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CENTRO TEOLÓGICO FATAD
CURSO EM TEOLOGIA MODULAR
HOMILÉTICAHOMILÉTICA
PROF.º JALES BARBOSA
Homilética
APRESENTAÇÃO
Amados e queridos estudantes, amigos da verdade, povo adquirido, nação eleita.
Graça e paz, da parte de Deus nosso pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo.
Grande é a nossa responsabilidade do servo e salvo em Jeová, de anunciar,
apresentar, fazer chegar claramente à todos, da infinita bondade e grandeza, de tão grande
salvação em Cristo Jesus.
Conscientes dessa grande, esplendida, árdua e laboriosa tarefa do ensino da palavra.
E te convidamos para estudar a Santa e maravilhosa palavra de Deus.
Numa serie de apostilas andaremos juntos, passo a passo com, o Senhor Jesus. Nos
evangelhos; seremos missionário com os apóstolos em atos; profetizaremos com Isaias,
Ezequiel, e outros profetas; caminharemos com Moisés pelo deserto, passaremos o Jordão
com Josué; venceremos todos os Golias ao lado de Davi em nome de Jeová; salmodiaremos
canções ao nosso Deus com “Asafe”, teremos a coragem de Débora, a sabedoria de Salomão,
a graça de Jesus, a visão de Paulo, a fidelidade de Samuel, amaremos e reclinaremos nosso
rosto no peito de Cristo, tal qual João.
Venha conosco, seja como os crentes de Beréia (At, 17.10-12), examinando cada dia
as escrituras, você estará tomando posse das bênçãos do Senhor, fortalecendo-se,
aprendendo e falando dessa palavra, você salvará tomando a ti mesmo como seus ouvintes.
(1 Tm 4:16).
Em Cristo Jesus,
A Diretoria
FATAD Prof. Jales Barbosa 2
Homilética
COMO ESTUDAR ESTE LIVRO
Às vezes estudamos muito e aprendemos ou retemos pouco ou nada.
Isto em parte acontece pelo fato de estudarmos sem ordem nem método.
Embora sucintas as orientações que passamos a expor ser-lhe-á muito útil.
1. Busque a ajuda divina
Ore a Deus dando-lhe graças e suplicando direção e iluminação do alto. Deus pode
vitalizar e capacitar nossas faculdades mentais quanto ao estudo da Palavra de Deus. Nunca
execute qualquer tarefa de estudo ou trabalhos da palavra de Deus sem primeiro orar.
2. Além da matéria a ser estudada , tenha à mão as seguintes fontes de consulta e refe-
rência:
 Bíblia. Se POSSÍVEL em mais de uma versão.
 Dicionário Bíblico.
 Atlas Bíblico.
 Concordância Bíblica.
 Livro ou caderno de apontamentos -individuais.
 Habitue-se a sempre tomar notas de seus estudos e meditações.
3. Seja ORGANIZADO ao estudar
A. Ao primeiro contato com a matéria procure obter uma visão global da mesma isto é como
um todo. Não sublinhe nada. Não faça apontamentos. Não procure referências na
Bíblia. Procure sim descobrir o propósito da matéria em estudos, isto é o que deseja
ela comunicar-lhe.
B. Passe então ao estudo de cada lição observando a SEQÜÊNCIA dos Textos que a 
englobam. Agora sim à medida que for estudando sublinhe palavras frases e trechos-
chaves. Faça anotações no caderno a isso destinado.
C. Ao final de cada lição encontra-se uma revisão geral de cada parte do livro perguntas e
EXERCÍCIO que deverão ser respondidas ao termino de cada parte, que deverão ser
respondidas sem consulta ao texto correspondente. responda todas as perguntas que
for POSSÍVEL, logo em seguida volte ao texto e confira as suas respostas. Fazendo
assim VOCÊ chegara a um final do seu estudo, com um bom aprendizado quanto no
conhecimento intelectual e ESPIRITUAL.
