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AVALIAÇÃO-PSICOPEDAGÓGICA (2)

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0 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 
2 O PSICOPEDAGOGO .......................................................................................... 8 
2.1 Diagnóstico Psicopedagógico Clínico ................................................................. 18 
3 MODALIDADE DE APRENDIZAGEM ................................................................. 19 
4 DESENVOLVIMENTO INFANTIL ....................................................................... 21 
5 A FUNÇÃO DIAGNÓSTICA DA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ................ 22 
6 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ................................................................... 24 
7 INSTRUMENTOS ............................................................................................... 26 
7.1 Anamnese ........................................................................................................... 27 
7.2 Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) ................................. 29 
7.3 Provas Operatórias de Piaget ............................................................................. 30 
7.4 Teste de Desempenho Escolar ........................................................................... 31 
7.5 Atividades de Leitura, Escrita, Aritmética e Interpretação Textual ...................... 32 
8 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO ... 32 
8.1 Entrevista de Queixa ........................................................................................... 34 
8.2 Técnicas Projetivas Psicopedagógicas ............................................................... 34 
9 ENTREVISTA DE DEVOLUÇÃO E ENCAMINHAMENTO ................................. 36 
10 A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL EM COLABORAÇÃO À GESTÃO 
EDUCACIONAL ........................................................................................................ 36 
11 A CLÍNICA PSICOPEDAGÓGICA E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
 44 
12 A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E SUA RELAÇÃO COM PROFESSORES, 
ESCOLA E FAMÍLIA ................................................................................................. 47 
13 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 51 
 
1 
 
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 52 
15 SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
2 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR: BREVE HISTÓRICO 
 
Fonte: br.images.search.yahoo.com 
Alguns fatores educacionais afetam diretamente no processo 
de aprendizagem. A psicopedagogia surgiu exatamente no sentido de compreender 
e intervir na aprendizagem humana. Segundo Serra (2012 p. 5), ”A Psicopedagogia 
é uma área de estudo bastante recente, existindo à aproximadamente 40 anos no 
Brasil”. 
Ao contrário do que algumas pessoas imaginam a psicopedagoga não se 
resume a atender pessoas com dificuldades ou distúrbios de aprendizagem, seus 
princípios são construídos em cima de estudos que visam à aprendizagem de um 
modo geral, independentemente da idade, estado patológico ou normal, qualquer 
pessoa pode fazer uso da psicopedagogia para aprender de forma eficaz. Sua 
origem é atribuída aos argentinos, Bossa (2000, p. 36), frisa que: 
“A origem do pensamento argentino acerca da Psicopedagogia está 
centrada na literatura francesa e se baseia em autores como Lacan, 
Mannoni, Françoise Dolto, Ajuriaguerra, Pichon-Rivière, entre outros, no 
Século XXI”. (BOSSA, 2000, apud LIMA, 2017. p. 3). 
Quando surgiram novas pesquisas em relação aos problemas de 
aprendizagem, século também que se passou a ter uma preocupação maior com 
relação aos ambientes que cada ser humano está inserido, e a forma de incentivo 
que cada um recebe, enfatizando também a forma como o pensamento e a 
aprendizagem se modificam e se reestruturam de acordo com a motivação e ensino 
InfoWay
Destacar
 
4 
 
que cada pessoa tem acesso. Foi a partir de 1946, na França, que os chamados 
Centros Psicopedagógicos ganharam importância e se multiplicaram com rapidez 
até o início da década de 1960, ligando equipes de trabalho “compostas por 
médicos, psicólogos, pedagogos, psicanalista e reeducadores de psicomotricidade e 
da escrita” (PERES, 2007, p.41). 
Nos Estados Unidos, o mesmo movimento ocorria. O foco das pesquisas era 
em relação aos métodos, aos conceitos a serem construídos quanto à deficiência. O 
movimento europeu deu origem à Psicopedagogia. Já o movimento americano 
propagou a crença de que os problemas de aprendizagem tinham causas orgânicas 
e que precisavam de atendimento especializado, influenciando parte do movimento 
da psicologia escolar (JERÔNIMO SOBRINHO, 2016, p. 20). 
Peres (1998, p. 43), discorre sobre a Psicopedagogia no Brasil, que se deu na 
década de 1950, com o surgimento do chamado ‘Serviço de Orientação 
Psicopedagógica’ (SOPP), no estado da Guanabara, 
[...] e “tinha como meta desenvolver a melhoria da relação professor-aluno e 
criar um clima mais receptivo para a aprendizagem, aproveitando para isso 
as experiências anteriores dos alunos” (PERES, 1998, p. 43, apud LIMA, 
2017. p. 4). 
Segundo Jerônimo Sobrinho (2016), O Brasil recebeu influências americanas 
e europeias por meio dos teóricos argentinos, principalmente na região sul do país, 
que anos de 1970 ofereceu os primeiros cursos de formação de especialistas em 
psicopedagogia. No entanto, somente nos anos de 1990 esses cursos se 
propagaram pelo Brasil nas regiões sul e sudeste, onde há maior demanda de 
especializações e de trabalhos realizados na área. 
InfoWay
Destacar
 
5 
 
3 O PSICOPEDAGOGO NO AMBIENTE ESCOLAR 
 
Fonte: br.images.search.yahoo.com 
A escola tem uma grande missão em ensinar assuntos e habilidades que 
terão valor durante a vida adulta, tornando-se fundamental a qualidade da formação 
do educador. Porém segundo Jerônimo Sobrinho (2016), 
[...] essa mesma “escola tem revisto a sua política educacional, que vem 
mostrando deficiências históricas oriundas, muitas vezes, da má vontade de 
seus membros, das equipes de orientação escolar que possuem 
dificuldades frente às problemáticas de aprendizagem. Jovens são rotulados 
de desatentos e hiperativos por uma educação que não motiva, e por uma 
ignorância de muitos âmbitos escolares”. (JERÔNIMO SOBRINHO 2016, 
apud LIMA, 2017. p. 4). 
Para Côrtes & Rausch (2009), “A falta de conhecimento a respeito das 
dificuldades de aprendizagem fez e, ainda faz, com que os alunos com dificuldades 
sejam encaminhados para profissionais das mais diversas áreas de atuação”. 
 Isso fez com que se criasse uma consciência da necessidade de uma 
formação mais globalizanteonde uma única pessoa fosse apta para atuar de forma 
mais objetiva, eficaz e fazer com que os atendimentos se centralizassem num só 
profissional, facilitando o vínculo do aluno com o processo de aprendizagem e assim 
resgatar o prazer de aprender. Vê-se então, que o papel da Psicopedagogia, que é a 
área que estuda e trabalha com o processo da aprendizagem e suas dificuldades 
devem englobar vários campos do conhecimento. O atendimento psicopedagógico 
que antes era restrito a clínicas particulares, começa a contribuir aos poucos, para a 
 
6 
 
diminuição dos problemas de aprendizagem nas escolas e assim reduzir os altos 
índices de fracasso escolar”. 
As escolas, por falta de conhecimento adequado e por não conseguir 
solucionar alguns problemas, por não compreender as dificuldades dos 
alunos, acabam discriminando da mesma forma alunos que tem problemas 
e não são tratados, não conseguindo então, intervir de forma eficaz. Abre-se 
então, a questão do papel do psicopedagogo na e para uma determinada 
instituição, cujas formas de estrutura e articulação não podem ser ignoradas 
(CÔRTES; RAUSCH, 2009, apud LIMA, 2017. p. 4). 
No contexto educativo, o psicopedagogo assume uma postura cada vez mais 
especializada para dar conta das demandas de um sistema educativo a cada dia 
mais complexo. A maior parte da atuação psicopedagógica se concentra nas 
instituições ligadas a educação formal. Os níveis de ação psicopedagógica abarcam 
os estudantes e a comunidade educativa. No sistema educativo, é o profissional 
preparado para estruturar estratégias de intervenção junto aos alunos com 
dificuldades de aprendizagem. Também são funções do psicopedagogo: 
diagnosticar, prevenir, reeducar e intervir nas dificuldades de aprendizagem nas 
áreas de leitura, escrita e cálculo. O psicopedagogo tem capacidade de inserir-se 
nos processos de ensino, propondo mudanças e adaptações curriculares para 
apoiar, orientar e guiar os alunos com dificuldades de aprendizagem, aplicando 
programas e técnicas para constatar a evolução e o progresso do aluno (JERÔNIMO 
SOBRINHO, 2016). 
Neste sentido, torna-se imprescindível a interação com a instituição escolar, 
para que se possa dentre outras questões, conhecer a proposta da escola, 
os seus objetivos, as justificativas, os seus projetos, o projeto de trabalho 
dos docentes dos diversos componentes curriculares, bem como o 
desenvolvimento desses projetos, o material didático utilizado, o processo 
avaliativo tanto dos alunos como dos docentes e da instituição (PERES, 
2007, apud LIMA, 2017. p.5). 
Diante disto, segundo o autor supracitado, o trabalho psicopedagógico na 
escola tem assumido um caráter preventivo, considerando desde a avaliação da 
realidade, da identidade da escola, perpassando pelo planejamento, pelos 
pressupostos didático-metodológicos, como também pelas relações interpessoais 
que envolvem o ato educativo, dentre outras questões. A autora afirma ainda que, 
em um trabalho psicopedagógico preventivo, não pode ignorar a importância do 
assessoramento educacional tanto aos alunos como aos docentes, coordenadores, 
orientadores, diretores, pais e familiares. O processo educacional é um processo de 
 
