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Desapropriação: Procedimento e Requisitos

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1 DESAPROPRIAÇÃO 
 
 Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a desapropriação é o procedimento 
administrativo pelo qual o Poder Público ou seus delegados mediante prévia 
declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, impõe ao 
proprietário a perda de um bem, substituindo-o por justa indenização. Entende-se 
com isso, que a desapropriação é a transferência de uma propriedade particular 
para o Poder Estatal, mediante um pagamento justo e prévio de indenização. Nesse 
sentido, prevalece o interesse público sobre o particular, a fim de atender as 
necessidades coletivas. 
 Para que possa ser realizada a desapropriação, devem ser seguidos alguns 
requisitos, tendo, primeiramente, que ser fundamentada pelo Poder Público, 
devendo ser por interesse público, necessidade ou utilidade publica, ou por interesse 
social, conforme trás a Constituição Federal de 1988 no seu artigo 5º, inciso XXIV. 
 A desapropriação possui duas fases: a declaratória e a executória. A fase 
declaratória é a etapa administrativa, onde é dada uma declaração pública, a qual 
individualiza o bem a ser desapropriado, sendo este publicado em Imprensa Oficial, 
contendo a descrição do bem e a finalidade da desapropriação, para que não haja 
qualquer dúvida sobre o objeto a ser expropriado. A fase executória corresponde às 
providências concretas para efetivar a transferência do bem do particular ao Poder 
Público, consubstanciada na declaração de utilidade pública, a qual se subdivide em 
executória judicial que se inicia no momento em que a administração arbitra o valor 
da indenização e a extrajudicial, que ocorre quando o expropriante e expropriado 
acordam sobre o preço do bem a ser desapropriado compulsoriamente, operando-
se, então, sem intervenção do poder judiciário. 
 
2 TIPOS DE DESAPROPRIAÇÃO 
 
 Existem dois tipos de desapropriação, a primeira, é a desapropriação 
ordinária, aquela que ocorre quando tem uma necessidade pública, utilidade pública 
ou interesse social para com o bem, correspondendo aos princípios da precedência, 
justiça e pecuniariedade, devendo ser previa, justa, e em dinheiro, como por 
exemplo, no caso onde a prefeitura desapropria um terreno para a construção de um 
posto de saúde. A segunda será a desapropriação extraordinária, ela ocorrerá 
quando o bem descumprir a sua função social, seja na área urbana para fim de 
seguimento ao plano diretor ou para fim de reforma agraria. 
 
3 PARTES 
 
 Elas serão chamadas de agente expropriante (Poder Público) e de agente 
expropriado (indivíduo, pessoa física ou jurídica que sofra a desapropriação). Nos 
casos de desapropriação rural, vale ressaltar, que o expropriante será sempre a 
União, podendo o mesmo delegar sua função a outro órgão da administração 
indireta, como o INCRA. 
 
4 CONTESTAÇÃO 
 
 O artigo 20 do Decreto-Lei nº 3.365/1941 diz que: “a contestação só poderá 
versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra 
questão deverá ser decidida por ação direta”, em outras palavras, qualquer outra 
questão que não esteja vinculada com essas duas opções, deverá ser tratada na via 
ordinária, porém, quase todas as contestações nas ações de desapropriação versam 
sobre uma impugnação do preço. 
 
5 PROVA 
 
 Será marcada pelo juiz uma audiência para ouvir as partes e as testemunhas, 
podendo requerer perícia, inspeção judicial, documentos, além de todos os outros 
meios lícitos, para formar o seu convencimento, a parte autora deverá comprovar a 
posse de mais de cinco anos, a quantidade de pessoas favorecidas pela medida, a 
realização de obras e serviços de relevante valor social e econômico. A parte ré 
deverá comprovar a má fé dos autores ou o cumprimento da função social de seu 
imóvel, podendo então desautorizar a decretação da desapropriação. A sentença 
estará sujeita ao duplo grau de jurisdição, só vindo a servir de título aquisitivo de 
propriedade, após o seu trânsito em julgado. Será levado em consideração o valor 
do imóvel, as benfeitorias realizadas, de acordo com avaliação de perícia própria, a 
fim de identificar o justo valor devido, para só assim determinar a indenização. 
 
