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CECÍLIA AYALA FERREIRA HEVELYN DE ALMEIDA CUNHA SILVIA ISABELLA TIMÓTEO THAISA COTRIM PRODUÇÃO DE CARNE DE CORDEIRO EM SISTEMA INTENSIVO CAMPO GRANDE- MS 2023 OBJETIVO O presente projeto tem como finalidade obter um planejamento da produção de uma propriedade a fim de resolver os problemas de alta mortalidade de cordeiros e de animais adultos. Tendo em vista o desejo do produtor de investir e intensificar a sua produção com foco em realizar a terminação dos cordeiros em confinamento. RECOMENDAÇÕES DAS INSTALAÇÕES O sistema de produção intensivo destinado a produção carne de cordeiro é o que melhor se adequa aos objetivos e metas do produtor. Nesse sistema, utiliza-se sistema de confinamento e a pasto, resultando em bons índices zootécnicos. O planejamento das instalações tem como objetivo a produção de carne de cordeiro, levando em consideração ao sistema de produção e distribuição na propriedade, as principais instalações são: • Centro de manejo É planejado para a realização de atividades, como pesagem, vermifugação, vacinação, banho sarnicida, casqueamento, tosquia, entre outras. A área é calculada em função da categoria mais numerosa que irá se trabalhar no curral. O recomendado é 1 m2/animal. O curral é composto por baias de apartação, seringa, brete, pedilúvio, balança como pode ser visualizado na Figura 1. Figura 1. Central de manejo. Fonte: Silva et al. 2011. • Aprisco O aprisco é a principal instalação de um confinamento, pois é nele onde se faz o agrupamento dos animais. Deve ser construído com declividade de 5% para facilitar o escoamento de toda água do local. O aprisco pode ser do tipo galpão contendo baias, sendo seu pé direito de, no mínimo 3 metros quando o piso for de chão, e quando for ripado, 3,5 metros. Para a absorção da umidade é recomendável que utilize algum tipo de cama sobre o piso, pode ser usado maravalha, casca de arroz, pó de serra. Na propriedade será aderido o aprisco de alvenaria, que pode ser visto na Figura 2. Figura 2. Aprisco de alvenaria com cobertura de telhas cerâmicas. Fonte: Turco & Araújo, 2011. O tipo do piso a ser escolhido deve ser considerado em função da funcionalidade. O piso será de alvenaria para facilitar higienização, a área coberta recomendada para cada categoria em um aprisco está detalhado na Tabela 1 a seguir: Tabela 1. Área coberta de aprisco recomendada de acordo com a categoria animal. Categoria animal Área coberta (m²) Matriz 1,0 Jovem de reposição (recria) 0,8 Cria 0,5 Reprodutor 3,0 Fonte: Alves et al. 2005. A quantidade estimada de cordeiros para a terminação é de 138 animais, desse modo, serão construídos dois apriscos com capacidade para 70 animais cada. • Quarentenário São baias ou piquetes distante aproximadamente 50 m das demais instalações, destinadas a isolar os animais suspeitos ou portadores de doenças contagiosas. Esta área também poderá ser utilizada para deixar sob observação aqueles animais introduzidos no rebanho, que devem permanecer sob quarentena (SILVA, et al. 2011). • Depósito de ração É a instalação destinada ao armazenamento de concentrado, feno, sal mineral e outros alimentos. O local escolhido para a construção deste deve ser arejado e de fácil acesso para os veículos que irão abastecer a propriedade e próximo ao centro de manejo. As janelas são do tipo mosqueteiro e o teto deve evitar a presença de animais indesejáveis. Os alimentos devem ser colocados sobre estrados de madeira (pallets) para evitar contato direto com o chão e umidade (SILVA, et al. 2011). • Farmácia e escritório É o local destinado para o armazenamento de medicamentos e materiais de curativo e desinfecção. Deve ser livre de excesso tanto de calor, quando umidade e luz solar. Neste local, deve haver uma geladeira