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ob jet ivo s 10 1 2 3 Meta da aula Apresentar o Plano Financeiro, demonstrando sua viabilidade. Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: elaborar um Demonstrativo de Resultados de um exercício; calcular a Margem de Contribuição e o Ponto de Equilíbrio; calcular o período de Payback e o Valor Presente Líquido (VPL). Pré-requisito Para melhor compreensão dos assuntos que serão tratados nesta aula, reveja as aulas da disciplina Contabilidade do seu curso. Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa Heloisa Nogueira / Kátia de Almeida A U L A 8 C E D E R J C E D E R J 9 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 8 C E D E R J C E D E R J 9 Para uma boa parte dos empreendedores, a área financeira é a parte mais difícil do Plano de Negócios. Alguns autores referem-se a esta parte como a prova dos nove do negócio, porque exige que os números retratem com fidelidade todas as intenções declaradas no plano em seus vários tópicos, tais como: investimentos em marketing, despesas em vendas, gastos com pessoal, compra de matéria-prima, Custos Fixos e Variáveis etc. Se o gestor não tiver familiaridade com tais instrumentos, é conveniente que recorra a uma assessoria contábil-financeira de sua confiança de maneira a ganhar know-how, experiência e autoconfiança para gerir, com autonomia e segu- rança, seus recursos materiais e financeiros. Existe uma grande diferença entre a visão contábil e a visão gerencial das finanças da sua empresa. O contador desempenha o papel de registrar todas as transações financeiras, ou seja, ele cuida do passado. O gestor da empresa tem de cuidar do futuro, ou seja, tem de entender as tendências do mercado, criar cenários e projeções para preparar sua empresa para tirar o máximo proveito das oportunidades do mercado. Cuidado para não transformar um exercício de planejamento financeiro em exercício de controle contábil. Veremos a seguir estes cuidados e a diferença entre planejamento financeiro e um plano de contas. PlaNEjamENtO FiNaNcEirO x PlaNO dE cONtas Há termos financeiros que você tem de dominar, por exemplo, custos (fixos e variáveis), despesas, faturamento, lucro, já que farão parte das atividades normais da organização. Outros termos, como receitas de vendas, ganhos com aplicações financeiras, despesas, salários e encargos, e outros constituem rubricas do Plano de Contas, necessário para con- solidar suas transações financeiras. Existem empresas que utilizam dois planos de contas distintos – um para dar a visão contábil e outro para dar a visão gerencial. Para uma empresa de porte pequeno ou médio, este procedimento gera mais dificuldades que facilidades – seria bem melhor elaborar e controlar muito bem um único Plano de Contas. O Plano de Contas é uma listagem de contas com símbolos numéricos para todas as contas de Ativo, Passivo, Capital, Receitas e Despesas. O Plano de Contas consiste em uma estruturação ordenada e sistematizada das contas utilizáveis numa entidade. A elaboração de um Plano de Contas obedece aos princípios de contabilidade, geralmente iNtrOduçãO 8 C E D E R J C E D E R J 98 C E D E R J C E D E R J 9 A U LA 1 0 aceitos, e às normas legais aplicáveis em cada caso concreto. O plano contém as diretrizes técnicas gerais e especiais que orientam a realização dos registros dos fatos ocorridos e dos atos praticados na entidade. Já o Planejamento Financeiro consiste em definir a política e os objetivos financeiros dos serviços – investimento, crescimento etc. – e prover o volume e os tipos dos recursos necessários para atingir estes objetivos, bem como a aplicação destes recursos. A elaboração e o estabelecimento de um plano ou orçamento integrado de atividades são frequentemente considerados como a função principal. A distinção entre o conceito de Plano de Contas e Planejamento Financeiro fica clara. O Planejamento Financeiro representa o arcabouço de intenções que baseiam a origem e a aplicação dos recursos, em outros termos, quanto a empresa precisa para os investimentos pretendidos e como usará estes recursos, considerando objetivos estratégicos de cresci- mento, manutenção ou expansão do negócio. O Planejamento Financeiro traduz em números o que as empresas querem para si no curto, médio e longo prazo. Já o Plano de Contas classifica estas intenções em contas, conforme as práticas da contabilidade. É sempre interessante observar que a estrutura de um Plano de Contas deve considerar muitos outros aspectos de informação do que aqueles restritos à ótica contábil. O Plano de Contas deve ser abrangen- te e transcender à contabilidade em si, já que dele se poderão extrair diversos outros tipos de relatórios que servirão a informações gerenciais, relatórios para fins legais, fiscais, para entidades externas a empresas (financiadores, acionistas etc.), além daqueles voltados especificamente à situação financeira da empresa. Conhecendo esta situação, podemos reconhecer as necessidades da empresa, planejando os futuros investimentos. idENtiFicaNdO as NEcEssidadEs da EmPrEsa Para identificar o quanto de investimento você necessita para montar seu negócio, o primeiro passo é perguntar se você precisará de financiamento. É preciso boa capacidade de planejamento, além de habi- lidade de negociação e uma forte rede de networking, para identificar as melhores alternativas existentes no mercado e para injetar capital em 1 0 C E D E R J C E D E R J 1 1 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 1 0 C E D E R J C E D E R J 1 1 seu negócio. Antes de tomar qualquer decisão, deve avaliar diferentes fontes de financiamento, às vezes a melhor oferta não está apenas nos bancos de varejo. Prioritário, também, é definir objetivos e metas ao negócio, considerando a estratégia escolhida e definindo as projeções de venda. Em geral, quando as empresas fecham as portas, condena-se a falta de recursos financeiros ou as dificuldades administrativas pelo fracasso. Devem-se examinar com atenção redobrada os problemas que embara- çam as empresas, como: a identificação do cliente, a definição do produto e do serviço certo para atender a este cliente, os preços praticados, os processos de distribuição e de promoção, porque são estes resultados básicos, traçados pelo Plano de