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Julgados 7 Período Sucessão Testamentária

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E-MAIL – joelida.ferreira@fadipa.br 
Julgados DCVII – Sucessão Testamentária 
Profa. Joélida J. Rocha Ferreira 
1 
 
 
É válido o testamento particular que, a despeito de não ter sido assinado de próprio 
punho pela testadora, contou com a sua impressão digital 
 
Resumo 
O art. 1.876, § 2º do Código Civil afirma que um dos requisitos do testamento particular 
é que ele seja assinado pelo testador. Vale ressaltar, contudo, que o STJ decidiu que: 
É válido o testamento particular que, a despeito de não ter sido assinado de próprio 
punho pela testadora, contou com a sua impressão digital. 
Caso concreto: a falecida deixou um testamento particular elaborado por meio 
mecânico; o testamento foi lido na presença de três testemunhas, que o assinaram; vale 
ressaltar, no entanto, que esse testamento não foi assinado pela testadora em razão de 
ela se encontrar hospitalizada na época e estar com uma limitação física que a impedia 
assinar; para suprir essa falta de assinatura, a testadora colocou a sua impressão digital 
no testamento; as testemunhas, ouvidas em juízo, confirmaram o cumprimento das 
demais formalidades e, sobretudo, que aquela era mesmo a manifestação de última 
vontade da testadora; o STJ considerou válido o testamento. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1633254-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/03/2020 (Info 
667). 
 
Por outro lado, não se admite o cumprimento de testamento PÚBLICO que não foi 
assinado por tabelião: 
Embora a jurisprudência do STJ admita que, para a preservação da última vontade do 
autor do testamento, é possível flexibilizar alguns requisitos formais no registro do 
documento, a assinatura do tabelião, ou de seu substituto legal, é requisito 
indispensável de validade. Isso porque o notário (tabelião) é quem possui fé pública para 
dar autenticidade ao testamento. 
A ausência da assinatura e identificação do tabelião que teria presenciado ou lavrado o 
instrumento é vício externo grave que compromete a higidez do testamento e não 
permite aferir, com segurança, a real vontade do testador. Logo, não pode ser 
considerado juridicamente eficaz. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1703376/PB, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 06/10/2020. 
 
Comentários 
Conceito e características do testamento 
Testamento é um... 
- negócio jurídico 
- unilateral (traz obrigações somente para quem elabora), 
- solene (deve obedecer formalidades previstas em lei, 
- personalíssimo (ato elaborado exclusivamente pelo testador) e 
- revogável, 
- por meio do qual o testador, 
- observada a legislação vigente, 
- determina quem irá ficar com seu patrimônio depois que ele vier a falecer 
- podendo ainda prever outras regras de caráter não patrimonial. 
 
Espécies 
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Profa. Joélida J. Rocha Ferreira 
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Quanto à forma, os testamentos podem ser classificados em ordinários e especiais: 
ORDINÁRIOS (COMUNS, VULGARES) ESPECIAIS (EXTRAORDINÁRIOS) 
São aqueles elaborados em condições 
normais, isto é, sem qualquer situação 
que possa implicar vício na vontade. 
São aqueles elaborados em situação de 
anormalidade. 
Espécies de testamento ordinário: 
a) Testamento público; 
b) Testamento cerrado (místico); 
c) Testamento particular (hológrafo); 
Espécies de testamento extraordinário: 
a) Testamento marítimo; 
b) Testamento aeronáutico; 
c) Testamento militar. 
 
Testamento particular 
As regras sobre o testamento particular estão previstas nos arts. 1.876 a 1.880 do Código 
Civil. 
O testamento particular pode ser escrito de próprio punho (“a mão”) ou mediante 
processo mecânico (ex: digitado no computador e impresso). 
++ (Cartório TJ/AC 2012 FMP) O testamento particular deve ser escrito de próprio punho 
pelo testador, sendo vedada a utilização de processo mecânico. (errado) 
 
Testamento particular deve ser assinado pelo testador 
O Código Civil afirma que um dos requisitos do testamento particular é que ele seja 
assinado pelo testador: 
Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante 
processo mecânico. 
§ 1º Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido 
e assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o 
devem subscrever. 
§ 2º Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em 
branco, devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo 
menos três testemunhas, que o subscreverão. 
 
