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231PPG0909A_ Roteiro de Estudos

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Neste roteiro de estudos, você terá contato com um conjunto de conceitos relacionados à governança
corporativa e à governança de TI aplicados no mercado corporativo. É importante o entendimento desse tema,
tendo em vista que muitas empresas planejam e implementam processos e mecanismos de controle para suas
atividades, incluindo TI, sendo avaliadas por meio de criteriosos processos de auditoria.
Caro(a) estudante, ao ler este roteiro, você irá:
aprender o conceito de governança corporativa;
re�etir sobre a importância da governança corporativa para as empresas;
conhecer os modelos e as práticas de governança corporativa;
entender a relação entre a governança corporativa e a governança de TI;
conhecer as diversas dimensões da governança e do controle de TI;
entender o alinhamento da TI com os processos estratégicos de negócios;
conhecer alguns modelos adotados para governança de TI.
Introdução
O mundo corporativo tem crescido exponencialmente ao longo da história, ainda mais após a primeira revolução
industrial, expandindo-se, principalmente, por meio de fatores, como o avanço tecnológico, o crescimento da
produção e o desenvolvimento de mercados de capitais. Dentro desse contexto, tornou-se cada vez mais comum
o surgimento das sociedades anônimas ou de capital aberto tendo os acionistas como proprietários da empresa
e com um compromisso da alta administração em relação aos resultados �nanceiros e de desempenho, bem
como da gestão realizada. Para se apoiar em uma organização mais e�ciente dos processos e mecanismos
utilizados para gerir os diversos recursos de uma corporação, assim como se alinhar, de forma transparente,
comas expectativas dos acionistas e stakeholders , é implementada a chamada governança corporativa . Por
meio dela, um controle sobre as atividades realizadas em uma empresa é efetuado, visando a assegurar o
alinhamento com a estratégia e os objetivos de negócio da empresa. Nesse âmago, serão apresentados os
tópicos referentes a esse tema, destacando-se a sua importância e a relação com os processos e métodos de
controle voltados para a governança de Tecnologia da Informação ou governança de TI .
Governança e Controle em TI
Roteiro deRoteiro de
EstudosEstudos
Autor: Me. Marcelo Takashi Uemura
Revisor: Amanda de Britto Murtinho
Responsabilidade Corporativa
O corporativismo é um regime derivado do capitalismo e do cooperativismo que cria a divisão de pessoas em
corporações, as quais representam um grupo de indivíduos que seguem as mesmas regras ou estatutos e
buscam a consecução de objetivos em comum. Segundo Rossetti e Andrade (2019), a relação entre o mundo
corporativo e a sociedade tem se modi�cado fortemente desde os anos 1980, principalmente sob o prisma da
responsabilidade social corporativa. É importante, então, compreender os principais grupos de interesse
envolvidos com as corporações que delimitam a responsabilidade e as ações das organizações corporativas.
Os principais interessados nas corporações, conhecidos como stakeholders , podem ser classi�cados em quatro
grupos:
shareholders : são os proprietários ou investidores (exemplo: sócios, acionistas, cotistas);
internos: são os efetivamente envolvidos com o monitoramento e a geração de resultados (exemplo:
conselho �scal, conselho de administração, direção executiva, auditores internos e independentes);
externos: são as pessoas integradas à cadeia de negócios (exemplo: fornecedores diretos, clientes e
consumidores);
entorno: engloba as categorias não participantes diretamente das cadeias de geração de valor e alcançadas
pelos objetivos corporativos e pelos critérios com que são tomadas as decisões para uma maximização
(exemplo: comunidades locais em que a empresa atua).
