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LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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AUTORIDADES 
 
Governador do Estado do Rio de Janeiro 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
2 
Exmº Sr Cláudio Bomfim de Castro e Silva 
 
Secretário de Estado de Polícia Militar 
Exmº Sr Coronel PM Luiz Henrique Pires 
 
Subsecretário de Estado de Polícia Militar 
Ilmº Sr Coronel Carlos Eduardo Sarmento da Costa 
 
Diretor-Geral de Ensino e Instrução 
Ilmº Sr Coronel PM Marco Aurelio C. Guarabyra Vollmer 
 
Comandante do CFAP 31 de Voluntários 
Ilmº Sr Coronel PM Marcelo Andre Teixeira da Silva 
 
Comandante do Centro de Educação a Distância da Polícia Militar 
Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Alexandre Moreira Soares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
3 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Estamos vivendo a era da tecnologia, na qual a informação está cada 
dia mais latente e veloz em nossa rotina diária. Este curso tem por objetivo , 
formar e especializar os Cabos da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. 
Para tal, o Curso ocorrerá na modalidade à Distância, pois as disciplinas 
ocorrerão no ambiente virtual de aprendizagem, por intermédio da Escola Virtual, 
no Centro de Educação a Distância Cel Carlos Magno Nazaré Cerqueira 
(CEADPM) e as avaliações de forma presencial no Centro de Formação e 
Aperfeiçoamento de Praças ( CFAP 31 Vol.). 
É fundamental o seu empenho no curso, pois você terá na parte 
EaD autonomia de estudos e de horários, mas também é necessário disciplina 
e dedicação para o êxito dessa jornada, pois alcançar o sucesso depende do 
esforço coletivo e também individual, objetivando que nossos policiais sejam 
cada vez mais qualificados, bem treinados e especializados, para cumprirmos 
nossa missão, buscando cada vez mais a excelência de nossas ações. 
O bom treinamento envolve aspectos físicos e cognitivos, na era 
da informação e da tecnologia, precisamos nos aprimorar cada vez mais a 
fim de garantir uma tropa consciente, respeitosa, pautada em valores morais 
e institucionais, garantindo assim o cumprimento de suas funções com 
dignidade e excelência. 
Esperamos que você aproveite ao máximo os conhecimentos 
adquiridos através deste curso e busque uma reflexão acerca de suas funções 
perante a sociedade e seus companheiros de profissão. Que seja um 
momento de repensar as práticas e fortalecer seu vínculo profissional, 
ampliando cada vez mais seus conhecimentos para lidar com as 
particularidades de ser um Policial Militar no Estado do Rio de Janeiro. 
 
Desejamos a todos bons estudos! 
 Marco Aurelio Ciarlini Guarabyra Vollmer - Coronel PM 
Diretor-Geral de Ensino e Instrução 
 Marcelo André Teixeira da Silva – CoronelPM 
Comandante do CFAP 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
4 
Desenvolvedores 
CFAP 
 
Supervisão e Coordenação Pedagógica 
CAP PM Ped. Patrícia Kalife Paiva 
3ºSGT Rodrigo Barroso Candido 
CB PM Juliana Pereira de Carvalho 
CB PM Fernanda Belísio Oliveira dos Santos 
SD PM Eduarda Vasconcellos Dias de Oliveira 
 
Conteudista 
Jormar Sarkis – Policial civil – delegacia supervisora 
2º SGT PM Márcio Batista dos santos 
 
CEADPM 
 
Supervisão Geral EAD 
MAJ PM Rodrigo Fernandes Ferreira 
Equipe Técnica 
SUBTEN PM Willian Jardim de Souza 
3º SGT PM Edson dos Santos Vasconcelos 
SD PM Lucas Almeida de Oliveira 
SD PM Diogo Ramalho Pereira 
 
Diagramação 
2º SGT PM Alan dos Santos Oliveira 
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes 
CB PM Michele Pereira da Silva de Oliveira 
CB PM Vanessa Souza Rino Bahia 
 
Design Instrucional 
1º SGT PM Eloisa Cláudia Clemente de Almeida 
CB PM Michele Pereira da Silva de Oliveira 
 
Filmagem e Edição de Vídeo 
CB PM Renan Campos Barbosa 
SD PM Alessandra Albuquerque da Silva 
 
Designer Gráfico / Diagramação Interativa 
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes 
SD PM Leonardo da Silva Ramos 
 
Suporte ao Aluno 
CB PM Vanessa Souza Rino Bahia 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................... 6 
CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE.......................................... 8 
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI 8.072/90 ........................... 12 
LEI DE DROGAS E O TRÁFICO 
TRANSNACIONAL/INTERNACIONAL ...................................... 30 
CRIMES DO ECA (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE)
 .............................................................................................. 33 
CRIMES DE CONTRAVENÇÃO PENAL....................................... 37 
LEI DE ARMAS: LEI 10.826/03 .............................................. 38 
CRIME CONTRA O CONSUMIDOR ........................................... 59 
CONCLUSÃO ........................................................................... 64 
REFERÊNCIAS DE NORMAS JURÍDICAS, DE PUBLICAÇÕES DA 
PMERJ E WEB ......................................................................... 65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
6 
INTRODUÇÃO 
 
Ao Iniciar os estudos deste Curso Especial de Formação de 
Cabos, vejamos o que pode se entender por Legislação Penal Especial. 
Vejamos a seguir: 
De acordo com Fanchin (2015), 
“Lei especial é a que a 
Constituição confia à disciplina de 
matéria determinada, v.g.: art. 
37, IX: lei estabelecerá casos de 
contração por tempo 
determinado; art. 37, XIX: 
somente por lei específica criam-
se entes da administração indireta. Merece destaque, suscitado pelo 
vínculo com o tema aqui abordado, a alusão expressa às leis especiais, 
contida no art. 5º, XLIII: os crimes de tortura, de tráfico de drogas, os 
hediondos e o de terrorismo serão classificados como inafiançáveis e 
insuscetíveis de anistia quando esta espécie normativa disciplinar os 
respectivos delitos. Sua formação se dá pelo quórum comum (art. 47).” 
Segundo o clássico Miranda 
apud. Fanchin (2015),“A 
exigência de lex specialis é 
expediente de técnica legislativa, 
pelo qual o legislador 
constituinte, ou o legislador 
ordinário, que a si mesmo traça 
ou traça a outro corpo legislativo linhas de competência, subordinada 
a validade das regras jurídicas sobre determinada matéria à exigência 
de unidade formal e substancial (= de fundo). Determinada matéria, 
em virtude de tal exigência técnica, tem de ser tratada em toda sua 
inteireza e à parte das outras matérias. A lex specialis concentra e 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
7 
isola, liga e afasta, consolida e distingue. Tal concentração e tal 
isolamento implicam: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Que toda regra jurídica, que deveria, para 
validamente se editar, constar de lex 
specialis, dessa não sendo parte, não é regra 
jurídica que se possa considerar feita de 
acordo com as regras jurídicas de 
competência; 
 
Que a derrogação ou abrogação da lex 
specialis tem de ser em lex specialis, porque 
exigir-se a lex specialis para a edição, e não 
se exigir para a derrogação ou ab-rogação 
seria contradição”. (Comentários à 
Constituição de 1967, com a Emenda n. 1, de 
1969, Forense, 1987, Tomo I, p. 378). 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crime de abuso de autoridade 
 
Sobre o tema, devem ser feitas algumas considerações: 
Esse crime no entendimento do STJ é de competência do 
JECRIM estadual (juizado especial criminal, como regra), pois 
a pena máxima de seis meses de detenção; 
 
Esse crime, para parte da doutrina (entendimento minoritário, 
tal como Nucci e Cezar RobertoBitencourt) entende de forma 
diversa: que não é competência do JECRIM considerando que 
o sistema acusatório do crime de abuso de autoridade é incompatível 
com a justiça consensual dos juizados. 
 
