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ÁREA DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: PROCESSO PENAL I
PESQUISA JURISPRUDENCIAL
Processo: 5023927-61.2023.8.24.0000 (Acórdão do Tribunal de Justiça)
Relator: Ana Lia Moura Lisboa Carneiro
Origem: Tribunal de Justiça de Santa Catarina
Orgão Julgador: Primeira Câmara Criminal
Julgado em: 07/06/2023
Classe: Habeas Corpus Criminal
Habeas Corpus Criminal Nº 5023927-61.2023.8.24.0000/SC
RELATORA: Desembargadora ANA LIA MOURA LISBOA CARNEIRO
PACIENTE/IMPETRANTE: ANDERSON LUCAS MEIRELLES DUARTE (Paciente do H.C)
PACIENTE/IMPETRANTE: ALEXSSANDRO SOMMER (Paciente do H.C) IMPETRADO: Juízo
da Vara Criminal da Comarca de São Miguel do Oeste
RELATÓRIO
Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em favor de Anderson Lucas Meirelles
Duarte e Alexssandro Sommer, contra ato, em tese ilegal, praticado pelo Juiz de Direito da Vara
Criminal da Comarca de São Miguel do Oeste que, nos autos do inquérito policial n.
5001062-37.2023.8.24.0067, converteu a prisão em flagrante dos pacientes em prisão preventiva, pela
suposta prática do crime de tráfico de drogas.
Alega o impetrante, em suma, a existência de constrangimento ilegal à liberdade dos pacientes, ante a
ausência dos pressupostos para a decretação da medida extrema, notadamente o periculum libertatis,
considerando a ausência de fundamentação idônea no tocante à gravidade do caso em concreto.
Argumenta que a segregação cautelar somente poderá ocorrer quando forem insuficientes todas as
medidas cautelares alternativas à prisão, o que não restou demonstrado no decreto preventivo.
Ressalta que o cárcere é totalmente desproporcional à pena que eventualmente incorreria os pacientes.
Ainda, aponta a comprovação acerca dos bons predicados dos pacientes, como residência fixa,
primariedade e trabalho lícito.
Por fim, aduz violação ao princípio da presunção de inocência na decisão que manteve a segregação
cautelar.
Assim sendo, requer a concessão liminar da ordem com a revogação da prisão preventiva e o
restabelecimento da liberdade dos paciente. No mérito, pugna pela concessão em definitivo da ordem
(evento 1, INIC1).
O pedido liminar foi indeferido (evento 8, DESPADEC1).
Apresentadas as informações pela autoridade dita coatora (evento 15, INF1), a Procuradoria-Geral de
Justiça, em parecer da lavra do Procurador de Justiça, Dr. Rogério A. da Luz Bertoncini, opinou pelo
conhecimento do writ e pela denegação da ordem (evento 13, PROMOÇÃO1).
É o relatório.
VOTO
Adianto que o writ não comporta deferimento.
De plano, ressalta-se que a ação de habeas corpus não se destina à discussão do mérito da imputação,
reservada ao crivo do juiz natural da causa, até porque seu procedimento célere e simplificado não
permite a produção e a análise aprofundada do conteúdo probatório, tampouco possibilita a
participação efetiva de todos os sujeitos do processo originário. Dessa forma, no presente mandamus
será analisada apenas a legalidade no que se refere à prisão outrora decretada.
No caso em apreço, retira-se dos autos que o magistrado a quo fundamentou a decretação da
segregação cautelar dos pacientes a partir da consideração da presença dos requisitos indispensáveis
previstos nos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal, a saber, a prova da materialidade, os
indícios de autoria e sobretudo a necessidade de garantir a ordem pública.
