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DIREITO PENAL SEÇÃO 2 ESTÁGIO SUPERVISIONADO

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Seção 2 
SUA PETIÇÃO 
DIREITO 
PENAL 
 
 2 
 
 
 
 
 
Estimados alunos e alunas, conforme a narrativa anterior, o seu cliente fora preso em flagrante por ter dirigido 
o seu veículo automotor de marca Porsche de forma embriagada e ocasionado a morte de duas pessoas que 
estavam indo trabalhar. Após os trâmites normais feitos pela Polícia Militar, foi realizada audiência de custódia 
no prazo de duas semanas após a sua prisão em flagrante, sendo que nessa assentada o membro do Ministério 
Público requereu a conversão de sua prisão em flagrante em prisão preventiva. Você requereu o relaxamento da 
prisão em flagrante, tendo em vista que ela não fora feita de forma legal, uma vez que se descumpriu o art. 310, 
caput, CPP, que exige o prazo de 24 horas para a sua realização, bem como os pressupostos e requisitos do art. 
312, CPP, não foram devidamente preenchidos. 
Todavia, o magistrado entendeu por bem decretar a prisão preventiva, entendendo que o prazo de 24 horas é 
considerado impróprio e não merece ser seguido à risca, além disso corroborou as declarações do Ministério 
Público de que o acusado é rico e isso pode ensejar a prisão com base na garantia da ordem pública, bem como 
ele poderia fugir do país e ameaçar testemunhas, em razão da sua excelente condição financeira. 
De forma expressa, a fundamentação do magistrado para a decretação da prisão preventiva foi nos seguintes 
termos: 
 
“Tendo em vista que o acusado é pessoa de posses e isso pode ensejar que ele use o seu poder 
econômico para fugir do país ou até mesmo ameaçar testemunhas, entendo estarem presentes 
os requisitos da garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e garantia de 
aplicação da lei penal. Ademais, o fato de a audiência de custódia não ter sido realizada no 
prazo de 24 horas, tal prazo é considerado impróprio e não deve ser cumprido à risca. Nesses 
termos, decreto a prisão preventiva como única medida cabível na espécie”. 
 
 
 
Seção 2 
DIREITO PENAL 
Sua causa! 
 
 3 
Dessa forma, o réu nesse momento encontra-se preso preventivamente na cidade de São Paulo/SP, já tendo 
passado um período de recolhimento cautelar de 100 dias sem qualquer denúncia criminal por parte do 
Ministério Público, tendo sido o feito distribuído para o juiz da 1ª Vara Criminal da Capital. 
Você, como Advogado (a) de Fulano de tal deverá interpor a peça cabível para a restituição da liberdade de seu 
cliente. 
 
 
 
 
Fundamentando! 
A prisão preventiva 
 
De acordo com o estabelecido na Constituição Federal em seu artigo 5°, LVII, todos são considerados inocentes 
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Trata-se do princípio da presunção de inocência ou 
não culpabilidade. Nesses termos: 
 
Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
 
Assim, qualquer medida restritiva de direito, notadamente uma prisão preventiva, somente pode ser decretada 
quando preencher todos os requisitos legais, uma vez que a liberdade é a regra. 
O problema a ser resolvido elenca uma prisão preventiva que possui natureza cautelar pressupondo a existência 
de periculum libertatis e fumus comissi delicti, como bem ensina o Professor Avena, in verbis: 
 
Como qualquer medida cautelar, a preventiva pressupõe a existência de periculum in mora (ou 
periculum libertatis) e fumus boni iuris (ou fumus comissi delicti), o primeiro significando o 
risco de que a liberdade do agente venha a causar prejuízo à segurança social, à eficácia das 
investigações policiais/apuração criminal e à execução de eventual sentença condenatória, e 
o segundo, consubstanciado na possibilidade de que tenha ele praticado uma infração penal, 
em face dos indícios de autoria e da prova da existência do crime verificados no caso 
concreto. (AVENA, Norberto. Processo Penal. Grupo GEN, p. 1054, 2020. [Minha Biblioteca]. 
 