Marketing, que darão conteúdo às pla- nilhas financeiras do Plano de Negócios. Como todo empreendimento novo, os resultados financeiros exigem monitoramento estrito e contínuo pelo gestor, já que não há experiência anterior que possa lhe servir de parâmetro. Devem ser elaborados e acompanhados sistematicamente mapas de controle que permitam traduzir numericamente o uso eficiente dos recursos físicos e financeiros disponíveis, para que as decisões futuras estejam calcadas em análises precisas. A partir delas, é possível estabelecer metas financeiras para o negócio, que deverão ter acompanhamento sistemático, através das ferramentas financeiras de maneira a facilitar as correções do pla- nejado, sempre que necessário. As ferramentas que podem ajudar o empreendedor a estabelecer as metas financeiras constituem-se, segundo Dornelas (2001, p. 162): Balanço Patrimonial, Demonstrativo de Resultados e Demonstrativo de Fluxo de Caixa, todos projetados com um horizonte mínimo de três anos. Através destes demonstrativos, torna-se possível realizar uma análise da viabilidade do negócio e o retorno financeiro pretendido. Para tal, é preciso empregar algumasmetodologias, tais como: análise do Ponto de Equilíbrio, prazo de Payback, Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor Presente Líquido (VPL). As demonstrações financeiras são as ferramentas disponíveis e fornecem informações valiosas para empreendedores e gestores. Atra- vés delas, tem-se como avaliar os resultados das decisões tomadas pela empresa, em termos dos seus efeitos e alcances o que, em geral, possi- bilita correções de percurso. São questões como estas que trataremos 1 0 C E D E R J C E D E R J 1 11 0 C E D E R J C E D E R J 1 1 A U LA 1 0 nesta aula. Espero que ajude você a se exercitar na montagem de um Plano Financeiro, mesmo que não tenha como objetivo imediato abrir um novo negócio. O PlaNO FiNaNcEirO As principais decisões da empresa serão o resultado das expe- riências do empreendedor junto ao mercado, somadas a informações quantitativas e qualitativas, a partir das quais resultará a análise de via- bilidade econômica. Esta parece uma conclusão óbvia, mas nem sempre o é, quando o empreendedor resolver entender que deve ajustar, à força, a realidade aos planos que estão retratados nas planilhas financeiras. Para que você vislumbre o passo a passo da construção de um Plano Financeiro, organizamos a aula em seis (6) tópicos, respeitando a sequência de procedimentos que deverão ser adotados na montagem do plano. Comecemos com o orçamento dos itens do Ativo e, para tal, relembremos os itens que compõem o Ativo. ativo circulante Os itens que compõem o Ativo Circulante são estimados com base na atividade econômica esperada para o período. O montante de duplica- tas a receber depende da política de vendas (à vista ou a prazo). Deste total, um percentual é destinado para provisão de devedores duvidosos. Veja a seguir alguns itens do Ativo Circulante. Duplicatas a receber: são projetadas, a partir da perspectiva • de vendas à vista. Devedores duvidosos: cálculo sustentado pelo histórico de • inadimplentes dos clientes da empresa. Estoque de materiais diversos: total de material de expediente • e outros à disposição da empresa. 1 2 C E D E R J C E D E R J 1 3 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 1 2 C E D E R J C E D E R J 1 3 ativo imobilizado O Ativo Imobilizado corresponde ao total das edificações, instala- ções, terrenos, equipamentos, móveis e utensílios. O gestor deve definir a programação de investimento para o ano, diante das necessidades de imobilização. Com base nos cálculos da contabilidade, os Ativos devem ser mensalmente depreciados, mantendo assim o seu valor atualizado. Orçamento dos itens do ativo Reiterando então: a composição do Ativo depende do volume de faturamento (vendas) da empresa. O Ativo Circulante está em função do faturamento que determinará o seu próprio volume. A extensão do prazo de pagamento no faturamento acarreta maior número de valores a receber, expresso em número de dias de venda. Da mesma forma, o aumento do padrão em termos de meses do suprimento implica maior expansão de recursos no item estoques. Diante do volume de vendas, a unidade produtiva determina a taxa do investimento nos itens do Ativo Circulante, que deve ser compatível com os lucros gerados e sua capa- cidade de obter financiamento externo. Dessa maneira, o planejamento e acompanhamento dos itens do Ativo requerem a definição pelo nível de investimento, feito em cada item. Se a empresa decide ganhar mercado, facilitando vendas, deve investir uma grande soma de recursos em estoques de mercadorias. Para isto, deve ter caixa para adquirir os produtos destinados à comercialização ou fabricação. Tendo definido a política de estruturação do Ativo, há necessidade de compatibilizar o financiamento das atividades. O financiamento pode vir de duas fontes: de terceiro e/ou próprias. O planejamento do Passivo corresponde à escolha das alternativas, sejam empréstimos bancários, financiamento de fornecedores ou investimento de sócios, para financiar as atividades da unidade produtiva. Relembremos, agora, os itens do Passivo, lembrando ainda, que o Patrimônio Líquido, embora esteja junto com o Passivo no Balanço Patrimonial, não faz parte deste, visto que descreve os recursos próprios e o Passivo, os recursos de terceiros. Os itens do Passivo são Passivo Circulante (de curto prazo) e o Passivo Realizável (a longo prazo). Da mesma maneira que o Ativo Circulante, o Passivo terá um montante definido com base no volume 1 2 C E D E R J C E D E R J 1 31 2 C E D E R J C E D E R J 1 3 A U LA 1 0 esperado de vendas. Se o Ativo representa as aplicações de recursos, o Passivo, por sua vez, representa o financiamento de terceiros. O Passivo Circulante, sendo de curto prazo, deve ser criteriosamente estabelecido. O gerente deverá indicar quanto utilizará de empréstimos bancários, fornecedores etc. Orçamento dos itens do Passivo O financiamento, via Patrimônio Líquido (recursos próprios), é de longo prazo, enquanto os recursos de terceiros podem ser de curto e longo prazos. É muito importante compatibilizar investimentos de curto e longo prazos com financiamentos de curto e longo prazos. O financiamento de aquisição de estoques pode ser