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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3 2 A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO .................... 4 3 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ........................................................... 6 4 DIAGNÓSTICO DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM......................... 9 4.1 Recursos a serem usados no diagnóstico e intervenção psicopedagógica ............................................................................................................13 4.2 Etapas do diagnóstico..........................................................................14 4.3 Entrevista Familiar Exploratório Situacional (E.F.E.S.) ..................15 4.4 Entrevista de Anamnese......................................................................15 4.5 Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças)......17 4.6 Provas e testes......................................................................................18 4.7 Síntese diagnóstica ..............................................................................19 4.8 Entrevista de devolução e encaminhamento ...................................19 5 O PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL E O PROCESSO DE INTERVENÇÃO .................................................................................................................20 6 TRILHA METODOLÓGICA ........................................................................27 6.1 Desenvolvimento ..................................................................................27 7 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ESCOLAR ...............................29 7.1 Dificuldades de aprendizagem específicas ......................................32 8 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ...................................................38 9 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................42 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO A Psicopedagogia tornou-se atualmente uma área de grande interesse, tanto de professores e especialistas, quanto de pesquisadores ligados a diversas áreas da Educação. Pode-se afirmar que o campo de atuação da Psicopedagogia, segundo o Código de Ética e Estatuto da Associação Brasileira de Psicopedagogia (1995), envolve a Saúde e a Educação, pois atua diretamente no processo de aprendizagem humana, seus padrões normais e patológicos, considerando a influência da família, escola e sociedade no seu desenvolvimento. (Machado. Deisy. 2010). Segundo Chamat (2004), é importante destacar que essa área de estudo tem alcançado grandes avanços, pois resgata as causas do não aprender, trabalhando para que o sujeito supere essas causas, além do que, a Psicopedagogia propicia inúmeras formas de atuação e de intervenção junto às crianças e adolescentes, focando conteúdos escolares de forma lúdica, buscando diversificar estratégias de ensino, propiciando assim contribuir para o desenvolvimento de suas habilidades e competências. Historicamente, a Psicopedagogia surgiu da relação entre a Pedagogia e a Psicologia. De acordo com Passeri (2003), esse profissional trabalha com o processo de aprendizagem, considerando a criança, o ambiente em que ela vive, assim como a estrutura de ensino em que está inserida, ou seja, o psicopedagogo observa tanto fatores in- ternos quanto externos, pois para analisar a dificuldade escolar que a criança vem enfrentando, é necessário analisar os fatores que influenciam sua aprendizagem, incluindo suas variáveis. Portanto, pode-se afirmar que o objetivo da Psicopedagogia consiste em compreender o processo de aprendizagem, enfocando como se aprende e como essa aprendizagem pode ser influenciada no decorrer do desenvolvimento, buscando além da compreensão de todo esse processo, reconhecer e tratar as possíveis alterações. Desde 1980, com a fundação da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp - em São Paulo, um grupo de profissionais já atuantes 5 na área, desenvolveu cursos de especialização e publicações referentes à temática dos processos de aprendizagem, voltados mais especificamente à análise destes. Essa preocupação em compreender os processos e as dificuldades que afetam a aprendizagem de alunos propicia ao psicopedagogo um grande campo de pesquisa e de atuação. Lembramos que de acordo com o Código de Ética, a intervenção psicopedagógica é sempre relacionada ao processo de aprendizagem, tendo natureza interdisciplinar e utilizando recursos das várias áreas do conhecimento humano, para a compreensão do ato de aprender. (Machado. Deisy. 2010). A Psicopedagogia atua tanto no campo clínico quanto instituciona l, tendo caráter preventivo e/ou remediativo. O aspecto preventivo atua na orientação de profissionais, focando a metodologia de ensino, a didática, os conteúdos escolares e outros fatores relacionados ao ensino. Já o processo de intervenção atua diretamente sobre o indivíduo, seja esta criança, adolescente ou adulto, procurando diagnosticar suas dificuldades e intervindo para a superação das mesmas. A intervenção inclui a anamnese realizada com os pais ou responsáveis, a análise do material escolar, observando o desempenho da 6 criança em situação de aprendizagem, o uso de técnicas e instrumentos específicos e, quando necessário, o encaminhamento para profissionais de outras áreas, como a neurologia, fonoaudiologia e psicologia. (Machado. Deisy. 2010). Considerando tudo que foi exposto sobre a atuação do psicopedagogo, destacamos a experiência realizada na Anhanguera Educacional – Faculdades de Valinhos - FAV, que apoiou uma iniciativa pioneira na área da Psicopedagogia, visando melhorar e aperfeiçoar a formação deste profissional. No ano de 2005, foi organizado um Laboratório de Psicopedagogia, local este em que três alunas formadas pela referida instituição, iniciaram um programa de atendimento psicopedagógico com a supervisão de uma professora do curso. Esse atendimento é gratuito e objetiva atender crianças e adolescentes, encaminhados por seus professores e pelo Conselho Tutelar, com queixas de dificuldades escolares, assim como formar profissionais melhores preparados para compreender as dificuldades que os alunos possam estar enfrentando no cotidiano escolar. (Machado. Deisy. 2010). 3 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA A avaliação psicopedagógica é um dos componentes críticos da intervenção psicopedagógica, pois nela se fundamenta as decisões voltadas à prevenção e solução das possíveis dificuldades dos alunos, promovendo melhores condições para o seu desenvolvimento. (Machado. Deisy. 2010). um processo compartilhado de coleta e análise de informaçõesrelevantes acerca dos vários elementos que intervêm no processo de ensino e aprendizagem, visando identificar as necessidades educativas de determinados alunos ou alunas que apresentem dificuldades em seu desenvolvimento pessoal ou desajustes com respeito ao currículo escolar por causas diversas, e a fundamentar as decisões a respeito da proposta curricular e do tipo de suportes necessários para avançar nodesenvolvimento das várias capacidades e para o desenvolvimento da instituição (COLL; MARCHESI; PALACIOS, 2007, p. 279). A avaliação psicopedagógica envolve: 7 a) a identificação dos principais fatores responsáveis pelas dificuldades da criança. Precisamos determinar se tratasse de um distúrbio de aprendizagem ou de uma dificuldade provocada por outros fatores (emocionais, cognitivos, sociais...). Isto requerer que sejam coletados dados referente à natureza da dificuldade apresentada pela criança, bem como que se investigue a existência de quadros neuropsiquiátricos, condições familiares, ambiente escolar e oportunidades de estimulação oferecidas pelo meio a que a criança pertence; b) o levantamento do repertório infantil relativo as habilidades acadêmicas e cognitivas relevantes para a dificuldade de aprendizagem apresentada, o que inclui: conhecimento, pelo profissional, do conteúdo acadêmico e da proposta pedagógica, à qual a criança está submetida; investigação de repertórios relevantes para a aprendizagem, como a atenção, hábitos de estudos, solução de problemas, desenvolvimento psicomotor, linguístico, etc.; avaliação de pré-requisitos e/ou condições que facilitem a aprendizagem dos conteúdos; identificação de padrões de raciocínio utilizados pela criança ao abordar situações e tarefas acadêmicas, bem como déficits e preferências nas modalidades percentuais etc; c) a identificação de características emocionais da criança, estímulos e esquemas de reforçamento aos quais responde e sua interação com as exigências escolares propriamente ditas. 8 Ela deve ser um processo dinâmico, pois é nela que são tomadas decisões sobre a necessidade ou não de intervenção psicopedagógica. Ela é a investigação do processo de aprendizagem do indivíduo visando entender a origem da dificuldade e/ou distúrbio apresentado. Inclui entrevista inicial com os pais ou responsáveis pela criança, análise do material escolar, aplicação de diferentes modalidades de atividades e uso de testes para avaliação do desenvolvimento, áreas de competência e dificuldades apresentadas. Durante a avaliação podem ser realizadas atividades matemáticas, provas de avaliação do nível de pensamento e outras funções cognitivas, leitura, escrita, desenhos e jogos. (Machado. Deisy. 