Os shareholders são os principais interessados em relação aos ganhos de capital e dividendos da empresa,
objetivando o máximo de retorno �nanceiro. A �m de motivar o alcance desses objetivos na geração de
resultados, são propostos aos componentes internos, como o conselho de administração, direção executiva e,
eventualmente, os empregados, bônus e participações nos lucros, além da remuneração �xa (salários); porém,
para assegurar que as ações sejam executadas da forma correta, dentro da ética empresarial e em conformidade
com as normas regulamentadoras e alinhadas aos objetivos de negócio, mecanismos de controle devem ser
inseridos para mensurar a efetividade das atividades na corporação. Assim, um conjunto de processos para
demonstrar a forma como uma empresa é dirigida, administrada e controlada deve ser implementado, sendo
conhecido como governança corporativa .
De acordo com o IBGC (2015), a governança corporativa deve apresentar os princípios básicos evidenciados na
sequência.
Transparência : disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse.
Equidade : tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas.
Prestação de contas : também com a denominação accountability , os agentes de governança devem
prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo.
Responsabilidade corporativa : os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-
�nanceira das organizações para garantir a longevidade da companhia.
A responsabilidade corporativa está relacionada à ética empresarial. Segundo Fernandes e Abreu (2010), além de
ter uma de�nição expressiva de seus princípios e valores éticos, deve-se buscar a longevidade da empresa por
meio do zelo pela sustentabilidade. Muito se discute sobre a responsabilidade corporativa do ponto de vista
�nanceiro, porém o desenvolvimento sustentável, com foco ambiental, tem crescido rapidamente nos últimos
anos, gerando um impacto positivo na imagem das empresas que realizam tal investimento e controle, cuja
cobrança é realizada pelo mercado e shareholders .
Para um maior aprofundamento sobre a importância da responsabilidade corporativa às empresas, sugerimos o
artigo a seguir.
ARTIGO
Responsabilidade corporativa da Jerónimo Martins: discurso que gera imagem empresarial positiva
Autora : Marta Cardoso de Andrade
Ano : 2019
Comentário : agora, re�ita: qual é a importância da responsabilidade corporativa para a imagem corporativa de
uma empresa dentro do contexto da governança corporativa?
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A seguir, falaremos com mais detalhes sobre a Governança Corporativa mencionada neste tópico.
Governança Corporativa
A governança corporativa está fortemente presente nas corporações, contribuindo para trazer uma maior
transparência para a gestão dessas empresas, principalmente para os seus sócios (acionistas). Ela surgiu na
década de 1980, a partir de um movimento de acionistas e investidores nos Estados Unidos para se protegerem
de abusos feitos pela diretoria executiva das empresas. Alguns exemplos de abusos e fraudes �caram
conhecidos mundialmente, como foi o caso da Enron, gigante americana do setor de energia.
Existem diversas de�nições para governança corporativa, sendo que o IBGC (2015) a de�ne como um
[...] sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e
incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria,
órgãos de �scalização e controle e demais partes interessadas. As boas práticas de governança
corporativa convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses
com a �nalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização,
facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão da organização,
sua longevidade e o bem comum (IBGC, 2015, p. 20).
Por sua vez, Gonzalez (2012) de�ne governança corporativa como:
[...] todo o processo de gestão e monitoramento desta que leva em consideração os princípios
da responsabilidade corporativa (�scal, social, trabalhista, comunitária, ambiental, societária),
interagindo com o ambiente e os públicos estratégicos, os chamados stakeholders, em busca da
longeva (GONZALEZ,2012, p. 25).
Segundo Rossetti e Andrade (2019), a governança corporativa pode ser sintetizada em oito dimensões:
a) princípios (de equidade, transparência, prestação de contas e responsabilidade corporativa);
b) propósitos (geração de máximo retorno total de longo prazo);
https://revistascientificas.us.es/index.php/Ambitos/article/view/7406/7802
c) processos (de formulação, homologação e monitoramento das estratégias corporativas, das políticas
operacionais e dos resultados gerados);
d) práticas (boas práticas com foco na gestão de con�itos de agentes, tanto decorrentes de oportunismos de
gestores como de grupos majoritários de controle);
e) poder (relação entre os órgãos de governança e a estrutura de poder no interior das organizações);
f) papéis (separação dos papéis dos atores e órgãos integrantes de governança);
g) pessoas (elemento-chave dos sistemas de governança que militam no interior das empresas, embates para um
ambiente profícuo de governança corporativa);
h) perenidade ou perpetuidade (permanência saudável da empresa na cadeia de negócios que participa).