7 
 
desenvolvimento conjunto. É um processo compartilhado, onde o aluno vai 
construindo seus conhecimentos não somente a partir das relações vivenciadas no 
interior da escola, mas também nas que extrapolam a instituição escolar e envolvem, 
especialmente, o convívio familiar e social. 
Côrtes & Rausch (2009), afirmam que o aluno não pode ser o único 
responsável pelas dificuldades; as causas devem ser procuradas também num 
sistema escolar excludente; na formação precária dos professores e nas causas de 
risco social. Para a recuperação desses alunos e a superação das dificuldades a 
psicopedagogia necessita integrar-se com os saberes de outras áreas de 
conhecimento como a psicologia, a neurologia, a psicolinguística, a psiquiatria, a 
fonoaudiologia e outros. 
Acredita-se que o trabalho da Psicopedagogia quando encontra 
consonância e parcerias na escola, pode promover efeitos muito positivos 
para a minimização das dificuldades que emergem no contexto escolar, 
apesar de representar um constante desafio, pois requer o envolvimento de 
toda a equipe, e um desejo permanente de mudanças, para que as 
transformações, de fato, ocorram (NASCIMENTO, 2013 apud LIMA, 2017. 
p. 5). 
O trabalho do psicopedagogo em todas as escolas, sejam elas públicas ou 
particulares, poderia, dado a importância da atuação desse profissional, ser mais 
bem valorizado no contexto educacional geral, e em todas as modalidades de 
ensino, sendo marcada por isso, a urgência de ações e políticas públicas que 
trabalhem no âmbito da prevenção e da promoção da aprendizagem. Muito embora 
existam registros de iniciativas e ações nessa direção, parece que esse processo 
precisa ganhar força com o empenho dos profissionais da área, mostrando 
resultados dos seus trabalhos e denunciando a falta dele no âmbito das escolas 
onde os problemas de aprendizagem precursoramente se manifestam. Considerar 
legítimo o trabalho da Psicopedagogia nas escolas, embora verdadeiro, não é a 
garantia para que ela se efetive (BRUM, PAVÃO, 2014). 
 
 
 
 
8 
 
4 O PSICOPEDAGOGO 
 
Fonte: dialogosdosaber.com.br 
O Código de Ética do Psicopedagogo, no seu artigo 1°, define a 
Psicopedagogia como um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o 
processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos 
considerando a influência do meio, família, escola e sociedade no seu 
desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia. A 
Psicopedagogia surge para atender a uma demanda específica de auxílio à 
superação das dificuldades de aprendizagem, atuando de forma preventiva e 
terapêutica. 
A Psicopedagogia se divide em três processos: prevenção, diagnóstico e 
intervenção. Na prevenção, o psicopedagogo realiza uma investigação institucional, 
avaliando os processos didáticos e metodológicos aplicados, e a dinâmica dos 
profissionais, buscando compreender o processo ensino/aprendizagem e propondo 
alternativas que aperfeiçoem os esforços empreendidos pelos envolvidos. A 
Psicopedagogia, na forma clínica, busca a promoção da saúde mental auxiliando o 
indivíduo na superação das dificuldades de aprendizagem, investigando os 
sintomas, a modalidade de aprendizagem e desenvolvendo atividades interventivas. 
O atendimento psicopedagógico com uma postura clínica considera a singularidade 
do sujeito, os aspectos inconscientes envolvidos no não aprender nos seus diversos 
contextos (biológico, afetivo e cognitivo), além da família e da escola. 
 
9 
 
Pode-se destacar duas formas básicas de trabalho psicopedagógico: a 
primeira delas é o atendimento clínico, que tem como objetivo a recuperação, a 
outra é a institucional, que tem como objetivo principal a prevenção. Atualmente há 
um grande interesse no trabalho preventivo, situação que não é exclusiva da área 
psicopedagógica. Ao contrário, é uma tendência em várias áreas. Acredita-se que 
dessa forma muitos problemas podem ser evitados. 
5 HIPÓTESES SOBRE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
 
Fonte: br.images.search.yahoo.com 
Segundo Souza (2012) as teorias sobre as Dificuldades de Aprendizagem 
possuem três enfoques: 
1) O enfoque no processo de informação tendo mais prevalência nas 
últimas décadas em Psicologia. 
2) O enfoque interativo ou ecológico: no qual incluí uma visão analítica 
sobre os contextos familiares e escolares que contribuem de maneira 
exógena para o emburrecimento do estudante. A perspectiva sociocultural: 
evoluindo bem nos últimos cinco anos. 
3) Enfoque neuropsicológico enfatizando os fatores psíquicos e cognitivos 
estudados cada vez mais tanto no Brasil como no exterior. (SOUZA, 2012, 
apud TOSTES, 2016, p. 126). 
É muito relevante para compreender a importância multidisciplinar no campo 
das Dificuldadesde Aprendizagem variando os métodos podemos conseguir 
alcançar os objetivos. 
 
10 
 
Segundo Castanho, o termo Dificuldade de Aprendizagem pode ser 
caracterizado por alterações no processo de desenvolvimento, no aprendizado da 
leitura, da escrita e do raciocínio lógico-matemático, pode estar ou não associadas a 
comprometimentos da linguagem oral. 
Santos (2009) salienta que a grande preocupação de educadores, psicólogos, 
fonoaudiólogos e outros profissionais da área sempre foram saber como uma 
criança aprende, ou seja, como ela elabora seu pensamento, suas ideias, seu 
raciocínio lógico e principalmente como ela adquire a linguagem falada, lida e a 
escrita, e, a partir disso, compreender a razão pela qual alguns alunos, sem 
deficiência, apresentam dificuldades de aprendizagem e consequentemente 
insucesso escolar. 
De acordo com Weiss & Cruz (s/d apud GLAT, 2007), o sujeito que está em 
processo de construção de seu conhecimento, seja em situação de aprendizagem 
formal ou informal, não é determinado somente pelo seu potencial cognitivo. Ele é o 
resultado da interação entre seu aparelho biológico, suas estruturas psico-afetiva e 
psico-cognitiva, nas interações com o meio social no qual ele está inserido. Para 
Piaget a aprendizagem depende do estágio de desenvolvimento atingido pelo 
sujeito, para Vygotsky, a aprendizagem favorece o desenvolvimento das funções 
mentais. Assim os educadores não devem deixar de perceber o sujeito em relação 
ao tempo e a cultura (SANTOS 2009). 
Jardim (2001) explica que as crianças com dificuldades de aprendizagem têm 
disfunções em habilidades necessárias para haver aprendizagem efetiva, 
apresentando problemas na compreensão da leitura, organização e retenção da 
informação e na interpretação de textos. Geralmente são lentas ao processar 
informações, apresentam estratégias pobres para escrever, problemas de 
organização espacial e muita distração o que acarreta dificuldade de comunicação e 
hábitos ineficientes de estudo. Correia (2004) cita que há alunos que, devido às 
“desordens neurológicas” apresentam uma desorganização no momento da 
recepção, integração e expressão da informação, refletindo numa “discapacidade” 
para aprendizagem da leitura, da escrita e cálculo matemático, se não for 
amparados, apoiados por serviços de apoio especializados, abandonam a escola 
por causa de experiências de insucesso acadêmico. 
 
11 
 
Em “Os Idiomas do Aprendente” de Alicia Fernandes, encontra-se a diferença 
entre fracasso escolar e dificuldade de aprendizagem. A autora define dificuldades 
de aprendizagem como uma situação “que provém de causas que se referem à 
estrutura individual da criança, tornando-se necessária uma intervenção 
psicopedagógica mais direcionada” A autora afirma ainda: 
Fracasso escolar afeta o aprender do sujeito em suas manifestações sem 
chegar a aprisionar a inteligência: muitas vezes surge do choque entre o 
aprendente e a instituição educativa que funciona de forma segregadora. 
Para entendê-lo e abordá-lo, devemos apelar para a situação promotora do 
bloqueio (FERNANDEZ, 2001, apud TOSTES, 2016, p. 129). 
Santos (2009) acredita que como consequência de sua dificuldade de 
aprendizagem, os alunos podem apresentar baixos níveis de autoestima e de 
autoconfiança, o que pode conduzir à falta de motivação, afastamento, crises de 
ansiedades e estresse e até mesmo depressão. 
Para Santos (2009) a dificuldade que mais é encontrada na atualidade é a 
dislexia. Porém, é necessário estar atento a outros sérios problemas como: disgrafia, 
disortografia, discalculia, dislalia e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e 
Hiperatividade), são as dificuldades que ocorrem com mais frequência nas salas de 
aula. 
5.1 Dislexia 
 
Fonte: dislexiafeliz.online 
 
12 
 
De (origem grega, da contração das palavras dis= difícil, prejudicada, e lexis= 
palavra). Ocorre um retardo e desordem para ler, escrever e soletrar. Portanto, 
dislexia é o impedimento que aparece na leitura, bloqueando o aluno de ser fluente, 
pois faz trocas e omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, 
silabada, dá intervalos entre linhas ao ler um texto não consegue dar continuidade 
na mesma linha, possui desorganização espacial etc. Estudiosos afirmam que suas 
causas têm origem de fatores genéticos, porém ainda nada foi comprovado pela 
medicina. Ciasca (2005, p. 66), define dislexia: 
Falha no processamento da habilidade da leitura e escrita durante o 
desenvolvimento. A dislexia como um atraso do desenvolvimento ou a 
diminuição em traduzir sons em símbolos gráficos e compreender qualquer 
material escrito é o mais incidente dos distúrbios específicos da 
aprendizagem, com cifras girando em torno a 15% da população com 
distúrbios da aprendizagem, sendo dividida em três tipos: visual, mediada 
pelo lóbulo occipital, fonológica mediada pelo lóbulo temporal, e mista com 
mediação das áreas frontal, occipital, temporal e pré-frontal. (CIASCA, 
2005, apud TOSTES, 2016, p. 130). 
6 DISGRAFIA 
 
