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ARTIGO SAUDE2

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE
FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CAMPUS DO PANTANAL CURSO DE PSICOLOGIA
ADRIANA DE ARRUDA VAZ
PROMOÇÃO DA SAÚDE: CONCEPÇÕES E DESAFIOS
CORUMBÁ-MS
2023
CURSO DE PSICOLOGIA
ADRIANA DE ARRUDA VAZ
PROMOÇÃO DA SAÚDE: CONCEPÇÕES E DESAFIOS 
CORUMBÁ-MS
2023
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	3
2. DESENVOLVIMENTO	4
2.1 AS ORIGENS E CONCEPÇÕES DA PROMOÇÃO DE SAÚDE	4
2.2 DESAFIOS ENCOTRADOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE	5
2.3 RELATO DE CASO	5
3. CONCLUSÃO	6
4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS	8
INTRODUÇÃO
	Segundo Kuhn (1992), a proposta da promoção da saúde, aprovada em Ottawa durante a Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em 1986, representa um novo paradigma. Parafraseando as palavras de Kuhn, considera-se paradigmas como as realizações científicas amplamente reconhecidas que, por algum tempo, fornecem padrões de problemas e soluções para uma comunidade de profissionais de determinada área científica. A promoção da saúde é uma estratégia global de políticas públicas contemporânea na área da saúde pública, difundida pela Organização Mundial da Saúde a partir de 1984.
Ao longo da história das políticas de saúde no Brasil, ocorreram avanços e retrocessos nas ações de saúde, devido a interesses diversos que favoreciam ou dificultavam o processo de construção de um sistema de saúde público, democrático e de qualidade (TEIXEIRA, 1995).
Assiste-se, na atenção à saúde, a uma intensa incorporação de recursos tecnológicos no diagnóstico e na terapêutica, a uma ampliação das modalidades de cuidado, a uma reestruturação dos processos de trabalho e, mesmo com todo o avanço que essas alterações e novas dinâmicas trouxeram aos padrões de saúde e vida da população, evidencia-se uma realidade sanitária complexa. Para o enfrentamento da crise na saúde, faz-se necessária a compreensão de uma abordagem ampla para o conceito de saúde, pois esta é entendida como um recurso para a vida, sendo construída pelas pessoas dentro do que fazem no seu dia-a-dia, por meio do cuidado de cada pessoa consigo mesma e com os outros e é dependente, por isso, dos fatores sociais, políticos, econômicos, culturais, ambientais (BRASIL, 2001).
Para Czeresnia (2003), a promoção da saúde é entendida como uma construção política que possui uma forte carga ideológica. As abordagens sobre o tema são elaboradas por meio da combinação de conceitos e tecnologias que se refletem em projetos que representam diferentes concepções do processo de saúde-doença. 
De acordo com Terris (1996), os primeiros debates sobre promoção da saúde surgiram no início do século XIX, relacionando o estado de saúde da população às condições de vida das pessoas. Naquela época, melhorias na nutrição, saneamento e mudanças no comportamento humano eram consideradas estratégias para alcançar a saúde. Para Buss (2003), ao longo das últimas três décadas do século XX, a concepção de promoção da saúde se desenvolveu de maneira significativa, e seus fundamentos conceituais e políticos foram discutidos em eventos internacionais, como as Conferências Internacionais de Promoção à Saúde.
Nesse sentido, a questão que este artigo pretende examinar é: qual o sentido sobre a concepção e os desafios a frente da promoção da saúde ?
2. DESENVOLVIMENTO
De acordo com Cerqueira (1997), a promoção da saúde abrange duas dimensões: a conceitual, que se refere aos princípios, premissas e conceitos que sustentam o discurso da promoção da saúde; e a metodológica, que diz respeito às práticas, planos de ação, estratégias, formas de intervenção e instrumentos metodológicos. Embora ainda haja controvérsias na definição da promoção da saúde e confusões em relação aos seus limites conceituais com a prevenção, desde a década de 1980, muitos autores têm se dedicado a desenvolver, esclarecer e disseminar o discurso da promoção.
2.1 AS ORIGENS E CONCEPÇÕES DA PROMOÇÃO DE SAÚDE
Segundo Pereira et al (2000), a promoção da saúde está intimamente relacionada à vigilância em saúde e a um movimento crítico em relação à medicalização do setor. Essa abordagem pressupõe uma concepção que vai além da mera ausência de doença, buscando atuar sobre os determinantes da saúde. Ao incidir sobre as condições de vida da população, vai além da prestação de serviços clínicos e assistenciais, envolvendo ações intersetoriais que abrangem a educação, saneamento básico, habitação, renda, trabalho, alimentação, meio ambiente, acesso a bens e serviços essenciais, lazer, e outros determinantes sociais da saúde. A expressão "promoção da saúde" foi utilizada pela primeira vez em 1945 por Henry Sigerist, um canadense.