2010). Inicialmente, deve-se perceber, na consulta inicial, que a queixa apontada pelos pais como motivo do encaminhamento para avaliação, muitas vezes pode não só descrever o “sintoma”, mas também traz consigo indícios que indicam o caminho para início da investigação. “A versão que os pais transmitem sobre a problemática e principalmente a forma de descrever o sintoma, dão-nos importantes chaves para nos aproximarmos do significado que a dificuldade de aprender tem na família” (FERNÁNDEZ, 1991, p. 144). Segundo Coll e Martín (2006), avaliar as aprendizagens de um aluno equivale a especificar até que ponto ele desenvolveu determinadas capacidades contempladas nos objetivos gerais da etapa. Para que o aluno possa atribuir sentido às novas aprendizagens propostas, é necessária a identificação de seus conhecimentos prévios, finalidade a que se orienta a avaliação das competências curriculares. Dentre os instrumentos de avaliação também podemos destacar: escrita livre e dirigida, visando avaliar a grafia, ortografia e produção textual (forma e conteúdo); leitura (decodificação e compreensão); provas de avaliação do nível de pensamento e outras funções cognitivas; cálculos; jogos simbólicos e jogos com regras; desenho e análise do grafismo. Conforme Coll; Marchesi; Palacios (2007), a avaliação psicopedagógica irá fornecer informações importantes em relação as necessidades dos seus alunos, 9 bem como de seu contexto escolar, familiar e social, e ainda irá justificar se há ou não necessidade de introduzir mudanças na oferta educacional. Depois de coletadas informações que considera importante para a avaliação, o psicopedagogo irá intervir visando à solução de problemas de aprendizagem em seus devidos espaços, uma vez que a avaliação visa reorganizar a vida escolar e doméstica da criança e, somente neste foco ela deve ser encaminhada, vale dizer que fica vazio o pedido de avaliação apenas para justificar um processo que está descomprometido com o aluno e com a sua aprendizagem. “De fato, se pensarmos em termos bem objetivos, a avaliação nada mais é do que localizar necessidades e se comprometer com sua superação” (VASCONCELOS, 2002, p. 83). 4 DIAGNÓSTICO DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM Investigação é um termo utilizado por Rubinstein (1987), e que definem a psicopedagogia. O profissional desta área deve vasculhar cada “canto” da pessoa, analisar o modo de como ela se expressa, seus gestos, a entonação da voz, tudo. O psicopedagogo deve também enxergar não só o que essa criança mostra, mas saber perceber que ela pode ter algum problema imperceptível que está dificultando sua aprendizagem e saber conduzí-la para um outro profissional, como: psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, etc., isso significa saber investigar os múltiplos fatores que levam está criança a não conseguir aprender. O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando solucioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a sua meta fundamentalmente é investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para valendo-se desta investigação, entender a constituição da dificuldade de aprendizagem (RUBINSTEIN, 1987, p. 51). Diagnosticar um distúrbio de aprendizagem é uma tarefa difícil e para fazê- lo de modo preciso e eficiente há que se ter a participação de equipe interdisciplinar e utilização de diferentes instrumentos para avaliação. (Machado. Deisy. 2010). 10 Fernández (1991) afirma que o diagnóstico, para o terapeuta, deve ter a mesma função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que dará suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário. É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da “escuta psicopedagógica...” para que “se possa decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção” (BOSSA, 2000, p. 24). Diagnosticar nada mais é do que a constatação de que a criança possui algum tipo de dificuldade na aprendizagem, fato que normalmente só é detectado quando ela é inserida no ensino formal. Porém, uma vez realizada essa constatação, cabe à equipe investigar a sua causa e, para tanto, deve-se lançar mãos de todos os instrumentos diagnósticos necessários para esse fim. O diagnóstico psicopedagógico abre possibilidades de intervenção e dá início a um processo de superação das dificuldades. O foco do diagnóstico é o obstáculo no processo de aprendizagem. É um processo no qual analisa-se a situação do aluno com dificuldade dentro do contexto da escola, da sala de aula, da família; ou seja, 11 é uma exploração problemática do aluno frente à produção acadêmica. (Machado. Deisy. 2010). Durante o diagnóstico psicopedagógico, o discurso, a postura, a atitude do paciente e dos envolvidos são pistas importantesque ajudam a chegar nas questões a serem desvendadas. É através do desenvolvimento do olhar e da escuta psicopedagógica, trabalhados e incorporados pelo profissional que poderão ser lançadas as primeiras hipóteses acerca do indivíduo. Esse olhar e essa escuta ultrapassam os dados reais relatados e buscam as entrelinhas, a emoção, a elaboração do discurso inconsciente que o atendido traz. (Machado. Deisy. 2010). O objetivo do diagnóstico é obter uma compreensão global da sua forma de aprender e dos desvios que estão ocorrendo neste processo que leve a um prognóstico e encaminhamento para o problema de aprendizagem. Procura-se organizar os dados obtidos em relação aos diferentes aspectos envolvidos no processo de aprendizagem de forma particular. Ele envolve interdisciplinaridade em pelo menos três áreas: neurologia, psicopedagogia e psicologia, para possibilitar a eliminação de fatores que não são relevantes e a identificação da causa real do problema. (Machado. Deisy. 2010). É nesse momento que o psicopedagogo irá interagir com o cliente (aluno), com a família e a escola, partes envolvidas na dinâmica do processo de ensino- aprendizagem. Também é importante ressaltar que o diagnóstico possui uma grande relevância tanto quanto o tratamento, por isso ele deve ser feito com muito cuidado, observando o comportamento e mudanças que isto pode acarretar no sujeito. (Machado. Deisy. 2010). O diagnóstico psicopedagógico é visto como um momento de transição, um passaporte para a intervenção, devendo seguir alguns princípios, tais como: análise do contexto e leitura do sintoma; explicações das causas que coexistem temporalmente com o sintoma; obstáculo de ordem de conhecimento, de ordem da interação, da ordem do funcionamento e de ordem estrutural; explicações da origem do sintoma e das causas históricas; análise do distanciamento do fenômeno em relação aos parâmetros considerados aceitáveis, levantamento de hipótese sobre a 12 configuração futura do fenômeno atual e, indicações e encaminhamentos. (Machado. Deisy. 2010). O diagnóstico não pode ser considerado como um momento estático, pois é uma avaliação do aluno que envolve tanto os seus níveis atuais de desenvolvimento, quanto as suas capacidades e possibilidades de aprendizagem futura. Por muitos anos, era uma tarefa exclusiva dos especialistas, que analisavam algumas informações dos alunos, obtidas através da família e às vezes da escola, e logo após devolviam um laudo diagnóstico, quase sempre com termos técnicos incompreensíveis. A distância existente no relacionamento entre os especialistas, a família e a escola impediam o desenvolvimento de um trabalho eficiente com o aluno. (Machado. Deisy. 2010). A proposta atual é que o diagnóstico seja um trabalho conjunto onde todas as pessoas que estão envolvidas com o aluno devem participar, e não atuar como meros coadjuvantes desse processo. Ele não é um estudo das manifestações aparentes que ocorrem no dia-a-dia escolar, é uma investigação profunda, na qual são identificadas as causas que interferem no desenvolvimento do aluno, sugerindo atividades adequadas para correção e/ou compensação das dificuldades, considerando as características de cada aluno. (Machado. Deisy. 2010). O diagnóstico não deverá somente fundamentar uma deficiência, mas apontar as potencialidades do indivíduo. Não é simplesmente o que este tem, mas o que pode ser e como poderá se desenvolver. (Machado. Deisy. 2010). É de extrema relevância detectarmos, através do diagnóstico, o momento da vida da criança em que se iniciam os problemas de aprendizagem. Do ponto de vista da intervenção, faz muita diferença constatarmos que as dificuldades de aprendizagem se iniciam com o ingresso na escola, pois pode ser um forte indício de que a problemática tinha como causa fatores intra-escolares (BOSSA, 2000, p. 101). Ao se instrumentalizar um diagnóstico, é necessário que o profissional atente para o significado do sintoma a nível familiar e escolar e não o veja apenas em um recorte, como uma deficiência do sujeito. Que o psicopedagogo, através do diagnóstico acredite numa aprendizagem que possibilite transformar, sair do lugar 13 estagnado e construir. Que ele seja o fio condutor que norteará a intervenção psicopedagógica. (Machado. Deisy. 2010). 