FATAD Prof. Jales Barbosa 3
Homilética
ÍNDICE
PARTE I – HOMILÉTICA----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------6
1. INTRODUCÃO-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------6
1.1. ORIGEM, SIGNIFICADO E TAREFA DA HOMILÉTICA.------------------------------------------------------------------6
1.2. A HOMILÉTICA É UMA CIÊNCIA-----------------------------------------------------------------------------------------------6
2. A HOMILÉTICA E AS OUTRAS DISCIPLINAS----------------------------------------------------------------------------------6
3. O DESENVOLMENTO HISTÓRICO DA HOMILÉTICA-------------------------------------------------------------------------7
3.1. RETÓRICA-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------7
3.2. A PREGAÇÃO CRISTÃ------------------------------------------------------------------------------------------------------------7
3.3. AS PRIMEIRAS TEORIAS---------------------------------------------------------------------------------------------------------7
3.4. IDADE MÉDIA-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------7
3.5. REFORMA PROTESTANTE------------------------------------------------------------------------------------------------------7
4. OS PROBLEMAS DO PREGADOR--------------------------------------------------------------------------------------------------7
4.1. FALTA DE PREPARO--------------------------------------------------------------------------------------------------------------8
4.2. FALTA DE UNIDADE---------------------------------------------------------------------------------------------------------------8
4.3. FALTA DE VIVÊNCIA---------------------------------------------------------------------------------------------------------------8
4.4. FALTA DE APLICACÃO PRÁTICA----------------------------------------------------------------------------------------------8
4.5. FALTA DE EQUILÍBRIO------------------------------------------------------------------------------------------------------------8
4.6. FALTA DE PRIORIDADE----------------------------------------------------------------------------------------------------------8
4.7. FALTA DE PLANEJAMENTO-----------------------------------------------------------------------------------------------------9
4.8. OUTROS MOTIVOS-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------9
5. AS CARACTERÍSTICAS DA HOMILÉTICA---------------------------------------------------------------------------------------9
6. O CONTEÚDO DA HOMILÉTICA---------------------------------------------------------------------------------------------------10
6.1. DE ACORDO COM A PALAVRA DE DEUS--------------------------------------------------------------------------------10
6.2. O CONTEÚDO É A PALAVRA--------------------------------------------------------------------------------------------------10
7. A IMPORTÂNCIA DA HOMILÉTICA-----------------------------------------------------------------------------------------------11
7.1. A CERTEZA DA PREPARACÃO MINISTERIAL---------------------------------------------------------------------------11
7.2. PROCLAMACÃO DO EVANGELHO------------------------------------------------------------------------------------------11
8. A NATUREZA DA HOMILÉTICA----------------------------------------------------------------------------------------------------11
8.1. A VOZ DO EVANGELHO--------------------------------------------------------------------------------------------------------11
9. O PROPÓSITO DA HOMILÉTICA--------------------------------------------------------------------------------------------------12
9.1. MOTIVADOS A PRATICAR-----------------------------------------------------------------------------------------------------12
9.2. O ALVO PRIMÁRIO----------------------------------------------------------------------------------------------------------------13
9.3. O ACOMPANHAMENTO DA SALVACÃO-----------------------------------------------------------------------------------13
9.4. O ENVOLVIMENTO DO CORPO DE CRISTO-----------------------------------------------------------------------------1310. A CHAMADA----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------13
10.1. CHAMADA ESPECÍFICA Ef 4.11.--------------------------------------------------------------------------------------------14
10.2. A ORAÇAO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------14
10.3. ORAÇÃO E UNÇÃO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------14
10.4. ORAÇÃO, E O PREGADOR EFICIENTE.---------------------------------------------------------------------------------14
10.5. A MEMORIA------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------14
10.6. HABILIDADE-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------14
10.7. A INSPIRAÇAO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------15
10.8. A CRIATIVIDADE-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------15
10.9. O ENTUSIASMO------------------------------------------------------------------------------------------------------------------15
10.10. A DETERMINAÇAO------------------------------------------------------------------------------------------------------------15
10.11. O RITMO--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------16
10.12. A VOZ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------16
10.13. A RESPIRAÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------16
10.14. A DICÇÃO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------16
10.15 VELOCIDADE---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------17
10.16. EXPRESSIVIDADE DA FALA-----------------------------------------------------------------------------------------------17
FATAD Prof. Jales Barbosa 4
Homilética
