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AULA 4 
SEXUALIDADE HUMANA 
Profª Evelyse Iwai dos Reis Teluski 
 
 
2 
TEMA 1 – DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL: PRINCÍPIO DO PRAZER E 
REALIDADE 
Desenvolver-se é um processo dinâmico que significa amadurecimento, 
evolução e crescimento. Esse processo acontece com todo ser vivo. Quando 
passamos pelo processo de crescimento, amadurecemos a anatomia, a 
fisiologia e, também, as emoções. A sexualidade é um aspecto desse 
desenvolvimento humano que vai da infância à terceira idade. Pinto (1997) 
entende a compreensão da sexualidade na formação da identidade em todos os 
estágios da vida: “em cada um desses estágios o ser humano está em busca de 
responder ao irrespondível: ‘quem sou eu?’”. 
O aspecto importante que os autores retratam sobre a sexualidade no 
desenvolvimento é que ela não é o fim pela qual a existência se estabelece, mas 
o meio para o contato com o outro ser humano. “A sexualidade é por Excelência, 
função propiciadora do contato seja ele intra ou interpessoal” (Pinto, p. 62). 
Freud concebeu o desenvolvimento da personalidade a partir do conceito 
de libido, ou seja, os impulsos que vão buscando prazer em cada fase ou estágio 
do desenvolvimento. Em cada fase, o indivíduo deve aprender a resolver certos 
problemas específicos, originados do próprio crescimento físico e da interação 
com o meio. No decorrer da fase, a pessoa expressa seus impulsos e suas 
necessidades básicas dentro de moldes que visam à preservação da cultura. 
Todo ser vivo busca junto desse processo o prazer e evita a dor, essa 
direção é biológica. Lowen (1975) diz que a dor é vivida como ameaça à 
integridade do organismo, contraímos e fugimos de situações dolorosas e 
associadas à dor e passamos a sentir ansiedade. O prazer nos coloca em 
expansão, e a ameaça nos coloca em contração, forçando o organismo a abafar 
os impulsos, gerando a ansiedade. Cedo ou tarde, as defesas são estabelecidas 
para abafar a ansiedade. 
1.1 Zonas erógenas e desenvolvimento emocional 
Freud trouxe o conceito que todo corpo tem potencial de ser erógeno. A 
zona erógena se desloca de uma parte a outra no corpo, ou vai se espalhando 
por todo o corpo. A vida sexual infantil é autoerótica, encontrando a satisfação 
no próprio corpo. Freud identificou, ainda, quatro zonas erógenas principais e 
 
 
3 
cada uma delas ligadas a um estágio do desenvolvimento emocional: olhos, 
boca, ânus e genitais. Reich aprofundou essas zonas principais ligadas ao 
organismo e no processo de encouraçamento muscular. Baker (1980) retrata os 
estágios do desenvolvimento denominado ocular, oral, anal, fálico e genital, e 
cada estágio executa suas funções temporárias, servindo a capacidade de sentir 
prazer. 
O desenvolvimento da personalidade é apoiado na estrutura física do 
organismo, as primeiras motivações e ansiedades do ser humano estão ligadas 
aos processos fisiológicos. 
Com as frustrações e o enrijecimento muscular, o organismo vai formando 
a couraça, que aprisiona a energia impedindo-a de chegar livre até o último 
estágio do desenvolvimento emocional, que é o genital. Esses bloqueios vão 
provocando sintomas nessas zonas erógenas e provocam fixações que 
determinam a formação da personalidade. 
As etapas para o desenvolvimento da personalidade e libido são: fase 
ocular, oral, anal, genital, latência, adolescência, adulta e velhice. 
Dandrea (1987) retrata que a maneira como a pessoa resolve os 
problemas desses três primeiros estágios e os mecanismos de defesas e 
adaptação utilizados são os responsáveis pela estrutura básica da 
personalidade. 
1.2 O recém-nascido e a mãe 
Desde os primeiros anos de vida, o comportamento materno exerce 
influência na formação da personalidade. 
As crianças, desde muito cedo, consideram os pais como fonte de prazer, 
buscando-os com amor, e os pais acabam sendo provedores de amor, alimento 
físico e emocional, de contato sensorial. As crianças se mantêm livres e 
tranquilas enquanto não se deparam com frustrações, privações, mas, em geral, 
o crescimento vem acompanhado de privações de contato, punições e ameaças. 
Lowen (1975) retrata que esse processo de desenvolvimento e frustrações 
acontece na seguinte sequência: busca pelo prazer → privação → frustração ou 
punição → ansiedade e defesa. A defesa, em intensidade, ou em fases muito 
primitivas vão se tornando crônicas, em Reich denomina de couraça. A formação 
da personalidade passa pelas fases de desenvolvimento da criança, sendo uma 
unidade funcional o aspecto psíquico com a estrutura corporal ou atitude 
 
