sentados é retratada em alguns estudos que também sugerem um acréscimo diário de 2,5 horas nesta posição. Este resultado foi possível observar a partir de microssensores alocados nas roupas dos participantes, permitindo a medição e o registro da postura corporal, a cada meio segundo. Também foi observado que, caso os indivíduos obesos mantivessem mais tempo em pé, poderia haver um acréscimo no gasto calórico de 350 kcal, considerando o custo de energia para permanecer em pé e deambular, o que reforça a substancial importância da movimentação corporal para a obesidade. A eficiência energética com a qual são realizadas as atividades não-exercício corresponde a um importante determinante do NEAT. A partir disso, observa-se que movimentos triviais, como a própria mastigação, podem desviar significativamente o gasto energético acima do repouso, estando esse exemplo associado a um acréscimo de 20% no GER. No âmbito comportamental, a escolha entre atividades parece estar relacionada ao custo associado a cada uma delas, ou quanto esforço ou trabalho deve ser direcionado para que o indivíduo a realize. Nessa lógica, é observado um maior direcionamento desta escolha a opções mais acessíveis, com menor esforço envolvido. Além disso, em certo grau, estas escolhas também são realizadas conforme as opções de atividade disponíveis em cada momento. Para facilitar a compreensão, considere que, durante um determinado momento, um indivíduo tenha as seguintes opções: (1) permanecer sentado e navegar na Internet ou (2) caminhar Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 12 até uma praça, sendo um local pouco atrativo para esta pessoa. Como a opção mais ativa está atrelada a uma condição de desinteresse, há uma maior tendência de escolha da primeira opção, o que culminaria em um menor gasto energético associado ao não-exercício. Entretanto, se estas opções passam a ser moduladas, e uma atividade mais ativa passa a ser atrelada a algo que gera maior interesse e prazer para este indivíduo, como na opção hipotética de (3) caminhar com um amigo, a escolha pela atividade física pode ser melhor favorecida. Figura 5.2 Os fatores envolvidos na termogênese da atividade não-exercício ( Villablanca, P.A et al, 2015) A figura acima ilustra os fatores genéticos e adquiridos que predispõem a um maior ou menor NEAT, dadas as variações interindividuais. Resumidamente, pode-se dizer que esta regulação é parcialmente influenciada por neuromediadores hipotalâmicos, como a orexina e grelina, bem como pelo condicionamento ambiental, sobretudo no que tange aos ambientes de trabalho, escola e moradia com os quais cada pessoa convive. Além disso, há fatores comportamentais aprendidos e reforçados ao longo da vida a partir do contato com diferentes educadores, como familiares, professores e prestadores de serviços em saúde. Dessa forma, é indiscutível a influência de uma série de elementos que predispõem o desenvolvimento da obesidade, não estando limitado apenas a genes promotores específicos, dado que parece não haver mudanças significativas no IMC de pessoas fisicamente ativas com predisposição genética a obesidade, quando comparadas com indivíduos isentos dessa característica familiar. Ainda no campo da genética, é preciso avaliar que uma consideração relativamente alta do componente genético não implica automaticamente que indivíduos mais propensos ao sedentarismo sejam menos ativos do Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 13 que indivíduos geneticamente propensos a uma melhor adesão a esse estilo de vida. Dessa forma, pode-se afirmar que o nível de atividade final é resultante da interação entre genes e o ambiente, podendo demandar maior esforço para que indivíduos com essa menor predisposição atinjam um igual nível de atividade daqueles com predisposição maior. A tabela abaixo mostra uma série de atividades distintas do cotidiano com grande potencial de aumentar o NEAT, e assim, contribuir para o aumento do gasto energético total. É possível observar que todas elas criam algum tipo de movimento, por mais simples que seja. Dessa forma, é importante uma maior promoção do NEAT na rotina individual, sendo esta uma importante estratégia para indivíduos com algum grau de obesidade. Há diversas oportunidades ao longo do dia, devendo ser considerada a que melhor se alinha com as particularidades de rotina de trabalho e cuidados domésticos do indivíduo. 