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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA CAMPUS SÃO VICENTE DO SUL CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA FITOPATOLOGIA Coleção Fitopatológica Matheus Ramalho Chim São Vicente do Sul, RS, Brasil 2019 2 Sumário: 1 Ascomicotyna .................................................................................................................. 3 1.1 Giberela Gibberella zeae (Fusarium graminearum) .................................................. 3 2 Bactéria ............................................................................................................................ 6 2.1 Cancro Cítrico (Xanthomonas citri subsp. citri)........................................................ 6 3 Basidiomycotina .............................................................................................................. 9 3.1 Carvão (Ustilago avenae) ......................................................................................... 9 3.2 Ferrugem (Puccinia coronata) ................................................................................ 12 4 Deuteromycotina ........................................................................................................... 15 4.1 Oídio (Oidium) ........................................................................................................ 15 4.2 Oídio (Oidium) ........................................................................................................ 18 4.3 Cercosporiose (Cercospera beticola) ...................................................................... 21 5 Nematoides .................................................................................................................... 24 5.1 Nematoides em alface (Meloidogyne sp) ................................................................. 24 6 Oomycota ....................................................................................................................... 27 6.1 Míldio (Hyaloperonospora brassicae) ..................................................................... 27 7 Vírus .............................................................................................................................. 30 7.1 Nanismo amarelo do trigo (Barley yellow dwarf vírus – BYDV) ............................. 30 3 1 Ascomicotyna 1.1 Giberela Gibberella zeae (Fusarium graminearum) Hospedeiro: Trigo (Triticum) Etiologia: O Fusarium graminearum produz fiálides laterais curtas e conídios falciformes, com 3 a 7 septos. Os peritécios são superficiais, de coloração púrpura-escura a pretos, com diâmetro de 150-350 µm. Possuem ascos clavados contendo 8 ascósporos hialinos os quais apresentam 0 a 4 septos. Sobrevive em restos culturais. A disseminação a curtas distâncias é feita por conídios transportados em respingos de chuva. Ascósporos são transportados pelo vento a longas distâncias. O período de suscetibilidade da cultura ocorre entre o início da floração e o início da floração e o início da maturação. O principal sítio de infecção de Gibberella zeae são as anteras. Para a infecção são requeridas 30h de molhamento contínuo com temperatura média de 20°C. Sintomas: O fungo infecta a flor, colonizando todos os componentes da espiga. Para atingir a flor, o inóculo disseminado através do ar deve depositar-se nas anteras, onde os ascósporos germinam. As aristas arrepiadas são o sintoma mais característico e de mais fácil reconhecimento da doença. Os grãos se desenvolvem, mostrando sintomas característicos da doença, como grãos enrugados, chochos, ásperos e róseo, ou em casos de maior severidade a espiga pode ser totalmente destruída, impedindo a formação de grãos. As espiguetas infectadas exibem anasarca, tornando-se despigmentadas, esbranquiçadas ou de cor palha. Sob clima úmido e quente, o desenvolvimento de macroconídios é abundante e a espigueta infectada apresenta-se rósea, especialmente na base e bordos das glumas. Quadro sintomatológico: As espiguetas infectadas inicialmente, exibem anasarca seguida pela perda da clorofila. Pela evolução da colonização do fungo estas apresentam-se despigmentadas, de coloração esbranquiçada ou palha. 