Extrai-se do termo de audiência (evento 17, ATOORD1):
[...] Iniciada a audiência de custódia por videoconferência decorrente de prisão em flagrante
(Resolução CM n. 10 de 14-6-2017, com redação dada pela Resolução CM n. 23 de 24-11-2021 e
Orientação CGJ/GMF n. 21 de 13-12-2021), as partes conduzidas, dentro do Presídio, declararam não
ter defensor constituído, sendo assistidos pela Defensoria Pública. Foram removidas as algemas das
partes conduzidas. As partes segregadas conversaram, reservadamente, com seu defensor antes da
audiência. Os presentes foram cientificados de que: (a) os depoimentos e manifestações colhidas serão
exclusivamente filmadas ou gravadas em arquivo informatizado, não sendo efetivada redução a termo
das declarações prestadas; (b) a gravação em arquivo audiovisual será juntada aos processo nas
próximas 24 horas; (c) é vedada a divulgação não autorizada dos registros gravados ou audiovisuais a
pessoas estranhas ao processo. O MM. Juiz de Direito esclareceu aos presentes que foram anexadas
aos autos as certidões de antecedentes criminais da parte conduzida. Em seguida, o MM. Juiz passou a
entrevistar as partes indiciadas acerca da audiência de custódia. Na sequência, o MM. Juiz deu a
palavra ao membro do Ministério Público e, após, para a defesa das partes custodiada, sendo as
manifestações registradas pelo sistema audiovisual. O Ministério Público, em resumo, requereu a
homologação da prisão em flagrante e conversão em prisão preventiva. A defesa, em resumo,
requereu a homologação da prisão em flagrante e a concessão da liberdade provisória mediante
cautelares. Pelo MM. Juiz foi proferida decisão, cujos fundamentos principais constam em arquivo
audiovisual: Ante o exposto, homologo a prisão em flagrante (CPP, art. 302, inciso I) e, com
fundamento nos arts. 310, inciso II, 311, 312 e 313, todos do Código de Processo Penal, converto a
prisão em flagrante de Anderson Lucas Meirelles Duarte e Alexssandro Sommer em prisão
preventiva, para salvaguarda da ordem pública. Determino, ainda, a quebra de sigilo dos dados
armazenados nos aparelhos celulares/smartphones apreendidos em poder dos conduzidos, na forma
requerida pela autoridade policial e explicitada nesta decisão. Dê-se ciência desta decisão à autoridade
policial (relativamente aos arquivos produzidos a partir de aplicação de internet o período de acesso
fica limitado entre 27/02/2022 e 27/02/2023). A polícia científica deverá finalizar o laudo em 15 dias.
Expeça-se mandado de prisão. Cientifique-se Autoridade Policial.
Sobrevindo pedido de revogação da prisão preventiva, o magistrado indeferiu o pleito, nestes termos
(evento 21, DESPADEC1, grifos nossos):
ANDERSON LUCAS MEIRELLES DUARTE e ALEXSSANDRO SOMMER requereram a
revogação da prisão preventiva (Evento 10). O Ministério Público manifestou-se pelo indeferimento
do pedido (Evento 19). Fundamento e decido. As partes acusadas foram presas preventivamente por,
supostamente, incorrerem na prática do crime de tráfico de drogas (Lei n. 11.343/06, art. 33, caput). É
bem verdade que, nos termos do art. 316 do Código de Processo Penal, o juiz poderá revogar a prisão
preventiva se, no correr do processo, verificar a falta de motivo que subsista. No caso dos autos,
contudo, persistem os motivos que autorizaram a decretação da custódia cautelar, não tendo havido,
desde então, alteração da situação fática substancial ou de direito necessária à sua revogação.
Permanecem presentes os requisitos dos arts. 312 e 313 do Código de Processo Penal, pautandose a
prisão para garantia da ordem pública. As peculiaridades do caso concreto evidenciam que a aplicação
de medidas cautelares diversas da prisão não é adequada e proporcional à conduta praticada pelos
acusados. Retomo os fundamentos da decisão proferida oralmente no Evento 17 (Autos n. 5001062-
37.2023.8.24.0067), oportunidade em que foi determinada a restrição da liberdade dos investigados,
as quais reitero no presente momento para reforçar a necessidade de manutenção da segregação.