 
4 
muscular, em que podemos compreender a personalidade do indivíduo. Baker 
(1980) diz que o bloqueio do funcionamento natura pode começar a ser realizado 
antes mesmo de o bebê nascer, através de um útero contraído que iniba sua 
movimentação e, logo a pós o nascimento, dependendo da forma como se 
recebe o bebê, faz com que ele vá se contraindo, como forma de autoproteção. 
Boadella (1985, p. 52) retrata que o bebê passa por uma transição 
sensorial entre o amniótico e o terrestre, e a mudança de vida é muito grande. 
Antes do nascimento, a criança está dentro de um envelope de água 
que a protege antes da entrada final na esfera da atividade terrestre. 
Como se estivesse dentro de uma esfera, ele molda sua forma ainda 
líquida, que gradualmente, se torna mais condensada. Quando nasce 
ele deixa o espaço esférico da água e entra em contato com as forças 
direcionais da terra. Quanto mais ele se render a essas forças, mais 
sólido se tornará seu corpo, o que é essencial para que ele fique em 
pé e aprenda a andar. 
Quando o bebê é colocado em contato com o ventre da mãe, ele se sente 
mais tranquilo e seguro. O bebê recém-nascido chegou e complexas relações 
sociais serão estabelecidas que determinarão a formação da sua personalidade, 
retrata Boadella (1985). 
Após o nascimento, autores da psicologia objetal enfatizam a importância 
dos cuidados nos primeiros anos de vida, sendo que Winnicott denominou como 
fases de amadurecimento do psiquismo no corpo. 
Segundo Winnicott (1975), todo ser humano é dotado de uma tendência 
inata ao amadurecimento. Esse processo se inicia após a concepção e continua 
ao longo da vida do indivíduo. Essas etapas ou estágios são enumerados. 
Durante esse processo de amadurecimento, Winnicott afirma a 
importância da etapa mais primitiva da vida, a fase de dependência absoluta, na 
qual o bebê pode adquirir bases para a constituição de sua personalidade e de 
sua saúde psíquica. Esse momento, para ser bem-sucedido, necessita passar 
por três tarefas fundamentais para a constituição de sua integridade: a 
integração no tempo e no espaço; o alojamento gradual da psique no corpo; e o 
início de relações objetais, o contato com a realidade. O conjunto dessas tarefas, 
juntamente com a repetição, pode trazer o sentido da existência. 
Nos estágios iniciais de dependência absoluta, o bebê necessita da 
dependência absoluta da mãe, em que é afetado pelo cuidado que recebe. 
Nesse momento, há a importância de a mãe conseguir atender as necessidades 
do bebê e não as suas necessidades. Em virtude desse estado, ocorre uma 
 
