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Imunologia Clínica: Diagnóstico e Tratamento

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IMUNOLOGIA CLÍNICA
2
Ana Paula Michelin 
Tatiane Marques
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2022
IMUNOLOGIA CLÍNICA
1ª edição
3
2022
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Head de Platos Soluções Educacionais S.A
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl 
Ana Carolina Gulelmo Staut
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa
Revisor
Veronica Cristina Gomes Soares
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ 
 Michelin, Ana Paula
Imunologia clínica / Ana Paula Michelin, Tatiane 
 Marques. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 
 2022. 
 32 p.
ISBN 978-65-5356-210-3
 1. Análises. 2. Clínicas. 3. Imunologia. I. Marques, 
Tatiane. II. Título. 
3. Técnicas de speaking, listening e writing. I. Título. 
CDD 616.079
_____________________________________________________________________________ 
 Evelyn Moraes – CRB: 010289/O
M623i
© 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
https://www.platosedu.com.br/
4
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina __________________________________ 05
Aspectos clínicos da imunologia ______________________________ 07
Interpretação das principais reações sorológicas bacterianas, 
virais e parasitárias na rotina do laboratório 
de Análises Clínicas __________________________________________ 20
Avanços das Técnicas em Imunologia Clínica _________________ 32
Interpretação de Exames em Imunologia Clínica _____________ 47
IMUNOLOGIA CLÍNICA
5
Apresentação da disciplina
Imunologia Clínica é uma especialização em saúde que trabalha para 
o diagnóstico e tratamento de doenças, principalmente aquelas 
relacionadas às falhas no funcionamento do sistema imunológico. 
No laboratório de análises clínicas, especificamente, são realizados 
exames que possibilitam a confirmação diagnóstica e o monitoramento 
terapêutico de doenças autoimunes, doenças infecciosas e processos 
alérgicos.
Inicialmente, você estudará os aspectos clínicos da imunologia no 
laboratório de análises clínicas, conhecendo as amostras biológicas que 
podem ser testadas para os ensaios analíticos e as doenças a serem 
diagnosticadas. Posteriormente, você aprenderá como estes exames 
podem auxiliar no diagnóstico de enfermidades infecciosas, sejam 
causadas por vírus, bactérias ou fungos. Os parâmetros do sistema 
imune dosados podem ser os anticorpos, proteínas de sinalização que 
compõem o sistema complemento e, em alguns exames, até mesmo 
células componentes do sistema imune. Conhecer os principais exames 
em imunologia clínica é muito importante, porém, estar antenado sobre 
as inovações tecnológicas é essencial. Novas enfermidades infecciosas 
surgem a cada dia, assim como variações antigênicas específicas dos 
microrganismos que as causam.
Torna-se, deste modo, essencial para o imunologista clínica conhecer 
as inovações tecnológicas mais recentes neste setor, em nível de 
automatização, em nível de antígenos e alvos antigênicos. Não 
esquecendo, novas técnicas resultam em maiores sensibilidade e 
especificidade diagnósticas. As inovações tecnológicas também se 
aplicam a diagnóstico de enfermidades não infecciosas. A tipagem de 
6
células com marcadores específicos possibilita não apenas o diagnóstico 
tumoral, mas também a identificação do surgimento de metástases 
e acompanhamento do desenvolvimento da doença. No caso de 
enfermidades de doenças autoimunes, por exemplo, estas inovações 
possibilitam não apenas o diagnóstico precoce, mas também avaliar e 
monitorar diferentes estratégias terapêuticas.
O setor de imunologia clínica vivência, em sua rotina diária, o desafio 
de diagnosticar com precisão uma enfermidade, seja infecciosa ou não 
infecciosa. Quando apenas diagnosticar não é suficiente? O século XX 
está marcado pelo surgimento e pela disseminação de endemias virais, 
entre outras infecções, ficando o imunologista clínico, frente a frente 
com um dilema: como realizar o diagnóstico diferencial de infecções 
com sintomatologias tão similares? As novas tecnologias em exames 
sorológicos colaboram muito, mas, para liberação de um laudo preciso, 
você deve estar sempre atualizado e saber interpretar estas técnicas e 
correlacionar os resultados observados com a suposição diagnóstica.
Nesta disciplina, você poderá adquirir todos estes novos conhecimentos.
Bons estudos!
7
Aspectos clínicos da imunologia
Autoria: Ana Paula Michelin
Leitura crítica: Veronica Soares
Objetivos
• Conceituar conhecimentos básicos da imunologia.
• Apresentar os aspectos clínicos da imunologia.
• Estabelecer fatores importantes sobre os aspectos 
clínicos da imunologia.
8
1. Imunologia
A imunologia clínica é a temática dentro da área da imunologia 
básica, que auxilia os profissionais da saúde a diagnosticarem e 
interpretarem doenças relacionadas ao sistema imunológico. Portanto, 
para conseguirem compreender mais e melhor os conceitos sobre a 
imunologia clínica, é preciso retomar alguns conceitos da imunologia 
básica.
Nesse sentido, compreender como o sistema imune funciona 
é imprescindível para conseguirmos alcançar o objetivo de 
compreendermos a importância da imunologia clínica. Para isso, nesta 
leitura, retomaremos conceitos básicos da imunologia e utilizaremos 
para aprofundar nosso conhecimento em imunologia clínica.
1.1 Imunologia básica
O sistema imunológico é responsável por manter a integridade física e 
a homeostase do corpo. Este conceito da função protetora (imunidade) 
do sistema imunológico vem ganhando notoriedade desde o início 
da história da imunologia, nascida na microbiologia. À medida que a 
nova ciência dava seus primeiros passos para descobrir o mecanismo 
da imunidade, afirmava-se em uma longa jornada que culminou na 
descoberta das primeiras vacinas e, posteriormente, da imunidade 
passiva, amplamente utilizada (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Em 1883, o biólogo Elie Metchnikoff observou que os antigamente 
denominados glóbulos brancos englobavam e destruíam esporos 
de fungos, constatando, assim, que a imunidade é baseada na ação 
dos leucócitos. Em 1885, Pasteur administrou a primeira vacina em 
humano infectado pelo vírus da raiva. A partir do século XX, começou a 
se tornar mais concisa a relação entre as doenças existentes e causas 
imunológicas. Outra grande descoberta foi em relação às transfusões 
9
sanguíneas, que, antigamente, eram imprevisíveis e, na maioria das 
vezes, induziam o paciente ao óbito. Por meio de estudos, verificaram 
que as reações aconteciam por distinções de substâncias presentes 
na superfície das hemácias, que, hoje, são os grupos sanguíneos que 
conhecemos como sistema ABO, bem como o fator Rh (VICTOR, 2018).
O sistema imune engloba vários constituintes e é imprescindível lembrar 
que é dividido em imunidade inata e imunidade adaptativa, conforme 
apresentado na Figura 1.
Figura 1 – Imunidade inata e imunidade adaptativa (adquirida)
Fonte: Abbas (2007, p. 3).
A imunidade inata é composta, inicialmente, por barreiras mecânicas, 
que nada mais são do que barreiras epiteliais, como mucosas e a 
própria pele. Os componentes celulares daimunidade inata englobam 
os leucócitos de maneira geral, que realizam uma proteção complexa 
e inespecífica, induzindo processo inflamatório. Após essa afirmação, 
10
você pode estar se perguntando: se a resposta é inespecífica, como a 
imunidade inata consegue nos proteger de um microrganismo invasor? 
(ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Agora, vamos inserir o conceito de antígeno, que é qualquer substância 
ou partícula que pode ser reconhecida pelo nosso sistema imune e que 
reconhece como não próprio, ou seja, nosso sistema imune entende 
que aquela partícula não é do nosso organismo, logo, é considerada 
uma substância invasora, e isso ativa nosso sistema imune. Sendo 
assim, partículas com capacidade antigênica expressas na superfície de 
microrganismos ativam o sistema imune. A imunidade inata reconhece 
estruturas que são comuns a vários tipos de microrganismos e que 
não existem nos humanos, como, por exemplo, resíduos de manose e 
lipopolissacarídeos bacterianos. Logo após o primeiro contato com essas 
substâncias, nossa imunidade inata é ativada e inicia-se o processo de 
defesa (VICTOR, 2018).
Em contraste à imunidade inata, inespecífica, a imunidade adaptativa, 
também conhecida como imunidade adquirida, é específica a antígenos, 
sendo produzido anticorpos específicos para cada antígeno reconhecido. 
Os anticorpos são conhecidos como resposta humoral da imunidade 
adaptativa, e o a imunidade mediada por linfócitos T é denominada 
imunidade celular. Após o contado com o antígeno presente no 
microrganismo invasor, pode-se demorar de três a sete dias para que 
essas defesas se iniciem. Isso ocorre pelo fato de serem específicas e 
necessitarem ser produzidas após o contato com os microrganismos 
(ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Um conceito importante, que não é possível de ser deixado de lado, é 
que toda reação do sistema imune induz inflamação. Quando pensamos 
em inflamação, logo pensamos em algo ruim, mas a inflamação é 
importante no processo de cicatrização, por exemplo, além de ser 
um processo decorrente da proteção do nosso organismo (ABBAS; 
LICHTMAN; PILLAI, 2015).
11
Imunologia é o estudo dos complexos mecanismos que são realizados 
pelo sistema imune (sistema imunológico), uma de suas principais 
particularidades é distinguir o próprio do não próprio”. Essa 
particularidade é imprescindível para seu funcionamento normal e 
para que não ocorram doenças autoimunes. Nesse contexto, pode-se 
imaginar a quantidade de células e mediadores químicos que participam 
das reações realizadas pelo sistema imune. Como mencionado, várias 
são as células do sistema imune, entretanto, cada uma possui seu 
papel no mecanismo de defesa do nosso organismo. Da mesma forma, 
quando uma ou mais dessas células não realiza sua atividade natural 
ou a realiza de maneira desordenada, isso acaba acarretando sérios 
problemas ao nosso organismo (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015). Na 
Figura 2, são apresentadas algumas das mais importantes células que 
integram o sistema imune.
Figura 2 – Células que compõem o sistema imune
Fonte: Viki/ iStock.com.