6 SENTENÇA 
 
 Será proferida pelo juiz a sentença e a arbitragem do valor da indenização a 
ser paga ao expropriado. O processo será despachado a Segunda Instância casa 
haja recurso, ou seja, para o Tribunal de Justiça onde toda a matéria será 
reapreciada por Desembargadores. Após o esgotamento dos recursos e transitada 
em julgada a sentença, ocorrerá o levantamento da diferença dos oitenta por cento, 
ou seja, vindo por cento do saldo restante da indenização, o que complementará a 
indenização final. 
 
7 DESISTÊNCIA 
 
 Haverá um interesse da Administração em determinado momento, podendo 
então, deixar de existir em outro momento sucessivo, tornando-se desinteressante 
para ela uma perseguição de sua natureza expropriatória. Veja a Administração 
Pública na contingência de desistir da desapropriação nessa situação. Desde modo, 
ajuizada a ação expropriatória, não mais subsistindo os motivos que provocam um 
processo judicial, poderá o expropriante, requerer sua desistência de forma 
unilateral, a qualquer momento, enquanto não se faz uma incorporação do bem ao 
seu patrimônio. 
Vale registrar que a desistência da desapropriação só não será possível 
depois de pagar a indenização pelo Poder Público e adjudicado o imóvel ao 
patrimônio público. No curso da ação de desapropriação, a desistência unilateral não 
pode ser recusada, devendo ser ressaltada em favor do ressarcimento dos prejuízos 
de forma acurada com o expropriatório, com o intuito de ressaltar o uso da lei de uso 
e gozo do proprietário. 
 
8 DA IMISSÃO PROVISÓRIA DA POSSE 
 
 É instituto pertencente à desapropriação. Consistirá para o titular do domínio, 
à perda antecipada da posse do bem desapropriado, possível, mediante autorização 
judicial, quando o poder expropriante declara a urgência da posse e deposita 
determinada importância em juízo, em favor do proprietário. 
 O artigo 15 da lei de desapropriações (Decreto-lei 3.365/41), parágrafo 1º, 
definirá a forma de cálculo do valor a ser depositado pelo poder público como 
requisito para obtenção da imissão provisória na posse. Serão apresentados quatro 
critérios, onde um será utilizado na falta do anterior, os dois primeiros levam em 
consideração o valor locativo do bem, o terceiro corresponderá ao valor cadastral 
para fins de imposto territorial, urbano ou rural, desde que atualizado no ano 
anterior, e o quarto, é fixado pelo juiz, tendo em vista a época em que houver sido 
fixado originariamente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior 
do imóvel. 
 Não será admitida em nenhum desses critérios a impugnação pelo 
expropriado, e em nenhuma das hipóteses será respeitado o princípio do devido 
processo legal. Embora o proprietário seja titular do direito de propriedade e 
protegido pela imposição de que a desapropriação se faça mediante prévia e justa 
indenização, acabará perdendo a posse, logo no início da lide, mediante o 
levantamento de parte de até oitenta por cento do valor depositado, que muitas 
vezes é insuficiente para adquirir outro imóvel ou, pelo menos outro imóvel de valor 
de mercado igual ou aproximado do anterior. 
 