 
5 
regressão parcial da mãe com o objetivo de poder identificar-se com essas 
necessidades do bebê. 
Ela consegue esperar que o gesto espontâneo surja porque sabe 
muitas coisas sutis, como por exemplo, que, para ser trasladado de um 
lugar para outro, um bebê precisa ser preparado e o movimento total 
requer tempo; ela sabe também que é mais importante respeitar a 
recusa do bebê de mamar do que força-lo, por disciplina ou por temor 
da desnutrição, porque em termos do amadurecimento, o não alimentar 
constitui a base do alimentar. (Winnicott, 1968 p. 55) 
Com o tempo, a mãe suficientemente boa torna a adaptação cada vez 
menor, permitindo, gradativamente, que o bebê caminhe para a independência. 
TEMA 2 – ESTÁGIO OCULAR 
Além dos sentimentos e sensações generalizadas docorpo, a zona ocular 
é o primeiro estágio do bebê com o mundo. Um olhar acolhedor promove a 
sensação de aceitação e bem-estar, trazendo a sensação de confirmação de sua 
existência. A extrema falta de contato produz a contração dos olhos, do corpo e 
esquivamento do olhar do recém-nascido, podendo acarretar problemas 
psiquiátricos graves. Os olhos são a primeira área a ser traumatizada, às vezes, 
pelos procedimentos físicos no momento do nascimento e também pelo contato 
ameaçador ou indiferente. Segundo Baker (1980, p. 45), “as expressões hostis 
implicam a negação de qualquer oportunidade para um contato cálido e 
compreensivo”. 
Um olhar acolhedor promove a sensação de aceitação e bem-estar, 
trazendo a sensação de confirmação da sua existência. O ambiente se torna 
uma extensão do indivíduo através da percepção dos olhos. 
Segundo Baker (1980), olhos saudáveis desenvolvem a visão binocular, 
que é a visão tridimensional, a qual localiza todas as percepções com exatidão 
permitindo uma atitude emocional objetiva. Entra, também, nesse grupo, a 
audição e as percepções de odores com uma plena clareza. 
Quando acontece o enrijecimento dos olhos, seja por medo do contato, 
ou de procedimentos invasivos pós-nascimento, a visão se torna prejudicada 
perdendo a pulsação e ficando desvitalizada. Alguns sinais de encouraçamento 
e do estágio ocular são a autopercepção e a percepção rebaixada ou distorcida. 
Esse estágio é de extrema importância; no contato com a mãe, o bebê tem 
condições de tomar consciência completa do seu corpo, trazendo uma sensação 
 
 
6 
de vivacidade e de prazer, estando assim em contato com o seu centro saudável 
e com os seus impulsos primários. Na sensação de ausência de contato, o 
impulso interno é semelhante à contração que vem de fora, ou seja, são 
equivalentes as forças repressoras e as reprimidas, decorrendo o bloqueio do 
movimento de energia. 
2.1 O contato entre mãe e bebê 
O ser humano nasce com total dependência desde os primeiros anos de 
vida, e o comportamento materno exerce influência na formação da 
personalidade da criança, mesmo sem o uso da comunicação verbal. 
O estabelecimento da relação entre mãe e filho não depende somente das 
características da mãe, e o bebê também tem a sua parte, diz Dandrea (1987). 
E nesse contato, a mãe tem a possibilidade de se conectar com o seu bebê 
estabelecendo um ritmo fusional. 
Winnicott traz uma imensa contribuição sobre essa relação, usando o 
termo mãe suficientemente boa. A mãe suficientemente boa nesse contexto é 
aquela que, durante esse período, desenvolve uma devoção total ao lactente, 
que de forma muito identificada com as sensações e necessidades da criança, 
consegue proporcionar uma adaptação suficientemente boa nesta fase. 
Ainda para Winnicot (1960), “um Self verdadeiro começa a ter vida, 
através da força dada ao fraco ego do lactante pela complementação, pela mãe 
das expressões da onipotência do bebê”. O contato satisfatório da mãe com o 
bebê pede algumas características, que são: presença e contato; não impõe seu 
ritmo; cuida sem invadir; e mantém o ambiente previsível. A mãe vai adaptando 
o ritmo a cada fase de amadurecimento do lactante. Conforme Winnicott (p. 55), 
“quando mamãe e bebê chegam a um acordo na situação de alimentação, estão 
lançadas as bases de um relacionamento humano. A partir daí que se estabelece 
o padrão de capacidade da criança de relacionar-se com os objetos e com o 
mundo”. 
Com esse vínculo, o autor coloca que existem tarefas que a mãe cumpre, 
que favorece o desenvolvimento e o amadurecimento do recém-nascido. As 
tarefas a serem cumpridas para o amadurecimento incluem: 
• Integração: no espaço e no tempo corresponde o segurar, o sustentar, a 
mãe estar presente. 
 
