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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE DIREITO
DIREITO AGRÁRIO
Prof. Msc. Marcio Assis Patussi
patussi@upf.br
2023
PLANO DE ENSINO
• Conteúdo Programático
• 1 - Direito Agrário: conceito e objeto
• 2 - Imóvel rural: definição legal e seus elementos caracterizadores
• 3 - Função social do imóvel rural
• 4 - Dimensionamento do imóvel rural
• 5 - Contratos agrários nominados e inominados. Procedimento judicial em casos de 
despejo
• 6 - Terras devolutas e o instituto da Discriminação
• 7 - O procedimento discriminatório administrativo e o usucapião agrário
• 8 - Reforma Agrária - Fundamentos - Conceituação e Métodos
• 9 - A Adjudicação Compulsória no Direito Agrário
• 10 - Posse agrária sobre bem imóvel
1 - DIREITO AGRÁRIO: 
CONCEITO E OBJETO
• A questão agrária está vinculada a relações jurídicas, econômicas 
e sociais oriundas da atuação humana no setor primário da 
economia (agricultura, pecuária, pesca e extrativismo mineral) e de 
sua repercussão (no meio ambiente, na indústria, no transporte e 
comercialização de produtos).
• Direito Agrário é o conjunto de normas jurídicas concernentes ao 
aproveitamento do imóvel rural (Silvia e Oswaldo Opitz)
• Direito Agrário é o ramo do direito positivo que regula as relações 
jurídicas do homem com a terra (Wellington Pacheco Barros)
• É o conjunto de princípios e normas que, visando a imprimir 
função social à terra, regulam relações afeitas à sua pertença e uso 
e disciplinam a prática das explorações agrárias e da conservação 
dos recursos naturais
• (Raymundo Laranjeira)
• Objeto: 
• O Estatuto da Terra fixou, em seu art. 1º, o objeto do Direito Agrário 
e as situações ele regula:
• Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos 
bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e 
promoção da Política Agrícola.
• Dessa forma, verificamos que o conjunto dos direitos e das 
obrigações dos bens imóveis rurais para reforma agrária e a política 
agrícola são o objeto do Direito Agrário. 
• Quais são estes direitos e obrigações? 
São as obrigações e direitos relacionados aos fatos jurídicos que 
provém da produção, do campo.
• Ainda, conforme Fernando P. Sodero, atividade agrária: 
• “(...) Observe-se que a atividade agrária é produtiva por 
excelência. Por meio dela se realizam o cultivo da terra, pela 
exploração agrícola, extrativa, agro-industrial e florestal; bem 
como a exploração de animais, ou seja, a pecuária. Já as 
atividades agrárias vinculadas se dirigem à conservação dos 
recursos naturais considerados renováveis, terra, água e ar; às 
conexas à de produção, têm por fim transformar ou vender os 
produtos agropecuários”
• ATIVIDADE AGRÁRIA (produção):
 
• Típica: exploração agrícola, extrativa, pecuária; 
• Conexa ou complementar à produção, portanto, atividade 
agrária atípica: agroindústria, comércio e transporte; 
• Atividade vinculada à atividade agrária: utilização e conservação 
dos recursos naturais
• Exploração extrativa agrícola – Compreende a extração de 
produtos vegetais e captura de animais. O homem atua somente no 
momento da extração, mas não como agente provocador da ação 
da natureza. (ex: extração de castanha, açaí, látex, caça e pesca). 
Deixa de fora a atividade de extração mineral.
 
• Pecuária – criação de animais. Pequeno porte (aves domésticas, 
abelhas), médio porte (suínos, caprinos, ovinos) ou grande porte 
(bovinos, eqüinos). 
• Lavoura – o homem participa do plantio, desenvolvimento e 
colheita. Pode ser temporária (arroz, milho, feijão, mandioca – ciclo 
curto – 3 meses a 1 ano) ou permanente (café, abacate, cacau, 
laranja, coco, banana). 
• Agro-industrial – é atividade agrária desde que prepondere sobre a 
atividade industrial. (ex: arroz – plantação, colheita, beneficiamento, 
distribuição) / (indústria canavieira – produção primária mais 
transformação ou beneficiamento) 
• Atividade florestal – pode ser considerada agrária (ex: silvicultura – 
plantação e desenvolvimento de florestas para obtenção de produtos 
de origem vegetal, como eucalipto, para produção de papel, 
seringueiras, para extração do látex). Não são agrárias, no entanto, as 
atividades de mera conservação ambiental e extrativismo florestal. 
• Natureza Jurídica:
• O Direito Agrário é um ramo do Direito com natureza jurídica 
predominantemente social, conforme determina a Constituição 
Federal. Foi superada a dicotomia do Direito Público ou do Privado 
reger as relações agrárias:
CF - Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade 
rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de 
exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e 
preservação do meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de 
trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores.
• Fontes:
• Em especial, no direito agrário, a Constituição Federal é a primeira 
FONTE de expressão a ser invocada. Vejamos:
• Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)”
• XXII - é garantido o direito de propriedade;
• XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
• XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em 
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
• XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
• XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela 
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua 
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
• Art. 20. São bens da União:
• II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções 
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; 
• Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
• I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e 
do trabalho; 
• Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: 
• IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 
• Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas 
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. Parágrafo único. Sempre que 
necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio.
• Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
• VI - propriedade territorial rural; 
• § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
• I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de 
propriedades improdutivas; 
• II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário 
que não possua outro imóvel; 
• III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que 
não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
• Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social, observados os seguintes princípios: 
• II - propriedade privada; 
• III - função social da propriedade;
• Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o 
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização 
em títulos da dívidaagrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de 
até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
• § 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 
• § 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, 
autoriza a União a propor a ação de desapropriação. 
• § 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, 
para o processo judicial de desapropriação. 
• § 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o 
montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. 
• § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de 
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. 
• Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: 
• I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário 
não possua outra; 
• II - a propriedade produtiva. 
• Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas 
para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
• Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, 
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
• I - aproveitamento racional e adequado; 
• II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; 
• III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
• IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
• Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação 
efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos 
setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta, 
especialmente:
• I - os instrumentos creditícios e fiscais; 
• II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização; 
• III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; 
• IV - a assistência técnica e extensão rural; 
• V - o seguro agrícola;
• VI - o cooperativismo; 
• VII - a eletrificação rural e irrigação; 
• VIII - a habitação para o trabalhador rural. 
• § 1º - Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, agropecuárias, 
pesqueiras e florestais. 
• § 2º - Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária.
• Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política 
agrícola e com o plano nacional de reforma agrária. 
• § 1º - A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois 
mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá 
de prévia aprovação do Congresso Nacional. 
• § 2º - Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras 
públicas para fins de reforma agrária. 
• Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão 
títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos. 
• Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à 
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em 
lei.
• Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por 
pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do 
Congresso Nacional. 
• Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por 
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta 
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, 
adquirir-lhe-á a propriedade. 
• Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
• PRINCÍPIOS DO DIREITO AGRÁRIO:
• Função Social da Propriedade. 
• Significa, conforme vimos no art. 186 da CF, que o imóvel deve 
atender a requisitos para não ser desapropriado. 
• O art. 2o do Estatuto da Terra repete o comando constitucional:
• Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, 
condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.” 
• § 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, 
simultaneamente: 
• a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim 
como de suas famílias; 
• b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;
• c) assegura a conservação dos recursos naturais; 
• d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que 
a possuem e a cultivem.
• Justiça Social
• O legislador entendeu que o desequilíbrio existente entre o 
trabalhador rural e a estrutura fundiária merece ser coadunado. 
Várias leis são aprovadas visando a implementação de políticas 
para assistência das famílias e comunidades rurais.
• Prevalência do interesse coletivo sobre o privado. 
• Este princípio reflete a necessidade de proteção dos trabalhadores 
rurais balanceando-o com a propriedade particular, também incentiva 
ações para implementação de cooperativas de trabalhadores. Vejamos 
o que diz o art. 12 e 14 do Estatuto da Terra: 
• Art. 12. À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social e seu uso é 
condicionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e caracterizado nesta Lei.
• Art. 14. O Poder Público facilitará e prestigiará a criação e a expansão de associações de 
pessoas físicas e jurídicas que tenham por finalidade o racional desenvolvimento 
extrativo agrícola, pecuário ou agroindustrial, e promoverá a ampliação do sistema 
cooperativo, bem como de outras modalidades associativas e societárias que objetivem a 
democratização do capital.
• § 1o Para a implementação dos objetivos referidos neste artigo, os agricultores e 
trabalhadores rurais poderão constituir entidades societárias por cotas, em forma 
consorcial ou condominial, com a denominação de "consórcio" ou "condomínio", nos 
termos dos arts. 3o e 6o desta Lei.
• Reformulação da Estrutura Fundiária. 
• O próprio Estatuto da Terra (art. 1º, § 1º) reflete a intenção de se 
adotar medidas para melhor realizar a distribuição de terras:
• § 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor 
distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos 
princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.
• Progresso Econômico e Social. 
• A busca para o desenvolvimento é a viabilização de mecanismos 
para sustentar o homem no campo, com produtividade e 
sustentabilidade, para que mantenha a si, sua família e aperfeiçoe 
sua ação para alcançar o âmbito social, com atividades 
complementares à agrícola (ET art. 1º):
• § 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à 
propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as 
atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de 
harmonizá-las com o processo de industrialização do país.
2. IMÓVEL RURAL 
 