Se o autor do abuso for o funcionário público 
federal, a competência é federal se ele estiverno 
exercício das suas funções. Se for em razão da função, 
será competência da justiça estadual. 
 
https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=677&q=Cezar+Roberto+Bitencourt&spell=1&sa=X&ei=nFD6UrrpKcKW0QH6yYH4BA&ved=0CCYQvwUoAA
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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Exemplo: funcionário público federal 
(delegado) queria acessar um prontuário em 
um hospital e fez o conhecido ato de 
“carteirada” e “sabe com quem está falando?” 
para a funcionária do hospital quando ela não 
deixou o homem ter acesso ao prontuário. A 
médica, assim, sofreu abuso de autoridade, mas o crime ocorreu em 
razão do cargo e, assim, seria da competência estadual julgar esse 
crime. 
 
 
 
Vale ressaltar, que, se o crime for cometido em face de 
funcionário público federal, deve-se aplicar a súmula 147. 
 
 
Exemplo1: uma defensoria pública federal, 
em vistoria a um presídio, encontrou uma 
irregularidade (presos nus, sem roupas 
algumas). Assim, ela e sua equipe 
registraram a situação por meio de máquina 
fotográfica para fazer uma denúncia. Quando 
do registro das imagens, a defensora e sua equipe foram presos pelo 
funcionário responsável do presídio. Esse atentado a liberdade de 
locomoção da defensora decorreu de um abuso de autoridade pelo 
funcionário do presídio. Como a defensora estava no exercício das suas 
funções, o crime deve ser julgado pela justiça federal. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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Exemplo2: defensor público federal, 
saindo de seu trabalho, é abordado por 
policiais para revista íntima e acusação 
que o defensor escondia drogas, agindo 
com violência e não acreditando que se 
tratava mesmo de um defensor (apesar do 
mesmo ter apresentado sua carteira 
profissional). Competência para julgar o crime de abuso de autoridade 
ao defensor é a competência da justiça estadual, pois o defensor não 
estava no exercício de suas funções. 
 
Observação: referente ao exemplo acima 
citado deve-se notar uma diferença quando se 
trata de crime de abuso de autoridade 
cometido contra juiz federal. O STJ entende 
que esse crime, quando for contra juiz federal, 
deve ser de competência da justiça federal e 
não estadual, mesmo que o juiz não esteja no exercício de suas 
funções. Neste caso, como o juiz federal é entendido como órgão da 
justiça federal, o abuso ocorre com a própria União. Neste caso, a 
restrição da súmula 147 deve ser afastada e deve ser aplicado o art. 
106, inciso II, CRFB. 
 
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: 
II - os Juízes Federais. 
 
Vale dizer que, para outros crimes comuns contra juiz federal, 
não existe jurisprudência que afirme que a competência deve ser da 
justiça federal, assim, em regra, não deve ser aplicada a observação 
acima citada quanto aos crimes comuns cometidos contra juiz federal. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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Ainda sobre a competência da justiça federal em razão da 
matéria, vale dizer que a súmula 151, STJ afasta a regra do art. 70 do 
CPP. 
 
 
STJ Súmula nº 151- Competência - Contrabando ou 
Descaminho - Processo e Julgamento – Prevenção- A 
competência para o processo e julgamento por crime de 
contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do 
Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo 
lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de 
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução. 
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a 
infração se consumar fora dele, a competência será 
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no 
Brasil, o último ato de execução. 
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do 
território nacional, será competente o juiz do lugar em que 
o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia 
produzir seu resultado. 
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais 
jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a 
infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais 
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
 
Assim, a regra para determinar a 
competência, no caso acima citado, é a 
prevenção do juízo do local da apreensão dos 
bens e objetos do crime e não o local da 
consumação do crime. Ademais, nesse caso, ensina-se que a 
competência deve ser da justiça federal. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI 8.072/90 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, XLIII, 
da CRFB. 
 
 
 
 
 
A tortura, o tráfico e o terrorismo são crimes equiparados a 
hediondos pela própria Constituição Federal. Esse diploma 
determinou que o legislador elaborasse um elenco dos crimes que 
seriam considerados hediondos. 
 
 
 
 
 
 
–– LEI N.º 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990 
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos 
do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição 
Federal, e determina outras providências 
 
Federal, e determina outras 
providências 
 
Art. 5º (...)XLIII - a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes 
e drogas afins, o terrorismo e os definidos como 
crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-
los, se omitirem. 
Diante Do Mandamento constitucional, além dos 
crimes de tráfico de entorpecentes, do terrorismo 
e da tortura, o legislador adotou um CRITÉRIO 
LEGAL PARA A DEFINIÇÃO DOS CRIMES 
HEDIONDOS. 
 
 
 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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Critério Legal 
Adotou-se, portanto, o critério legal, isto é, é hediondo o crime 
que estive no rol taxativo do art. 1º da lei 8.072/90, que será 
analisado de forma pormenorizada adiante. 
 
 
Dessa forma, não se adotou o critério judicial, tampouco o 
critério misto, no qual a lei estabeleceria alguns delitos e o juiz 
também teria a liberdade de apontar como hediondas determinadas 
condutas. 
Dessa forma, a técnica utilizada pelo nosso sistema é a do 
etiquetamento. O estupro na esfera militar, por exemplo, não é 
hediondo, pois não foi assim definido pela lei. 
 
 
ROL DE CRIMES HEDIONDOS 
 
 
Homicídio 
 
Lei 8.072/90, Art. 1º, I - homicídio (art. 121), quando 
praticado em atividade típica de grupo de extermínio, 
ainda que cometido por um só agente, e homicídio 
qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI e VII); 
 
 
 
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes 
crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou 
tentados:(…) 
 
 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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CP, Homicídio Simples 
Art. 121 - Matar alguém: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. 
Homicídio Qualificado 
§ 2º - Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de 
recompensa,ou por outro motivo torpe; II - por 
motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, 
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante 
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a 
impunidade ou vantagem de outro crime. 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
 
O caput do art. 1º da lei 8.072/90 deixa claro que os crimes 
constantes do rol serão considerados hediondos tanto na forma 
consumada quanto na forma tentada (Redação dada pela lei 13.964, 
de 2019). 
 
 
Grupo de Extermínio 
 
A lei não definiu o que seria grupo de extermínio. A doutrina 
entende, inicialmente, que deve haver, ao menos, mais de uma 
pessoa em associação estável, mesmo que esta não constitua 
quadrilha ou associação criminosa. Extermínio não se confunde com 
genocídio, constituindo uma atividade homicida coletiva. Dessa 
forma, deve haver pelo menos duas vítimas, ainda que não ao 
mesmo tempo. 
Portanto, o homicídio simplespraticado por grupo de 
extermínio, ainda que por um só agente, exige pluralidade de 
pessoas e pluralidade de vítimas. Não se exige, nesse caso, que o 
homicídio seja qualificado. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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O §6º do art. 121 do CP recentemente trouxe um aumento de 
pena para o homicídio praticado por grupo de extermínio. Trata-se 
de majorante aplicada tanto para o delito na sua forma simples 
quanto qualificada. 
CP, Art. 121, § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) 
até a metade se o crime for praticado por milícia privada, 
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou 
por grupo de extermínio. 
 
 
 
Homicídio Qualificado Privilegiado 
 
A maioria entende que é compatível o homicídio qualificado 
privilegiado, desde que as qualificadoras sejam objetivas, que são 
aquelas constantes dos incisos III e IV do art. 121, §2º, do CP. 
 
De acordo com o entendimento majoritário, o homicídio 
qualificado privilegiado não é considerado hediondo. 
 
 
Lei 8.072/90, Art. 1º, I-A - lesão corporal dolosa de 
natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal 
seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra 
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da 
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função 
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, 
em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 
2015); 
 
Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima 
(art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de 
morte (art. 129, § 3o) 
 
Federal, e determina outras 
providências 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art3
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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Latrocínio 
Lei 8.072/90, Art. 1º, II - latrocínio (art. 157, § 
3º, in fine); 
CP, Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para 
si ou para outrem, mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por 
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência: (…) 
§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal 
grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 
(quinze) anos, além da multa; se resulta 
morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 
(trinta) anos, sem prejuízo da multa. 
 