9 DO DIREITO DE EXTENSÃO 
 
 O direito de extensão é o direito do desapossado de solicitar que a 
desapropriação e toda a indenização alcance o bem total quando remanescente 
constar desprovido de conteúdo econômico, ou seja, ocorrerá no caso de 
desapropriação parcial quando a parte que constar remanescente fica praticamente 
inútil. 
O artigo que dispõe sobre este conceito está presente na LC 76/93, que traz 
em seu Art. 4º: 
 
Art. 4º Intentada a desapropriação parcial, o proprietário poderá requerer, na 
contestação, a desapropriação de todo o imóvel, quando a área 
remanescente ficar: 
I - reduzidaa superfície inferior à da pequena propriedade rural; ou II -
prejudicada substancialmente em suas condições de exploração 
econômica, caso seja o seu valor inferior ao da parte desapropriada. (Art. 4º 
LC 76/93) 
 
Quando houver possibilidade de acordo o requerimento deve ser solicitado via 
processo administrativo, quando não for firmado acordo exige-se a via judicial. 
10 DA RETROCESSÃO 
 
A doutrina divide-se em três correntes para abarcar completamente a 
definição do direito, definindo-se como um direito real seguindo todas as regras e 
consequências de um direito vinculado a esta natureza. 
Em contrapartida, alguns doutrinadores defendem a natureza do direito 
pessoal, baseando no Art. 519 do Novo Código Civil que diz: 
 
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade 
pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se 
desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao 
expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa. (Art.519, 
Código Civil) 
 
Há também a vertente que define tal direito como sendo de natureza mista, ou 
seja, em partes direito real e em outras, direito pessoal; sendo assim, cabe ao 
expropriado escolher entre a ação de preferência de natureza real e ação de perdas 
e danos. 
A partir disso, a orientação dos Tribunais Superiores reconhece a natureza de 
direito real da retrocessão, sendo possível entender que o direito a retrocessão, 
enquanto direito real, só se caracteriza quando o Estado não der a destinação 
determinada no ato expropriatório e também quando não atender a outra finalidade 
pública. Nesse caso, pode o particular solicitar o bem de volta, salvo se ele já estiver 
vinculado ao patrimônio público, o que o impediria pelo Art. 35 do Decreto-Lei nº 
3365/41 resolvendo a situação com a cominação de perdas e danos. 
 