10.17. INTENSIDADE-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------17
10.18. O VOCABULARIO--------------------------------------------------------------------------------------------------------------17
11. A EXPRESSÃO CORPORAL------------------------------------------------------------------------------------------------------18
11.1. A NATURALIDADE DO GESTO----------------------------------------------------------------------------------------------18
11.2. A COMUNICAÇÃO VISUAL---------------------------------------------------------------------------------------------------19
11.3. A NATURALIDADE---------------------------------------------------------------------------------------------------------------19
11.4. O CONHECIMENTO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------19
12. PARTES DO SERMÃO---------------------------------------------------------------------------------------------------------------20
13. A INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------20
13.1. UMA BOA INTRODUÇÃO.-----------------------------------------------------------------------------------------------------20
14. A DIVISÃO DO SERMÃO------------------------------------------------------------------------------------------------------------21
14.1. PORQUE A DIVISÃO DO SERMÃO É IMPORTANTE PARA O PREGADOR?---------------------------------21
15. A APLICAÇÃO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------21
15.1. REQUISITOS INDISPENSAVEIS A APLICAÇAO EFICAZ------------------------------------------------------------21
16. A CONCLUSAO------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------21
17. O USO DE ILUSTRAÇÕES---------------------------------------------------------------------------------------------------------22
17.1. PORQUE AS ILUSTRAÇÕES SÃO NECESSÁRIAS AO SERMÃO------------------------------------------------22
17.2. ONDE ENCONTRAR ILUSTRAÇÕES PARA OS SERMÕES--------------------------------------------------------22
17.3. CUIDADOS QUANTO AO USO DE ILUSTRAÇÕES-------------------------------------------------------------------22
17.4. TEXTOS EXTRAÍDOS DO LIVRO "LIÇÕES AOS MEUS ALUNOS " DE C .H. SPURGEON:--------------22
17.5. O MATERIAL ILUSTRATIVO NO SERMÃO-------------------------------------------------------------------------------22
17.6. QUE É MATERIAL ILUSTRATIVO?-----------------------------------------------------------------------------------------23
17.7. O USO DE MATERIAL ILUSTRATIVO NA BÍBLIA----------------------------------------------------------------------23
17.8. QUAL A FINALIDADE DE SE EMPREGAR MATERIAL ILUSTRATIVO?-----------------------------------------24
17.9. ADVERTÊNCIAS E CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO USO DE MATERIAL ILUSTRATIVO----------31
17.10. CARACTERÍSTICAS DAS BOAS ILUSTRAÇÕES--------------------------------------------------------------------34
17.11. MÉTODOS DE PRESERVAR OU ARQUIVAR O MATERIAL ILUSTRATIVO---------------------------------34
18. MODELO DE SERMAO--------------------------------------------------------------------------------------------------------------35
18.1. MODELO OU ESQUELETO DE UM SERMAO OU MENSAGEM---------------------------------------------------35
PARTE II – TIPOS DE SERMÕES--------------------------------------------------------------------------------------------------------37
1. O SERMÃO TEMÁTICO---------------------------------------------------------------------------------------------------------------37
1.2. DEFINIÇÃO DO SERMÃO TEMÁTICO--------------------------------------------------------------------------------------37
1.3. EXEMPLO DE SERMÃO TEMÁTICO----------------------------------------------------------------------------------------37
1.4. UNIDADE DE PENSAMENTO--------------------------------------------------------------------------------------------------37
1.5. TIPOS DE TEMAS-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------38
1.6. MODELOS BÁSICOS DA PREPARAÇÃO DE ESBOÇOS TEMÁTICOS-------------------------------------------39
1.7. CONCLUSÃO-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------43
2. O SERMÃO TEXTUAL-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------43
2.1. DEFINIÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------43
2.2. EXEMPLOS DE ESBOÇOS DE SERMÕES TEXTUAIS----------------------------------------------------------------44
2.3. PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A PREPARAÇÃO DE ESBOÇOS TEXTUAIS------------------------------------46
2.4. A CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------49
3. O SERMÃO EXPOSITIVO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------49
3.1. EXEMPLOS DE ESBOÇOS DE SERMÃO EXPOSITIVO---------------------------------------------------------------50
3.2. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PREPARAÇÃO DE ESBOÇOS EXPOSITIVOS--------------------------------------53
3.3. SÉRIE DE SERMÕES EXPOSITIVOS---------------------------------------------------------------------------------------58EXERCÍCIOS------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------62
BIBLIOGRAFIA----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------64
FATAD Prof. Jales Barbosa 5
Homilética
PARTE I – HOMILÉTICA
1. INTRODUÇÃO
1.1. ORIGEM, SIGNIFICADO E TAREFA DA HOMILÉTICA.
O termo “homilética” deriva do substantivo grego homilia, que significa literalmente
“associação”, “companhia”, e do verbo homileo, que significa “falar”, “conversar”. O Novo Testamento
emprega o substantivo homilia em 1 Coríntios 15.33 “... as más conversações corrompem os bons
costumes”.
O termo “homilética” surgiu durante o Iluminismo, entre séculos XVII e XVIII, quando as
principais disciplinas teológicas receberam nomes gregos, como, por exemplo, dogmática, apologética e
hermenêutica.