 
Somente o roubo com resultado 
morte é considerado hediondo, quando 
o sujeito emprega violência física, 
produzindo esse resultado. Se a morte 
resulta da ameaça, não há latrocínio. 
Não importa, no caso, se a morte 
é produzida a título de dolo ou culpa. 
Vale, ainda, observar a súmula 610 do 
STF, que afirma estar consumado o latrocínio quando houver morte, 
ainda que não se efetue a subtração dos bens da vítima. 
 
STF, Súmula 610 – Há crimes de latrocínio, quando 
o homicídio se consuma, ainda que não realize o 
agente a subtração de bens da vítima. 
 
 
O latrocínio seria tentado se, no contexto da subtração, o 
sujeito deseja matar, mas a vítima sobrevive e ele não consegue 
subtrair os bens. 
Por outro lado, se a subtração é consumada e, após, o sujeito 
pratica uma violência homicida sem sucesso, entende o STF que há 
roubo consumado cumulado com homicídio tentado. Nessa hipótese, 
se consegue destacar dois momentos: a subtração já consumada e 
a violência praticada em momento subsequente para garantir a 
posse do bem. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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Extorsão Qualificada pela Morte ou Mediante Sequestro 
 
 
Lei 8.072/90, Art. 1º, III - extorsão qualificada pela 
morte (art. 158, § 2º); 
IV - Extorsão mediante sequestro e na forma 
qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º); 
 
CP, Art. 157, § 3º - Se da violência resulta lesão 
corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 
(quinze) anos, além da multa; se resulta morte, a 
reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem 
prejuízo da multa. 
 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou 
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou 
para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, 
tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e 
multa. 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante 
violência o disposto no § 3º do artigo anterior. 
 
Extorsão Mediante Sequestro 
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para 
si ou para outrem, qualquer vantagem, como 
condição ou preço do resgate: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§ 1º - Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) 
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou 
maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é 
cometido por bando ou quadrilha: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 20 (vinte) anos. 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza 
grave: Pena - reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte 
e quatro) anos. 
§ 3º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) 
anos. 
Na extorsão qualificada pela morte, aplica-se o mesmo 
raciocínio do latrocínio. 
Toda extorsão mediante sequestro é hedionda, seja simples ou 
qualificada. Já a extorsão genérica só será hedionda quando 
qualificada pela morte. 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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Sequestro Relâmpago 
 
CP, Art. 158, § 3º Se o crime é cometido mediante a 
restrição da liberdade da vítima, e essa condição é 
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena 
é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; 
se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as 
penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. 
 
Trata-se de extorsão qualificada pela restrição 
da liberdade. Na segunda parte, o dispositivo traz uma norma penal 
em branco, aplicando as penas do art. 159, §§ 2º e 3º. Surge, então, 
a polêmica a respeito da hediondez desse delito: 
 
 
1ª corrente: o delito é hediondo, assim como toda 
extorsão com morte. Se o delito menos grave, a 
extorsão genérica com resultado morte, é hediondo, 
também a qualificada pela restrição da liberdade 
deve ser. 
 
 
2ª corrente: não é crime hediondo, pois o legislador 
adotou o critério legal, não tendo esse delito sido 
incluído no rol. Não se pode utilizar da analogia in 
malam partem. 
Não há jurisprudência clara quanto ao tema. 
 
 
 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
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Estupro e Estupro de Vulnerável 
 
Lei 8.072/90, Art. 1º, V - estupro (art. 213, 
caput e §§ 1º e 2º); VI - estupro de vulnerável 
(art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); 
 
CP, Art. 213. Constranger alguém, mediante 
violência ou grave ameaça, a ter conjunção 
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se 
pratique outro ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de 
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 
(dezoito) ou maior de 14 (catorze)anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
§ 2º Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) 
anos. 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar 
outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) 
anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as 
ações descritas no caput com alguém que, por 
enfermidade ou deficiência mental, não tem o 
necessário discernimento para a prática do 
ato, ou que, por qualquer outra causa, não 
pode oferecer resistência. 
§ 2º (vetado) 
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de 
natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 
20 (vinte) anos. 
§ 4º Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) 
anos. 
 
 
A lei 12.015/09 veio logo após a lei do “sequestro relâmpago” 
eo legislador inseriu no texto da lei 8.072/90 o delito do estupro de 
vulnerável. Isso reforça a 2ª corrente acerca da polêmica do 
“sequestro relâmpago”, que defende que, quando o legislador 
deseja, insere o delito no rol. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
20 
Antes da lei 12.015/09, havia controvérsia a respeito da 
hediondez dos delitos de estupro e atentado violento ao pudor, na 
sua forma simples e nas hipóteses de violência presumida. Prevalece 
o entendimento no sentido de que eram delitos hediondos, sendo 
essa posição pacífica na jurisprudência. 
STJ, informativo 505 - DIREITO PENAL. 
NATUREZA HEDIONDA. ESTUPRO E 
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR 
COMETIDOS ANTES DA LEI N. 12.015/2009. 
FORMA SIMPLES. RECURSO REPETITIVO 
(ART. 543-C DO CPC E RES. N. 8/2008-STJ). 
 
 
Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor cometidos 
antes da edição da Lei n. 12.015/2009 são considerados hediondos, 
ainda que praticados na forma simples. O bem jurídico tutelado é a 
liberdade sexual, não a integridade física ou a vida da vítima, sendo 
irrelevante que a prática dos ilícitos tenha resultado lesões corporais 
de natureza grave ou morte. As lesões corporais e a morte são 
resultados que qualificam o crime, não constituindo, pois, elementos 
do tipo penal necessários ao reconhecimento do caráter hediondo do 
delito, que surge da gravidade dos crimes praticados contra a 
liberdade sexual e merecem tutela diferenciada, mais rigorosa. 
Ademais, afigura-se inequívoca a natureza hedionda do crime de 
estupro praticado sob a égide da Lei n. 12.015/2009, que agora 
abarca, no mesmo tipo penal, a figura do atentado violento ao pudor, 
inclusive na sua forma simples, por expressa disposição legal, bem 
assim o estupro de vulnerável em todas as suas formas, 
independentemente de que a conduta venha a resultar lesão corporal 
ou morte. Precedentes citados do STF: HC 101.694- RS, DJe 
2/6/2010; HC 89.554-DF, DJ 2/3/2007; HC 93.794-RS, 
DJe23/10/2008 ; do STJ: AgRg no REsp 1.187.176-RS, DJe 
19/3/2012, e REsp 1.201.911-MG, DJe 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
21 
24/10/2011. REsp 1.110.520-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 26/9/2012. 
Epidemia com Resultado Morte 
 
Lei 8.072/90, Art. 1º, VII - epidemia com resultado 
morte (art. 267, § 1º). 
 
CP, Art. 267 - Causar epidemia, mediante a 
propagação de germes patogênicos: Pena - 
reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos. 
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada 
em dobro. 
 
 
 
Esse delito é preterdoloso. Epidemia é crime de perigo comum 
e o resultado morte o qualifica. 
Trata-se de crime hediondo e, portanto, inafiançável. 
 
 
Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de Produto 
Destinado a Fins Terapêuticos ou Medicinais 
 
Lei 8.072/90, Art. 1º, VII-B - falsificação, corrupção, 
adulteração ou alteração de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A 
e § 1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de 
julho de 1998). 
CP, Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar 
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, 
expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de 
qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto 
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. 
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este 
artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos 
farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso 
em diagnóstico. 
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica 
as ações previstas no § 1º em relação a produtos em 
qualquer das seguintes condições: 
- sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
22 
sanitária competente; 
- em desacordo com a fórmula constante do registro 
previsto no inciso anterior; III - sem as características de 
identidade e qualidade admitidas para a sua 
comercialização; 
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua 
atividade; V - de procedência ignorada; 
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da 
autoridade sanitária competente. 
 