Fonte: priscillaranieri.com.br 
Normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e 
inversão de letras consequentemente apresenta dificuldade na escrita. Além disso, 
está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e 
desorganização ao produzir um texto. A habilidade de escrita está abaixo do nível 
 
13 
 
esperado para idade cronológica, escolaridade e inteligência, associada ou não ao 
transtorno de leitura. Segundo Ciasca (2005, p. 67), define como: 
Falha na aquisição da escrita; implica uma inabilidade ou diminuição no 
desenvolvimento da escrita. Atinge 5 a 10% da população escolar e pode 
ser dos seguintes tipos: disgrafia do pré-escolar: construção de frases: 
ortográfica e gramatical: caligrafia e espacialidade. (CIASCA, 2005, apud 
TOSTES, 2016, p. 130). 
6.1 Disortografia 
 
Fonte: priscillaranieri.com.br 
É a dificuldade da linguagem escrita e também pode acontecer como 
consequência da dislexia. É um quadro, muitas vezes, descrito como característico 
da disgrafia. Esse transtorno da escrita apresenta-se como uma persistência de 
trocas de natureza ortográfica (como ch por x, ou s por z, e viceversa), aglutinações 
(de repente/derepente, tem que/temque), fragmentações (em baraçar); inversões 
(in/ni, es/se) e omissões (beijo/bejo), após a 2ª série do Ensino Fundamental ou 
equivalente. Estas alterações devem ser observadas com determinada frequência, e 
em vocabulário conhecido pelo aluno. 
 
14 
 
6.2 Discalculia 
 
Fonte: neurosaber.com.br 
É a dificuldade em lidar com cálculos, numerais e quantidades, prejudicando 
as atividades de vida diária que envolve essas habilidades e conceitos. De acordo 
com o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais), em 
indivíduos com transtornos da Matemática, a capacidade para a realização de 
operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático encontra-se 
substancialmente inferior à média esperada para sua idade cronológica, capacidade 
intelectual e nível de escolaridade. 
Discalculia é uma falha na aquisição da capacidade e na habilidade de lidar 
com conceitos e símbolos matemáticos. Basicamente, a dificuldade está no 
reconhecimento do número e do raciocínio matemático. Atinge de 5 a 6% da 
população com dificuldade de aprendizagem e envolve dificuldade na 
percepção, memória, abstração, leitura, funcionamento motor; combina 
atividades dos dois hemisférios. (DSM 5, apud TOSTES, 2016, p. 131). 
Para Santos (2009) talvez a maioria das dificuldades não tenha causas 
orgânicas e não esteja relacionada às atividades cognitivas da criança, mas seja 
resultado de problemas educativos ou ambientais. Estratégias de ensino ineficientes 
podem prejudicar o nível de sucesso das crianças na realização de tarefas, gerando 
problemas como falta de autoconfiança e efeitos negativos sobre a aprendizagem 
comprometendo aspectos como a atenção, concentração,memória, coordenação 
motora e outros. 
 
15 
 
Entre tantas dificuldades de aprendizagem, as mais encontradas nas escolas 
são estas apresentadas, porém, somente após uma avaliação a psicopedagoga 
pode realmente sugerir o que fazer com a criança. 
Como a profissional da psicopedagogia pode atuar nas escolas, em clínicas e 
empresas, quando aparece a dificuldade em aprender, sua avaliação será útil para 
saber se a criança com reforço escolar pode melhorar, ou se necessita da clínica 
psicopedagógica para melhorar seu desempenho escolar. 
Dessa forma é interessante observar como e quando a psicopedagogia 
apareceu, mesmo porque segundo Sá (2013, p. 21), trata-se de uma crescente 
profissionalização na área, ou seja, “enquanto profissional, o psicopedagogo pode 
intervir em uma concepção eminentemente preventiva ou em uma abordagem 
terapêutica, clínica”. 
7 A PSICOPEDAGOGIA E AS PRÁTICAS PSICOPEDAGÓGICAS 
 
Fonte: priscillaranieri.com.br 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) 
[...] a formação da escola deve favorecer o desenvolvimento de 
capacidades, de modo que ocorra a compreensão e a mediação dos 
fenômenos sociais e culturais, assim como possibilitar aos alunos usufruir 
das manifestações culturais nacionais e universais (BRASIL, 1996, apud 
TOSTES, 2016, p. 131). 
 
16 
 
Bossa (2002) se refere à escola explicando que na atualidade, apresenta-se 
como o principal espaço social para a identificação das “anormalidades” infantis, 
mesmo que sob o risco de ancorar-se uma concepção de criança ideal, construída 
ao longo da modernidade. Assim, a criança pode estar resistindo, com o seu 
sintoma, à excessiva normatização da escola, enquanto essa fracassa nas suas 
tentativas pedagógicas de remover o problema de aprendizagem, apelando, muitas 
vezes, aos especialistas em terapêuticas educativas na esperança de ver o fracasso 
reparado (SALVARI, DIA, 2006). 
Todavia nos PCNs é possível observar que a educação básica precisa ter 
qualidade que a sociedade mereça como a possibilidade de o sistema educacional 
vir a propor uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, 
econômicas e culturais. Considerando os interesses reais dos alunos com a garantia 
de uma metodologia essencial para a formação de cidadãos autônomos, críticos e 
participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na 
sociedade em que vivem (BRASIL, 1996). 
No entanto, cabe ao campo educacional propiciar aos alunos diferentes 
vivencias onde sejam inseridos cultura e valores sociopolíticos. Assumir-se como 
espaço social de construção dos significados éticos necessários e construtivos de 
toda e qualquer ação de cidadania (BRASIL, 1996). Logo a educação básica tem 
assim a função de garantir condições para que o aluno construa instrumentos que o 
capacitem para um processo de educação permanente (BRASIL, 1996). 
Para Colelo (2004) um aspecto muito importante no trabalho docente é o fato 
de que a seleção e a definição dos conteúdos são, em última instância, tarefas do 
professor. É ele quem tem pela frente determinados alunos, com suas 
características de origem social, vivendo num meio cultural determinado, com certas 
disposições e preparo para enfrentar o estudo. O trabalho pedagógico implica a 
preparação desses alunos para as atividades práticas - profissionais, políticas, 
culturais - e, para isso, o professor enfrenta duas questões centrais: 
Que conteúdos (conhecimentos, habilidades, valores) os alunos deverão 
adquirir a fim de que se tornem preparados e aptos para enfrentar as 
exigências objetivas da vida social, como a profissão, o exercício da 
cidadania, a criação e o usufruto da cultura e da arte, a produção de novos 
conhecimentos de acordo com interesses de classe, as lutas pela melhoria 
das condições de vida e de trabalho? - Que métodos e procedimentos 
didático-pedagógicos são necessários para viabilizar o processo de 
transmissão-assimilação de conteúdos pelo qual são desenvolvidas as 
 
17 
 
capacidades mentais e práticas dos alunos de modo a adquirirem métodos 
próprios de pensamento e ação, ou seja, a construção do conhecimento? 
(COLELO, 2004, apud TOSTES, 2016, p. 132). 
Conforme Colelo (2004) são três as fontes que o professor selecionará para 
os conteúdos do plano de ensino e organizar as suas aulas: a programação oficial 
na qual são fixados os conteúdos de cada matéria; os próprios conteúdos básicos 
das ciências transformadas em matérias de ensino; as exigências teóricas e práticas 
colocadas pela prática de vida dos alunos, tendo em vista o mundo do trabalho e a 
participação democrática na sociedade. Deve ocorrer a reflexão sobre o que se 
pretende com o ensino fundamental, sobre seu currículo como um todo e as 
expectativas que se tem a respeito dos alunos que terminam essa fase de 
escolarização; e sobre a realidade da escola e suas condições de trabalho para 
viabilizar as metas pretendidas. Quando o professor escolher e indicar conteúdos e 
procedimentos de ensino, suas escolhas estarão, pois, ancoradas num contexto 
mais amplo de desafios e problemas, bem como em concepções norteadoras. 
Dentro desse contexto a escola tem uma equipe que compreende alguns 
cargos, como diretora, coordenadora, educadores, psicopedagogos, entre outros. 
Essa equipe tem a função de ensinar, o que significa transmitir informações aos 
alunos. E dentre esses alunos existem aqueles que têm dificuldades em aprender. 
Para esses, é preciso primeiro identificar a problemática sobre suas dificuldades, em 
seguida pedir auxílio ao psicopedagogo, e este deve orientar como transmitir o 
ensino aprendizagem a esses alunos. 
 