12
Em relação à imunidade inata, destacam-se os macrófagos, os 
neutrófilos, leucócitos mais abundantes no nosso organismo, basófilos 
e eosinófilos. Além disso, os macrófagos e as células dendríticas 
se comportam como células apresentadoras de antígenos, ou seja, 
apresentam os antígenos para células efetoras, que iniciarão o processo 
de morte ao microrganismo invasor. Entre as células que se destacam 
no sistema imune adaptativo, temos os linfócitos T e os linfócitos B. 
Os linfócitos B podem se diferenciar em plasmócitos, que possuem a 
capacidade de secretarem anticorpos. Já os linfócitos T possuem várias 
denominações, citaremos as mais importantes que são os linfócitos 
TCD4+ e os linfócitos TCD8+. Os primeiros são conhecidos como 
auxiliadores, podem recrutar fagócitos como macrófagos, além de 
estimularem plasmócitos a secretarem anticorpos. Já os linfócitos TCD8+, 
são conhecidos como citotóxicos, ou seja, tem o potencial de eliminar 
células invasoras ou neoplásicas (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Por fim, acabamos de relembrar alguns conceitos básicos da imunologia, 
mas não podemos esquecer que nosso sistema imune é muito 
complexo. Em função do exposto, entende-se porque é necessário 
retomar conceitos da imunologia básica, pois é ela quem nos traz os 
conhecimentos necessários para o aprofundamento em imunologia 
clínica.
1.2 Imunologia clínica
Após o aprofundamento dos conhecimentos da imunologia básica 
e os avanços da medicina, tanto em conceitos básicos quanto em 
diagnósticos, foi possível aplicar esses conhecimentos na prática clínica. 
Esses conhecimentos em imunologia clínica podem ser aplicados 
visando o benefício do paciente, seja em direcionar o raciocínio clínico 
em busca de um diagnóstico, verificar se o tratamento realizado está 
sendo eficaz e até mesmo, conhecer o prognóstico da doença.
13
A imunologia clínica se concentra em doenças para as quais o 
mecanismo imunológico não está presente, seja por causas genéticas 
ou adquiridas (doenças de imunodeficiência, como infecção por HIV, 
induzindo a Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), ou devido 
à transformação neoplásica de células linfóides e outras células imunes 
(malignidades linfóides), ou o papel dos anticorpos e/ou linfócitos 
especificamente sensibilizados, seja diretamente ou via múltiplos 
sistemas efetores relacionados, causando danos teciduais ao hospedeiro 
(alergia e autoimune). Também inclui situações que podem levar a tais 
lesões o papel do sistema imunológico na defesa contra microrganismos 
(infecção e imunidade), ou durante a rejeição halogênica (transplante e 
imunologia transfusional). Por fim, trata imunogenética e imunoterapia 
na prática clínica (VICTOR, 2018).
Em relação ao diagnóstico, prognóstico e tratamento, um aspecto da 
imunologia clínica, que sempre é utilizado, são os anticorpos produzidos 
pelos plasmócitos, que fazem parte da imunidade adquirida ou na 
medula óssea. Os anticorpos são imunoglobulinas, que podem ser 
diferenciadas por função e estrutura física. Em relação à sua estrutura, 
ambos possuem uma base em comum que é formada por cadeias 
pesadas, comum a todos os anticorpos e as cadeias leves que são 
variáveis (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015). Conforme apresentado na 
Figura 3, IgG e IgE são monômeros, IgA é um dímero e a IgM possui 
forma pentamérica.
14
Figura 3 – Tipos de anticorpos
Fonte: ttsz/ iStock.com.
De maneira geral, cada imunoglobulina possui uma ação e uma 
característica específica, que pode ser interpretada e aplicada na 
imunologia clínica. A IgG, por exemplo, é conhecida por ser detectada 
em processos imunes já convalescentes, ou seja, a doença entrando 
em remissão. A igG também é responsável por formar a memória 
imunológica, que é manter níveis de anticorpos suficientes para ativação 
em um próximo contato com o antígeno. Sua ação está relacionada com 
a neutralização de alguns microrganismos e de suas toxinas, além disso, 
pode ativar a via clássica do sistema complemento. Já a IgM, é conhecida 
por apresentar seus níveis aumentados quando a doença em questão 
ainda está em fase aguda, ou seja, IgM com níveis elevados em um 
15
paciente pode indicar que a doença ainda está ativa em seu organismo 
(ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
O que vimos, até aqui, é bem interessante, mas como realmente é 
possível aplicar esses conhecimentos em imunologia na prática clínica 
do paciente? Ao pensarmos em uma doença que tem relação com o 
sistema imune, é interessante verificar quais células estão envolvidas e 
qual tecido ou órgão está sendo afetado. Nesse sentido, vamos direto 
para um exemplo prático: uma doença autoimune.
O conceito de doença autoimune, atualmente denominada de doença 
imunomediada, é definido pelo fato do organismo perder a capacidade 
de reconhecer antígenosdo próprio corpo e gerar uma resposta contra 
eles, aí vem o conceito de autoimune. O Lúpus EritematosoSistêmico(LES) é uma doença autoimune. As manifestações clínicas do paciente 
associadas ao diagnóstico laboratorial e interpretação dos resultados 
podem contribuir para o tratamento e melhora do quadro do paciente 
(ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Doenças dessa classe podem ser controladas, mas, infelizmente, 
não podem ser curadas, elas entram em remissão, ou seja, 
apresenta uma redução em seu grau evolutivo. O LES é uma doença 
autoimune sistêmica que é conhecida pela formação e deposição 
de imunocomplexos na pele, rins e outros órgãos do paciente. A 
deposição de imunocomplexos pode induzir a ativação de neutrófilos 
e monócitos, que estimularão o processo inflamatório na região. Nos 
rins, os imunocomplexos se depositam nos glomérulos, induzindo 
inflamação local e, consequentemente, perda da função de filtração. 
Essa deposição ocorre gradualmente, com um início insidioso, mas, com 
o tempo, o processo inflamatório vai se propagando, acarretando perda 
na qualidade de vida do paciente. Nesse sentindo, a imunologia clínica 
aplica os conceitos básicos de imunologia, visando seu diagnóstico e a 
melhora do quadro do paciente (DUARTE et al., 2021).
16
Outro exemplo importante de doença autoimune, onde é possível 
aplicar a imunologia clínica, é a Artrite Reumatoide (AR). Essa doença é 
caracterizada por sinovite periférica e manifestações extra-articulares, 
acometendo mais indivíduos do sexo feminino. Normalmente, o 
processo inflamatório da AR é iniciado por um componente denominado 
Fator reumatoide, que nada mais é do que um autoanticorpo, que, 
geralmente, é uma IgM (pentamérica) que ataca IgG (monomérica). A 
presença desse autoanticorpo pode ser um indício de que o paciente 
possa apresentar AR. Ao atacar porções IgG, o imunocomplexo formado 
entre IgG e IgM se deposita nas articulações, iniciando o processo 
inflamatório (DUARTE et al., 2021).
Com o exemplo da importância da imunologia clínica na artrite 
reumatoide, podemos salientar que o diagnóstico e sucesso no 
tratamento de várias outras doenças também dependem da imunologia 
clínica. Exemplos importantes são HIV, Diabetes Melitus tipo 1, hepatite 
autoimune e anemia hemolítica autoimune (SANTANA et al., 2021).
A Diabetes Melito tipo 1 é uma doença metabólica crônica, caracterizada 
por uma deficiência de insulina, determinada pela destruição das células 
produtoras de insulina do pâncreas. Este processo, mediado pelo 
sistema imunológico, ocasiona um quadro permanente de hiperglicemia, 
característico da patologia. Invariavelmente, há necessidade de 
reposição insulínica exógena. Os autoanticorpos atuam destruindo as 
células beta presentes nas ilhotas de Langerhans no pâncreas. Nesta 
doença, existem alterações no metabolismo de hidratos de carbono, 
lipídios e proteínas, assim como alterações estruturais em diversos 
sistemas orgânicos. Genes de diversos locus vêm sendo estudados 
quanto a sua participação no desenvolvimento do Diabetes tipo 1. O 
conjunto de genes presentes no locus MHC (complexo principal de 
histocompatibilidade) vem sendo estudado por meio de métodos 
moleculares, com a utilização da reação em cadeia da polimerase (PCR), 
permitindo, com isso, a determinação das sequências de aminoácidos de 
seus constituintes (SANTANA et al., 2021).
17
Em contrapartida, na aplicação da imunologia clínica nas doenças 
autoimunes supracitadas, temos a imunologia clínica, auxiliando as 
imunodeficiências. De maneira geral, a imunodeficiência é um distúrbio 
do sistema imune caracterizado pela incapacidade de ter uma resposta 
efetiva frente à antígenos, e qualquer parte do sistema imune pode 
ser afetado. Após longos anos de estudos, os cientistas verificaram 
dois tipos de imunodeficiências, a primária e a secundária (ABBAS; 
LICHTMAN; PILLAI, 2015).
A imunodeficiência primária é responsável por cerca de 10% dos casos 
de imunodeficiência, que pode acontecer decorrente de erros genéticos, 
falta de linfócitos TCD4+. Entretanto, existem mais de cem diferentes 
imunodeficiências primárias e os principais sintomas são infecções 
graves, que o sistema imune é incapaz de combater. Muitos casos de 
imunodeficiência primária são decorrentes de uma alteração enzimática 
denominada adenosina desaminase (ADA), deficiência que acarreta uma 
perda da função do linfócito TCD4. Vejam a importância da enzima ADA 
na imunologia clínica (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Já a imunodeficiência secundária, é responsável por aproximadamente 
90% dos casos de imunodeficiências e acontece em decorrência de 
vários fatores, como má nutrição, medicamentos imunossupressores, 
malignidades linfoides e HIV. A infecção pelo vírus do HIV é uma 
das mais importantes imunodeficiências adquiridas, esse retrovírus 
induz a destruição progressiva de macrófagos, células dendríticas e, 
principalmente, linfócitos TCD4+. Após o diagnóstico, o tratamento é 
feito com o uso de antirretrovirais, e a realização de exames de carga 
viral é imprescindível para o sucesso do tratamento (ABBAS; LICHTMAN; 
PILLAI, 2015).
A leucemia, um câncer que afeta os leucócitos, começa na medula óssea 
e se espalha pela corrente sanguínea por todo o corpo, impedindo 
ou destruindo a produção das hemácias, plaquetas e leucócitos, 
resultando em anemia, infecção e sangramento. O hemograma pode 
18
confirmar a suspeita de leucemia. Se positivo, a contagem de células 
sanguíneas mudará, mostrando um aumento no número de leucócitos 
na maioria dos casos, com ou sem diminuição de hemácias e plaquetas. 