Diante dessa previsão, a falsificação de um batom e a produção 
de uma escova progressiva, por exemplo, seriam considerados delitos 
hediondos. Dessa forma, a doutrina aponta a necessidade de 
razoabilidade e de proporcionalidade no momento desse 
enquadramento. 
 
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração 
sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável 
 
 
Lei 8.072/90, Art. 1º, VIII - favorecimento da 
prostituição ou de outra forma de exploração sexual de 
criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, 
caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, 
de 2014) 
 
 
Genocídio 
 
Lei 8.072/90, Art. 1º, Parágrafo único. Considera-se 
também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 
1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, 
tentado ou consumado. 
 
Lei 2.889/56, Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no 
todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, 
como tal: 
a) matar membros do grupo; 
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de 
membros do grupo; 
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de 
existência capazes de ocasionar-lhe a destruição 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12978.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12978.htm#art2
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
23 
física total ou parcial; d) adotar 
medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio 
do grupo; e) efetuar a transferência forçada de 
crianças do grupo para outro grupo; Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso 
da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, no 
caso da letra b; Com as penas do art. 270, no caso da 
letra c; 
Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Com as penas 
do art. 148, no caso da letra e; 
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática 
dos crimes mencionados no 
artigo anterior: Pena: Metade da cominada 
aos crimes ali previstos. 
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer 
qualquer dos crimes de que trata o art.1º: 
Pena: Metade das penas ali cominadas. 
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime 
incitado, se este se consumar. 
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a 
incitação for cometida pela imprensa. 
 
Esses delitos trazem tanto o 
genocídio propriamente dito 
quanto a quadrilha para a sua 
prática, que também é considerada 
crime hediondo. Diversamente, a 
quadrilha para a prática de crimes hediondos em geral não é 
hedionda, uma vez que esse delito não está incluído no rol do art. 
1º da lei 8.072/90. 
 
Crimes Equiparados a Hediondos: Tráfico, Terrorismo e 
Tortura 
 
Tráfico Privilegiado 
 
O tráfico privilegiado está disciplinado no art. 33, §4º, da 
lei 11.343/06. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
24 
Lei 11.343/06, Art. 33. Importar, exportar, remeter, 
preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à 
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer 
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a 
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento 
de 500 (quinhentos) a 
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, 
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, 
transporta,traz consigo ou guarda, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, 
insumo ou produto químico destinado à preparação de 
drogas; 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, 
de plantas que se constituam em matéria- prima para a 
preparação de drogas; 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem 
a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, 
ou consente que outrem dele se utilize, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito 
de drogas. 
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, 
as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, 
vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde 
que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se 
dedique às atividades criminosas nem integre organização 
criminosa. 
 
Surgiu teoria alegando que, se o homicídio qualificado 
privilegiado não é hediondo, o tráfico privilegiado também não é. No 
STF, o tema foi afetado ao Plenário. 
 
IV STF, Informativo 690 - Tráfico privilegiado e crime 
hediondo 
V A 2ª Turma acolheu proposição formulada pelo Min. 
Celso de Mello no sentido de afetar ao Plenário julgamento 
de habeas corpus em que se discute a hediondez no crime 
de tráfico privilegiado previsto no parágrafo 4º do art. 33 
da Lei 11.343/2006 (...). Alega-se que o tráfico 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Congresso/RSF-05-2012.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Congresso/RSF-05-2012.htm
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
25 
privilegiado não seria hediondo porque não estaria 
expressamente identificado no art. 2º da Lei 8.072/90 
(“Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o 
terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; 
II - fiança”),a prever tão somente a figura do tráfico de 
entorpecentes do caput do mencionado art. 33 da Lei de 
Drogas. Sustenta-se, ademais, que esse fato seria 
bastante para que o paciente não sofresse as restrições 
impostas pela Lei dos Crimes Hediondos. HC 110884/MS, 
rel. Min. Ricardo Lewandowski, 27.11.2012. (HC-110884) 
 
Na verdade, essa não é uma figura privilegiada, mas prevê 
uma mera minorante. 
O STJ, diversamente do STF, já consolidou o entendimento no 
sentido de considerar o “tráfico privilegiado” crime hediondo. O 
Tribunal utiliza a expressão entre aspas, por não se tratar de delito 
autônomo. 
 
STJ, AgRg no HC 249.249 - AGRAVO REGIMENTAL EM 
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. 
TRÁFICO DE ENTORPECENTES. 1. INCIDÊNCIA DA 
MINORANTE DO § 4º DO ART. 33 DA LEI Nº 11.343/06. 
AFASTAMENTO DA HEDIONDEZ DO CRIME. 
IMPOSSIBILIDADE. 2. MODIFICAÇÃO DE REGIME 
PRISIONAL. NÃO CABIMENTO. 3. RECURSO IMPROVIDO. 
1. É firme a jurisprudência desta Corte Superior no 
sentido de que a aplicação da causa de diminuição de pena 
prevista no § 4º do art. 33 da Lei n.º 11.343/2006 não 
implica no afastamento da equiparação existente entre o 
delito de tráfico ilícito de drogas e os crimes hediondos, 
dado que não há a constituição de novo tipo penal, distinto 
da figura descrita no caput do mesmo artigo, não sendo, 
portanto, o 'tráfico privilegiado' tipo autônomo. 
(…) 
 
 
 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
26 
Lei de Tortura: Lei 9.455/97 
Bem Jurídico Tutelado 
 
O principal bem jurídico tutelado pela 
lei de tortura é a dignidade humana. Esse 
crime é suplicante, através do qual a vítima 
é reduzida a menos que um ser humano. 
Não se limita ao caráter físico, havendo 
também a tortura mental, através de violência moral. 
Também envolve a tutela dos bens integridade física, psíquica 
e a própria vida. 
 
Sujeito Ativo e Passivo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Para a maioria da doutrina, em geral, 
qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Não se 
exige a qualidade de agente público para que 
ocorra, não se tratando de crime funcional. A 
legislação não seguiu as convenções 
internacionais que vinculam o delito à condição de 
agente público. 
O sujeito passivo também pode ser 
qualquer pessoa. 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
27 
Figuras Típicas 
Núcleo Constranger 
 
Lei 9.455/97, Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave 
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão 
da vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
As espécies de tortura disciplinadas no art. 1º, I, consistem em 
constranger alguém, atingindo sua liberdade de autodeterminação. 
Constranger é forçar, coagir. 
Mas não se trata de um constrangimento ilegal qualquer, 
sendo necessário que cause sofrimento físico ou mental, o que 
constitui elemento normativo do tipo. Assim, o delito é 
consumado quando a vítima sofre. 
Ademais, devem estar presentes uma das finalidades das 
alíneas a, b e c. O inciso I do art. 1º traz três modalidades 
de tortura: 
 
 
Tortura probatória ou inquisitiva ou inquisitorial; 
 
Tortura-crime; 
 
Tortura discriminatória. 
 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O tipo subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre e 
consciente de infligir sofrimento físico ou mental na vítima, através 
de violência ou grave ameaça. 
As alíneas a e b trazem um especial fim de agir. Por isso esses 
tipos são classificados pela doutrina como delitos de intenção ou de 
tendência interna transcendente. Ademais, são crimes de resultado 
cortado, consumando-se independentemente de se concretizar a 
intenção. A tortura probatória e a tortura- crime são crimes formais, 
cujo resultado não precisa ocorrer para que se consumem. 
 