feito com empréstimos bancários ou fornecedores. O empreendedor deve avaliar o custo de cada financiamento e o prazo de pagamento. Decisões equivocadas, na forma de financiamento, podem colocar a empresa em sérias dificuldades em relação ao endividamento desejado. Na elaboração da viabilidade financeira, além do investimento inicial, é preciso definir quais despesas serão fixas, de maneira a estimar o resultado financeiro projetado. Além disto, é necessário projetar a movimentação e a arrecadação diária de caixa, confrontando com os prazos para pagamentos dos compromissos assumidos. Antes de desenvolver o Plano Financeiro, é preciso ter claro se a empresa será de um único proprietário ou constituirá uma sociedade, com outras pessoas envolvidas. Dependendo do papel destas pessoas no empreendimento, a elaboração do orçamento de vendas, por exemplo, ou o orçamento de produção deverá ser realizado pelos próprios para que, a seguir, todos, em conjunto, envolvam-se na montagem da estrutura orçamentária do negócio como um todo. Orçamentos de Vendas O Orçamento de Vendas oferece a estimativa do volume de vendas por mês, a partir do qual você poderá definir o método de projeção de vendas. Com estas bases, o empreendedor determinará o custo destas vendas. Para empresas que trabalham com a fabricação de produtos, será preciso comparar os custos de produção projetados com os de produção 1 4 C E D E R J C E D E R J 1 5 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 1 4 C E D E R J C E D E R J 1 5 terceirizada, para avaliar vantagens e desvantagens. Nesta análise, con- siderar custos cuja natureza é intangível, como: controle do processo, tempo para corrigir a ineficiência etc. Também será necessário estimar o estoque final necessário para conviver com possíveis flutuações na demanda, além dos custos da mão de obra e dos materiais (HISRICH; PETERS, 2004). Para compor as demonstrações, deve-se determinar inicialmente o volume de vendas esperado para o mês, trimestre, semestre e ano. A seguir, tem-se a Tabela 10.1, em que devem ser preenchidas as vendas esperadas do ano, comparando-se tanto com as já realizadas, quanto com as realizadas no ano anterior. tabela 10.1: Vendas esperadas da empresa Alpha meses Orçado 2010 real 2010 ano anterior 2009Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Fonte: Dornelas, 2005 (adaptado). Planejar as vendas significa fixar com antecedência as quantidades físicas e os volumes monetários, nos períodos futuros. O empreendedor deve estimar as futuras vendas com base no desempenho médio dos anos anteriores e as perspectivas de aumento para os meses seguintes. Os valores do mês, trimestre, semestre e ano devem ser transferidos para a Tabela 10.5 (Demonstrativo de Resultados), constante mais adiante. As informações sobre as receitas estão na previsão de vendas (Tabela 10.1). Os itens de pagamentos que compõem as saídas de caixa estão distribuídos nas Tabelas 10.2, 10.3 e 10.4, a seguir. Com o orçamento de vendas em mão, o empreendedor pode então concentrar-se nos custos operacionais. De início, elaborar uma lista de despesas fixas (sem considerar o volume de vendas), incluindo aluguel, salários, juros, depreciação etc. Prever quando serão contratados novos 1 4 C E D E R J C E D E R J 1 51 4 C E D E R J C E D E R J 1 5 A U LA 1 0 funcionários ou quanto mais de espaço será preciso ao estoque também estarão refletidos no orçamento de despesas fixas. Verificar, então, as despesas variáveis que poderão variar mês a mês de acordo com inúmeras situações ocorridas com vendas, como sazonalidade ou novas oportu- nidades de mercado. É o caso de despesas com propaganda ou despesas com vendas. Todas estas despesas deverão ser especificadas item por item, para que os Demonstrativos de Resultados previstos traduzam eficientemente os objetivos do negócio traçados pelo empreendedor. Para uma empresa industrial, considera-se o custo dos produtos comercializados, e finalmente para as prestadoras de serviços, o custo dos serviços prestados. No caso das empresas industriais e comerciais existe um controle de produção/comercialização. O cálculo do custo das mercadorias é feito da seguinte maneira: ESTOQUE INICIAL + COMPRAS – ESTOQUE FINAL = CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS (CMV) OrçamENtO das dEsPEsas admiNistratiVas As despesas administrativas correspondem ao aparato burocrático necessário para a execução da tarefa essencial do negócio. Os salários pagos referem-se somente à administração. São considerados também os encargos e benefícios sociais que incidem sobre os salários de todos os funcionários. As outras despesas, como viagens, correios etc. devem ser organi- zadas para completar o quadro das despesas administrativas. Os itens a seguir consistem em um exemplo que deve ser contemplado de acordo com a realidade de cada empresa. Os valores dos itens de despesa serão transferidos para a Tabela 10.5. 1 6 C E D E R J C E D E R J 1 7 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 1 6 C E D E R J C E D E R J 1 7 tabela 10.2: Despesas administrativas da empresa Alpha contas mês trimestre ano Salários (administração) Encargos sociais Subtotal Despesas de viagens Correios Serviços contratados Água, luz, telefone Material de limpeza Impostos e taxas Aluguéis Seguro Depreciação Subtotal Total Fonte: Dornelas (2005). Orçamento de salários e comissões de funcionários A preparação deste orçamento deve ser feita em consonância com a política de remuneração da empresa, tanto para os salários quanto para as comissões. São muito importantes tais definições, inclusive para o planejamento adequado do caixa. Os salários referem-se a todos os funcionários exceto a administração. A exemplo da Tabela 10.2, também são considerados os encargos e benefícios sociais que, totalizados com os salários e encargos adminis- trativos, devem ser transferidos para a Tabela 10.5. tabela 10.3: Salários e comissões da empresa Alpha cargo salário Fixo comissões total Vendedores Empregados Fonte: Dornelas (2005). 