Ademais, complementou o Ministério Público sobre a necessidade de manutenção da segregação
cautelar dos acusados (Evento 19): De início, cumpre mencionar que não houve qualquer mudança no
contexto fático-jurídico que autorizou a decretação das prisões (Autos n.
5001062-37.2023.8.24.0067), tendo-se em conta que a custódia cautelar é pautada pelo princípio
rebus sic stantibus. Portanto, não exsurge, pelo mero decurso do tempo, direito subjetivo de revogação
da prisão preventiva, tornando-se desnecessária, inclusive, nova fundamentação. Faz-se imperiosa a
superveniência de alteração do contexto fático que altere algum dos requisitos que fundamentaram a
prisão provisória, como,aliás, vem decidindo reiteradamente o Tribunal de Justiça Catarinense,
veja-se: [...] Giza-se que o perigo concreto da liberdade dos acusados foi bem delineado na decisão
que decretou a segregação cautelar nos Autos n. 5001062-37.2023.8.24.0067, Eventos 17 e 23. Assim,
embora o Código de Processo Penal preveja outras formas de medidas cautelares diversas da prisão,
estas não incidem na hipótese dos autos, notadamente quando os requisitos para a manutenção da
prisão preventiva estão presentes, ainda que considerado os ditames do diploma legislativo.
Verifica-se que os pressupostos necessários para a custódia estão devidamente caracterizados, pois
restaram demonstrados os indícios de autoria e de materialidade delitiva pelas investigações realizadas
na fase policial e que poderão ser confirmados em Juízo. Quanto aos requisitos da medida cautelar
(artigo 313 e seus incisos, do Código de Processo Penal), tem-se que o delito tem pena máxima
superior a 4 (quatro) anos, circunstância esta suficiente para autorizar, por si só, a satisfação do
requisito da custódia cautelar, nos termos do artigo 313, inciso I, do Diploma Processual Penal.
Acerca dos fundamentos da segregação cautelar (art. 312, Código de Processo Penal), observa-se a
necessidade da manutenção da prisão especialmente para garantia a ordem pública. Conforme bem
delineado na manifestação e decisão iniciais, é flagrante a gravidade da conduta dos réus, bem como
trata-se de quantidade expressiva de droga para a realidade de São Miguel do Oeste. Além disso, dos
antecedentes criminais vislumbra-se a reincidência criminal, e, ainda, extrai-se que a droga foi
buscada em Chapecó, e o local em que um dos réus laborava era conhecido pelos policiais como
ponto de tráfico de drogas. No que se refere aos bons predicados levantados como argumento do
pleito, tem-se que, por si só, não são suficientes para afastar os motivos que autorizaram a prisão
preventiva, especialmente porque hoje, com as alterações sofridas na legislação, ela tornou-se
exceção, só sendo decretada em casos em que é estritamente necessária (TJSC, Habeas Corpus
(Criminal) n. 4031289-10.2018.8.24.0000, de Camboriú, rel. Des. Ernani Guetten de Almeida,
Terceira Câmara Criminal, j. 27-11-2018), tal como no caso em testilha. Sobre o assunto, o Tribunal
de Justiça de Santa Catarina já se manifestou: [...] Assim, apesar do esforço empreendido pela defesa,
considerando estar demonstrada a necessidade de permanência das custódias preventivas, inadequada
a revogação, tampouco a aplicação de outras medidas cautelares diversas da prisão, tal como destaca o
próprio artigo 282, § 6º, do Código de Processo Penal. Observa-se, dessa maneira, que a decisão é
lastreada em fatos concretos e relevantes para a salvaguarda da ordem pública, de modo que a soltura
dos investigados, no presente momento não se mostra adequada. O fato supostamente praticado é de
extrema gravidade, situação reforçada pelo Ministério Público em sua manifestação e também narrada
na denúncia ofertada (Evento 1): No dia 27 de fevereiro de 2023, por volta das 20h29min, na BR-282,
junto ao trevo do bairro Santa Rita, no Município de São Miguel do Oeste, os denunciados
ANDERSON LUCAS MEIRELLES DUARTE e ALEXSSANDRO SOMMER, agindo em evidente
afronta à saúde pública, tinham em depósito, guardaram e trouxeram consigo 100,8g (cem gramas e
oito decigramas) de substância entorpecente conhecida como cocaína, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, com o fim de comercialização e/ou fornecimento
ilegal. Segundo consta, a Polícia Militar, em continuação a operação Hórus, deu ordem de parada ao
veículo Megane, placa ISX9J40, onde estavam os acusados, momento em que houve o arremesso de
um pacote para fora do veículo. Realizadas as buscas pessoal e veicular, nada de ilícito foi encontrado.