Tortura Probatória 
Também chamada de tortura inquisitiva ou inquisitorial. 
A doutrina faz uma distinção pouco relevante, afirmando que 
informação é a comunicação ou notícia acerca de fato; enquanto 
declaração é o esclarecimento, explicação ou revelação referente a 
algum fato; já confissão é a admissão da prática de fato. 
O crime de tortura não traz nenhuma qualificadora de violência 
doméstica. O agente responderá pela tortura, sem prejuízo de ser 
responsabilizado por conduta presente na lei Maria da Penha. 
ESPÉCIES deTORTURA 
ART. 1º, I 
PROBATÓRIA 
TORTURA- 
CRIME 
DISCRIMINATÓRIA 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
29 
A tortura castigo exige uma relação de cuidado, guarda, 
vigilância, o que não está presente entre o traficante e o irmão de 
seu ex-comparsa. Tampouco constitui tortura do art. 1º, I. Trata-se, 
portanto, de mera lesão corporal. 
Tortura-Crime 
Nessa modalidade, o torturado é utilizado como instrumento 
do torturador, que será o autor mediato do crime. 
Há controvérsia a respeito de ser a vítima utilizada como 
instrumento para a prática de contravenção penal: 
 
1ª corrente: quando o dispositivo fala em ação ou 
omissão de natureza criminosa, refere-se ao gênero, 
estando incluída a contravenção. Essa posição traz 
clara analogia in malampartem. 
2ª corrente: só admite a prática de crime. Assim, se a 
vítima for utilizada para a prática de contravenção 
penal, o delito será de constrangimento ilegal, de 
acordo com o art. 146 do CP, sem prejuízo de o autor 
mediato responder pela contravenção. 
 
CP, Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou 
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por 
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não 
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
30 
Tortura Discriminatória 
Também chamada de tortura preconceituosaou racista, na 
qual o agente, por motivo discriminatório, tortura a pessoa. Não há 
qualquer resultado pretendido. 
A discriminação sexual, por exemplo, não caracteriza o crime 
de tortura. A lei só fala em discriminação racial ou religiosa. Esse é 
o motivo determinante exigido legalmente. 
Esse delito consuma-se com o sofrimento físico ou mental. A 
doutrina diverge quanto à sua natureza formal ou material. 
 
LEI DE DROGAS E O TRÁFICO 
TANSNACIONAL/INTERNACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O art. 70 da lei de drogas (Lei 11.343/2006) é um crime de 
competência federal mesmo que a droga não chegue ao seu destino. 
 
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos 
nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito 
transnacional, são da competência da Justiça Federal. 
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que 
não sejam sede de vara federal serão processados e 
julgados na vara federal da circunscrição respectiva. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
31 
 
Citam-se aqui os artigos mencionados no art. 70, para fins 
didáticos: 
 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, 
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em 
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento 
de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, 
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, 
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, 
insumo ou produto químico destinado à preparação de 
drogas; 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de 
plantas que se constituam em matéria-prima para a 
preparação de drogas; 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a 
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou 
consente que outrem dele se utilize, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de 
drogas. 
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de 
droga: (Vide ADI nº 4.274) 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 
(cem) a 300 (trezentos) dias-multa. 
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de 
lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a 
consumirem: 
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=4274&processo=4274
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
32 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e 
pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) 
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, 
as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois 
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, 
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, 
não se dedique às atividades criminosas nem integre 
organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) 
 
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, 
vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, 
guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, 
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à 
fabricação, preparação, produção ou transformação de 
drogas, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento 
de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. 
 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de 
praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes 
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento 
de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo 
incorre quem se associa para a prática reiterada do crime 
definido no art. 36 desta Lei. 
 
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos 
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento 
de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-
multa. 
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, 
organização ou associação destinados à prática de qualquer 
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta 
Lei: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Congresso/RSF-05-2012.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Congresso/RSF-05-2012.htm
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
33 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento 
de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. 
 
 
 
 
 
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos 
nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito 
transnacional, são da competência da Justiça Federal. 
 
 
 
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que 
não sejam sede de vara federal serão processados e 
julgados na vara federal da circunscrição respectiva. 
 
 
Conforme visto no parágrafo único acima citado, atualmente a 
regra deve ser outra: se esse crime praticado no local onde não houver 
sede de vara federal, o crime deverá ser julgado na vara federal da 
circunscrição respectiva. 
 
CRIMES DO ECA (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) 
 
 
 
 
 
 
 
Vale dizer que neste artigo 70, o mais 
importante a ser observado é o parágrafo único 
visto que até 2006 se esse crime praticado no local 
onde não houvesse sede de vara federal, o juízo 
competente era o juízo estadual. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
34 
Referente à adoção por estrangeiros sem a regularidade 
brasileira, o assunto está disposto no art. 239 do ECA (Lei nº 
8.069/90) e este crime é de competência federal. 
 
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado 
ao envio de criança ou adolescente para o exterior com 
inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter 
lucro: 
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. 
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça 
ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena 
correspondente à violência. 
 
Outro crime previsto pelo ECA é o de pornografia infantil mas 
este caso nem sempre será de competência federal. 
No caso de ser uma troca de e-mails com pornografia infantil 
entre dois adultos, isso não caracteriza crime federal. No entanto, esse 
cenário muda se essas mensagens são trocadas entre pessoas dentro 
e fora do Brasil, pois, neste caso, o crime será considerado de 
competência federal. 
E as imagens de menores são divulgadas também em sites de 
relacionamento ou redes sociais (mesmo que haja acesso restrito por 
senhas) o crime de pornografia infantil aqui também será de 
competência federal. 
O assunto está previsto do art. 241 ao art. 241-C do ECA. 
 
 
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou 
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou 
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação 
dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e 
multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.764.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11829.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11829.htm#art1
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LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
35 
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar,transmitir, 
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive 
por meio de sistema de informática ou telemático, 
fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de 
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou 
adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e 
multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 
11.829, de 2008) 
 
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento 
das fotografias, cenas ou imagens de que trata 
o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de 
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata 
o caput deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste 
artigo são puníveis quando o responsável legal pela 
prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de 
desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata 
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer 
meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que 
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo 
criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 
2008) 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e 
multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 
 § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se 
de pequena quantidade o material a que se refere 
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a 
finalidade de comunicar às autoridades competentes a 
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LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
36 
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-
A e 
 
241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: 
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído 
pela Lei nº 11.829, de 2008) 
II – membro de entidade, legalmente constituída, que 
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, 
o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes 
referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 
2008) 
 
 III – representante legal e funcionários responsáveis de 
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede 
de computadores, até o recebimento do material relativo à 
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao 
Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão 
manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela 
Lei nº 11.829, de 2008) 
 
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou 
adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por 
meio de adulteração, montagem ou modificação de 
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação 
visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e 
multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, 
expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga 
por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material 
produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei 
nº 11.829, de 2008) 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11829.htm#art2
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LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
37 
CRIMES DE CONTRAVENÇÃO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esses crimes não são julgados na justiça federal, mas sim na 
justiça estadual. 
Sobre o tema, deve-se ler a súmula 38 do STJ. 
 
STJ Súmula nº 38 - Competência - Contravenção Penal 
- Detrimento da União ou de Suas Entidades - Compete 
à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 
1988, o processo por contravenção penal, ainda que 
praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da 
União ou de suas entidades. 
 
Observação: se um juiz federal cometer esse crime, ele deverá ser 
julgado no TRF (Tribunal Regional Federal) por questão de prerrogativa 
de função e não em razão da infração em si. Isso vale para qualquer 
pessoa que, por prerrogativa de função, deva ser julgada no TRF. 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
38 
LEI DE ARMAS: LEI 10.826/03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bem Jurídico Tutelado e Sujeitos 
 
O bem jurídico tutelado por essa lei é a incolumidade pública, ou 
seja, a segurança da coletividade. Não se protege diretamente a 
integridade física. Desse modo, via de regra, o sujeito passivo será o 
Estado. 
O sujeito ativo, a princípio, é qualquer pessoa, mas algumas figuras 
da lei irão exigir autoria determinada. 
 
Competência 
 
A priori, a competência é da justiça comum estadual. 
Excepcionalmente, algumas situações adentrarão a competência da 
justiça federal, como o tráfico internacional de armas, diante da 
transnacionalidade e de disposição em tratado no sentido de que o 
Brasil se compromete a combater sua prática. 
Mesmo quando o delito envolve indígenas, a competência, a 
princípio, será da justiça estadual. Recentemente, porém, o STJ 
analisou caso em que indígena portava arma de caça e excepcionou a 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
39 
súmula 140, por entender que caça é costume, que, por sua vez, é 
direito indígena, o que atraía a competência para a justiça federal. 
 