Imagine agora a seguinte situação adaptada: 
Maria deixou um testamento particular elaborado por meio mecânico. 
O testamento foi lido na presença de três testemunhas, que o assinaram. 
Vale ressaltar, no entanto, que esse testamento não foi assinado pela testadora em 
razão de ela se encontrar hospitalizada na época e estar com uma limitação física que a 
impedia assinar. Para suprir essa falta de assinatura, a testadora colocou a sua 
impressão digital no testamento. 
As testemunhas, ouvidas em juízo, confirmaram o cumprimento das demais 
formalidades e, sobretudo, que aquela era mesmo a manifestação de última vontade de 
Maria. 
 
No caso concreto, esse testamento pode ser considerado válido? 
SIM. 
É válido o testamento particular que, a despeito de não ter sido assinado de próprio 
punho pela testadora, contou com a sua impressão digital. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.633.254-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/03/2020 
(Info 667). 
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Profa. Joélida J. Rocha Ferreira 
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Quando falamos em sucessão testamentária, deve-se ter em mente que o objetivo 
principal a ser alcançado é o de garantir que seja respeitada a manifestação de última 
vontade do falecido. Assim, as formalidades previstas em lei para os testamentos devem 
ser examinadas à luz dessa diretriz máxima, sopesando-se, sempre, no caso concreto, 
se a ausência de uma delas é suficiente para comprometer a validade do testamento em 
confronto com os demais elementos de prova produzidos, sob pena de ser frustrado o 
real desejo do testador. 
 
Em caso de descumprimento de alguma formalidade do testamento, o STJ afirmava que, 
para saber se este testamento era ou não válido, seria necessário analisar se o vício 
detectado era sanável ou insanável. 
 
Desse modo, o critério para a validade do testamento era o da possibilidade de o vício 
ser sanado. 
 
Segundo a Min. Nancy Andrighi, esse critério é insuficiente, devendo a questão ser 
verificada sob diferente prisma. Para ela, o que deve ser levado em consideração é se a 
ausência da formalidade exigida em lei efetivamente gera alguma dúvida quanto à 
vontade do testador. 
 
Em uma sociedade que é comprovadamente menos formalista, na qual as pessoas não 
mais se individualizam por sua assinatura de próprio punho, mas sim por meio de 
tokens, chaves, logins e senhas, ID's, certificações digitais, reconhecimentos faciais, 
digitais, oculares e, até mesmo, pelos seus hábitos profissionais, de consumo e de vida, 
captados a partir da reiterada e diária coleta de seus dados pessoais, e na qual se admite 
a celebração de negócios jurídicos complexos e vultosos até mesmo por redes sociais ou 
por meros cliques, o papel e a caneta esferográfica perdem diariamente o seu valor e a 
sua relevância, devendo ser examinados em conjunto com os demais elementos que 
permitam aferir ser aquela a real vontade do contratante. 
 
Desse modo, a regra segundo a qual a assinatura de próprio punho é requisito de 
validade do testamento particular traz consigo a presunção de que aquela é a real 
vontade do testador, tratando-se, todavia, de uma presunção juris tantum, admitindo-
se, ainda que excepcionalmente, a prova de que, se porventura ausente a assinatura nos 
moldes exigidos pela lei, ainda assim era aquela a real vontade do testador. 
 
É preciso, portanto, repensar o direito civil codificado à luz da nossa atual realidade 
social, sob pena de se conferirem soluções jurídicas inexequíveis, inviáveis ou 
simplesmenteultrapassadas pelos problemas trazidos pela sociedade contemporânea. 
No caso, a despeito da ausência de assinatura de próprio punho do testador e de o 
testamento ter sido lavrado a rogo e apenas com a aposição de sua impressão digital, 
não havia dúvida acerca da manifestação de última vontade da testadora que, embora 
sofrendo com limitações físicas, não possuía nenhuma restrição cognitiva. 
 
Por outro lado, não se admite o cumprimento de testamento público que não foi 
assinado por tabelião 
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Profa. Joélida J. Rocha Ferreira 
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Embora a jurisprudência do STJ admita que, para a preservação da última vontade do 
autor do testamento, é possível flexibilizar alguns requisitos formais no registro do 
documento, a assinatura do tabelião, ou de seu substituto legal, é requisito 
indispensável de validade. Isso porque o notário (tabelião) é quem possui fé pública para 
dar autenticidade ao testamento. 
 