11 DA DESAPROPRIAÇÃO RURAL 
 
Tida como desapropriação-sanção, a desapropriação rural é uma espécie de 
meio punitivo para as terras e/ou propriedades que deixam de cumprir ou não 
cumprem sua função social, ou seja, terra e/ou propriedades ociosas e/ou não 
produtivas. Vale ressaltar que a função social da propriedade é um conceito 
intrínseco à propriedade privada, ao passo que o proprietário deverá cumprir um 
dever social que, assim como o instituto da desapropriação, é previsto pelo artigo 5° 
da Constituição Federal de 1988, em seu inciso XXIII que diz que “a propriedade 
atenderá a sua função social”. 
De acordo com Soares (2010) o debate sobre a reforma agrária no Brasil 
busca estabelecer uma relação sadia entre o sujeito, a propriedade e o uso da 
mesma, buscando promover o desenvolvimento econômico do país, bem como o 
bem-estar do produtor rural, a fim de extinguir o minifúndio e o latifúndio no país. 
No que tange a função social, 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural 
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência 
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento 
racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais 
disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das 
disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que 
favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. (BRASIL, 
1988) 
Nesse sentido, a desapropriação rural é uma das formas de desapropriação 
por interesse social e é de competência exclusiva da União. 
A partir do entendimento da função social da propriedade que é previsto em 
constituição e também pelo Estatuto da Terra, entende-se que somente as 
propriedades improdutivas e/ou ociosas estão passíveis de desapropriação por 
interesse social para fins de reforma agrária. 
O Estatuto da Terra (lei n° 4504/64) discrimina também as hipóteses em que 
a desapropriação está autorizada, ou seja, discrimina os objetivos da 
desapropriação: 
Art. 18. À desapropriação por interesse social tem por fim: 
a) condicionar o uso da terra à sua função social; b) promover a justa 
e adequada distribuição da propriedade; c) obrigar a exploração 
racional da terra; d) permitir a recuperação social e econômica de 
regiões; e) estimular pesquisas pioneiras, experimentação, 
demonstração e assistência técnica; f) efetuar obras de renovação, 
melhoria e valorização dos recursos naturais; g) incrementar a 
eletrificação e a industrialização no meio rural; h) facultar a criação de 
áreas de proteção à fauna, à flora ou a outros recursos naturais, a fim 
de preservá-los de atividades predatórias. (BRASIL, 1964) 
É possível notar que neste tipo de desapropriação, o interesse coletivo está 
pontuado no fato que a produtividade a fim de reduzir a desigualdade social 
sobrepõe o direito à propriedade, ao passo que desapropria o bem que se encontra 
ocioso em mãos privadas para transformá-lo em bem produtivo em mãos públicas. 
Em suma, somente as grandes propriedades improdutivas estão passíveis de 
desapropriação rural. A sanção será executada exclusivamente pela União, através 
de seu órgão executor da reforma agrária, o Instituto Nacional de Colonização e 
Reforma Agrária – INCRA. 
Esta execução se dará a partir da competência da fase declaratória e da fase 
executória, previstos pela Lei Complementar n° 76/93 que dispões sobre o processo 
de desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária: 
Art. 2º A desapropriação de que trata esta lei Complementar é de 
competência privativa da União e será precedida de decreto 
declarando o imóvel de interesse social, para fins de reforma agrária: 
§ 1º A ação de desapropriação, proposta pelo órgão federal executor 
da reforma agrária, será processada e julgada pelo juiz federal 
competente, inclusive durante as férias forenses; § 2º Declarado o 
interesse social, para fins de reforma agrária, fica o expropriante 
legitimado a promover a vistoria e a avaliação do imóvel, inclusive 
com o auxílio de força policial, mediante prévia autorização do juiz, 
responsabilizando-se por eventuais perdas e danos que seus agentes 
vierem a causar, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. Art. 3º A 
ação de desapropriação deverá ser proposta dentro do prazo de dois 
anos, contado da publicação do decreto declaratório. (BRASIL, 1993) 
No que tange as características deste processo, esta lei complementar trás as 
seguintes disposições: 
Art. 18. As ações concernentes à desapropriação de imóvel rural, por 
interesse social, para fins de reforma agrária, têm caráter preferencial 
e prejudicial em relação a outras ações referentes ao imóvel 
expropriando, e independem do pagamento de preparo ou de 
emolumentos: § 1º Qualquer ação que tenha por objeto o bem 
expropriando será distribuída, por dependência, à Vara Federal onde 
tiver curso a ação de desapropriação, determinando-se a pronta 
intervenção da União; § 2º O Ministério Público Federal intervirá, 
obrigatoriamente, após a manifestação das partes, antes de cada 
decisão manifestada no processo, em qualquer instância. (BRASIL, 
1993) 
O processamento desta desapropriação, regido por esta lei complementar, se 
dará em sete estágios, que são eles a petição inicial, contendo a verificação do 
cumprimento dos requisitos para desapropriação, uma cópia do decreto de interesse 
social, as certidões atualizadas da propriedade, do documento cadastral 
regulamentado pelo INCRA, o laudo de vistoria e avaliação administrativa e o 
comprovante de lançamento dos Títulos da Dívida Agrária. 
Art. 5º A petição inicial, além dos requisitos previstos no Código de 
Processo Civil, conterá a oferta do preço e será instruída com os 
seguintes documentos: I - texto do decreto declaratório de interesse 
social para fins de reforma agrária, publicado no Diário Oficial da 
União; II - certidões atualizadas de domínio e de ônus real do imóvel; 
III - documento cadastral do imóvel; IV - laudo de vistoria e avaliação 
administrativa, que conterá, necessariamente: a) descrição do imóvel, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm
por meio de suas plantas geral e de situação, e memorial descritivo 
da área objeto da ação; b) relação das benfeitorias úteis, necessárias 
e voluptuárias, das culturas e pastos naturais e artificiais, da 
cobertura florestal, seja natural ou decorrente de florestamento ou 
reflorestamento, e dos semoventes; c) discriminadamente, os valores 
de avaliação da terra nua e das benfeitorias indenizáveis. V - 
comprovante de lançamento dos Títulos da Dívida Agrária 
correspondente ao valor ofertado para pagamento de terra nua 
(Incluído pela Lei Complementar nº 88, de 1996); VI - comprovante de 
depósito em banco oficial, ou outro estabelecimento no caso de 
inexistência de agência na localidade, à disposição do juízo, 
correspondente ao valor ofertado para pagamento das benfeitorias 
úteis e necessárias (Incluído pela Lei Complementar nº 88, de 1996). 
(BRASIL, 1993) 
Após a petição inicial, seguirá o despacho do juiz, que de acordo com o art. 6° 
da lei complementar em questão, “deverá ser feito no prazo máximo de quarenta e 
oito horas”. Segue o processamento por via da contestação (art. 9°), instrução, 
acordo sobre o preço (art. 10), audiência de instrução e julgamento e, por fim, 
apelação e seus efeitos (art. 11, 12 e 13). 
Observada sua relevância social, a questão da desapropriação de imóvel rural 
deve ser vigiada também pela sociedade civil, ao passo que está diretamente ligada 
ao direito à propriedade que está previsto na constituição brasileira e também por se 
tratar de uma ação Estatal que deve visar majoritariamente o interesse social e o 
bem-estar coletivo. 
 