4 Controle: A Gibberalla zeae é uma doença de difícil controle, sendo a semeadura antecipada um método que possibilita a planta atingir o período de suscetibilidade sob condições menos favoráveis ao fungo. O controle químico deve ser realizado após o início da floração, com uso de fungicidas, como triazóis e estrobilurinas misturados a espalhante siliconado. Classificação conforme grupo de doenças: Grupo IV (Carvões, galhas e viroses). Bibliografia: L. Amorim et al. Manual de Fitopatologia Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. Vol. 2. Minas Gerais: Agronômica Ceres Ltda, 2016. 5 Fotos: Imagem 1: Estrutura de Gibberella zeae (Fusarium graminearum) Fonte: Chim, M.R. 2019 Imagem 2: Espiguetas de trigo com presença de Gibberella zeae Fonte: Reis, E.M. 2015 6 2 Bactéria 2.1 Cancro Cítrico (Xanthomonas citri subsp. citri) Hospedeiro: Laranjeira (Citrus sinensis) Etiologia: O cancro cítrico asiático ou cancrose A, induzido pela estripe A da bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri, é gram-negativa, baciliforme, monotríquia e aeróbia. Desenvolve-se sob temperaturas entre 29,5 e 39°C. Em ausência de plantas cítricas, há um rápido declínio na população da bactéria em solos, ou seja, não é capaz de sobreviver por longos períodos no solo, em ervas invasoras ou restos de cultura. Entretanto a bactéria consegue sobreviver por vários anos em tecidos desidratados. A disseminação a curtas distâncias se dá principalmente por chuvas e ventos. A bactéria penetra em tecidos novos por estômatos e aberturas naturais ou ferimentos produzidos por insetos ou tratos culturais. Em tecidos jovens a infecção ocorre via aberturas naturais, em folhas e ramos acontece até 6 semanas após o início do desenvolvimento desses órgãos, já os frutos são suscetíveis até os 90 dias de idade. Espécies, híbridos e cultivares de citros apresentam grande variação na resistência à doença. Onde são divididas em: Altamente resistente, resistentes, moderadamente resistentes, moderadamente suscetíveis, suscetíveis e altamente suscetíveis. Sintomas: Lesões eruptivas, levemente salientes, puntiforme de cor parda, que com o passar do tempo tornam-se esponjosas, esbranquiçadas e em seguida pardacentas, circundadas por um halo amarelo translúcido. Em frutos, as lesões são maiores em relação as folhas, apresentando fissuras ou crateras no centro, os frutos com lesões geralmente caem antes de atingirem o ponto final de maturação. Em ramos as lesões são corticosas, salientes, podendo provocas sua morte. Ataques severos podem provocar desfolha com consequente depauperamento de plantas e queda prematura de frutos. 7 Quadro sintomatológico: No início da aparição da doença, formam-se pontos escurecidos com amarelecimento ao redor, resultado da multiplicação da bactéria e encharcamento do tecido vegetal. Após evoluem para pústulas de coloração marrom-clara. As lesões são observadas primeiro na face inferior, com o progresso da doença é possível observar machas dos dois lados da folha. Nos frutos as manchas são encontradas na parte voltada para o exterior da copa da planta, devido à maior exposição dá chuva e ventos. À medida que ocorre o aumento da área afetada, as lesões apresentam rachaduras. Os frutos são suscetíveis durante os primeiros quatro meses após a queda das pétalas. Controle: Evitar a instalação de pomares em locais onde as condições são favoráveis ao desenvolvimento da doença, utilização de cultivaresresistentes ou moderadamente