A ausência da assinatura e identificação do tabelião que teria presenciado ou lavrado o 
instrumento é vício externo grave que compromete a higidez do testamento e não 
permite aferir, com segurança, a real vontade do testador. Logo, não pode ser 
considerado juridicamente eficaz. STJ. 3ª Turma. REsp 1703376/PB, Rel. Min. Moura 
Ribeiro, julgado em 06/10/2020. 
 
O indivíduo que recebeu um imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade pode 
transferir esse imóvel por meio de testamento, considerando que a cláusula de 
inalienabilidade vitalícia dura apenas enquanto o beneficiário estiver vivo 
 
Resumo 
As cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade não tornam 
nulo o testamento, que dispõe sobre transmissão causa mortis do bem gravado. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1641549-RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 
13/08/2019 (Info 654). 
 
Comentários 
Cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade 
As cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade são restrições 
voluntárias ao direito de propriedade. Podem ser estipuladas de duas formas: 
a) por ato de liberalidade inter vivos (doação); 
b) por ato relacionado com a morte – causa mortis (testamento). 
 
Cláusula de inalienabilidade 
É uma restrição imposta ao beneficiário, de forma que ele fica impedido de dispor da 
coisa, não podendo transferi-lo a terceiros, seja a título gratuito ou oneroso. 
Essa restrição pode ser imposta por tempo determinado (ex: 5 anos) ou de forma 
vitalícia. 
 
Cláusula de impenhorabilidade 
Consiste na proibição de constrição judicial do bem gravado para pagamento de débitos 
do herdeiro/beneficiário. 
 
Cláusula de incomunicabilidade 
Proíbe que o bem seja transferido para a fração ideal do cônjuge (companheiro) em caso 
de casamento ou união estável. 
Em outras palavras, se uma pessoa possui um imóvel com cláusula de 
incomunicabilidade, mesmo que se case com regime de comunhão de bens, esse imóvel 
não participará da comunhão dos bens do casal. 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
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Em 2005, João, por meio de testamento, deixou para Henrique, um de seus filhos, dois 
imóveis (dois galpões) gravados com as cláusulas de inalienabilidade, 
incomunicabilidade e impenhorabilidade. 
 
Em 2015, Henrique fez um testamento e nele constou que, quando morresse, esses 
galpões deveriam ser transmitidos para Carla, uma amiga do testador. 
Em 2017, Henrique morreu. 
 
A esposa e os filhos de Henrique questionaram o testamento, afirmando que ele seria 
nulo porque transmitiu para uma estranha os bens imóveis que estavam gravados com 
as cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade. 
 
Segundo alegaram, o objetivo de João, ao deixar os imóveis para Henrique, foi o de 
garantir o patrimônio não só do seu filho, mas também dos seus netos. Por isso, ele 
gravou os imóveis com essas cláusulas. 
 
A tese dos herdeiros de Henrique foi acolhida pelo STJ? É nulo o testamento que dispôs 
sobre bens gravados com cláusula de inalienabilidade, incomunicabilidade e 
impenhorabilidade? 
NÃO. 
 
Vamos relembrar em que consiste a cláusula de inalienabilidade 
A cláusula de inalienabilidade “consiste na proibição de alienar o bem clausulado. Assim 
é que o proprietário fica impedido de praticar qualquer ato de disposição pelo qual o 
bem passe a pertencer a outrem. Em síntese, não pode transferi-lo voluntariamente, ou 
seja, por sua livre e espontânea vontade. Portanto, o proprietário não pode vendê-lo, 
permutá-lo ou doá-lo.” (MALUF, Carlos Alberto Dabus. Cláusulas de Inalienabilidade, 
Incomunicabilidade e Impenhorabilidade. 4ª ed., São Paulo: RT, 4ª ed. 2006, p. 49). 
 