• Definição legal:
• O legislador pátrio se encarregou de definir o imóvel rural, 
conforme descreve o Estatuto da Terra, Lei no 4.504/64.
• Art. 4º, I - Imóvel rural, o prédio rústico, de área contínua, qualquer que seja a sua 
localização, que se destine a exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer 
através de planos públicos de valorização, quer através da iniciativa privada.
• A Lei no 8.629/93 (reguladora do capítulo da Política Agrária da 
CF/88) dispõe, em seu artigo 4º, I que: 
• Imóvel rural — o prédio rústico deárea continua, qualquer que seja 
a sua localização, que se destine ou possa se destinar á exploração 
agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial;
• O critério básico estabelecido nas definições legais é a destinação do 
imóvel. 
• Assim, é a área de terras, qualquer que seja a sua localização, que se 
destina á atividade agropecuária. 
• Isto significa dizer que, pelos critérios inseridos nos textos legais, o 
elemento diferenciador é a atividade exercida no imóvel. 
• Portanto, o imóvel, mesmo localizando-se no perímetro urbano, mas 
sendo destinado à produção agropecuária, para os fins do Direito 
Agrário, é classificado como rural.
• Legislação Tributária: 
• Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como 
fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido 
na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município. 
• PRÉDIO RÚSTICO:
• Prédio aqui tem sentido de toda e qualquer propriedade territorial, de 
qualquer terreno, independente de onde estiver localizado.
 