O art. 312 do CPP demonstra os requisitos necessários para a realização da prisão preventiva, nesses termos: 
 
 4 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem 
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, 
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado 
pelo estado de liberdade do imputado. 
Portanto, antes de analisar os requisitos necessários à decretação da prisão preventiva, o juiz deverá ter certeza 
da existência do crime e indícios suficientes de autoria, pressupostos fundamentais para a sua imposição. Nas 
palavras de Nestor Távora e Rosmar Rodrigues, 
 
Temos a necessidade de comprovação inconteste da ocorrência do delito, seja por exame 
pericial, testemunhas, documentos, interceptação telefônica autorizada judicialmente ou 
quaisquer outros elementos idôneos, impedindo-se a segregação cautelar quando houver 
dúvida quanto à existência do crime. Quanto a autoria, são necessários apenas indícios aptos a 
vincular o indivíduo à prática da infração. Não se exige a concepção de certeza, necessária 
para uma condenação. A lei se conforma com o lastro superficial mínimo vinculando o agente 
ao delito. (TÁVORA; ALENCAR, 2019 p. 980) 
 
O Digesto Processual Penal estabelece no art. 312 os motivos necessários para fundamentação da prisão 
preventiva, pois além de ser necessária a prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, o 
magistrado ao decretá-la deverá motivar-se em um dos seus requisitos, sob pena de ilegalidade da prisão. 
A prisão pode ser decretada para garantia da ordem pública. A doutrina majoritária critica esse requisito 
autorizador da medida cautelar, pois não se sabe ao certo o que seria a garantia da ordem pública. Para alguns 
doutrinadores, como Leonardo Barreto, “violam a ordem pública: aqueles que afetam a credibilidade do 
judiciário; os que contam com a divulgação pela mídia (não confundir com sensacionalismo, clamor público); 
os crimes cometidos com violência ou grave ameaça ou com outra forma de execução cruel; se o agente delitivo 
possui longa ficha de antecedentes etc.”. (ALVES, Leonardo Barreto Moreira, 2019, v.8, p. 117). 
Os tribunais superiores entendem que a prisão preventiva decretada para garantir a ordem pública não pode 
basear-se em dados abstratos, como por exemplo estar o indivíduo respondendo a processo criminal ou já ter 
sido condenado por outro delito, bem como o fato de a capacidade econômica dele ser elevada e isso, por si só, 
já configurar elemento suficiente para consubstanciar-se na chamada na garantia da ordem pública. 
No caso concreto deve ser demonstrado cabalmente que a liberdade do indivíduo coloca a ordem pública em 
perigo, por ser uma exceção a prisão cautelar não pode basear-se em fatos abstratos. Nesses termos, é o 
pensamento do Superior Tribunal de Justiça: 
 
HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. TRÁFICO DE DROGAS (1,8 G DE 
COCAÍNA E 4 G DE CRACK). GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. 
FUNDAMENTAÇÃO. 
EXISTÊNCIA DE REGISTROS CRIMINAIS. RECEIO DE PERIGO GERADO PELO 
ESTADO DE LIBERDADE DO IMPUTADO À ORDEM PÚBLICA NÃO EVIDENCIADO. 
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. LIMINAR DEFERIDA. PARECER MINISTERIAL 
PELA DENEGAÇÃO DA ORDEM. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 
1. No caso, a despeito de apresentar prova da existência do delito e indício suficiente de autoria, 
o decreto preventivo não apontou elementos concretos de receio de perigo gerado pelo estado 
de liberdade do imputado à ordem pública, carecendo, assim, de fundamento apto a 
consubstanciar a prisão. Precedentes. 
 
 5 
2. Registre-se que a quantidade de entorpecente apreendido (1,8 g de cocaína e 4 g de crack) 
não é expressiva. Nesse sentido: HC n. 
614.770/SP, de minha relatoria, Sexta Turma, DJe 30/11/2020. 
3. Então, conquanto o Juiz haja mencionado registros criminais recentes do paciente, a denotar 
a necessidade de garantir a ordem pública, a justificativa não se mostra bastante, em juízo de 
proporcionalidade,a motivar a cautela extrema, sobretudo porque foi encontrada com o 
suspeito quantidade de droga que não é elevada a ponto de, por si só, denotar a prática não 
ocasional do tráfico de drogas (HC n. 524.586/SP, Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta 
Turma, DJe 21/10/2019). 
4. Ordem concedida, confirmando a medida liminar, para revogar a prisão preventiva imposta 
ao paciente nos Autos n. 
0009251-14.2019.8.21.0132, da Vara Criminal da comarca de Sapiranga/RS, facultando-se ao 
Magistrado singular determinar o cumprimento de medidas cautelares alternativas à prisão. 
(HC 577.815/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 
23/02/2021, DJe 26/02/2021) 
 