Assim, os policias militares buscaram o pacote arremessado, no qual estava a droga mencionada.
Ainda, os denunciados alegaram que vinham de Chapecó e que foram até lá afim de adquirir um HD.
Entretanto, durante seus interrogatórios divergiram sobre o trajeto na cidade de Chapecó. Registre-se
que a cocaína é considerada substância entorpecentes e/ou psicotrópica tóxica capaz de causar
dependência física e/ou psíquica, proibidas em todo o Território Nacional, por disposição da Portaria
n. 344, de 12-5-1998, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, atualizada pela
RDC n. 117, de 19-10-2016. No caso concreto, o crime apurado é o de tráfico de drogas, existindo
fortes indícios de que os investigados sejam o autores do crime. O referido crime prevê: Art. 33.
Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter
em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Ademais, quanto a alegação defensiva de que possuem trabalho
lícito e residência fixa, o entendimento do Supremo Tribunal federal é de que isso, por si só, não
impede a manutenção da segregação cautelar: [...] a circunstância de o paciente ser primário, ter bons
antecedentes, trabalho e residência fixa não se mostra obstáculo ao decreto de prisão preventiva, desde
que presentes os pressupostos e condições previstas no art. 312 do CPP (HC 83.148/SP, rel. Min.
Gilmar Mendes, 2ª Turma, DJ 02.09.2005) (HC 102098, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda
Turma, julgado em 15/02/2011, DJe-151 DIVULG 05-08- 2011 PUBLIC 08-08-2011) HABEAS
CORPUS. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. LESÃO CORPORAL GRAVE. ALEGAÇÃO DE QUE O
PACIENTE NÃO DESOBEDECEU ORDEM JUDICIAL. PRISÃO EM FLAGRANTE
CONVERTIDA EM PREVENTIVA PELA PRÁTICA, EM TESE, DE LESÃO CORPORAL GRAVE
E NÃO EM RAZÃO DA DESOBEDIÊNCIA. NECESSIDADE DE ACAUTELAR A ORDEM
PÚBLICA. PACIENTE REINCIDENTE EM FASE DE CUMPRIMENTO DE PENA QUE NÃO
VEM CUMPRINDO AS DETERMINAÇÕES DO JUÍZO. POSSIBILIDADE CONCRETA DE
REITERAÇÃO DA CONDUTA. TRABALHO LÍCITO E ENDEREÇO FIXO QUE NÃO
IMPEDEM A PRISÃO CAUTELAR JUSTIFICADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
INEXISTENTE. ORDEM DENEGADA. (TJSC, Habeas Corpus n. 2011.097376-9, de Papanduva,
rel. Des. José Everaldo Silva, j. 31-01-2012).(Grifou-se) Condições pessoais favoráveis não têm, em
princípio, o condão de, isoladamente, revogar a prisão cautelar, se há nos autos elementos suficientes
a demonstrar a sua necessidade (RHC 81.100/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,
julgado em 14/03/2017, DJe 27/03/2017). Assim, as circunstâncias detalhadas nos autos evidenciam
que a manutenção da prisão provisória é medida que se impõe, revelando-se insuficientes, pelo menos
por ora, a aplicação da medidas cautelares diversas da prisão. Ante o exposto, indefiro o pedido de
revogação da prisão preventiva formulado pela defesa. Intimem-se.