1 6 C E D E R J C E D E R J 1 71 6 C E D E R J C E D E R J 1 7 A U LA 1 0 Orçamento de comercialização A empresa deve definir os gastos semanais, mensais e trimestrais de propaganda e publicidade e incorporá-los ao fluxo de caixa. tabela 10.4: Despesas de comercialização da empresa Alpha despesas mês trimestre ano Produtos Despesa de propaganda Amostra demonstrações Divulgação Convenções Despesa de materiais Publicidade Fonte: Dornelas (2005). diversos Outros gastos como financeiros, provisões, receitas e despesas diversas são classificados como diversos e, da mesma maneira que as outras, são transportados para a demonstração de resultados. As respec- tivas receitas e despesas, depois de controladas separadamente, devem ser incorporadas à demonstração de resultados. Assim, com os fechamentos obtidos através de todos estes dados, podemos montar o demonstrativo de resultados, conforme a tabela a seguir. tabela 10.5: Demonstrativo de Resultados da empresa Alpha demonstrativo de resultados mês trimestre ano Faturamento (tabela 10.1) - Custos dos produtos/serviços = Lucro Bruto (tabelas 10.2, 10.3 e 10.4) - Despesas com vendas - Despesas administrativas - Receitas/Despesas financeiras - Despesas diversas = Lucro Operacional +/- Receita e Despesa Operacional = Lucro antes do I.R. - Imposto de Renda = Lucro Líquido Fonte: Dornelas (2005). 1 8 C E D E R J C E D E R J 1 9 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 1 8 C E D E R J C E D E R J 1 9 De posse das tabelas constantes a seguir, elabore o Demonstrativo de Resultados relativo ao ano de 2000, sabendo que a empresa em questão está na faixa de 40% de Imposto de Renda. tabela 1: Venda Meses Projetado 2000 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total 235.000,00 240.000,00 245.000,00 230.000,00 225.000,00 220.000,00 220.000,00 220.000,00 220.000,00 225.000,00 230.000,00 235.000,00 2.745.000,00 O Custo dos Produtos Vendidos (CPV) é de 35% da receita de vendas. tabela 2: Despesas administrativas Contas Mês Ano Salários Encargos sociais Subtotal Água, luz, telefone Material de limpeza Impostos e taxas Aluguéis Seguro Depreciação Subtotal Total 10.000,00 5.000,00 15.000,00 2.500,00 500,00 2.000,00 10.000,00 3.000,00 2.500,00 20.500,00 35.500,00 120.000,00 60.000,00 180.000,00 30.000,00 6.000,00 24.000,00 120.000,00 36.000,00 30.000,00 246.000,00 426.000,00 tabela 3: Despesas de comercialização despesas mês ano Produtos Despesa de propaganda Divulgação Despesa de materiais Publicidade Total 10.000,00 50.000,00 12.000,00 10.000,00 25.000,00 107.000,00 120.000,00 600.000,00 144.000,00 120.000,00 300.000,00 1.284.000,00 Atividade 1 1 1 8 C E D E R J C E D E R J 1 91 8 C E D E R J C E D E R J 1 9 A U LA 1 0 demonstrativo de resultados ano Faturamento - Custos dos produtos/serviços = Lucro Bruto - Despesas com vendas - Despesas administrativas - Despesas diversas = Lucro Antes do I.R. - Imposto de Renda = Lucro Líquido Resposta Comentada O total do planejamento é retirado da Tabela 1 e lançado no Demonstrativo de Resultados. É dado no exercício que o custo das vendas é de 35% do faturamento bruto, então extraímos 35% do faturamento e subtraímos do faturamento para encontrar o Lucro Bruto. As despesas administrativas são retiradas da Tabela 2 e as despesas com vendas, da Tabela 3, e ambas são lançadas no Demonstrativo de Resultados. As despesas somadas são subtraídas do Lucro Bruto, apurando o Lucro Antesdo Imposto de Renda (LAIR). O valor do Imposto de Renda (IR) é de 40% do LAIR, calculamos 40% do LAIR, subtraímos do mesmo, para apurar o Lucro Líquido (LL). demonstrativo de resultados ano Faturamento (planilha1) - Custos dos produtos/serviços = Lucro Bruto (planilhas 2 e3) - Despesas com vendas - Despesas administrativas = Lucro Antes do I.R. - Imposto de Renda (40%) = Lucro Líquido $ 2.745.000,00 ($ 960.750,00) $ 1.784.250,00 ($ 1.284.000,00) ($ 426.000,00) $ 74.250,00 ($ 29.700) $ 44.550,00 2 0 C E D E R J C E D E R J 2 1 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 2 0 C E D E R J C E D E R J 2 1 FErramENtas GErENciais As ferramentas gerenciais permitem efetuar, a priori, uma análise detalhada de viabilidade do negócio e o retorno financeiro esperado. Desta forma, as decisões empresariais a serem tomadas, apoiadas em informações, tanto quantitativas quanto qualitativas, fornecem os ele- mentos para o cálculo econômico. Os gestores justificam, assim, suas decisões em termos numéricos, mostrando como conseguem valorizar o volume de recursos físicos e financeiros, disponíveis de maneira ade- quada, produzindo lucros. Em cenários econômicos voláteis e incertos, o acompanhamento sistemático das finanças de um empreendimento é condição para a tomada de decisões gerenciais. Projeção de Fluxo de caixa O Fluxo de Caixa não é a mesma coisa que o lucro. O lucro é o resultado de subtrair as despesas do volume de vendas, enquanto o Fluxo de Caixa é resultado da diferença entre a efetiva quantia recebida e os pagamentos de caixa. O caixa flui somente quando pagamentos efetivos são recebidos ou feitos. As vendas não podem ser vistas como caixa, porque uma venda pode ser feita hoje, mas o pagamento será feito depois de 30 dias. Além disto, nem todas as contas são pagas imediatamente. Pagamentos para reduzir o principal de um empréstimo não constituem uma despesa da empresa, mas uma redução do caixa (HISRICH; PETERS, 2004, p. 267-268). É importante que o empreendedor faça projeções mensais de caixa, assim como as projeções para os lucros, prevendo as entradas e saídas de caixa, ao longo de um período determinado, visando orientar a ges- tão financeira da empresa. O Fluxo de Caixa representa a evolução do movimento de entradas e saídas de recursos financeiros da empresa, ao longo do tempo. Permite visualizar, a cada momento, qual a disponibi- lidade financeira do caixa e verificar se os desembolsos futuros poderão ocorrer nas datas previstas. Os números nas projeções de Fluxo de Caixa são formados a partir do Demonstrativo de Resultados, levando em conta o tempo esperado para as mudanças no caixa. Se os desembolsos são maiores do que os recebimentos em qualquer período, o empreendedor deverá fazer um empréstimo ou ter recursos em uma conta bancária, para cobrir os 2 0 C E D E R J C E D E R J 2 12 0 C E D E R J C E D E R J 2 1 A U LA 1 0 desembolsos mais altos. Em geral, os primeiros meses do negócio vão exigir capital externo (visto como débito) para cobrir as saídas do caixa. À medida que o empreendimento progride e os recebimentos acumulam- se, o empreendedor poderá suportar os períodos de