4.1 Recursos a serem usados no diagnóstico e intervenção psicopedagógica O Código de Ética da Psicopedagogia, em seu Capítulo I – Dos Princípios – Artigo 1º afirma que o psicopedagogo pode utilizar procedimentos próprios da Psicopedagogia, procedimentos próprios de sua área de atuação. Rubinstein (1996) destaca que o psicopedagogo pode usar como recursos a entrevista com a família; investigar o motivo da consulta; conhecer a história de vida da criança, realizando a anamnese; entrevistar o aluno; fazer contato com a escola e outros profissionais que atendam a criança; manter os pais informados do estado da criança e da intervenção que está sendo realizada; realizar encaminhamentos para outros profissionais, quando necessário. Já Bossa (2000) destaca outros recursos, referindo-se as Provas de Inteligência (WISC); Testes Projetivos; Avaliação perceptomotora (Teste de Bender); Teste de Apercepção Infantil (CAT.); Teste de Apercepção Temática (TAT.); Provas de nível de pensamento (Piaget); Avaliação do nível pedagógico (nível de escolaridade); Desenho da família; Desenho da figura humana; Teste HTP ( casa, árvore e pessoa); Testes psicomotores; Lateralidade; Estruturas rítmicas... A autora não apresenta restrição quanto ao uso dos testes, no entanto, alguns destes testes (Wisc, Teste de Bênder, CAT, TAT, Testes Projetivos), aqui no Brasil, são considerados de uso exclusivo de psicólogos. Para evitar atritos, o psicopedagogo pode ser criativo e desenvolver atividades que possibilitem fazer as mesmas observações que tais testes. Ele também pode organizar uma equipe multidisciplinar, de maneira a que se faça uma avaliação de todos os aspectos sobre os quais recai nossa hipótese diagnóstica inicial. Ex: teste de inteligência (psicólogos); testes de audição e de linguagem (fonoaudiólogos). Os pedagogos especialistas em psicopedagogia, podem usar testes como o TDE, Metropolitano, ABC, Provas Piagetianas, provas pedagógicas, etc. (Machado. Deisy. 2010). 14 O uso de jogos também é sugerido como recurso, considerando que o sujeito através deles pode manifestar, sem mecanismos de defesas, os desejos contidos em seu inconsciente. Além do mais, no enfoque psicopedagógico os jogos representam situações-problemas a serem resolvidos, pois envolvem regras, apresentam desafios e possibilita observar como o sujeito age frente a eles, qual sua estrutura de pensamento, como reage diante de dificuldades. (Machado. Deisy. 2010). 4.2 Etapas do diagnóstico O diagnóstico psicopedagógico é composto de várias etapas que se distinguem pelo objetivo da investigação. Desta forma, temos a anamnese só com os pais ou com toda a família para a compreensão das relações familiares e sua relação com o modelo de aprendizagem do sujeito; a avaliação da produção escolar e dos vínculos com os objetivos de aprendizagem escolar; a avaliação de desempenho em teste de inteligência e viso-motores; a análise dos aspectos emocionais por meio de testes e sessões lúdicas, entrevistas com a escola ou outra instituição em que o sujeito faça parte; etc. Esses momentos podem ser estruturados dentro de uma sequência diagnóstica estabelecida. Existem diferentes modelos de sequência diagnóstica, sendo que nos deteremos no modelo desenvolvido por Weiss (1992). As etapas que compõem o modelo e o caracterizam: 1) Entrevista Familiar Exploratória Situacional (E.F.E.S.); 2) Entrevista de anamnese; 3) Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças); 4) Provas e Testes (quando necessário); 5) Síntese diagnóstica –Prognóstico; 6) Entrevista de Devolução e Encaminhamento. Estas etapas podem ser modificadas quanto a sua sequência e maneira de aplicá-las, de acordo com cada prática psicopedagógica. 15 4.3 Entrevista Familiar Exploratório Situacional (E.F.E.S.) Visa a compreensão da queixa nas dimensões da escola e da família, a captação das relações e expectativas familiares centradas na aprendizagem escolar, a expectativa em relação ao psicopedagogo, a aceitação e o engajamento do paciente e de seus pais no processo diagnóstico e o esclarecimento do que é um diagnóstico psicopedagógico. Nesta entrevista, pode-se reunir os pais e a criança. É importante que nessa entrevista sejam colhidos dados relevantes para a organização de um sistema consistente de hipóteses que servirá de guia para a investigação na próxima sessão. (Machado. Deisy. 2010). 4.4 Entrevista de Anamnese É uma entrevista, com foco mais específico, considerada como um dos pontos cruciais de um bom diagnóstico, visando colher dados significativos sobre a história do sujeito na família, integrando passado, presente e projeções para o futuro, permitindo perceber a inserção deste na sua família e a influência das gerações passadas neste núcleo e no próprio. Na anamnese, são levantados dados das primeiras aprendizagens, evolução geral do sujeito, história clínica, história da família nuclear, história das famílias materna e paterna e história escolar. O psicopedagogo deverá deixá-los à vontade “... para que todos se sintam com liberdade de expor seus pensamentos e sentimentos sobre a criança para que possam compreender os pontos nevrálgicos ligados à aprendizagem” (Weiss, 1992, p. 62). A história vital nos permitirá “... detectar o grau de individualização que a criança tem com relação à mãe e a conservação de sua história nela” (PAÍN, 1992, p. 42). É importante iniciar a entrevista falando sobre a gravidez, pré-natal, concepção. “A história do paciente tem início no momento da concepção e vêm reforçar a importância desses momentos na vida do indivíduo e, de algum modo, nos aspectos inconscientes de aprendizagem” (WEISS, 1992, p. 64). 16 Algumas circunstâncias do parto como falta de dilatação, circular de cordão, emprego de fórceps, adiamento de intervenção de cesárea, “costuma ser causa da destruição de células nervosas que não se reproduzem e também de posteriores transtornos, especialmente no nível de adequação perceptivo-motriz” (PAÍN, 1992, p. 43). É interessante perguntar se foi uma gravidez desejada ou não, se foi aceito pela família ou rejeitado. Estes pontos poderão determinar aspectos afetivos dos pais em relação ao filho. (Machado. Deisy. 2010). Posteriormente é importante saber sobre as primeiras aprendizagens não escolares ou informais, tais como: como aprendeu a usar a mamadeira, o copo, a colher, como e quando aprendeu a engatinhar, a andar, a andar de velocípede, a controlar os esfíncteres, etc. A intenção é descobrir “em que medida a família possibilita o desenvolvimento cognitivo da criança – facilitando a construção de esquemas e deixando desenvolver o equilíbrio entre assimilação e acomodação...” (WEISS, 1992, p. 66). É interessante saber sobre a evolução geral da criança, como ocorreram seus controles, aquisição de hábitos, aquisição da fala, alimentação, sono etc., se ocorreram na faixa normal de desenvolvimento ou se houve defasagens. Se a mãe não permite que a criança faça as coisas por si só, não permite também que haja o equilíbrio entre assimilação e acomodação. Alguns pais retardam este desenvolvimento privando a criança de, por exemplo, comer sozinha para não se lambuzar, tirar as fraldas para não se sujar e não urinar na casa, é o chamado de hipoassimilação (PAÍN, 1992), ou seja, os esquemas de objeto permanecem empobrecidos, bem como a capacidade de coordená-los. Por outro lado, há casos de internalização prematura dos esquemas, é o chamado de hiperassimilação (PAÍN, 1992), pais que forçam a criança a fazer determinadas coisas das quais ela ainda não está preparada para assimilar, pois seu organismo ainda está imaturo, o que acaba desrealizando negativamente o pensamento da criança. É interessante saber se as aquisições foram feitas pela criança no momento esperado ou se foram retardadas ou precoces. 17 Saber sobre a história clínica, quais doenças, como foram tratadas, suas consequências, diferentes laudos, sequelas também é de grande relevância, bem como a história escolar, quando começou a frequentar a escola, sua adaptação, primeiro dia de aula, possíveis rejeições, entusiasmo, porque escolheram aquela escola, trocas de escola, enfim, os aspetos positivos e negativos e as consequências na aprendizagem. (Machado. Deisy. 2010). Todas estas informações essenciais da anamnese devem ser registradas para que se possa fazer um bom diagnóstico. (Machado. Deisy. 2010). 4.5 Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças) São fundamentais para a compreensão dos processos cognitivos, afetivos e sociais, e sua relação com o modelo de aprendizagem do sujeito. A atividade lúdica fornece informações sobre os esquemas do sujeito. Winicott expressa assim sua opinião entre o brincar e a autodescoberta: “é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu” (1975, p. 80). 18 Neste tipo de sessão, observa-se a conduta do sujeito como um todo, colocando também um foco sobre o nível pedagógico, contudo deve-se ter como postulado que sempre estarão implicados o seu funcionamento cognitivo e suas emoções ligadas ao significado dos conteúdos e ações. Para Paín (1992). semprefamilia.com.br Podemos avaliar através do desenho, a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e harmoniosa e elaborar a emoção. (Machado. Deisy. 2010). 4.6 Provas e testes As provas e testes podem ser usadas, se necessário, para especificar o nível pedagógico, estrutura cognitiva e/ou emocional do sujeito. O uso de provas e testes não é indispensável em um diagnóstico psicopedagógico, representa um recurso a mais a ser utilizado quando necessário. É uma complementação que funciona com situações estimuladoras que provocam reações variadas. (Machado. Deisy. 2010). 