exclusiva para o armazenamento de medicamentos e vacinas (SILVA, et al. 2011). O escritório é o local para guardar equipamentos, registros, escrituração zootécnica. • Comedouros e área Creep-Feeding Os comedouros são utilizados para fornecimento de alimentos concentrados, mistura mineral, forragens verdes e feno. Devem ser funcionais, resistentes e de fácil limpeza. Na construção dos mesmos podem ser utilizados materiais como madeira, alvenaria, tambor plástico, tubos de pvc, cimento, dentre outros. Na propriedade para melhor manejo, foi escolhido cochos de plástico para matrizes e reprodutores, para os cordeiros em confinamento cocho de alvenaria coberto e no creep-feeding cocho de madeira coberto e telado, distribuído a pasto com suplementação concentrada, passível de ser observado na Figura 3. Figura 3. Cocho de madeira coberto para creep-feeding. Fonte: Santana et al., 2015. O cocho para sal deve ser separado do de concentrado e volumosos e a mistura mineral tem que estar disponível à vontade para os animais. A altura dos comedouros, são de grande importância, para os adultos, os cochos devem ter 20cm de profundidade, e suas bordas devem ficar 30 a 40cm de altura do chão. Os cochos para sal ou misturas minerais são pequenos e ficam a 40cm de altura do chão. No caso de animais mais jovens, o comedouro deve ser colocado em uma altura reduzida dos animais adultos (NOBREGA, 2010). O comprimento do cocho deve ser adequado ao número de animais, para que todos possam ter acesso ao mesmo tempo, como pode ser visualizado na Tabela 2. Tabela 2. Comprimento linear de cocho de acordo com a categoria ovina. Categoria cm/animal Carneiro 35 a 40 Ovelhas secas e gestantes 35 a 40 Ovelhas com cordeiros 40 a 50 Cordeiros em creep-feeding 15 Cordeiros confinados 20 a 30 Fonte: Gouveia et al. 2007. • Bebedouros Os bebedouros podem ser do tipo balde ou tambor, cimento, automático com boia ou sistema de vasos comunicantes. A limpeza deve ser feita diariamente, para o animal ingerir água limpa. A água é essencial para o ajuste da temperatura do corpo e para os mecanismos de crescimento, reprodução e lactação, para digestão e para troca de nutrientes. Assim a água é um importante mecanismo de termorregulação em pequenos ruminantes proporcionando o bem-estar e conforto térmico. • Esterqueiras A esterqueira é uma construção destinada ao deposito do esterco dos animais retirado das instalações, no qual permita uma adequada fermentação do material, resultando em um produto de qualidade. O ovinocultor terá aproveitamento do material orgânico resultante, utilizando-o como adubo. Ela pode ser subterrânea, de encosta e de três celas. Deve ser localizada a 50 metros de distância do aprisco, pois pode funcionar como reservatório de larvas, de ovos helmintos e de moscas (GOUVEIA et al., 2007). • Locais para as instalações O ideal é que o local escolhido para a implantação das instalações ofereça condições para locação de todas as edificações previstas no projeto e permita expansão futura e adaptação de novas tecnologias. As instalações devem ser locadas, quando possível, em área ampla, bem ventilada e ensolarada, de fácil acesso, livre de ventos frios, com boa drenagem e distantes das construções particulares, para se evitar possíveis problemas de doenças, moscas e odores. No local devem existir água de boa qualidade e energia elétrica. Terrenos com declividades suaves permitem boa drenagem de águas pluviais. As coberturas das instalações devem ser sempre orientadas no sentido leste-oeste, para diminuir a influência da radiação solar no período do verão, mais quente para os animais (BAÊTA; SOUZA, 1997). Deve-se evitar a construção muito próxima a encostas, morros ou montanhas, porque podem, oferecer riscos de eventuais desmoronamento ou soterramento