capital negativo. É sempre difícil projetar Fluxos de Caixa, determinar recebimentos e desembolsos mensais exatos, quando a empresa ainda não está em ope- ração. É preciso estimar um percentual X das vendas que será recebido à vista e outro Y no mês seguinte e, ainda, que deverão existir outros desembolsos destinados à manutenção de estoque (HISRICH; PETERS, 2004). Por tais razões, é conveniente preparar vários cenários, levando em conta diferentes níveis de sucesso da empresa. Estas projeções são importantes, sobretudo porque familiarizam o empreendedor com os fatores que afetam as operações. O Fluxo de Caixa possibilita ao administrador planejar suas necessidades de caixa em curto prazo. Os excessos e faltas de caixa são o objeto de atenção do gerente. O período coberto pelo Fluxo de Caixa é normalmente dividido em intervalos. O número de intervalos depende da natureza do negócio. Empresas que enfrentam sazonalidades devem, a princípio, trabalhar com fluxos semanais, mensais e trimestrais. De qualquer maneira, o horizonte coberto pelo fluxo é estabelecido em função das metas e objetivos, definidos pela administração. A seguir, temos o Fluxo de Caixa composto por: Receitas: valor das vendas recebidas.1. Vendas: volume monetário do faturamento.2. Custos e despesas variáveis: custos que variam na mesma 3. proporção das variações ocorridas no volume de produção ou em outra medida de atividade. Custos e despesas fixos: valores que se mantêm inalterados, 4. independentemente das variações da atividade ou vendas. A seguir, a Tabela 10.6 exemplifica um modelo de projeção do Fluxo de Caixa. 2 2 C E D E R J C E D E R J 2 3 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 2 2 C E D E R J C E D E R J 2 3 tabela 10.6: Projeção do Fluxo de Caixa ano 1 ano 2 ano 3 rEcEBimENtOs Receitas à vista Receitas a prazo Faturamento PaGamENtOs custos /desp. variáveis Compras à vista Compras a prazo Frete Comissão Impostos variáveis Terceirização custos Fixos Salários Encargos sociais Aluguel Água E. elétrica Telefone Desp. contador Desp. Bancárias/Juros/CPMF Pró-labore Investimentos Impostos fixos Outras despesas Custo Total R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - saldO dE caixa R$ - R$ - R$ - Fonte: Dornelas (2005). Projeção do Balanço Patrimonial O empreendedor deve prever resultados de um período determi- nado, visando orientar a gestão econômica da empresa que se configura no Balanço Patrimonial. O Balanço é a representação contábil anual, obrigatória por lei, da situação econômico-financeira de uma empresa. Nele estarão contidos os demonstrativos de resultados e de Fluxos de Caixa previstos, sintetizando, assim, os Ativos, Passivos e valor líquido do empreendimento. 2 2 C E D E R J C E D E R J 2 32 2 C E D E R J C E D E R J 2 3 A U LA 1 0 Os Ativos representam tudo de valor que é de propriedade da empresa ou que estão disponíveis para uso nas operações do empreen- dimento. Já os Passivos representam o dinheiro que é devido a credo- res. Algumas destas quantias devem ser pagas durante o ano (Passivo Circulante), enquanto outras poderão ser dívidas a longo prazo, como empréstimos para compra de equipamento. Mesmo que a empresa honre o que é devido (contas a pagar) e estabeleça bons índices de crédito e boa relação com os fornecedores, frequentemente, segundo Hisrich e Peters (2004), é necessário atrasar pagamentos de contas para gerenciar eficientemente o Fluxo de Caixa. Apesar da situação incômoda de atrasar seus pagamentos, o empreen- dedor imagina com isto melhorar seu Fluxo de Caixa, porém se esquece de que seus clientes poderão estar fazendo a mesma coisa. O Patrimônio Líquido representa o excesso de todos os ativos em relação aos passivos. Representa o valor líquido do negócio, ou seja, a quantidade investida e/ou retida pelos proprietários nas operações do empreendimento. Apresentamos, a seguir, um exemplo de Balanço Patrimonial, projetado ao final do primeiro ano, para que você aprecie a disposição das contas e os valores relativos. tabela 10.7:Balanço Patrimonial projetado da empresa X Balanço Patrimonial projetado da empresa x, final do 1º ano Ativos Ativos Circulantes Caixa US$ 50.400 Contas a receber 46.000 Estoques de mercadorias 10.450 Matérias-primas 1.200 Total de Ativos Circulantes US$ 108.050 Ativos Permanentes Equipamento 240.000 Menos depreciação 39.600 Total de Ativos Permanentes 200.400 Total de Ativos US$ 308.450 Passivos e Patrimônio Líquido Passivos Circulantes Contas a pagar US$ 23.700 Porção atual de débito de longo prazo 16.800 Total de Passivos Circulantes US$ 40.500 2 4 C E D E R J C E D E R J 2 5 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 2 4 C E D E R J C E D E R J 2 5 Passivos de Longo Prazo Notas a pagar 209.200 Total de Passivo 249.700 Patrimônio Líquido Sócio 1 capital 25.000 Sócio 2 capital 25.000 Lucros retidos 8.750 Total do Patrimônio Líquido 58.750 Total do Passivo e Patrimônio Líquido US$ 308.450 Fonte: Adaptado de Hisrich e Peters (2004, p. 272). A demonstração do resultado é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período. Da receita total obtida, devem ser subtraídos os impostos, abatimentos e devoluções concedi- dos. Da receita líquida, deduzem-se os custos dos produtos vendidos (comércio), dos produtos fabricados (indústria) ou dos serviços prestados (serviços) para chegar ao Lucro Bruto. Em seguida, subtraem-se do lucro bruto as despesas operacionais, assim denominadas por representarem os gastos necessários para que as receitas sejam alcançadas. Dado que a empresa pode obter receita ou ter despesa, não derivadas de suas opera- ções, é convenção separá-las das atividades operacionais. Finalmente, é calculado o Imposto de Renda para a provisão, para se atingir a soma de lucros ou prejuízos que, se não forem distribuídos, serão incorporados ao patrimônio líquido, alterando por consequência o próprio balanço. A seguir, apresentamos a Tabela 10.8 com um Demonstrativo de Resultados e algumas explicações a ele relacionadas. 