A prisão também pode ser decretada para garantia da ordem econômica. Nesse caso, deve ficar comprovado 
que caso o indivíduo permaneça em liberdade a orem econômica pode sofrer algum abalo. Essa hipótese de 
prisão cautelar é totalmente genérica e de difícil constatação no caso concreto, até porque ele poderia ser 
facilmente enquadrado no preceito da garantia da ordem pública. 
Como exemplo, poderiam ser citados crimes de sonegação fiscal com cifras milionárias, lavagem de capitais 
perpetrada por meio de uma complexa engenharia econômica de forma a ocultar valores bilionários desviados 
de empresas estatais ou graves fraudes em licitações públicas que possam comprometer toda a estabilidade 
social local. 
No sentido da inocuidade do requisito, Nestor Távora e Osmar Rodrigues prelecionam: 
 
“(...) afinal, havendo temor da prática de novas infrações, afetando ou não a ordem econômica, 
já haveria o enquadramento na expressão maior, que é a garantia da ordem pública. 
(TÁVORA; ALENCAR, 2019 p. 984). 
 
A prisão pode ser decretada para garantia da instrução criminal. Nesse caso, a lei prevê a possibilidade de prisão 
preventiva daquele indivíduo que de alguma forma dificulta a produção probatória, por exemplo ameaçando 
testemunhas ou destruindo provas. Cumpre ressaltar que tais fatos devem estar sobejamente demonstrados nos 
autos. 
A prisão pode ser decretada para garantia da aplicação da lei penal. In casu, a possibilidade de prisão preventiva 
diz respeito à possibilidade em que o agente fuja e seja impossível ao final do processo o cumprimento da 
penalidade a ele imposta. 
Noutro giro, os a jurisprudência e a doutrina majoritárias entendem que o simples fato de o agente possuir 
condição financeira suficiente para lhe proporcionar a fuga, não pode isoladamente ser fundamento necessário 
para a decretação de sua prisão preventiva. Para que isso seja possível é necessário que se comprove fatos 
concretos por ele realizados para impedir a aplicação da lei penal, por exemplo a compra de passagem para o 
exterior. Por todos, segue pensamento pretoriano: 
 
 
 6 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO 
ORDINÁRIO. 
NÃO CABIMENTO. NOVA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL. ARTIGOS 2º, CAPUT 
E §4º, INCISOS II, III, IV E V, C.C. 1º, §1º, DA LEI 12.850/2013, 333, CAPUT E 
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO PENAL (55 VEZES), E 1º, CAPUT, DA LEI 
9.613/1998 (131 VEZES). OPERAÇÃO "LAVA JATO". ALEGADA AUSÊNCIA DE 
FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO PRISIONAL. SEGREGAÇÃO CAUTELAR 
DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E PARA 
ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 
I - A Primeira Turma do col. Pretório Excelso firmou orientação no sentido de não admitir a 
impetração de habeas corpus substitutivo ante a previsão legal de cabimento de recurso 
ordinário (v.g.: HC n. 
109.956/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 11/9/2012, RHC n. 
121.399/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 1º/8/2014 e RHC n. 
117.268/SP, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 13/5/2014). As Turmas que integram a Terceira 
Seção desta Corte alinharam-se a esta dicção, e, desse modo, também passaram a repudiar a 
utilização desmedida do writ substitutivo em detrimento do recurso adequado (v.g.: HC n. 
284.176/RJ, Quinta Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 2/9/2014, HC n. 297.931/MG, 
Quinta Turma, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe de 28/8/2014, HC n. 293.528/SP, Sexta 
Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe de 4/9/2014 e HC n. 253.802/MG, Sexta Turma, Rel. 
Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 4/6/2014). 
II - Portanto, não se admite mais, perfilhando esse entendimento, a utilização de habeas corpus 
substitutivo quando cabível o recurso próprio, situação que implica o não conhecimento da 
impetração. 
Contudo, no caso de se verificar configurada flagrante ilegalidade apta a gerar 
constrangimento ilegal, recomenda a jurisprudência a concessão da ordem de ofício. 
III - A prisão cautelar deve ser considerada exceção, já que, por meio desta medida, priva-se o 
réu de seu jus libertatis antes do pronunciamento condenatório definitivo, consubstanciado na 
sentença transitada em julgado. É por isso que tal medida constritiva só se justifica caso 
demonstrada sua real indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal 
ou a aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal. A prisão 
preventiva, portanto, enquanto medida de natureza cautelar, não pode ser utilizada como 
instrumento de punição antecipada do indiciado ou do réu, nem permite complementação de 
sua fundamentação pelas instâncias superiores (HC n. 93.498/MS, Segunda Turma, Rel. Min. 
Celso de Mello, DJe de 18/10/2012). 
IV - Na hipótese, o decreto prisional encontra-se devidamente fundamentado em dados 
concretos extraídos dos autos, que evidenciam a necessidade de se garantir a ordem pública, 
tendo em vista o modo sistemático, habitual e profissional dos crimes praticados contra a 
Administração Pública Federal, que indicam verdadeiro modus operandi de realização de 
negócios com a Administração Pública, gerando grande prejuízo aos cofres públicos. 
V - Não se pode olvidar, ademais, o fundado receio de reiteração delitiva, tendo em vista que 
o paciente seria integrante de organização criminosa voltada para o cometimento de ilícitos de 
corrupção e lavagem de ativos em contratações realizadas com o Poder Público, o que justifica 
a imposição da medida extrema no intuito de interromper ou diminuir a atuação das práticas 
cartelizadas realizadas em prejuízo de grandes licitações no país. Neste sentido, já decidiu o 
eg. Pretório Excelso que "A necessidade de se interromper ou diminuir a atuação de integrantes 
de organização criminosa, enquadra-se no conceito de garantia da ordem pública, constituindo 
 