Outros exames laboratoriais, bioquímicos e de coagulação, devem ser 
realizados. O diagnóstico é confirmado pelo exame da medula óssea 
(mielograma).
Em função do exposto, é possível verificar a importância da imunologia 
clínica no diagnóstico, tratamento e prevenção de piora no quadro de 
pacientes que possuem algum distúrbio relacionado ao sistema imune. 
É importante que você, como profissional da saúde, esteja atento(a) à 
novos protocolos, novas metodologias laboratoriais e novos marcadores 
utilizados para doenças que estejam relacionadas ao sistema imune. 
Assim, conseguimos verificar que componentes do sistema imune 
podem ser utilizados para interpretar situações clínicas, contribuindo 
para a escolha de melhores tratamentos, visando sempre a melhora no 
quadro do paciente, bem como da sua qualidade de vida.
Referências
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 8. ed. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2015.
DUARTE, M. F. R.; SILVA, E. A. F.; SILVA, M. et al. Principais biomarcadores aplicados 
no diagnóstico da Artrite Reumatoide: uma revisão integrativa da literatura. Tópicos 
nas ciências da saúde, v. 7, p. 6-20, 2021. Matogrosso: Pantanal, 2021. Disponível 
em: https://editorapantanal.com.br/ebooks/2021/topicos-nas-ciencias-da-saude-
volume-vii/Cap1.pdf. Acesso em: 27 jun. 2022.
SANTANA, J. L. G.; DOS SANTOS, K. R. N.; DO NASCIMENTO, G. T. B. et al. Fatores 
que afetam a qualidade de vida de crianças e adolescentes portadores de Diabetes 
Mellitus Tipo 1: uma revisão integrativa. RECIMA21–Revista Científica, v. 2, n. 10. 
Jundiaí, 2021. Disponível em: https://recima21.com.br/index.php/recima21/article/
view/826. Acesso em: 27 jun. 2022.
VICTOR, Â. de L. A imunologia clínica no ensino pré-graduado de Medicina: 
relevância e proposta de implementação na Faculdade de Medicina de 
19
Cabinda. Tese de Doutorado para Mestre em Ciências Biológicas. Covilhã: 
Universidade da Beira Interior, 2018. Disponível em: https://ubibliorum.ubi.pt/
bitstream/10400.6/10073/1/6736_13985.pdf. Acesso em: 27 jun. 2022.
20
Interpretação das principais 
reações sorológicas bacterianas, 
virais e parasitárias na rotina do 
laboratório de Análises Clínicas
Autoria: Ana Paula Michelin
Leitura crítica: Veronica Soares
Objetivos
• Conceituar reações sorológicas.
• Apresentar e exemplificar as reações sorológicas.
• Conhecer técnicas de imunodiagnóstico.
• Interpretar as principais reações sorológicas nas 
análises clínicas.
21
1. Reações sorológicasOs testes sorológicos são desenvolvidos a partir da reação entre 
antígenos e anticorpos. Os antígenos são moléculas complexas 
constituídas, principalmente, por proteínas, das quais apenas as partes 
mais expostas são capazes de estimular a produção de anticorpos. 
Portanto, os anticorpos são direcionados apenas contra essas partes, 
chamadas de determinantes antigênicos ou epítopos. Isso, às vezes, 
permite a imunização cruzada, quando a resposta imune é direcionada 
contra duas moléculas que possuem epítopos iguais ou semelhantes, 
embora diferentes ao mesmo tempo. Anticorpos são proteínas 
produzidas por células sanguíneas, chamadas plasmócitos, quando 
o sistema imunológico entra em contato com um antígeno, que pode 
ser um vírus, protozoário, fungo, bactéria, para produzir anticorpos 
específicos contra ele (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Os kits de diagnóstico (Kits) são utilizados para caracterizar a presença 
desses anticorpos específicos, e contêm reagentes com os epítopos do 
microrganismo em estudo. Isso permite a ligação de apenas anticorpos 
específicos, que podem estar presentes no sangue de um indivíduo em 
particular. Os epítopos antigênicos, presentes nestes grupos, variam de 
acordo com o método utilizado e a fonte do kit (GELLER; SCHEINBERG, 
2015).
Assim, os testes sorológicos são procedimentos utilizados para detectar 
anticorpos e, em algumas vezes, componentes antigênicos para 
diversos fins. Os estudos de anticorpos são usados na tentativa de 
elucidar processos patológicos com sinais e sintomas clínicos confusos, 
estudar diferentes classes de anticorpos para ajudar a diferenciar os 
estágios da doença, caracterizar a presença de doenças congênitas, 
selecionar doadores de sangue, avaliar o prognóstico da doença, 
avaliação da eficácia, avaliação da força da imunidade etc. Os estudos 
de antígenos são usados como critério de cura para certas doenças na 
22
determinação da etiologia da doença, na seleção de doadores de sangue 
e em investigações epidemiológicas. Em conclusão, o teste sorológico 
desempenha um papel importante na clinicopatologia, sendo útil no 
diagnóstico de grandes suspeitas clínicas (FERREIRA; MORAES, 2013).
No entanto, deve-se ter em mente que os resultados podem variar 
dependendo de uma série de fatores relacionados à resposta imune 
do hospedeiro e variação antigênica patogênica. Esses fatores podem 
levar a resultados falso-positivos devido à reatividade cruzada com 
epítopos comuns, presentes no parasita, contra antígenos ubíquos 
(presentes em diferentes locais do ambiente) ou devido a respostas 
imunes aumentadas do hospedeiro, ou devido à falta de resultados 
falso-negativos devido a respostas imunes contra epítopos do parasita 
(ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
É claro que todas as áreas da saúde estão, constantemente, em busca 
de um teste ou processo de referência que possa determinar se um 
paciente tem ou não uma doença, o teste padrão-ouro. No entanto, 
existe uma gama de fatores, além dos já mencionadas aqui, que 
precisam ser analisados com rigor para que a definição do processo 
infeccioso seja o mais próximo possível do verdadeiro estado clínico 
do paciente. O conhecimento dos parâmetros sorológicos é a base 
para a interpretação e avaliação dos testes sorológicos. Portanto, as 
características e limitações do teste sorológico são determinadas pelos 
seguintes parâmetros, como sensibilidade e especificidade do método 
(ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
A detecção de anticorpos é a melhor maneira de avaliar uma infecção 
anterior, pois o agente infeccioso, geralmente, é eliminado à medida 
que a condição progride; apenas o sistema imunológico permanece e 
atua como prova de que a infecção ocorreu. Portanto, podemos dizer 
que a sorologia representa uma abordagem indireta para o diagnóstico 
da doença [8]. Esse procedimento é, frequentemente, usado para 
23
diagnosticar infecções bacterianas, pois o isolamento costuma ser difícil 
e pouco comum (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Idealmente, todos os testes de diagnóstico, seja em animais ou em 
humanos, devem ser rápidos, precisos e baratos. Entretanto, nem 
todos possuem essas características e cada teste deve ser avaliado de 
acordo com a finalidade de sua utilização. Para criar um perfil sorológico 
adequado, devem ser definidos objetivos e informações sobre quais 
doenças podem ocorrer antes da coleta de amostras. Além disso, o 
estágio da doença, se grave ou crônica, deve ser identificado para uso de 
exames adequados (FERREIRA; MORAES., 2013).
Com a sorologia, o perfil sorológico pode ser determinado. A partir daí, 
é possível verificar se o indivíduo foi exposto a algum agente infeccioso, 
para determinar o momento em que a infecção ocorreu, ou em qualquer 
fase do ciclo reprodutivo para cada agente infeccioso circundante. Deve-
se levar em consideração o fato de que certas doenças são subclínicas, 
de modo que o conhecimento dos perfis sorológicos possa ser uma 
forma de detectar sua presença. O monitoramento sorológico, quando 
realizado em pessoas com doenças crônicas, ajuda a identificar e definir 
os tipos de estratégias de controle utilizadas para reduzir o impacto da 
exposição ao agente nos indivíduos acometidos (ABBAS; LICHTMAN; 
PILLAI, 2015).
Uma curiosidade é que como essas metodologias podem ser 
empregadas em animais, o perfil sorológico dos rebanhos vem sendo 
utilizado como ferramenta de controle higiênico em países com 
suínos avançados, mas, em geral, não tem sido amplamente utilizado. 
Atualmente, existem métodos sorológicos para diversas doenças 
(entéricas e sistêmicas) que são analisados e monitorados para dados 
clínicos, de produção e de abate, o que fornece uma base sólida para 
definição diagnóstica (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
24
Um complexo anticorpo-antígeno é uma ligação de biomolécula 
semelhante à interação de uma enzima com seu substrato ou de um 
hormônio com seu receptor. Os antígenos têm estruturas químicas 
que são complementares aos anticorpos por meio de ligações não 
covalentes, ou seja, essas ligações são reversíveis e possuem diferentes 
afinidades para diferentes substâncias. Como um anticorpo pode se 
associar a antígenos com afinidades diferentes, pode se ligar a um 
antígeno que não seja seu melhor correspondente, por meio de ligações 
mais fracas à regiões semelhantes, mas não idênticas. Essa ligação é 
chamada de reatividade cruzada (FERREIRA; MORAES., 2013).
As interações entre o anticorpo e seu antígeno podem ser interrompidas 
por alta salinidade, variações excessivas de pH, purificadores e, às vezes, 
competição com alta concentração do próprio epítopo puro. Em relação 
à formação do complexo antígeno-anticorpo, necessárias é necessário 
que existam algumas características, como a compatibilidade, que nada 
mais é do que a força de ligação, ou de não ligação, entre um único sítio 
de ligação em Ac e um componente do antígeno. Depende do grau de 
compatibilidade entre as duas moléculas. Com baixas compatibilidades, 
o anticorpo se liga levemente e tende a se desligar facilmente. Os 
anticorpos que são muito compatíveis formam ligações fortes e difíceis 
de separar (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Outro critério importante que precisa ser levado em consideração 
é a avidez, que é a energia que vem das muitas interações entre a 
molécula do anticorpo e o antígeno. Nesse caso, quanto maior a avidez, 
melhor seu efeito biológico final (por exemplo, a detecção de antígenos 
complexos na superfície das bactérias). A avidez é importante, pois, em 
casos de baixas concentrações de anticorpos, compensa a concentração, 
mantendo o complexo (GELLER; SCHEINBERG, 2015).