12 DA DESAPROPRIAÇÃO URBANA 
 
De acordo com Dayrell (2015) o ato de desapropriação está fortemente ligado 
à noção de supremacia do interesse público sobre o privado, que visa atender ao 
interesse coletivo. É também um instrumento de política urbana, visto que a 
propriedade que se localiza em área integrante do processo de urbanização está 
remissa a cumprir sua função social. 
A este respeito, é afirmado por Meirelles (2012): 
A desapropriação é o moderno e eficaz instrumento de que se vale o 
Estado para remover obstáculos à execução de obras e serviços 
públicos; para propiciar a implantação de planos de urbanização; para 
preservar o meio ambiente contra devastações e poluições; e para 
realizar a justiça social, com a distribuição de bens inadequadamente 
utilizados pela iniciativa privada. (MEIRELLES, 2012) 
 A função social da propriedade urbana é dada pelo art. 182, Constituição 
Federal de 1988, que prevê: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp88.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp88.htm#art1
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder 
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por 
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da 
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes: § 1º O plano 
diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades 
com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política 
de desenvolvimento e de expansão urbana; § 2º A propriedade 
urbana cumpre sua função social quando atende às exigências 
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor; § 
3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e 
justa indenização em dinheiro; § 4º É facultado ao Poder Público 
municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, 
exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não 
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado 
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou 
edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e 
territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com 
pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão 
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de 
até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados 
o valor real da indenização e os juros legais. (BRASIL, 1988) 
O Serviço Público também pode ter exigências para alguns de seus edifícios 
ou terrenos, principalmente em relação à localização, sendo assim, quando as 
necessidades de serviço obrigam a Administração a se fixar em determinado imóvel, 
pode-se abrir mão da locação ou compra e se valer da desapropriação. 
Em seu artigo 5°, a lei da desapropriação prevê as hipóteses de 
desapropriação para fins urbanísticos nos seguintes termos: 
Art. 5
o
 Consideram-se casos de utilidade pública: [...] e) a criação e 
melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular 
de meios de subsistência; [...] i) a abertura, conservação e 
melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos 
de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para 
sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção 
ou ampliação de distritos industriais; [...] j) o funcionamento dos meios 
de transporte coletivo; k) a preservação e conservação dos 
monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em 
conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a 
manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou 
característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais 
particularmente dotados pela natureza; [...] m) a construção de 
edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios; n) a 
criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para 
aeronaves; [...] (BRASIL, 1941) 
 Nesse sentido, encontra-se na doutrina duas formas de desapropriação para 
imóveis urbanos: ordinária e sancionadora. A desapropriação ordinária se dá sempre 
em razão de necessidade ou utilidade pública, ou perante interesse social, a ser 
declarada em ato próprio e precedida de justa indenização em dinheiro. 
A desapropriação sancionadora para fins urbanísticos recai, como forma de 
repressão, sobre aqueles proprietários que não cumprem o ônus urbanístico, ou 
seja, que descumprem a função social da propriedade urbana. Esta somente pode 
ser aplicada pelo Poder Público municipal e incide apenas em área urbana 
delimitada por lei específica e contida no plano diretor. Conforme o art. 182, §4º da 
Constituição Federal, esta forma de desapropriação só pode ser aplicada após 
prévias tentativas de parcelamento ou edificação compulsórias, aplicação do 
imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo, e o 
pagamento é feito mediante títulos da dívida pública de emissão previamente 
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em 
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os 
juros legais. 
Os bens expropriados têm o Poder Público e seus delegados como 
destinatários, por estes serem os detentores do interesse público. Mas há casos 
em que esses bens podem ainda ser repassados a particulares, quando esta é, 
precisamente, a finalidade da desapropriação. Pode ocorrer, por exemplo, 
desapropriação por zona, na desapropriação para urbanização e nas 
desapropriações por interesse social, que visem a distribuição da propriedade com 
o adequado condicionamento, para que ocorra um melhor desempenho de sua 
função social, garantida em princípio constitucional propulsor da ordem econômica, 
do desenvolvimento nacional e da justiça social (CF, arts. 5º, XXIII, e 170, III). 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXII - é 
garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a 
sua função social; [...] Art. 170. A ordem econômica, fundada na 
valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim 
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiçasocial, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - 
propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre 
concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio 
ambiente; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - 
busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as 
empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte. 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer 
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei. (BRASIL, 1988) 
 