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18 
 
8 DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO 
 
Fonte: unir.net 
O diagnóstico, para o terapeuta, tem a mesma função que a rede para um 
equilibrista, ou seja, ele dará o suporte para que o psicopedagogo caminhe de 
maneira segura durante o processo de intervenção. O sucesso e a eficácia do 
diagnóstico psicopedagógico pressupõem por parte do terapeuta: profundo 
conhecimento teórico do processo de aprendizagem, postura clínica, capacidade de 
observação e instrumentos e métodos adequados. O objetivo do diagnóstico 
psicopedagógico clínico é identificar a modalidade de aprendizagem, o nível da 
escrita e o nível cognitivo. Os instrumentos aplicados no diagnóstico 
psicopedagógico aqui relatado são descritos no item método e fazem parte do 
protocolo utilizado na clínica-escola campo desta pesquisa. 
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9 MODALIDADE DE APRENDIZAGEM 
 
Fonte: pt.dreamstime.com 
 
A forma como cada indivíduo entra em contato com o objeto de 
conhecimento, a modalidade de aprendizagem, é particular, individual e oferece um 
saber que é singular para cada indivíduo. A modalidade de aprendizagem é 
construída desde o nascimento e nas várias situações de aprendizagem, 
constituindo-se como um esquema de operar ou processar as informações. Com a 
identificação da modalidade de aprendizagem do sujeito com dificuldades de 
aprendizagem, o psicopedagogo poderá introduzir a intervenção adequada, que 
atenda às necessidades específicas do paciente. Para melhor compreensão do 
processo que resulta em modalidade de aprendizagem, é importante compreender o 
movimento definido como “adaptação”. Adaptação é o resultado de um duplo 
movimento complementar de assimilação e acomodação. Por meio da assimilação, o 
sujeito transforma a realidade para integrá-la às suas possibilidades de ação e, 
através da acomodação, transforma e coordena seus próprios esquemas ativos, 
para adequá-los às exigências da realidade. 
 As modalidades de aprendizagem sintomáticas são geradas por um 
desequilíbrio nos movimentos de assimilação e/ou acomodação. O excesso (hiper) 
ou escassez (hipo) em um desses movimentos afeta o resultado (aprendizagem), ou 
seja, dificuldades de aprendizagem estão relacionadas a uma hiperatuação ou hipo-
atuação de um desses processos. Quando há o predomínio da assimilação, as 
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dificuldades de aprendizagem são da ordem da não resignação, o que leva o sujeito 
a interpretar os objetos de modo subjetivo, não internalizando as características 
próprias do objeto. 
Quando a acomodação predomina, o sujeito não empresta sentido subjetivo 
aos objetos, antes, resigna-se sem criticidade. As modalidades de aprendizagem 
sintomáticas são assim descritas: 
• Hipoassimilação: nesta sintomatização ocorre uma assimilação pobre ou 
baixa, o que resulta na pobreza no contato com o objeto. 
• Hiperassimilação: sendo a assimilação o movimento de adaptação que 
permite a alteração das informações fornecidas pelo meio, para que possam ser 
incorporadas pelo sujeito, na aprendizagem sintomatizada pode ocorrer um exagero 
desse movimento, de forma que o sujeito não se submete ao aprender. Nesse 
movimento, há o predomínio dos aspectos subjetivos sobre os objetivos; 
• Hipoacomodação: a acomodação consiste em adaptar-se para que ocorra a 
internalização. A sintomatização da acomodação ocorre pela resistência em 
acomodar elementos do meio (informações), que pode ser definida como a 
dificuldade de internalizar os objetos; 
• Hiperacomodação: se acomodar significa internalizar os elementos do meio 
(informações), o exagero nesse processo pode levar a uma pobreza de contato com 
a subjetividade, levando à submissão e à obediência acrítica às normas; 
As informações, ou elementos do meio, são pouco alterados, de forma que 
não podem ser incorporados pelo sujeito, apenas acomodados. Analisando a forma 
como operam as modalidades de aprendizagem, existe três grupos de modalidades 
(organizações) que perturbam o aprender: hipoassimilação-Hipoacomodação; 
hiperassimilação-hipoacomodação; e hipoassimilação-hiperacomodação. 
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10 DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
Fonte: daddy.com.br 
O conceito de desenvolvimento infantil pode ser entendido como um processo 
que envolve vários aspectos: crescimento físico, maturação neurológica, construção 
de habilidades relacionadas ao comportamento e às esferas cognitivas, social e 
afetiva da criança. O desenvolvimento adequado habilita a criança a atender à 
demanda do meio, tornando-a “competente” para responder às suas necessidades, 
considerando o seu contexto de vida. O desenvolvimento infantil relaciona-se 
diretamente com fatores biológicos e ambientais. Os fatores biológicos estão 
relacionados a danos ocorridos nos períodos pré, peri e pós-parto, que podem 
conduzir a deficiências e problemas no desenvolvimento neurológico. 
Neste grupo estão os distúrbios de ordem genética, malformações 
congênitas, prematuridade, hipóxia cerebral, meningites e condições da gestação da 
mãe (uso de drogas, fumo e doenças) que podem impactar o desenvolvimento da 
criança. Os fatores ambientais estão relacionados à exposição da criança aos 
estímulos e situações do meio, tais como condições de habitação, higiene, conforto, 
nutrição, estímulo familiar e vida social. 
Neste contexto, a reabilitação é o processo pelo qual a criança com 
alterações no desenvolvimento poderá ser adequadamente estimulada com o 
objetivo de melhorar a funcionalidade das suas habilidades físicas, mental e/ou 
social. Nessa perspectiva, todo trabalho de reabilitação, independentemente da 
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idade, deve estar centrado nas habilidades da criança, lembrando que sua 
integridade e dignidade devem sempre ser respeitadas. Para tal, importa que, ao 
planejar os programas de reabilitação e de apoio, o terapeuta possa 
impreterivelmente considerar os costumes, possibilidades e as estruturas da família 
e da comunidade, adequando sua proposta terapêutica às dificuldades e 
necessidades da criança. No entanto, para orientar qualquer proposta terapêutica, a 
avaliação diagnóstica é a primeira etapa. 
11 A FUNÇÃO DIAGNÓSTICA DA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
Fonte: pt.dreamstime.com 
 
O trabalho de Educação Escolar se desenvolve através do processo 
ensino/aprendizagem e de todos os seus determinantes, sendo assim há um ponto 
muito importante na prática psicopedagógica que é a busca do diagnóstico do 
porquê da criança (s) ou adolescente (s) não conseguirem aprender dentro dos 
padrões pré-estabelecidos pela escola, família e sociedade. Quando se remete ás 
dificuldades ou problemas de aprendizagem, alguns aspectos tem que ser levados 
em conta como a constituição do sujeito (física, psicológica, necessidades especiais, 
afecções cerebrais – lesões herdadas ou adquiridas por distúrbios metabólicos, 
cromossômicos, etc.); o desejo do sujeito (motivação pessoal, familiar ou social); a 
família do sujeito (estrutura e dinâmica familiar, nível de autonomia na família, nível 
 
23 
 
sociocultural, relação da família com a escola e papéis assumidos na configuração 
familiar); e a escola (estrutura, organização material, de conteúdo e pessoal). Dessa 
forma o cabe ao psicopedagogo vasculhar cada “canto” da pessoa, enxergando não 
apenas o que a criança mostra, mas saber perceber que a mesma pode ter algum 
problema imperceptível que está dificultando sua aprendizagem e saber conduzi-la a 
outros profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, etc., com intuito 
de investigar múltiplos fatores que influenciam o não aprender dessa criança. 
O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando 
solucioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a 
sua meta fundamental é investigar todo o processo de aprendizagem 
levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para 
valendo-se desta investigação entender a constituição da dificuldade de 
aprendizagem (RUBINSTEIN, 1987, apud UHLMANN 2018, p. 225). 
É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses 
provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo, porém uma vez 
iniciado esse processo, deve-se lançar mão de todos os instrumentos diagnósticos 
necessários. Essa busca terá o intuito de descobrir as razões que impedem o sujeito 
de aprender, situação essa levantada por uma queixa seja do educador, da família, 
da escola ou até mesmo do próprio sujeito. Caberá, portanto, ao psicopedagogo 
“ouvir” essa queixa, analisá-la, interpretá-la e seguir com seu processo de avaliação 
como função diagnóstica na busca em atender as necessidades educativas 
traduzidas em situações passíveis de melhora e com a concretização de auxílio e 
suporte. 
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24 
 
12 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
Fonte: dialogosdosaber.com.br 
Na área clínica, o psicopedagogo atua com um papel investigativo em relação 
aos problemas que envolvem a aprendizagem e intervindo, diretamente com o 
sujeito, no intuito de sanar suas dificuldades e proporcionar melhor qualidade de 
vida para o indivíduo. Na prática psicopedagógica clínica é preciso que o profissional 
tenha um olhar observador, examinador, o qual possibilita condições para identificar 
os porquês da não aprendizagem. Ou seja, o psicopedagogo clínico atuará 
investigando e intervindo. Como afirma Escott (2004), 
[...] no âmbito da Psicopedagogia Clínica, o objetivo não se limita apenas na 
contribuição da solução dos problemas de aprendizagem, mas também tem 
o papel de cooperar para a construção de um sujeito pleno, crítico e mais 
feliz. (ESCOTT, 2004, apud MOREIRA, 2015, p. 4). 
A Psicopedagogia clínica procura entender o indivíduo nos seus mais 
variados âmbitos e contextos, sejam eles cognitivos, pedagógicos, emocionais, 
culturais, biológicos, sociais, bem como compreender a interferência que esses 
aspectos causam na aprendizagem, trabalhando juntamente com os pais ou 
responsáveis, professores, orientadores educacionais e demais profissionais que 
façam parte da vida do sujeito. Esses processos podem ser analisados a partirda 
avaliação psicopedagógica, que consiste também na investigação das causas do 
não aprender. 
 