6 Cálculo do Gasto Energético Um dos primeiros passos que antecedem a montagem de um planejamento dietético consiste na estimativa do gasto energético de repouso (GER) e do gasto energético total (GET) de cada indivíduo. Como visto anteriormente, o GER pode ser obtido a partir da calorimetria indireta. Entretanto, existem fórmulas matemáticas padronizadas que permitem que seu valor seja estimado, de forma rápida, a uma faixa muito próxima a que seria encontrada neste exame, podendo ser utilizadas com alta credibilidade na prática clínica. Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 14 Apesar de grande parte destas fórmulas exigirem dados pontuais, como peso, idade, altura e o sexo do indivíduo. deve haver um maior cuidado na escolha da fórmula, respeitando a individualidade de cada paciente. Isso porque algumas fórmulas serão mais adequadas para determinadas composições corporais, como veremos a seguir. 6.1 Fórmula da FAO/OMS: As fórmulas abaixo exigem apenas dados referentes ao peso, sexo e idade do indivíduo. São equações adequadas para indivíduos eutróficos, não sendo indicada para pacientes com algum grau de obesidade. ou para os que apresentam muita massa muscular. Idade (Anos) Masculino Feminino 10 a 18 (17,686 x P) + 658,2 (13,384 x P) + 692,6 18 a 30 (15,057 x P) + 692,2 (14,818 x P) + 486,6) 30 a 60 (11,472 x P) + 873,1 (8,126 x P) + 845,6) 60 (11,711 x P) + 587,7 (9,082 x P) + 658,5 6.2 Fórmula de Harris-Benedict: São as equações mais antigas para estimativa do gasto de repouso. Exigem informações referentes à altura (em cm), peso e idade. É uma boa fórmula a ser utilizada para indivíduos que buscam hipertrofia, desde que não seja um indivíduo com massa muscular acima da média. Gênero Masculino Feminino GER (17,686 x P) + 658,2 655 + (9,6x P) + (1,9x A) - (4,7 x I) 6.3. Fórmula de Mifflin-St Jeor: Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 15 Estas equações exigem valores referentes a peso, altura e idade. Apesar de, em certo grau, superestimarem o GER, alguns estudos mostram que estas equações acabam sendo mais adequadas para indivíduos obesos. Podem ser utilizadas para casos em que haja suspeita de metabolismo lento, também sendo válida para eutróficos. Na maioria das vezes, registram valores um pouco maiores que os obtidos pelas equações da FAO/OMS. Gênero Masculino Feminino GER (10x P) + (6,25x A) - (5,0x I) +5 (10x P) + (6,25x A) -(5,0x I)-161 6.4. Equaçãode Cunningham: É uma fórmula bastante utilizada em fisiculturistas e atletas. Para ser calculada, é necessário que seja obtido o percentual de gordura do paciente, para que seja subtraído do peso corporal, resultando na massa livre de gordura, sendo a única variável da equação. GER 500 + (22x MLG) 6.5. Equações de Tinsley: São equações mais recentes, desenvolvidas em um estudo realizado em fisiculturistas, no ano de 2018, portanto, devem ser utilizadas somente para esse público. Uma delas considera apenas o peso corporal, já atribuído a uma maior massa muscular nestes indivíduos, enquanto a segunda vai exigir a massa livre de gordura. GER (24,8 x P) + 10 GER (25,9 x MLG) + 284 Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 16 7 Fator Atividade Após a obtenção do GER pela fórmula mais adequada para cada composição corporal, é fundamental que seja escolhido um fator de atividade adequado e representativo de cada indivíduo. Este fator representa o gasto calórico relacionado à atividade física, e possibilita, a partir de sua multiplicação direta com o GER, a estimativa do gasto calórico total GET) do indivíduo. Além disso, esse fator também engloba o efeito térmico dos alimentos, facilitando o cálculo. Dessa forma, é essencial conhecer a rotina de atividades de cada indivíduo, considerando tanto a rotina de exercício quanto o tipo de ocupação, a fim de saber mais acerca do gasto de atividade não associado ao exercício, abordado anteriormente. Atividade física Fator Atividade Muito sedentário 1,4 Sedentário pouco ativo 1,5 Sedentário