STJ, Súmula 140 – Compete à justiça comum estadual 
processar e julgar crime em que o indígena figura como 
autor ou vítima. 
 
 
Outro caso recente, veiculado no informativo 507, envolvia 
conflito de competência diante de conduta envolvendo porte de arma 
de fogo e contrabando. Entendeu o STJ que competia à justiça estadual 
o julgamento, uma vez que não havia conexão entre os delitos. A mera 
ocorrência dos delitos no mesmo contexto não enseja conexão. 
 
STJ, Informativo 507 - DIREITO PROCESSUAL PENAL. 
COMPETÊNCIA. PORTE ILEGAL 
DE ARMA DE FOGO E CONTRABANDO. Compete à Justiça 
estadual processar e julgar crime de porte ilegal de arma de 
fogo praticado, em uma mesma circunstância, com crime de 
contrabando – de competência da Justiça Federal –, se não 
caracterizada a conexão entre os delitos. A mera ocorrência 
dos referidos delitos no mesmo contexto não enseja a 
reunião dos processos na Justiça Federal. Precedentes 
citados: CC 105.005-MG, DJe 2/8/2010, e CC 68529-MT,DJe 24/4/2009. CC 120.630-PR, Rel. Min. Alderita Ramos 
de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ-PE), julgado 
em 24/10/2012. 
 
Norma Penal em Branco 
 
 
 
A lei de armas é norma penal em branco, 
complementada pelo decreto 3.665/00 e 
pelo decreto 5.123/04. Cabe ressaltar que a 
norma complementar integra a principal 
para todos os efeitos. 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
40 
Sendo assim, alterado o complemento, será alterado o 
principal. Por exemplo, retirando-se uma arma do rol das armas de 
fogo, ocorrerá a abolitio criminis quanto a essa. O mesmo vale para as 
regras envolvendo o registro e o porte de armas. 
 
Registro e Porte 
 
Registro é o documento que autoriza o proprietário a manter a 
arma em sua residência ou local de trabalho. 
Porte, por sua vez, é a autorização para que o proprietário 
conduza consigo a arma municidada. 
O art. 3ºda lei trata da obrigatoriedade do registro. 
 
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão 
competente. 
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão 
registradas no Comando do Exército, na forma do 
regulamento desta Lei. 
 
O art. 5º, por sua vez, esclarece que o registro só permite ao 
proprietário manter a arma de fogo exclusivamente em sua residência, 
domicílio ou local de trabalho. Seu §1o prevê que o órgão responsável 
para efetuar esse registro é o Sinarm. 
 
Art. 5
o 
O certificado de Registro de Arma de Fogo, 
com validade em todo o território nacional, autoriza o 
seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente 
no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência 
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja 
ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou 
empresa. 
§ 1
o 
O certificado de registro de arma de fogo será 
expedido pela Polícia Federal e 
será precedido de autorização do Sinarm. 
 
De sua vez, o art. 4o trata da arma de fogo de uso permitido. O 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
41 
interessado, nesse caso, deve se habilitar para que o Sinarm expeça a 
autorização de compra. 
 
Art. 4
o 
Para adquirir arma de fogo de uso permitido o 
interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, 
atender aos seguintes requisitos: 
1 - Comprovação de idoneidade, com a apresentação de 
certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas 
pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não 
estar respondendo a inquérito policial ou a processo 
criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; 
2 – Apresentação de documento comprobatório de ocupação 
lícita e de residência certa; 
3 – Comprovação de capacidade técnica e de aptidão 
psicológica para o manuseio de arma de 
fogo,atestadasnaformadispostanoregulamentodestaLei. 
§ 1
o 
O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de 
fogo após atendidos os requisitos anteriormente 
estabelecidos, em nome do requerente e para a arma 
indicada, sendo intransferível esta autorização. 
§ 2
o 
A aquisição de munição somente poderá ser feita no 
calibre correspondente à 
arma registrada e na quantidade estabelecida no 
regulamento desta Lei. 
 
Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido 
 
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, 
acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, no interior de sua 
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de 
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do 
estabelecimento ou empresa: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
É punida a posse e a manutenção sob guarda, sendo necessário 
o contato com a arma. A posse é sempre intra muros, sendo esse um 
elemento espacial do tipo penal. 
Nesse delito, a posse é irregular, pois o sujeito, em que pese ter 
adquirido a arma licitamente, não tem o registro ou está com esse 
vencido. Mesmo nesses casos, a aquisição pode ter sido lícita, como 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
42 
por herança, por exemplo. Aquele que herda a arma e não a registra, 
mantendo-a guardada no seu armário, comete esse delito. 
Assim, é pressuposto do art. 12 a aquisição lícita. 
A manutenção da arma no local de trabalho, para configurar esse 
crime, deve ser pelo responsável pelo local. Caso contrário, se a 
manutenção for por mero funcionário de uma empresa, por exemplo, 
o delito será o do art. 14, a ser estudado mais adiante. 
Em recente julgado no STJ, caminhoneiro foi flagrado com arma 
de uso permitido e alegou que o veículo era seu local de trabalho. O 
art. 150, §4o, do CP equipara à casa o local onde a pessoa exerce sua 
profissão e, assim, a intenção era descaracterizar o crime de porte para 
o de posse, que ocorre intra muros. 
 
CP, Art. 150, § 4º - A expressão "casa " compreende: 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém 
exerce profissão ou atividade. 
 
 
 
 
 
 
STJ, Informativo 496 - APREENSÃO DE ARMA EM 
CAMINHÃO. TIPIFICAÇÃO. O 
veículo utilizado profissionalmente não pode ser 
considerado “local de trabalho” para tipificar a conduta 
como posse de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da 
O STJ entendeu que o aspecto espacial 
do crime do art. 12 tem como 
pressuposto residência ou local de 
trabalho fixos, com endereço 
determinado. O caminhão é, na verdade, 
um instrumento de trabalho. O mesmo 
raciocínio se aplica a outros tipos de 
veículo. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
43 
Lei n. 10.826/2003). No caso, um motorista de caminhão 
profissional foi parado durante fiscalização da Polícia 
Rodoviária Federal, quando foram encontrados dentro do 
veículo um revólver e munições intactas. Denunciado por 
porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14 do 
Estatuto do Desarmamento), a conduta foi desclassificada 
para posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art. 
12 do mesmo diploma), reconhecendo-se, ainda, a abolitio 
criminis temporária. O entendimento foi reiterado pelo 
tribunal de origem no julgamento da apelação. O Min. 
Relator registrou que a expressão “local de trabalho” 
contida no art. 12 indica um lugar determinado, não móvel, 
conhecido, sem alteração de endereço. Dessa forma, a 
referida expressão não pode abranger todo e qualquer 
espaço por onde o caminhão transitar, pois tal circunstância 
está sim no âmbito da conduta prevista como porte de arma 
de fogo. Precedente citado: HC 116.052-MG, DJe 
9/12/2008. REsp 1.219.901-MG, Rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 24/4/2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O crime do art. 12 é de mera conduta, de perigo abstrato e 
permanente. Assim, com a edição de lei nova mais gravosa, aplica-se 
o raciocínio da súmula 711 do STF. 
 
STF, Súmula 711 – A lei penal mis grave aplica-
se ao crime continuado ou ao crime permanente, 
se a sua vigência é anterior à cesação da 
continuidade ou permanência. 
 