19 Existem diversos testes e provas que podem ser utilizados num diagnóstico, como as provas de inteligência (WISC é o mais conhecido, porém de uso exclusivo de psicólogos, CIA, RAVEN); provas de nível de pensamento (Piaget); avaliação do nível pedagógico (atividades com base no nível de escolaridade, E.O.C.A.); avaliação perceptomotora (Teste de Bender, que tem por objetivo avaliar o grau de maturidade visomotora do sujeito); testes projetivos (CAT, TAT, Desenho da família; Desenho da figura humana; Casa, árvore e pessoa - HTP, também são de uso de psicólogos); testes psicomotores e jogos psicopedagógicos. As provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento cognitivo, detectando o nível de pensamento alcançado pela criança” (WEISS, 1992, p. 106). 4.7 Síntese diagnóstica Uma vez recolhida toda a informação (...) é necessário avaliar o peso de cada fator na ocorrência do transtorno da aprendizagem” (PAÍN, 1992, p. 69). A síntese diagnóstica é o momento em que é preciso formular uma única hipótese a partir da análise de todos os dados colhidos no diagnóstico e suas relações de implicância, que por sua vez aponta um prognóstico e uma indicação. Essa etapa é muito importante para que a entrevista de devolução seja consciente e eficaz. (Machado. Deisy. 2010). É a resposta mais direta à questãolevantada na queixa. Faz-se uma síntese de todas as informações levantadas nas diferentes áreas. É uma visão condicional baseada no que poderá acontecer a partir das recomendações e indicações. (Machado. Deisy. 2010). 4.8 Entrevista de devolução e encaminhamento É o momento que marca o encerramento do processo diagnóstico. “... Talvez o momento mais importante desta aprendizagem seja a entrevista dedicada à devolução do diagnóstico, entrevista que se realiza primeiramente com o sujeito 20 e depois com os pais” (PAÍN, 1992, p. 72). É um encontro entre sujeito, psicopedagogo e família, visando relatar os resultados do diagnóstico, analisando todos os aspectos da situação apresentados, seguindo de uma síntese integradora e um encaminhamento. É uma etapa do diagnóstico muito esperada pela família e pelo sujeito e que deve ser bem conduzida de forma que haja participação de todos, procurando eliminar as dúvidas, afastando rótulos e fantasmas que geralmente estão presentes em um processo diagnóstico. Não é suficiente apresentar apenas as conclusões. É necessário aproveitar esse espaço para que os pais assumam o problema em todas as suas dimensões. Weiss (1992) orienta organizar os dados sobre o paciente em três áreas: pedagógica, cognitiva e afetivo-social, e posteriormente rearrumar a sequência dos assuntos a serem abordados, a que ponto dará mais ênfase. É necessário haver um roteiro para que o psicopedagogo não se perca e os pais não fiquem confusos. Tudo deve ser feito com muito afeto e seriedade, passando segurança. Os pais, assim, muitas vezes acabam revelando algo neste momento que surpreende e acaba complementando o diagnóstico. É importante que se toque inicialmente nos aspectos mais positivos do paciente para que o mesmo se sinta valorizado. Muitas vezes a criança já se encontra com sua auto-estima tão baixa que as revelações apenas dos aspectos negativos acabam perturbando-o ainda mais, o que acaba por inviabilizar a possibilidade para novas conquistas. Depois, deverão ser mencionados os pontos causadores dos problemas de aprendizagem. (BEAUCLAIR, 2009). Posterior a esta conduta deverá ser mencionada as recomendações como troca de escola ou de turma, amenizar a superproteção dos pais, estimular a leitura em casa etc; e as indicações que são os atendimentos que se julgue necessário como fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista etc. (BEAUCLAIR, 2009). 5 O PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL E O PROCESSO DE INTERVENÇÃO O psicopedagogo institucional a partir de sua construção teórica poderá contribuir para auxiliar nos processos formativos do processo de ensino, 21 respeitando a modalidade de aprendizagem de cada sujeito, ajustando os métodos e a corrente pedagógica utilizada pela instituição. (BEAUCLAIR, 2009). Para Fonseca (1995, p.9), As crianças não podem continuar a ser vítimas de métodos por mais populares que sejam. Temos que ajustar as condições internas de aprendizagem, isto é, as condições da criança (o que pressupõe um estudo aprofundado do seu desenvolvim ento biopsicossocial) às exigências das tarefas educacionais, ou seja, às condições externas da aprendizagem, ou melhor, às condições de ensino inerentes ao professor e ao sistema de ensino, ou seja, aos seus processos de transmissão cultural. O maior problema para intervirmos na realidade pesquisada esta em compreendermos a complexidade dinâmica da realidade e colocarmos em foco a centralidade humana, entendendo que somos seres determinantes e determinados pelo contexto de nossas realidades e pelas relações que conseguimos estabelecer conosco e com os outros, com o mundo (BEAUCLAIR, 2009). O psicopedagogo tem que considerar o momento e o grau de maturidade em que se encontra a instituição, e entender o processo educativo dentro de um contexto realista. Estamos inseridos em diversos sistemas que fazem parte do nosso raio de ação, por isso, a necessidade de ampliar nosso campo de ação em relação à avaliação, diagnóstico e intervenção nas dificuldades de aprendizagem do sujeito em relação ao processo do aprender. Segundo Bassedas e colaboradores (1996, p.42), “O diagnóstico psicopedagógico tenta aproximar e obter comunicações funcionais e operacionais entre dois sistemas fundamentais para a criança: a família e a escola”. O psicopedagogo institucional objetiva levar o sujeito a reintegrar-se à dinâmica escolar no seu ritmo normal, respeitando as suas capacidades em várias áreas. Segundo Bossa (2011, p.105) o assessoramento psicopedagógico promove: O levantamento, a compreensão e a análise das práticas escolares e suas relações com a aprendizagem; O apoio psicopedagógico a todos os trabalhos realizados no espaço da escola; 22 A ressignificação da unidade ensino/aprendizagem, a partir das relações que o sujeito estabelece entre o objeto de conhecimento e suas possibilidades de conhecer, observar e refletir, a partir das informações que já possui; A prevenção de fracassos na aprendizagem e a melhoria da qualidade do desempenho escolar. Bossa (2011, p. 105-106) esclarece que o trabalho de assessoramento pode ser desenvolvido em diferentes níveis, possibilitando aos educadores conhecimentos para: A reconstrução de seus próprios modelos de aprendizagem, de modo que, ao se perceberem também como “aprendizes”, revejam seus modelos de ensinantes. A identificação das diferentes etapas do desenvolvimento evolutivo dos alunos e a compreensão de sua relação com a aprendizagem; O diagnóstico do que é possível ser melhorado no próprio ambiente escolar e do que presa ser encaminhado para profissionais fora da escola; A percepção de como se processou a evolução dos conhecimentos na história da humanidade, para compreender melhor o processo de construção de conhecimentos dos alunos; As intervenções para a melhoria da qualidade do ambiente escolar; A compreensão da competência técnica e do compromisso político presentes em todas as dimensões do sujeito. 23 O psicopedagogo desenvolve seu trabalho entendendo que a intervenção psicopedagógica deve abrir espaços que proporcione a construção da autoria de pensamento dos sujeitos envolvidos na dinâmica escolar, incentivando, estimulando e motivando ensinantes e aprendentes para que sejam participativos e criem laços e interdependência positiva, despertando o interesse nos alunos a aprender e nos professores a vontade de ensinar. Para isso, é preciso libertar a inteligência aprisionada, que só poderá ocorrer através do encontro com o prazer de aprender que foi perdido. (Machado. Deisy. 2010). Inannantuoni (apud FERNÁNDEZ, 2001, p.29) descreve que: [...] a escola como instituição tende à submissão a determinadas pautas, em vez de promover o fato artístico e a autoria da produção; não surpreende o fato de que não conte com a possibilidade de questionar a si mesma. As repostas de que „as crianças não leem‟, „não gostem de lê‟, „escrevem sempre as mesmas orações‟, „apresentam muitos erros de ortografia‟, etc., sempre encontram linearmente suas causas fora do ambiente escolar. Não servem para questionar-se dentro dele. Como a escola pode proporcionar o surgimento de sujeitos escritores, representantes de suas ideias, gestores de atos criativos? Talvez não apenas enunciando-os formalmente em objetivos e/ou expectativas de sucesso. Talvez possibilitando que os docentes possam mostrar-se como modelos de autoria de pensamento e de palavra, como sujeitos que possam desmontar seus „duendes e suas princesas‟, porque, como pretender que o aluno que vai à escola seja um sujeito construtor de suas próprias aprendizagens, se não se outorga ao docente que, como ensinante, se encontre com sua autoria? Intervir numa escola não significa anular a regra já estabelecida, o ritmo adotado. A intervenção sim, investiga as diversidades e asdiferenças que estão moldadas na instituição. Ao psicopedagogo cabe refletir, analisar e intervir mediante a forma de aprendizagem aplicada pelos educadores. Com base no relato de Fernández (2001, p.35) “A psicopedagoga ou o psicopedagogo é alguém que convoca todos a refletirem sobre sua atividade, a reconhecer-se como autores, a desfrutarem o que têm para dar”. Em outro momento da intervenção, cabe analisar com atenção o desempenho dos