25 
 
A avaliação psicopedagógica ou diagnóstico psicopedagógico consiste em um 
processo observador e investigativo, que por meio da coleta e análise de 
informações relevantes do sujeito, é possível verificar os vários elementos que 
influenciam no processo de ensino e aprendizagem do mesmo. Para Rubinstein 
(1996), o diagnóstico psicopedagógico pode ser comparado com um processo de 
investigação. Nesse processo, o psicopedagogo reproduz o papel do detetive à 
procura de vestígios, informações, selecionando-as criteriosamente e levando em 
consideração todos os aspectos que abarcam o processo de aprendizagem do 
indivíduo. 
Weiss (2004) corrobora com o pensamento de Rubinstein (1996), afirmando 
que todo diagnóstico psicopedagógico consiste em uma investigação, uma busca 
acerca de algo que não está adequado com o sujeito em relação a um 
comportamento esperado. Na avaliação psicopedagógica é realizada a investigação, 
na qual se procura compreender a forma que o indivíduo aprende e os desvios que 
ocorrem nesse processo. 
A avaliação está integrada na intervenção psicopedagógica e se fundamenta 
nas decisões voltadas à solução das possíveis dificuldades de aprendizagem, 
levando em consideração os contextos em que o indivíduo está inserido e também 
promove melhores condições para o desenvolvimento global do mesmo. 
O diagnóstico psicopedagógico é uma das peças fundamentais para uma 
intervenção eficaz. Não é suficiente o psicopedagogo ter o aprimoramento das 
técnicas e testes, pois cada caso é único e exige do profissional, além do 
conhecimento teórico, um olhar sensível e singular. Cada paciente que chega à 
clínica traz consigo suas particularidades, suas relações sociais, suas bagagens 
emocionais, para o psicopedagogo é sempre um novo caso, uma nova história, que 
necessita de um novo olhar. Weiss (2002) afirma que: 
[...] a grande quantidade de instrumentos utilizados no diagnóstico não é 
suficiente para que haja do sucesso o mesmo, porém é necessária a 
eficiência e percepção do profissional em explorar as várias dimensões e 
aspectos revelados em cada momento do processo. (WEISS, 2002, apud 
MOREIRA, 2015, p. 5). 
A avaliação psicopedagógica inicia-se com uma entrevista com os pais ou 
responsáveis pela criança, nela o psicopedagogo também irá analisar o material 
escolar, as atividades de leitura, escrita, matemática, como também aplicar testes e 
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provas que avaliem o nível de pensamento e outras funções cognitivas. Além de 
fazer uso da observação direta do sujeito e de seus contextos. A princípio, deve-se 
verificar se a queixa trazida como motivo da procura do atendimento, não só 
descreve o sintoma, mas também pode trazer indícios que possam apontar o 
caminho a ser trilhado no processo de investigação. 
Portanto, esse processo buscará a explanação de uma queixa, advinda do 
próprio indivíduo, da família ou da escola. Nesse caso, a queixa estará relacionada 
com o não aprender, com a dificuldade de aprendizagem ou com o aprender 
lentamente. 
No primeiro contato com a família é necessário construir hipóteses sobre os 
vários aspectos relevantes para a avaliação dos problemas relacionados à 
aprendizagem. Também é preciso entender o significado da queixa para a 
família, ou seja, perceber como os membros reagem comportamentalmente 
ao assumir a presença da dificuldade e quais são as suas expectativas em 
relação ao acompanhamento psicopedagógico. (PAÍN, 1985, apud 
MOREIRA, 2015, p. 6). 
O psicopedagogo pode usar como recurso da avaliação psicopedagógica a 
entrevista com a família. Com o uso da observação, ele poderá investigar o motivo 
da procura pelo atendimento. A partir da realização da anamnese poderá conhecer a 
história de vida do sujeito, entrevistar a criança, fazer contato com os professores ou 
outros profissionais que acompanhem a mesma, fazer a devolutiva de tudo que foi 
executado com o indivíduo e, se preciso encaminhar o caso para outros profissionais 
(RUBINSTEIN, 2002). 
Dessa forma, Rubinstein (1996) aponta que o diagnóstico psicopedagógico 
clínico deve voltar-se para identificar o potencial de aprendizagem, buscar hipóteses 
para as causas do não aprender, impulsionar o aprendiz e os que estão em volta 
dele, com o intuito de construir uma explicação para os problemas de aprendizagem. 
13 INSTRUMENTOS 
Serão elencados os instrumentos utilizados na avaliação psicopedagógica, 
bem como um pouco de seus objetivos e observações. Serão utilizadas as seguintes 
provas psicopedagógicas: Anamnese, Entrevista Operativa Centrada na 
Aprendizagem (EOCA), Provas Operatórias de Piaget, Teste de Desempenho 
Escolar (TDE), atividades de leitura, escrita, aritmética e interpretação textual. 
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13.1 Anamnese 
 
Fonte: geledes.org.br 
A anamnese é um dos instrumentos utilizados no diagnóstico 
psicopedagógico, ela consiste em uma entrevista realizada com os pais ou 
responsáveis da pessoa que está sendo avaliada e tem o intuito de resgatar a 
história de vida do sujeito, coletando informações relevantes que possam desvendar 
dados e fatos observados durante a avaliação, a partir dela também é possível 
chegar a uma hipótese diagnóstica, com base nas informações obtidas. Portanto, é 
necessário que o psicopedagogo esteja atento aos detalhes e registre-os com 
precisão. 
A história de vida do sujeito em atendimento é interpelada através da 
anamnese, ou seja, procura-se obter o maior número possível de 
informações sobre a vida do mesmo, sempre documentando e analisando 
os dados (SAMPAIO, 2010, apud MOREIRA, 2015, p. 6). 
A entrevista engloba, desde os momentos da gestação e concepção, até os 
dias atuais. Trata-se de uma lembrança de dados importantes acerca da vida do 
indivíduo. 
Para Weiss (2007), a anamnese é um dos pontos categóricos de uma boa 
avaliação psicopedagógica. Através da entrevista, será possível verificar a 
percepção da família acerca da história da criança, da angústia do não aprender, as 
expectativas, anseios, afetos, conhecimentos e tudo que se espera do sujeito. 
 