Em se tratando de um trailer, se esse for 
fixo, adentrará o conceito de casa. Se o 
sujeito, por outro lado, mora no seu 
carro, esse não é fixo e, para efeito da 
lei de armas, não caracteriza residência. 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
44 
Abolitio Criminis Temporária 
 
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de 
uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu 
registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante 
apresentação de documento de identificação pessoal e 
comprovante de residência fixa, acompanhados de nota 
fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse, 
pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração 
firmada na qual constem as características da arma e a sua 
condição de proprietário, ficando este dispensado do 
pagamento de taxas e do cumprimento das demais 
exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4
o 
desta Lei. 
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no 
caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá 
obter, no Departamentode Polícia Federal, certificado de 
registro provisório, expedido na forma do § 4o do art. 5o 
desta Lei. 
 
 
 
 
 
STJ, Informativo 506 - DIREITO PENAL. POSSE DE 
MUNIÇÃO. ABOLITIO CRIMINIS 
TEMPORÁRIA. É atípica a conduta de possuir munição, seja 
de uso permitido ou restrito, sem autorização ou em 
desconformidade com determinação legal ou regulamentar, 
no período abrangido pela abolitio criminis temporária 
prevista no art. 30 da Lei n. 10.826/2003, na redação 
anterior à Lei n. 11.706/2008. O prazo legal para a 
regularização do registro de arma previsto na Lei n. 
10.826/2003, prorrogado pelas Leis ns. 10.884/2004, 
Essa abolitio criminis temporária 
aplica-se à figura do art. 12. Foi 
concedido um prazo para que aqueles 
que haviam adquirido suas armas de 
fogo de uso permitido de forma lícita 
regularizassem essa situação através 
do registro. A questão também foi 
chamada de vacatio legis indireta. 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
45 
11.118/2005 e 11.191/2005, permitiu a devolução das 
armas e munições até 23 de outubro de 2005. Assim, nesse 
período, houve a descriminalização temporária no tocante 
às condutas delituosas relacionadas à posse de arma de 
fogo ou munição. Incabível a interpretação de ser aplicada 
apenas aos casos que envolvam arma de fogo e munição de 
uso permitido com base na Lei n. 11.706/2008, pois a nova 
redação é aplicável apenas aos crimes praticados após 24 
de outubro de 2005, uma vez que a redação anterior, 
conferida pela Lei n. 11.191/2005, era mais benéfica em 
razão de não conter tal restrição. Precedentes citados: HC 
164.321-SP, DJe 28/6/2012, e HC 78.481-RJ, DJe 
23/8/2010. HC 187.023-MS, Rel. Min. Marco Aurélio 
Bellizze, julgado em9/10/2012. 
 
 
 
 
 
 
 
Como foi concedido um prazo para o registro, até esse termo, 
não se poderia considerar que haveria o dolo para que o crime se 
aperfeiçoasse. Por isso a hipótese foi denominada de abolitio criminis 
temporária. Como tal, entendem os tribunais que ela não retroage, 
tampouco tem efeitos ultrativos, aplicando-se o mesmo raciocínio 
dasleistemporárias.Assim,sóseaplicanaqueleperíododetempodetermin
ado. 
O art. 31, por sua vez, aplica-se a qualquer arma de fogo, 
visando incentivar o desarmamento, sem a fixação de prazo. 
Nas edições anteriores, permitia-se 
inclusive a regularização de armas de uso 
restrito. Nessa edição, contudo, a 
autorização legal restringiu-se somente 
àquelas de uso permitido. Isso é 
importante para fins de aplicação da lei 
penal no tempo, visto que as leis 
anteriores foram mais benéficas. 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
46 
 
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo 
adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, 
entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, 
nos termos do regulamento desta Lei. 
 
Já a arma quebrada, uma vez demonstrada sua imprestabilidade 
pela perícia, torna o fato atípico. A presunção de perigo pode ser ilidida 
por meio de perícia. 
 
STF, HC 96.099 - EMENTA: ROUBO QUALIFICADO PELO 
EMPREGO DE ARMA DE FOGO. APREENSÃO E PERÍCIA PARA 
A COMPROVAÇÃO DE SEU POTENCIAL OFENSIVO. 
DESNECESSIDADE. CIRCUNSTÂNCIA QUE PODE SER 
EVIDENCIADA POROUTROS MEIOS DE PROVA. ORDEM 
DENEGADA. I - Não se mostra necessária a apreensão e 
perícia da arma de fogo empregada no roubo para 
comprovar o seu potencial lesivo, visto que tal qualidade 
integra a própria natureza do artefato. II - Lesividade do 
instrumento que se encontra in re ipsa. III - A qualificadora 
do art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pode ser evidenciada 
por qualquer meio de prova, em especial pela palavra da 
vítima - reduzida à impossibilidade de resistência pelo 
agente - ou pelo depoimento de testemunha presencial. IV 
- Se o acusado alegar o contrário ou sustentar a ausência 
de potencial lesivo da arma empregada para intimidar a 
vítima, será dele o ônus de produzir tal prova, nos termos 
do art. 156 do Código de Processo Penal. V-A arma de fogo, 
mesmo que não tenha o poder de disparar projéteis, pode 
ser empregada como instrumento contundente, apto a 
produzir lesões graves. VI - Hipótese que não guarda 
correspondência com o roubo praticado com arma de 
brinquedo. VII - Precedente do STF. VIII - Ordem 
indeferida. 
 
De modo semelhante, a arma de brinquedo não é considerada 
arma, não sendo englobada por nenhuma conduta típica da lei, uma 
vez que não possui qualquer potencialidade lesiva. A arma de 
brinquedo empregada no roubo não pode majorar a pena, ao contrário 
do que ocorre com a arma desmuniciada. Se o réu alega que a arma 
não tem potencialidade lesiva, caberá a ele comprovar, invertendo-se 
o ônus da prova. A arma de brinquedo configura o roubo, por 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
47 
representar ameaça, mas não pode majorá-lo. 
 
Portanto, entendem os tribunais que não há necessidade de 
realização de perícia para a comprovação da potencialidade lesiva da 
arma. Nesse caso, inverte-se o ônus da prova, podendo o réu se utilizar 
de perícia em seu favor, para desconstituir essa potencialidade lesiva. 
 
 
Omissão de Cautela 
 
O caput do art. 13 traz um crime culposo, o único da lei de 
armas. 
 
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para 
impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa 
portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo 
que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
 
O caput requer o resultado naturalístico do apoderamento da 
arma pelo menor de dezoito ou pela pessoa portadora de deficiência 
mental, por apresentar risco para a incolumidade pública. Como o 
delito é de perigo abstrato, pouco importa se essa pessoa é ajuizada o 
suficiente para vir a causar lesão efetiva. 
Se o indivíduo é negligente com sua arma, mas ninguém a pega, 
o resultado naturalístico não ocorre e o delito não se configura. Para 
esse fim, considera-se qualquer arma, tanto de uso restrito quanto 
permitido. 
Se o menor ou deficiente mental pega a arma e efetivamente a utiliza, 
cometendo um homicídio, o possuidor da arma, a princípio, responderá 
pelo resultado, por ser um garantidor, nos termos do art. 13, §2o, c, 
do CP, visto que, com sua conduta anterior, criou o risco do resultado. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
48 
Naturalmente, a pessoa não responderá se não podia impedir o 
resultado. 
 
CP, Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante 
quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da 
ocorrência do resultado. 
 
O parágrafo único do art. 13 traz tipo penal equiparado que 
pouco se assemelha à figura do caput. A lei exige das pessoas nele 
elencadas que comuniquem à Polícia Federal e registrem a ocorrência 
de qualquer espécie de extravio de arma. Se não o fizerem no prazo 
de 24 horas, esses agentes responderão pela figura do art. 13, 
parágrafo único. Nesse caso, porém, a inércia deve ser dolosa, não 
podendo decorrer de meranegligência. 
 
Art. 13, Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o 
proprietário ou diretor responsável de empresa de 
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar 
ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, 
furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, 
acessório ou munição que estejam 
sobsuaguarda,nasprimeiras24(vintequatro)horasdepoisdeo
corridoofato. 
 
