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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO RAFAEL COELHO NOVO TERCEIRO ESPECTROSCOPIA NO ULTRAVIOLETA CIDADE 2023 2 Sumário 1. Introdução .................................................................................................... 3 2. Princípios da espectroscopia de absorção .................................................. 4 3. Cromóforo e efeitos de conjugação ............................................................. 6 4. Apresentação de alguns espectros .............................................................. 8 4.1 Espectro de absorção de um composto aromático ...................................... 8 4.2 Espectro de absorção de um composto com grupo carbonila ...................... 9 5. Instrumentação .......................................................................................... 10 6. Conclusão .................................................................................................. 14 7. Referências ................................................................................................ 15 3 1. Introdução A espectroscopia ultravioleta (UV) desempenha um papel fundamental na análise instrumental química. Com a espectroscopia de absorção UV é possível estudar as propriedades eletrônicas de substâncias químicas e determinar a concentração de compostos que absorvem luz nessa faixa do espectro eletromagnético. Compreender os princípios da espectroscopia de absorção UV é essencial para uma ampla gama de aplicações em química analítica e pesquisa científica. Figura 1 – Espectro eletromagnético A absorção de radiação eletromagnética por um composto está diretamente relacionada às transições eletrônicas que ocorrem dentro de sua estrutura molecular. Quando um composto absorve luz ultravioleta, isso significa uma mudança na energia do elétron de um estado fundamental para um estado excitado. Essas transições eletrônicas são altamente dependentes da estrutura molecular e podem fornecer informações valiosas sobre as propriedades da substância em estudo. Desta forma, este trabalho, discute os fundamentos da espectroscopia de absorção UV, com foco nos efeitos de cromóforos e conjugação eletrônica. Os cromóforos são grupos funcionais ou estruturas que conferem cor às substâncias e estão intimamente relacionados com a absorção de UV. Compreender o efeito da conjugação eletrônica nos cromóforos nos permite analisar características espectrais e interpretar com mais precisão os espectros de absorção de UV. 4 A técnica de análise instrumental de absorção UV utiliza a Lei de Lambert-Beer como base para a quantificação de substâncias em solução. A relação entre esses dois conceitos é fundamental para a compreensão e aplicação da espectroscopia de absorção UV. A Lei de Lambert-Beer estabelece que a absorbância de uma substância é diretamente proporcional à concentração da substância e ao comprimento do percurso óptico da luz através da amostra. Essa relação é expressa pela equação A = εlc, onde A é a absorbância, ε é o coeficiente de absorção molar, l é o comprimento do percurso óptico e c é a concentração da substância. No geral, a Lei de Lambert-Beer é uma ferramenta valiosa na espectroscopia de absorção UV-visível, permitindo a quantificação de substâncias em solução e fornecendo uma base teórica sólida para a análise quantitativa de amostras em diversas áreas científicas e industriais. 2. Princípios da espectroscopia de absorção O primeiro princípio da espectroscopia de absorção é a interferência da luz. Quando a luz passa por uma substância, ela interage com os elétrons presentes nessa substância. Essa interação ocorre quando a energia da luz é igual à diferença de energia entre os níveis de energia eletrônica dos elétrons no material. Quando essa condição é atendida, os elétrons podem ser excitados para um nível de energia mais alto, absorvendo assim a energia da luz. O segundo princípio é a relação entre absorção de luz e transições eletrônicas. Moléculas orgânicas têm elétrons em orbitais moleculares, como elétrons π (pi) em ligações duplas ou sistemas de ligações conjugadas. Quando a luz atinge essas moléculas, ocorre uma transição eletrônica na qual os elétrons são excitados para um nível de energia mais alto. A