A cláusula de inalienabilidade pode ser “para sempre”? 
NÃO. Por força do princípio da livre circulação dos bens, não é possível a inalienabilidade 
perpétua. A cláusula de inalienabilidade até pode ser vitalícia, mas não pode ser 
perpétua (para sempre). 
Assim, se a cláusula de inalienabilidade não tiver um prazo específico, ela será 
considerada vitalícia. Isso significa que ela terá vigência durante toda a vida do 
beneficiário. Depois que ele morrer, o bem volta a ficar livre e desembaraçado, sem 
nenhuma restrição. 
Logo, a cláusula de inalienabilidade incidente em relação ao imóvel deixado para 
Henrique é vitalícia e, portanto, tem vigência durante toda a vida do beneficiário 
(Henrique). Depois que ele falecer, a cláusula deixa de existir. 
O STJ já decidiu nesse mesmo sentido: 
A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem transferido por doação ou 
testamento só produz efeitos enquanto viver o beneficiário, sendo que, após a morte 
deste, o cônjuge sobrevivente poderá se habilitar como herdeiro do referido bem, 
observada a ordem de vocação hereditária. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.552.553-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 24/11/2015 
(Info 576). 
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Desse modo, com o falecimento do beneficiário, acaba a eficácia da cláusula de 
incomunicabilidade. Ela deixa de produzir efeitos. 
O STJ afirma que “a cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem não se relaciona 
com a vocação hereditária”. Em outras palavras, o que se quer dizer é que a cláusula de 
incomunicabilidade não interfere nas regras do Código Civil sobre a sucessão causa 
mortis. 
Assim, se o indivíduo recebeu, por doação ou testamento, algum bem imóvel com 
cláusula de incomunicabilidade, quando este morrer, o seu herdeiro ou o legatário irá 
receber normalmente o bem. 
 
Testamento só passa a produzir efeitos com a morte do testador 
O testamento é um negócio jurídico que somente produz efeito após a morte do 
testador, quando, de fato, ocorre a transferência do bem. 
Assim, a mera elaboração do testamento não acarreta nenhum ato de alienação da 
propriedade em vida. Isso evidencia apenas e tão somente a declaração de vontade do 
testador, revogável a qualquer tempo. 
Logo, quando Henrique fez o testamento, os imóveis ainda estavam com cláusula de 
inalienabilidade. Ocorre que, nesse momento, não houve transferência dos bens. Estes 
somente foram transferidos para o patrimônio da beneficiária quando o testador 
morreu. 
 
Em suma: 
As cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade não tornam 
nulo o testamento, que dispõe sobre transmissão causa mortis do bem gravado. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.641.549-RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 
13/08/2019 (Info 654). 
 
Validade de testamento feito por cego mesmo sem que tenham sido realizadas duas 
leituras e ainda que não tenha sido feito o registro da condição de cego no instrumento 
 
Resumo 
O art. 1.867 do Código Civil traz as seguintes exigências adicionais no caso de testamento 
feito por pessoa cega. Exige-se: 
a) que o testamento seja público; 
b) que sejam realizadasduas leituras do testamento (se não for cego, basta uma); 
c) que o tabelião declare expressamente no testamento que o testador é cego. 
Em um caso concreto, indivíduo cego procurou o tabelionato de notas para fazer um 
testamento público. O testamento foi produzido no cartório pelo tabelião. Ocorre que 
houve apenas uma leitura em voz alta pelo tabelião na presença do testador e de duas 
testemunhas. Além disso, não houve expressa menção no corpo do documento da 
condição de cego do testador. Apesar disso, o STJ entendeu que não houve nulidade. 
O descumprimento de exigência legal para a confecção de testamento público – 
segunda leitura e expressa menção no corpo do documento da condição de cego – não 
gera a sua nulidade se mantida a higidez da manifestação de vontade do testador. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1677931-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/8/2017 (Info 
610). 
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Comentários 
Testamento. Conceito e características 
Testamento é um... 
-negócio jurídico 
-unilateral (traz obrigações somente para quem elabora), 
-solene (deve obedecer formalidades previstas em lei, 
-personalíssimo (ato elaborado exclusivamente pelo testador) e 
-revogável, 
-por meio do qual o testador, 
-observada a legislação vigente, 
-determina quem irá ficar com seu patrimônio depois que ele vier a falecer, 
-podendo ainda prever outras regras de caráter não patrimonial. 
 
Espécies 
Quanto à forma, os testamentos podem ser classificados em ordinários e especiais: 
ORDINÁRIOS (COMUNS, VULGARES) 
São aqueles elaborados em condições 
normais, isto é, sem qualquer situação 
que possa implicar vício na vontade. 
ESPECIAIS (EXTRAORDINÁRIOS) 
São aqueles elaborados em situação de 
anormalidade. 
Espécies de testamento ordinário: 
a) testamento público; 
b) testamento cerrado (místico); 
c) testamento particular (hológrafo). 
Espécies de testamento extraordinário: 
a) testamento marítimo; 
b) testamento aeronáutico; 
c) testamento militar. 
 
Testamento público 
O testamento público (também chamado de aberto) é aquele no qual o testador faz as 
suas declarações de última vontade peranteo tabelião de notas (ou seu substituto legal) 
ouo agente consular, na presença de duas testemunhas, devendo a autoridade lavrar 
(redigir) o testamento e registrá-lo em livro próprio. 
 