Na Alemanha, Stier propôs o nome Keríctica, derivado de keryx, que significa “arauto”. Sikel
sugeriu haliêutica, derivado de halieos, que significa “pescador”. O termo “homilética” firmou – se e foi
mundialmente aceito para referir – se à disciplina teológica que estuda a ciência, a arte e a técnica de
analisar, estruturar e entregar a mensagem do evangelho.
1.2. A HOMILÉTICA É UMA CIÊNCIA
“A homilética é ciência, quando considerada sob o ponto de vista de seus fundamentos
teóricos (históricos, psicológicos e sociais); é arte, quando considerada em seus aspectos estéticos (a
beleza do conteúdo e da forma); e é técnica, quando considerada pelo modo específico de sua
execução ou ensino.”1 
O termo “homilética” tem suas raízes etimológicas em três palavras da cultura grega:
a) Homilos, que significa “multidão” , “turma” , “assembléia do povo”(At 18.17);
b) Homilia, que significa “associação”, “companhia” (1Co 15.33); e 
c) Homileo, que significa “falar”, “conversar” (Lc 24.14s; At 20.11, 24.26).
2. A HOMILÉTICA E AS OUTRAS DISCIPLINAS
Como disciplina teológica, a homilética pertence à teologia prática. As disciplinas que mais
se aproximam da homilética são a hermenêutica e a exegese. Enquanto a hermenêutica é a ciência,
arte e técnica de interpretar corretamente a Palavra de Deus, a exegese é a ciência, arte e técnica de
expor as idéias bíblicas, e a homilética a ciência, arte e técnica de comunicar o evangelho.
A hermenêutica interpreta um texto bíblico à luz de seu contexto; a exegese expõe um texto
bíblico à luz da teologia bíblica; e a homilética comunica um texto bíblico à luz da pregação bíblica.
A homilética depende amplamente da hermenêutica e da exegese. Uma homilética sem
hermenêutica bíblica é trombeta de som incerto (1 Co 14.8) e uma homilética sem exegese bíblica é a
mera comunicação de uma mensagem humanista e morta.
A homilética deve valer–se dos recursos da retórica (assim como da eloqüência), utilizar os
meios e métodos da comunicação moderna e aplicar a avançada estilística. Não se pode ignorar o
perigo de substituir a pregação do evangelho pelas disciplinas seculares e de adaptar a pregação do
evangelho às demandas do secularismo. A relação entre a homilética e as ciências modernas é de
caráter secundário e horizontal; pois as Escrituras Sagradas são a fonte primária, a relação vertical, o
fundamento básico de toda a homilética evangélica.
Por isso, o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco,
anunciando–vos o testamento de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou de sabedoria.
Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e
grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em
linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé
não se apoiasse em sabedoria humana; e sim, no poder de Deus”(1 Co 2.1 – 5).
FATAD Prof. Jales Barbosa 6
Homilética
3. O DESENVOLMENTO HISTÓRICO DA HOMILÉTICA
3.1. RETÓRICA
O modelo predominante no período profético era a palavra vinda diretamente do Senhor
(“assim diz do Senhor”) que os profetas anunciavam e ilustravam em suas próprias vidas: uma prostituta
como esposa (Oséias); nomes dos filhos (Is 7.3, 8.3); cinto (Jr 13.1 – 11); o vaso do oleiro (Jr 18.1 –
17); a botija quebrada (Jr 19.1 – 15); a morte da mulher e Ezequiel (Ez 24.15 – 27). Após o exílio,
desenvolveu–se a homilia primitiva, em que passagens das Escrituras Sagradas por volta de 500 a 300
a.C., os gregos Córax, Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram a retórica, aperfeiçoada pelos
romanos na forma da oratória (principalmente Cícero, em cerca de 106 a 43 a.C.). Jesus, no entanto,
pregou o evangelho do reino de Deus com simplicidade, utilizando principalmente parábolas (Mt 13.34s;
Mc 4.10 – 12, 33, 34) e aplicando textos do Antigo Testamento à Sua própria vida (Lc 4.16 – 22). Uma
análise do livro de Atos revela cinco elementos básicos comuns às mensagens apostólicas: o Messias
prometido no Antigo Testamento, o Espírito Santo, a gloriosa volta de Cristo, o apelo e o ouvinte para
que se arrependesse e cresse no evangelho.