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Considerada como um dos pontos principais de um bom diagnóstico, busca 
colher dados significativos sobre a história do sujeito na família, integrando passado, 
presente e com projeções para o futuro. Permite entender a inserção do mesmo na 
família. O trabalho da Anamnese se inicia com dados das primeiras aprendizagens, 
da história clínica, da história familiar do núcleo que o sujeito está inserido, nas 
histórias das famílias maternas e paternas e a influência dessas gerações passadas 
sobre a família nuclear. É necessário que todos estejam bem à vontade 
“[...] para que todos se sintam com liberdade de expor seus pensamentos e 
sentimentos sobre a criança para que possam compreender os pontos 
nevrálgicos ligados à aprendizagem.” (WEISS, 1992, apud UHLMANN 
2018, p. 227). 
Anamnese permite a obtenção e análise de dados desde a concepção até a 
vida escolar atual do aluno, considerando que se trata de uma investigação profunda 
e detalhada. Leva em consideração como foi o processo gestacional, se a gravidez 
foi desejada ou não por ambos os pais assim como por toda a família, qual opção de 
parto, posteriormente analisar sobre as primeiras aprendizagens como usar 
mamadeira, copo, a colher, quando aprendeu a sentar, engatinhar, a andar, 
controlar seus esfíncteres, com objetivo de descobrir como a família possibilita e 
participa do desenvolvimento cognitivo da criança. Se os pais não permitem o 
descobrimento ou bloqueiam novas experiências da criança por si só evitando, por 
exemplo, comer sozinha para não se sujar, não tira a fralda para não urinar em casa, 
também não permitem que haja o processo de desenvolvimento do equilíbrio entre 
assimilação e acomodação, causando o processo chamado de hipoassimilação,onde os pais acabam retardando o desenvolvimento da criança. Por outro lado, 
existem pais que forçam as crianças a realizarem sozinhas atividades para as quais 
ainda não possuem maturidade em seu organismo, não estando portando a criança 
pronta para assimilar, é o chamado Hiperassimilação, que acaba acelerando 
negativamente o pensamento da criança, tornando as precoces. 
Dando continuidade ao processo investigatório, o psicopedagogo por meio da 
Anamnese também abordará a história clínica da criança, abordando as possíveis 
doenças, como foram diagnosticadas e tratadas, se resultaram em alguma 
consequência. É também de grande relevância saber a história escola do sujeito, 
desde quando começou a frequentar a escola, como foi o primeiro dia de aula, se 
existiram frustrações, entusiasmos, porque os pais escolheram aquela escola, se 
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houve alguma troca de escola, quais são os aspectos positivos e negativos e as 
possíveis consequências para o processo de aprendizagem. As informações obtidas 
na Anamnese deverão ser registradas para levantar hipóteses que poderão justificar 
a defasagem do indivíduo, bem como auxiliar na seleção de outros instrumentos de 
diagnóstico. 
13.2 Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) 
A Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem é um instrumento que 
auxilia no processo de avaliação psicopedagógica, ele foi idealizado por Jorge Visca, 
inspirado na psicologia social de Pichon-Rivière, nos postulados da psicanálise e no 
método clínico da escola de Genebra, é um instrumento de fácil uso e avalia, através 
de uma entrevista, a aprendizagem (BOSSA, 2007). Conforme Visca (1987), 
[...] o teste consiste em solicitar ao sujeito que mostre ao entrevistador, o 
que ele sabe fazer, o que lhe ensinaram a fazer e o que aprendeu a fazer, 
isso é chamado de consigna. Cada indivíduo tende a proceder de formas 
diferentes no momento em que houve a consigna. (VISCA, 1987, apud 
MOREIRA, 2015, p. 7). 
A avaliação do teste baseia-se em três pilares que fornecerão a formulação 
de hipóteses que devem ser verificadas em outro momento do diagnóstico, sendo 
eles: a temática, a dinâmica e o produto. A temática consiste em tudo aquilo que o 
sujeito diz. A dinâmica é tudo aquilo que o sujeito faz, por meio de gesticulação, 
sons, postura corporal, pela própria fala, tom da voz. Por fim, o produto, que é tudo 
aquilo que a criança deixa registrado no papel. 
Através da EOCA podemos observar qual a modalidade de aprendizagem da 
criança em questão, podendo ser esta hipoassimilativa, hiperassimilativa, 
hipoacomodativa, hiperacomodativa ou a assimilação e a acomodação podem estar 
em equilíbrio. Hipoassimilativa- A criança é muito tímida, fala pouco, não explora os 
objetos e costuma querer ficar em uma só atividade. Hiperassimilativa- Durante a 
atividade, a criança fala sobre diversos assuntos, faz perguntas, questionamentos, 
mas não costuma ouvir, pois ela já está formulando outra pergunta para o 
entrevistador. Ela pode prender-se aos detalhes e o não observar o todo. 
Hipoacomodativa- Demonstra dificuldade no estabelecimento de vínculos 
emocionais e cognitivos. Assim como a hipoassimilativa, a criança também não 
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explora muito os objetos e quer permanecer em apenas uma atividade. A criança 
pode ser confundida como um (a) menino (a) preguiçoso (a). Hiperacomodativa- A 
criança prefere copiar, tem dificuldade em criar, inventar. Aceita tudo, é muito 
obediente, submisso e com pouca autonomia. 
 A partir da aplicação da entrevista, o psicopedagogo poderá formular suas 
hipóteses, conforme as observações que foram feitas e levando em consideração a 
temática, a dinâmica e o produto. Sendo assim, o profissional poderá chegar a 
algumas conclusões, como por exemplo, qual o nível cognitivo da criança, qual o 
nível de leitura, se a criança tem dificuldade em organização, se tem iniciativa, 
identificar a modalidade de aprendizagem, suspeitar de algum distúrbio, analisar a 
coordenação motora da criança, entre outras hipóteses que possam ter relevância. 
O que é relevante na EOCA é observar quais são os conhecimentos da 
pessoa que está sendo avaliadas, quais são suas habilidades, seus 
anseios, seus níveis de operatividade. É, a partir dessa entrevista, que o 
psicopedagogo poderá extrair suas hipóteses, o que futuramente irá 
contribuir para a intervenção. (VISCA, 1987, apud MOREIRA, 2015, p. 8). 
13.3 Provas Operatórias de Piaget 
As provas operatórias auxiliam na avaliação psicopedagógica no sentido de 
que é possível conhecer o funcionamento e o desenvolvimento das funções lógicas 
do sujeito em atendimento, ainda é possível verificar o nível cognitivo em que a 
criança se encontra e se há a hipótese de atraso cognitivo em relação a sua idade 
cronológica. Segundo Visca (1987), as provas operatórias têm o intuito de 
determinar o nível de pensamento do sujeito. 
Weiss (2003) corrobora com a ideia de Visca (1987), quando afirma que: 
[...] as provas têm por objetivo definir o grau de alcance das noções 
essenciais do desenvolvimento cognitivo, podendo detectar o nível de 
pensamento adquirido pelo sujeito. (VISCA, 1987, apud MOREIRA, 2015, p. 
8). 
É necessário que o psicopedagogo tenha em mente que, a aplicação de um 
pequeno número de provas de conservação, em uma mesma sessão, a elaboração 
cuidadosa das perguntas, evitando-se erros e consequente alteração no resultado 
das provas e a precaução para que não haja uma possível contaminação das 
respostas do sujeito, alternância das provas consiste no bom procedimento para a 
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aplicação do instrumento. De acordo com MOREIRA, 2015, as respostas do teste 
em questão são classificadas em três níveis: Nível 1: não há conservação, o sujeito 
não atinge o nível operatório nesse momento. Nível 2: as respostas apresentam 
oscilações ou não são completas. Em um momento conservam outro não. E, por fim, 
Nível 3: as respostas demonstram aquisição da noção, sem vacilação. 
13.4 Teste de Desempenho Escolar 
O Teste de Desempenho Escolar (TDE) foi proposto por Lilian Milnitsky Stein, 
ele consiste em um instrumento psicométrico, que possibilita uma avaliação das 
capacidades fundamentais para o desempenho escolar, são elas: a escrita, a 
aritmética e a leitura (STEIN, 1994). O teste avalia escolares de 2º a 7º anos do 
Ensino Fundamental, podendo ser utilizado, com algumas exceções, pelos 8º e 9º 
anos. 
Conforme Stein (1994), o Teste de Desempenho Escolar é composto por três 
subtestes: escrita, aritmética e leitura. O subteste de escrita solicita que o avaliado 
escreva seu nome e outras palavras isoladas que são apresentadas a partir de um 
ditado. O subteste de aritmética solicita, primeiramente, a solução oral de problemas 
e, em seguida, a resolução de cálculos de operações matemáticas por escrito. E, a 
partir do subteste de leitura, a criança deverá ler as palavras isoladas solicitadas. 
Esse tem como objetivo avaliar o desempenho escolar, especificamente nas áreas 
da escrita, aritmética e leitura. O instrumento deve ser aplicado de forma individual. 
Segundo Stein (1994), para que o teste seja aplicado, é necessário que o 
psicopedagogo esteja familiarizado com as instruções para uma aplicação eficaz. O 
aplicador deverá explicar para a criança o que deve ser feito, instruí-la de como 
funciona o TDE. O levantamento de seus dados é feito registrando os itens 
respondidos de forma correta, cada item correto vale 1 (um) ponto. Cada subteste 
terá uma pontuação, a soma de todos os pontos subteste em questão é denominada 
Escore Bruto (EB). O somatório dos Escores Brutos dos três subtestes será o 
Escore Bruto Total (EBT). 
O teste conta com algumas tabelas para a classificação dos Escores Brutos 
por série escolar, ao todo são seis tabelas,uma para cada série. Cada tabela é 
composta por uma classificação baseada no Escore Bruto de cada subteste (escrita, 
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leitura e aritmética). As classificações podem ser três: Superior, Médio e Inferior, 
apenas os escores brutos para o 2º ano foram classificados em quatro níveis 
(Superior, Médio Superior, Médio Inferior e Inferior), a fim de que não ficassem 
agrupados em intervalos muito grandes. 
13.5 Atividades de Leitura, Escrita, Aritmética e Interpretação Textual 
As atividades de leitura, escrita, aritmética, coordenação motora, 
reconhecimento das letras, de coordenação motora, identificação das características 
da personalidade da criança e de interpretação textual, são extremamente 
importantes para o diagnóstico psicopedagógico, pois a criança se diverte por meio 
de brincadeiras, jogos, brinquedos, tarefas e ainda é possível investigar o nível de 
aprendizagem da criança em atendimento e detectar as principais dificuldades de 
aprendizagem. 
Os jogos e brincadeiras permitem que a criança tenha conhecimento sobre 
si mesmo e sobre o mundo, eles contribuem tanto para o desenvolvimento 
da criatividade e raciocínio, quanto para seu desenvolvimento cognitivo e 
emocional (PEDROZA, 2005, apud MOREIRA, 2015, p. 9). 
Brenelli (1996) corrobora com a ideia de Pedroza (2005), afirmando que o 
jogo consiste em uma atividade que tem enormes contribuições para a educação de 
crianças, pois possibilita o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, motor e ainda 
contribui para aprendizagem. Em seguida, serão abordadas algumas definições e 
informações sobre a Deficiência Intelectual, que possibilitará um conhecimento 
prévio a cerca da deficiência e seus comprometimentos. 
14 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO 
Ao se colocar diante de um sujeito e sua família, de primeiro momento já há 
uma implicação do psicopedagogo em se situar nas possibilidades de escuta da 
história de vida que irá se apresentar a partir daí para além de uma simples queixa. 
 Receber alguém que pede esclarecimentos em relação a determinadas 
questões e dúvidas que envolvem o aprendizado, requer, antes de tudo, respeito e 
comprometimento com o que está por vir. 
 