 
7 
• Personalização: o alojamento da psiquê no corpo é facilitado pelo manejo, 
que é um aspecto mais específico relativo ao cuidado físico. 
• Contato com a realidade: é propiciado pela apresentação gradual do 
contato com o mundo ao bebê. 
Para Lake (2006, p. 6), “normalmente, quando há um bom contato com a 
mãe, os olhos do bebê permanecem abertos, francos e curiosos, profundos, mas 
confiantes”. 
Lake (2006) descreve que a falta de contato promove a violação do direito 
de existir da criança: 
O direito de existir, que é estar no mundo como um organismo 
individual. Esse direito é geralmente estabelecido durante os primeiros 
meses de existência. Este direito está associado à oportunidade de 
estabelecer vínculo e está diretamente relacionado ao livre fluxo e de 
energia e à primeira fase do ciclo de maturação. É a experiência de ser 
e ver. 
 O contato é vital para o desenvolvimento do ser humano e para sua 
sobrevivência. 
TEMA 3 – ESTÁGIO ORAL 
Nessa fase, o prazer, derivado da boca e da sensação nos lábios, está 
muito presente. Continua a importância de contato com a mãe, pois além da 
alimentação física, ocorre juntamente com a alimentação emocional. Sendo o 
bebê completamente dependente, uma fase de simbiose entre o corpo da mãe 
e do lactante. Baker (1980, p. 47) descreve: “os dois organismos excitam-se 
mutuamente, dando um ao outro a faísca e intensidade, indispensáveis ao 
desenvolvimento e ao crescimento. Esta excitação atinge o ponto mais alto no 
ato da amamentação”. 
Nesse estágio, o chuchar é motivado pela busca do prazer, e Freud diz 
que é a repetição rítmica de um contato de sucção com a boca, através dos 
lábios, sem qualquer propósito de nutrição. Volpi (2009) retrata essa fase como 
etapa de incorporação, na qual a boca é a região de incorporação do alimento 
tanto físico quanto emocional. O organismo não é capaz de digerir alimentos 
sólidos, tornando-o completamente dependente do ambiente para garantir a sua 
sobrevivência. Nessa época, a mãe é a fonte única de satisfação das exigências 
do recém-nascido, e a partir das atitudes maternas, esta criará sua configuração 
do mundo em termos orais, utilizando os mecanismos de introjeção e projeção. 
 
 
8 
Na mente da criança, o seio, a mamadeira e a chupeta na boca podem ser 
percebidos como a retenção da própria mãe ou a sua proteção. 
No bebê, a boca está altamente carregada de energia. Para o recém-
nascido, alimentar-se exprime a necessidade de ser amado, garantido e de 
poder abandonar-se em repouso, depois de saciado. A alimentação se confunde, 
para ele, com a relação de amor e assume um significado afetivo, em que se 
busca a segurança. “O colo é o primeiro chão da criança, e juntamente com o 
ato da amamentação e contato ocular, são a base para proporcionar a segurança 
básica para o bebê”. 
Lake (2006) diz que, na fase da vinculação, a ênfase está na função de 
"conter" que a mãe exerce com seus braços e com o contato visual, o que reforça 
a sensação do abraço do útero. Ao ser nutrido, o bebê passa a ser o contentor 
(recipiente) e a mãe o conteúdo, uma vez que ele a bebe, ou bebe o que ela lhe 
oferece ou introduz em seu corpo. Os problemas dessa relação estão ligados ao 
sabor que o mundo tem, à sensação interna de bem-estar (p. 17). A tensão que 
surge pode ser muita intensa para uma criança na situação vulnerável da 
amamentação. Leite insuficiente, bico frio ou leite muito quente e ausência de 
contato. Tanto no caso de ser privado do alimento correto quanto no caso de ser 
completamente invadido por alimentos inadequados, a alimentação pode, em 
vez de ser uma fonte de sustentação, transformar-se em sofrimento. 
O bebê é capaz de regular seu próprio ritmo, segundo suas necessidades, 
porém, muitas vezes o ambiente interrompe o ritmo e a conexão que a mãe tem 
com o seu bebê, e ela acaba impondo regras sociais, como horários rígidos com 
a amamentação. Essa fase é marcada pelos aspectos de dependência e 
independência, que vão definir os aspectos nas relações na vida adulta. O 
indivíduo poderá buscar sua independência na vida adulta quando a 
amamentação e o desmame acontecemde forma saudável, com respeito ao 
ritmo do lactante. Quando isso não acontece, deixará registros de repressão e 
insatisfação. Volpi (2009) diz que a sensação das pessoas fixadas nesta fase é 
de vazio, carência, faltando força para ação e para concretizar suas 
necessidades. O indivíduo tentará para o resto da vida buscar o direito de estar 
seguro, que deriva da função de suporte e de alimentação por parte da mãe 
durante os primeiros anos de vida. 
Nessa etapa ou estágio estão em questão o direito de ter a sensação de 
ser preenchido e o período de sustentação. É a experiência de ter, saborear e 
 
