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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Instituto de Química (IQ) Departamento de Química Orgânica (GQO) Química Orgânica XI Experimental (Turma ED) Profª Isakelly Pereira Marques PRÁTICA: EXTRAÇÃO POR SOXHLET Por Victor Alves de Souza Guedes Niterói, 14 de outubro de 2022. 1 1. INTRODUÇÃO O princípio de uma operação de extração sólido-líquido abrange a transferência de massa dos compostos da matriz da matéria orgânica para um solvente cujo está em contato.¹ Desse modo, trata-se de um processo físico no qual a amostra transferida para o solvente é recuperada sem reação química.² Vale ainda ressaltar que nesse tipo de técnica, para que possibilite uma máxima extração, é preferível que ocorra o melhor contato possível entre a fase sólida e o solvente no menor tempo e com os menores custos possíveis.¹ Na extração por Soxhlet a execução é feita de forma contínua e é baseada na difusão e osmose do material a extrair. Além disso, aplica-se com alto ponto de ebulição, a partir do fornecimento de energia ao sistema que, justamente por isso, é limitada a sua utilização quando a matéria sólida se degrada com a temperatura.¹ Na liberação extrativa, as etapas de suma importância são: penetração do solvente no tecido, formação de uma micela intracelular e difusão do extrato na micela externa. ² Ademais, outros fatores influenciam nesse tipo de extração: o tamanho da partícula, a temperatura e o solvente.³ Nesse caso, o tamanho da partícula trabalhada é inversamente proporcional a área interfacial entre o soluto e solvente que, por sua vez, quanto maior for, culminará numa menor distância de difusão do soluto no sólido de extração. Consequentemente, a taxa de transferência de massa envolvida na extração é maior.³ O solvente é considerado em proporções ideais quando o mesmo é capaz de fornecer condições de viscosidade e polaridade favoráveis. Em relação à viscosidade, é necessário que se tenha fluxo suficiente para bom enxágue e difusão interna no soluto, visto que a solução torna-se mais viscosa à medida que o processo de extração ocorre. Através da teoria da dissolução, “semelhante dissolve semelhante”, é preciso ter conhecimentos sobre a estrutura química do soluto e do solvente para escolher corretamente.³ É importante esclarecer ainda que mesmo o aumento de temperatura proporcionando maior solubilidade do material extraído e maior coeficiente de difusão, há alguns casos que o limite de temperatura máxima é determinado por fatores secundários, como a natureza do material a ser extraído.³ Dito como as principais vantagens do método de Soxhlet estão: há um contato contínuo entre a amostra e o solvente, havendo sua constante renovação, a temperatura do sistema mantém-se relativamente alta e é uma metodologia de simples execução. Por outro 2 lado, uma desvantagem é a escassez do aparelho de soxhlet, justamente por não ser uma vidraria de fácil acesso ao redor do mundo.³ Para entender a sinfonagem é preciso entender o funcionamento do processo em geral, sendo assim, conforme ocorre o aquecimento do solvente, este chega ao seu ponto de ebulição e o vapor do mesmo é emitido subindo através da alça do aparelho de Soxhlet. Esse vapor chega no condensador, entra em contato com a água e se resfria, virando líquido novamente. Esse líquido é gotejado dentro da câmara do aparelho, entrando em contato com o cartucho e fazendo a extração da amostra. Essa parte extraída enche a câmara e, ao atingir o máximo do sifão, ela retorna para o balão de fundo redondo, e se mistura com o etanol, denominando sifonagem. Quanto mais sifonagens, mais eficiente o procedimento de faz.³ 2. OBJETIVO Extrair os curcuminóides do açafrão da terra pela técnica de soxhlet. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Discussão do trabalho experimental As pedras de porcelana inseridas no balão foram responsáveis por garantir a ebulição homogênea por meio da liberação de microbolhas que evitam a ebulição tumultuosa e uma possível projeção do líquido. Vale ainda ressaltar que é usado um papel de celulose justamente pelo o mesmo ser permeável e facilitar o contato da amostra com o solvente. Dessa forma, conforme o vapor do solvente adentrava o condensador, o mesmo era transformado em líquido de novo. Visto que o etanol apresenta ligações de hidrogênio, é considerado um solvente fortemente polar, sendo assim, mesmo que o açafrão possuísse partes apolares, somente as partes polares, representadas pelos curcominoides, foram solubilizadas. Conforme acontecia o processo de extração, pode-se observar que a amostra solubilizada tornou-se mais amarela, justamente pelo fato de ter ocorrido um aumento na concentração de curcuminoides extraídos. Com o intuito de aprimorar a eficiência do experimento, o solvente presente no balão era puro, ou seja, possui um coeficiente de solubilidade máximo, levando em consideração que numa extração ocorre a solubilização de uma amostra no solvente. Ademais, o balão ficou em contato com a manta aquecedora, de modo a 3 aumentar a temperatura do etanol e garantir temperatura suficientemente elevada para o sucesso da extração. 3.2. Apresentação de resultados - Peso do cartucho sem amostra (P1): 3,511 g - Peso do cartucho com a amostra (P2): 16,025 g - 𝑃 2 − 𝑃 1 = 𝑃 3 - Peso da amostra (P3): 12,514 g. 4. CONCLUSÕES No final, a extração foi bem sucedida durante todas as três sifonagens. Entretanto, após o término da montagem da aparelhagem, a manta de aquecimento não funcionou adequadamente e foi preciso trocar a manta, o que culminou numa falta de simetria entre as aparelhagens. Apesar disso, o problema pode ser contornado de forma que a extração ocorresse sem nenhuma perda expressiva, já que não foi realizada nenhuma separação entre os curcuminoides e etanol, não possibiltando a avaliação quantitativa do experimento 5. PARTE EXPERIMENTAL 5.1. Desenhos das aparelhagens Legenda: 1. Suporte universal; 2. Manta de aquecimento; 3. Balão de fundo redondo 250 mL; 4. Garras e mufas (3); 5. Aparelho de Soxhlet: 5.1 Sifão; 5.2 Alça lateral; 5.3 Câmara de extração; 6. Cartucho de celulose; 7. Mangueiras (2); (Figura 1: Estrutura da extração por Soxhlet.) 8. Condensador de refluxo. 4 5.2. Procedimentos experimentais Em primeira instância, a manta de aquecimento de 250 mL foi colocada em cima do suporte universal e dentro dessa manta, foi colocado o balão de fundo redondo. O balão foi preso, através de uma mufa e uma garra metálica, no suporte. Ao balão de 250 mL, foi acrescentado 150 ml de etanol e três pedras de porcelana. Na parte superior do balão, foi colocado o aparelho de Soxhlet e prendido no suporte universal, também, com uma garra e uma mufa. Ao aparelho, foi adicionado o cartucho de celulose previamente pesado com 12,514 g da amostra de açafrão da terra tampada com algodão. Em cima do aparelho de Soxhlet, foi inserido um condensador de refluxo, preenchido por água, e este foi prendido, mais uma vez, com garra e mufa no suporte universal. No condensador foram conectadas duas mangueiras, para auxiliar no fluxo de água: uma mangueira ficava ligada na torneira e a outra ligada no local onde a água foi despejada. 5.3. Dados físicos 5.3.1. Etanol 4 Fórmula molecular 𝐶 2 𝐻 6 𝑂 Massa molar 46,07 g/mol. Aparência Líquido incolor. Ponto de Fusão - 114°C Ponto de Ebulição 77 a 79°C Densidade 0,789 a 0,833 g/mL Toxicidade Irritação das vias respiratórias e digestivas, náusea, vômito, tosse, diarréia, dispnéia, possibilidade de edemas. Fórmula estrutural (Figura 2: Molécula de etanol. Fonte: Google Imagens.) 5 6. BIBLIOGRAFIA 1. CAETANO, André Manuel Vieira. Valorização do bagaço de azeitona: dimensionamento de um extrator sólido-líquido. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) - Instituto Superior de Engenharia do Porto. Vol. 1, p. 31-40, 2020. 2. BRUM, Aelson Aloir Santana et al. Métodos de extração e qualidade da fração lipídica de matérias-primas de origem vegetal e animal. Química Nova, [S. l.],v. 32, n. 4, p. 849-854. 2009. 3. PACOLA, Eduardo Henrique Bender. Análise Cinética e Termodinâmica do Processo de Extração de Óleo de Soja com N-Hexano. Trabalho de Conclusão de curso (Bacharelado em Engenharia Química) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Vol. 1, p. 40-50, 2018. 4. CETESB. Ficha de Informação Toxicológica. São Paulo. Vol. 1, p. 1-3 , 2012. 6