energia da luz absorvida está diretamente relacionada à diferença de energia entre os estados eletrônicos envolvida na transição. A absorção de radiação eletromagnética por um composto está diretamente relacionada às transições eletrônicas que ocorrem dentro de sua estrutura molecular. Quando um composto absorve luz ultravioleta, isso significa uma 5 mudança na energia do elétron de um estado fundamental para um estado excitado. Essas transições eletrônicas são altamente dependentes da estrutura molecular e podem fornecer informações valiosas sobre as propriedades da substância em estudo. Uma lâmpada de xenônio, por outro lado, é uma fonte de radiação de amplo espectro que emite luz ultravioleta e visível na faixa de 160 a 380 nm. Consiste em um tubo de quartzo preenchido com gás xenônio. Quando uma corrente elétrica é aplicada ao tubo, os átomos de xenônio são excitados, emitindo radiação ultravioleta e visível. A escolha da fonte de radiação depende da faixa de comprimento de onda necessária para a análise e da sensibilidade dos detectores utilizados no espectrofotômetro UV. Outro princípio importante é a seletividade de absorção. Cada composto químico possui um padrão único de absorção de luz, determinado pela sua estrutura molecular e pelos grupos funcionais presentes. Essa seletividade permite identificar e caracterizar substâncias com base em seus espectros de absorção, o que é particularmente útil na análise qualitativa. Além disso, a concentração da substância também influencia a absorção de luz. A absorbância é diretamente proporcional à concentração do composto presente na amostra, permitindo a determinação quantitativa de substâncias por meio de curvas de calibração. Esses princípios são aplicados na prática por meio de instrumentos como o espectrofotômetro UV que serão apresentados posteriormente no desenvolvimento deste trabalho, que permitem medir a absorção de luz em diferentes comprimentos de onda e obter informações valiosas sobre a estrutura e a concentração de compostos químicos. A lei de Beer-Lambert, também conhecida como lei de Beer-Lambert, é um princípio fundamental da espectroscopia de absorção e descreve a relação entre a concentração de uma substância e sua absorção da luz refletida. Esta lei é amplamente utilizada em espectrofotometria UV-visível para quantificar substâncias em solução. Esta relação descreve como a luz é atenuada ao passar por uma amostra porque a substância contida nela é absorvida. Quanto maior a concentração da substância ou maior o comprimento do caminho óptico, maior a absorção. A lei de Lambert-Beer se aplica a soluções diluídas onde a interação entre as 6 moléculas é desprezível. Supõe-se também que a absorção de luz ocorre apenas na interação com a substância em estudo. Esta lei é amplamente utilizada na análise quantitativa da espectrofotometria UV-visível. Se o coeficiente de absorção molar da substância de interesse for conhecido, é possível determinar a concentração desconhecida da solução medindo a absorbância em um comprimento de onda específico. 3. Cromóforo e efeitos de conjugação Os cromóforos apresentam princípios básicos relacionados à absorção de luz. Em geral, eles são compostos por sistemas de elétrons π (pi) conjugados, que consistem em ligações duplas ou alternância de ligações simples e duplas em uma molécula. De forma simples: Átomo ou grupo de átomos que absorve radiação.Essa conjugação eletrônica permite a delocalização dos elétrons π ao longo do sistema, o que resulta em transições eletrônicas e absorção de luz na região do UV-visível. A conjugação de elétrons é um fenômeno que ocorre quando uma molécula tem uma série de ligações pi (π) alternadas ou conjugadas. Este tipo de sistema conjugado permite que os elétrons π se movam ao longo das ligações, criando uma nuvem eletrônica que se estende por todo o sistema. A extensão da conjugação eletrônica em um sistema influencia a energia de absorção da luz. Quanto maior a conjugação eletrônica, menor será a energia necessária para excitar os elétrons π e maior será o comprimento de onda absorvido. Isso resulta em uma maior absorção de luz na região do UV-visível e em uma cor mais intensa observada para a substância. Um exemplo clássico de conjugação eletrônica é encontrado em compostos aromáticos como o benzeno e seus derivados. O benzeno é uma molécula planar com seis átomos de carbono em um anel hexagonal e ligações pi (π) alternadas. A presença dessas ligações conjugadas cria um sistema de elétrons π que são transportados por todo o anel, formando uma nuvem de elétrons. Essa conjugação eletrônica do benzeno é responsável por suas propriedades especiais, como estabilidade e aromaticidade. 