Observa-se, pois, que o juízo de origem julgou ser necessária a decretação da prisão preventiva dos
pacientes a partir da análise concreta da suposta incursão na conduta típica do crime de tráfico de
drogas, cuja materialidade e os indícios de autoria restaram demonstrados nos documentos acostados
nos autos - mormente auto de prisão em flagrante, boletim de ocorrência, auto de exibição e apreensão
e auto de constatação de drogas -, e nas palavras dos policiais militares atuantes na ocorrência, nas
quais evidenciou-se que, em tese, no dia 27/02/2023, por volta das 20h30, na BR-282, junto ao
município de São Miguel do Oeste, em continuação à operação "Hórus", os agentes deram ordem de
parada ao veículo Megane, placa ISX9J40, onde estavam os pacientes, ocasião em que viram um
pacote ser arremessado para fora do automóvel, sendo realizadas buscas pessoal e veicular, sem êxito,
contudo, verificando que dentro do pacote havia cerca de 100g (cem gramas) de cocaína, tendo
alegado os pacientes que vinham da urbe de Chapecó.
Logo, a fundamentação para a segregação provisóriase deu com base principalmente na necessidade
da garantia da ordem pública mediante fundamentação concreta, considerando a quantidade e natureza
de entorpecente apreendido, aliada ao evidente transporte intermunicipal de drogas e à reincidência de
Alexssandro - que ostenta uma condenação nos autos n. 12156820178240067, transitada em julgado
em 02/03/2021, pela prática de crime de trânsito - e ao histórico criminal de Anderson - que
atualmente responde a ao menos outras três ações penais pela suposta prática de crimes de roubo,
trânsito e previsto no ECA, nos autos n. 21304920198240067, n. 50035442620218240067 e n.
50040937020208240067, respectivamente -, cenário que indica evidente risco de reiteração
criminosa.
Em situações tais, o Superior Tribunal de Justiça tem decidido que a quantidade, assim como a
natureza e variedade da droga, bem como a apreensão de instrumentos comumente utilizados na
mercancia e/ou de considerável numerário em espécie são fundamentos idôneos à decretação da
constrição cautelar:
AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES.
PRISÃO PREVENTIVA. REVOGAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS LEGAIS. APREENSÃO DE EXPRESSIVA QUANTIDADE DE DROGAS.
APETRECHOS RELACIONADOS À NARCOTRAFICÂNCIA. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. 1. A prisão preventiva é cabível mediante decisão fundamentada em dados concretos,
quando evidenciada a existência de circunstâncias que demonstrem a necessidade da medida extrema,
nos termos dos arts. 312, 313 e 315 do Código de Processo Penal. 2. São fundamentos idôneos para a
decretação da segregação cautelar no caso de tráfico ilícito de entorpecentes a quantidade, a variedade
ou a natureza das drogas apreendidas, bem como a gravidade concreta do delito, o modus operandi da
ação delituosa e a periculosidade do agente. [...] (STJ, AgRg no HC 634.142/SP, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 23/02/2021, DJe 26/02/2021, grifou-se).
A compreensão desta Câmara Criminal não destoa:
HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PRISÃO PREVENTIVA.
APURAÇÃO DA SUPOSTA PRÁTICA DO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS (LEI
11.343/2006, ART. 33, CAPUT). SEGREGAÇÃO CAUTELAR DECRETADA PARA GARANTIA
DA ORDEM PÚBLICA, CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL E ASSEGURAR A
APLICAÇÃO DA LEI PENAL. [...] MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA PELA
NECESSIDADE DE GARANTIR A ORDEM PÚBLICA. ELEMENTOS CONCRETOS DOS
AUTOS QUE EVIDENCIAM A POSSIBILIDADE DE REITERAÇÃO DELITIVA.