A fim de promover o ordenamento social e um bom planejamento urbanístico, 
a desapropriação urbana se difere das demais no sentido de se caracterizar como 
uma política social urbana, não sendo apenas uma ação de transferência de 
propriedade do privado para o público, mas também cumprindo o papel de 
atendimento da função social no meio urbano, para promover o desenvolvimento 
deste meio. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Este estudo bibliográfico foi baseado pelas legislações vigentes, doutrinas e 
jurisprudências acerca da desapropriação e seus desdobramentos, possibilitando 
compreender o instituto da desapropriação desde seus conceitos até seus tipos 
requisitos e execuções, explicitando a importância deste instituto no tocante ao bem-
estar coletivo, tanto no que diz respeito à reforma agrária quanto na execução 
enquanto política pública urbanística. 
Ficou clara relevância da função social das propriedades dentro do 
ordenamento social e como ele influencia diretamente na ordem coletiva, bem como 
as consequências do seu não cumprimento. É possível notar também, de modo 
subentendido, que até mesmo ações em prol do coletivo estão passíveis de 
corrupção ou má administração, como é o caso da desapropriação indireta. Por esse 
motivo, é indispensável que se faça vigia dessas ações a fim de suprimir a má 
administração, bem como fortalecer a fiscalização legal e social, por parte do 
Judiciário e por parte da sociedade civil, a real execução do Poder Público. 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em: 
<https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constituicao-federal-de-
988>. Acesso em: 28 nov. 2017. 
_______. Decreto lei n° 3.365, de 21 de Junho de 1941. Lei geral da 
Desapropriação no Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3365compilado.htm>. Acesso 
em: 28 nov. 2017. 
_______. Decreto lei n° 4.132, de 10 de Setembro de 1962. Desapropriação por 
interesse social. Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4132.htm>. Acesso em: 28 nov. 2017. 
_______. Decreto lei n° 4.504, de 30 de Novembro de 1964. Estatuto da Terra. 
Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em: 
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