e servir como obstáculos para a perfeitacirculação de ar (vento ou brisa) no interior dos apriscos. MANEJO GERAL Os cordeiros destinados a terminação serão pesados ao nascimento, após o desmame no creep-feeding e a cada 15 dias para verificação de desempenho em ganho médio diário (GMD) no confinamento até o abate. Todos os animais possuirão uma ficha zootécnica individual: ● A ficha de matrizes conterá as seguintes informações: identificação do animal (número do brinco), origem de compra, data de entrada na fazenda, raça, idade, pesagens, datas e números de estações de monta que já participou, prenhez positiva ou negativa, número de cordeiros produzidos a cada estação. ● Para os reprodutores deverá ser preenchido: identificação do animal (número do brinco), origem de compra, data de entrada na fazenda, raça, idade, pesagens, resultados de exames andrológicos, número de filhos a cada monta, número de fêmeas cobridas por estação; ● Para os cordeiros os registros serão: identificação do animal (número do brinco), registro materno e paterno, raça, sexo, data de nascimento, peso ao nascimento, peso ao desmame, peso ao abate, data das pesagens, ganho médio diário (GMD), rendimento de carcaça (%) ao abate. Todas as fichas de registro zootécnico terão um espaço para descrever problemas individuais dos animais como a manifestação de doenças, problemas reprodutivos ou mesmo, alto índice de verminose. O modelo de ficha dos cordeiros pode ser visualizado na Tabela 3 a seguir. Tabela 3. Modelo de ficha zootécnica para cordeiros da fazenda. Ficha Zootécnica - Cordeiros Fazenda Bom Sucesso ID DN Mãe Pai Raça Sexo PN (kg) PD (kg) P1 (kg) P2 (kg) PA (kg) GMD (kg/dia) RC (%) OBS 11250 02/06/23 58990 51232 Texel M 4,1 20,0 23,3 27,8 32,5 0,28 50 11395 25/06/23 57996 51108 Texel M 3,8 18,0 21,2 25,4 30,2 0,20 51 Fonte: As próprias autoras. *ID= Identificação do animal; DN= Data de nascimento; PN= Peso ao nascer; PD= Peso ao desmame; P1= Peso 1 no confinamento; P2= Peso 2 no confinamento; PA= Peso ao abate; GMD= Ganho médio diário; RC= Rendimento de carcaça; OBS= Observações*. Haverá separação dos lotes por categoria: Borregas, carneiro, ovelhas secas, ovelhas em gestação, ovelhas com cordeiro ao pé e cordeiros desmamados em terminação. Os machos e as fêmeas se encontrarão apenas durante a estação de monta, para controle reprodutivo. MANEJO REPRODUTIVO ● Seleção de matrizes e reprodutores Será feita a seleção por padrão racial, animais que são mais adaptados e que irão responder melhor às condições de clima e pastagem da propriedade. Animais de cascos sadios, com Escore de Condição Corporal (ECC) adequado, em torno de 3. Aprumos corretos, pois alguns podem ter alta herdabilidade. Aspectos físicos e coloração da mucosa ocular também serão avaliados. O úbere deve estar bem inserido e livre de nódulos, boa produção de leite e apresentar apenas 2 tetos. Nos machos, os testículos devem ser bem desenvolvidos, simétricos, ovoides e firmes, prepúcio sadio. Além disso, a libido também será avaliada para possíveis descartes. Serão descartados animais a partir de 7 anos, onde há uma queda na fertilidade tanto em fêmeas quanto em machos. ● Estação de monta Nas matrizes será utilizado o “flushing”, como estratégia nutricional para melhora de índices zootécnicos antes do início da estação de monta. Será feita a monta natural controlada, com reprodutor afastado das fêmeas, durante um período de 60 dias. Em seguida será introduzido o macho no lote das fêmeas para a identificação do cio, como pode ser observado na Figura 3. Figura 3. Cronologia do efeito macho. Fonte: Fonseca et al., 2003. A estação de monta aderida a propriedade é a convencional a cada 12 meses, visto que o produtor se adaptará ao sistema intensivo de produção de cordeiros, o esquema