3.2. A PREGAÇÃO CRISTÃ
A maioria dos cristãos antigos seguiram o exemplo da sinagoga, lendo e explicando de
modo simples e popular as Escrituras do Antigo Testamento e do Novo. Não se percebe muito esforço
em escriturar um esboço homilético ou um tema organizador. A pregação cristã apenas “segue a ordem
natural do texto da Escritura e visa meramente ressaltar, mediante a elaboração e aplicação, as
sucessivas partes da passagem como esta se apresenta”. 
3.3. AS PRIMEIRAS TEORIAS
As primeiras teorias homiléticas encontram–se nos escritos de Crisóstomo (345-407 A. D.),
o mais famoso pregador da igreja primitiva. A primeira homilética foi escrita por Agostinho, em “De
Doctrina Christiana”. Agostinho dividiu–a em: de inveniende (como chegar ao assunto) e de proferendo
(como explicar o assunto). Na prática, esta divisão sistemática corresponde hoje as homiléticas:
material e formal.
3.4. IDADE MÉDIA
A Idade Média não foi além de Agostinho, mas produziu coletâneas famosas de sermões,
atualmente publicadas em forma de livros devocionais. “A homilética era quase a única forma de
oratória conhecida.”O maior pregador latino da Idade Média foi Bernardo de Claraval (1090 – 1153).
Graças a Carlos Magno (768-814), a pregação era feita na língua do povo e não exclusivamente em
latim.
3.5. REFORMA PROTESTANTE
A grande inovação da Reforma Protestante foi tornar a Bíblia o centro da pregação. Os
discursos éticos e litúrgicos foram substituídos pela pregação evangélica das grandes verdades
bíblicas, versículo por versículo. Martinho Lutero e João Calvino expuseram quase todos os livros da
Bíblia em forma de comentários que, ainda hoje, possuem vasta aceitação acadêmica e espiritual. Os
líderes da Reforma Protestante deram à pregação um novo conteúdo (a graça divina em Jesus Cristo),
um novo fundamento (a Bíblia Sagrada) e um novo alvo a fé viva.
Enquanto Lutero enfatizava o conteúdo da pregação do evangelho (a justificação pela fé),
Melanchthon ressaltava o método e a forma da pregação. Como humanista e convertido, Melanchthon
escreveu, em 1519, a primeira retórica evangélica, seguida de duas publicações homiléticas, em 1528 e
1535 d.C, respectivamente. Melanchthon sugeriu enfatizar a unidade, um centro organizador, um
pensamento principal (loci) para o texto a ser pregado. A pregação evangélica deveria incluir: tema
introdução, , disposição, exposição do texto e conclusão.
4. OS PROBLEMAS DO PREGADOR
A palavra de Deus afirma que “a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo”
(Rm 10.17). Como é possível,então, que surjam dificuldades quando esta palavra é proclamada?
FATAD Prof. Jales Barbosa 7
Homilética
O problema não está na palavra em si, porque “A Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a ponto de dividir alma e espírito, juntas
e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).
O problema não está na Palavra de Deus, mas em sua proclamação, quando feita por
pregadores que não admitem suas imperfeições homiléticas pessoais! Atualmente, as dificuldades mais
comuns da pregação bíblica encontram–se nas seguintes áreas:
4.1. FALTA DE PREPARO
Falta de preparo adequado do pregador. Na maioria das vezes, a pregação pobre tem sua
raiz na falta de estudo do orador. Muitos julgam ter condições de preparar uma mensagem bíblica em
menos de seis horas, sem o árduo trabalho exegético e estilístico. Pensam que basta ter um esboço de
três ou quatro pontos para edificar a igreja, ou acham suficientes manipular as Quatros Leis Espirituais
para levar um indivíduo perdido à obediência a Cristo.
4.2. FALTA DE UNIDADE
Falta de unidade corporal na prédica. Os ouvintes do sermão dominical perdem o interesse
pelo recado do pastor quando este apresenta uma mensagem que consiste numa mera junção de
versículos bíblicos, às vezes até desconexos, pulando de um livro para outro, sem unidade interior, sem
tema organizador. A falta de unidade corporal na prédica leva o ouvinte a depreciar até a mais correta
exposição de Palavra de Deus.
4.3. FALTA DE VIVÊNCIA
Falta de vivência real do pregador na fé cristã. O pior que pode acontecer ao pregador do
evangelho é proclamar as verdades libertadoras de Cristo e ao mesmo tempo, levar uma vida arraigada
no pecado e em total desobediência aos princípios da Palavra de Deus. Por isso, Paulo escreveu:
“...esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que , tendo pregado a outros, não venha eu
mesmo a ser desqualificado” (1 Co 9.27).