Em relação à estrutura do sistema de governança corporativa, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
(2015) apresenta cinco componentes. Vejamos a seguir.
a) Sócios (promovem o alinhamento de interesses por meio de voto).
b) Conselho de Administração (órgão colegiado encarregado do processo de decisão de uma organização em
relação ao seu direcionamento estratégico, exercendo o papel de guardião dos princípios, dos valores, do objeto
social e do sistema de governança da organização, sendo seu principal componente).
c) Diretoria (responsável pela gestão da organização cujo principal objetivo é fazer com que a organização
cumpra seu objeto e sua função social, executando a estratégia e as diretrizes gerais aprovadas pelo conselho de
administração, de modo a administrar os ativos da organização e conduzir seus negócios).
d) Órgãos de �scalização e controle (assessoramento ao conselho de administração para auxiliá-lo no controle
da qualidade de demonstrações �nanceiras e em controles internos, visando à con�abilidade e integridade das
informações para proteger a organização e todas as partes interessadas, sendo suportado por auditores internos
e independentes).
e) Conduta e con�ito de interesses (documentação que promove princípios éticos, re�etindo a identidade e a
cultura organizacional, com fundamento na responsabilidade, no respeito, na ética e nas considerações de
ordem social e ambiental).
Na �gura a seguir, tem-se a apresentação da estrutura do sistema de governança corporativa envolvendo as
principais partes interessadas.
Figura 1 - Estrutura do sistema de governança corporativa
Fonte: IBGC (2015, p. 19).
A boa governança corporativa segue valores que dão sustentação e que estão presentes nos princípios da
governança corporativa estabelecidos pelo IBGC, como a equidade, a transparência, a prestação de contas e a
responsabilidade corporativa. De forma implícita, nesses princípios, temos o valor da conformidade ( compliance
), que trata do cumprimento de normas reguladoras, expressas nos estatutos sociais, nos regimes internos e nas
instituições legais do país. Algumas regulamentações são bem conhecidas, como a Sarbanes-Oxley (SOX), que
atinge as empresas de capital aberto e que tem ações nas bolsas de valores norte-americanas, e o Acordo de
Basileia II, voltado para instituições �nanceiras de uma maneira geral.
ARTIGO
Governança corporativa: solução, paliativo ou modismo?
Autor : Julio Cesar de Souza Cardozo
Ano : 2005
Comentário : com a leitura do artigo, você poderá reforçar os conceitos relacionados a uma estrutura de
governança corporativa, de modo a entender a importância dos diferentes órgãos em uma empresa.
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Na próxima seção, abordaremos os principais modelos e práticas de governança corporativa.
Modelos e Práticas de Governança
Corporativa
Rossetti e Andrade (2019) consideram que diferentes modelos de governança corporativa podem ser praticados,
tendo como principais fatores in�uenciadores os per�s histórico, cultural, econômico e institucional de cada país.
Esses modelos estão agrupados em shareholder , que é voltado, especi�camente, para os acionistas, e stakeholder
, que é de maior abrangência. Além dos interesses dos acionistas, consideram-se os interesses dos públicos
interno e externo.
Ainda segundo Rossetti e Andrade (2019), os modelos de governança corporativa podem ser diferenciados,
conforme veri�camos a seguir.