pode ser visualizado na Figura 4. Figura 4. Esquema de estação de monta a cada 12 meses. Fonte: As próprias autoras. ● Monta controlada Será utilizada tinta xadrez em pó misturada com óleo de soja e após a mistura, a aplicaremos a tinta na região do peito dos reprodutores. A relação macho:fêmea da propriedade vai ser 1:50, as fêmeas cobridas serão marcadas pela tinta, identificando o cio. As fêmeas de primeiro cio serão marcadas com verde e para identificação do segundo cio tinta azul, caso a fêmea não apresente cio novamente é sinal de que esta esteja gestante, no qual, deverá ser realizada a anotação da presente data no caderno de registros zootécnicos. ● Diagnóstico de gestação (DG) O DG das ovelhas será realizado por um médico-veterinário com ultrassonografia, 28 dias após acasalamento para detecção de prenhez das matrizes que entraram em estação de monta e realização de cálculos de índices reprodutivos como taxas de prenhez, taxas de fertilidade e prolificidade do rebanho. • Índices zootécnicos esperados Estima-se como referência a mortalidade de adultos em 1%, mortalidade de animais jovens em 3%, taxa de prolificidade de 120%, taxa de fertilidade em 85%, Taxa de parição em 80%. Embasando-se nesses índices, com a manutenção de 300 matrizes a previsão na produção de cordeiros é de 276 cordeiros, 138 machos para a terminação e 138 fêmeas destinadas a reposição. MANEJO SANITÁRIO ● Cuidados com recém-nascido Durante a época de nascimento (junho e julho), será verificado a ingestão de colostro pelos cordeiros para assegurar a imunização passiva deles nas primeiras 6 horas de vida. Após o consumo do colostro pelo recém-nascido, será realizada a brincagem do cordeiro para identificação, o peso inicial será registrado e sucederá para a cura de umbigo. O corte do umbigo é feito quando o tamanho do cordão umbilical ultrapassar 5 cm com equipamentos limpos e desinfetados, em sequência, mergulha-se o iodo 10% no umbigo com abundância por 30 segundos, repetindo o procedimento nos próximos dois dias. Tal manejo é imprescindível no primeiro dia de vida do cordeiro, se realizado corretamente, evita-se a onfalite e miíase (bicheira) causada pelo ectoparasita Cochliomyia hominivorax no qual, caso afete o umbigo do animal, a chance de sobrevivência é mínima. A verificação da saúde de cordeiros recém-nascidos é de suma importância, para a diminuição das taxas de mortalidade. ● Tosquia Higiênica Ocorrerá a tosquia higiênica com máquina de tosquia nos ovinos lanados para prevenção de miíases, diminuir estresse calórico durante os períodos quentes do ano e comercializar a lã dos animais. Com a tosquia, obtêm-se incremento do metabolismo animal, com aumento no consumo alimentar de até 50%, as ovelhas em período de lactação produzem mais leite e como consequência, os neonatos podem ter acréscimo no ganho de peso de 200 a 500g. Na propriedade, a tosquia higiênica será realizada no inverno durante a pré-parição dos animais de maio a junho e durante o período das águas antes da estação de monta de novembro a dezembro. ● Casqueamento O casqueamento do rebanho será realizado antes e depois do período das águas nos meses de outubro e fevereiro. É um manejo sanitário essencial porque cascos irregulares podem causar foot-root (podridão dos cascos) nos animais, bem como, diminuição do consumo nos cordeiros confinados. Os equipamentos utilizados serão: tesoura de casquear, torquês, grosa e canivete. ● Quarentena de ovinos comprados Matrizes e reprodutores ao serem comprados, passarão por uma quarentena de 15 dias em quarentenários afastados dos animais da fazenda para a possível identificação de doenças, realização de exames clínicos, vacinação e vermifugação. Após esse período ambos serão inseridos no rebanho da fazenda em lotes separados