 7 
fundamentação cautelar idônea e suficiente para a prisão preventiva" (HC n. 95.024/SP, 
Primeira Turma, Relª. Ministra Cármen Lúcia, DJe de 20/2/2009). 
VI - Também se mostra cabível a prisão preventiva para assegurar a aplicação da lei penal, 
uma vez que, após a prolação da decisão inicial em primeira instância, sobreveio informação 
de que o paciente teria dupla nacionalidade e que teria enviado valores ao exterior no curso 
das investigações, o que poderia significar possível pretensão de fuga ou embaraçar sequestro 
e confisco de tais valores eventualmente obtidos de maneira ilícita. 
VII - Mostra-se insuficiente a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, previstas no 
art. 319 do CPP, quando presentes os requisitos autorizadores da prisão cautelar, como na 
hipótese. 
Habeas corpus não conhecido. 
(HC 338.297/PR, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, Rel. p/ Acórdão Ministro FELIX 
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe 11/02/2016) 
 
Dessa forma, não se aceita a decretação da prisão preventiva com base em meras conjecturas de que o acusado 
rico irá fugir ou enquadrar-se em um dos requisitos do artigo 312, CPP. 
Em recente alteração do Código de Processo Penal, estabeleceu-se ser a prisão cautelar a ultima ratio, ou seja, 
antes de decretar o encarceramento do indivíduo, deve o magistrado analisar a possibilidade de decretar medidas 
cautelares diversas da prisão, caso sejam eficazes para proteger o bem jurídico tutelado e a aplicação do devido 
processo legal, tais cautelaresestão dispostas no art. 319, CPP, nesses termos: 
 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para 
informar e justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar 
o risco de novas infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou 
necessária para a investigação ou instrução; 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou 
acusado tenha residência e trabalho fixos; 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou 
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou 
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável e houver risco 
de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do 
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem 
judicial; 
IX - monitoração eletrônica. 
 
 
 8 
Portanto, antes de decretar a prisão preventiva, o Magistrado deverá analisar a possibilidade de decretação de 
medida cautelar diversa da prisão, isolada ou conjuntamente, desde que adequada ao caso concreto, devendo 
determinar o encarceramento do agente apenas se as demais cautelares se mostrarem insuficientes. 
Além disso, como novidade legal imposta pelo Pacote Anticrime, deve ser atentado para o que dispõe o artigo 
316, CPP, em que se determina ao juiz a revisão da prisão preventiva decretada após o prazo de 90 dias, sob 
pena de tornar a prisão ilegal, nesses termos: 
 
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no 
correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem 
como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a 
necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de 
ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. 
 