Terris (1992) destaca que a definição original da promoção da saúde, que enfatiza os "fatores gerais" determinantes da saúde, difere da concepção difundida pelo Relatório Lalonde em 1974, que priorizou os "fatores específicos". No entanto, esse relatório foi considerado um marco histórico no campo da Saúde Pública, por questionar oficialmente o impacto e o alto custo dos cuidados médicos na saúde (Fundação Oswaldo Cruz, 2000).
A ‘promoção da saúde’ relaciona-se mais fortemente aos múltiplos aspectos de modos de vida, porque estes definem melhor as condutas coletivas ou individuais que geram fatores protetores para uma vida saudável, transcendendo mudanças de hábitos individuais, como o uso de álcool e do cigarro, a alimentação saudável, os exercícios e o controle do stress, entre outros. Ademais sua relação com os processos da realidade social.
 2.2 DESAFIOS ENCOTRADOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
A promoção da saúde enfrenta diversos desafios para alcançar um estilo de vida mais saudável e criar ambientes que favoreçam essas mudanças. É necessário um trabalho intenso para aumentar a participação social, promover uma formação universitária mais voltada para a integralidade do ser humano, implementar políticas intra e intersetoriais que envolvam além da saúde, desenvolver programas de educação permanente, realizar construções ou reformas nas instalações das Unidades Básicas de Saúde, onde a maioria da população busca atendimento, e criar uma visão por parte dos gestores de que o investimento em promoção e prevenção de saúde tem impacto no bem-estar da população e da sociedade como um todo, além de reduzir custos e agravos.
2.3 RELATO DE CASO
Neste trecho de entrevista com a médica Valdirene, ela relata o caso de Dona Violeta, uma mulher de 42 anos que aparenta ter pelo menos 65 anos devido às dificuldades enfrentadas na vida. Dona Violeta é casada com um homem de 43 anos que teve um acidente vascular cerebral (AVC) há cinco anos. Ele ficou com o braço e a perna direita paralisados devido ao AVC, além de ter doença de Chagas e uma deficiência cardíaca.
O filho mais velho do casal não mora com eles, mas o filho caçula, chamado Pedro, que tem paralisia cerebral, vive com eles. Pedro não se movimenta, não anda e não mexe os braços, mas consegue se comunicar apenas com a mãe e o pai, por meio de olhares e balbucios.
A família mora em uma área de risco na periferia de São Paulo, em uma casa de apenas três cômodos, onde a cama de casal está colada à cama de solteiro. Dona Violeta aquece a água para a fisioterapia do marido com uma resistência improvisada, colocando-a diretamente na tomada, o que representa um perigo. A situação de moradia precária e a falta de acesso ao tratamento adequado levaram Dona Violeta a desenvolver ansiedade, especialmente durante a época das chuvas de verão, quando ela fica com medo de deslizamentos.
Dona Violeta perdeu a vaga de Pedro na AACD devido à dificuldade de acessibilidade do local onde moram, que inclui uma escada de cerca de cinquenta degraus. Seu marido recebe uma aposentadoria do INSS, mas o valor é baixo, cerca de trezentos reais, o que torna a sobrevivência da família muito difícil.
Dona Violeta se preocupa em deixar o marido e o filho sozinhos quando precisa sair de casa para ir ao posto de saúde ou ao mercado. Ela teme que seu marido tenha convulsões e que Pedro entreem pânico ao presenciar a situação.
Além disso, Pedro também tem crises nervosas e sufoca quando o pai tem convulsões. Dona Violeta relata que o filho enrola a língua, vira os olhos e para de respirar nessas ocasiões. Ela desenvolveu um quadro de transtorno de ansiedade devido à situação em que vivem.
A situação descrita na entrevista revela as dificuldades enfrentadas por Dona Violeta e sua família, que vivem em condições precárias, com limitações de acesso a serviços de saúde e enfrentam desafios físicos e emocionais diários.
3. CONCLUSÃO
Por fim, a promoção da saúde está inserida no debate sobre transformação social e na formulação de políticas e ações sociais abrangentes que permitam alternativas de desenvolvimento. Isso ressalta a importância do papel do Estado e da sociedade civil na realização de suas propostas.