para realização do manejo reprodutivo. ● Vacinação e vermifugação A vacinação para o controle de clostridioses será realizada da seguinte maneira: - Cordeiros de mães vacinadas: Vacina será aplicada no desmame(entre 6 a 8 semanas) com reforço de 30 dias; - Cordeiros de mães não vacinadas: Vacinação feita com 1 mês de idade e reforço após 30 dias; - Adultos: Revacinação anual e fêmeas 6 a 8 semanas do parto. A vacina contra as clostridioses previne o acometimento de doenças como a gangrena caseosa (Clostridium septicum), a manqueira (Clostridium chauvoei), botulismo (Clostridium botulinum), tétano (Clostridium tetani) e a Enterotoxemia (Clostridium perfringens). Também deverão ser vacinados contra Pasteurelose anualmente a partir dos 4 meses, devido ao pó da ração para animais confinados, que propicia quadros de pnemonia aguda e dificuldades respiratórias. Para a vermifugação, na entrada dos animais o OPG será realizado para vermifugar aqueles que estão precisando e após 30 dias deverá ser feita a OPG novamente nos animais vermifugados. É importante identificar o nematódeo de maior prevalência no rebanho, caso seja o Haemoncus contortus o método Famacha pode ser utilizado na identificação dos cordeiros mais acometidos pela verminose com a conseguinte vermifugação. ● Prevenção contra Acidose Ruminal A acidose ruminal é um distúrbio metabólico comum em confinamentos pela alta ingestação de concentrado na dieta, por isso, a adaptação ao consumo de rações será gradativa até o animal conseguir ingerir a relação adequada volumoso:concentrado, para o auxílio da manutenção do ambiente ruminal, podem ser utilizados aditivos na dieta com efeitos tamponantes como o bicarbonato de sódio e ionóforos. Caso ocorra manifestação da doença pela laminite, deve-se suspender o concentrado da dieta do animal em até 4 dias, no entanto, se o quadro evoluir para acidose metabólica, o atendimento veterinário é inevitável para realizar procedimentos de sondagem, correção do pH ruminal e reposição de eletrólitos. ● Limpeza e higienização de instalações e equipamentos A limpeza de cochos e bebedouros será feita diariamente com água e sabão antes do fornecimento do alimento, evitando acúmulo de fezes, urina e barro. A cada 2 semanas serão utilizados produtos desinfetantes, cal e vassoura de fogo na instalação dos apriscos, para evitar a proliferação da eimeriose que é a coccidiose causada por endoparasitas do gênero Eimeria muito frequente em confinamentos pelo acúmulo de fezes e umidade. Pedilúvios serão instalados na entrada dos animais confinados em apriscos e currais com solução de iodo a 10% cobrindo completamente os cascos dos animais. O manejo sanitário das instalações aumentará a biosseguridade dos animais inseridos em ambiente limpo, bem ventilado e de baixa umidade com menores desafios sanitários. Para tal ação profilática, os cordeiros sairão para o pasto durante a desinfecção e voltarão ao aprisco no mesmo dia. Em possíveis incidências de Eimeriose, o ovino acometido pela patogenia deverá ser separado dos demais e pelo baixo desempenho em ganho de peso, não será inserido no confinamento. ● Verificação do status sanitário dos animais Os manejadores e tratadores devem verificar diariamente se os animais apresentam comportamento ativo, consumo adequado dos alimentos, se está isolado dos demais, se está perdendo peso, verificar se o animal está com bicheira, bem como, se apresentam anomalias na coloração de fezes e urina. Em situações de suspeita de doenças em algum cordeiro, deve-se separar o ovino dos demais animais do lote no quarentenário para a realização de exames clínicos e vistoria individual. MANEJO NUTRICIONAL ● Ovelhas Ovelhas solteiras e até o terço final da gestação podem ser alimentadas exclusivamente com volumosos de média