Requisitos (art. 1.864) 
São requisitos essenciais do testamento público: 
1) o testamento deve ser escrito pelo tabelião (ou por seu substituto legal) em seu livro 
de notas, de acordo com as declarações do testador. O testador pode servir-se de 
minuta, notas ou apontamentos. Em outras palavras, o testador pode levar as suas 
declarações por escrito (levar uma “cola”) e com base nesse texto ir declarando para o 
testador. 
Obs1: o art. 18 da LINDB autoriza que as autoridades consulares brasileiras, fora do 
território nacional, celebrem testamento público. 
Obs2: o testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem 
como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de 
notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma. 
2) depois que o tabelião terminar de lavrar (escrever) o instrumento, ele deverá ser lido 
em voz alta pelo tabelião para o testador e para as duas testemunhas, a um só tempo. 
O testador poderá também preferir ler ele próprio em voz alta na presença das 
testemunhas e do oficial do tabelionato. 
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3) depois da leitura, o instrumento deverá ser assinado pelo testador, pelas 
testemunhas e pelo tabelião. 
4) Se o testador não souber assinar (ex: analfabeto) ou não puder (ex: sofre de alguma 
doença que o impede), quem assinará pelo testador será uma das testemunhas 
instrumentárias (art. 1.865). 
 
O indivíduo que for SURDO pode fazer testamento público? 
SIM. O indivíduo inteiramente surdo pode fazer testamento público. Neste caso, como 
ele não poderá ouvir a leitura feita pelo tabelião, o próprio testador surdo é quem irá 
ler o seu testamento. 
Se ele não souber ler, ou seja, for surdo e analfabeto, ele irá designar (escolher) alguém 
para ler em seu lugar, presentes as testemunhas (art. 1.866). 
 
O indivíduo que for CEGO pode fazer testamento público? 
SIM. Na verdade, a única modalidade de testamento que o cego pode fazer é o 
testamento público. Em outras palavras, se uma pessoa for cega e quiser fazer 
testamento, este obrigatoriamente terá que ser público. 
Caso o cego faça um testamento público, a lei exige que este testamento seja lido para 
ele, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião (ou seu substituto legal) e a outra por 
uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada 
menção no testamento (art. 1.867). 
 
Cego fez testamento público, mas houve apenas uma leitura e não se declarou que o 
testador era cego 
O Código Civil traz as seguintes exigências adicionais no caso de testamento feito por 
pessoa cega: 
Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, 
duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das 
testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no 
testamento. 
 
Desse modo, exige-se: 
a) duas leituras do testamento (se não for cego, basta uma); 
b) que o tabelião declare expressamente no testamento que o testador é cego. 
Em um caso concreto, indivíduo cego procurou o tabelionato de notas para fazer um 
testamento público. O testamento foi produzido no cartório pelo tabelião. Ocorre que 
houve apenas uma leitura em voz alta pelo tabelião na presença do testador e de duas 
testemunhas. Além disso, não houve expressa menção no corpo do documento da 
condição de cego do testador. 
Apesar disso, o STJ entendeu que não houve nulidade, mantendo válidas as declarações 
do testador. 
O testamento deve ser mantido, mesmo que descumprida alguma formalidade, desde 
que esteja demonstrado que o instrumento reproduz a manifestação de vontade do 
testador. Isso porque as formalidades foram pensadas pelo legislador com uma única 
finalidade: garantir a vontade do testador. Se esta foi garantida, cumpriu-se a finalidade 
da norma. 
 
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O testamento possui três pressupostos que são essenciais (indispensáveis): 
a) capacidade do testador; 
b) respeito aos limites do que o testador poderia; 
c) lídima declaração de vontade. 
Estando presentes esses três pressupostos básicos, entende-se que a ausência de umas 
das outras formalidades exigidas por lei, pode e deve ser superadacom o objetivo de se 
preservar a vontade do testador. 
 
Em suma: 
O descumprimento de exigência legal para a confecção de testamento público – 
segunda leitura e expressa menção no corpo do documento da condição de cego – não 
gera a sua nulidade se mantida a higidez da manifestação de vontade do testador. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.677.931-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/8/2017 
(Info 610). 
 