aprendentes, que tipo de erros serão produzidos, sempre realizando as ações junto ao professor. Nesse caso, Sisto e colaboradores (2010, p.73) afirmam que: A partir da observação do desempenho dos alunos em sala de aula e na análise da sua produção, é possível verificar se apenas um ou dois alunos 24 apresentam dificuldades em relação a um conteúdo ou unidade específica, ou apresentam dificuldades em relação a conjuntos de vários conteúdos. Neste caso, objetiva-se verificar se a intervenção deve ser individualizada ou em grupo, a partir de relatórios ou instrumentos que auxiliem o psicopedagogo e o pedagogo nas atividades a serem realizadas na intervenção psicopedagógica. Com relação ao diagnóstico, Fernández (2001), considera a relação entre o aprendente e o ensinante, na qual, quando desvendada, permite o acesso à relação do sujeito com o conhecimento, levando em conta seus aspectos corporais, intelectuais e afetivos. A mesma autora apresenta como estratégia diagnóstica o uso do jogo numa atividade que denomina hora de jogo psicopedagógico, na qual, segundo ela, o espaço para jogar reflete o espaço para o aprender da criança. Para que a criança alimente o seu impulso natural de curiosidade se faz necessário que os educadores ofereçam diferencial nos estímulos e oportunidades, utilizando recursos diversos como: objetos concretos, cantigas, cartazes, jogos, brincadeiras e informática. No momento em que o educador faz uso de atividades didáticas, exemplificando o lúdico, o aprendente terá condições de organizar-se de forma prazerosa, proporcionando-lhe horas de análise, de lógica, de percepção sensorial, entre outros aspectos, o que facilitará os profissionais envolvidos no processo de aprendizagem a fazer um melhor diagnóstico e conquistar uma melhor intervenção, já que os educadores conseguiram atingir a meta desejada. As atividades lúdicas resultam um maior interesse por parte dos aprendentes, fazendo com que os mesmos aprendam espontaneamente, que tenham mais atenção e que aumente sua autoconfiança, fazendo com que o aprendizado não seja algo cansativo, mas sim uma maneira inovadora de aprender se divertindo. Fromberg (1987), ao discutir sobre os jogos, destaca algumas de suas características: representam a realidade e as atitudes humanas; possibilitam a ação no mundo (mesmo que de modo imaginário); incorporam motivos e interesses da própria criança; estão sujeitos a regras, sejam elas explícitas ou implícitas; e tem alto grau de espontaneidade na ação. Alguns estudiosos em diferentes épocas têm defendido a ideia de que precisamos promover um ensino mais lúdico e “criativo”, surgindo, assim, a noção 25 de “brinquedo educativo”. Os jogos educativos podem ser poderosos aliados para intervirmos nos alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem da leitura, escrita e matemática sem ocasionar treinos enfadonhos e sem sentido. Brincando, por exemplo, elas podem compreender os princípios de funcionamento do sistema alfabético e podem socializar seus saberes com os colegas. (Machado. Deisy. 2010). Kishimoto (2003, p. 37-38) mostra-nos que: A utilização do jogo potencializa a exploração e construção do conhecimento por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros, bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos. Nas aulas onde não se aplicam os jogos, podemos incorporar na intervenção psicopedagógica à utilização de atividades, utilizando-se do computador como recurso mediador entre o ensinante e o aprendente construindo com o outro uma interação capaz de promover trocas e experiências que nos desafie a construir socializações significativas, possibilitando um acesso dinâmico e rápido na comunicação com os sujeitos envolvidos no processo de ensino aprendizagem. Nesse sentido, temos que aprimorar meios para atender a necessidade de dominarmos conhecimentos como esse que impõe a construção de novas perspectivas na educação. A tecnologia educacional não resolve os problemas educativos apresentados no ato de aprender, entretanto devemos fazer uso desse recurso como facilitador das práticas educacionais para promover um sujeito autônomo na sua formação. (Machado. Deisy. 2010). A informática educativa propõe um trabalho que possibilite aos sujeitos envolvidos no processo do aprender a utilização das tecnologias como recursos facilitadores para a aprendizagem. Segundo Weiss (1998, p.14) “A informática tornou-se uma necessidade no mundo em que vivemos, e a escola, na missão de preparar o indivíduo para a vida, sente a responsabilidade de não fechar os olhos para essa realidade”. A utilização do computador na escola pode colaborar na intervenção no processo educativo, estimulando a busca do conhecimento e a criatividade do aluno. Para o professor, sua contribuição se dá com o aproveitamento dessa ferramenta para a construção do seu conhecimento e na 26 identificação das dificuldades no processo de aprendizagem. A informática pode provocar uma maior vinculação dos alunos aos conteúdos, de forma agradável e lúdica. Na intervenção psicopedagógica é preciso construir a partir do trabalho com a equipe docente, projetos integrados que utilizem os recursos tecnológicos para que os conteúdos formais possam ser mediados de forma prazerosa e dinâmica, tendo visto que o computador se faz presente no cotidiano da criança, mesmo não estando incorporado no cotidiano da escola. (Machado. Deisy. 2010). Oliveira (1996, p.113) ressalta que: O grande desafio lançado à educação, hoje em dia, por um ambiente sociocultural em profundas e rápidas transformações, faz com que o educador, muitas vezes perplexo, perca seu rumo. Já não consegue se afirmar, ou crer, no paradigma tradicional, que lhe dizia o que e como fazer, fornecendo-lhe um conteúdo programático estável e uma condução didática dele conhecida, hierarquizada. Intui, ou mesmo, chega a compreender, que precisa dominar melhor formas de comunicação e de expressão criativas e organizadas, sem se ater predominantemente a conteúdos, hoje em dia, constantemente revistos e ultrapassados. As atividades em grupo associadas à informática educativa objetiva contribuir amenizando essa realidade, enfocando a utilização dos computadores pela educação na construção de intercâmbios de informações, visões de mundo, hipóteses de trabalho em um contexto cada vez mais abrangente e rico. (Machado. Deisy. 2010). Segundo Sánchez (2004) a intervenção poderá ser direta ou indireta, especializada ou não, formal ou informal, intencional ou incidental, planejada ou espontânea, global ou específica, sistêmica ou parcial. Muitos profissionais: pedagogos, psicólogos, psicopedagogos entre outros, usa o termo “intervenção” para fazer referência à utilização de algum procedimento institucional ou clínico na busca de combater às dificuldades de aprendizagem. Segundo Fernández (apud SANTOS, 2012, p.117) “a palavra „intervenção‟ esta ligada à ideia de „mediação‟, onde o verbo „intervir‟ corresponde à ação de „colocar-se no meio‟, „vir entre‟ [...]”. A intervenção psicopedagógica, seja qual for à metodologia ou marco teórico adotado, objetiva auxiliar os sujeitos envolvidos na aprendizagem, focando o psicopedagogo, o sujeito em suas dificuldades na construção do processo de 27 ensino aprendizagem. Sánchez(2004, p. 16), postula que: “o campo da intervenção psicopedagógica é entendida como fazendo parte integral das dificuldades de aprendizagem”. Uma intervenção dentro de um contexto determinado deve valorizar a globalidade dos sujeitos envolvidos que interagem em outros contextos como: a família, a escola, a sala de aula, grupos e a comunidade onde se encontra inserido. Neste sentido, a intervenção psicopedagógica na instituição educacional torna-se uma ferramenta essencial para a melhoria nos indicadores de aprendizagem, já que através do planejamento e de suas ações, torna o estudo atraente e divertido por meio de atividades planejadas e estruturadas de forma dinâmica e motivadora, dando oportunidade para os sujeitos envolvidos no aprender (pais, educadores e educandos) desenvolverem e descobrirem suas potencialidades. (Machado. Deisy. 2010). 6 TRILHA METODOLÓGICA A metodologia constitui a base para o desenvolvimento da pesquisa-ação, haja vista que tem por finalidade explicar como, onde e quando foi realizado o estudo. (Machado. Deisy. 2010). 