25
1.1 Imunodiagnóstico
Os testes de imunologia usam os antígenos para detectar anticorpos 
contra um patógeno específico em uma amostra, bem como é possível 
utilizar anticorpos para detectar antígenos de um patógeno específico 
em uma amostra do paciente. O tratamento da amostra varia, mas nem 
sempre todas as metodologias serão executadasimediatamente, o 
que exigirá que a amostra seja refrigerada, para impedir alterações nas 
concentrações dos componentes e evitar o crescimento excessivo de 
contaminantes bacterianos (FERREIRA; MORAES., 2013).
Metodologias de imunodiagnóstico são testes realizados para a detecção 
de anticorpos ou antígenos. Nesse caso, qualquer molécula que se 
comporte como um antígeno pode ser identificada, não se limitando 
apenas a microrganismos, mas podendo ser até mesmo substâncias 
químicas, como drogas de abuso (FERREIRA; MORAES., 2013). As 
metodologias podem ser divididas entre primárias e secundárias, 
conforme ilustra a figura 1.
Figura 1 – Ensaios imunológicos primários e secundários
Fonte: elaborada pela autora.
26
1.1.1 Aglutinação
Iniciaremos pelos ensaios imunológicos secundários, como, por 
exemplo, os testes de aglutinação. A aglutinação ocorre por meio 
de partículas muito pequenas, como látex, que são revestidos com 
antígeno. Ao adicionar a amostra do paciente, e se nela existirem 
anticorpos, ele se ligará ao antígeno e induzirá a formação do complexo, 
produzindo uma aglutinação visível. Os testes de aglutinação costumam 
ser mais rápidos, entretanto, menos sensíveis que outros métodos 
(GELLER; SCHEINBERG, 2015).
1.1.2 Precipitação
A precipitação também é uma metodologia simples que pode ser 
utilizada na detecção de anticorpos. A reação de precipitação pode 
ser realizada em tubo de ensaio, e detectar imunoglobulinas no 
soro humano, que têm capacidade de se precipitarem em baixas 
temperaturas, conhecidas como crioglobulinas. Essa metodologia é útil 
na detecção de pacientes infectados pelo vírus da hepatite C (GELLER; 
SCHEINBERG, 2015).
1.1.3 Nefelometria
A Nefelometria é outra metodologia utilizada em imunodiagnóstico, 
que se baseia na dispersão da luz em vários ângulos que a formação 
do imunocomplexo causa. Essa metodologia pode verificar presença de 
fator reumatoide, IgG, IgA e antiestreptolisina-O, por exemplo (GELLER; 
SCHEINBERG, 2015).
1.1.4 Imunodifusão
Já a imunodifusão, é baseada na distribuição de solventes por 
movimentos celulares aleatórios em uma área tratada com gel, 
27
como ágar ou gel de agarose. Enquanto as moléculas estão livres, a 
distribuição continua, até que se formem imunocomplexos de alto peso 
molecular e, devido ao seu tamanho, não movem o gel, permitindo 
que o imunocomplexo seja visto como uma turbidez clara, que é 
o imunoprecipitado. Nesta estratégia, além do bom foco de cada 
componente, a especificidade e velocidade dos soros imunes e seleção 
de extratos antigênicos também explicarão a eficácia do teste. Outros 
fatores que afetam a qualidade das técnicas de imunodifusão são a 
qualidade, grau de limpeza e homogeneidade do meio gelificado, bem 
como a temperatura e umidade da área em que a distribuição ocorrerá 
(FERREIRA; MORAES, 2013).
Existem combinações desse processo, por exemplo: simples, em que um 
componente (Ag ou Ac) é imerso no gel enquanto o outro se movimenta 
até a formação de um imunocomplexo; duas vezes, onde dois elementos 
se movem simultaneamente, um de frente para o outro e radialmente, 
por movimento aleatório em todas as direções, a partir do furo onde a 
amostra é colocada (FERREIRA; MORAES, 2013).
É interessante pensar que para uma mesma doença existem várias 
metodologias que podem ser aplicadas. O que devemos levar em 
consideração é a sensibilidade, especificidade e o objetivo do exame, 
por exemplo, no diagnóstico do Schistosoma Mansoni os diagnósticos 
indiretos podem ser realizados na anamnese do paciente, onde são 
avaliados sinais e sintomas, além de técnicas imunológicas laboratoriais 
e celulares, com diagnósticos imunológicos classificados como respostas 
sorológicas e intradérmicas. A reação intradérmica se manifesta pela 
injeção de antígenos parasitários. No entanto, esse processo apresenta 
algumas limitações, como alto custo, baixa especificação, persistência de 
resultados positivos mesmo após o tratamento, reações adversas, baixas 
correlações com a produção de ovos e manejo complexo (FERREIRA; 
MORAES., 2013).
28
Os testes de imunoensaio são muito utilizados, pois são mais sensíveis 
e mais específicos, se destacando das metodologias utilizadas para 
a detecção do Schistosoma. A imunofluorescência indireta contém a 
ligação de anticorpos na superfície do parasita, bem como a ligação 
subsequente de imunoglobulinas contendo fluoresceína marcadas 
como anti-humano. A fluorescência é então detectada ao microscópio1. 
O método ELISA é o método de diagnóstico sorológico mais utilizado, 
que envolve o uso de enzimas relacionadas a antígenos para detectar 
anticorpos existentes, ou enzimas ligadas a anticorpos para detectar 
antígenos, que será comentado adiante (GELLER; SCHEINBERG, 2015).
O diagnóstico indireto de doenças helmínticas é muito importante no 
manejo eficaz dessas infecções por helmintos em humanos e animais. 
Esse diagnóstico, se suspeito, se feito precocemente, pode ter um 
impacto significativo sobre esses agentes, que podem ser controlados 
ou restritos a um grupo de animais ou a um grupo de pessoas 
ameaçadas. O principal desafio desses métodos é garantir que sejam 
eficazes, ou seja, que possam produzir alta sensibilidade e especificidade 
(GELLER; SCHEINBERG, 2015).
Na Doença de Chagas, os exames laboratoriais para a doença 
devem levar em consideração o estágio da infecção. A fase crítica é 
caracterizada por alta parasitemia e exames parasitológicos como 
novos estudos de tripanossomatídeos, trauma (Strout) e esfregaço 
espesso. No entanto, na fase crônica, há baixa parasitemia e 
presença de determinados anticorpos (IgG). Nesta fase, o diagnóstico 
sorológico é feito pela busca de anticorpos específicos para T. cruzi 
por ensaio imunoenzimático (ELISA), imunocromatografia, aglutinação, 
hemaglutinação, quimioluminescência e imunofluorescência indireta 
(GELLER; SCHEINBERG, 2015).
As metodologias sorológicas são imprescindíveis na hemoterapia, no 
Brasil e no mundo, e é marcada pelo desenvolvimento e uso de novas 
tecnologias que visam reduzir os riscos das transfusões, principalmente, 
29
no que diz respeito à prevenção da disseminação de doenças 
infecciosas. Para transmitir esses vírus por transfusão, é necessária 
a presença de um agente infeccioso no sangue do doador, a falha 
nos testes de triagem sorológica e o hospedeiro envolvido (FERREIRA; 
MORAES., 2013).
Além disso, as interações medicamentosas de um determinado 
componente sanguíneo determinam a contaminação de vários 
componentes sanguíneos (concentrações de glóbulos vermelhos, 
concentrados de plaquetas, concentrados de leucócitos e plasma). 
Portanto, o Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV) e o 
Citomegalovírus (CMV) são encontrados apenas em leucócitos, o 
Vírus da Hepatite B (HBV) e o Vírus da Hepatite C (HBC) encontrados 
especificamente no plasma. O Trypanosoma cruzi, agente etiológico da 
doença de Chagas, pode estar presente em todos os componentes do 
sangue; O Plasmodium, agente etiológico da malária, é encontrado nos 
glóbulos vermelhos, enquanto o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) 
é encontrado nos leucócitos e no plasma (FERREIRA; MORAES, 2013).
1.2 ELISA
A metodologia de ELISA, deriva do inglês Enzyme Liked Immunosorbent 
Assay (Enzyme Immunosorbent Assay), e possibilita a mensuração de 
anticorpos e antígenos, por meio de reações utilizando enzimas, por 
isso, é chamado de enzima imunoensaio. O método ELISA é amplamente 
utilizado em todo o mundo, devido a sua aplicação prática em diversas 
amostras e sua capacidade de amplificar sinal com alta sensibilidade 
e especificidade de anticorpos e antígenos em fluidos biológicos 
complexos (BORGES; DERMARGOS; HATANAKA, 2022).
Este processo foi descrito, pela primeira vez, por Yalow e Berson 
(1959). O procedimento foi relatado por autores, utilizando a detecção 
de anticorpos por ligação a um sinal radioativo e devido aos riscos 
relacionados à radioatividade, o método foi alterado. Foi então que 
30
experimentosde laboratório mostraram que compostos enzimáticos 
eram capazes de alterar a cor do meio, e que essas mutações não 
podiam ser mensuradas, e, por esse motivo, a busca por compostos 
enzimáticos ligados a substratos associados a anticorpos podem ser 
iniciada (BORGES; DERMARGOS; HATANAKA, 2022).
Em 1971, duas equipes de pesquisa europeias publicaram o processo 
Enzymatic Immunosorbent Assay (ELISA) (Engvall e Perlmann, 1971; Van 
Weemen e Schuurs, 1971). Os cientistas Engvall e Perlmann foram 
os responsáveis por transformar o método ELISA que conhecemos 
hoje, usando enzimas para sintetizar antígenos, em vez de usar iodo 
radioativo (BORGES; DERMARGOS; HATANAKA, 2022).