Cumprimento do testamento 
Quando há o falecimento do testador, é necessário que o testamento público seja 
levado a juízo para que seja determinado o seu registro e cumprimento. Este 
procedimento é previsto no art. 736 do CPC/2015: 
Art. 736. Qualquer interessado, exibindo o traslado ou a certidão de testamento 
público, poderá requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento, observando-se, no que 
couber, o disposto nos parágrafos do art. 735. 
 
Qual é o juízo competente para o cumprimento do testamento? 
O juízo competente para o inventário. Quanto à competência territorial, será 
competente o foro do domicílio do autor da herança (falecido), nos termos do art. 48 do 
CPC: 
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para 
o inventário, apartilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última 
vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as 
ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. 
 
Flexibilização das formalidades do testamento particular 
 
Resumo 
Na elaboração de testamento particular, é possível sejam flexibilizadas as formalidades 
prescritas em lei na hipótese em que o documento foi assinado por testador e por 
testemunhas idôneas. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1521371/MG, Rel. Min. Marco Buzzi, 
julgado em 28/03/2017. 
 
Comentários 
É possível flexibilizar as formalidades prescritas em lei no tocante ao testamento 
particular, de modo que a constatação de vício formal, por si só, não enseja a invalidação 
do ato, mormente quando demonstrada, por ocasião do ato, a capacidade mental do 
testador para livremente dispor de seus bens. 
Nos termos do art. 1.879 do CC, permite-se seja confirmado, a critério do juiz, o 
testamento particular realizado de próprio punho pelo testador, sem a presença de 
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testemunhas, quando há circunstância excepcional declarada na cédula. Nesse sentido: 
STJ. 3a Turma. AgRg no AREsp 773.835/SP, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, 
julgado em 23/02/2016. As formalidades estabelecidas em lei para os testamentos 
possuem por finalidade precípua assegurar a higidez da manifestação de última vontade 
do testador e prevenir o testamento de posterior infirmação por terceiros. Assim, os 
requisitos formais, no caso dos testamentos, destinam-se a assegurar a veracidade e a 
espontaneidade das declarações de última vontade. Todavia, se, por outro modo, for 
possível constatar, suficientemente, que a manifestação externada pelo testador deu-
se de forma livre e consciente, correspondendo ao seu verdadeiro propósito, válido o 
testamento, encontrando-se, nessa hipótese, atendida a função dos requisitos formais, 
eventualmente inobservados (STJ. 3a Turma. REsp 1419726/SC, Rel. Min. Marco Aurélio 
Bellizze, julgado em 09/12/2014). 
 
 
Princípio da soberania da vontade do testador (art. 1.899 do Código Civil) 
 
Resumo 
Na existência de cláusula testamentária duvidosa, que remete a interpretações 
distintas, deve-se compreendê-la de modo que melhor se harmonize com a vontade 
manifestada pelo testador, em atenção ao princípio da soberania da vontade desse, 
insculpido nos arts. 112 e 1.899 do Código Civil. Para a aplicação do princípio da 
soberania da vontade do testador na interpretação dos testamentos deverão ser 
adotadas as seguintes premissas: 
a) naquelas hipóteses em que o texto escrito ensejar várias interpretações, deverá 
prevalecer a que melhor assegure a observância da vontade do testador; 
b) na busca pela real vontade do testador, deve ser adotada a solução que confira maior 
eficácia e utilidade à cláusula escrita; 
c) para poder aferir a real vontade do testador, torna-se necessário apreciar o conjunto 
das disposições testamentárias, e não determinada cláusula que, isoladamente, ofereça 
dúvida; e 
d) a interpretação buscada deve ser pesquisada no próprio testamento, isto é, a solução 
deve emergir do próprio texto do instrumento. STJ. 4ª Turma. REsp 1532544/RJ, Rel. 
Min. Marco Buzzi, julgado em 08/11/2016. 
 
É possível que o herdeiro testamentário suceda o autor da ação de investigação de 
paternidade cumulada com nulidade de partilha 
 
Resumo 
Ocorrido o falecimento do autor da ação de investigação de paternidade cumulada com 
nulidade da partilha antes da prolação da sentença, sem deixar herdeiros necessários, 
detém o herdeiro testamentário, que o sucedeu a título universal, legitimidade e 
interesse para prosseguir com o feito, notadamente, pela repercussão patrimonial 
advinda do potencial reconhecimento do vínculo biológico do testador. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1392314-SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/10/2016 
(Info 592). 
 