qualidade (ao redor de 9% de proteína bruta, 55% de NDT e 0,2% de cálcio e 0,2% de fósforo) e sal mineral. Neste período apresentam consumo voluntário ao redor de 2 a 2,5% de matéria seca. No período das águas podem ser alimentadas com pastagens, capins cortados, leguminosas etc. Na seca devem ser alimentadas com pastagens diferidas e suplementadas com volumosos conservados (silagens ou feno) ou cana-de-açúcar, com adequação do teor proteico da dieta, o que permite mantê-las em bom estado corporal. Pode-se utilizar volumosos mais pobres, com palhadas ou bagaço de cana hidrolisado, com pequena quantidade de ração concentrada. No terço final da gestação o crescimento fetal é acentuado, principalmente no caso de gestação de gêmeos. Neste período o requerimento energético fica aumentado devido ao crescimento fetal e sua exigência nutricional é por volta de 11% de proteína bruta e 60% de NDT, 0,35% de Ca e 0,23% de P. Consomem ao redor de 3-3,5% do peso vivo em matéria seca. Devem receber pastagens de boa qualidade ou serem suplementadas com ração concentrada com 14 -16 % de PB (300-600 g/dia). Logo após o parto, o consumo de alimento é menor e aumenta progressivamente. Ovelhas de grande produção de leite perdem peso durante as primeiras 4 semanas de lactação, assim sendo, devem ingerir quantidade mais elevada de energia e proteína. Necessitam dietas com aproximadamente 64-68% de NDT, 12-14% de proteína bruta, 0,33% de Ca e 0,27% de P e consomem entre 3,5 e 4% do seu peso vivo em matéria seca. Da parição até o desmame, as ovelhas devem ser alimentadas com volumosos de boa qualidade e ração com 14-16% de proteína (400-800g/dia). Principalmente para ovelhas de baixo ECC (escore de condição corporal), próximo a 2, antes da estação de monta. Utilizará a estratégia de flushing 2 a 4 semanas antes da cobertura das fêmeas, será fornecido 220g/ovelha/dia de dieta energética concentrada com aporte de um pasto de melhor qualidade para esse período, para que as ovelhas cheguem na época reprodutiva com ECC de 3 a 4. • Borregas para reposição (dos 4 meses até a cobertura) Nesta fase as fêmeas são preparadas para serem futuras reprodutoras e fazer parte do plantel de fêmeas adultas. Quanto mais cedo forem cobertas maiores serão os índices produtivos da propriedade. Nesta fase as fêmeas apresentam exigência nutricional de 11% de proteína bruta, 65% de NDT e 0,4%de cálcio e 0,2% de fósforo na matéria seca total ingerida e consomem entre 3,5 e 4% do peso vivo em matéria seca. Devem ser alimentadas com volumosos de boa qualidade, à vontade, e quantidade moderada de ração (aproximadamente 1,5-2% do peso vivo) com 14-16% de proteína. A partir dos cinco meses podem ser adaptadas às pastagens e devem atingir o peso de cobertura (70% do peso adulto) entre 8-14 meses. ● Fêmeas de primeira cria Atenção especial deve ser dada no terço final da gestação, pois a cobertura antecipada (8-12 meses), leva à somatória das necessidades nutricionais de crescimento, com as da gestação. Deve-se mantê-las separadas das adultas e fornecer alimentação de melhor qualidade, acompanhando seu estado corporal, aumentando a suplementação em caso de condição corporal inferior a 2-2,5. ● Reprodutores Carneiros adultos devem ser alimentados preferencialmente à base de volumosos de boa qualidade e pequena quantidade de ração concentrada comercial, com 14-16% de proteína bruta, na quantidade máxima de 0,5 a 0,7 kg/dia. • Creep-feeding Aos 15 dias de vida os cordeiros serão suplementados em cocho privativo durante a manhã e a tarde com suplementação concentrada de 2% do peso corporal (PC) por dia, com mais 15 dias de adaptação a dieta, sendo a fonte de volumoso o pasto, com as especificações contidas na Tabela 4. Tabela 4. Composição ração farelada concentrada para