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Cálculo das tensões e deformações em seções simétricas de barras sujeitas à flexão pura FLEXÃO PURA RESUMO | RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I A flexão pura é um conceito que descreve um tipo específico de carga aplicada a uma viga ou elemento estrutural. Ela ocorre quando uma viga é submetida a um momento fletor que atua perpendicularmente ao seu eixo longitudinal, fazendo com que a viga se deforme em curvatura. Em outras palavras, a carga aplicada causa um momento que resulta em uma curvatura na viga, enquanto as seções transversais perpendiculares ao eixo longitudinal permanecem planas. É essencial entender e analisar a flexão pura para determinar a capacidade de carga e a resistência das vigas, bem como para projetar elementos estruturais que suportem cargas de flexão de maneira segura. O QUE É A FLEXÃO PURA Na figura ao lado temos uma viga com força vertical nas extremidades, em balanço. Se analisarmos nos apoio B e C, por exemplo, vemos que nessas seções temos um momento fletor sendo gerado pelas forças das extremidades. Esses momentos fletores são negativos pois ambos comprimem a borda inferior da seção em questão. Uma seção é simétrica quanto tem uma geometria em que existe um plano de simetria que divide a seção em duas partes idênticas. Esse plano de simetria pode ser horizontal, vertical ou inclinado. Inicialmente estudaremos casos em que as seções transversais das estruturas que sofrem flexão pura são simétricas. Todo estudo da flexão é feito em relação aos eixos principais. Como na seção simétrica esses eixos de simetria são os eixos principais, não há necessidade, agora, de usar o Círculo de Mohr. SEÇÕES SIMÉTRICAS Observe que temos ao lado um momento fletor positivo, ou seja, gera tração na borda inferior e compressão na borda superior. Essas tensões axiais estão representadas na figura e aprenderemos a calcular a distribuição das tensões ao longo da seção, tanto da sua largura quanto do seu comprimento. DEFORMAÇÕES EM UMA BARRA COM FLEXÃO PURA Vamos observar o que acontece com uma barra ao ser submetida à flexão pura: Quando aplicamos o momento fletor em uma barra, ocorre a mudança da configuração dela para um estado fletido. Há, no caso ao lado, um alongamento na porção inferior da barra e um estreitamento na porção superior devido às tensões de tração e compressão, respectivamente, que são geradas nesses lugares. Isso ocorre de modo que a viga é fletida permanecendo no mesmo plano. Além disso, as seções transversais dela permanecem planas após a flexão, apenas giram ou transladam (Lei de Bernoulli). Isso é extremamente importante pois, se a seção permanece plana, provavelmente as deformações vão seguir uma relação linear ao longo da altura da seção. Vamos analisar agora o que ocorre em um pequeno pedaço da viga: Extraímos um pedaço da viga para analisarmos, entenda: ' ' Veja que as linhas em azul são um prolongamento da direção das seções transversais, observe que elas vão confluindo para um ponto em comum. No caso, representamos como ponto C. Se analisarmos, como isso ocorre, a viga é basicamente parte de uma circunferência bem grande, então, existe um centro de curvatura e um raio de curvatura. RELEMBRE: O raio de curvatura indica o quão acentuada é a curvatura em um determinado local e o centro de curvatura é utilizado para definir a direção e sentido da curvatura em um ponto específico. O retângulo em amarelo mostra o mesmo pedaço da viga antes de sofrer a flexão, então, o trecho AB representa o comprimento indeformado na parte superior - que é igual ao inferior e que vale L. Já A'B' representa o comprimento após a flexão, observe que o trecho A'B' é visivelmente menor que o trecho AB, já que nessa região está ocorrendo compressão. O raio de curvatura está representado pelo comprimento ρ e o centro de curvatura por C. Podemos imaginar que o comprimento do arco DE é igual a L, isso porque o raio dessa circunferência é muito grande em relação ao comprimento L. Por isso podemos aproximar o arco DE à uma reta. Vamos convencionar que o eixo x passa sempre pelo meio da viga ao longo dela, o eixo y na vertical e o x perpendicular à lateral da viga. Observe a linha verde, se observarmos a seção transversal da viga que passa por essa linha teremos a situação ao lado. Veja que pegamos primeiro um trecho da viga e analisamos uma face lateral, agora estamos observando uma face frontal da viga. Ao olharmos a seção transversal da viga, vemos que o momento positivo está localizado nessa posição e, pela regra da mão direita, comprime a parte superior e traciona a inferior. Sempre é importante saber interpretar o momento fletor e o que ele faz na seção da viga. Com as figuras acima conseguimos relacionar as distâncias deformadas com o comprimento inicial e obter a variação de deformação. Se considerarmos o comprimento DE como referência, que como vimos é igual à L, ele pode ser aproximado pelo comprimento de arco que é dado por ρ.