 
9 
satisfazer suas necessidades, que foram privadas nesse estágio (Lake, 2006, p. 
7). 
TEMA 4 – ESTÁGIO ANAL 
Esse estágio ocorre entre dois e três anos de idade, período em que o 
esfíncter anal passa a ser um órgão funcional e o prazer é derivado da retenção 
e expulsão das fezes e do controle muscular. A criança vivencia a sensação de 
orgulho e satisfação quando produz um movimento intestinal, ou seja, sente-se 
no controle. Esse momento ela está aprendendo a se separar da mãe e formar 
sua identidade e independência, e começa a perceber com maior intensidade o 
seu corpo. Volpi (2009) retrata esse estágio como a etapa de produção, a criança 
nessa fase já pode andar se sua atenção está focada nas atividades excretoras, 
e fezes e urinas são vistas pela criança como produto do seu corpo. Quando a 
criança é respeitada, pode lidar com a autonomia e produtividade de forma 
espontânea na vida adulta. Quando o contrário ocorre e a criança precisa chegar 
nessa fase e esse senso de realização sofre interferências, pode ser distorcida 
de forma fundamental a sua personalidade. Baker (1980) diz que, quando a 
criança precisa aprender o controle esfincteriano antes de estar madura, pode 
retesar sua musculatura das coxas, nádegas e soalho pélvico. Lowen (1982) 
também retratou os prejuízos da criança ser forçada a usar os músculos das 
nádegas e das coxas para obter o controle anal leva a uma imobilização das 
pernas e a distúrbios no andar e na sustentação sobre os próprios pés. 
 Essas tensões diminuem a espontaneidade deixando a criança submissa 
e dependente das instruções externas, e cria uma profunda teimosia (retenção). 
As informações que chegam para a criança são segurar sua função natural e 
abandonar o prazer. Lowen (1982, p. 143) traduz que como a repressão atua 
movida por ocorrências na fase anal: 
Isso vem de uma mãe que é super protetora, super solícita ou super 
'cuidadora'. O interesse material no bem-estar da criança é um 
substituto do carinho e afeto que devem acompanhar a crescente 
independência do novo indivíduo. Isso se chama 'sufocamento' ao 
contrário de maternagem. Essa atitude pode tomar a forma de 
alimentação forçada, ansiedade e interesse no funcionamento 
intestinal, um zelo excessivo para que a criança não se machuque em 
alguma atividade física. Isto é feito em nome do amor, mas significa 
reprimir o crescimento do ego da criança. Resistência e rebeldia são 
logo erradicadas, auto-afirmação e auto-regulação não são permitidas. 
Sob a crença de que a mãe sabe mais o espírito da criança é 
literalmente esmagado, oprimido. 
 
 
10 
Nessa fase, a criança corre o risco de perder sua espontaneidade. E ser 
violado o direito e ser livre, que é o direito de não ser submetido às necessidades 
do outro (Lake, p. 8). Nessa frase, o autor retrata ainda que, na formação da 
personalidade, podem acontecer duas situações: a criança pode se submeter 
aos pais e externamente aceitar seu controle e repressão; ou ela pode resistir e 
afirmar seu próprio controle de forma a obter poder sobre os pais. 
TEMA 5 – ESTÁGIO GENITAL 
Nesse estágio, conhecido como fase edipiana, a criança por meio de 
percepções dos adultos e de outras crianças reconhece as diferenças entre 
meninos e meninas. A passagem saudável por essa fase garante a busca na 
vida adulta por relações de entrega e prazer, inclusive sexual. Volpi (2009) 
retrata que o comprometimento nessa fase ocorre quando a criança se encontra 
na descoberta de sua sexualidade, porém, sente-se rejeitada pelo genitor do 
sexo oposto. Sentindo-se traída e rejeitada, a criança bloqueia partes do corpo 
capazes de expressar emoções. Como a atividade motora ainda continua forte, 
e fonte de satisfação, participa ativamente do processo de auto-regulação 
emociona, sexual, energética do organismo. Ocorre um sentimento de orgulho 
transitório pela descoberta dos genitais, em que a reação natural da criança é o 
exibicionismo e as comparações. Isso porque nessa época a criança procura, 
genitalmente, identificar-se na relação com pessoas mais significativas. O 
conflito interno entre sentir e entregar-se às emoções. Os problemas que 
ocorrem nessa fase vêm das proibições e das ameaças, provocando culpa, que 
na vida adulta impossibilitam a plena entrega e satisfação. 
5.1 Brincadeiras genitais 
Para que a comunicação sexual não tenha interferência no adulto, é muito 
importante o apoio emocional dado à criança durante o amadurecimento genital. 
"Pensamos que o apoio emocional proporcionado à criança pelo ambiente e, 
acima de tudo, as oportunidades que ela tem de interagir social e fisicamente 
corporalmente com crianças da mesma idade e nível são de grande importância 
para este processo de aprendizado”. 
 Boadella (1985, p. 34) cita reações às frustrações genitais em crianças: 
 