• Rústico tem sentido de cultivo ou seja, o imóvel destinado a cultivo. 
Por isso, a finalidade ou a destinação do imóvel o classifica em 
rústico, ou rural, quando utilizado para as atividades agrárias.
• IMÓVEL AGRÁRIO
• É o prédio, em regra rústico, dotado de continuidade físico 
econômica e localizado em zona rural ou urbana, que se destine ou 
se possa destinar à atividade agrária, desde que sobre ele não incida 
– ou deva incidir – outra atividade preponderante, permitida – ou 
determinada – em lei e autorizada pelos competentes agentes 
governamentais. 
• MÓDULO RURAL: 
• No artigo 4º do Estatuto da Terra foram estabelecidas várias 
definições, entre as quais a de Módulo Rural. O inciso III do referido 
artigo diz: “Módulo Rural, a área fixada nos termos do inciso 
anterior”. 
• O inciso anterior aqui referido define o que é propriedade familiar, 
assim dispondo: Propriedade familiar, o imóvel rural que, direta e 
pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva 
toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso 
social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo 
de exploração, eventualmente trabalhado com a ajuda de terceiros.
• O módulo rural equivale à área da propriedade familiar, variável não 
somente de região para região, como também de acordo com o modo 
de exploração da gleba.
• O art.5º da Lei nº 4.504, estabelece que o Módulo Rural é a medida 
de área fixada como propriedade familiar, de tamanho suficiente 
e ideal para a correta exploração agropecuária. 
• Exatamente por esta razão, o Módulo Rural, assim como a 
dimensão da propriedade familiar, em função da área fixada como 
módulo, variam de uma região para outra, levando em conta a 
qualidade da terra, a sua localização geográfica e a forma e 
condições de aproveitamento econômico.
• O módulo rural, calculado para cada imóvel a partir dos dados 
constantes no cadastro de Imóveis Rurais no SNCR - Sistema 
Nacional de Cadastro Rural - gerenciado pelo Instituto Nacional de 
Colonização e Reforma Agrária.
• É considerada uma unidade de medida que permite estabelecer 
uma comparação mais adequada entre os imóveis rurais, pois 
leva em consideração outros atributos do imóvel, além de sua 
dimensão.
• FINALIDADE: O art. 11 do Decreto 55.891/65 – fixar unidade 
de medida eficaz para os imóveis rurais, caracterizada pela 
interdependência entre dimensão, qualidade da terra, 
localização e condições de uso.
• TIPOS DE MÓDULOS: 
• A) módulo de exploração hortigranjeira (intensiva e extensiva); 
• B) módulo para a lavoura permanente e outro para a lavoura 
temporária; 
• C) módulo para a exploração pecuária (de pequeno, médio e 
grande portes); 
• D) módulo para a exploração florestal. 
• E) módulo da propriedade, como resultado da soma de módulos 
de exploração indefinida, quando no imóvel existem varias 
explorações, sem indicação específica. 
• F) módulo do proprietário, nos casos em que o proprietário 
possui vários imóveis, correspondendo à soma da quantidade de 
módulos obtido em cada área e dividido pelo total das áreas que 
possui, o que resulta numa espécie de módulo médio.
• MÓDULO FISCAL: 
• A partir da Lei 6.746/79 foi introduzida nova figura jurídica, usada 
inclusive para a classificação dos imóveis, modificando os artigos 49 
e 50 do Estatuto da Terra. 
• A referida lei tem finalidade de fixar os parâmetros para o Imposto 
Territorial Rural. 
• O Decreto n. 84.685/80, em seu artigo 22, trouxe uma nova 
classificação de imóvel rural. Assim, o módulo fiscal, além de 
servir para a fixação do valor do ITR, também passou a ser a 
medida adotada para a classificação dos imóveis rurais.
• A Lei nº 8.629/93 veio selar este entendimento ao utilizar a 
expressão módulo fiscal, ao definir, no art. 4º, a pequena e a média 
propriedade.
• CLASSIFICAÇÃO DOS IMÓVEIS RURAIS:
• LATIFÚNDIO: A denominação latifúndio veio inserida nas 
definições do artigo 4º do Estatuto da Terra. 
• É o imóvel rural que, com área igual ou superior ao módulo rural, é 
inexplorado ou explorado inadequada ou insuficientemente, ou 
ainda porque tem grande dimensão a ponto de ser incompatível 
com a justa distribuição da terra.
• LATIFÚNDIO POR EXTENSÃO OU POR DIMENSÃO está 
definido na letra “a” do inciso V do artigo 4º do Estatuto da Terra, 
dizendo ser o imóvel rural que “exceda à dimensão máxima fixada 
na forma do art. 46, § 1º, alínea “b” desta mesma lei, tendo-se em 
vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim 
a que se destine”
• LATIFÚNDIO POR EXPLORAÇÃO, é o imóvel de área igual 
ou superior ao módulo fiscal que está inexplorado ou 
deficientemente explorado pelo mau uso da terra (artigo 4º,V, 
alínea b do ET, combinado com o disposto no artigo 22,II, alínea b 
do Decreto nº 84.685/80). 
• Aqui cabe também a exploração predatória do imóvel, a falta de 
uso de técnicas de conservação, a manutenção do imóvel para fins 
especulativos, etc., o que impede a classificação do imóvel como 
empresa rural.
• MINIFÚNDIO: Imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da 
propriedade familiar (art. 4º, V do ET). 
• É o imóvel com dimensão inferior à de um módulo fiscal, traduzido 
na dimensão necessária e fixadora da propriedade familiar.
• É o imóvel com dimensão inferior ao necessário para o progresso 
social e econômico do proprietário e de sua família (agricultor 
familiar).
• PROPRIEDADE FAMILIAR: É a área de terras compatível com as 
necessidades do agricultor e de sua família, que lhe garanta o 
progresso social e econômico, mesmo que com a ajuda eventual de 
terceiros ( art. 4º, II do ET). 
• Da definição legal evidencia-se que, além das dimensões 
estabelecidas, deve ser explorada direta e pessoalmente pelo 
agricultor e sua família, podendo contar apenas eventualmente com a 
ajuda de terceiros.
• ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA PROPRIEDADE 
FAMILIAR: 
• - TITULAÇÃO: em princípio a propriedade familiar supõe a 
existência do título de domínio do imóvel em nome de um dos 
membros da entidade familiar.
• - EXPLORAÇÃO DIRETA E PESSOAL PELO AGRICULTOR E 
SUA FAMÍLIA
• - ÁREA IDEAL PARA CADA TIPO DE EXPLORAÇÃO
• - POSSIBILIDADE EVENTUAL DE AJUDA DE TERCEIROS: 
como se vê, o normal é a dimensão da área e o tipo de exploração 
absorver a força dos membros da família.
• EMPRESA RURAL OU EMPRESA AGRÁRIA: Utilizando a 
denominação empresa rural, o próprio Estatuto da Terra se 
encarregou de conceituá-la no Inciso VI do Artigo 4º. Porém, o 
artigo 22, III do Decreto 84.685/80, retomando o conceito, trouxe 
mais detalhes, inserindo os elementos caracterizadores da função 
social do imóvel rural. 
• No aspecto econômico, a regulamentação do ET, exigia a 
utilização de 50%, depois passou para 70%, e por último, pelo 
decreto supra citado, exigiu 80% de utilização e 100% de 
eficiência, além dos outros elementos da função social,inclusive 
o cumprimento das obrigações trabalhistas. 
• Como se pode verificar, sobretudo a partir da alteração conceitual 
introduzida pelo Decreto 84.685/80, a empresa rural deve 
cumprir os requisitos da função social. Nestes se englobam os 
elementos econômicos (produção e produtividade) e os elementos 
sociais.
• A empresa agrária tem natureza civil, com registro no INCRA (se 
pessoa física), salvo a empresa SA que, por lei, tem natureza 
comercial. A empresa rural pessoa jurídica, não sendo SA, tem 
registro no Cart. de Reg. de Pessoas Jurídicas, Títulos e 
Documentos.
• A ação concreta da empresa rural na realização da atividade 
agrária, deve, portanto, atender aos requisitos econômicos mínimos 
estabelecidos em lei, observar as justas relações de trabalho e 
garantir o bem estar das pessoas que vivem no empreendimento.
• A empresa rural situa-se dentro de um modelo produtivo com o fim 
de atender às necessidades de aumento da produção e da 
produtividade, com a adoção de padrões e processos técnicos.
• Entre a empresa rural e a propriedade familiar há diferenças e 
pontos de identificação.
• A empresa rural, como empreendimento econômico, explora 
atividade agrária mediante a força de trabalho de terceiros, com o 
objetivo principal de lucro, através da venda da produção. 
• Quanto ao tamanho da área que explora, pode ser igual ou superior 
ao da propriedade familiar. Contudo, alguns entendem que 
necessariamente a área deve ser superior à da propriedade familiar. 
• A propriedade familiar, tem como elemento principal, a exploração 
direta e pessoal do imóvel pelos membros da família.
• PEQUENA PROPRIEDADE RURAL: Como já se afirmou, o 
legislador constituinte inovou nos conceitos e termos utilizados, de 
forma que, no meio rural, passamos, a partir de 1988, a contar com 
novas figuras jurídicas, ou novos institutos. 
• A Constituição Federal, em diversos artigos (5º , 185), refere-se à 
pequena propriedade, mas não a define. 
• A definição do que é pequena propriedade ficou por conta da 
regulamentação do texto constitucional, e desta forma, estabelecida 
pelo artigo 4º ,II da Lei nº 8.629/93.
• Sendo, o imóvel rural de área compreendida entre um e quatro 
módulos fiscais.
• MÉDIA PROPRIEDADE: Nos termos do artigo 4º,III, da lei 
8.629/93, é o imóvel rural com área superior a quatro e até quinze 