θ onde θ é o ângulo de abertura. Dessa forma podemos aproximar A'B' por um comprimento L' que é igual também ao arco dado por (ρ-y).θ, tiramos o comprimento y que é a distância vertical de A' a D. Assim, a variação de comprimento de AB para A'B' é dada delta, sendo delta o comprimento final menos o inicial. Veja que delta é negativo, já que houve um encurtamento, uma compressão. Em termos de variação específica, que é a variação do comprimento em relação ao comprimento total, chegamos na relação ao lado. A deformação específica também é negativa pelo mesmo motivo, é um encurtamento. Veja o diagrama.] Isso já nos demonstra a distribuição linear de deformações axiais na seção transversal da viga de modo que ela se anula no centroide, onde y é 0. TENSÕES E DEFORMAÇÕES NO REGIME ELÁSTICO A partir do que vimos, conseguimos obter outras considerações. Relacionando a deformação específica com a Lei de Hooke, chegamos na Lei de Navier-Bernoulli Veja que a tensão também segue uma distribuição linear, ou seja, para valores positivos de y há um encurtamento na borda superior, com tensão de compressão, e alongamento na borda inferior, com tensão de tração. Perceba também que a tensão varia com a altura, não com z. Ou seja, todos os pontos com mesmo valor de y tem o mesmo valor de tensão! Atenção: Estamos analisando momento fletor positivo. Se o momento fletor for negativo, será um comportamento inverso. Veja que, até o momento, vimos a tensão axial em função de ρ, que é o raio de curvatura da viga fletida. Porém não sabemos quanto vale ρ e precisamos contornar essa questão e, além disso, relacionar a tensão com o momento fletor, que ainda não apareceu na equação. Temos aqui uma seção qualquer com o momento fletor sendo aplicado em relação à z, que flete num plano que contém o eixo y, como já vimos até agora. Há um ponto qualquer com uma tensão de tração atuando numa área dA dada em função do momento Mz. Vamos aplicar as condições de equilíbrio, para relacionar a tensão com o momento fletor aplicado. Se fizermos o somatório de momentos fletores em relação ao eixo y, temos: - A tensão sigma x multiplicada pela area infinitesimal dA nos dá a força,; - A força multiplicada pelo braço de alavanca (z), nos dá o momento fletor. Aplicando o valor de sigma x encontrado na relação anteriormente temos a integral ao lado e, desenvolvendo a integral encontramos o produto de inércia. Observe então que o produto de inércia é nulo para que seja satisfeita a relação de equilíbrio no eixo y. Além disso, provamos que para que haja a condição de equilíbrio tem que haver simetria entre as faces da seção em relação ao eixo y. Ou seja, nos demonstra que se o eixo y é um eixo de simetria ele é um eixo principal. Sendo um eixo principal, o eixo z que é perpendicular à ele também é um eixo principal. Com isso provamos que o estudo da flexão só ocorre em relação aos eixos principais. Seguindo analisando o caso acima, se fizermos agora o somatório de momentos em relação ao eixo z, temos a relação ao lado. Agora, desenvolvendo a equação, encontramos queo momento fletor em relação ao eixo z tem relação com o momento de inércia desse mesmo eixo. Agora, a partir das duas equações, momento fletor em relação à z e tensão axial em x, conseguimos isolar o raio de curvatura nas duas equações e excluí-lo. Assim, chegamos na relação da tensão ao longo da altura y em relação ao momento fletor e à propriedade geométrica do material (momento de inércia). LINHA NEUTRA A linha neutra é uma linha imaginária que percorre o centro geométrico da seção transversal da viga e não sofre deformação axial, ou seja, não se alonga nem se encurta. É uma linha que divide a seção em duas partes: uma comprimida e outra tracionada. Com todas as relações que chegamos até aqui, observamos que: Temos uma seção transversal com o momento fletor positivo, por exemplo. Com isso há uma distribuição de tensões de tração e flexão e o nosso objetivo para dimensionar essa estrutura é fazer com que essas tenções não ultrapassem as tensões adminssíveis. A tração máxima é dada quando temos o nosso y máximo, independente se negativo ou positivo. Se pegarmos o momento de inércia e dividirmos por y chegamos à uma propriedade chamada módulo de resistência à flexão. Ele é usado para avaliar a capacidade de uma viga ou elemento estrutural de suportar cargas de flexão sem falhar É importante lembrarmos, então, sempre da condição de resistência para o dimensionamento Além disso, como definimos quanto vale Mz, agora já conseguimos calcular o raio de curvatura da seção. REFERÊNCIAS DE ESTUDO: BEER, F. P., JOHNSTON, E. R., DEWOLF, J. T. e MAZUREK, D. F. Mecânica dos Materiais. 5ª ed. Porto Alegre: McGrawHill, 2011. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7ª ed. São Paulo: Pearson, 2009.
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