6.1 Desenvolvimento A pesquisa quanto aos objetivos é descritiva e quanto à discussão dos dados é qualitativa. O trabalho foi realizado metodologicamente por meio da pesquisa-ação. Para Michel (2009, p.43) “neste tipo de pesquisa, o pesquisador se envolve tanto na análise crítica do problema, quanto na implantação das soluções; ele é autor da análise e parte do problema”. O envolvimento do pesquisador na ação é parte integrante da pesquisa. Todos os participantes se integram cooperando e participando na solução de um problema coletivo. Malheiros (2011) afirma que a pesquisa-ação tem como propósito intervir no fenômeno estudado em um determinado contexto para em seguida avaliar os resultados obtidos. A ação 28 originada pela busca de solução para os problemas reais situa o intervencionismo como ponto central das novas pesquisas em educação. A escolha da metodologia da pesquisa-ação deu-se por opção de uma orientação teórica concreta que levasse em consideração as sutis e variáveis relações que ocorrem dentro e fora da instituição, como também a teoria sistêmica para descrever as relações e os intercâmbios que ocorrem na escola durante o processo de intervenção psicopedagógica. Como Chizotti (2011, p. 84) afirma: “A intervenção torna-se indispensável para identificar as teorias em uso, contrapô-las e modificá-las para, finalmente, avaliar os efeitos das mudanças dos comportamentos dos participantes”. Segundo Thiollent (2003, p. 14): A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. A pesquisa-ação se estrutura em três etapas distintas: Diagnóstico, Intervenção e Avaliação. O Diagnóstico pretende estabelecer o levantamento da situação, dos problemas e das eventuais ações do campo de pesquisa. Nesta etapa o pesquisador deve identificar as expectativas, os problemas da situação, as características dos sujeitos envolvidos e outros aspectos que fazem parte do diagnóstico. O pesquisador coleta todas as informações disponíveis. Após o levantamento de informações, o pesquisador estabelece os objetivos da pesquisa, considerando os problemas emergentes, o campo de observação e os sujeitos que estarão focalizados no processo de investigação. O tema da pesquisa deve ser definido de acordo com o problema prático e a área do conhecimento a ser abordada. Segundo Thiollent (2003, p.51) “um tema que não interessa a população não poderá ser tratado de modo participativo”. Assim, se estabelece uma problemática através da colocação dos problemas que se pretende resolver em um campo teórico e prático. A Intervenção é a fase na qual o pesquisador formula hipóteses a respeito de possíveis soluções para o problema encontrado na pesquisa. Para Thiollent (2003, p57) “Trata-se de hipóteses sobre o modo de alcançar determinados objetivos, sobre os meios de tornar a ação mais eficiente e 29 sobre a avaliação dos possíveis efeitos, desejados ou não”. Desta forma, na pesquisa-ação é necessário que haja uma relação entre o saber formal e o saber informal, de forma que pesquisadores e participantes evoluam no processo de aprendizagem através da intervenção realizada. A etapa final da pesquisa-ação é a Avaliação, que consiste na concretização da pesquisa através da realização de uma ação planejada. Segundo Thiollent (2003, p.70) “a ação corresponde ao que precisa ser transformado para realizar a solução de determinado problema”. Deve haver o retorno da informação aos grupos envolvidos na pesquisa, para fazer conhecer os resultados da pesquisa e contribuir para a tomada de consciência sobre o tema pesquisado. 7 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ESCOLAR Há muito tempo a dificuldade de aprendizagem escolar vem sendo estudadas e pesquisadas por diferentes profissionais em diversas áreas do conhecimento humano. A inquietação desses profissionais sobre o processo de aprendizagem, em saber o porquê que muitos alunos apresentam baixo desempenho escolar tem levado a apresentar inúmeras questões sobre as possíveis causas. Para Scoz (1994): [...] alguns rumos que o pensamento humano tomou desde o século passado reforça a crença que os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. (SCOZ, 1994, p.22). A partir da fala do referido autor entende-se que as causas das dificuldades de aprendizagem não podem estar relacionadas a um único fator, mas, podem ser decorrentes de vários fatores que levam ao fracasso escolar. Encontramos diversos pesquisadores que apresentam esta concepção. Weiss (1997, p.21) diz que “o fracasso escolar é causado por conjugação de fatores interligados que impedem o bom desempenho do aluno-aprendente”. Bossa (2000) também faz menção que as dificuldades de aprendizagem estão relacionadas a diversos fatores. 30 Sabemos que o sentido das aprendizagens é o único e particular na vida de cada um, e que inúmeros são os fatores afetivo-emocionais que podem impedir o investimento energético necessário ás aquisições escolares. (BOSSA, 2000, p.18). Bassedas et al (1996, p.25) descrevem que “o diagnóstico psicopedagógico assenta-se sobre diversos sujeitos e sistemas muito inter-relacionados [...] estamos referindo a escola, ao professor, ao aluno, a família e ao psicopedagogo”. Aqui ao falar sobre o diagnóstico psicopedagógico Bassedas et al (1996) transparecem a ideia que as dificuldades de aprendizagem advêm de vários fatores, por isso, a necessidade de avaliar o sujeito nos diversos sistemas a qual ele está inserido. Nesta visão, jamais o fracasso escolar pode ser definido por um único fator o que deve ser considerado no diagnóstico psicopedagógico. Pain (1985) destaca alguns fatores fundamentais que precisam ser considerados no diagnóstico dos problemas de aprendizagem, entre eles os fatores orgânicos, fatores específicos, fatores psicógenos e fatores ambientais. Através da descrição dos referidos autores, observa-se que as dificuldades de aprendizagem precisam de um olhar avaliativo em diferentes dimensões e não apenas no aluno. Ou seja, é preciso evitar colocar a culpa do baixo desempenho escolar somente no aluno relacionando o problema a um determinado comportamento ou a sua falta de atenção. Jamais se pode esquecer que os diferentes contextos ao qual o aluno está inserido podem interferir positivamente ou negativamente no seu processo de aprendizagem. Entretanto, independente do fator que influencia negativamente a aprendizagem, é preciso o quanto antes identificar e tratar essas dificuldades. De acordo com Smithe Strick (2001) o fracasso escolar pode desencadear comportamentos e problemas que prejudicam ainda mais a criança. Muitos se sentem furiosos e põem para fora, fisicamente, tal sensação; outros se tornam ansiosos e deprimidos. De qualquer modo, essas crianças tendem a isolar-se e, com frequência sofrem de solidão, bem como de baixa autoestima. (SMITH e STRICK, 2001, p. 16). Também, segundo Weiss (1997, p. 21) durante o processo de aprendizagem “a relação totalmente aberta com o objeto a ser conhecido cria uma 31 reação de temor, gerando ansiedade e angustias básicas: o aluno não avança na construção do conhecimento e pode apresentar condutas estereotipadas e regressivas”. Bossa (2000) ao falar do sofrimento da criança com Dificuldades de aprendizagem diz: Sabemos que o problema de aprendizagem escolar sempre traz sofrimento. Sofrimento este, que muitas vezes vem camuflado, através de comportamentos que sugerem desinteresse, desatenção, irresponsabilidade, etc. A criança ou o adolescente muitas vezes prefere acreditar, e fazer os outros acreditarem, que vai mal na escola porque é desinteressado. Aceitar que não entende a matéria, para esses jovens significa ser “burro”. (BOSSA, 2000, p. 13). Bossa (2000) ainda destaca a consequência do sofrimento do não aprender: Muitas vezes após anos de sofrimento, acaba abandonando os estudos, sem saber que foi levada a abrir mão de uma parte da felicidade: o prazer de conhecer coisas maravilhosas que a natureza reservou para o ser humano. (BOSSA, 2000, p.30). Infelizmente, esse sofrimento e as consequências abordadas por Bossa (2000) são uma realidade no contexto escolar devido à falta de atenção dada a esses casos e a ausência de uma avaliação diagnóstica sobre essas dificuldades de aprendizagem. Quantas crianças que apresentam tais comportamentos são rotuladas, punidas e mal compreendidas, deixadas de lado e, por fim, traumatizadas a prosseguir seus estudos. Pain (1985) também fala sobre o surgimento do comportamento diferenciado da criança com dificuldade de aprendizagem como uma descompensão: podemos considerar o problema de aprendizagem como sintoma, no sentido de que o não aprender não configura um quadro permanente, mas ingressa numa constelação peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como sinal de descompensação. (PAIN, 1985, p. 28). Mas, de acordo com Weiss (1997, p.28) “o que é percebido pelo próprio indivíduo ou pelos outros é chamado de sintoma [...] Com o sintoma o sujeito sempre diz alguma coisa aos outros, se comunica, e sobre o sintoma sempre se pode dizer algo”. 32 Neste contexto a autora enfatiza que muitas vezes se olha para o sintoma, mas não se busca saber o que está causando o problema. Na verdade, é necessário investigar a causa da dificuldade de aprendizagem e não apenas se prender a esse comportamento inadequado apresentado pela criança. (Machado. Deisy. 2010). Bossa (2000) diz que muitos alunos enfrentam esse problema no início da vida escolar, outros apresentam no decorrer dos anos, e muitos levam durante todo o ciclo escolar. Independente do ano escolar, e da idade as dificuldades de aprendizagem aparecem e são visíveis. Em sua grande maioria podem ser superadas ou amenizadas se bem diagnosticadas e tratadas, com exceção de casos específicos. Smith e Strick (2001) aconselham que os pais precisam estar atentos ao comportamento diferenciado da criança e a sua expressão verbal na fase escolar: Os pais precisam preocupar-se, portanto, quando ouvem referenciais da criança a si mesma em termos negativos: “Sou estúpido”, “Não tenho jeito”, "Ninguém gosta de mim”, “Não consigo fazer nada direito”, etc. Os alarmes também devem soar se uma criança faz uso frequente de “Eu não consigo”. (SMITH e STRICK, 2001, p. 76). Realmente sinais como estes abordados por Smith e Strick (2001) são bastante significativos para perceber que a criança está passando por dificuldade no processo de aprendizagem. O sofrimento, a frustração, o sentimento de inferioridade é perceptível quando a criança expressa “Eu não consigo”, “Não tenho jeito mesmo”. Por isso, não apenas os pais, mas o professor e todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem da criança precisam apresentar um olhar atento a esses sintomas para identificar as causas e intervir o quanto antes. (PEREIRA. EDILENE. 