O teste ELISA possui quatro modelos principais: ELISA indireto, ELISA 
direto, ELISA competição e ELISA sanduíche. Durante todo o processo 
do ELISA, independentemente do tipo, existe a etapa de lavagem entre 
as reações. Elas são utilizadas para que tudo o que esteja em excesso, 
ou seja, tudo o que não foi ligado, seja retirado do meio de reação. O 
ELISA direto, mensura o antígeno, que é fixado na placa, então adiciona-
se o anticorpo conjugado a uma enzima, que pode ser detectado 
colorimétricamente. Este tipo de ELISA tem a menor sensibilidade e 
raramente é usado. Já o ELISA indireto, se assemelha ao direto, mas usa 
um anticorpo auxiliar marcado, e possui maior especificidade no teste 
por utilizar anticorpo auxiliar (BORGES; DERMARGOS; HATANAKA, 2022).
ELISA de competição usa antígenos marcados para competir com os 
alvos. Quando há mais antígeno não marcado (da amostra), menos 
antígeno marcado se liga, de modo que a cor fica mais fraca quando 
há muito alvo na amostra. Usado, principalmente, quando os epítopos 
de ligação ao alvo são poucos ou muito pequenos (BORGES, L.; 
DERMARGOS, A.; HATANAKA, 2022).
O ELISA sanduíche é o mais comum e o mais utilizado dentre os quatro 
tipos. Esse tipo de ELISA acontece porque é adsorvido um anticorpo de 
31
captura específico do alvo na placa (ou se ligou à placa durante a noite, 
chamado de sensibilização da placa), então, é adicionado a amostra 
à placa de incubação e o analito-alvo é capturado com ele, assim, o 
anticorpo se adere à placa. Em seguida, é adicionado outro anticorpo 
específico do alvo e um marcador auxiliar do anticorpo colocado 
anteriormente. Tem grande sensibilidade e capacidade de amplificação 
(BORGES; DERMARGOS; HATANAKA, 2022).
Com essa leitura, é possível verificar a quantidade de metodologias 
sorológicas que podem ser utilizadas no âmbito da imunologia clínica, 
auxiliando diagnósticos e acompanhamento dessas doenças.
Referências
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 8. ed. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2015.
BORGES, L.; DERMARGOS, A.; HATANAKA, E. Technical bioanalytical considerations 
for detection and quantification of cytokines. In: ELISA assays. Cytokines, v.151, 
2022.
FERREIRA, A. W.; MORAES, S. L. Diagnóstico laboratorial das principais doencas 
infecciosas e autoimunes. 3. ed. Rio De Janeiro; Guanabara Koogan, 2013.
GELLER, M.; SCHEINBERG, M. A. Diagnóstico e tratamento das doenças 
imunológicas. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015.
32
Avanços das Técnicas 
em Imunologia Clínica
Autoria: Tatiane Marques
Leitura crítica: Veronica Soares
Objetivos
• Conhecer as novas tecnologias utilizadas nos 
exames sorológicos.
• Compreender o princípio da reação antígeno-
anticorpo e sua detecção nos exames sorológicos 
que utilizam novas tecnologias.
• Reconhecer como devem ser interpretados os 
resultados de exames sorológicos que utilizam 
novas tecnologias.
33
1. Novas tecnologias em Imunologia
O laboratório de análises clínicas realiza exames de amostras 
biológicas, com o objetivo de confirmar ou descartar um diagnóstico; 
elaborar diretrizes para a conduta médica; estabelecer prognósticos e 
monitorar a terapêutica. Nos últimos anos, com o avanço da engenharia 
laboratorial e a criação de novas tecnologias ou o aprimoramento 
daquelas já existentes, tem sido notável o aumento da automatização 
de procedimentos laboratoriais. Dessa forma, atuando nesta área, 
você deve estar sempre atento às novas tecnologias e novos métodos 
empregados.
O setor de Imunologia Clínica, em especial, tem se destacado por 
empregar tecnologias modernas que resultam em maior precisão, 
sensibilidade e exatidão nos resultados dos exames. Como imunologista 
clínico, você deverá acompanhar de perto o desenvolvimento e a 
aplicação destas novas tecnologias em seu setor, e como facilitarão 
os diagnósticos de doenças infecciosas e a triagem de doenças não 
infecciosas. Estas novas técnicas visam o aumento de produtividade, a 
redução de exposição a risco biológico e redução de custos e tempo de 
execução dos exames clínicos. Neste material, você conhecerá avanços 
tecnológicos em exames realizados no setor de Imunologia Clínica.
1.1 Ensaio imunoenzimático
Ensaios imunoenzimáticos são os exames sorológicos mais solicitados 
na rotina do laboratório clínico, por sua elevada especificidade e 
sensibilidade, com liberação de um resultado quali-quantitativo rápido e 
preciso. Trata-se de um teste para detecção e quantificação de antígenos 
ou anticorpos específicos, conhecidos como: ELISA (Enzyme Linked 
Immuno Sorbent Assay).
Você sabia que o princípio da reação do ELISA se baseia na ligação 
de um antígeno a um anticorpo, seguido da adição de uma enzima, 
34
a qual se liga a um fluoróforo? Recebe este nome uma substância 
quimiofluorescente, às vezes, chamada também de fluorocromo. Essas 
substâncias fluorescentes, quando excitadas, emitem luz sob a forma de 
fluorescência. Esse é exatamente o princípio de revelação do teste ELISA. 
A enzima, conjugada a um anticorpo secundário, se liga ao antígeno 
ou ao anticorpo presente na amostra biológica testada, a depender da 
metodologia empregada, conforme esquemas representativos da Figura 
1. A enzima mais utilizada nos testes ELISA é a peroxidase, cujo substrato 
é o Peróxido de Hidrogênio (H2O2), que será convertido em água (H2O) e 
oxigênio (O2). Nos poços onde a enzima converte seu substrato, observa-
se a degradação do fluoróforo e a emissão de cor, quando excitado 
pela luz, representando uma reação positiva. Os poços onde não houve 
mudança de coloração, correspondem a reações negativas. A leitura dos 
resultados é realizada em aparelho próprio, do tipo espectrofotômetro, 
mais conhecido como leitor de ELISA.
Figura 1 – Tipos de ELISA
Fonte: LeoRed2KD/ iStock.com. 
35
Para compreender melhor o princípio de reação imune do teste ELISA, 
é preciso entender as diferenças técnicas entre os tipos de ensaio, 
pois isso será determinante para entender com qual substância o 
conjugado se ligará: antígeno ou anticorpo. Os primeiros ensaios 
de ELISA desenvolvidos são do tipo direto (Figura 1), no qual uma 
placa de polietileno é sensibilizada com o antígeno da patologia a 
ser diagnosticada e avalia-se a presença ou ausência de anticorpos 
específicos contra este antígeno, por exemplo, no soro do paciente. A 
técnica se baseia, na reação antígeno-anticorpo primário, e o anticorpo 
secundário, contendo a enzimas peroxidas, e se liga ao anticorpo 
primário. Por fim, o cromógeno é adicionado e convertido em água e 
oxigênio pela enzima ligada ao conjugado.
Anos mais tarde, aprimorou-se esta técnica e o ensaio ficou conhecido 
como ELISA indireto (Figura 1), que segue o mesmo princípio do ensaio 
inicial, com pequenas modificações. O antígeno é fixado à placa e, 
posteriormente, adiciona-se o soro (ou outra amostra biológica), que 
será incubado para ligação ao antígeno específico. Após remoção do 
excesso de anticorpos primários não ligados, adiciona um anticorpo 
secundário (anti-IgG humana) conjugado à enzima peroxidase. A esse 
complexo antígeno-anticorpo-antianticorpo, adiciona-se o fluoróforo 
(substrato da enzima) que se ligará a ela. A reação de conversão do 
fluoróforo em fluorescência será mensurada no espectrofotômetro 
(MINEO; SILVA; BRÍGIDO, 2016). Você podeconferir diferença entre ELISA 
direto e ELISA indireto, analisando os dois primeiros esquemas da Figura 
1.
Os ELISA, direto e indireto, são amplamente utilizados na rotina 
diagnóstica para detecção de antígenos ou anticorpos específicos 
contra doenças parasitárias, como: Toxoplasmose, Doença de Chagas 
e Leishmaniose. Além disso, também existem kits laboratoriais 
específicos para doenças virais, como: Dengue e Rubéola, bacterianas, 
como Salmonellose e até mesmo doenças fúngicas, como Candidíase 
(Monilíase).
36
Nova abordagem deste imunoensaio, foi denominada, genericamente, 
como ELISA Sanduíche. O princípio geral da técnica se baseia na ligação 
de anticorpos primários (presentes no soro) a antígenos específicos 
previamente aderidos à placa, formando complexos imunes, assim como 
nas tecnologias anteriores. Após a lavagem para remoção de anticorpos 
não ligados, procede-se a incubação de um anticorpo secundário, anti-
imunoglobullina humana, que se ligará ao complexo imune, formando 
a reação antígeno-anticorpo-anti-anticorpo. O anticorpo secundário 
já possui a enzima peroxidase conjugada a ele e, após a adição do 
fluoróforo, tem-se a conversão do substrato, seguindo-se para o passo 
de revelação da reação, onde será avaliada a degradação do substrato. 
Quanto maior a taxa de degradação, mais anti-Ig se ligou ao complexo e 
esta ligação é proporcional à quantidade de anticorpo primário presente 
na amostra que se ligou à placa.
Você pode estar se perguntando: qual o diferencial deste teste? Ele 
possibilita o uso de peptídeos sintéticos como antígenos sensibilizantes 
da placa, permitindo a detecção simultânea de IgM e IgG (MINEO; 
SILVA; BRÍGIDO, 2016). Este exame pode ser aplicado no diagnóstico 
de doenças imunomediadas e alergias, além do diagnóstico diferencial 
de infecções virais, como: Hepatite B e as arboviroses Dengue, 
Zika e Chikungunya. Fique atento, pois o ELISA sanduíche tem 
grande aplicabilidade no diagnóstico de infecções virais, com maior 
especificidade e sensibilidade, minimizando a ocorrência de testes falso-
positivos e falso-negativos, ou a reatividade cruzada por doenças virais 
similares.
As técnicas sorológicas atuais para diagnóstico do HIV, denominadas 
ELISA de terceira e quarta geração, utilizam-se são baseadas na 
metodologia do ELISA Sanduiche”, utilizando peptídeos sintéticos do 
envelope viral como antígenos fixados à placa, e possibilitando um 
diagnóstico mais preciso que diferencia a infecção por HIV-1 e HIV-2 
(BRASIL, 2013).