QUANTIDADE, VARIEDADE E NATUREZA DAS DROGAS APREENDIDAS. LOCAL
CONHECIDO PELA NARCOTRAFICÂNCIA. PENA HIPOTÉTICA QUE NÃO PERMITE O
INDEFERIMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA. PREDICADOS SUBJETIVOS. IRRELEVÂNCIA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. ORDEM DENEGADA. (TJSC,
Habeas Corpus Criminal n. 5018180-04.2021.8.24.0000, rel. Carlos Alberto Civinski, Primeira
Câmara Criminal, j. 20-05-2021, grifou-se).
A respeito da habitualidade da conduta, oportuno colacionar deste e. TJSC:
HABEAS CORPUS - TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33 DA LEI N. 11.343/06) - PEDIDO DE
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA - IMPOSSIBILIDADE. PERICULUM LIBERTATIS -
REQUISITO PREENCHIDO - PACIENTE JÁ CONHECIDO PELA NARCOTRAFICÂNCIA -
APREENSÃO DE VARIEDADE E QUANTIDADE DE DROGAS E NUMERÁRIO EM NOTAS
FRACIONADAS - ACUSADO, ADEMAIS, QUE POSSUI REGISTROS PERSECUTIVOS -
PERICULOSIDADE E RISCO DE REITERAÇÃO - NECESSIDADE DE RESGUARDO DA
ORDEM PÚBLICA A QUEM INDICIA FAZER DO ILÍCITO UMA HABITUALIDADE - PRISÃO
CAUTELAR PLENAMENTE JUSTIFICADA. I - A periculosidade do agente e o risco de reiteração
criminosa que sobressaem pelo suposto exercício da traficância de drogas ilícitas são fundamentos
válidos para a decretação da prisão preventiva, sobretudo quando reforçados pela demonstração
indiciária que o acusado faz do ilícito comportamento recorrente e habitual, trazendo, assim, sérios
riscos contínuos à coletividade no cometimento de inquietante delito que apresenta gravidade
concreta, não só à saúde dos usuários de per si considerada, mas também com íntima relação a tantos
outros desmandos a lei que assolam a nossa sociedade, afora a própria promoção da insegurança. [...]
(TJSC, Habeas Corpus Criminal n. 5050819-75.2021.8.24.0000, rel. Luiz Antônio Zanini Fornerolli,
Quarta Câmara Criminal, j. 14-10-2021, grifou-se).
Portanto, não há constrangimento ilegal a ser sanado, restando demonstrada, de modo concreto, a
necessidade do encarceramento para garantia da ordem pública, restando afastada a possibilidade de
fixação de cautelares diversas (art. 319 do CPP) que, por ora, não de mostram suficientes para
resguardar a ordem pública.
Cumpre consignar também, que a decretação da prisão preventiva não viola os princípios da
presunção de inocência e dignidade da pessoa humana, vez que possui previsão direita no texto
constitucional, em seu art. 5º, LXI.
Salienta-se que bons predicados dos pacientes não afastam, de per si, a necessidade da prisão cautelar,
inclusive porque "Impossível a soltura do paciente com fulcro apenas em bons predicados (idoneidade
moral, primariedade, trabalho e residência fixa), uma vez que tais circunstâncias são insuficientes,
sozinhas, para impedir a prisão cautelar, devendo tais elementos serem sopesados em conjunto com
todo o contexto fático-probatório" (TJSC, HC n. 5038241-80.2021.8.24.0000, rel. Luiz Antônio
Zanini Fornerolli, Quarta Câmara Criminal, j. 12-08-2021).
A respeito da tese de que eventual condenação ensejará a imposição de regime menos gravoso, o que
denota desproporcionalidade com a presente segregação cautelar, cumpre ressaltar que trata-se de
circunstância meramente hipotética, não relacionada com os fundamentos do decreto preventivo.