Um questionamento relevante é até que ponto a promoção da saúde não é uma imagem-objetivo a ser constantemente buscada, visto que pode ser antagônica aos estilos de vida da sociedade ocidental. Essa sociedade é caracterizada por suas contradições, como o consumo incentivado incessantemente, o estresse da competição intensa no mercado de trabalho e nas vidas cotidianas, e outros problemas. 
As dificuldades enfrentadas pelas famílias no acesso à saúde são uma preocupação significativa em muitas partes do mundo. Várias questões podem contribuir para essas dificuldades, e vou apresentar algumas considerações finais sobre o assunto:
1. Acesso geográfico: Em muitas áreas, principalmente em regiões rurais e remotas, as famílias podem enfrentar dificuldades para acessar serviços de saúde devido à distância física. A falta de infraestrutura adequada, como estradas e transporte público, pode dificultar ainda mais o acesso a hospitais e clínicas.
2. Barreiras financeiras: O custo dos serviços de saúde pode ser uma barreira significativa para as famílias de baixa renda. Consultas médicas, exames, medicamentos e tratamentos podem ser caros, especialmente em países onde não há cobertura universal de saúde. Isso pode levar a um adiamento ou à falta de cuidados adequados de saúde.
3. Falta de informações: A falta de conhecimento sobre os serviços de saúde disponíveis e seus direitos pode ser um obstáculo para as famílias. Muitas vezes, eles podem não estar cientes dos programas governamentais de assistência médica ou das opções de seguro de saúde disponíveis para eles. A falta de conscientização pode levar a uma subutilização dos serviços de saúde.
4. Infraestrutura de saúde inadequada: Em algumas áreas, a falta de instalações de saúde adequadas pode ser um desafio para as famílias. Isso inclui a escassez de hospitais, clínicas e centros de saúde, bem como a falta de equipamentos médicos e profissionais de saúde qualificados. Essa falta de infraestrutura pode dificultar o acesso aos cuidados de saúde necessários.
5. Disparidades de gênero e discriminação: Em algumas comunidades, as mulheres e as meninas podem enfrentar dificuldades adicionais no acesso à saúde. Barreiras culturais, discriminação de gênero e desigualdade de poder podem limitar seu acesso a serviços de saúde, levando a disparidades no cuidado e nos resultados de saúde.
Para enfrentar essas dificuldades, é essencial que governos, organizações não governamentais e a comunidade internacional trabalhem juntos para melhorar o acesso à saúde. Isso pode envolver a expansão da infraestrutura de saúde, a implementação de programas de saúde comunitária, o aumento do financiamento para cuidados de saúde acessíveis e a promoção da educação em saúde. Além disso, é importante abordar as desigualdades sociais e de gênero que afetam o acesso à saúde, promovendo a igualdade e a inclusão.
Embora essas dificuldades sejam desafiadoras, é fundamental buscar soluções para garantir que todas as famílias tenham acesso a serviços de saúde de qualidade e adequados às suas necessidades. Isso não apenas beneficia as famílias individualmente, mas também contribui para comunidades saudáveis e sociedades mais equitativas como um todo.
4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Promoção da Saúde. Carta de Ottawa, Declaração de Adelaide, Declaração de Sundsvall, Declaração de Bogotá. Brasília, Ministério da Saúde. 2001.
BUSS, P.M. Uma introdução ao conceito de promoção da saúde. In: CZERESNIA, D., FREITAS, C.M., orgs. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2003. p. 15-38.
CERQUEIRA, M T. Promoción de la salud y educación para la salud: retos y perspectivas. In: ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. La promoción de la salud y la educación para la salud en América Latina: un análisis sectorial. Genebra: Editorial de La Universidad de Puerto Rico, 1997. p.7-48.
CZERESNIA, D., O conceito de saúde e a diferença entre prevenção e promoção. In: CZERESNIA, D., FREITAS, C.M. (orgs.) Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003, p. 39-54.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Promoção de saúde e qualidade de vida. Tema: Cidades Saudáveis. Radis, n.19, p.12-3, 2000.
KUHN, T. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva, 1992.
PEREIRA, I. M. T. B., PENTEADO, R. Z., MARCELO, V. C. Promoção de saúde e educação em saúde: uma parceria saudável. O mundo da saúde, ano 24, v.24, n.1, p.39-44, 2000.
TEIXEIRA, S.F. (org.) Reforma Sanitária: em busca de uma teoria. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1995.
TERRIS, M. Conceptos de la promoción de la salud: dualidades de la teoría de la salud publica. In: ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Promoción de la salud: una antología. Washington: OPAS, 1992, p.37-44. (Publicación científica, 557).

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