37
Embora não seja muito empregado no laboratório de análises clínicas, é 
importante que você conheça o ELISA por Competição (Figura 1). Neste 
ensaio, podem ser pesquisados antígenos ou anticorpos específicos 
para determinado patógeno pela competição de ligação a estes mesmos 
antígenos ou patógenos marcados com fluorocromos. O ensaio princípio 
do ensaio é o seguinte: o antígeno é fixado à placa e incuba-se a 
amostra em teste, para ligação do anticorpo primário, assim como no 
ELISA direto. Em seguida, após remoção dos anticorpos não ligados, é 
incubado um anticorpo marcado com o fluoróforo, que competirá com 
o anticorpo primário pela ligação ao antígeno. O restante do processo é 
semelhante, ou seja, é adicionado fluoróforo para conversão enzimática 
e, realiza-se a leitura.
O diferencial desta técnica está na interpretação do resultado, 
quanto menos anticorpo marcado estiver ligado ao antígeno, maior 
a quantidade de anticorpos na amostra em teste. Embora pareça 
complexo, a interpretação é simples, a relação entre a taxa de anticorpos 
é inversamente proporcional à leitura. Uma variação desta técnica aplica 
o anticorpo primário ligado à placa e pesquisa-se o antígeno na amostra 
teste. Neste caso, a competição se dará pela ligação do antígeno 
marcado com o antígeno do soro (MINEO; SILVA; BRÍGIDO, 2016).
Esta tecnologia desenvolvida mais recentemente é ideal para pequenos 
epítopos de ligação, ou seja, quando o fragmento peptídico é muito 
pequeno. Também pode ser a técnica de escolha em situações em 
que o alvo de ligação é menor. As técnicas mais modernas visam, não 
apenas a pesquisa de anticorpos específicos, mas também resquícios 
de partículas antigênicas, possibilitando a distinção entre uma infecção 
pregressa e uma infecção ativa.
Ao longo dos anos, como você pode perceber, a técnica foi se 
aprimorando, tendo grande aplicabilidade no laboratório de análises 
clínicas, para diagnóstico de infecções transmissíveis. O procedimento 
é realizado de forma automatizada, otimizando a liberação dos 
38
resultados e minimizando a ocorrência de erros laboratoriais. Atente-
se para o fato de que, com o desenvolvimento das ômicas (genômica, 
proteômica, transcriptômica, lipidômica, metabolômica), o setor de 
imunologia passou a trabalhar em franca parceria com a Biologia 
Molecular, utilizando biomarcadores naturais ou sintéticos, e anticorpos 
monoclonais. Como resultado, os exames tornaram-se mais específicos, 
sensíveis e com menor taxa de reatividade cruzada, falso-positivos e 
falso-negativos (NOGUEIRA NETO; OLIVEIRA JÚNIOR, 2022).
Anticorpos monoclonais são anticorpos produzidos em laboratório 
direcionados especificamente para uma pequena região do antígeno-
alvo, ou seja, para um epítopo específico. A definição deste epítopo, ou 
seja, da região-alvo para estes anticorpos tem como aliadas as ômicas, 
principalmente a genômica e a proteômica. Desse modo, é possível 
selecionar regiões de menor variabilidade gênica de um antígeno viral, 
por exemplo, e sintetizar o peptídeo em laboratório para aplicação em 
ensaios de imunização de cobaias, que produzirão anticorpos específicos 
e, portanto, monoclonais. Estes anticorpos são, então, purificados e 
utilizados também em ensaios sorológicos, por exemplo.
Sendo assim, tornam-se inúmeras as possibilidades de aplicação desta 
técnica nos exames sorológicos e a cada dia surgem novos ensaios, 
utilizando princípios diferentes de formação de imunocomplexos.
1.2 Imunofluorescência
A aplicação de técnicas de fluorescência em ensaios sorológicos 
iniciou-se na década de 1940, quando os cromógenos comuns foram 
substituídos pelos cromógenos fluorescentes, marcando um grande 
avanço nas tecnologias de exames no setor de imunologia. Até então, 
as reações antígeno-anticorpo só poderiam ser visualizadas mediante 
reações secundárias, como a precipitação ou a aglutinação, que 
resultam na formação de grumos ou outras estruturas facilmente 
39
visualizadas, desde que haja abundância em anticorpos. O uso de 
tecnologias envolvendo a fluorescência foi marcante, principalmente, 
no que concerne à visualização direta das reações antígeno-anticorpo, 
mesmo que estas estejam presentes em baixas proporções.
A fluorescência no imunodiagnóstico ganhou destaque e, até os dias 
atuais, você irá executá-la muito no setor de imunologia, pois mostrou-
se uma técnica com maior sensibilidade na obtenção de resultados 
e níveis mais baixos de reatividade cruzada, quando comparada a 
demais exames de imunodiagnóstico desenvolvidos previamente. 
Por meio das técnicas de fluorescência, você poderá visualizar, com 
auxílio de ferramenta própria, uma única célula marcada com o corante 
fluorescente, entre milhares a milhões de outras células não marcadas 
(NOGUEIRA NETO; OLIVEIRA JÚNIOR, 2022).
Esta distinção só é possível devido ao fenômeno de luminescência, 
ou seja, à capacidade que algumas células, inclusive humanas, tem de 
armazenar a energia luminosa e liberá-la mais tarde, quando excitadas. 
As técnicas disponíveis para aplicação no laboratório de análises 
clínicas permitem o uso de mais de um fluorofo simultaneamente, 
e impregnação diferentes estruturas celulares, como o núcleo, o 
citoplasma e a membrana plasmática. Isotiocianato de Fluoresceína e 
Isotiocianato de Tetrametil Rodamina, mais conhecidos simplesmente 
como Fluoresceína e Rodamina, respectivamente, são os fluorescentes 
mais empregados no setor de imunologia em um laboratório de análises 
clínicas(MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2010).
Você já conhece a citometria de fluxo? Este método, derivado da 
imunofluorescência para microscopia de contraste, vem conquistando 
cada vez mais espaço no setor de análises clínicas e em outros setores 
além do laboratório de imunologia clínica. O incremento tecnológico da 
fluorescência (direta ou indireta) para a citometria de fluxo centrou-se 
em modificações na estrutura de detecção da emissão de fluorescência 
para aumentar a eficiência quântica dos fluoroforos e demais corantes 
40
que se baseiam na detecção e quantificação de células por marcadores 
em suas superfícies celulares (COSTA 2020).
Seja para imunofluorescência, seja para a citometria de fluxo, é 
fundamental que o laboratório seja equipado com aparelhos de 
elevada qualidade, reagentes próprios e devidamente armazenados 
(MINEO; SILVA; BRÍGIDO, 2016). Você, como profissional qualificado 
para executar os exames de fluorescência, deve estar sempre atento(a) 
aos protocolos e cuidados para manipulação dos microscópios de 
fluorescência e do citômetro de fluxo. É imprescindível a correta 
realização de procedimentos de limpeza e calibração dos aparelhos 
para garantir resultados mais precisos. Com relação aos microscópios 
para visualização das lâminas de fluorescência, exigem uma sala 
própria, em ambiente escuro, e um bom microscópio óptico equipado 
com acessórios e filtros que permitam boa visualização e captação 
da fluorescência (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2010). Para 
escolha do equipamento ideal, deve-se ter em mente quais serão os 
testes realizados e seus objetivos, que tipo de material será utilizado 
como antígeno ou amostra, os fluoroforos ideais, conforme a rotina do 
laboratório, e uma estrutura física compatível com a realização destes 
exames.
Citometria de fluxo é uma tecnologia que mede e analisa, 
simultaneamente, várias características de células ou partículas em 
suspensão líquida, quando estas passam individualmente em fluxo 
contínuo através de um feixe de luz. Na Figura 2, você identificará 
e poderá e compreender o princípio de análise da fluorescência no 
citômetro de fluxo. Do mais simples ao mais moderno, estes aparelhos 
são capazes de analisar partículas ou células que variam de 0,2µm a 
50µm de diâmetro, conforme especificações programadas antes da 
execução do exame. Outras características celulares como complexidade 
interna, ou seja, granulosidade do citoplasma, e intensidade de 
fluorescência emitida também podem ser avaliadas (COSTA, 2020).
41
Figura 2 – Princípios da Citometria de Fluxo
Fonte: VectorMine/ iStock.com. 
No laboratório de análises clínicas, o citômetro de fluxo é ideal para 
contagem e identificação de células hematológicas e detecção de 
subtipos de células do sistema imune (MINEO; SILVA; BRÍGIDO, 2016). 
Este aparelho faz não apenas a identificação do tipo celular, conforme 
marcadores de superfície identificados, mas também a quantificação 
de cada tipo celular e diferenciação de células maduras e imaturas. 
O grande avanço desta técnica em relação à imunofluorescência foi a 
possibilidade de analisar células vivas, em contrapartida à outra técnica, 
que exige fixação das células (COSTA, 2020).
A suspensão de células marcadas com fluoroforos terá sua intensidade 
de fluorescência determinada, conforme a emissão de luz, característica 
de cada célula, e dependente do antígeno de superfície que foi marcado 
42
com a fluoresceína. Desse modo, além da análise fenotípica e funcional 
de subpopulações celulares, você poderá fazer o isolamento de 
diferentes populações com antígenos de superfícies distintos corados 
por diferentes fluoroforos (COSTA, 2020).
Diferentemente da imunofluorescência em lâmina, que é mais aplicada 
para diagnóstico de infecções transmissíveis, causadas por bactérias, 
fungos e parasitas, você utilizará a citometria de fluxo como uma 
ferramenta diagnóstica e prognóstica na avaliação de neoplasias 
malignas e benignas, transplantes de órgãos e tecidos, além de 
imunodeficiências primárias e adquiridas. As tecnologias mais recentes 
combinam a citometria de fluxo com microesferas produzidas de forma 
uniforme, com proporções e níveis de fluorescência do vermelho ao 
laranja, que serão detectadas pelo equipamento FACScan (Separador de 
Células Ativado por Fluorescência).
Nesta técnica, cada microesfera forma a base de um ensaio individual, 
que apresenta endereço espectral específico, usando fluorescência 
verde para analisar os resultados, de modo que o primeiro feixe de laser 
identifica especificamente a esfera que está passando pelo detector. 