resistentes, mudas sadias, implantação de quebra-ventos, pulverizações preventivas com produtos cúpricos, visando a proteção das novas brotações, restringir o acesso e circulação de pessoas, máquinas e implementos em pomares, principalmente quando provenientes de outras propriedades citrícolas, promover a lavagem e desinfestação de máquinas, implementos e ferramentas antes de adentrar no pomar. Em casos de infestação se deve eliminar as plantas infectadas do pomar e as que estiverem ao redor num raio mínimo de 30m. Classificação conforme grupo de doenças: Grupo V (Manchas, ferrugens, oídios e míldios). Bibliografia: Fundecitrus. Cancro cítrico. Fundo de defesa da citricultura. Araraquara-SP. L. Amorim et al. Manual de Fitopatologia Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. Vol. 2. Minas Gerais: Agronômica Ceres Ltda, 2016. 8 Fotos: Imagem 3: Fruto laranjeira atacada por Xanthomonas citri. Fonte: Fundecitrus. Imagem 4: Ramos e folhas atacadas por Xanthomonas citri Fonte: Fundecitrus 9 3 Basidiomycotina 3.1 Carvão (Ustilago avenae) Hospedeiro: Azevém (Llolium multiflorum) Etiologia: O agente causal do carvão é o fungo do gênero Ustilago. O qual sobrevive como micélio dormente no interior do embrião da semente. Após o crescimento, o fungo sua parte vegetativa fica localizada no meristema apical da planta. Sintomas: Os sintomas são caracterizados pela presença de espigas de coloração escura a negra, formada pela massa pulverulenta dos esporos do fungo. As espigas infectadas apresentam a massa de teliósporos aderida à ráquis, quando removidos pelo vento a ráquis fica nua. Quadro sintomatológico: O fungo desenvolve-se intercelularmente até o início do emborrachamento e espigamento. No interior das espiguetas, forma-se uma massa pulverulenta de teliósporos, os quais são de coloração pardo-olivácea a marrom, medindo 5-10 µm de diâmetro. A infecção floral ocorre quando os teliósporos entram em contato com as flores, onde germinam e produzem micélio infeccioso que invadem o ovário e consequentemente o embrião da semente. Controle: O controle é realizado com a utilização de cultivares resistentes ou tratamento de sementes, com fungicidas sistêmicos específicos, como por exemplo triadimentol ou carboxina + tiram. 10 Classificação conforme grupo de doenças: Grupo VI (Carvões, galhas e viroses). Bibliografia: L. Amorim et al. Manual de Fitopatologia Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. Vol. 2. Minas Gerais: Agronômica Ceres Ltda, 2016. 11 Fotos: Imagem 5: Estrutura de Ustilago avenae. Fonte: Chim, M.R. 2019 Imagem 6: Espiguetas de azevém atacada por Ustilago avenae. Fonte: MECRED 12 3.2 Ferrugem (Puccinia coronata) Hospedeiro: Aveia (Avena sativa) Etiologia: Os patógenos responsáveis pelas ferrugens são fungos basidiomicetos pertencentes à ordem Uredinales, Pústulas jovens produzem uredósporos unicelulares, de forma esférica ou ovalada, equinados, de coloração amarelo-alaranjada e diâmetro de 20- 32jtm. Os uredósporos, que são facilmente disseminados pelas plantas, germinam em temperaturas que variam de 2 a 330C, com ótimo entre 18 e 220C, e umidade relativa de 100%. Em regiões de clima quente, o fungo persiste, de uma estação para outra, através da contínua produção de uredósporos, os quais são disseminados pelo vento até 2.000 km de distância. Infecções iniciadas a partir de eciósporos produzidos sobre o hospedeiro intermediário (Rhamnus cathartica) não ocorrem no Brasil devido à ausência desta espécie em nossas regiões de cultivo. Sintomas: As pústulas desenvolvem-se principalmente nas folhas, podendo também aparecer nas bainhas e panículas. Tais pústulas são pequenas, ovais, isoladas e expõem uma massa alaranjada de uredósporos, os sinais do patógeno. A medida que finda o ciclo da cultura, aparecem pústulas mais escuras que permanecem cobertas pela epiderme. Dentro destas, desenvolvem-se teliósporos bicelulares e escuros. A ferrugem da folha se diferencia da ferrugem do colmo por apresentar pústulas menores amarelo-claras e ausência de tecidos epidermais levantados ao redor destas. Quadro sintomatológico: Os sintomas manifestam-se na folha com o aparecimento de massas alaranjadas. Controle: A eliminação de plantas voluntárias infectadas, muito comuns durante o verão, também é recomendada, embora não seja medida que, isoladamente, resolva o problema. 