2 4 C E D E R J C E D E R J 2 52 4 C E D E R J C E D E R J 2 5 A U LA 1 0 tabela 10.8: Demonstrativo de Resultados Item Explicação Receita Bruta Total Geral das Vendas (-) Deduções Impostos e abatimentos = Receita Líquida (-) Custos do Período Gastos referentes a produção, comercialização ou serviços prestados. = Lucro Bruto (-) Despesas São gastos necessários, para que a atividade seja desenvolvida (ativi- dades administrativas, de vendas e financeiras). = Lucro Operacional (+/-) Receita/Despesa não operacional = Lucro Antes do Imposto de Renda (-) Imposto de Renda = Lucro Líquido Fonte: Dornelas (2005). Ponto de Equilíbrio O Ponto de Equilíbrio (PE) corresponde ao valor monetário ou volume de vendas necessário para saldar os custos fixos e as variáveis, a partir do qual a empresa começa a obter lucros. No Ponto de Equilíbrio, não há lucro nem prejuízo. É de grande utilidade, pois possibilita ao empresário saber em que momento seu empreendimento começa a obter lucro e, assim, torna-se uma importante ferramenta gerencial. A seguir, temos o cálculo para encontrar o Ponto de Equilíbrio. PE = (Custos Fixos Totais/Margem de Contribuição Unitária) x Receita onde: Margem de Contribuição Unitária = Receita – Custos Variáveis então: PE = Custo Fixo 1- (Custo Variável/receita total) Fonte: Dornelas, 2005. Para obter o PE em quantidades de produtos, basta dividir o resultado anterior pelo preço de venda unitário do produto.Vamos definir com mais detalhes o que é a Margem de Contribuição Unitária (MCu). A MCu é o valor, ou percentual, que sobra das vendas, menos o custo direto variável e as despesas variáveis. A Margem de Contribuição 2 6 C E D E R J C E D E R J 2 7 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 2 6 C E D E R J C E D E R J 2 7 Unitária representa o quanto a empresa tem para pagar as despesas fixas e gerar o lucro líquido. Ela é calculada da seguinte forma: MCu = Preço de Venda (PV) - Custo da Mercadoria Vendida Unitária (CVu) - Despesas Variáveis Unitária (DVu) ou seja, MCu = PV – CVu – DVu Exemplo: Preço de Venda (PV) = R$ 20,00; Custo das Mercadorias Vendidas (CVu) = R$ 12,00; Despesas Variáveis (DVu) = R$ 2,00; Qual é a Margem de Contribuição Unitária (MCu)? MCu = PV – CVu – DVu MCu = 20 – 12 – 2 = R$ 6,00 Agora que você já sabe como calcular a Margem de Contribuição Unitária (MCu) e chegar ao Ponto de Equilíbrio (PE), vamos treinar um pouco estes cálculos nos exercícios a seguir propostos: Certa empresa trabalha no ramo na produção do produto B. Seu preço de a. venda unitário é de $ 15,00, seus custos variáveis são $ 8,00. Calcule sua Margem de Contribuição Unitária. Um produto tem custo fixo de $ 60.000,00 e MCu foi de $ 10,00. Calcule seu b. Ponto de Equilíbrio em unidades. O preço de venda do produto X é de $ 20,00 a unidade, seus custos fixos c. totalizam $ 20.000,00, seus custos variáveis são de $ 10,00 a unidade. Calcule o Ponto de Equilíbrio em unidades e em valor. Resposta Comentada a. A Margem de Contribuição Unitária é dada pela fórmula: MCu = PV – CVu – DVu onde: MCu = Preço de Venda (PV) - Custo da Mercadoria Vendida Unitária (CVu) - Despesas Variáveis Unitária (DVu). Atividade 2 2 2 6 C E D E R J C E D E R J 2 72 6 C E D E R J C E D E R J 2 7 A U LA 1 0 Substituindo os valores na fórmula, temos: MCu = 15 – (6 + 2) = MCu = 15 – 8 = 7 b. O Ponto de Equilíbrio é dado pela fórmula: PE = (Custos Fixos Totais/Margem de Contribuição Unitária) x Receita onde: Margem de Contribuição Unitária = Receita – Custos Variáveis então: PE = Custo Fixo 1– (Custo Variável/receita total) Substituindo os valores na fórmula, temos: PE = CF / MC = $ 6.000,00 c. O Ponto de Equilíbrio em unidades é dado pela fórmula: PEunidades = CF/PVu – Cvu PEunidades = Custo Fixo/Preço de Venda Unitário – Custo Variável Unitário Substituindo na fórmula, temos: PEunidades= 20.000 / 20 – 10 = 2.000 unidades PEvalor= 2.000 x 20 = $ 40.000,00 ÍNdicEs FiNaNcEirOs Os índices financeiros indicam a situação financeira da empresa, ou seja, a capacidade de saldar suas obrigações de curto prazo na data de vencimento. São definidos quatro grupos de indicadores: liquidez, atividade, endividamento e lucratividade. São quocientes, calculados a partir dos itens do Balanço Patrimonial e demonstrações de resultado. Os Índices de Liquidez mostram qual a capacidade da empresa de saldar as dívidas. É um indicador importante sobre o qual bancos, principalmente, prestam muita atenção. O primeiro Índice de Liquidez chamado de Liquidez Corrente representa quanto a empresa dispõe para saldar o Passivo Circulante. Um índice de 2,0, por exemplo, significa que a empresa pode cobrir seus Passivos Circulantes, mesmo que seus Ativos Circulantes sejam reduzidos em 50%. O Índice de Liquidez a seco deduz os estoques do cálculo, uma vez que os estoques são ativos de menor liquidez. 2 8 C E D E R J C E D E R J 2 9 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 2 8 C E D E R J C E D E R J 2 9 A medida de atividade de uma empresa pode ser encontrada pelogiro de estoque e do Ativo Total. São usados para medir a rapidez que várias contas são convertidas em vendas. O giro do estoque demonstra a velocidade que no período o estoque é trocado. O giro do Ativo por sua vez, mostra a eficiência com que a empresa é capaz de usar seus ativos para gerar vendas. Os Índices de Endividamento demonstram quanto do total de Ativos é financiado pelos credores da empresa (Índice de Participação de Terceiros) e o total de recursos fornecido pelos credores e pelos pro- prietários da empresa (Índice Exigível – Patrimônio Líquido). As medidas de lucratividade mostram quanto uma empresa é atraente do ponto de vista do investidor. São através destes índices que se justificam os investimentos. Cada uma das medidas relaciona os retornos da empresa (retor- no bruto, operacional e líquido) com suas vendas, e o ROI do inglês (Return On Investment) que significa o retorno do investimento, também chamado de retorno sobre o ativo total. O ROI determina a eficiência global da administração, quanto à obtenção de lucros com os seus ativos disponíveis. Resumindo, os índices são descritos considerando a seguinte estrutura: I - Índices de Liquidez Os Índices de Liquidez envolvem o Ativo Circulante e o Passivo Circulante da empresa. Capital Circulante Líquido é a diferença entre os Ativos Circu- lantes e os Passivos Circulantes da empresa: Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante – Passivo Circulante. Liquidez corrente = Ativo Circulante/ Passivo Circulante. Liquidez a seco = (Ativo Circulante – estoque)/ Passivo Circulante. II - Índices de Atividade Giro do estoque = custo das mercadorias/estoques. Giro do Ativo Total = vendas/Ativo total. 