 
11 
• As forças negativas dos pais podem ter levado a tal culpa e medo de que 
as sensações de prazer genital estão todas bloqueadas e uma grande 
ansiedade se desenvolve em seu lugar. 
• A brincadeira genital e seu prazer são sentidos, culpa e medo são 
produzidos e, assim, serão guardados para momentos e locais secretos. 
• A criança está consciente de que as brincadeiras genitais deixam os pais 
incomodados, apesar de verbalmente o permitirem. A criança usa esse 
fato para provocar irritação quando se sente agressiva. 
• A rejeição dos pais pode tomar várias formas: pode consistir em punição 
direta, ou carinho sedutor e estímulo corporal seguido de rejeição abrupta 
às reações impulsivas da criança. Os efeitos são produzir uma ruptura 
massiva da necessidade de contato e fusão e um corte tanto dos 
sentimentos amorosos quanto dos movimentos pélvicos espontâneos. 
5.2 Cisão: amor e sexo 
Socialmente, sofremos a repressão sexual e isso revela o medo presente 
de integrar amor e sexualidade. Na maioria das pessoas, essa cisão se faz 
presente entre sentimentos amorosos e conexão com a genitalidade. 
Boadella (1985) coloca que a cisão das reações sexuais naturais se deve 
à negação da sexualidade infantil e adolescente e toma diversas formas. Carinho 
está separado de sensualidade, de forma que sentimentos amorosos dificilmente 
podem ser integrados com o vigor animal dos movimentos sexuais. 
O direito de desejar e de mover-se na direção da satisfação destes 
desejos de forma aberta e direta. Este direito tem um grande 
componente do ego e é o último dos direitos naturais a ser 
estabelecido. Eu relacionaria seu surgimento e desenvolvimento ao 
período entre os 3 e 6 anos de idade, aproximadamente. Ele está 
fortemente ligado às primeiras sensações sexuais da criança. 
Esse direito está claramente associado à liberdade de a criança 
comunicar seus sentimentos de forma direta, fase da comunicação. Envolve a 
experiência de dar e receber. 
Pierrakos (1990) fala desse encontro como uma fusão em que ocorre o 
dar e receber. Na relação adulta não existe o que dá e o que recebe, mas um 
dar e receber mútuos. Os dois participantes devem ativamente buscar, 
dispensar, sustentar, alimentar, cuidar, receber, tomar e dar (p. 249). 
 
 
12 
Conclui-se que, quanto mais tranquila for a passagem por essas fases, 
maior fortalecimento se tem para a construção de uma personalidade saudável. 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BAKER F. E. O labirinto humano. SãoPaulo: Editora Summus,1980. 
BOADELLA, D. Correntes da vida. São Paulo: Editora Summus, 1985. 
DANDREA, F. F. Desenvolvimento da personalidade. Rio de Janeiro: Editora 
Bertrand Brasil S.A, 1987. 
LOWEN, A. Bioenergética. São Paulo: Editora Summus, 1975. 
_____. O corpo em terapia. São Paulo: Editora Summus, 1977. 
PIERRAKOS, J. Energética da essência. São Paulo: Editora Cultrix, 1990. 
VOLPI, S H.. Da psicanálise à análise do caráter. Apostila Centro Reichiano, 
2003. 
WINNICOTT, D. W. Da pediatria à psicanálise - obras escolhidas. Imago Ed, 
2000.

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