módulos fiscais. 
• A média propriedade, pelas dimensões que lhe foram conferidas, se 
não cumprir os requisitos da função social, deveria ser denominada 
de latifúndio, nos termos do disposto no Estatuto da Terra e seus 
regulamentos.
• GRANDE PROPRIEDADE: A lei não se encarregou de definir, 
mas, por dedução, é o imóvel que possui área acima de quinze 
módulos fiscais.
• PROPRIEDADE PRODUTIVA: É a pequena, a média e a grande 
propriedade que atingem os níveis de produção e produtividade 
exigidos por lei. 
• Sendo propriedade que, ultrapassando as dimensões de 15 módulos 
fiscais e tendo grau de utilização (GUT) de, no mínimo, 80%, e o 
grau de eficiência na exploração (GEE) no mínimo de 100%, é 
classificada como grande propriedade produtiva, nos termos do 
disposto no art. 6º e parágrafos da Lei nº 8.629/93. 
• Ë possível dizer que a empresa rural se confunde com a propriedade 
produtiva, tendo em vista os elementos que compõem o conceito de 
propriedade produtiva.
• PROPRIEDADE IMPRODUTIVA: a propriedade que não 
alcança os índices de produção e produtividade estabelecidos em 
lei, independente do tamanho (pequena, média ou grande 
propriedade) é classificada como improdutiva. 
• Tendo acima de 15 módulos fiscais, classifica-se como grande 
propriedade improdutiva, passível de desapropriação para fins de 
reforma agrária.
• Lei 8.629/93 (Regulamenta a CF relativo a Reforma Agrária)
• Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se:
• I - Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que 
se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou 
agro-industrial; 
• II - Pequena Propriedade - o imóvel rural: a) de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) 
módulos fiscais; 
• III - Média Propriedade - o imóvel rural: a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) 
módulos fiscais; Parágrafo único. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma 
agrária a pequena e a média propriedade rural, desde que o seu proprietário não possua outra 
propriedade rural.
• Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, 
atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo 
índices fixados pelo órgão federal competente. 
• § 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá ser igual ou superior a 
80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a 
área aproveitável total do imóvel. 
• § 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior a 100% (cem por 
cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática:
• I - para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto pelos respectivos 
índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada 
Microrregião Homogênea; 
• II - para a exploração pecuária, divide-se o número total de Unidades Animais (UA) do rebanho, 
pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada 
Microrregião Homogênea; 
• III - a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo, dividida pela área 
efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), determina o grau de eficiência na exploração.
• § 3º Considera-se efetivamente utilizadas: 
• I - as áreas plantadas com produtos vegetais; 
• II - as áreas de pastagens nativas e plantadas, observado o índice de lotação por zona de 
pecuária, fixado pelo Poder Executivo; 
• III - as áreas de exploração extrativa vegetal ou florestal, observados os índices de 
rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada 
Microrregião Homogênea, e a legislação ambiental; 
• IV - as áreas de exploração de florestas nativas, de acordo com plano de exploração e nas 
condições estabelecidas pelo órgão federal competente; 
• V - as áreas sob processos técnicos de formação ou recuperação de pastagens ou de culturas 
permanentes, tecnicamente conduzidas e devidamente comprovadas, mediante 
documentação e Anotação de Responsabilidade Técnica.
• Estatuto da Terra: 
• Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se: 
• II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor 
e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso 
social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e 
eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros; 
• III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior; 
• IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar; 
• V - "Latifúndio", o imóvel rural que: a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do 
artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas 
agrícolas regionais e o fim a que se destine; b) não excedendo o limite referido na 
alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade 
rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e 
sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente 
explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural; 
• VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de 
rendimento econômico da região em que se situe e que explore área mínima 
agricultável do imóvel segundo padrões fixados, públicae previamente, pelo Poder 
Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas 
naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias;
3. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE 
RURAL
• A função Social da Propriedade Rural deve seguir os requisitos 
entabulados no art. 186 da CF/88, quais sejam:
• I- Aproveitamento racional e adequado;
• II- Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
• III- Observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
• IV- Exploração que favoreça o bem estar dos proprietários e dos trabalhadores;
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10656942/artigo-186-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
• A função social, então, não é uma limitação do uso da propriedade, 
ela é um elemento essencial, interno, que compõe a definição da 
propriedade. 
• Só se legitima no ordenamento jurídico brasileiro a propriedade 
que cumpre a função social. A propriedade que descumpre a 
função social não pode ser objeto de proteção jurídica.
• A propriedade, tal como constitucionalmente protegida, já não 
comporta mais no Brasil, ser recepcionada pelo art. 524, do CC, posto 
que hoje já não se admite mais possa o proprietário, usar, gozar e 
dispor com amplitude que os termos exigem. 
• O uso e o gozo da propriedade rural está diretamente vinculado à 
função social que a Constituição da República vota à propriedade. Já 
não temos um direito individual, mas socialmente coletivo. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10699347/artigo-524-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
• Enquanto não serve aos interesses da coletividade, 
promovendo-lhe o bem-estar e concorrendo para o progresso 
econômico e social de seu titular, a propriedade já não pode mais 
permanecer nas mãos de quem não a trabalha, impondo-se a 
desapropriação por interesse social a fim de que, redistribuída, 
possa alcançar, pelo trabalho, a função social a que estará fechada.
• A função social da propriedade rural está diretamente ligada a 
preservação ambiental, não atendendo a função social a 
propriedade que não cumpra com os elementos acima transcritos. 
• Quem não cumpre com a função social da propriedade perde as 
garantias de proteção da posse, inerentes a propriedade.
• Código Civil Francês 1804: 
• Art. 544. A propriedade é o direito de usar, gozar e dispor das 
coisas da maneira mais absoluta, desde que não sejam usados de 
maneira proibida pelas leis ou pelos regulamentos. Art. 545. 
Ninguém pode ser obrigado a abandonar sua propriedade, salvo por 
utilidade pública, e mediante uma justa e prévia indenização. 
• Constituição de Weimer, Alemanha, 1919: 
• Art. 153. A propriedade obriga e o seu uso e exercício devem ao 
mesmo tempo representar uma função no interesse social. 
• 
• Constituição Italiana 1947: 
• Art. 42. (...) A propriedade privada é conhecida e garantida pela 
lei, que determina o modo de aquisição, de uso e gozo e o limite, 
com o escopo de assegurar a função social e torná-la acessível a 
todos. 
• Constituição de 1988: 
• Considerou-a direito fundamental individual (art. 5º, XXIII) e 
como princípio geral da atividade econômica (art. 170, III). Foi, 
também, levada em consideração para a política urbana (art. 182, § 
2º) e para a reforma agrária (art. 184 a 186). 
• O princípio da função social da propriedade impõe ao proprietário 
o dever de exercê-lo em benefício de outrem e não, apenas, de 
não exercer em prejuízo de outrem. 
• Fundamento: Princípio da solidariedade e dignidade humana. 
Erradicação da pobreza. Redução das desigualdades sociais. 
• Matéria de ordem pública. A constituição obriga o juiz a enfrentar, 
ainda que sem requerimento da parte, o tema pertinente a função 
social da propriedade. 
• A função social integra o conceito de propriedade. 
• A Constituição não diz que em alguns casos se atenderá à função 
social, como algo externo à propriedade; o que diz é que inexiste 
propriedade sem função social. 
• Não há tutela da propriedade sem função social. 
• É sempre preciso a atuação estatal para retirar a propriedade 
anti-social do proprietário. 
• Sanções à propriedade que não cumpre função social:
 