13 O controle químico é bastante empregado nas lavouras destinadas à produção de grãos e sementes, destacando-se os fungicidas triadimefon, triadimenol, propiconazole e tebuconazole. Técnica e economicamente, os melhores resultados são obtidos com duas aplicações, a primeira no aparecimento dos primeiros sinais (0 a 5% de severidade) e a segunda aproximadamente 20 dias após. Classificação conforme grupo de doenças: Grupo V (Manchas, ferrugens, oídios e míldios). Bibliografia: L. Amorim et al. Manual de Fitopatologia Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. Vol. 2. Minas Gerais: Agronômica Ceres Ltda, 2016. 14 Fotos: Imagem 7: Estrutura de Puccinia coronata. Fonte: Chim, M.R. 2019 Imagem 8: Folha de malva atacada por Puccinia coronata. Fonte: Agrolink 15 4 Deuteromycotina 4.1 Oídio (Oidium) Hospedeiro: Serralha (Sonchus oleraceus) Etiologia: É um fungo biotrófico, portanto precisa da planta viva para se desenvolver. Produz micélio na parte superior das folhas, nutrindo-se através de haustórios intracelulares, nas células da epiderme. Muitos conídios são produzidos em cadeias, originadas de conidióforos simples. Sua disseminação ocorre facilmente através do vento, onde as condições favoráveis para seu desenvolvimento são temperaturas entre 20-25°C e baixa umidade. Sintomas: O fungo ataca a parte aérea da planta, podendo ser observado estruturas de coloração branca na parte superior das folhas, formadas por micélio e esporos do patógeno. Em condições de ataque severo pode causar a seca e queda prematura de folhas. Quadro sintomatológico: Na superfície da planta, forma-se uma fina camada de micélio e esporos (conídios) pulverulentos que, de pequenos pontos brancos, podem cobrir toda a parte aérea da planta. Nas folhas, com o passar dos dias, a coloração branca do fungo muda para cor castanho- acinzentada, dando a aparência de uma cobertura de sujeira nas duas faces da folha. Sob condição de infecção severa, a cobertura de micélio e a frutificação do fungo impedem a fotossíntese e as folhas secam e caem prematuramente. Controle: Não é recomendado o controle de oídio em serralha, por se tratar de uma planta invasora. Mas como ela pode se torna um hospedeiro da doença é necessário a eliminação das plantas infectadas para que não se transmita a doença para as culturas de interesse agronômico. 16 Classificação conforme grupo de doenças: Grupo V (Manchas, ferrugens, oídios e míldios). Bibliografia: L. Amorim et al. Manual de Fitopatologia Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. Vol. 2. Minas Gerais: Agronômica Ceres Ltda, 2016. 17 Fotos: Imagem 9: Estrutura de Oidium. Fonte: Chim, M.R 2019 Imagem 10: Folha de serralha atacada por Oidium. Fonte: Chim, M.R. 2019 18 4.2 Oídio (Oidium) Hospedeiro: Radite (Cichorium intybus) Etiologia: O fungo Oidium caracteriza-se por apresentar conídios elípticos, hialinos, crescendo em cadeia sobre conidióforos curtos, não ramificados, produzidos em micélio superficial. A absorção dos nutrientes do hospedeiro é feita via haustórios, emitidos pelas hifasseptadas e bastante ramificadas. Em geral, temperaturas elevadas são mais favoráveis à ocorrência da doença, mas chuvas pesadas podem danificar o micélio superficial e os conidióforos, desfavorecendo o desenvolvimento do patógeno Sintomas: Na superfície da planta, forma-se uma fina camada de micélio e esporos (conídios) pulverulentos que, de pequenos pontos brancos formados da frutificação assexuada do fungo. Quadro sintomatológico: O sintoma mais comum é o aspecto pulverulento de cor branca a cinza, podem cobrir toda a parte aérea da planta. Nas folhas, com o passar dos dias, a coloração branca do fungo muda para cor castanho-acinzentada, dando a aparência de uma cobertura de sujeira nas duas faces da folha. Sob condição de infecção severa, a cobertura de micélio e a frutificação do fungo impedem a fotossíntese e as folhas secam e caem prematuramente. Controle: É uma doença sem muita importância, porque pode ser controlada facilmente com fungicidas registrados para o controle de oídio. Produtos a base de enxofre e benomyl estão entre os recomendados. 19 Classificação conforme grupo de doenças: Grupo V (Manchas, ferrugens, oídios e míldios). Bibliografia: L. Amorim et al. Manual de Fitopatologia Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. Vol. 2. Minas Gerais: Agronômica Ceres Ltda, 2016. 20 Fotos: Imagem 11: Estrutura de Oidium. Fonte: Chim, M.R. 2019 Imagem 12: Superfície da folha atacada por Oidium. Fonte: Plantix 21 4.3 Varíola (Asperisporium caricae ) Hospedeiro: Mamoeiro (Carica papaya) Etiologia: O fungo Asperisporium caricae é o agente da varíola. Apresenta estroma subepidérmicos com 60 x 200 mm de diâmetro e 60-80 mm de altura, produzindo conidióforos fasciculados, eretos e septados com 40-45 µm de comprimento. Os conídios são piriformes ou oblongos com dimensões de 10-24 x 8-10 mm, escuros, equinulados e bicelulares. Os esporos são disseminados pelo vento a longas distâncias. Respingos de chuva e água de orvalho também contribuem para a disseminação Sintomas: O desenvolvimento da planta, principalmente as mais novas, pode ser afetado quando a incidência da doença for muito elevada. Nos frutos, inicialmente, aparecem áreas circulares encharcadas, que evoluem para pústulas marrons e salientes, podendo atingir 5 mm de diâmetro. Estas lesões não atingem a polpa do fruto, causando apenas um endurecimento da casca na parte afetada. Porém, tais sintomas desvalorizam o produto para o comércio. As folhas são afetadas, aparecendo manchas marrons de no máximo 4 mm de diâmetro, circundadas por um halo clorótico. A frutificação do fungo, pulverulenta e escura, ocorre na página inferior da folha, dando à mancha um aspecto cinzento a preto. Quadro sintomatológico: As lesões na folha são manhas marrons, circulares, rodeadas por um bordo marrom-escuro. Ao aumentarem de tamanho, atingem 4 mm de diâmetro, ocupando uma grande área na lâmina foliar. Controle: Geralmente, em campos comerciais de produção, não são necessárias pulverizações específicas contra este patógeno, pois as medidas recomendadas para o controle de podridões pós-colheita são suficientes para suprimir o desenvolvimento desta doença. 22 Classificação conforme grupo de doenças: Grupo V (Manchas, ferrugens, oídios e míldios) Bibliografia: L. Amorim et al. Manual de Fitopatologia Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. Vol. 2. Minas Gerais: Agronômica Ceres Ltda, 2016. 23 Fotos: Imagem 13: Estrutura de Asperisporium caricae. Fonte: Chim, M.R. 2019 Imagem 14: Folha do mamoeiro atacada por Asperisporium caricae. Fonte: Chim, M.R. 2019 24 5 Nematoides 5.1 Nematoides em alface (Meloidogyne sp) Hospedeiro: Alface (Lactuca sativa) Etiologia: De corpo globoso e região anterior formando “pescoço”, a fêmea do Meloidogyne deposita todos os ovos em um único local da raiz, originando um aglomerado ou massa. Os ovos mantem-se unidos devido à presença de substância aderente secretada pelas glândulas retais da fêmea, que flui através do ânus durante a oviposição. As massas são formadas em meio ao parênquima cortical ou sobre a superfície das rízes, podendo conter mais de 400 ovos. No interior dos ovos, há juvenis do 1° estágio (J¹), que ali sofrem a primeira ecdise, originando juvenis do 2° estágio (J²). São estes, chamados J² pré- parasitas, que eclodem e abandonando os ovos, passam a migrar à procura de raízes de um hospedeiro favorável constituindo e estádio infectante. Penetrando na raiz da planta hospedeira, estabelece seu sítio de alimentação formado por células hipertrofiadas. Até atingir a fase adulta passa por mais duas ecdises, a fase J3 e J4 que é desprovido de estilete bucal. Posteriormente ocorre a última ecdise formando os adultos com os estiletes regenerados, sendo que as fêmeas de algumas espécies geralmente se reproduzem apenas por partenogênese. Sintomas: Os nematoides causam sintomas diretos, nos órgãos vegetais subterrâneos, como formação de galhas, redução no volume do sistema radicular ou excesso de raízes laterais, rachaduras e raízes digitadas, além de causar sintomas reflexos como desuniformidade de plantas, geralmente em reboleiras, plantas amareladas, pequenas, murchamento das plantas e consequentemente redução da produção. Quadro sintomatológico: Os problemas causados pelos nematoides começam a apresentar seus primeiros sintomas na parte aérea da planta. Normalmente, os ataques dos nematoides ocorrem em reboleiras, causando menor crescimento das plantas, amarelecimento das folhas, 25 murchamento, clorose e menor produção devido à dificuldade para retirar água e nutrientes do solo. Nas raízes das plantas atacadas por nematoides, os sintomas costumam ser específicos a cada espécie, como formação de nódulos, engrossamento de raízes formação de raízes raquíticas, lesões, entre outros. Controle: Para controle dos nematoides se exige tratos culturais como rotação de culturas, utilização de variedades resistentes, aplicação de nematicidas de controle biológico ou químico, evitar a introdução de nematoides em áreas isentas e outras medidas como solarização, plantio de culturas armadilhas entre outros. Classificação conforme grupo de doenças: Grupo VI (Carvões, galhas e viroses). Bibliografia: Da Silva, J.B.C; et al. Doenças – Nematóides. Embrapa Hortaliças. Brasília-DF, 2006. Disponível em: https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Tomate/To mateIndustrial_2ed/doencas_nema.htm L. Amorim et al. Manual de Fitopatologia Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. Vol. 2. Minas Gerais: Agronômica Ceres Ltda, 2016. 26 Fotos: Imagem 14: Raízes atacadas por Meloidogyne sp. Fonte: Agrolink 27 6 Oomycota 6.1 Míldio (Hyaloperonospora brassicae) Hospedeiro: Nabo forrageiro (Brassica rapa) Etiologia: É um parasita obrigatório, cresce intercelularmente nos tecidos do hospedeiro, através de hifas cenocíticas, emitindo haustórios globosos no interior das células parasitadas. A reprodução assexual ocorre através dos estômatos, com a emissão dos esporanginóforos ramificados monopodialmente, que produzem esporângios ovalados e hialinos. A formação dessas estruturas ocorre preferencialmente com a temperatura variando de 17°C a 22°C. A fase sexuada ocorre dentro dos tecidos do hospedeiro, os oósporos são liberados durante o inverno. Sua disseminação ocorre por pingos de chuva e pelo vento. Os oósporos germinam na presença de água e formam zoósporos que iniciam a infecção primária. Sintomas: Nas folhas, os sintomas são caracterizadospor manchas circulares, úmidas e cloróticas, que posteriormente evoluem para lesões irregulares e necróticas, com a presença típica de frutificações branco-acinzentada na face inferior das mesmas. Quadro sintomatológico: Na fase sementeira, ataca afetando a formação dos cotilédones e das mudas. Nas plantas adultas, dependendo das condições ambientais, o patógeno provoca sérios prejuízos, pois afeta as folhas. Mas é na fase reprodutiva, quando o fungo infecta a inflorescência, que os danos são maiores. Controle: A eliminação dos restos culturais, rotação