Esse sujeito deve tanto registrar a ocorrência quanto comunicar 
a Polícia Federal. Se deixar de fazer uma dessas coisas, responderá 
pelo fato. 
Esse delito admite a transação penal, visto que apresenta pena 
máxima de dois anos. Além disso, cabe a suspensão condicional do 
processo. 
Os delitos do art. 13, tanto do caput quanto do parágrafo único, 
são figuras próprias, visto que só as pessoas neles elencadas podem 
cometer os delitos. 
 
LEIS ESPECIAIS– CEFC 
 
49 
Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido 
 
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em 
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou 
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso 
permitido, sem autorização e em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é 
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver 
registrada em nome doagente. 
 
O art. 14, em que pese ser conhecido como “porte”, traz vários 
outros núcleos verbais. Trata-se de tipo misto altertivo, isto é, de crime 
de conteúdo variado. A prática de vários núcleos configura apenas um 
crime. 
O parágrafo único foi declarado inconstitucional na ADIn 3.112, 
publicada no informativo 465. O delito possui pena de até quatro anos, 
sendo de gravidade média, além de não ser violento. A princípio, 
caberia, inclusive, a substituição da pena. O STF entendeu, assim, que 
o legislador violou o princípio da proporcionalidade ao vedar a fiança 
de forma absoluta nesse caso. 
 
Núcleos Típicos 
 
Portar – o porte ocorre extra muros. Portar é trazer a arma 
consigo. 
O art. 6o elenca as pessoas que podem portar arma, sem prejuízo 
de legislação especial. A autorização, contudo, é para arma 
determinada. O porte de arma diversa configura o crime do art. 14. 
 
Deter – conservar a arma em seu poder, ainda que não 
seja extra muros. Não há necessidade de ser possuidor ou 
proprietário; Adquirir – naturalmente, a aquisição deve ser 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
50 
ilícita. Inclui a aquisição através da prática de furto; 
 
Fornecer – envolve a entrega da arma. 
Não se trata de comércio, mas o agente funciona como uma 
fonte. A doutrina reconhece a possibilidade de venda da 
arma, desde que não configure ato de comércio, mas conduta 
esporádica; 
 
 
Receber – tomar, entrar na posse da arma. Configura-se 
com a tradição; 
 
 
Ter em depósito – manter a arma armazenada; 
 
 
Transportar – deslocar a arma de um local a outro. 
Portar é trazer a arma junto de si, enquanto o transporte 
não exige esse fator, como levar a arma no banco do 
carro, por exemplo. O fato é típico ainda que a arma esteja 
desmuniciada, visto que se trata de crime de perigo abstrato. 
 
O STF aplicava a pronta disponibilidade nesse caso, entendendo 
que a arma municiada só seria típica se o sujeito tivesse a pronta 
disponibilidade da munição para utilizá-la. Hoje, isso não é mais 
exigido pelos Tribunais. 
 
Ceder – ainda que gratuitamente; 
Exemplo: dois policiais trocam suas armas. Nesse caso, um 
fornece e o outro adquire. Trata-se de aquisição ilícita. Na 
atividade efetiva, isso eventualmente pode ser meramente 
irregular, não havendo o ânimo de fornecer ou adquirir. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
51 
 
Emprestar – confiar a coisa a alguém,gratuitamente. 
O aluguel é entendido pela doutrina como comércio, 
incidente no art. 17, a ser estudado adiante. 
 
Remeter – encaminhar,enviar. 
Difere do transporte, pois não é a própria pessoa que leva a 
arma; 
 
Empregar-Se a arma é empregada para a prática de 
homicídio, por exemplo, o sujeito não responde pelo art. 
14, aplicando-se o princípio da consunção. Ademais, o 
disparo da arma de fogo, apesar de também ser uma forma de 
“empregar”, configura o delito do art. 15. O disparo é mais grave, 
sendo a questão resolvida pela especialidade. Dessa forma, se o 
sujeito emprega a arma, sem disparar, e sem o cometimento de 
crime mais grave, responderá pelo art. 14. Trata-se, portanto, de 
figura subsidiária. Se o emprego for utilizado para o cometimento 
de crime menos grave, como a ameaça, do art. 146 do CP, haverá 
concurso formal. 
No caso do constrangimento ilegal com emprego de armas, o §1o 
do art. 146 apresenta acréscimo de pena menor que a punição 
prevista no art. 14. O §1o será, portanto, aplicado residualmente, 
quando houver o emprego de outros tipos de armas. Assim, se o 
sujeito constrange com arma de fogo, responde pelo art. 146, 
caput, do CP, em concurso formal próprio com o art. 14 da lei; se 
constrange com outro tipo de arma, responde com o aumento do 
§1o do art. 146. 
a) Manter sob guarda – nesse caso, há vigilância direta, contato 
com a arma. Essa expressão difere do núcleo “ter em depósito” 
em razão desse contato 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
52 
 
Além disso, a manutenção sob guarda do art. 14 distingue-se 
daquela do art. 12 em razão do elemento espacial. No art. 12, 
a posse é irregular, mas ocorre em residência ou em local de 
trabalho pelo qual o agente seja responsável. Nos demais casos, a 
manutenção sob guarda configurará o delito do art. 14. 
b) Ocultar – esconder, disfarçar,encobrir. 
Quando o delito de receptação tiver como objeto arma de fogo, o 
agente responde pelo art. 14, aplicando-se o princípio da 
especialidade. Se, além da arma de fogo, houver outros objetos, 
responderá por ambos em concurso formal. 
 
O art. 14 é crime de mera conduta e de perigo abstrato. Assim, 
se configura mesmo estando a arma desmuniciada, bem como com o 
porte da munição. Houve caso em que o sujeito foi encontrado com 
apenas uma munição, que pegou de lembrança do quartel, 
caracterizando-se, a princípio, o tipo penal. Em outro caso, o sujeito 
cometeu o crime de ameaça somente com a munição vazia, tendo o 
tribunal entendido que somente subsistiu esse último delito, esvaziada 
a potencialidade lesiva com relação à munição. 
 
Disparo de Arma de Fogo 
 
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar 
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em 
direção a ela, desde que essa conduta não tenha como 
finalidade a prática de outro crime: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é 
inafiançável. 
 
Disparar é atirar projéteis. Teoricamente, é possível acionar 
munição sem arma. 
 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
53 
A conduta engloba qualquer arma 
de fogo ou munição. 
O crime envolve um elemento 
espacial, devendo ocorrer em lugar 
habitado ou adjacências, isto é, onde 
residam ou se encontrem pessoas. Requer-se, portanto, a presença 
humana, mas não há necessidade da efetiva presença no momento do 
disparo, visto que se trata de crime de perigo abstrato. Pode ser 
também cometido em via pública ou em direção a ela, consistindo em 
local de acesso a qualquer pessoa. 
O sujeito que efetua disparos em local privado, isolado, 
totalmente inabitado, não comete esse delito. Deve haver o risco para 
um número indeterminado de pessoas. 
O crime é doloso, sendo punido o disparo consciente de arma de fogo. 
A lei não pune o disparo acidental, sem prejuízo da punição de eventual 
resultado decorrente da conduta. 
O art. 15 prevalece em relação ao art. 14, mas sucumbe em face do 
art. 16. 
O delito é de mera conduta e instantâneo, consumando-se com o 
disparo. Admite-se a tentativa, visto que é permitido o fracionamento 
do iter criminis. Não procede a afirmação de que o crime de mera 
conduta não admite tentativa. 
Exemplo: alguém segura a mão do sujeito ou a arma falha no 
momento do disparo. 
De acordo com a parte final do art. 15, caput, esse só se 
configura se a conduta não tiver como finalidade a prática de outro 
crime. Na redação anterior, a subsidiariedade era expressa; na nova 
redação, contudo, o dispositivo não especificou se a finalidade era para 
a prática de crime mais ou menos grave. A doutrina entende que, ainda 
assim, só se exclui o art. 15 se o objetivo for de cometer crime mais 
grave. Se o outro crime for menos grave, haverá concurso formal. O 
tema, contudo, não é pacífico. 
LEIS ESPECIAIS – CEFC 
 
54 
 
Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito 
 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer,

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