mais ativo 1,6 Moderadamente ativo 1,7 Muito ativo 1,8-1,9 Atividade intensa 2,0 ou mais A maioria da população possui um fator atividade de 1,6, com indivíduos mais ativos apresentando um valor superior a este, e indivíduos mais sedentários com um valor inferior. Considerando aqueles que apresentam algum grau de obesidade, é provável que estejam incluídos nessa faixa mais sedentária. O gráfico abaixo representa o fator de atividade trazido em um estudo, a partir de homens e mulheres de vida livre, que tiveram seu gasto energético monitorado. A partir dele, é possível observar uma frequência elevada de indivíduos concentrada na faixa de 1,5 a 1,7 de fator atividade. Além disso, é fundamental entender que uma rotina Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 17 de treinamento não garante, por si só, um fator de atividade muito elevado, principalmente se a atividade não- exercício for baixa, o que é bastante observado em indivíduos com algum tipo de ocupação que demande que permaneçam sentados por boa parte do tempo. Treinos com carga elevada, sucedidos por um longo intervalo de descanso, culminam em um menor gasto calórico e, dessa forma, também não podem ser necessariamente associados a um fator atividade de um indivíduo muito ativo, sendo importante a observação da atividade diária como um todo, de forma bastante detalhada e personalizada. Figura 7.1 Distribuição de frequência do valor de nível de atividade física em homens e mulheres (Westerterp, K,R, 2013) Com relação ao fator idade, em média, não são observadas diferenças significativas na atividade física realizada entre adultos jovens de 18 anos e indivíduos na faixa dos 50 anos, havendo uma queda desta idade em diante, em ambos os sexos, o que resulta em um fator atividade médio de 1,4, próximo aos 90 anos. 8 Escolha do Déficit Calórico Conforme a tabela abaixo, é possível compreender que o déficit calórico mais adequado irá depender muito da composição e peso corporal de cada indivíduo. Dessa forma, é indicado a indivíduos eutróficos, de ambos os sexos, um déficit calórico que não ultrapasse 600 kcal, tendo em vista que valores superiores podem resultar em grande perda de massa muscular, comprometendo a funcionalidade do indivíduo. Entretanto, indivíduos com sobrepeso e obesidade, devem receber um déficit calórico superior, na faixa de 500 Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 18 a 1500 kcal, possível por apresentarem um menor risco de catabolizar, que consiste nessa perda indesejável de massa muscular, além da perda de peso rápida proporcionada. Diversos estudos relatam maiores chances de manutenção da perda de peso, no longo prazo, quando esta é realizada em menos tempo. A maior velocidade da perda de peso também é interessante para motivar o paciente e facilitar a adesão à dieta, quando há obesidade. Além disso, é interessante observar o grau de obesidade do indivíduo, sendo interessantes déficits maiores para uma obesidade em terceiro grau. É importante observar o risco individual de cada paciente, sobretudo no que tange à saúde cardiometabólica. Assim, déficits maiores podem ser indicados, favorecendo o controle glicêmico e a redução nos níveis sanguíneos de colesterol, a curto prazo. Perfil Déficit Calórico Homens eutróficos 400-600 kcal Mulheres eutróficas 400-600 kcal Sobrepeso e Obesidade 500-1500 kcal Usuários de Esteróides 500-1000 kcal Figura 8.1 Tabela desenvolvida pelo professor Dudu Haluch Déficits elevados em fisiculturistas também acabam não sendo indicados, pelo possível comprometimento de sua massa muscular, visto que apresentam menor percentual de gordura. Um déficit próximo de 500 kcal costuma ser, dessa forma, mais indicado para esse público. Para fisiculturistas, consideram-se tanto atletas quanto não-atletas. Já para usuários de esteroides, a recomendação muda, pois estes hormônios atuam como uma espécie de blindagem, que minimiza o risco de catabolizar durante seu uso, principalmente pelo aumento na síntese proteica e o efeito anti-catabólico. Após o uso, a lógica de escolha do déficit segue a mesma observada nos casos anteriores. Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 19 9 Limitações do Inquérito Alimentar A montagem de dieta envolve uma série de cuidados, sendo necessária uma maior atenção com as informações obtidas a partir do relato do paciente, bastante limitadas. Há na literatura evidências que mostram subestimações individuais em diferentes grupos, contemplando obesos, atletas de resistência e adolescentes, que não conseguem ter uma real noção do seu próprio consumo energético. Nessa lógica, subestimações de 50% também podem ocorrer, com o relato de apenas metade das calorias realmente consumidas. Em partes, isso pode ser explicado pelo desconhecimento da população leiga quanto a densidade energética dos alimentos que determina a quantidade de calorias por dado volume de alimento. Alimentos maiores em tamanho, como algumas frutas, costumam apresentar poucas calorias em um maior volume, apresentando menor densidade energética. A distorção ocorre justamente nesse ponto, tendo em vista que não é incomum que sejam vistos como alimentos a serem evitados, pensando-se em um grande valor energético. O mesmo ocorre com alimentos mais calóricos, com maior densidade energética. Por apresentarem menores porções, costumam ser vistos como menos calóricos, o que impacta no autoconhecimento e percepção alimentar de cada um. Uma das ferramentas mais conhecidas de avaliação do consumo energético é o recordatório alimentar de 24 horas, em que são descritos e quantificados todo e qualquer alimento e bebida ingeridos no período anterior à entrevista com o profissional, que geralmente corresponde ao dia anterior. Apesar de ser um período próximo, a qualidade da informação obtida depende da memória e cooperação do paciente, isto porque é fundamental maiores detalhamentos acerca do tamanho das porções consumidas. Alguns pacientes podem usar balançasdigitais a fim de quantificar de forma melhor seus alimentos, no entanto, também podem ser utilizados em consultórios álbuns de fotografias com descrição das medidas caseiras dos principais alimentos. Ainda assim, é preciso considerar a própria capacidade do profissional em questionar adequadamente as informações que deseja obter, o que também pode comprometer a ferramenta. Alguns estudos citam fatores determinantes, como idade e o nível de escolaridade dos indivíduos. No entanto, uma das maiores limitações a ser considerada envolve o curto período de consumo alimentar relatado, não sendo possível estimar um consumo usual, tendo em vista que considera apenas um dia. É preciso bom senso, avaliando o relato, mas também o perfil do paciente, pois muitos podem se sabotar ou se enganar, mesmo sem intenção para tal. Material exclusivo Nutriflix. Venda proibida! Saiba mais em www.cursosnutricao.com/nutriflix 20 Referências: Hall KD, Guo J, Obesity Energetics: Body Weight Regulation and the Effects of Diet Composition, Gastroenterologia(2017), doi: 10.1053/j.gastro.2017.01.052. Fisberg, Regina Mara, Marchioni, Dirce Maria Lobo e Colucci, Ana Carolina Almada. Avaliação do consumo alimentar e da ingestão de nutrientes na prática clínica. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 2009. https://doi.org/10.1590/S0004- 27302009000500014 Villablanca PA, Alegria JR, Mookadam F, Holmes DR Jr, Wright RS, Levine JA. Nonexercise activity thermogenesis in obesity management. Mayo Clin Proc. 2015 Apr;90(4):509-19. doi: 10.1016/j.mayocp.2015.02.001. PMID: 25841254. Schoeller DA. Limitations in the assessment of dietary energy intake by self-report. Metabolism. 1995 Feb;44(2 Suppl 2):18- 22. doi: 10.1016/0026-0495(95)90204-x. Levine JA. Non-exercise activity thermogenesis (NEAT). Best Pract Res Clin Endocrinol Metab. 2002 Dec;16(4):679-702. doi: 10.1053/beem.2002.0227. HALL, John E.; HALL, Michael E. Guyton & Hall - Tratado de Fisiologia Médica . São Paulo. Grupo GEN, 2021 CUPARI, Lilian. Nutrição clínica no adulto 4a ed. São Paulo. Editora Manole, 2019. Levine JA, Vander Weg MW, Hill JO, Klesges RC. Non-exercise activity thermogenesis: the crouching tiger hidden dragon of societal weight gain. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2006 Apr;26(4):729-36. doi: 10.1161/01.ATV.0000205848.83210.73. Emagrecimento e Metabolismo. Dudu Haluch, 2021.
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