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Nome: Thompson Leite Disciplina: Fisiologia Veterinária Glândula paratireoide e a reabsorção de cálcio ósseo RESUMO A manutenção da homeostase em relação aos níveis de concentração de cálcio no organismo dos animais domésticos, depende de vários eventos fisiológicos, dentre eles, as reações endócrinas realizadas pela glândula paratireoide que produzem efeitos direto sobre a atividade celular (Cunningham Tratado de Fisiologia Veterinária, Bradley G. Klein, pág.436, 2021). A ingestão de uma dieta pobre em cálcio pode desencadear diversas alterações na homeostase, levando o animal à um quadro de descalcificação do tecido ósseo. O trabalho em questão, visa o desenvolvimento de um relatório científico, através de uma pesquisa que leva ao diagnóstico e tratamento do caso clínico apresentado. INTRODUÇÃO A glândula paratireoide é o principal órgão envolvido no controle dos níveis de cálcio e fósforo no organismo, nos animais domésticos normalmente são encontradas em pares (cães, gatos, ruminantes, equinos) e estão localizadas próximas à glândula tireoide (Cunningham Tratado de Fisiologia Veterinária, Bradley G. Klein, pág.436, 2021). Ela é estimulada pelo aumento ou diminuição dos níveis sanguíneos de cálcio a fim de produzir a secreção do paratormônio (PTH) (Dukes | Fisiologia dos Animais Domésticos, 13ª edição, William O. Reece, pág. 179, 2022). A alimentação regular com uma dieta pobre em cálcio, gera sua diminuição na concentração sanguínea. Como forma de compensação, a glândula paratireoide aumenta a secreção do paratormônio que atua diretamente sobre o rim com a finalidade de diminuir a eliminação de cálcio através da urina e aumentar sua absorção no intestino. Caso a ingestão de cálcio não seja regularizada, com o tempo, o organismo passa a utilizar seu reservatório extracelular, em paralelo o paratormônio intensifica a reabsorção de cálcio do osso a fim de melhorar sua concentração sanguínea (Patologia Veterinária, 2ª edição, Renato de Lima Santos; Antônio Carlos Alessi, pág. 726, 2017). A reabsorção de cálcio pelos ossos sem a reposição da quantidade ideal, resulta em uma matriz óssea anormal produzida pelos osteoblastos chamada de Osteodistrofia fibrosa caracterizada pelo quadro de hiperparatireoidismo secundário nutricional (Patologia Veterinária, 2ª edição, Renato de Lima Santos; Antônio Carlos Alessi, pág. 725, 2017). DESCRIÇÃO DO CASO Um cão de 12 anos de idade apresentando uma fratura completa de rádio e ulna. O tutor/responsável relatou que o animal quebrou a pata após cair de uma altura extremamente baixa. O tutor/responsável ainda relatou que o animal estava apresentando fraqueza corporal havia cerca de três semanas. Indagado sobre a alimentação do animal, o tutor relatou que, depois que fora demitido cerca de um ano antes, interrompeu a alimentação com a utilização de ração para cães, substituindo-a somente por polenta. Realizado raio x do animal, além da fratura, foram observados pontos de descalcificação ao longo do tecido ósseo. DISCUSSÃO Animais domésticos que não recebem a ingestão de alimentos da forma correta e balanceada, ficam expostos às alterações no organismo, o que pode gerar problemas para a sua saúde. O custo de uma ração de qualidade ou falta de tempo, podem levar os tutores a preparar os alimentos de forma inadequada para os seus animais. No caso relatado, o tutor alegou de devido a problemas financeiros, interrompeu a ingestão de ração e passou a preparar somente polenta para o animal. A polenta é um alimento predominantemente composto por carboidrato, e segundo a TACO (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, site da web), em 1kg de polenta encontramos: 10,9 mg de cálcio, 167,9 mg de fósforo e 0,00mcg de vitamina D. Após analisar diversas tabelas nutricionais de rações para cães (sites com tabelas nutricionais), foram encontrados em média para cada 1kg, tem de 2.000mg à 15.000mg de cálcio e de 2.500mg à 6.000mg de fósforo, sendo em maior quantidade para animais com idade avançada. Se compararmos a quantidade de cálcio presente em média nas rações com a quantidade disponível