Modelo Anglo-saxão : o controle é feito por parte dos acionistas; há separação entre propriedade e gestão,
bem como há proteção dos acionistas minoritários. O conselho de administração, por sua vez, contém tanto
insiders (diretores executivos) como outsiders (diretores não executivos ou independentes). Esse modelo
atende mais aos interesses dos gestores do que dos acionistas e é mais usado nos Estados Unidos e na
Inglaterra. Esse modelo também é conhecido como Outsider System , por ser direcionado ao retorno dos
acionistas.
Modelo Alemão : a gestão é compartilhada entre empresa e acionista, sendo aberta para diversos
interesses; apresenta uma maior in�uência do mercado �nanceiro e o mercado de capitais não é tão forte
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rcmccuerj/article/view/5594
quanto o modelo anglo-saxão. Como principais players, estão os bancos alemães e, em menor escala, os
acionistas corporativos.
Modelos do Japão : os acionistas são também gestores, os bancos detêm participações de longo prazo em
companhias, o conselho administrativo é composto por gerentes executivos, há um alto nível de
participação acionária de bancos e empresas a�liadas e a estrutura legal é projetada para apoiar e
promover o keiretsu (rede �nanceira/industrial). Esse modelo é conhecido como Insider System (os grandes
acionistas estão no comando diário das operações).
Modelo latino-americano : as privatizações e a abertura ao mercado são os pontos que caracterizam o
sistema latino-americano. Aqui, os interesses de gestão se sobrepõem aos dos stakeholders . Nesse modelo,
não há divisão entre propriedade e capital, por isso as tomadas de decisão tendem a ser bené�cas apenas
para as camadas mais altas da organização.
Modelo latino-europeu : é adotado por empresas familiares ou controladas por grupos consorciados. Há
uma concentração de propriedade e as forças de controle são predominantemente internas. As forças
externas não são tão atuantes quanto em outros modelos e há uma proteção menor para acionistas
minoritários.
No modelo brasileiro de governança corporativa , temos uma alta concentração da propriedade acionária e
uma sobreposição entre propriedade-gestão. Há, também, uma fraca proteção aos acionistas minoritários e uma
expressão ainda diminuta do mercado de capitais e da pequena parcela das companhias listadas em bolsa nos
níveis diferenciados de governança corporativa (ROSSETTI; ANDRADE, 2019).
Todos os modelos apresentam práticas de governança corporativa. Oliveira (2015) expõe que as melhores
práticas de governança corporativa representam um conjunto de todas as orientações básicas que devem ser
seguidas pelas empresas em relação ao modelo de gestão corporativa para aumentar o valor e a atratividade da
empresa, facilitando seu acesso ao capital.
Rossetti e Sole (apud DOYLE, 2018) apresentam dois fatores que in�uenciam as boas práticas de governança
corporativa:
a) dados dirigidos: tudo que uma empresa faz e decide tem como embasamento os dados;
b) GRC (Governança, Riscos e Compliance ): visa garantir a integração dos processos dentro de uma organização,
fazendo com que a estratégia de negócios aconteça de forma uni�cada e transparente, em conformidade com as
políticas corporativas, leis e regulamentações, ao minimizar riscos.
A seguir, apresenta-se um artigo sobre a in�uência das boas práticas de governança corporativa para as
empresas brasileiras.
ARTIGO
Análise do compliance das empresas brasileirasàs boas práticas de governança corporativa
Autores : Vicente Lima Crisóstomo e Aline Maria Coelho Girão
Ano : 2019
Comentário : agora, re�ita: como as boas práticas de governança corporativa podem agregar valor a uma
empresa?
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https://periodicos.ufrn.br/ambiente/article/view/16369
A governança corporativa deve estar alinhada com a estratégia de negócios de uma empresa. Na seção seguinte,
veremos essa relação entre a estratégia e a governança.
Estratégia e Governança
A estratégia corporativa deve direcionar as empresas para a execução de ações que tragam o desenvolvimento
necessário para que elas se alinhem com suas diretrizes organizacionais, como missão, visão e valores. Isso
permitirá a elaboração de um plano estratégico aprovado pela alta administração da corporação e norteará as
empresas para o atingimento de resultados esperados que venham a satisfazer, principalmente, aos shareholders
.