Um segundo feixe de luz lerá a reação na superfície da microesfera, 
identificado a célula conforme o marcador de superfície que for 
detectado (COSTA, 2020). Desse modo, é possível desenvolver ensaios 
cada vez mais complexos para você pesquisar números crescentes 
de marcadores simultaneamente no mesmo analito, em um pequeno 
volume de amostra. As análises por citometria de fluxo atuais são 
rápidas; não requerem lavagem, um grande problema do ELISA e da 
Imunofluorescência; e nem a separação de fase livre e fase ligada; 
além de poderem ser realizadas em menos de 2horas, sendo muito 
vantajosas para a rotina diagnóstica de um laboratório de análises 
clínicas.
43
1.3 Imunofixação
As técnicas de ensaios sorológicos não se baseiam apenas na detecção 
de pequenos peptídeos e anticorpos específicos presentes no soro. 
O diagnóstico de algumas patologias não transmissíveis baseia-se na 
pesquisa de proteínas por meio de técnicas de eletroforese seguidas de 
ensaios imunológicos. Você já realizou a técnica de imunoeletroforese? 
Em caso de resposta negativa, não se preocupe, é chegado o momento 
de conhecer esta técnica.
A imunoeletroforese combina eletroforese de proteínas e a difusão 
em meio gelificado, em etapas distintas, mas complementares. De 
modo geral, este exame consiste em separar as proteínas por tamanho 
e carga elétrica, por meio de difusão em gel, após a aplicação de 
corrente elétrica. Em momento posterior, estas proteínas são expostas 
a anticorpos específicos, presentes no soro, na urina ou outros fluidos 
biológicos, onde anticorpos específicos, e se precipitam, quando são, 
então, identificadas pela comparação a um padrão (controle positivo). 
Por meio deste ensaio imunológico, você pode discriminar maior 
número de componentes da mistura de um extrato antigênico ou 
material biológico, utilizando a especificidade dos anticorpos para cada 
uma das subfrações dos componentes fracionados por diferenças na 
carga elétrica (BOTTINI, 2007).
A eletroforese de proteínas pode ser conceituada em migração de 
moléculas carregadas (neste caso as proteínas) em um solvente 
condutor, sob a influência de um campo elétrico. Neste processo de 
migração, moléculas de peso molecular ou carga similares situam-se 
em pontos próximos e são visualizados como bandas. Tamanho da 
molécula, carga elétrica, polaridade, concentração, força iônica, pH do 
solvente, temperatura, viscosidade do meio, e intensidade do campo 
elétrico são fatores interferentes no processo de eletroforese, que 
devem ser levados em conta ao padronizar a técnica. Você pode realizar 
a eletroforese em diferentes superfícies, sendo a mais frequente o gel de 
44
poliacrilamida e bis-acrilamida para antígenos proteicos (MINEO; SILVA; 
BRÍGIDO, 2016). Também podem ser utilizados papel filtro, acetato de 
celulose e agarose, sendo este último preferencial para amostras de 
DNA.
Posteriormente à migração eletroforética, procede-se a imunodifusão, 
etapa em que você expõe as proteínas (componentes antigênicos) 
ao soro ou outros fluidos corpóreos do paciente, para que ocorra a 
formação do complexo antígeno-anticorpo. A imunodifusão permite a 
identificação de anticorpos monoclonais ou policlonais específicos para 
o extrato total, ou de uma fração proteica em específico. Como resultado 
da ligação do anticorpo ao antígeno, forma-se um arco de precipitação 
na linha de equivalência.Os soros policlonais migram radialmente em 
direção às frações proteicas (MINEO; SILVA; BRÍGIDO, 2016).
A caracterização das proteínas é feita pela mobilidade eletroforética, 
pela difusibilidade do antígeno e pela especificidade imunoquímica 
do soro utilizado (BOTTINI, 2007). Após obtenção do resultado final, 
o suporte pode ser lavado para retirada de anticorpos que não se 
ligaram (não formaram o imunocomplexo), secado para formar um 
filme e corado com Ponceau S ou Comassie Blue (ou outro corante para 
proteínas), servindo como registro documentado de um resultado, como 
o exemplo que você pode visualizar na Figura 3.
45
Figura 3 – Análise e comparação dos resultados da imunofixação
Fonte: CasarsaGuru/ iStock.com.
Com o avanço da tecnologia e das ômicas, é possível sintetizar 
anticorpos monoclonais específicos para cada antígeno-alvo, garantindo 
um resultado de qualidade e com baixa taxa de reatividade cruzada. 
Esta técnica permite a caracterização de proteínas com confiabilidade, 
detectando anormalidades estruturais por alterações no padrão de 
mobilidade eletroforética e alterações nas concentrações da proteína-
alvo, por aumento ou diminuição do arco de precipitação formado 
(NOGUEIRA NETO; OLIVEIRA JÚNIOR, 2022).
Como já visto, os avanços tecnológicos podem resultar em substituição 
ou aprimoramento de técnicas. A imunoeletroforese, aos poucos, vem 
sendo substituída pela imunofixação, uma nova técnica que é o padrão-
ouro na detecção de proteínas anormais em amostras biológicas, por 
identificação de cadeias leves e pesadas em gamopatias. Esta técnica é 
mais sensível e rápida, podendo ser aplicada para detecção de IgA, IgG, 
IgM, cadeia leve kappa e cadeia leve lambda (BOTTINI, 2007).
46
Neste material, você pode aprender sobre a importância do 
desenvolvimento de novas tecnologias laboratoriais para o 
aprimoramento dos exames diagnósticos no setor de imunologia. 
Alguns ensaios sorológicos, como o ELISA, mantêm seu princípio de 
reação e incrementou-se as etapas, garantindo maior sensibilidade 
e especificidade. As técnicas envolvendo a análise de fluorescência 
emitida, por exemplo, avançaram ainda mais com o desenvolvimento 
tecnológico, resultando na criação de um novo ensaio, a citometria de 
fluxo, e aparelhos ainda mais precisos. Finalizando, você pode aprender 
sobre a imunoeletroforese e sua nova tecnologia, a imunofixação, 
ideiais para o diagnóstico de gamopatias, pela detecção de anticorpos 
monoclonais específicos.
Referências
BOTTINI, P. V. Testes laboratoriais para avaliação do componente monoclonal. 
Rev. Bras. Hematol. Hemoter, v. 29, n. 1, 2007. Disponível em: https://www.scielo.
br/j/%20rbhh/a/M7tqWcZJWw77xHKn7xWBVXK/?lang=pt. Acesso em: 27 jun. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Condições Crônicas e Infecções 
Sexualmente Transmissíveis. Manual Técnico para Diagnóstico da Infecção pelo 
HIV. Brasília, 2013. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/node/57787. Acesso 
em: 27 jun. 2022.
COSTA, R. N. Introdução à citometria de fluxo: um manual básico para iniciantes. 
Curitiba, 2020.
MINEO, J. R.; SILVA, M. C.; BRÍGIDO, P. C. et al. Manual Ilustrado de práticas 
laboratoriais em Imunologia. Uberlândia: EDUFU, 2016.
MOLINARO, E. M.; CAPUTO, L. F. G.; AMENDOEIRA, M. R. R. Conceitos e métodos 
para formação de profissionais em laboratórios de Saúde. v. 4. Rio de Janeiro: 
Fundação Oswaldo Cruz, 2010.
NOGUEIRA NETO, J. F.; OLIVEIRA JÚNIOR, R. B. Novas tecnologias em patologia 
clínica GoldBook–Inovaçao Tecnológica em Educação e Saúde, p. 846-883. Rio 
de Janeiro: UERJ, 2002. Disponível em: http://www.telessaude.uerj.br/resource/
goldbook/pdf/49.pdf. Acesso em: 27 jun. 2022.
https://www.scielo.br/j/rbhh/a/M7tqWcZJWw77xHKn7xWBVXK/?format=html
https://www.scielo.br/j/rbhh/a/M7tqWcZJWw77xHKn7xWBVXK/?format=html
http://www.telessaude.uerj.br/resource/goldbook/pdf/49.pdf.
http://www.telessaude.uerj.br/resource/goldbook/pdf/49.pdf.
47
Interpretação de Exames em 
Imunologia Clínica
Autoria: Tatiane Marques
Leitura crítica: Veronica Soares
Objetivos
• Conhecer a Técnica de Radioimuoensaio para 
dosagens hormonais em Imunoendocrinologia no 
Laboratório de Análises Clínicas.
• Compreender e interpretar os testes diagnósticos 
de doenças autoimunes FAN e FR no Setor de 
Imunologia do Laboratório de Análises Clínicas.
• Compreender o princípio de reação e a interpretação 
de exames de VDRL e FTA-Abs no Setor de 
Imunologia Clínica.
48
1. Interpretação de exames em 
Imunologia Clínica
Os exames em Imunologia Clínica têm por finalidade o diagnóstico 
de doenças autoimunes, endocrinológicas ou infecções, assim 
como sua triagem e monitoramento de tratamento. Os exames em 
imunologia também podem ser aplicados em estudos de levantamento 
epidemiológico, assim como para avaliar a ocorrência e monitorar surtos 
endêmicos e epidêmicos de infecções sazonais.
O princípio básico das técnicas de exames laboratoriais em imunologia 
clínica fundamenta-se na reação antígeno-anticorpo, onde o resultado 
será indicativo da presença do antígeno-alvo ou de anticorpos 
específicos direcionados contra eles. Além da ampla diversidade de 
exames que podem ser realizados e possibilidades de diagnósticos de 
enfermidades infecciosas e não-infecciosas, o laboratório de imunologia 
clínica ainda merece destaque pelo elevado grau de automatização 
em seus processos. Como você verá nesta disciplina, este setor 
diferencia-se dos demais, pelo surgimento e aprimoramento de novas 
tecnologias rapidamente, o que tem resultado em maior sensibilidade, 
especificidade e acurácia no diagnóstico de doenças, principalmente 
endocrinológicas e autoimunes.
1.1 Radioimunoensaio marcado
Você sabia que algumas dosagens hormonais podem ser feitas no 
laboratório de imunologia clínica? Isso mesmo, algumas endocrinopatias 
têm características de doenças autoimunes e são diagnosticadas pela 
avaliação de autoanticorpos produzidos contra hormônios próprios, 
como, por exemplo, a dosagem de hormônios tireoidianos T3 e T4, 
para triagem ou confirmação diagnóstica de Tireoidite de Hashimoto. 
A seguir, você verá os princípios de execução das dosagens em 
imunoendocrinologia pela técnica de Radioimunoensaio marcado.