• Imóvel Rural 
• a) Desapropriação sanção: 
• Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o 
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa 
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, 
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja 
utilização será definida em lei. 
• b) Usucapião Especial Agrária (art. 191, CF) 
• Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, 
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a 
cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua 
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
• c) Implementação de IPTU e ITR progressivo - art. 153, § 4º, I, 
CF 
• Imóvel urbano 
• a) Parcelamento e edificação compulsória – art. 5º, EC. 
• b) Prazos menores para usucapião 
• c) Desapropriação judicial indireta (art. 1.228, § 4º, CC) 
• § 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir 
em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de 
considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou 
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico 
relevante. 
• Função social dos recursos agrários.
 
• Divisão de Antonino Vivanco: 
• Recursos naturais (solo, água, atmosfera, flora, fauna, etc); 
• Recursos culturais (organização, técnica, pesquisa, capital, crédito e 
mercado, dentre outros); e 
• Recursos humanos (agricultores, pecuaristas, empregados, 
empregadores, proprietários, possuidores e colonos).
Caminha-se progressivamente, apesar de certo atraso da 
legislação, para a substituição da expressão função social da terra 
por outra mais ampla, função social dos recursos agrários, onde se 
reconhece a funcionalidade de todos os bens agrários. 
• A disponibilidade dos recursos agrários e o grau de exigência da 
função social são grandezas diretamente proporcionais. 
• Quanto maior a disponibilidade dos recursos agrários, maior a 
exigência da função social. 
• A função social será mais exigida quanto maior for o valor do bem 
apreciável pelo homem. 
• Função Social da Terra: 
• Poder-dever – O direito de propriedade concede o poder e a função 
social coloca o dever. 
• Interesse público – Qualquer do povo pode exigir o cumprimento 
da função social. 
• Reserva de poder feita pelo povo ao autorizar a existência da 
propriedade particular. 
• Se o proprietário não cumpre e não se realiza a função social da 
propriedade, ele deixa de ser merecedor de tutela por parte do 
ordenamento jurídico, desaparece o direito de propriedade. 
• Segurança jurídica do proprietário e do possuidor: “à segurança 
jurídica do proprietário, portanto, tem de corresponder uma 
outra segurança, a dos não proprietários, que os resguarde do 
risco de um destino indispensável a todos ser desvirtuado por um 
só.” 
• Extensão da função social: 
• O princípio da função social centra-se na preocupação de que o 
bem seja utilizado para fins vantajosos do ponto de vista social, 
econômico e ecológico. 
• Não implica o princípio, diretamente, a distribuição da terra ou 
redução das desigualdades. É claro que para isso ele contribui, 
mas sobre essas necessidades atuam, em sentidoestrito, os 
princípios da dignidade da pessoa humana, da erradicação da 
pobreza e da justiça social.
• Dispositivos Constitucionais e Legais a respeito da função social 
• CF – Art. 5º: 
• XXII - é garantido o direito de propriedade; 
• XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
• XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade 
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados 
os casos previstos nesta Constituição; 
• CF - Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes 
requisitos:
 
• I - aproveitamento racional e adequado; 
• II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
• III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
• IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
• Art. 9º A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, 
segundo graus e critérios estabelecidos nesta lei, os seguintes requisitos:
 
• I - aproveitamento racional e adequado; 
• II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
• III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
• IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
• § 1º Considera-se racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus de utilização 
da terra e de eficiência na exploração especificados nos §§ 1º a 7º do art. 6º desta lei. 
• § 2º Considera-se adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis quando a 
exploração se faz respeitando a vocação natural da terra, de modo a manter o potencial 
produtivo da propriedade. 
• § 3º Considera-se preservação do meio ambiente a manutenção das características 
próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, na medida adequada à 
manutenção do equilíbrio ecológico da propriedade e da saúde e qualidade de vida das 
comunidades vizinhas. 
• § 4º A observância das disposições que regulam as relações de trabalho implica tanto o 
respeito às leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho, como às disposições que 
disciplinam os contratos de arrendamento e parceria rurais.
CONTRATOS AGRÁRIOS
• O contrato agrário tem sua gênese nos campos agrícolas da Europa, 
nas Américas, na África e no Oriente, locais que produzem alimentos 
manuseando os recursos naturais. 
• Entretanto, a partir do momento que duas pessoas decidiram manejar 
o espaço agrário ao redor delas, foi necessário disciplinar a 
convivência pacífica, socializando conhecimentos, práticas agrícolas 
nos plantios, nas colheitas e as práticas pecuárias evitando conflitos 
rurais. 
• No Brasil, o contrato agrário tem sua origem nos campos 
brasileiros, na roça, onde o alimento é produzido.
• O contrato agrário, mais que uma realidade no cenário rural, 
tornou-se uma necessidade para o homem do campo, cabendo ao 
Direito agrário e o próprio Direito civil como fonte suplementar, 
regulamentar o assunto, construindo setas que indiquem a trajetória 
adequada, evitando conflitos e problemáticas que prejudiquem a 
produção agrária e o negócio jurídico.
• Já no Brasil, com o aparecimento do Estatuto da Terra os contratos 
agrários ganharam mais notoriedade, sendo enaltecidos com uma 
legislação específica. 
• O Direito agrário sistematizado na legislação especial revelou o 
seu propósito na busca pela justiça social no campo e a prospecção 
pela reforma agrária, estruturando um conjunto de regras 
consideradas publicísticas imperativas e irrenunciáveis, revelando 
o grau de proteção dada para aqueles que trabalham a terra.
• Entretanto o vem a ser um contrato agrário? Qual o seu objeto e a 
sua finalidade dentro desta perspectiva?
• Segundo Wilson Ferretto : Pode ser considerado como o 
instrumento através do qual o homem rural, dedicado à terra – 
mas sem terra -, pode cultivá-la diretamente, nela desenvolvendo 
sua empresa por meio de arrendamento ou parceria. 
(FERRETTO, 2009, pág. 4)
• Sílvia Opitz e Oswaldo Opitz:
• O contrato agrário tem que ser feito por pessoa capaz, isto é, que 
possa consentir validamente e que o objeto do acordo seja lícito, 
sem esquecer a forma prescrita no Estatuto da Terra. 
 
 A manifestação ou acordo da vontade somente pode ser dado por 
aquele que está no pleno uso de sua capacidade civil. É norma de 
direito comum, aplicável aos contratos agrários (Lei n. 4.947/66, 
art. 13). 
• Octávio de Mello Alvarenga:
• Por contrato agrário devem ser entendidas todas as formas de 
acordo de vontade que se celebrem, segundo a lei, para o fim de 
adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos vinculados à 
produtividade da terra.
• Podemos compreender o contrato agrário como o ato jurídico 
decorrente da vontade de pelo menos duas pessoas em exercer a 
atividade agrária.
• Segundo Wilson Ferretto: 
• O objeto dos contratos agrários é o imóvel rural e seu fim é o uso 
ou posse temporária da terra, para a implementação de atividade 
agrícola ou pecuária, nas modalidades de arrendamento ou de 
parcerias rurais, segundo se depreende dos arts. 92 a 94 do Estatuto 
da Terra, observadas as disposições de seus arts. 95 e 96, explicitados 
pelo art. 1º de seu Regulamento.
• Art. 1º. O arrendamento e a parceria são contratos agrários que a lei reconhece, para o fim de 
posse ou uso temporário da terra, entre o proprietário, quem detenha a posse ou tenha a livre 
administração de um imóvel rural e aquele que nela exerça qualquer atividade agrícola, 
pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista (art. 92 da Lei n. 4.504, de 30 de novembro de 1964 
– Estatuto da Terra – e art. 13 da Lei n. 4.947, de 6 de abril de 1966).
• O contrato agrário é apresentado com uma das formas de manejo da 
terra, para alcançar a função social. 
• Na legislação agrária temos contratos típicos ou nominados, a 
saber, arrendamento rural e parceria rural. 
• E contratos atípicos ou inominados, a saber, locação de pasto, 
contrato de fica, puxirão e cambão. 
• Suporte legal dos contratos agrários:
 
• A Lei nº 4.504/64 regula os contratos agrários nos artigos (92 a 
96);
• A Lei nº 4.947/66 (artigos 13 a 15);
• Decreto nº 59.566/66.
• As disposições do Código Civil, continuam sendo de aplicação 
subsidiária.
• Características dos contratos agrários:
• Consensuais: os direitos e obrigações das partes surgem com o 
simples consentimento das partes, aperfeiçoando-se com a 
integração das declarações de vontade dos declarantes. Porém, para 
o registro do contrato e nos casos de financiamento, é evidente e 
necessário que sejam feitos por escrito.
 
• Bilaterais: as partes se obrigam reciprocamente, com 
interdependência entre as obrigações.
 