Nesse contexto, podemos a�rmar que a gestão estratégica é considerada uma base para a implantação da
governança corporativa. Por outro lado, o planejamento estratégico deve levar em consideração as políticas de
governança e as regras de compliance devido à responsabilidade corporativa da empresa.
O planejamento estratégico da corporação deve estar registrado no denominado Plano Estratégico (PE) .
Segundo Rezende (2008), 5 etapas são sugeridas para a elaboração de um Plano Estratégico:
1. análise do ambiente: monitorar o ambiente interno e externo da organização;
2. estabelecimento da diretriz organizacional: determinar a meta da organização juntamente à missão (razão
de existência da empresa), à visão (onde a empresa quer chegar), aos valores  e aos objetivos;
3. formulação de estratégias: de�nir como as ações organizacionais alcançarão os objetivos;
4. implementação das estratégias: colocar em ação as estratégias desenvolvidas;
5. controle estratégico: monitorar e avaliar todo o processo, assegurando o funcionamento adequado.
Ferramentas podem ser utilizadas para a elaboração do planejamento estratégico, como a matriz SWOT (
strengths – forças, weaknesses – fraquezas, opportunities – oportunidades e threats – ameaças) utilizada para a
análise do ambiente interno e externo. Nessa matriz, são apresentados os pontos fortes e fracos da empresa
(origem interna), bem como as principais oportunidades e ameaças (origem externa) que podem consistir em
aspectos que precisam ser trabalhados ou reforçados estrategicamente.
Também pode ser utilizada a metodologia BSC (Balanced Scorecard – Tabela de Desempenho Balanceado) para a
medição por meio de indicadores de desempenho. São medidos os indicadores de desempenho nas perspectivas
�nanceiras, de cliente, de processos internos de aprendizagem e melhoria. Por intermédio dos indicadores, é
possível veri�car se a execução do planejamento estratégico está de acordo com as expectativas de objetivos ou
não, permitindo que mecanismos de controle possam ser adotados.
Outro ponto que deve ser analisado no planejamento estratégico é a gestão de riscos, que também tem
presença na governança corporativa. Riscos devem ser levantados para que os impactos possam ser avaliados e
um plano de resposta possa ser criado para eventual ocorrência deles, mantendo-se a estratégia corporativa.
O plano estratégico deve estar alinhado com outros planejamentos internos da empresa, como é o caso da área
de Tecnologia da Informação, a qual apresenta ações e investimentos que também devem estar ligados aos
objetivos de negócios. Para a TI, elabora-se o denominado Plano de Tecnologia da Informação (PTI) , também
conhecido como PETI (Plano Estratégico de Tecnologia da Informação). Todos os investimentos em recursos de TI
devem estar contemplados nesse plano e as ações estratégicas para Tecnologia da Informação devem ser
derivadas da estratégia de negócios da empresa para a qual estará relacionada à governança de TI .
No artigo a seguir, temos uma revisão da literatura sobre PETI, indicando os principais conceitos e modelos
utilizados.
ARTIGO
Planejamento Estratégico de Tecnologia da Informação: análise de conceitos e frameworks apresentados
em livros publicados no Brasil
Autores : Fábio Luís Falchi de Magalhães et al .
Ano : 2017
Comentário : agora, re�ita: como os conceitos apresentados poderiam auxiliar na resolução do problema exposto
no videocase ?
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Ao ter em vista a ligação apresentada da estratégia de TI com a estratégia de negócios da empresa, veremos, na
próxima seção, o conteúdo relacionado à governança de TI ligado à governança corporativa.
Governança de TI
O Information Technology Governance Institute (ITGI) menciona que:
A governança de TI é de responsabilidade da alta administração (incluindo diretores e
executivos) na liderança, nas estruturas organizacionais e processos que garantem que a
Tecnologia da Informação (TI) da empresa sustente e prolongue as estratégias e os objetivos
organizacionais (ITGI, 2007, p. 8).