Comentários 
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Julgados DCVII – Sucessão Testamentária 
Profa. Joélida J. Rocha Ferreira 
11 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João morreu e a herança ficou para as suas duas únicas filhas: Bianca e Laura. 
Alguns meses depois, Carlos ajuizou ação de investigação de paternidade cumulada com 
nulidade de partilha contra Bianca e Laura. Na ação, Carlos alega que é fruto de 
relacionamento amoroso mantido entre a sua mãe biológica e o pai das rés (João). 
Diante disso, o autor requereu a procedência do pedido para que fosse reconhecida a 
paternidade vindicada, com a consequente decretação de nulidade da partilha realizada 
nos autos da ação de inventário. 
 
O processo estava tramitando normalmente, com a designação de audiência de 
instrução e julgamento. 
 
Ocorre que Carlos, o autor, morreu. 
 
O juiz determinou a suspensão do processo, nos termos do art. 313, I, do CPC: 
 
Art. 313. Suspende-se o processo: 
I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu 
representante legal ou de seu procurador; 
 
Veio, então, aos autos Fábio, alegando que Carlos era solteiro, não convivia em união 
estável e não tinha filhos, razão pela qual, por meio de testamento, deixou a totalidade 
do seu patrimônio para ele (Fábio), cuja cláusula expressamente descreve a extensão 
desse ato de liberalidade: "tudo o que possui e o que venha a possuir ou que tenha 
direito". 
 
Desse modo, Fábio, como herdeiro testamentário, requereu a sucessão processual no 
polo ativo da ação, na forma do art. 687 do CPC: 
Art. 687. A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer das partes, 
os interessados houverem de suceder-lhe no processo. 
 
As rés manifestaram-se contrariamente ao pedido de Fábio, argumentando que o direito 
de reconhecimento de paternidade é personalíssimo e intransmissível, razão pela qual 
a ação deveria ser julgada extinta, conforme determina o art. 485, IX, do CPC: 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição 
legal; e 
 
A questão chegou até o STJ. Afinal de contas, Fábio, como herdeiro testamentário, tem 
legitimidade para suceder o autor da ação de investigação de paternidade cumulada 
com nulidade da partilha? 
SIM. 
Ocorrido o falecimento do autor da ação de investigação de paternidade cumulada 
com nulidade da partilha antes da prolação da sentença, sem deixar herdeiros 
necessários, detém o herdeiro testamentário, que o sucedeu a título universal, 
legitimidade e interesse para prosseguir com o feito, notadamente, pela repercussão 
patrimonial advinda do potencial reconhecimento do vínculo biológico do testador. 
E-MAIL – joelida.ferreira@fadipa.br 
Julgados DCVII – Sucessão Testamentária 
Profa. Joélida J. Rocha Ferreira 
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STJ. 3ª Turma. REsp 1.392.314-SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 
6/10/2016 (Info 592). 
 
Prescreve o art. 1.606 do Código Civil: 
Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos 
herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. 
Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se 
julgado extinto o processo. 
 
Do artigo supra depreende-se que, de fato, a ação de investigação de paternidade é 
personalíssima. Porém, o parágrafo único afirma que, falecendo o autor no curso do 
processo, é possível que haja a sucessão processual pelos herdeiros. 
Vale ressaltar que o legislador autoriza esta sucessão processual de forma genérica, sem 
especificar que espécies de herdeiros poderão se habilitar como sucessor do de cujus, o 
que permite concluir que tanto os necessários quanto os testamentários poderão fazê-
lo. 
O objetivo pretendido pelo habilitante (Fábio) é a participação na herança do suposto 
pai do autor falecido como seu herdeiro testamentário, de forma que o fato de não ter 
vínculo com o investigado não lhe retira o interesse de agir.Logo, tendo ocorrido o falecimento do autor após o ajuizamento da ação, não há nenhum 
óbice de que o herdeiro testamentário ingresse no feito dando-lhe seguimento. Ele é 
autorizado a fazer isso pelo testamento e também pelo art. 1.606 do CC, que permite o 
prosseguimento da ação de investigação de paternidade pelos herdeiros, 
independentemente de serem eles sucessores pela via legítima ou testamentária. 
 