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Assim se dá o começo de uma avaliação psicopedagógica: de maneira 
apurada e investigativa, a escuta analítica é primordial para se promover um 
encontro da fala da família e do sujeito, com o saber do profissional que o escuta. 
(GERMANO, 2018). 
 Trata-se de uma investigação que consiste na compreensão, de ordem 
global, com base em Weiss (2008), na forma de aprender e dos desvios que estão 
ocorrendo nesse processo. É a organização de dados em relação a vida biológica, 
intrapsíquica e social de forma única e pessoal. 
 Após o acolhimento com a família, existe a necessidade de apurar as 
formulações de hipóteses através de encontros com o sujeito, sendo possível utilizar 
alguns instrumentos tais como: Entrevista Familiar Exploratória Situacional (EFES), 
Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) elaborada por Visca, 
Sessões Lúdicas (criadas por Weiss), provas e testes diversos, Diagnóstico 
Operatório (autoria de Piaget), bem como entrevistas com a equipe da escola e com 
outros profissionais, análise de produção do sujeito em questão como, por exemplo, 
o material escolar, desenhos, construções e o que for necessário. (GERMANO, 
2018). 
 A Anamnese com a família se faz essencial por apresentar a visão familiar da 
história de vida do sujeito em relação a preconceitos, normas, culturas, expectativas, 
circulação de afetos e conhecimentos, além do peso das gerações anteriores que às 
vezes é depositado no sujeito (Weiss, 2008). 
Vale lembrar que, o diagnóstico psicopedagógico é um processo, um 
contínuo que sempre poderá ser revisado, onde a intervenção do psicopedagogo 
inicia numa atitude investigadora, até a intervenção. É preciso observar que essa 
atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria 
intervenção, com o objetivo de observação ou acompanhamento da evolução do 
sujeito (BOSSA, 2000, p.95). 
 Mesmo diante da importância de alguns instrumentos de intervenção 
avaliativa no diagnóstico psicopedagógico, é essencial destacar, segundo Weiss 
(2008), que o sucesso do diagnóstico não está no grande número de instrumentos 
utilizados, mas, principalmente, na competência e sensibilidade do psicopedagogo 
em explorar a multiplicidade de aspectos revelados em cada situação. 
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Como consequência, a elaboração da devolutiva, tanto para o sujeito como 
para a família, exige um momento que deve ser considerado desde a queixa inicial, 
assim como todo o trabalho desenvolvido, detalhadamente, em cada sessão, as 
entrevistas investigativas (família, escola, profissionais e o próprio sujeito), seguido 
de orientações e devidos encaminhamentos. 
Todos os aspectos apresentados devem ser necessariamente sustentados 
pelo bom senso e propriedade do psicopedagogo em construir com o sujeito e 
família questões relacionadas com a queixa inicial, assim como também de destacar 
as potencialidades e as necessidades que fazem parte também do contexto de 
aprendizado do sujeito como um todo, no sentido de prosseguir com condutas e 
estratégias que realmente signifiquem o sujeito e suas particularidades em aprender. 
(GERMANO, 2018). 
14.1 Entrevista de Queixa 
A queixa escolar poderá ser recebida pela direção, orientação e professores, 
onde teremos a primeira visão do sintoma apresentado pela escola. É importante 
estar atento de como os profissionais envolvidos com a criança encaram esta 
dificuldade de aprendizagem e o que esperam desta avaliação. 
Num segundo momento, é necessário ouvir a queixa do próprio sujeito, para 
poder perceber se tem consciência da sua dificuldade e o que espera da possível 
proposta de intervenção. 
Passando, assim, para a entrevista com os pais ou responsáveis, que poderá 
ser bem detalhado através da anamnese, onde serão observadas as reações 
comportamentais dos demais. 
14.2 Técnicas Projetivas Psicopedagógicas 
A área emocional avalia o lado afetivo frente à aprendizagem nos âmbitos: 
escolar, familiar e consigo mesmo. Dão informações sobre o aspecto emocional e 
relacional. As técnicas projetivas Psicopedagógicas buscam entender o vínculo que 
o sujeito estabelece com a realidade e com a própria aprendizagem. Investiga-se a 
rede de vínculos em três domínios: escolar, familiar e consigo mesmo. 
 
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O uso de provas e testes não é indispensável em um diagnóstico 
psicopedagógico, porém representa um recurso a mais a ser utilizado quando 
avaliado necessário na especificação do nível pedagógico, estrutura cognitiva e ou 
emocional do sujeito. Provas operatórias, testes psicométricos e técnicas projetivas 
poderão ser relacionados de acordo com a necessidade de confirmação de aspectos 
levantados aos longos das sessões anteriores (E.F.E.S, Anamnese, Sessões 
Lúdicas centradas na Aprendizagem, etc.). Existem diversos tipos de testes e provas 
para serem atrelados a um diagnóstico, como as provas de inteligência (WISC é o 
mais conhecido, porém de aplicação exclusiva por psicólogos), avaliação 
perceptomotora (Teste de Bender, cujo objetivo é avaliar o grau de maturidade viso 
motora do sujeito, também só podendo ser aplicado por psicólogos); testes 
projetivos (CAT, TAT, desenho da família, desenho da figura humana, também de 
uso apenas para psicólogos). Os psicopedagogos devem ser criativos e desenvolver 
atividades que atendam a mesma propositura dos testes apenas administrados por 
psicólogos, ou trabalhar em conjuntos com uma equipe multidisciplinar objetivando 
levantar todos os aspectos que envolvem a hipótese do diagnostico inicial 
lembrando sempre que a psicopedagogia não é um ramo da medicina, mas sim da 
educação acoplado com a saúde. Dessa forma prioriza-seo conhecimento sobre o 
qual o processo que se dá a aprendizagem. Lembrando também que algo 
padronizado não vai servir para todos os “aprendentes”, os testes são apenas umas 
das alternativas de uso. 
 “[...]as provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de 
aquisição de algumas noções chave do desenvolvimento cognitivo, 
detectado o nível de pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de 
estrutura cognitiva que opera”. (WEISS 2012, apud UHLMANN 2018, p. 
229). 
 
Os psicopedagogos podem aplicar diretamente os testes de TDE (que busca 
oferecer de forma objetiva a avaliação das capacidades fundamentais para o 
desempenho escolar, mais especificamente da escrita, aritmética e leitura); Teste 
ABC (para verificar nas crianças de escola primária o nível de maturidade requerido 
para a aprendizagem da leitura e da escrita); Provas de nível de pensamento 
(Piaget, como alvo principal crianças na fase escolar, com objetivos de investigar e 
avaliar o nível cognitivo da criança e constatar se realmente corresponde a sua 
 
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idade cronológica ou se existe alguma defasagem), testes psicomotores e jogos 
psicopedagógicos. 
15 ENTREVISTA DE DEVOLUÇÃO E ENCAMINHAMENTO 
É o momento em que o psicopedagogo irá relatar o motivo da avaliação 
(encaminhamento), período e número de sessões, instrumentos utilizados, descritivo 
das dimensões do sujeito, síntese dos resultados que concluiu, articulando as 
queixas, os sintomas, os obstáculos e as possíveis causas bem como o prognóstico, 
ou seja, as indicações. É perfeitamente normal que esse momento seja norteado por 
muita ansiedade dos envolvidos, ou seja, o psicopedagogo, o paciente e os pais e 
que deve ser bem conduzida para que haja efetiva participação de todos na 
eliminação das dúvidas, não se deve ater somente a apresentação das conclusões, 
é necessário sensibilizar os pais para que tomem todas as rédeas e assumam o 
problema em todas as suas dimensões, procurando afastar rótulos e fantasmas. 
16 A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL EM COLABORAÇÃO À GESTÃO 
EDUCACIONAL 
 
Fonte: professorreflexivo.com.br 
A importância da Psicopedagogia Institucional consolida-se no momento em 
que o profissional dessa área consegue olhar e escutar com a devida atenção um 
 
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grupo de pessoas que faça parte de uma instituição/escola. Dessa forma, por meio 
da avaliação Psicopedagógica Institucional, é possível compreender quais as 
necessidades desse grupo, qual a melhor forma para que ele aprenda e se 
desenvolva de forma ampla. 
O trabalho psicopedagógico institucional é realizado com base na análise 
das redes de relações que se estabelecem em instituições que atuam, 
direta ou indiretamente, em processos de ensino e aprendizagem. Logo, 
seu objeto de estudo é a instituição, seja ela uma escola, um hospital ou 
uma empresa, onde pessoas se relacionam, ensinam e aprendem. 
(GRASSI, 2009, apud TEIXEIRA, 2015, p. 3). 
Pode-se compreender a amplitude de abordagem dessa área que não se 
detém apenas ao ambiente escolar. Além disso, firma-se que a psicopedagogia no 
espaço institucional tem um papel importante no auxílio nas relações de ensino e 
aprendizagem. Essa relação é influenciada por todos que a constituem, sejam 
alunos, professores, comunidade escolar em geral, assim como as metodologias 
utilizadas. Portanto, é preciso compreender essas diferenças e aproveitar de cada 
um aquilo que melhor pode contribuir para um processo de ensino e aprendizagem 
que busque minimizar ou até superar as dificuldades identificadas no contexto da 
instituição. 
Dessa forma, o psicopedagogo, em uma ação institucional, dedica atenção ao 
grupo e pode atuar de forma preventiva. Isso possibilita a abordagem de diferentes 
projetos, a compreensão da cultura dessa instituição e a forma como o grupo 
interage entre si. A psicopedagogia institucional se propõe, portanto, a estar atenta 
às inúmeras possibilidades de construção do conhecimento e valorizar o imenso 
universo de informações que nos circunda. Para isso, em sua atuação o 
psicopedagogo institucional, busca contribuir de forma com que a instituição melhore 
no processo de ensino, e que isso aconteça por meio de trabalhos envolvendo 
aprendizagens cooperativas, do estreitamento da relação com a comunidade 
escolar, da promoção de momentos de formação para seus professores, entre 
outros. 
É muito importante o diálogo no processo de avaliação institucional quando o 
psicopedagogo se insere na atuação na escola. 
 “O psicopedagogo desenvolve seu trabalho orientando os elementos que 
compõem essa instituição, pontuando o que precisa ser feito e, às vezes, 
 
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como deve ser feito, sendo o diálogo fundamental nesse processo”. 
(GRASSI, 2015, apud TEIXEIRA, 2015, p. 35107). 
Além disso, é essencial, no processo de avaliação, observar a instituição 
como um todo, como acontece o seu funcionamento, como o processo de ensino e 
de aprendizagem é direcionado e como as relações entre o grupo constituem-se e 
estabelecem-se. O olhar para a rede de relações e de ações, que estão presentes 
na instituição, acarreta também a percepção e a compreensão de fatores de ordem 
social, política e econômica que se refletem no ambiente escolar. 
É na interação com seu meio social que o indivíduo se constitui, e um desses 
meios é a escola. É nela que o aluno tem espaço para se transformar e influenciar a 
transformação dos outros. Logo, nessa troca mútua, com influências diversas 
advindas de todas as realidades que circundam o espaço escolar, é que se torna 
possível perceber os avanços e também as dificuldades e os fracassos. A 
dificuldade de aprendizagem é um sintoma que se destaca na escola, mas pode 
emergir de uma situação social, familiar, entre outras. 
 “[...] a dificuldade de aprendizagem pode, portanto, caracterizar-se como 
um sintoma que emerge em uma situação familiar, configurando-se a partir 
do não-cumprimento das funções sociais por parte de determinado sujeito, 
[...]”. (Oliveira, 2009, apud TEIXEIRA, 2015, p. 4). 
Todas essas convergências de influências que cercam a vivência tanto de 
alunos quanto de professores refletem-se na atuação pedagógica, na Gestão 
Educacional e na intervenção Psicopedagógica Institucional. Por isso é preciso estar 
sempre atento à realidade que circunda a instituição e aos comportamentos e às 
ações dos indivíduos que dela fazem parte. Ao realizar a atuação psicopedagógica, 
o psicopedagogo institucional vai analisar o sintoma referido na queixa prestada e, 
diante disso, o que isso afeta no funcionamento da instituição e no processo de 
ensino e aprendizagem. Depois de realizado todo o processo de avaliação, o 
psicopedagogo institucional irá chegar a um diagnóstico da realidade estudada. 
[...] o diagnóstico é muito mais do que uma coleta de dados, sobre a qual se 
organiza um raciocínio. Ele é um momento de transição, como um 
passaporte para a intervenção posterior. Usa de aproximação sucessiva 
para entrar em contato com seu objeto de estudo. [...] (Oliveira, 2009, apud 
TEIXEIRA, 2015, p. 5). 
 