A governança de TI está integrada à governança corporativa da empresa, sendo que o seu sistema de controle e
risco cria restrições de operações dos serviços e projetos de TI, conforme pode ser visto na �gura a seguir.
Figura 2 - Integração Governança Corporativa X Governança de TI
Fonte: Fernandes e Abreu (2010, p. 27).
http://www.revistaespacios.com/a17v38n01/a17v38n01p31.pdf
Fernandes e Abreu (2010) salientam que a implantação de uma governança de TI é motivada por vários fatores,
como: dependência do negócio em relação à TI, ambiente de negócios, marcos de regulação, TI como prestadora
de serviços, integração tecnológica e segurança da informação. Tendo em vista a grande abrangência que a TI
apresenta em relação aos negócios, é importante o estabelecimento de mecanismos de controle para as suas
atividades. Assim, é proposto o chamado ciclo da governança de TI, que compreende quatro grandes etapas:
Figura 3 - Ciclo da Governança de TI
Fonte: Elaborada pelo autor.
a) Alinhamento estratégico e compliance : relaciona-se ao planejamento estratégico de tecnologia da
informação, considerando os aspectos estratégicos da empresa em relação à TI e às regras de compliance , como
Sarbanes Oxley e Acordo de Basileia.
b) Decisão, compromisso, priorização e alocação de recursos : etapa vinculada a decisões de TI em relação à
arquitetura de TI, serviços, aplicações e investimentos necessários. Devem ser priorizados os projetos e serviços
que farão parte do portfólio de produtos de TI.
c) Estrutura, processos, operações e gestão : etapa referente à estrutura organizacional e funcional de TI, aos
processos de gestão e operação dos produtos e serviços de TI, que devem estar alinhados com as necessidades
estratégicas e operacionais da empresa.
d) Gestão do valor e desempenho : volta-se para a determinação, coleta e geração de indicadores de resultados
dos processos, produtos e serviços de TI, bem como para a sua contribuição às estratégias e aos objetivos do
negócio.
Com base no ciclo de governança de TI, podemos listar os seguintes componentes típicos (FERNANDES; ABREU,
2010): riscos e compliance , avaliação independente, gestão de mudança organizacional, alinhamento estratégico,
entrega de valor, gestão de desempenho, comunicação e gerenciamento de recursos.
As duas primeiras etapas do ciclo da governança de TI tratam da análise e tomada de decisão frente aos recursos
de TI, principalmente por causa do investimento a ser realizado. As duas últimas etapas estão com foco na
execução dentro de estruturas de�nidas para �ns de monitoramento e controle.
Em se tratando de processos e controles de TI, algumas práticas e modelos de mercado podem ser adotados
como referências para a implantação de governança de TI, tanto para projetos como serviços. Vejamos, a seguir,
alguns exemplos.
Na gestão de projetos de TI , podem ser adotadas as melhores práticas de�nidas no PMBOK (Project
Management Body of Knowledge). Entre essas áreas de conhecimento, é interessante destacarmos a
avaliação das melhorespráticas de gestão da qualidade para que os produtos e serviços de TI sejam
entregues dentro de critérios que atendam aos clientes. Adicionalmente, é muito comum o relacionamento
com fornecedores, seja para aquisição de produtos ou outsourcing de TI por meio de contratos; portanto, é
importante compreendermos os processos relacionados à gestão de aquisições . Na gestão de projetos
ágeis, são utilizadas metodologias baseadas na APM (Agile Project Management), que apresenta princípios e
valores voltados à priorização de entrega de valor aos clientes.