• Onerosos: ambas as partes visam obter benefícios numa relação de 
equivalência, com obrigações de ambas as partes, o que apenas não 
ocorre no comodato, não regulado pela legislação específica.
• Comutativos: há benefícios recíprocos certos, numa relação de 
equivalência das prestações.
• De trato sucessivo: as obrigações são continuadas e não se 
esgotam numa simples operação de crédito.
• Formais: ao menos em sua maioria, uma vez que devem ser escritos 
e registrados. Contudo, não há unanimidade neste aspecto, até porque 
a lei não exige forma especial para a sua formação e validade. 
 
• Maior limitação da liberdade de contratar, porque a lei estabelece 
cláusulas obrigatórias e, por outro lado, direitos e garantias 
irrenunciáveis, visando a proteção à parte mais fraca. 
• MODALIDADES
• Contratos nominados ou contratos típicos, que englobam os 
contratos de arrendamento e parceria;
• Contratos inominados ou atípicos, que são o comodato, a 
empreitada, o compáscuo, entre outros. 
• ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS:
• conservar os recursos naturais,
• dever de proteçãoao mais fraco na relação contratual (via de regra o 
arrendatário e o parceiro outorgado);
• Observância dos prazos mínimos estabelecidos por lei;
• fixação do preço do aluguel dentro dos limites legais;
• indenização, com direito de retenção das benfeitorias úteis e 
necessárias;
• proibição de prestação de serviços gratuitos pelo arrendatário e 
parceiro outorgado;
• proibição de obrigação do arrendatário beneficiar seus produtos na 
usina do arrendador e de vender a este os seus produtos. (art. 93 da 
Lei nº 4.504/64);
• obrigatoriedade de cláusulas que assegurem a conservação dos 
recursos naturais (art. 13,111 da Lei nº 4.947/66 e art. 13,11 do 
Decreto 59.566/66);
• proibição de usos e costumes predatórios da economia agrícola ( 
art. 92 do ET; art. 13,I da Lei nº 4.947/66 e art. 13,VII,b do Dec. 
Nº 59.566/66);
• irrenunciabilidade de direitos e vantagens legalmente definidos em 
prol do arrendatário e parceiro-outorgado (art. 13,IV da Lei nº 
4.947/66 e art. 13, I do Dec. 59.566/66).
• PARTES:
• Os contratos agrários têm como partes contratantes, de um lado o 
proprietário ou quem detenha a posse, ou ainda, quem tenha a livre 
administração do imóvel rural.
• Tratando-se de arrendamento, quem cede a terra é denominado de 
arrendante e se for parceria rural, será denominado de parceiro 
outorgante.
• Do outro lado da relação contratual situa-se quem vai exercer a 
atividade agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista 
(art. 1º do Dec. Nº 59.566/66). 
• Além da terra, o gado, isoladamente, também pode ser objeto de 
parceria rural, especificamente a parceria pecuária. 
• O contratante trabalhador, no arrendamento rural é denominado de 
arrendatário e na parceria rural sua denominação é 
parceiro-outorgado.
• Tanto o arrendatário como o parceiro outorgado, podem ser uma 
pessoa ou o conjunto familiar.
• DIFERENÇAS ENTRE ARRENDAMENTO E 
PARCERIA:
• No contrato de arrendamento rural são cedidos uso e o gozo 
do imóvel rural, onde o arrendatário aufere todas as vantagens 
do imóvel, de acordo com o que ficou avençado. 
• Na parceria é cedido apenas o uso específico do imóvel rural.
• O pagamento do arrendamento é ajustado em quantia certa (em 
dinheiro), como valor certo.
• Na parceria, parceiro outorgante e parceiro outorgado partilham o 
resultado obtido.
• No arrendamento, os riscos correm por conta do arrendatário; 
• Na parceria rural, espécie de sociedade, os riscos correm por 
conta das duas partes, podendo ocorrer a partilha de prejuízos.
• FORMA DOS CONTRATOS:
 
• Tanto escrita como verbal, de forma expressa ou tácita (art. 92). 
• Para maior garantia, convém que os contratos sejam escritos. 
• Nos contratos verbais subentende-se estarem presentes todas as 
cláusulas e condições obrigatórias estabelecidas em lei. 
• O contrato agrário pode ser provado exclusivamente por 
testemunhas, independentemente do seu valor.
• PRAZOS MÍNIMOS LEGAIS:
• Os contratos de arrendamento e de parceria podem ser celebrados por 
prazo determinado ou indeterminado. 
• De qualquer forma é obrigatória a observância dos prazos mínimos 
estabelecidos na lei. 
• Sendo de prazo indeterminado, não pode ser extinto antes deste prazo 
mínimo estabelecido na lei, presumindo-se feito pelo prazo mínimo 
de 3 anos.
• O artigo 95, I e II e o art. 96, I do Estatuto da Terra fixam o prazo 
mínimo de 3 anos para os contratos de arrendamento e de 
parceria, com a garantia de prorrogação até a ultimação da colheita. 
• A mesma regra vem estabelecida nos artigos 21 e 37 do 
Regulamento. 
• O art. 13, II do Regulamento ( Decreto nº 59.566/66), assim 
estabelece: 
• Prazo mínimo de 3 anos de arrendamento para lavoura temporária 
e/ou pecuária de pequeno e médio porte (art. 13,II,a); 
• prazo mínimo de 5 anos, nos casos de arrendamento em que 
ocorram atividades de exploração de lavoura permanente e ou de 
pecuária de grande porte para cria, recria, engorda ou extração de 
matérias primas de origem animal ; 
• prazo mínimo de 7 anos, nos contratos em que ocorra atividade de 
exploração florestal.
• Os prazos mínimos têm a finalidade de proteger o arrendatário ou o 
parceiro-outorgado e de evitar o mau uso da terra. 
• Neste sentido, quanto maior a duração do contrato, maior será a 
possibilidade de obtenção de renda pelo contratado e, ao mesmo 
tempo, este se preocupará mais com a preservação ambiental no 
imóvel objeto do contrato.
• ALGUNS EXEMPLOS DE CONTRATOS:
• 1. Contratos no agronegócio – posse e propriedade:
• a) Arrendamento rural e a parceria rural (contratos agrários 
típicos – art. 95 e 96 do Estatuto da Terra);
• b) Comodato rural (contrato agrário atípico – Código Civil);
• c) Arrendamento rural de imóveis públicos (art. 94 do Estatuto da 
Terra);
• d) Compra e venda de imóveis agrários (multipropriedade – Lei 
n. 13.777/2018 – art. 1.358-B e seguintes do Código Civil).
• 2. Contratos no agronegócio – agroindustriais, integrativos e 
cooperativos:
• a) Contrato de fornecimento de cana-de-açúcar (Regulamento 
CONSECANA);
• b) Contratos de integração entre agroindústrias e produtores 
rurais (Lei n. 13.288/2016);
• c) Contratos cooperativos de integração vertical.
• 3. Contratos no agronegócio – associativos e mercantis:
• a) Contratos associativos (art. 14 do Estatuto da Terra);
• b) Condomínios ou consórcios agrários (entidades associativas 
por cotas);
• c) Franquia empresarial rural;
• d) Outros contratos comerciais (exemplos: compra e venda de 
soja, seguro, transporte, konw-how, distribuição, take-or-pay, 
etc.).
• PRORROGAÇÃO DOS CONTRATOS
• A prorrogação tem por finalidade assegurar ao arrendatário e ao 
parceiro outorgado os resultados do negócio, dilatando-se o prazo 
estipulado, nas mesmas condições, por atraso na colheita, no abate 
dos animais ou na parição do rebanho.
• RENOVAÇÃO DOS CONTRATOS E DIREITO DE 
PREFERÊNCIA:
 
• A renovação consiste na repetição do contrato entre as mesmas 
partes, repetindo-se as condições anteriores.
 