2013). 7.1 Dificuldades de aprendizagem específicas Como já abordado e discutido no tópico anterior, as dificuldades de aprendizagem geralmente tem sido um termo utilizado por muitos autores para se referir a um sujeito que no processo escolar não consegue alcançar a aprendizagem 33 esperada de acordo com sua idade cronológica e ano escolar. (PEREIRA. EDILENE. 2013). Contudo, às vezes, este fracasso escolar pode estar relacionado a uma dificuldade de aprendizagem específica. Farrell (2008) fala sobre essas dificuldades de aprendizagem específicas e aponta entre elas a dislexia, dispraxia e a discalculia que estão presente no meio escolar. Por isso, neste tópico será abordada entre as dificuldades de aprendizagem específicas a Dislexia, Disgrafia, Discalculia que estão relacionados à aquisição da escrita, leitura e do raciocínio matemático. E com base em alguns autores, neste tópico será descrito brevemente alguns sinais e características comuns de cada uma dessas dificuldades, que é um conhecimento essencial ao professor para auxiliar o aluno no processo de ensino e aprendizagem. Embora a aprendizagem esteja presente desde o início da vida, geralmente é na escola que as dificuldades de aprendizagem são percebidas, pois, ela passa a ser sistematizada. Uma vez que as dificuldades de aprendizagem são definidas como problemas que interferem no domínio de habilidades escolares básicas, elas só podem ser formalmente identificadas até que uma criança comece a ter problemas na escola. (SMITH e STRICK, 2001, p.63). Mesmo a criança ocupando o mesmo espaço em sala de aula com os outros alunos, tendo igual acesso a metodologia do professor e a tudo que acontece neste ambiente, ela não avança no processo de aprendizagem. Com o passar do tempo, essa dificuldade de aprendizagem se agrava e a criança apresenta regressão na aprendizagem. Esse problema é abordado por Weiss (1997) quando diz: São frequentes os casos de crianças que se recusam a aprender, ou seja, a “crescer”, permanecendo em condutas regredidas nas classes de pré - escola e alfabetização sem se apossarem dos novos conhecimentos que lhes são oferecidos (WEISS, 1997, p. 22). No entanto, esta dificuldade de apossar de novos conhecimentos pode estar ligada a uma dificuldade de aprendizagem específica. Smith e Strick (2001) dizem que: Na verdade, as crianças com dificuldades de aprendizagem comumente estão lutando em uma ou mais de quatro áreas básicas que evitam o 34 processamento adequado de informações: atenção, percepção visual, processamento da linguagem ou coordenação muscular. (SMITH e STRICK, 2001, p. 36). Farrell (2008) apresenta a dislexia como sendo uma dificuldade de aprendizagem específica que está relacionada à dificuldade de processamento das informações. E segundo o autor ao longo do tempo, muitos profissionais procuram estudar sobre essas dificuldades de aprendizagem específica, e a partir de pesquisas, observações surgiram muitas definições. Entre uma das muitas definições apresentadas por Farrel (2008) sobre a dislexia está a do Código das Necessidades Educacionais Específicas - DfES: Os alunos com dislexia têm uma dificuldade acentuada e persistente para aprender a ler, escrever e soletrar, apesar do progresso em outras áreas. Os alunos podem ter compreensão de leitura, escrita manual e pontuação deficientes. Eles também podem ter dificuldade de concentração, organização e em lembrar sequências de palavras. Podem errar a pronuncia de palavras comunsou inverter letras e sons nas palavras. (FARRELL, 2008, p. 27 apud DfEs 2003, p.3). De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia - ABD (2012) uma definição atual sobre a dislexia foi apresentada em 2003 pela a The International Dyslexia Association dizendo que: Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária. (BRASIL, ABD, 2012). Na definição apresentada, entende-se que a Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem neurológica, o que dificulta o processamento das informações. Assim, é possível perceber algumas características comuns da criança disléxica como a dificuldade na leitura e na escrita, embora possa apresentar uma um grau de inteligência normal. Por isso, jamais se pode tratar a criança disléxica como aquela que não se esforça para aprender a ler ou escrever, simplesmente porque ela está abaixo do desempenho esperado para sua idade. (PEREIRA. EDILENE. 2013). 35 Ianhez e Nico (2002) apresentam alguns sintomas comuns da dislexia como a demora na aquisição da leitura e escrita, lentidão, dificuldades com os sons das palavras, com rimas, escrita incorreta, omissão de letras, dificuldade em associar o som ao símbolo e dificuldades nas atividades que envolvem sequenciação, entre outros. Também, segundo Topczewski (2000, p. 59) “as crianças disléxicas apresentam uma leitura lenta, trabalhosa, palavra por palavra, e isso interfere na compreensão de texto. Além disso, as distorções que aparecem na escrita reforçam o diagnóstico”. O autor enfatiza que é essencial que os pais, professores estejam atentos às características dessa dificuldade de aprendizagem para não punir a criança, pensando que esta não gosta de ler ou escrever ou tem falta de interesse no processo de aprendizagem. O diagnóstico da dislexia é trabalhoso e requer um olhar atento. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia - ABD (2012) o diagnóstico da dislexia é realizado por uma equipe multidisciplinar que avalia, observa e investiga, com base em critérios que levam a identificação da mesma. Uma equipe multidisciplinar, formada por Neuropsicólogos, fonoaudiólogos e Psicopedagogos deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais , como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso. A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de avaliação multidisciplinar e de exclusão. (BRASIL, ABD, 2012). Através da fala dos autores já citados, a dislexia também pode interferir na escrita. É comum na escola encontrarmos alunos com uma grafia linda e ao mesmo tempo aqueles que apresentam uma letra ilegível, mas com tamanha inteligência. Contudo, essa letra ilegível pode estar relacionada a um dos aspectos da dislexia que é a disgrafia, que influencia diretamente no traçado da escrita. Essa ideia é reforçada por Davis e Braun (2004 p.73) que dizem: “quando um disléxico tem problemas com a escrita esta geralmente é diagnosticada como agrafia ou disgrafia”. 36 Para Topczewski (2000, p. 65) “a disgrafia caracteriza-se por uma escrita mal elaborada, feia, não se conseguindo, muitas vezes, decifrar o que está escrito. Às vezes, nem a própria criança consegue entender o que escreveu”. Aqui se observa que a grafia mal traçada e ilegível não se trata do não querer da criança em caprichar na escrita, mas isto é uma consequência desse distúrbio de aprendizagem. Na verdade, por mais que essa criança se esforce para adquirir habilidade na escrita e na leitura, ela apresentará grande dificuldade, que consequentemente pode levar a frustração escolar se não for auxiliada. Davis e Braun (2004) explicam que a disgrafia dos alunos disléxicos é resultado de uma desorientação que implica na dificuldade da escrita. As dificuldades com a grafia que os disléxicos apresentam são principalmente resultados da desorientação. Quando ocorre uma desorientação a pessoa percebe múltiplas imagens da palavra. Ela é vista de frente para traz, de traz para diante, de cabeça para baixo em ambos os sentidos. Além disso, ela é desmembrada e reagrupada em todas as combinações possíveis. (DAVIS e BRAUN, 2004, p. 66). Através da citação destes autores, percebe-se quão difícil é para a criança disléxica lidar com essa desorientação. Não é apenas a sua grafia que visivelmente pode ser observada que é afetada, mas algo além que não pode ser percebido pelos que o cercam, isto é, como essa criança processa a decodificação das letras. Por isso, ler com fluência é muito difícil para a criança com dislexia. (PEREIRA. EDILENE. 2013). Davis e Braun (2004) ainda refletem sobre outro obstáculo que o disléxico enfrenta no mundo da leitura. Embora o avanço da tecnologia possibilite criar com computador diferentes estilos de letras, isso, se constitui mais uma dificuldade para o disléxico. Pois essa variedade de estilos lhe causa distorção para conseguir decodificar tantos símbolos diferentes que representam uma mesma letra. Às vezes a criança com dislexia também pode ter dificuldades com a matemática. Davis e Braun (2004, p.69) dizem que quando “a criança apresenta problemas com a matemática o fenômeno é geralmente denominado acalculia ou discalculia”. 