Na gestão de serviços de TI , é muito conhecido e adotado o modelo ITIL (Information Technology
Infrastructure Library), em que processos relacionados a serviços de TI são distribuídos em cinco estágios:
estratégia do serviço, desenho do serviço, transição do serviço, operação do serviço e melhoria contínua do
serviço. Destacamos alguns processos do ITIL, como o Gerenciamento do Nível de Serviço , em que um Nível
de Acordo de Serviço pode ser de�nido para uma maior transparência aos usuários quando necessária a
intervenção por parte da equipe de TI. Também é interessante salientarmos o Gerenciamento do
Conhecimento , o que garante que a informação correta será entregue ao local apropriado, e o
Gerenciamento da Continuidade do Serviço , relacionado à disponibilidade do serviço de acordo com sua
criticidade. Como a segurança da informação tem sido um tema preocupante para as empresas, o ITIL
também apresenta o processo de Gerenciamento de Segurança da Informação .
Para a governança de TI , o modelo Cobit (Control Objectives for Information and related Technology)
oferece um modelo voltado para governança de TI com mecanismos de controle e em conformidade com
regulamentações. Por meio do Cobit, são estabelecidos: relacionamentos com os requisitos de negócios, a
organização das atividades de TI em um modelo de processos genéricos, a identi�cação dos principais
recursos de TI (que requerem mais investimento) e a de�nição de objetivos de controle para a gestão.
Destacamos, aqui, os processos de monitoração e avaliação: monitorar e avaliar o desempenho da TI,
monitorar e avaliar os controles internos, assegurar conformidade com requisitos externos e fornecer a
governança para a TI.
Esses exemplos de modelos trabalham de forma complementar, não sendo mutuamente exclusivos; mas, além
deles, há outros que podem ser adotados para a implantação da governança de TI, como é o caso do CMMI
(Capability Maturity Model Integrated) e MPS-BR (Melhoria de Processos de Software – Brasil) que ajudam na
mensuração do nível de maturidade de processos e pessoas.
LEITURA
Governança da Tecnologia da Informação
Autores : Izabelly Soares de Morais e Glauber Rogerio Barbieri Gonçalves
Editora : Sagah
Ano : 2018
Comentário : no livro, são apresentados os principais conceitos relacionados à governança de TI. A Unidade 4, por
sua vez, apresenta, com mais detalhes, os modelos Cobit e ITIL, além de propor uma sequência de etapas para um
projeto de governança de TI, que pode ajudar a resolver a situação-problema indicada no videocase. Recomenda-
se, em particular, a leitura da unidade mencionada. O material está disponível na Biblioteca Virtual da .
Por �m, a governança de TI tem sido direcionada cada vez mais a serviços de TI. Mansur (2013) ressalta que o
retorno de investimento em governança e gestão de TI implica uma estrutura de comunicação e gerenciamento
integrado ao negócio ao se tratar de serviços dessa área. As organizações de TI que adotaram o modelo de
serviço orientado ao negócio conseguiram agregar valor para acelerar a taxa de crescimento, reduzir os custos
operacionais e mitigar riscos do ambiente de negócios.
Conclusão
A governança corporativa e a governança de TI são temas importantes no mercado corporativo, sendo que os
princípios de transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa são cada vez mais
exigidos. Neste roteiro de estudos, foram apresentados os principais conceitos da governança corporativa e sua
importância, propondo que ações corporativas sejam direcionadas para maximizar o retorno dos shareholders
por meio da busca de resultados nos objetivos de negócio.
Ademais, mencionou-se a ligação existente entre a estratégia e a governança, havendo um alinhamento entre o
planejamento estratégico e os processos de compliance a serem seguidos. Também foi salientada a governança
de TI em termos conceituais, sua relação com a governança corporativa e os principais modelos de benchmarking
para auxiliar a sua implantação. Os tópicos evidenciados auxiliarão o direcionamento dos estudos para a
sustentação de um projeto de implantação de governança de TI dentro do contexto corporativo, a partir da
necessidade de controle e alinhamento estratégico nos processos adotados.
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http://www.revistaespacios.com/a17v38n01/a17v38n01p31.pdf

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