na polenta, contatamos uma queda considerável dos níveis de cálcio que o animal passou a ingerir. A baixa concentração de cálcio no organismo dos animais, estimula à glândula paratireoide na secreção do paratormônio. Este por sua vez, na tentativa de regular os níveis de cálcio, aumenta a reabsorção óssea através do recrutamento dos osteoclastos, contudo, a remoção contínua do osso sem sua devida reposição resulta em Osteodistrofia fibrosa reconhecida através da proliferação de tecido conjuntivo fibroso, na diminuição da densidade do osso cortical e deposição de osteoide (matriz ainda não mineralizada). Em consequência, é comum a ocorrência de fraturas, mesmo em casos de baixo impacto. Conhecer o histórico do animal, identificar aos sinais clínicos complementados por exames, podem confirmar o hiperparatireoidismo secundário nutricional, que infelizmente hoje em dia é comum em medicina veterinária (SPINOSA, Helenice de S., GÓRNIAK, Silvana L., BERNARDI, Maria M., Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária, Grupo GEN, 2023, pág.886). Os exames que ajudam confirmar o diagnóstico de hiperparatireoidismo secundário nutricional são: Exames laboratoriais para a mensuração dos níveis séricos do paratormônio (PTH), cálcio e vitamina D3; Teste de excreção fracionada de cálcio na urina; Exames de imagem como ultrassonografia e radiografia para identificar a osteodistrofia fibrosa e a mineralização dos ossos (Manual MSD, website). Assim que o diagnóstico for confirmado, deve-se iniciar o tratamento imediatamente utilizando medicamentos para o controle da dor, suplementação de cálcio para elevar os níveis de concentração no sangue, além da suplementação de vitamina D e fósforo que podem ser necessárias para normalizar seus níveis. Para os casos em que o tratamento inicial à base da suplementação não gerar respostas satisfatórias, pode ser utilizado o tratamento com hormônio da paratireoide recombinante (rhPTH), utilizado por via subcutânea. A doença tem um prognóstico favorável após o tratamento, principalmente se for diagnosticada nos estágios iniciais (SPINOSA, Helenice de S., GÓRNIAK, Silvana L., BERNARDI, Maria M., Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária, Grupo GEN, pág.886, 2023). CONCLUSÃO No caso acima, vimos um cão com idade avançada que passou a ingerir um único alimento rico em carboidrato e com níveis de cálcio abaixo do recomendado durante um logo período. No exame clínico, o animal apresentou fraqueza corporal e exames de imagem confirmaram fraturas ósseas causadas por quedas mesmo de baixo impacto, além de pontos de calcificação. Para estes casos devem ser solicitados exames para identificar os níveis do paratormônio (PTH), cálcio e vitamina D3, aliado a exames de imagem e do histórico de alimentação, poderão confirmar o hiperparatireoidismo secundário nutricional, doença muito comum na medicina veterinária e causada pela ingestão insuficiente de cálcio na alimentação de longo período. Diante do estudo de caso apresentado, concluímos que os animais domésticos devem receber uma alimentação saudável com o mínimo recomendado e que alterações alimentares sem o devido conhecimento podem gerar doenças e causar sofrimento ao animal. REFERÊNCIAS Cunningham Tratado de Fisiologia Veterinária, Bradley G. Klein, pág.436, 2021; Dukes | Fisiologia dos Animais Domésticos, 13ª edição, William O. Reece, pág. 179, 2022; Patologia Veterinária, 2ª edição, Renato de Lima Santos; Antonio Carlos Alessi, pág. 725 e 726, 2017; TACO, Tabela Brasileira de Composição de Alimentos- https://www.tabelanutricional.com.br/polenta-pre-cozida; Manual MSD - https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios- end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/transtornos-da-paratireoide/hipoparatireoidismo;SPINOSA, Helenice de S., GÓRNIAK, Silvana L., BERNARDI, Maria M., Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária, Grupo GEN, 2023, pág.886; Ração Golden Fórmula Sênior - Link site da Cobasi; Ração Premier Sênior Ambientes Internos para Cães Adultos - Link site da Petz; Ração Quatree Supreme para Cães Sênior de Raças Médias - Link site da Petily.