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Essa troca é uma dinâmica de relações e que assim deve ser entendido. Além 
disso, para entender o processo de ensinar e aprender, é preciso ter uma 
compreensão das causas do sintoma apresentado, como também é preciso um 
olhar psicopedagógico direcionado ao fenômeno. Para compreender as causas do 
sintoma apresentado, é importante que se conheça a realidade vivenciada, com a 
finalidade de melhor direcionar a ação psicopedagógica. 
Ao propor uma intervenção, o psicopedagogo precisa refletir sobre as 
necessidades da escola para que sua atuação venha a contribuir para a solução 
dessas demandas. Então, é preciso influenciar a reflexão crítica sobre a atuação no 
ambiente escolar e o processo de ensino e aprendizagem perpassando por todas as 
instâncias da instituição. A intervenção do psicopedagogo tem como objetivo 
potencializar ao máximo a capacidadede ensinar dos profissionais que a integram e 
a capacidade de aprender dos alunos, supondo que há um complexo emaranhado 
em que aspectos estruturais e organizacionais e as configurações relacionais intra e 
extra instituições interagem constantemente. 
Portanto, a intervenção psicopedagógica visa a possibilitar a transformação 
tanto da instituição como dos próprios sujeitos, compreendendo a dinâmica 
estabelecida entre as partes e buscando a melhor forma de operacionalizá-las. 
Assim, acontecerá um trabalho colaborativo entre a psicopedagogia e a gestão 
educacional, possibilitando uma transformação de forma mais abrangente, com a 
reflexão não apenas no ambiente escolar, mas também que se estenda para a 
comunidade escolar. 
É necessário que a atuação do psicopedagogo esteja de acordo e leve em 
consideração a proposta apresentada no Projeto Político Pedagógico da instituição, 
pois esse documento é o que define o perfil da escola e de suas ações. Com isso, 
tendo conhecimento do que embasam as ações dessa instituição, o psicopedagogo 
institucional pode agir em colaboração a Gestão Educacional. 
[...] gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do 
sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas em 
específico, afinando com as diretrizes e políticas educacionais públicas, 
para a implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos 
das escolas compromissados com os princípios da democracia e com 
métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional 
autônomo [...] de participação e compartilhamento [...], autocontrole [...] e 
transparência (LÜCK, 2006, apud TEIXEIRA, 2015, p. 6). 
 
40 
 
 Pensar, pois, um processo educacional e a ação das escolas significa definir 
um projeto de cidadania e atribuir uma finalidade à escola que seja congruente com 
aquele projeto. Nesse viés torna-se evidente a necessidade de articulação entre 
gestão e comunidade escolar. 
A gestão democratizada da escola autônoma consiste na mediação das 
relações intersubjetivas, compreendendo, antes e acima das rotinas 
administrativas: identificação de necessidades; negociação de propósitos; 
definição clara de objetivos e estratégias de ação; linhas de compromissos; 
coordenação e acompanhamento de decisões pactuadas; mediação de 
conflitos, com ações voltadas para a transformação social (BORDIGNON, 
2011, apud TEIXEIRA, 2015, p. 6). 
Nesse sentido, conhecer e ter uma relação próxima entre comunidade escolar 
e a escola é imprescindível. Além disso, torna possível que todos trabalhem em prol 
da educação. Participando da rotina escolar, o psicopedagogo interage com a 
comunidade escolar, participando das reuniões de pais - esclarecendo o 
desenvolvimento dos filhos; dos conselhos de classe - avaliando o processo didático 
metodológico; acompanhando a relação professor-aluno - sugerindo atividades ou 
oferecendo apoio emocional e, finalmente acompanhando o desenvolvimento do 
educando e do educador no complexo processo de aprendizagem que estão 
compartilhando. 
Essa ideia vem a corroborar com a educação, entendida como emancipação 
humana, precisa levar em conta a condição de sujeito tanto de educandos quanto de 
educadores. A partir disso, é importante que sejam feitos esforços para 
compreender ambas as partes e as necessidades específicas identificadas. Para se 
ter um processo de ensino e aprendizagem estimulador para alunos e professores, é 
necessário compreender o que os alunos precisam para aprender e o que os 
professores precisam para ensinar. Além disso, é preciso que se tenham 
professores preparados por meio de processos formativos e que procurem 
proporcionar aos seus alunos experiências educacionais que estimulem o processo 
de aprendizagem tornam a prática enriquecedora. 
A respeito da atuação do psicopedagogo na instituição promovendo 
formações e orientações, pode-se dizer que: o psicopedagogo pode desempenhar 
uma prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou 
atuar dentro da própria escola. Cabe também ao profissional detectar possíveis 
perturbações no processo de aprendizagem; participar da dinâmica das relações da 
 
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comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca; 
promover orientações metodológicas de acordo com as características dos 
indivíduos e grupos; realizar processo de orientação educacional, vocacional e 
ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. Os fatores envolvidos na 
educação são articulados pela gestão, a qual deve buscar o caminho para planejar e 
agir com a participação de todos os sujeitos envolvidos. As ações articuladas - e 
com colaboração de diferentes áreas - precisam ter: 
A compreensão da visão, missão, valores e princípios assumidos pela 
escola, assim como dos seus objetivos e metas, constitui-se em condição 
para o estabelecimento da unidade entre as diferentes ações educacionais, 
de modo a dar o sentido de continuidade entre elas e obter resultados mais 
amplos e consistentes. (LÜCK, 2006, apud TEIXEIRA, 2015, p. 7). 
Assim, contar com a colaboração de um psicopedagogo institucional contribui 
para que as decisões e a prática a ser realizada tenham uma estratégia bem 
elaborada. Isso porque será composta tanto pela visão da gestão quanto da 
psicopedagogia, oportunizando, dessa maneira, que os reflexos obtidos sejam 
positivos e duradouros. Isso pode ser uma forma de caracterizar a dimensão social 
que essas ações em conjunto, tanto da psicopedagogia como da gestão 
educacional, podem atingir promovendo mudanças no espaço escolar e na forma 
como os sujeitos envolvidos nesse processo relacionam-se entre si e com a própria 
educação. 
A questão da gestão educacional e a dimensão política e social que a 
permeia diz o seguinte: é importante notar que a ideia de gestão educacional, 
correspondendo a uma mudança de paradigma, desenvolve-se associada a outras 
ideias globalizantes e dinâmicas em educação, como, por exemplo, o destaque a 
sua dimensão política e social, ação para a transformação, participação, práxis, 
cidadania, autonomia, pedagogia interdisciplinar, avaliação qualitativa, organização 
do ensino em ciclos, etc., de influência sobre todas as ações e aspectos da 
educação, inclusive as questões operativas, que ganham novas conotações a partir 
delas. A respeito da gestão educacional, ela abrange tanto a gestão dos sistemas de 
ensino quanto a gestão escolar. Além disso, a gestão educacional tem como foco a 
interação social, o que é importante para que se efetive uma gestão democrática e 
participativa, com a colaboração da comunidade escolar. 
 
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Em termos organizacionais, os mecanismos autoritários de mando e 
submissão devem dar lugar a processos e dispositivos que favoreçam a 
convivência democrática e a participação de todos nas tomadas de decisão. 
Nesse sentido é que devem ser implementados os conselhos escolares, os 
grêmios estudantis e outras formas que favoreçam a maior participação de 
todos os usuários e o relacionamento mais humano e mais democrático de 
todos os envolvidos nas atividades escolares. (PARO, 2008, apud 
TEIXEIRA, 2015, p. 8). 
Dessa forma, para que aconteça uma transformação do processo 
educacional, é preciso que seus participantes sejam conscientes de sua 
responsabilidade por seus desenvolvimento e resultado. O processo educacional só 
se transforma e se torna mais competente na medida em que seus participantes 
tenham consciência de que são corresponsáveis pelo seu desenvolvimento e seus 
resultados. 
A realidade educacional é dinâmica e complexa; por isso, faz-se necessário 
valorizar a realidade local e as vivências dos alunos como uma forma de 
aproximação que possibilita a compreensão desse meio. Também, enfatiza-se que 
com a colaboração de todos os envolvidos no processo educacional é possível 
melhor atender as ações necessárias. 
Cada vez mais se faz necessário inserir o psicopedagogo

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