37 Topczewski (2000) apresenta algumas dificuldades que o aluno com discalculia apresenta no processo de aprendizagem. Na matemática assim, como na leitura e na escrita o aluno dislexico com discalculia, também realiza inversões. Às vezes o disléxico pode apresentar, assim, como na escrita, inversões dos números, confusão com símbolos operacionais (+ e x) e cópia de modo incorreto; apresenta, ainda, dificuldade para evocar as sequencias dos números e para memorizar a tabuada. (TOPCZEWSKI, 2000, p. 65). Perez (2012) diz que “A leitura e a escrita são habilidades essenciais para o ser humano se desenvolver plenamente nos dias atuais. Uma pessoa que não sabe ler acaba ficando totalmente fora do contexto social em que vive”. Isso nos faz pensar como o aluno disléxico pode sofrer se não for compreendido e ajudado no processo de ensino e aprendizagem escolar. Smith e Strick (2001) também fazem menção que embora às crianças com dificuldade de aprendizagens sejam muito criativas, talentosas, por apresentarem dificuldade na escrita e na leitura que é algo valorizado na sociedade, suas outras habilidades são desconsideradas. Mas, a escola precisa auxiliar este aluno em suas dificuldades de aprendizagem e encaminha-lo a uma avaliação diagnóstica. Isto possibilitará também a escola orientação para uma intervenção adequada. Luca (2012) em seu artigo “E a escola o que pode fazer pelo disléxico? ”, apresenta algumas orientações aos professores para auxiliar o aluno disléxico no processo de ensino e aprendizagem. Entre as orientações abordadas por este autor estão: Evitar expor o aluno disléxico a ler em voz alta na sala de aula, realizar lei tura prévia da prova para auxiliar na decodificação ou dar a oportunidade de realiza-la oralmente, além de atividades que envolvam escrita oferecer outras formas de trabalho extra, sempre que não conseguir identificar o que o aluno escreveu perguntar a ele, oferecer mais tempo para o aluno realizar as atividades, permitir que o aluno utilize recursos como calculadora, tabuada, formas escritas que auxiliem nos cálculos matemáticos. A partir da ideia apresentada pelos diversos autores já citados percebe-se como é essencial a avaliaçãodiagnóstica do aluno que apresenta características da dislexia. Isto possibilita uma intervenção precoce, que lhe dá condições de adquirir 38 as habilidades básica para leitura, escrita e a matemática. A criança disléxica necessita de um olhar especial dentro do contexto escolar, uma vez que as pesquisas apontam que sua dificuldade de aprendizagem é neurológica. Ou seja, ela está diretamente relacionada à dificuldade de processamento das informações. E quando a criança é diagnosticada, o professor tem a oportunidade de ensinar utilizando ferramentas adequadas de ensino. (PEREIRA. EDILENE. 2013). 8 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA É essencial a realização do diagnóstico psicopedagógico para compreender o que está realmente influenciando o baixo desempenho escolar da criança. (PEREIRA. EDILENE. 2013). Assim, após a realização do diagnóstico psicopedagógico que possibilitou levantar a hipótese sobre a dificuldade de aprendizagem, é hora de iniciar a intervenção. (PEREIRA. EDILENE. 2013). Pain (1985, p.80) diz que “o objetivo básico do tratamento psicopedagógico são, obviamente, a desaparição do sintoma e a possibilidade para o sujeito aprender normalmente. ” Nessa concepção observamos que a intervenção psicopedagógica, sempre deverá possibilitar o aluno a superar o fracasso escolar. Já, através de Rubinstein et al (1999) percebemos que a intervenção psicopedagógica procura levar o aluno a desenvolver as habilidades que estão comprometidas no processo de aprendizagem. Sempre com o intuito de despertar no aluno o desejo de aprender, uma vez que a grande maioria apresenta baixa autoestima, devido à frustração escolar. A intervenção psicopedagógica focaliza o sujeito na sua relação com a aprendizagem. A meta do psicopedagogo é ajudar aquele que, por diferentes razões, não consegue aprender formalmente, para que consiga não apenas interessar-se por aprender, mas adquirir ou desenvolver habilidades necessárias para tanto. (RUBINSTEIN et al, 1999, p. 25). Segundo Fernandez (1990, p.117) “a intervenção psicopedagógica não se dirige ao sintoma, mas, ao poder de mobilizar a aprendizagem”. A ideia apresentada 39 pela referida autora é que durante o processo de intervenção jamais se pode trabalhar a dificuldade em si, mas a aquisição da habilidade necessária para aprendizagem. Trabalhar o sintoma aqui significa, por exemplo, se a criança não sabe ler apenas lhe apresentar atividades de leitura o que comprometeria ainda mais a aprendizagem. Rubinstein et al (1999) também destacam que a intervenção psicopedagógica jamais pode estar vinculada somente ao aspecto pedagógico porque isto poderia prejudicar o atendimento das necessidades específicas que leva o aluno a baixo desempenho escolar. O psicopedagogo não deve se preocupar em “mostrar trabalho”, mas, sim em ajudar o aluno a desenvolver. Ao falar sobre a escolha dos procedimentos, e da proposta de intervenção Rubinstein et al (1999) destacam que estas variam de acordo com cada caso. E o processo de intervenção é caracterizado com o termo de dinamismo, o que remete que não há algo pronto ou predeterminado, igualmente a ser utilizado em cada caso. Assim, todas as atividades escolhidas e aplicadas são especificas em cada caso, e têm o objetivo de contribuir para modificação do pensamento, desenvolver habilidades comprometidas e ativar as funções cognitivas do aluno. Durante o processo de intervenção, o psicopedagogo utiliza durante as sessões com a criança, diversos recursos e estratégias para sanar as dificuldades de aprendizagem. Bossa (2000) explica que durante esse processo o psicopedagogo utiliza jogos, histórias, propõe para criança desenhar entre outras estratégias que possibilitam revelar sentimentos que comprometem sua aprendizagem. E com base nestas revelações, é possível o psicopedagogo auxiliar a criança em suas dificuldades escolares, fazendo apontamentos, questionamento que estimula o pensamento. Ainda, permite escolher novas estratégias para intervir sobre as dificuldades de aprendizagem. E assim, como as estratégias são diferenciadas em cada caso, o tempo para a realização da intervenção também. As sessões variam de acordo com necessidade de intervenção. De acordo com Ide apud Sisto (1996, p.115) o objetivo da intervenção psicopedagógica na aprendizagem é “de fazer a mediação entre a criança e seus objetos de conhecimento”. Esta citação permite refletir sobre a responsabilidade, 40 conhecimento, e competência do psicopedagogo que conduz essa mediação no processo interventivo. Este profissional precisa ter a sensibilidade, de observar, analisar e escolher quais procedimentos necessários à intervenção. Segundo Pain (1985, p. 77) “no tratamento psicopedagógico procura-se desenvolver no sujeito a dimensão do seu poder (poder de escrever, poder saber, poder fazer), para que de crédito as potencialidades de seu ego”. Realmente, o poder de aprender faz com que o aluno se sinta capaz e motivado dentro de si, para buscar o conhecimento. Assim, Pain (1985, p. 80-82) explica que o tratamento psicopedagógico tem três objetivos fundamentais: “uma aprendizagem que seja realização para o sujeito, uma aprendizagem independente por parte do sujeito e propiciar uma correta autovalorização”. Quando Pain (1985) fala do primeiro objetivo do tratamento psicopedagógico que é “uma aprendizagem que seja realização para o sujeito”, onde se percebe que a autora está se referindo a apropriação do saber pelo aluno. Já no segundo objetivo apresentado que é “uma aprendizagem independente por parte do sujeito”, significa que através da mediação do terapeuta durante as sessões este aluno precisa ser preparado para aprender sozinho, a ter suas próprias experiências. E no terceiro objetivo proposto que é “propícia uma correta autovalorização”, a autora está transparecendo que finalmente este aluno tem sua autoestima elevada, pois, conseguiu durante o tratamento perceber que é capaz de aprender. Contudo, para que a intervenção psicopedagógica consiga atingir os objetivos propostos, é essencial que durante o processo de tratamento o psicopedagogo continue a manter o vínculo com a família, e a escola, estabelecido durante o diagnóstico. Bossa (2000) diz que através deste contato será possível o psicopedagogo realizar orientações junto ao professor e a família, que favoreça a aprendizagem do aluno que está sendo atendido. No diálogo estabelecido, o psicopedagogo poderá levar os pais e o professor a compreender as possíveis causas das dificuldades, e qual seria a melhor maneira de auxiliar esta criança. 41 Sem dúvida, através dos autores aqui citados, observa-se o quanto a intervenção psicopedagógico pode auxiliar o aluno a superar ou diminuir o baixo desempenho escolar, e, também elevar sua autoestima, sua motivação, e despertar o desejo de aprender. Em análise mais ampla, percebe-se como a intervenção psicopedagógica influência uma mudança na história de vida de todos os sistemas e sujeitos envolvidos no processo de intervenção. (PEREIRA. EDILENE. 2013). 42 9 BIBLIOGRAFIA BOSSA, Nadia A. Dificuldades de Aprendizagem: O que são? E como tratá-las?2. Ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. BRASIL, Associação Brasileira de Dislexia - ABD. A nova Definição de Dislexia. Artigo disponível: http://www.dislexia.org.br/2012/06/13/a-nova-definicao-de- dislexia/Acesso: 16 /09/2013. COLL, César; MARTÍN, Emília. O construtivismo na sala de aula. 6. Ed. Itapecerica: Editora Ática, 2006. DAVIS, Ronald D. BRAUN, Eldon M. O dom da dislexia: por que algumas das pessoas mais brilhantes não conseguem ler e como podem aprender, trad. Ana Lima. Rio de Janeiro: Rocco, 2004. Edith Regina, et al. Psicopedagogia: uma prática Diferentes estilos São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
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