Essa novidade legal veio em boa hora para afastar aquelas prisões preventivas sem qualquer prazo, em que o 
acusado ficava o processo penal todo encarcerado com uma fundamentação que nem mais subsistia e fora 
decretada anos atrás. Com a nova disposição legal, o juiz que decretou a prisão preventiva deverá atentar-se, 
após o prazo de 90 dias, para a necessidade ou não de sua manutenção, conforme vem decidindo o Superior 
Tribunal de Justiça, in verbis: 
 
HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. EXTORSÃO. ART. 316, PARÁGRAFO ÚNICO, 
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. OBRIGAÇÃO DE REVISAR, A CADA 90 
(NOVENTA) DIAS, A NECESSIDADE DE SE MANTER A CUSTÓDIA CAUTELAR. 
TAREFA IMPOSTA APENAS AO JUIZ OU TRIBUNAL QUE DECRETAR A PRISÃO 
PREVENTIVA. REAVALIAÇÃO PELOS TRIBUNAIS, QUANDO EM ATUAÇÃO 
COMO ÓRGÃO REVISOR. INAPLICABILIDADE. ORDEM DENEGADA. 
1. A obrigação de revisar, a cada 90 (noventa) dias, a necessidade de se manter a custódia 
cautelar (art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal) é imposta apenas ao juiz ou 
tribunal que decretar a prisão preventiva. Com efeito, a Lei nova atribui ao “órgão emissor da 
decisão” – em referência expressa à decisão que decreta a prisão preventiva – o dever de 
reavaliá-la. 
2. Encerrada a instrução criminal, e prolatada a sentença ou acórdão condenatórios, a 
impugnação à custódia cautelar – decorrente, a partir daí, de novo título judicial a justificá-la 
– continua sendo feita pelas vias ordinárias recursais, sem prejuízo do manejo da ação 
constitucional de habeas corpus a qualquer tempo. 
3. Pretender o intérprete da Lei nova que essa obrigação – de revisar, de ofício, os fundamentos 
da prisão preventiva, no exíguo prazo de noventa dias, e em períodos sucessivos – seja 
estendida por toda a cadeia recursal, impondo aos tribunais (todos abarrotados de recursos e 
de habeas corpus) tarefa desarrazoada ou, quiçá, inexequível, sob pena de tornar a prisão 
preventiva “ilegal”, data maxima venia, é o mesmo que permitir uma contracautela, de modo 
indiscriminado, impedindo o Poder Judiciário de zelar pelos interesses da persecução criminal 
e, em última análise, da sociedade. 
4. Esse mesmo entendimento, a propósito, foi adotado pela QUINTA TURMA deste Superior 
Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do AgRg no HC 569.701/SP, Rel. Ministro 
RIBEIRO DANTAS, julgado em 09/06/2020, DJe 17/06/2020: “Nos termos do parágrafo 
único do art. 316 do CPP, a revisão, de ofício, da necessidade de manutenção da prisão 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
 
 9 
cautelar, a cada 90 dias, cabe tão somente ao órgão emissor da decisão (ou seja, ao julgador 
que a decretou inicialmente) […] Portanto, a norma contida no parágrafo único do art. 316 do 
Código de Processo Penal não se aplica aos Tribunais de Justiça e Federais, quando em atuação 
como órgão revisor.” 5. Na hipótese dos autos, em sessão realizada em 24 de março de 2020, 
o Tribunal de origem julgou as apelações (da Defesa e da Acusação) e impôs ao Réu, ora 
Paciente, pena mais alta, fixada em mais de 15 (quinze) anos de reclusão – o Magistrado 
singular havia estabelecido a pena em mais de 13 (treze) anos de reclusão. 
6. No acórdão que julgou as apelações, nada foi decidido acerca da situação prisional do ora 
Paciente, até porque a Defesa nada requereu nesse sentido. Assim, considerando que inexiste 
obrigação legal imposta à Corte de origem de revisar, de ofício, a necessidade da manutenção 
da custódia cautelar reafirmada pelo juízo sentenciante, não há nenhuma ilegalidade a ensejar 
a ingerência deste Superior Tribunal de Justiça, sob pena de indevida supressão de instância. 
7. Ademais, em consulta ao sítio eletrônico do Tribunal de origem, vê-se que o recurso especial 
e o recurso extraordinário interpostos pela Defesa do Paciente foram inadmitidos em 
03/07/2020; em 13/07/2020 foi interposto agravo em recurso especial e eventual juízo de 
retratação ainda não foi realizado. Desse modo, os autos ainda não foram encaminhados a esta 
Corte Superior. 
8. Ordem de habeas corpus denegada. 
(HC 589.544/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 08/09/2020, 
DJe 22/09/2020) 
 