Testamento particular redigido de próprio punho não é válido se não for assinado pelo 
testador 
 
Resumo 
É inválido o testamento particular redigido de próprio punho quando não for assinado 
pelo testador. A assinatura do testador no testamento particular, além de requisito 
legal, é mais que mera formalidade, consistindo verdadeiro pressuposto de validade do 
ato, que não pode ser relativizado. Assim, a sua ausência é um vício muito grave e 
insuperável. Isso porque, não havendo assinatura, o próprio testamento é apócrifo, não 
sendo, portanto, possível concluir, de modo seguro, que o testamento redigido de 
próprio punho exprime a real vontade do testador. STJ. 3ª Turma. REsp 1444867-DF, Rel. 
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/9/2014 (Info 551). 
 
 
Comentários 
Conceito e características do testamento 
Testamento é um... 
- negócio jurídico 
- unilateral (traz obrigações somente para quem elabora), 
- solene (deve obedecer formalidades previstas em lei, 
- personalíssimo (ato elaborado exclusivamente pelo testador) e 
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- revogável, 
- por meio do qual o testador, 
- observada a legislação vigente, 
- determina quem irá ficar com seu patrimônio depois que ele vier a falecer, 
- podendo ainda prever outras regras de caráter não patrimonial. 
 
Espécies 
Quanto à forma, os testamentos podem ser classificados em ordinários e especiais: 
ORDINÁRIOS (COMUNS, VULGARES) 
São aqueles elaborados em condições 
normais, isto é, sem qualquer situação 
que possa implicar vício na vontade. 
ESPECIAIS (EXTRAORDINÁRIOS) 
São aqueles elaborados em situação de 
anormalidade. 
Espécies de testamento ordinário: 
a) testamento público; 
b) testamento cerrado (místico); 
c) testamento particular (hológrafo). 
Espécies de testamento extraordinário: 
a) testamento marítimo; 
b) testamento aeronáutico; 
c) testamento militar. 
 
Testamento particular 
As regras sobre o testamento particular estão previstas nos arts. 1.876 a 1.880 do CC. 
O testamento particular pode ser escrito de próprio punho (“a mão”) ou mediante 
processo mecânico (ex.: digitado no computador e impresso). 
Se o testamento tiver sido escrito de próprio punho, a lei prevê que são requisitos 
essenciais à sua validade que ele seja lido e assinado por quem o escreveu (testador), 
na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever (§ 1º do art. 
1.876). 
 
Em uma situação examinada pelo STJ, o testamento particular não foi assinado pelo 
testador nem lido na presença das testemunhas. Nesse caso, esse testamento poderá 
ser considerado válido? 
NÃO. É inválido o testamento particular redigido de próprio punho quando não for 
assinado pelo testador. 
O STJ, em diversas situações, flexibiliza o rigorismo da lei e admite a validade do 
testamento particular mesmo quando não estão preenchidos todos os requisitos legais. 
Ex.: já se admitiu a validade de um testamento particular que não foi lido para as três 
testemunhas, mas no qual havia a assinatura do testador e não se tinha nenhuma dúvida 
de que ele realmente o subscreveu de plena vontade e no pleno gozo de suas 
capacidades (REsp 828.616⁄MG, julgado em 05⁄09⁄2006). 
 
No entanto, a assinatura do testador no testamento particular, além de requisito legal, 
é mais que mera formalidade, consistindo verdadeiro pressuposto de validade do ato, 
que não pode ser relativizado. Assim, a sua ausência é um vício muito grave e 
insuperável. Isso porque, não havendo assinatura, o próprio testamento é apócrifo, não 
sendo possível, portanto, concluir, de modo seguro, que o testamento, ainda que 
redigido de próprio punho, exprime a real vontade do testador. 
 
 
	É válido o testamento particular que, a despeito de não ter sido assinado de próprio punho pela testadora, contou com a sua impressão digital
	Resumo
	Comentários
	O indivíduo que recebeu um imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade pode transferir esse imóvel por meio de testamento, considerando que a cláusula de inalienabilidade vitalícia dura apenas enquanto o beneficiário estiver vivo
	Resumo
	Comentários
	Validade de testamento feito por cego mesmo sem que tenham sido realizadas duas leituras e ainda que não tenha sido feito o registro da condição de cego no instrumento
	Resumo
	Comentários
	Flexibilização das formalidades do testamento particular
	Resumo
	Comentários
	Princípio da soberania da vontade do testador (art. 1.899 do Código Civil)
	Resumo
	É possível que o herdeiro testamentário suceda o autor da ação de investigação de paternidade cumulada com nulidade de partilha
	Resumo
	Comentários
	Testamento particular redigido de próprio punho não é válido se não for assinado pelo testador
	Resumo
	Comentários

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