7 Um exemplo comum de cromóforo é o grupo carbonila (C=O), presente em compostos como cetonas e aldeídos. Esse grupo funcional contém uma ligação dupla entre carbono e oxigênio, formando um sistema de elétrons π conjugados. Como resultado, os compostos contendo grupos carbonila apresentam absorção de luz na região do UV e visível, sendo responsáveis por suas características de cor e propriedades espectroscópicas. A absorção de luz pelos cromóforos ocorre quando a energia dos fótons é igual à diferença de energia entre os estados eletrônicos da substância. Quando um fóton de luz é absorvido, um elétron é promovido de um estado eletrônico de menor energia (estado fundamental) para um estado eletrônico de maior energia (estado excitado). Essa transição eletrônica é responsável pela absorção seletiva de luz e pela cor observada. A presença de conjugação eletrônica nos cromóforos desempenha um papel crucial em suas propriedades espectrais. Quanto maior a extensão da conjugação, maior será a faixa de comprimentos de onda de luz que pode ser absorvida. Isso ocorre porque a conjugação eletrônica permite um maior número de estados eletrônicos disponíveis para transições, ampliando assim o espectro de absorção. Outro exemplo de cromóforo são os sistemas conjugados, como os encontrados em compostos aromáticos. A conjugação eletrônica ocorre quando existem múltiplas ligações duplas ou alternância de ligações simples e duplas em uma molécula. Essa estrutura permite a delocalização dos elétrons π ao longo do sistema, resultando em absorção de luz na região do UV-visível. Os compostos aromáticos, como o benzeno e seus derivados, são conhecidos por exibir absorção intensa de luz devido à conjugação de seus anéis. A literatura disponibiliza valores de bandas características para vários cromóforos de diferentes substâncias. Na prática, a identificação e caracterização de cromóforos em compostos orgânicos são realizadas por meio da espectroscopia UV. 8 4. Apresentação de alguns espectros 4.1 Espectro de absorção de um composto aromático Figura 1 - Espectro de absorção da Cafeina e AAS Nesse tipo de espectro, é esperado observar uma absorção intensa na região do UV-visível devido à presença de ligações pi conjugadas no sistema aromático. A absorção máxima ocorre em comprimentos de onda mais longos (menor energia) devido à extensão da conjugação de elétrons. A forma do espectro pode variar dependendo das substituições no anel aromático. Por exemplo, o espectro de um derivado de benzeno com um grupo doador de elétrons, como -OH ou -NH2, pode mostrar um deslocamento para comprimentos de onda mais longos (desvio para o vermelho) em comparação com o benzeno não substituído. 9 4.2 Espectro de absorção de um composto com grupo carbonila Figura 2 - Espectro de absorção da acetona Nesse caso, o espectro de absorção geralmente mostra uma banda de absorção intensa na região do UV-visível. A absorção máxima ocorre em comprimentos de onda mais curtos (maior energia) devido à presença do grupo carbonila. A intensidade da absorção pode variar dependendo do solvente utilizado. Por exemplo, em um espectro de um composto cetônico, a presença de uma banda de absorção intensa em torno de 280-330 nm é comumente observada. 10 5. Instrumentação Existem cinco partes dentro de um equipamento espectrofotômetro que trabalham em conjunto para garantir medições precisas e confiáveis na espectroscopia UV-visível. Cada componente desempenha um papel fundamental na geração, seleção, detecção e processamento da luz, permitindo a análise quantitativa e qualitativa de amostras. A combinação dessas partes forma um sistema completo e sofisticado que é amplamente utilizado em laboratórios de pesquisa, análises químicas e controle de qualidade em diversas áreas. A fonte de luz em um espectrofotômetro, geralmente uma lâmpada de deutério ou xenônio, é selecionada com base na faixa de comprimentos