Creep-feeding. Alimento (% na dieta concentrada) Farelo de soja 40% Grão moído de milho 40% Farelo de trigo 15% Suplemento mineral 2% Calcário calcítico 2,5% Sal comum 0,5% Monensina sódica 0,002% Fonte: Ribeiro et al., 2022. A composição química da ração é 24,7% de proteína bruta (PB) 16,2% de fibra em detergente neutro (FDN), 7,6% fibra em detergente ácido (FDA), 89,2% de nutrientes digestíveis totais (NDT) ou 3,5 Mcal EM/kg. Opeso médio inicial dos cordeiros no creep-feeding (efetivo, após adaptação) será de 17kg com ganhos de 180g/dia e eles serão destinados ao confinamento com 20kg sendo desmamados precocemente com cerca de 50 dias de idade. • Confinamento Os animais entrarão em confinamento com peso médio de 20kg e aproximadamente 50 dias de idade. A estimativa de ganho médio diário é de 306g/dia. O tempo de confinamento será em torno de 40 dias e os animais serão terminados com peso médio de 32kg de peso vivo utilizando a dieta alto grão que pode ser visualizada na Tabela 5. Tabela 5. Dieta alto grão para confinamento de cordeiros. Alimento (%) na dieta concentrada Milho grão inteiro 72,83% Núcleo concentrado comercial 15,00% Farelo de soja 11,65% Calcário calcítico 0,52% Fonte: Bernardes et al., 2015. O sal mineral será consumido em recipientes individuais, com a seguinte composição química: Cálcio: 134g; Fósforo: 60g; Magnésio: 10g; Sódio: 110g; Enxofre: 12g; Cobalto: 150mg; Iodo: 60 mg; Ferro: 2.500mg; Manganês: 4.500mg; Selênio: 30mg; Zinco: 6.000mg; Flúor (máx.): 570mg; Palatabilizante: 180g. O período de adaptação para dieta alto grão será de 10 dias, utilizando a relação volumoso:concentrado inicial de 45:55%, no qual, a cada dois dias o volumoso será substituído gradativamente em uma proporção de 15% pelo milho grão dando uma relação final de volumoso:concentrado de 15:85%. O volumoso a ser utilizado é o feno de alfafa ofertado nos comedouros e misturado junto a dieta concentrada. CRONOGRAMA E CALENDÁRIO DE ATIVIDADES Figura 5. Calendário de atividades da fazenda. Fonte: As próprias autoras. Figura 6. Ficha zootécnica dos cordeiros em confinamento Fonte: As próprias autoras. LITERATURA CITADA ALVES, J. U.; CAVALCANTE, A. C. R. et al. Sistema de Produção de Caprinos e Ovinos de Corte no Nordeste Brasileiro. Embrapa Caprinos. Comunicado técnico. 2005. BAÊTA, F. C.; SOUZA, C. F. Ambiência em edificações rurais- conforto animal. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa. 1997. 246 p. BERNARDES, G. M. C.; CARVALHO, S. et al. Consumo, desempenho e análise econômica da alimentação de cordeiros terminados em confinamento com o uso de dietas de alto grão. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. v67. n6. p.1684-1692. 2015. FONSECA, J. F.; TORRES, C. A. A. et al. Estrus, ovulation time and progesterone in Alpine and Saanen nulliparous goats synchronized with prostaglandin. Acta Sci. Vet. v31. p.377. 2003. GOUVEIA, A.M.G.; ARAÚJO, E.C. et al. Instalações para a criação de ovinos tipo corte nas regiões centro-oeste e sudeste do Brasil. 2007. NOBREGA, A. Como construir instalações adequadas para caprinos e ovinos. 2010. Disponível em:<http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/programacao/2010/comoconstruir- instalacoes-adequadas-para-caprinos-e-ovinos>. RIBEIRO, T. M. D.; COSTA, C. et al. Características das carcaças de cordeiros lactentes terminados em creep-feeding e creep-grazing. Veterinária e Zootecnia. v20. n3. p. 467– 475. 2022. SANTANA, R. C. M.; ESTEVES, S. N. Cuidados com o cordeiro. São Carlos: Embrapa. 2015. SILVA, A. L. O. C.; CARVALHO, F. M.et al. Manual de criação de caprinos e ovinos. Instituto Ambiental Brasil Sustentável. Brasília, 2011 TURCO, S. H. N.; ARAUJO, G. G. L. Produção de ovinos e caprinos no semiárido. Petrolina: Embrapa Semiárido. cap.5. p.117-144. 2011.