A saber, "Mostra-se descabida a alegação de desproporcionalidade da medida com base em futura e
hipotética condenação a pena que será cumprida em regime menos gravoso que o fechado, uma vez
que somente após a finalização da instrução criminal é que poderá o Juízo, em caso de condenação,
dosar a pena e fixar o respectivo regime de cumprimento não sendo possível antecipar esta análise."
(STJ - RHC n. 97057/MG, Sexta Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. em 07/08/2018).
Importante mencionar que especialmente nos casos de segregação cautelar, deve-se observar o
princípio da confiança no juiz da causa, porquanto o magistrado de primeiro grau, pela maior
proximidade com o contexto social retratado, detém maior substrato fático para aferir a conveniência
da prisão provisória em favor da segurança pública.
Por derradeiro, registra-se que o entendimento até aqui explanado é formado com base em uma
análise incipiente do feito, válido especificamente para o procedimento célere do habeas corpus, até
porque compete ao impetrante produzir prova pré-constituída de suposto constrangimento ilegal, o
que não se verificou no caso em comento.
Com o mesmo entendimento, lavrou parecer o Exmo. Dr. Rogério A. da Luz Bertoncini.
Ante o exposto, voto por conhecer do writ e denegar a ordem.
Documento eletrônico assinado por ANA LIA MOURA LISBOA CARNEIRO, Desembargadora, na
forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006. A conferência da
autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
https://eproc2g.tjsc.jus.br/eproc/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador
3472271v7 e do código CRC 1507d632.Informações adicionais da assinatura:Signatário (a): ANA
LIA MOURA LISBOA CARNEIROData e Hora: 8/6/2023, às 15:11:35
COMENTÁRIO: O habeas corpus em questão trata da decisão que converteu a prisão em flagrante
em prisão preventiva. Alegou-se a ausência dos requisitos autorizadores da prisão cautelar, porém,
essa alegação foi considerada insubsistente. O principal ponto para essa tomada de decisão foi que, os
policiais militares deram ordem de parada ao veículo conduzido pelos pacientes e presenciaram um
pacote sendo arremessado para fora do automóvel, contendo cerca de 100g de cocaína, além disso, o
histórico criminal dos mesmos demonstra uma reiteração criminosa. A segregação dos pacientes foi
considerada necessária para garantira ordem pública, levando em consideração a quantidade e a
natureza da droga apreendida. Os requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal foram
considerados presentes, e o constrangimento ilegal não foi verificado. Embora os pacientes possuam
bons predicados, esses não impediram a manutenção da prisão cautelar. As medidas cautelares
diversas da prisão não foram consideradas adequadas ao caso. O habeas corpus foi conhecido, mas a
ordem foi denegada.
A decisão de negar o habeas corpus foi baseada em fundamentos como a quantidade e a natureza da
droga apreendida, o histórico criminal dos pacientes e a necessidade de resguardar a ordem pública. O
juiz avaliou que a prisão preventiva era necessária para evitar que os pacientes continuassem a
cometer crimes ou representassem um risco para a sociedade.
Caso haja discordância com a decisão, as partes envolvidas têm o direito de recorrer a instâncias
superiores do sistema judiciário, buscando uma revisão da decisão, que ao meu ver está correta
levando em consideração todos os fatos, que fica evidente que eles continuariam a cometer crimes se
estiverem soltos.
REFERÊNCIA
Habeas Corpus Criminal Nº 5023927-61.2023.8.24.0000/SC. Disponível em:
https://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/html.do?q=Pris%E3o%20preventiva%20ordem%20p%FAblica&only_em
enta=&frase=&id=321686247925920562225920584506&categoria=acordao_eproc. Acesso em: 08/06/2023.
https://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/html.do?q=Pris%E3o%20preventiva%20ordem%20p%FAblica&only_ementa=&frase=&id=321686247925920562225920584506&categoria=acordao_eproc
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