Nesse diapasão, o aluno deve atentar-se para esses aspectos da prisão preventiva, bem como a novidade legal 
estampada no artigo 316, CPP, que, de forma inédita, determinou o prazo de 90 dias para revisão de seus 
requisitos já demonstrados, à saciedade, no artigo 312, CPP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Constituição Federal, do artigo 5°, LVII 
"todos são considerados inocentes até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória”. Trata-se do princípio da presunção de inocência ou não 
culpabilidade. Nesses termos: Ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 10 
 
Para elaborarmos uma peça prático-profissional que visa à liberdade da pessoa precisamos 
responder às seguintes indagações. 
 
1 – já tendo sido decretada a prisão preventiva, qual medida poderia ser utilizada antes da instrução 
criminal? Há algum juiz para o qual foi distribuído o processo? Revogação da prisão preventiva. Sim, 
já há Juiz competentepara o fato, devendo a peça ser a ele direcionada. 
2 – a prisão viola os requisitos do artigo 312, CPP, que é onde se concentram todos os requisitos da 
prisão preventiva? Sim, pois tais requisitos não foram devidamente preenchidos para fins de 
decretação da prisão preventiva. 
3- existe alguma medida diferente do habeas corpus para sanar tal problema e restituir a liberdade? 
Sim, a revogação da prisão preventiva, sendo que o habeas corpus pode também ser manejado em 
todas as situações de prisões, mas em provas da OAB é melhor ofertar a peça tecnicamente 
adequada com exclusão do HC. 
4- há algum dispositivo novo inserido pelo Pacote Anticrime e que merece análise concreta? Sim, o 
art. 316, CPP, que inseriu a necessidade de a prisão preventiva ter prazo para a sua revisão. 
 
Respondidas essas perguntas poderemos começar a desenvolver a nossa peça. 
1 – Sempre importante fundamentar, inicialmente, com algum artigo da Constituição Federal, 
notadamente o artigo 5º. 
2 – Após a utilização de um artigo da Constituição Federal é interessante que se utilize um ou mais 
artigos da legislação infraconstitucional e evidentemente explique o motivo da citação legal. 
3 – Precisamos utilizar também a doutrina, se possível mais de um doutrinador com o mesmo 
entendimento. A utilização de uma doutrina atual enriquece qualquer peça. 
4 – Não podemos deixar de utilizar uma jurisprudência atual acerca do assunto debatido. Deve-se 
preferir jurisprudência de Tribunais superiores, como Superior Tribunal de Justiça e Supremo 
Tribunal Federal. 
Atenção: Jurisprudência são decisões reiteradas dos Tribunais, decisões isoladas devem ser 
evitadas. 
5 – Se possível utilizar súmulas, vinculantes e/ou não vinculantes. 
Vamos peticionar! 
 
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A primeira coisa a se fazer em uma peça processual é o endereçamento, ou seja, precisamos saber 
de quem é a competência para analisar aquele fato. Por esse motivo antes de ajuizar uma ação ou 
apresentar qualquer peça processual é necessário que o aluno conheça as regras de competência. 
As questões da OAB sempre demonstram onde se deu o fato, o que fica claro de atestar a 
competência. 
Após o endereçamento precisamos realizar um preâmbulo, nele colocaremos todos os dados das 
partes. Nunca se deve inventar dados nas peças práticas da OAB, pois isso identifica a sua prova, o 
que irá desclassificá-lo. 
Após o preâmbulo iniciaremos os fatos, que nada mais são que a história contada pelo examinador. 
Após a narrativa dos fatos iniciaremos os fundamentos jurídicos. É nesse ponto que você demonstra 
seu conhecimento. Portanto, faça com muita atenção e demonstre para o seu examinador que você 
conhece do assunto. 
Após a fundamentação é hora de fazer os pedidos. Cuidado! Você só pode pedir o que fundamentou. 
Essas são as chamadas dicas de ouro e tenho certeza de que com esse roteiro mental será fácil 
compreender e colocar em prática todos os seus poderes para uma escorreita peça prático-
profissional. Vamos peticionar?

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