2 8 C E D E R J C E D E R J 2 92 8 C E D E R J C E D E R J 2 9 A U LA 1 0 III - Índices de Endividamento Participação de terceiros = Passivo Total/Ativo Total. Participação de credores e proprietários da empresa = Exigível/ Patrimônio. IV - Índices de Lucratividade Margem bruta = Lucro bruto/vendas. Margem operacional= Lucro operacional/vendas. ROI = Lucro Líquido/Ativo Total. técNicas dE aNálisE dE iNVEstimENtOs Existem algumas perguntas que os investidores podem fazer a respeito de um projeto de investimento, de um novo negócio ou de um negócio existente, que são respondidas através de técnicas específicas, apresentadas a seguir. As respostas a estas perguntas são de extrema importância e devem constar no Plano de Negócios. Quantos reais em média são gerados por real de investimento?1. Qual o prazo em que será recuperado o desembolso do inves-2. timento original? De que modo o valor presente dos benefícios futuros do inves-3. timento comparam-se com o desembolso do investimento? retorno contábil sobre investimento O Retorno Contábil sobre Investimento responde à primeira per- gunta e é um critério de lucro. Pode ser calculado da seguinte forma: Rentabilidade: Lucro anual médio/ Valor declarado médio do investimento Sua deficiência encontra-se no fato de que a medição do retorno ignora o valor do dinheiro em relação ao tempo; portanto, apesar de ser extremamente simples de ser calculado, não consegue satisfazer a regra de se dar preferência por mais dinheiro recebido mais cedo e com menos risco. 3 0 C E D E R J C E D E R J 3 1 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 3 0 C E D E R J C E D E R J 3 1 Prazo de Payback A técnica de Payback mede o tempo necessário para recuperar o montante de capital inicialmente investido. Responde à segunda pergunta. Assim, diferente da técnica de retorno contábil sobre o investimento, a técnica de Payback aborda fluxos de caixa. Os méritos de qualquer projeto são julgados em função da recuperação do investimento original em tempo menor do que algum prazo máximo de Payback aceitável. Embora aborde Fluxos de Caixa em vez de lucros, essa técnica apresenta duas fraquezas fundamentais. Em primeiro lugar, ela não leva em consideração o aspecto em relação ao valor do dinheiro. Em segundo lugar, essa técnica não leva em consideração os fluxos de caixa recebi- dos após o prazo de Payback, o que pode ser significativo. Por outro lado, as técnicas de Fluxo de Caixa descontado, apresentadas a seguir, permitem que os investidores possam avaliar melhor suas decisões de investimento. Numa série mista de entradas de caixa, que são entradas diferen- tes ao longo dos anos, é usada a seguinte fórmula para se encontrar o período de Payback: Período de Payback= Anos antes da recuperação total + Custo não recuperado no início do ano Fluxo de caixa descontado do ano. técnicas de Fluxo de caixa descontado Estas técnicas comparam o valor presente dos futuros Fluxos de Caixa com o desembolso inicial do investimento. Esta análise pode ser feita através de dois métodos: VPL (Valor Presente Líquido) e TIR (Taxa Interna de Retorno). Valor Presente líquido Para se medir o VPL de um projeto, faz–se uma estimativa do valor de hoje para os futuros Fluxos de Caixa reais que estarão sendo gerados pelo projeto e deduz-se o montante do investimento feito. Isto quer dizer que se descontam os futuros Fluxos de Caixa após imposto de volta ao seu valor presente e então se subtrai o desembolso do inves- 3 0 C E D E R J C E D E R J 3 13 0 C E D E R J C E D E R J 3 1 A U LA 1 0 timento inicial. Se o VPL for positivo, o projeto é viável, pois o valor presente dos futuros Fluxos de Caixa é maior que o investimento inicial. Caso contrário, o projeto deve ser rejeitado. VPL = INV K Fn K F k F K F n − + ++ + + + + + )1( ... )1( 3 )1( 2 )1( 1 321 onde: VPL = Valor Presente Líquido Fn = Fluxo de Caixa após imposto no ano t N = Vida do projeto em anos K = Taxa de desconto (taxa de retorno exigida) INV = Investimento inicial Fonte: Dornelas, 2001(b). taxa interna de retorno (tir) Para calcular a TIR, deve-se descobrir a taxa de desconto (K) que fornece um Valor Presente Líquido igual a zero. Nesta taxa, o valor presente dos futuros Fluxos de Caixa é exatamente igual ao investimento efetuado. Assim, a TIR é obtida da fórmula do VPL, igualando-se esta a zero e procurando-se o valor para K, que neste caso será a TIR do projeto. Cálculo da TIR: ∑ n t =1 FCt (1 + TIR)t =FC0 Observe que a fórmula da TIR é simplesmente a fórmula do VPL, resolvida para a taxa de desconto específica que força o VPL a ser igual a zero. Assim, a mesma equação básica é utilizada para ambos os méto- dos, porém no método do VPL a taxa de desconto, k, é especificada e o VPL é encontrado, enquanto no método da TIR, o VPL é especificado para ser igual a zero e a taxa de juros que força esta igualdade (TIR) é calculada. Apesar de ser fácil encontrar o VPL sem uma calculadora finan- ceira, isto não é verdadeiro para a TIR. Sem uma calculadora, você deve resolver a equação anterior por tentativa e erro – tente uma taxa de desconto e verifique se a equação resulta em zero e, caso isto não aconteça, tente uma taxa diferente e continue até encontrar a taxa que force a equação a ser igual a zero. A taxa de desconto que faz com que a Fn 3 2 C E D E R J C E D E R J 3 3 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 3 2 C E D E R J C E D E R J 3 3 equação (e o VPL) iguale-se a zero é definida como TIR. Para um projeto realista com uma vida relativamente longa, a abordagem da tentativa e erro é uma tarefa tediosa e consome muito tempo. Na Atividade Final será demonstradoo cálculo do VPL e da TIR, utilizando a HP 12C, porém a calculadora só é indispensável para o cálculo da TIR, e este não será cobrado nas atividades da disciplina. OriGEm E aPlicaçãO dE rEcursOs A Tabela 10.9, a seguir, expõe origens e aplicações de recursos previstos para uma empresa fictícia, depois do primeiro ano de opera- ção. Conforme você verá, muitos dos recursos e fundos foram obtidos de reservas pessoais ou empréstimos. Ao final do primeiro ano, houve lucro, então este será adicionado às fontes de recursos. Já a depreciação é acrescentada