• Não havendo prazo de duração estipulado para o contrato, subentende 
parte da doutrina que, após o decurso do prazo mínimo legal, sem que 
haja notificação no prazo certo para a extinção do contrato, este se 
renova nas mesmas condições para mais um prazo mínimo 
estabelecido em lei. 
• Para outros, uma vez ultrapassado o prazo mínimo da lei, é 
possível, a qualquer tempo, o encerramento do contrato, com a 
notificação pelo proprietário, com antecedência mínima de 6 
meses.
• Arrendatário e parceiro outorgado têm preferência em igualdade de 
condições com terceiros, para a renovação do contrato. 
• Neste sentido, havendo proposta oferecida por terceiro, o 
arrendatário ou o parceiro outorgado, deve ser notificado desta 
intenção e das condições da oferta, no prazo de 6 meses antes do 
vencimento do contrato (art. 95,IV do ET), tendo, após notificado, 
30 dias para requerer a sua preferência, sendo que o silêncio é 
traduzido em renúncia do exercício deste direito.
• ALIENAÇÃO DO IMÓVEL:
 
• Em caso de alienação do imóvel, a lei (art. 92, § 3º do ET) garante o 
direito de preferência ao arrendatário, nas mesmas condições, para a 
aquisição do imóvel. 
• Entende-se que esta garantia também é extensiva à parceria, por 
exegese do disposto no artigo 96,VII do ET, uma vez que manda 
aplicar à parceria.
• Para o exercício do direito de preferência, o proprietário deverá 
dar conhecimento, mediante notificação, do teor da proposta de 
aquisição (preço e demais condições) oferecida por terceiro. 
• Notificado, o ocupante do imóvel terá o prazo de 30 dias para se 
manifestar quanto ao seu interesse, sendo que o silêncio importa 
em renúncia tácita.
• EXTINÇÃO DOS CONTRATOS: (art. 26 a 34 do Dec. 59.566/66).
• Causas de extinção:
• Término do prazo contratual - não tendo ocorrido a renovação do 
mesmo por falta de iniciativa do arrendatário ou parceiro-outorgado, 
ou por não ter exercido o seu direito de preferência. Não havendo 
interesse na renovação, oarrendatário ou parceiro outorgado deverá 
notificar o outro contratante, no prazo dos 30 dias entre os 6 meses e 
os 5 meses antes do término do prazo do contrato.
• Por efeito de retomada: quando o arrendador ou 
parceiro-outorgante quer o imóvel para cultivo próprio ou através 
de descendente seu ( art. 22, § 2º e art. 26,II do Decreto 
59.566/66). A retomada depende de notificação ao arrendatário ou 
parceiro-outorgado até seis meses antes do vencimento do 
contrato, caso contrário, o contrato se renova automaticamente.
• Por efeito de confusão: quando a mesma pessoa passa à posição 
de arrendador e arrendatário ou parceiro-outorgante e 
parceiro-outorgado.
• Pelo distrato: é o acordo de vontades mediante o qual as partes 
põe fim ao contrato.
• Por rescisão: dá-se por vontade e iniciativa de uma das partes, 
nos casos de inadimplemento de obrigação contratual e de 
inobservância de cláusula asseguradora dos recursos naturais, o 
que permite à outra parte cobrar indenização por perdas e danos. 
• Por resolução ou extinção do direito do arrendador ou do 
parceiro-outorgante: é possível ocorrer nos casos de 
propriedade resolúvel, com o advento da causa resolutiva.
• Por motivo de forca maior: ocorrência de fato imprevisto e 
impossível de ser evitado.
• Por sentença judicial irrecorrível: podendo ocorrer nos casos de 
anulação de contrato por vício de origem.
• Pela perda do imóvel rural: desaparecimento com vulcão, ou por 
inundação.
• Em virtude de desapropriação: em qualquer de suas 
modalidades, ficando garantido ao arrendatário ou 
parceiro-outorgado o direito à redução proporcional da renda ou a 
rescindir o contrato, em caso de desapropriação parcial.
• Por morte do arrendatário.
• Por cessão do contrato sem prévio consentimento do 
arrendador ou parceiro outorgante.
• Por falta de pagamento do aluguel ou renda: assegura o 
despejo, permitido ao arrendatário a purga da mora.
• Por dano causado à gleba ou às colheitas, desde que 
caracterizado o dolo ou a culpa do arrendatário ou do outorgado, 
caso em que cabe ação de despejo.
• Por causa de mudança na destinação do imóvel: ex. destruindo 
o capim (pecuária) para desenvolver a agricultura.
• Por abandono do cultivo: quando arrendatário ou 
parceiro-outorgado deixa de cumprir sua obrigação no trato da 
terra e o cuidado com a produção.
• Direito à indenização por perdas e danos, benfeitorias (e 
plantações).
• Nos termos do artigo 95,VIII do ET, o arrendatário, ao término 
do contrato, tem direito à indenização das benfeitorias 
necessárias e úteis que edificou. 
• Segundo a lei, apenas as benfeitorias voluptuárias dependem de 
prévia autorização do proprietário para que gerem direito à 
indenização.
• As benfeitorias necessárias são aquelas destinadas à reparação de 
defeitos e conservação das coisas, das instalações, construções e 
equipamentos. 
• As benfeitorias úteis são as que melhoram o uso e aproveitamento 
do imóvel para os fins do próprio contrato. 
• As benfeitorias voluptuárias são aquelas relacionadas com o 
embelezamento do lugar e aquelas que visam garantir mais 
conforto, porém não diretamente relacionadas ao uso do 
empreendimento conforme o objeto do contrato. (art. 24 do Dec. 
Nº 59.566/66)
• Direito de retenção:
• Na extinção dos contratos, seja sem o cumprimento do prazo 
garantido por lei, como nos casos de edificação de benfeitorias, o 
arrendatário, assim como o parceiro-outorgado, podem exercer o 
direito de retenção do imóvel até serem indenizados pelas 
benfeitorias, conforme estabelece a parte final do inciso VIII do 
artigo 95 do ET. O §1º do art. 25 do Decreto nº 59.566/66 reafirma 
este direito de retenção.
• O direito de retenção pode ser pleiteado em juízo e deferido 
liminarmente. Com isso, o contratado fica no imóvel até que se 
apure o valor das benfeitorias e lhe seja efetuado o pagamento.
TERRAS DEVOLUTAS
• São terras pertencentes ao Poder Público, mas que não tem uma 
destinação pública definida, pois não estão sendo utilizadas pelo 
Estado. 
• O conceito de terras devolutas é residual, ou seja, as terras que não 
estão incorporadas ao domínio privado nem têm uma destinação a 
qualquer uso público são consideradas terras devolutas. Maria Sylvia 
Zanella Di Pietro (2009, p. 714) 
• O domínio sobre terras devolutas é: 
• a) da União nas áreas elencadas no art. 20, inciso II, CF: as terras 
devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e 
construções militares, das vias federais de comunicação e à 
preservação ambiental, definidas em lei.
• b) do Estado onde estão situadas, conforme o art. 26, inciso IV, 
CF; 
• IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 
• c) do Município se o Estado transferir o domínio. 
• A Lei de Terras - Lei n.º 601, de 18 de setembro de 1850, define, o 
que são terras devolutas
• Art. 3º São terras devolutas: 
• §1º As que não se acharem aplicadas a algum uso público, nacional, provincial ou nacional; 