de culturas utilizando plantas não susceptíveis e a utilização de sementes sadias são práticas que auxiliam no controle da doença. Além disso, recomenda-se evitar a elevada densidade de plantas, principalmente nas sementeiras, assim como a irrigação por aspersão e os locais com excesso de 28 sombreamento. Realizar pulverizações com fungicidas protetores e/ou sistêmicos, registrados para a cultura. Classificação conforme grupo de doenças: Grupo V (Manchas, ferrugens, oídios e míldios). Bibliografia: FITOCON. Doenças das Brássicas – Míldio. Fitocon – Consultoria Fitossanitária. Biguaçú – SC, 2017. Disponível em: https://www.manejebem.com.br/doenca/doenca-das- brassicas-mildio L. Amorim et al. Manual de Fitopatologia Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. Vol. 2. Minas Gerais: Agronômica Ceres Ltda, 2016. 29 Fotos: Imagem 15: Estrutura de Hyaloperonospora brassicae. Fonte: Chim, M.R. 2019. Imagem 16: Parte superior/inferior da folha atacada por Hyaloperonospora brassicae. Fonte: Sampaio, J. 2016 30 7 Vírus 7.1 Nanismo amarelo do trigo (Barley yellow dwarf vírus – BYDV) Hospedeiro: Trigo (Triticum) Etiologia: O agente causal da doença é Barley yelloow dwarf vírus (BYDV), tendo como principal vetor os afídeos (pulgões), principalmente Rhopalosiphodum padi, R. maydis, Sitobium avenae e Schizaphis graminum. As estirpes do vírus são relatadas em uma ampla gama de hospedeiros da família Poaceae. A transmissão do vírus pelo afídeo é estiletar ou não persistente. O tempo de transmissão é de aproximadamente 24 – 48 horas. Temperaturas em torno de 25 – 30 °C, normalmente no final do ciclo de cultivo, favorecem a transmissão. Sintomas: A contaminação pelo vírus do nanismo do trigo causa sintomas severos incluindo plantas atrofiadas, aspecto arbustivo e número reduzido de folhas e perfilhamentos. As folhas apresentam veios de clorose que mais tarde podem cobrir toda a folha. Menos espigas se formam e as existentes são estéreis ou atrofiadas. Quadro sintomatológico: Geralmente ocorre o amarelecimento do limbo foliar, mas, dependendo da cultivar, outras tonalidades mais avermelhadas podem ser observadas. Além da alteração da cor, ocorrem modificações morfológicas, com o limbo foliar adquirindo aspecto lanceolado e tornando-se mais rígido. O conjunto destas alterações morfo-fisiológicas pode levar ao atraso no desenvolvimento da planta e tornar a planta menos capaz de suportar estresses ambientais, como o déficit hídrico. A diminuição da produtividade é decorrente da redução do número e do peso dos grãos. A expressão dos sintomas é variável e depende do nível de suscetibilidade e tolerância da cultivar e da época em que 31 as plantas foram infectadas. Quanto mais cedo ocorrer a infecção, mais severos tendem a ser os sintomas. Controle: O controle da doença é realizado através de tratamentos com tratos culturais, produtos químicos e/ou biológicos. Anos de invernos secos e com temperaturas elevadas favorecem as populações de afídeos, permitindo aumento da incidência da virose. O controle biológico, realizado principalmente por espécies de vespinhas. O controle químico pode ser realizado no tratamento de sementes e em aplicações na parte aérea. Os níveis de ação preconizados são 10% das plantas com afídeos nas fases vegetativas e dez pulgões por afilho/espiga nas fases reprodutivas. Classificação conforme grupo de doenças: Grupo VI (Carvões, galhas e viroses). Bibliografia: L. Amorim et al. Manual de Fitopatologia Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. Vol. 2. Minas Gerais: Agronômica Ceres Ltda, 2016. Lau, Douglas. Viroses no trigo. Embrapa trigo. Passo Fundo-RS. Disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/artigos/viroses-no-trigo 32 Fotos: Imagem 17: Espiga de trigo com nanismo. Fonte: Chim, M.R. 2019
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