49
Os testes laboratoriais em Imunoendocrinologia, avaliam as condições 
fisiológicas do indivíduo que terá seu sangue testado, para triagem, 
diagnóstico e monitoramento de doenças endócrinas, ou seja, distúrbios 
na produção ou secreção do hormônio. Valores acima ou abaixo dos 
valores de referência podem confirmar a existência de uma patologia 
que desregula o funcionamento do organismo. Entretanto, como é 
de seu conhecimento, há diversas variáveis que podem resultar em 
alterações nas dosagens destes analitos, relativas à coleta, análise ou 
liberação dos laudos, correspondendo às fases pré-analítica, analítica e 
pós-analítica (SBPC, 2014), como detalhado no Quadro 1.
Quadro 1 – Fatores pré-analíticos, analíticos e pós-analíticos que 
interferem nas dosagens hormonais.
Fase pré-analítica Fase analítica Fase pós-analítica
Variações fisiológicas 
individuais.
Vidraria suja. Idade.
Dieta. Aparelho descalibrado. Ciclo circadiano.
Variação no ciclo 
circadiano.
Manutenção inadequada 
do aparelho.
Sexo biológico.
Fase do ciclo menstrual.
Reagentes vencidos ou 
inadequados.
Erros de digitação dos 
laudos.
Estresse físico ou 
emocional.
Falha no processo de 
execução.
Erro na interpretação dos 
resultados.
Interferências 
medicamentosas.
Equipe técnica não 
treinada.
Coleta, armazenamento e 
transporte da amostra.
Metodologia inadequada.
Fonte: elaborado pelo autor.
Você pode estar se perguntando: um exame que possui tantas variáveis 
interferentes, poderá ser realizado com qualquer amostra biológica ou 
50
apenas com sangue? Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica 
(2014), o sangue venoso periférico, mais especificamente o soro ou o 
plasma são as amostras mais, frequentemente, analisadas no setor de 
Imunoendrocrinologia, coletadoscom Heparina ou EDTA. Tenha sempre 
em mente que, para a maioria das dosagens hormonais, o soro é a 
amostra preferencial, mas para determinar o melhor tipo de amostra, 
você sempre deve consultar as recomendações do fabricante do ensaio 
para cada hormônio, assim como a literatura disponível sobre o assunto.
A amostra urinária possui potencial vantagem na determinação 
de hormônios em sua forma livre, sem interferência de proteínas 
transportadoras, além de possibilitar a avaliação da variação de secreção 
dos analitos no período de vinte e quatro horas. O ideal é que, ao 
frasco de coleta, sejam adicionados conservantes ácidos e a amostra 
seja refrigerada, para preservação de catecolaminas e metanefrinas. 
Para a avaliação do cortisol, é importante que a urina seja coletada sem 
conservantes, mas seja mantida sob refrigeração. Outras amostras para 
dosagem incluem a saliva, para avaliação da fração hormonal ligada a 
proteínas, e líquidos de punção aspirativa de diferentes tecidos (SBPC, 
2014).
Com relação à metodologia para dosagem destes analitos, é importante 
que você saiba que é muito variável, conforme a intenção diagnóstica, 
como, por exemplo, os testes funcionais de estímulo, que medem 
a capacidade de produção e reserva hormonal; os testes funcionais 
de depressão, que analisam a autonomia da glândula; e os testes 
imunológicos, que avaliam a formação de complexos imunes e 
pesquisam anticorpos direcionados contra os hormônios em teste. 
Neste material, apenas o último tipo de teste será abordado.
A técnica em questão se refere ao Radioiumuensaio marcado, uma 
metodologia de quantificação, composta por quatro componentes 
básicos: o hormônio a ser quantificado na amostra biológica; o 
hormônio purificado marcado com radioisótopo (TrícioH3, C14 
51
ou I125); anticorpo específico com grande afinidade de ligação ao 
analito; e processos de separação do complexo antígeno-anticorpo. 
O princípio de execução deste teste é a competição de ligação 
ao anticorpo da substância não-marcada (analito) e o hormônio 
marcado. É importante que as concentrações do hormônio marcado 
e do anticorpo permaneçam constantes, e apenas a quantidade do 
hormônio a ser dosado (analito) seja variável. O equilíbrio da reação 
será marcado pela formação de complexos antígeno-anticorpo com 
o analito e com o hormônio marcado, sendo possível a separação 
de ambos para determinar a radioatividade dos complexos. Desse 
modo, a quantificação do analito se dará pela diferença da emissão de 
radioatividade (VIEIRA, 200).
Embora seja muito sensível, permitindo a detecção de baixíssimos 
níveis do analito, este método apresenta a desvantagem de utilizar 
substâncias radioativas, requerendo equipe técnica especializada, 
cuidados na manipulação e descarte do material radioativo e alto custo 
de operação. Os hormônios dosados no laboratório clínico, por meio 
desta técnica, incluem: Hormônio de Crescimento (GH); Hormônio 
Luteinizante (LH); Gonadotrofina Coriônica (GH); Testosterona; e 
Hormônios Tireoidianos (T3 e T4). Além da quantificação hormonal, este 
teste pode ser empregado para avaliação de marcadores tumorais, 
alérgenos e antígenos microbianos, além da pesquisa de drogas em 
testes toxicológicos (VIEIRA, 2002).
1.2 Fator Reumatóide (FR)
O Fator Reumatóide (FR) auxilia o sistema imune na remoção do excesso 
de anticorpos circulantes na corrente sanguínea, aderindo a eles e 
sinalizando a necessidade de sua remoção da corrente sanguínea. 
Você sabia que o Fator Reumatoide pode estar presente em indivíduos 
saudáveis, incluindo os jovens? Além disso, também pode estar 
levemente aumentado também em idosos saudáveis. Isso porque outras 
52
possíveis funções atribuídas a ele incluem auxílio na apresentação de 
antígenos e indução da tolerância imunológica.
Geralmente, observa-se aumento do FR em doenças crônicas ou outras 
condições em que o sistema imune permanece ativado por demasiado 
tempo. Justamente por isso, níveis mais elevados de FR podem estar 
presentes em indivíduos portadores de Artrite Reumatóide; Lúpus 
Eritematoso Sistêmico; Infecções Crônicas; Doenças Pulmonares 
inflamatórias ou fibrosantes; Neoplasias; e Cirrose biliar primaria 
(ALHABBAB, 2018).
O Teste FR é muito conhecido por sua associação ao diagnóstico 
de Artrite Reumatóide, onde anticorpos IgG reagem com outras 
imunoglobulinas, formam imunocomplexos e ativam o sistema 
complemento, resultando na destruição das articulações sinoviais. O 
princípio da reação em laboratório é muito simples, trata-se de uma 
técnica de aglutinação em látex, na qual partículas insolúveis de látex 
são revestidas com IgG humana altamente purificada (ALHABBAB, 
2018). Amostras de soro são expostas às partículas de látex, em 
lâminas próprias para este exame, como você pode ver na Figura 1, e 
permanecem sob agitação por cinco minutos. Depois disso, a lâmina 
é visualizada em microscópio para verificar a formação ou não de 
aglutinados. Um teste positivo é representado pela aglutinação do látex 
(imagem à esquerda) e um teste negativo é representado pela ausência 
de aglutinação (imagem à direita).
53
Figura 1 – Lâmina de teste de aglutinação em látex 
para Fator Reumatóide
Fonte: acervo da autora.
Afinal, você sabe o qual o significado clínico de um teste FR positivo ou 
negativo? Como este fator pode estar presente em pessoas saudáveis, 
como referido anteriormente, o resultado do FR isoladamente não 
possui significado clínico, e deve ser associado a outras dosagens de 
imunoglobulina, a exames de imagem e à anamnese clínica do paciente. 
Entretanto, caso você não possua acesso a estes dados dentro do 
laboratório clínico, será necessário saber discernir entre as diferentes 
titulações e as patologias sugestivas. Para isso, atente-se às diluições do 
teste antes de liberar de seu resultado, por exemplo, títulos acima de 
1:640 indicam fortemente a presença de artrite reumatóide. Por outro 
lado, títulos baixos (1:40-1:160), frequentemente, estão presentes em 
indivíduos saudáveis (GOELDNER et al., 2011).
1.3 Teste do Fator Antinuclear
O Teste de Anticorpos Antinúcleo, também conhecido como Fator 
Antinúcelo (FAN ou FAN-Hep-2) e Pesquisa de Anticorpos Contra 
Antígenos Celulares (PAAC), é um excelente teste para pesquisa e 
detecção de autoanticorpos em pacientes com suspeita de doenças 
autoimunes. Caso você tenha pensado que este é o exame específico 
para diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico, a partir de agora, você 
verá que este teste auxilia na identificação de inúmeras outras doenças 
autoimunes.
54
O teste FAN é uma técnica de imunofluorescência indireta, na qual 
anticorpos marcados com fluoresceína são utilizados para identificar 
antígenos teciduais através de uma técnica simples, rápida, de alta 
sensibilidade e facilmente reprodutível. A técnica atual utiliza a cultura 
de células tumorais derivadas de carcinoma de laringe humana (Células 
Hep-2) em monocamadas, como substrato antigênico, disponibilizando 
todo os compartimentos celulares, organelas, aparelho mitótico e 
complexos proteicos para ligação dos anticorpos. O incremento da 
técnica possibilitou, dessa forma, a identificação de anticorpos contra 
antígenos como SS-Aro, antígenos de células em proliferação, proteínas 
centroméricas, entre outros antígenos nucleares e citoplasmáticos 
(DELLAVANCE; LESER; ANDRADE, 2007).
De outro lado, o aumento da sensibilidade da técnica, ao longo das 
décadas, resultou em inúmeros padrões de fluorescência, associando 
a ligação de anticorpos na membrana plasmática, no citoplasma e suas 
organelas, e no núcleo. Desse modo, para o imunologista clínico, é de 
fundamental importância saber reconhecer esses padrões e associar às 
possíveis doenças clínicas. Os cinco principais padrões (e suas variações) 
do FAN: Pontilhado Fino; Pontilhado Grosso; Nuclear Homogêneo; 
Nucleolar; e Centromérico, e são representativos da ligação de 
diferentes anticorpos (DELLAVANCE; LESER; ANDRADE, 2007). Por isso, A 
Sociedade Brasileira de

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