de onda que se pretende medir. A lâmpada de deutério é usada para cobrir a faixa do ultravioleta (UV), enquanto a lâmpada de xenônio é utilizada para a região do visível. Ambas emitem uma radiação contínua ao longo de um amplo espectro de comprimentos de onda, permitindo a excitação dos elétrons nas amostras, como exemplos temos lasers de corante; lasers de semicondutores; lasers de diodo; entre outros Já o monocromador é um componente crucial que permite a seleção precisa de comprimentos de onda específicos para análise. Ele consiste em um sistema óptico composto por grades de difração ou prismas. A luz emitida pela fonte de luz passa pelo monocromador, que dispersa a luz em seus diferentes comprimentos de onda constituintes. Em seguida, um sistema de fendas seleciona o comprimento de onda desejado. A seleção é feita girando as grades de difração ou ajustando a posição dos prismas. Isso garante uma alta resolução espectral e a capacidade de medir com precisão a absorção em comprimentos de onda específicos. 11 Figura 3 – Exemplo de funcionamento de um monocromador Para ser analisada, é necessário um compartimento, sendo a célula de amostra é um componente onde a amostra a ser analisada é colocada, também chamada “cubetas”. Geralmente, as células de quartzo são utilizadas na espectroscopia UV-visível devido à sua transparência nessa faixa de comprimentos de onda. A célula de amostra é projetada para permitir a passagem da luz através da amostra de forma controlada. Ela pode ter diferentes formatos, como cubetas retangulares ou tubos cilíndricos, dependendo do espectrofotômetro e da aplicação. A célula de amostra deve ser opticamente transparente para evitar interferências na absorção da amostra e permitir medidas precisas. 12 Na figura 4 abaixo, estão descritos alguns tipos de cubetas: Seguindo, temos o detector, que é responsável por converter a intensidade da luz transmitida ou absorvida pela amostra em um sinal elétrico mensurável. Os fotodiodos ou fotomultiplicadores são os detectores mais comuns usados em espectrofotometria UV-visível. Os fotodiodos são semicondutores que geram uma corrente elétrica proporcional à intensidade da luz que atinge a superfície do detector. Já os fotomultiplicadores são tubos fotomultiplicadores sensíveis à luz que geram uma corrente amplificada em resposta à luz incidente. Ambos os detectores são projetados para serem sensíveis na faixa UV-visível e proporcionaralta sensibilidade e resposta linear. Por fim, temos o sistema de processamento de sinal e exibição é responsável por converter o sinal elétrico gerado pelo detector em dados digitais e exibir os resultados. O sinal elétrico é amplificado, filtrado e convertido em uma saída digital. Os dados resultantes podem ser exibidos em um monitor ou em um display integrado ao espectrofotômetro, geralmente na forma de um gráfico de absorção ou transmitância em função do comprimento de onda. O sistema de processamento de sinal também pode incluir recursos de armazenamento de dados, como um computador conectado ao espectrofotômetro, permitindo a análise posterior dos resultados. 13 Temos o esquema de dois tipos de equipamentos: Figura 5 - Esquema de um espectrômetro de feixe único. Figura 6 - Esquema de um espectrômetro de feixe duplo espacial. 14 6. Conclusão Em resumo, pode-se dizer que a espectroscopia de absorção UV juntamente com a lei de Lambert-Beer e os princípios de cromóforos e efeitos de conjugação formam uma base sólida para a análise instrumental de substâncias em solução. Esta tecnologia permite a obtenção de informação quantitativa e qualitativa, promove o progresso científico, o desenvolvimento de novos materiais e a aplicação prática em diversas áreas. Combinando esses conceitos e técnicas, é possível obter informações valiosas sobre a estrutura molecular, concentração de substâncias em solução e suas propriedades ópticas. A espectroscopia de absorção UV e análises instrumentais relacionadas são amplamente utilizadas em áreas como química, bioquímica, farmacologia, ciências ambientais e controle de qualidade, permitindo estudos detalhados e quantificações precisas. 15 7. Referências WILLARD, H. H. et al. . Lisboa: undação Calouste Gulbenkian, [Coimbra, Portugal, 1979. 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