• § 2º As que não se acharem no domínio particular por qualquer título, nem forem havidas por 
sesmarias e outras concessões do Governo Geral ou Provincial, não incursas em comisso por 
falta de cumprimento das condições de mediação, confirmação e cultura; 
• § 3º As que se acharem dadas por sesmarias ou outras concessões do Governo que, 
apesar de incursas em comisso, fossem revalidadas por esta Lei; 
• § 4º As que não se acharem ocupadas por posses que, apesar de não se fundarem em 
título legal, forem legitimadas por esta Lei.
• Segundo o artigo 3º descrito, são terras devolutas as que não se 
acharem aplicadas a algum uso público nacional, provincial ou 
municipal; 
• As que não se acharem no domínio particular por qualquer título 
legítimo, nem forem havidas por sesmarias e outras concessões 
do governo geral ou provincial, não incursas em comisso por 
falta de cumprimento das condições de medição, confirmação e 
cultura; 
• As que não se acharem dadas por sesmarias ou outras 
concessões do governo e apesar de não se fundarem em título 
legítimo, forem legitimados por esta lei
• Já o artigo 5º do Decreto-lei 9.760/46 tem uma definição mais ampla, 
onde, seriam devolutas, na faixa de fronteira, nos Territórios Federais 
e no Distrito Federal, as terras que, não sendo próprias nem aplicadas 
a algum uso público federal, estadual ou municipal, não se 
incorporarem domínio privado: 
• a) por força da lei n.º 601, 18.09.1850, Decreto n.º 1.318, de 
30.1.1854, e outras leis de decretos gerais, federais e estaduais; 
• b) em virtude de alienação, concessão ou reconhecimento por 
parte da União ou dos Estados; 
• c) em virtude de lei ou concessão emanada de governo 
estrangeiro e ratificada ou reconhecida, expressa ou 
implicitamente, pelo Brasil, em tratado ou convenção de limites; 
• d) em virtude de sentença judicial com força de coisa julgada; 
• e) por se acharem em posse contínua e incontestada com justo 
título e boa-fé, por termo superior a 20 anos; 
• f) por se acharem em posse pacífica e ininterrupta, por 30 anos, 
independentemente de justo título e boa-fé; 
• g) por força de sentença declaratória nos termos do artigo 148 da 
Constituição Federal de 1937. 14, classificam-se como bens 
dominicais. 
• TERRAS DEVOLUTAS DA UNIÃO
• Embora a definição de terra devoluta permaneça a mesma dada 
pela Lei Imperial n. 601/1850, a Constituição da República 
vigente, promulgada em 1988, é que define quais são as terras 
devolutas que pertencem à União. Assim o faz, por seu art. 20, II, 
nos seguintes termos: 
• Art. 20. São bens da União: 
• II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e 
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, 
definidas em lei;
• TERRAS DEVOLUTAS DOS ESTADOS 
• Consigne-se que foi com a Constituição Federal de 24 de 
fevereiro de 1891 que houve transferência de domínio, da União 
para os Estados, das terras devolutas de seus territórios. AConstituição vigente assim dispõe acerca da questão: 
• Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: 
• IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
• Do Processo Discriminatório: 
• O processo discriminatório é aquele destinado a assegurar a 
discriminação e delimitação das terras devolutas da União e dos 
estados-membros, além de separá-las das terras particulares e de 
outras terras públicas.
• A discriminação das terras devolutas da União = Lei nº 6.383, de 
7 dez 76
• Existem duas modalidades de processos discriminatórios: 
• –a efetivada administrativamente 
• –por meio judicial.
• Processo administrativo: 
• É aquele efetivado pela própria administração. 
• - arts. 2º ao 17 da Lei nº 6.383/76 
• Podemos dividi-lo em três fases:
a) Instauração 
b) Instrução 
c) Conclusão
• I- Instauração: 
• O presidente do INCRA está encarregado de criar as Comissões 
Especiais, com circunscrição e sede estabelecidas no ato de criação 
- um advogado do serviço jurídico do INCRA (presidente), um 
engenheiro agrônomo (membro) e um funcionário (secretário), 
ficarão incumbidas de instaurar o processo administrativo 
discriminatório.
• II - Instrução: 
• A) elaboração do memorial descritivo da área; 
• Cabeçalho : Propriedade; Proprietário; Município; Comarca; 
Área; Perímetro; Transcrição e ou matricula do imóvel rural 
objeto do procedimento discriminatório. 
• Descrição do perímetro contendo: 
• Descrição e Localização do ponto inicial, com as respectivas 
coordenadas Referenciada ao Sistema Geodésico Brasileiro, A 
descrição de áreas internas, tais como áreas de preservação 
permanente, de reserva legal e outras, poderá ser de modo corrente, 
ou seqüencial com uma única assinatura do responsável técnico no 
final.
• Relatório Técnico detalhado dos trabalhos executados contendo 
informações sobre:
• – Metodologia , 
• – Objeto: Finalidade; Período de Execução; Localização; 
Origem (datum); Ocupantes, ETC. 
• Poderá o INCRA, a qualquer tempo, promover vistorias.
• B) convocação, por edital, com prazo de 60 (sessenta) dias, dos 
interessados para apresentarem seus títulos dominiais ou 
alegarem aquilo do seu interesse.
• C) autuação da documentação recebida de cada interessado e 
tomadas por termo as declarações dos interessados e depoimentos 
das testemunhas se houverem previamente sido arroladas;
• D) vistoria para identificação do imóvel; 
• E) pronunciamento sobre as alegações, títulos de domínio, 
documentos dos interessados e boa-fé das ocupações; 
• F) levantamento geodésico e topográfico das terras objeto de 
discriminação bem como sua demarcação. 
• Excluídas, nessa demarcação, estarão as áreas particulares 
devidamente comprovadas.
• III- Conclusão: 
• Encerrada a demarcação, será lavrado termo de encerramento da 
discriminação administrativa e levado a registro, pelo INCRA, em 
nome da União, no Registro Civil de Imóveis.
• Processo Judicial: 
• Legitimidade Ativa: 
• É da incumbência do INCRA promover a ação discriminatória da 
União (art. 18, LAC);
• Cabimento:
• – I) quando o processo administrativo for dispensado ou 
interrompido por absoluta ineficácia; (art. 19, I) 
• – II) contra aqueles que não atenderem ao edital de convocação 
ou notificação; (art. 14) 
• – III) quando ocorrer alteração de divisas, ou transferências de 
benfeitorias a qualquer título, sem assentimento da União 
(atentado) (arts. 19, II, 24 e 25);
• Competência: 
• Sendo parte autora uma autarquia federal (o INCRA), a 
competência para processar e julgar processo discriminatório de 
terras devolutas da União é da Justiça Federal.
• Procedimento: 
• O rito do processo discriminatório judicial será o comum sumário, 
como previsto no art. 20 da Lei 6.383/76. 
• Ônus da Prova na Ação Discriminatória:
• Em regra o ônus da prova é do demandado, ele que deve 
comprovar seu domínio, apresentando seus respectivos títulos 
dominiais, possuindo como critérios para que a área seja 
considerada de domínio privado.

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