novamente, porque não representa um desembolso. Fontes comuns de recursos são as operações, novos investimentos, empréstimos de longo prazo e venda de ativos (HISRICH; PETERS, 2004, p. 274). tabela 10.9: Origens e aplicações de recursos pro forma, ao final do primeiro ano Balanço Patrimonial projetado da empresa x, final do 1º ano Origens de recursos Hipoteca 150.000 Empréstimo a termo 75.000 Recursos próprios 50.000 Lucro Líquido de operações 8.750 Acréscimo de depreciação 39.600 total de recursos providos R$323.350 Aplicação de recursos Compra de equipamento 240.000 Estoque 10.450 Pagamento de empréstimo 16.800 total de recursos gastos 267.250 Aumento líquido no capital de giro 56.100 R$ 323.350 Fonte: Hisrich e Peters (2004, p. 274). Já os principais usos ou aplicações de recursos são o aumento dos ativos, a retirada de circulação dos passivos em longo prazo, redução do capital próprio ou do patrimônio líquido e pagamento de dividendos. Segundo Hisrich e Peters (2004, p. 274), o demonstrativo de origens e 3 2 C E D E R J C E D E R J 3 33 2 C E D E R J C E D E R J 3 3 A U LA 1 0 aplicações de recursos enfatiza a inter-relação destes itens com o capital operacional. O demonstrativo auxilia o empreendedor, bem como os investidores, a compreender melhor a saúde financeira da empresa e a eficiência de suas políticas de gestão financeira. Conforme vimos, os planos financeiros são importantes para a criação das empresas, porque garantem sua sustentabilidade no longo prazo. O planejamento financeiro é crucial, pois é o momento de con- frontar os ganhos, as despesas, e ver se o negócio é viável e rentável. Um Plano Financeiro estruturado, com revisão periódica e metas bem estabelecidas é essencial para assegurar o crescimento do negócio como também a manutenção de sua lucratividade. A empresa Serope S/A está analisando os seguintes projetos de investimento, com seus respectivos Fluxos de Caixa (Fc) anuais, utilizando uma Taxa Mínima de Atratividade (TMA) de 10 % a.a. PrOjEtOs investimento inicial Fc ao ano após o ir tempo de duração A $ 4.000,00 $ 1.628,00 5 anos B $ 8.000,00 $ 3.116,00 5 anos C $ 30.000,00 $ 7.450,00 5 anos D $ 8.200,00 $ 3.256,00 5 anos Com base nestas informações pede-se: Qual o período de d. Payback descontado para cada projeto? Qual o VPL para cada projeto?e. Se os projetos forem independentes, qual(is) deveria(m) ser aceito(s)? Justifique.f. Se os projetos fossem mutuamente excludentes, qual deveria ser a escolha da empre-g. sa? Justifique. Tabela de fatores de Valor Presente para uma Anuidade. Taxa de Desconto Ano 1% 2%3%4%5%6%7%8%9% 10% 11% 12% 1 0.99010.98040.97090.96150.95240.9434 0.9346 0.9259 0.9174 0.9091 0.9009 0.8929 2 1.97041.9416 1.91351.88611.85941.83341.80801.7833 1.75911.73551.7125 1.6901 . . 5 4.85344.71354.57974.4518 4.32954.21244.10023.99273.88973.79083.6959 3.6048 Atividade Final 3 3 4 C E D E R J C E D E R J 3 5 Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa 3 4 C E D E R J C E D E R J 3 5 Resposta Comentada a. Período de Payback= Anos antes da recuperação total + Custo não recuperado no início do ano Fluxo de Caixa durante o ano Para calcular o período de Payback Descontado é necessário trazer os fluxos a valor presente para depois fazer os fluxos acumulados e aplicar a fórmula acima. Projeto A Período Projeto ($) FC Desc. A Acumulado 0 4.000,00 4.000,00 4.000,00 1 1.628,00 1.480,00 2.520,00 2 1.628,00 1.345,45 1.174,55 3 1.628,00 1.223,14 48,60 4 1.628,00 1.111,95 1.160,54 5 1.628,00 1.010,86 2.171,40 Período de PaybackProjeto A= 2 + 1.174,55/1.223,14 = 2,96 anos Projeto B Período Projeto B ($) FC Desc. B Acumulado 0 8.000,00 8.000,00 8.000,00 1 3.116,00 2.832,73 5.167,27 2 3.116,00 2.575,21 2.592,07 3 3.116,00 2.341,10 250,97 4 3.116,00 2.128,27 1.877,30 5 3.116,00 1.934,79 3.812,09 Payback B = 3,12 anos Projeto C Período Projeto C ($) FC Desc. C Acumulado 0 30.000,00 30.000,00 30.000,00 1 7.450,00 6.772,73 23.227,27 2 7.450,00 6.157,02 17.070,25 3 7.450,00 5.597,30 11.472,95 4 7.450,00 5.088,45 6.384,50 5 7.450,00 4.625,86 1.758,64 Payback C = 0,00 3 4 C E D E R J C E D E R J 3 53 4 C E D E R J C E D E R J 3 5 A U LA 1 0 Projeto D Período Projeto D ($) FC Desc. D Acumulado 0 8.200,00 8.200,00 8.200,00 1 3.256,00 2.960,00 5.240,00 2 3.256,00 2.690,91 2.549,09 3 3.256,00 2.446,28 102,81 4 3.256,00 2.223,89 2.121,08 5 3.256,00 2.021,72 4.142,80 Payback D = 3,05 anos VPL calculado com Fator de Valor Presente para TMA de 10 % a.a. VPL = ∑ (FCt x FVPA k, t ) - FC0 Projeto A VPL = (1.628 x 3,791) – 4.000 = $ 2.171, 74 Projeto B VPL = (3.116 x 3,791) – 8.000 = $ 3.812, 76 Projeto C VPL = (7.450 x 3,791) – 30.000= -$ 1.757, 05 Projeto D VPL = (3.256 x 3,791) – 8.200 = $ 4.143, 50 c. Os projetos A, B e D deveriam ser aceitos, pois possuem VPL > 0. d. O projeto D deveria ser aceito, pois possui o maior VPL ($ 4.143,50), o que maximiza a riqueza do proprietário. 3 6 C E D E R J C E D E R J P B Empreendedorismo e Oficina de Negócios | Organizando o Plano Financeiro e analisando a viabilidade da empresa Nesta aula, foi visto como montar o Planejamento Financeiro. O Plano Financeiro deve mostrar como a empresa se comportará ao longo do tempo do ponto de vista financeiro, tendo em vista as descrições e cenários, pressupostos críticos, situação histórica, Fluxo de Caixa, análise do investimento, Demonstrativo de Resultados, projeções de balanços e outros indicadores. Esta parte do Plano de Negócios deve conter de cinco a seis páginas. No Plano Financeiro, apresentam-se, em números, todas as ações planejadas para a empresa. Os principais demonstrativos que devem ser apresentados em um Plano de Negócios são os seguintes: Balanço Patrimonial, Demonstrativo de Resultados e Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Através destes, é possível efetuar uma análise de viabilidade do negócio e retornos financeiros. Para estas análises, geralmente se usam os seguintes métodos: análise do Ponto de Equilíbrio, prazo Payback, TIR (Taxa Interna de Retorno) e VPL (Valor Presente Líquido). r E s u m O iNFOrmaçãO sOBrE a Próxima aula Na próxima aula, buscaremos consolidar os conhecimentos desenvolvidos ao longo da disciplina, através de exercícios práticos, enfatizando a atividade de planejamento e controle.
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