Em outras ocasiões, o pregador talvez vivendo em santificação, mas, ainda assim, quando
suas mensagens são apresentadas de forma muito teórica, empregando termos técnicos, latinos e
gregos que o povo comum não entende, elas se tornam enfadonhas. No fim do culto, o rebanho admite
que seu pastor falou bem e bonito, mas se queixará de não ter entendido nada.
4.4. FALTA DE APLICACÃO PRÁTICA
Falta de aplicação prática às necessidades existentes na igreja. Muitas mensagens são
boas em si mesmas, mas se tornam pobres na prática, na edificação do povo de Deus. Constituem
verdadeiros castelos doutrinários, mas não mostram como colocar em prática, de maneira viável, o
ensino da Palavra de Deus, negligenciando, por exemplo, oferecer ajuda concreta a uma senhora que,
após 35 anos de vida conjugal feliz, perdeu seu esposo num acidente de trânsito, na semana anterior.
4.5. FALTA DE EQUILÍBRIO
Falta de equilíbrio na seleção dos textos bíblicos. A maior parte das Escrituras foi
praticamente abandonada na pregação eficiente do evangelho. Mais de 95% dos sermões evangélicos
pregados no Brasil baseiam–se no Novo Testamento e, em geral, limitam–se a textos evangélicos, tais
como: Lc 19.1 – 10; Jo 1.12; 3.16; 14.6; Rm 8.28;2 Co 5.15 – 21 etc.
Prega–se a verdade, mas não toda a verdade! O alvo do apóstolo Paulo era pregar “o
evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3.8).
É bom lembrar que os apóstolos, e com eles a primeira geração da igreja primitiva,
utilizavam quase sempre o Antigo Testamento. Eles baseavam suas mensagens naqueles 39 livros, que
constituem mais de dois terços de nossa Bíblica atual.
4.6. FALTA DE PRIORIDADE
Falta de prioridade da mensagem na liturgia. O culto teve início pontualmente às 19h30,
com um belo programa musical seguido de muitos testemunhos empolgantes, várias orações e diversos
avisos. Finalmente às 21h30, quando toda a congregação já estava cansada, o dirigente anunciou:
“Vamos agora para a parte mais importante de nosso culto. Com a palavra, nosso pastor, que vai pregar
FATAD Prof. Jales Barbosa 8
Homilética
o santo evangelho”. O pastor, então, fica constrangido de pregar 40 minutos, pois sabe que ninguém irá
agüentar.
A característica principal de um culto evangélico é a pregação da palavra de Deus. Números
especiais bem ensaiados, testemunhos autênticos, avisos, tudo isso é útil e necessário, desde que em
seu devido lugar. Devemos zelar para que nossos cultos não se tornem festPivais de música popular ou
reuniões para avisos, mas, sim, encontros com Deus em Sua Palavra! Lutero era muito enfático em
afirmar que, onde se prega a palavra de Deus e são ministrados os batismos e as ceias, é ali que se
encontra a verdadeira Igreja.
4.7. FALTA DE PLANEJAMENTO
Falta de um bom planejamento ministerial. “O pregador eficiente tem de planejar sua
pregação com antecipação”. Muitos pastores falam sem nenhum plano ou propósito. Eles simplesmente
decidem, a cada semana, quais os tópicos para os sermões do domingo seguinte. Algumas vezes, a
decisão é feita na sexta-feira ou no sábado. A pregação sem um plano de longo alcance produz
diversos resultados negativos:
a) O pregador é colocado sob tensão e ansiedade desnecessárias;
b) Muitos pastores simplesmente pregam os mesmos sermões, domingo após domingo. Eles
escolhem um texto novo, mas, no fim, o conteúdo acaba sendo idêntico ao daquele outro velho sermão;
c) Outras vezes, o portador tem uma idéia boa para um sermão, mas não dá tempo para que ela
desenvolva; e alcance o objetivo.
d) Aqueles que não planejam sua pregação, geralmente cedem à tentação do plágio.”1
O bom pregador deve fazer um planejamento anual, incluindo mensagens para os dias
especiais (Natal, Páscoa, aniversário da igreja etc.). Dessa forma, ele alimentará seu rebanho com uma
dieta sadia e balanceada.
4.8. OUTROS MOTIVOS
Outros motivos que resultam em problemas para a homilética. Além das dificuldades já
mencionadas, devemos lembrar que a pregação vem sendo desvalorizada pela secularização que
atinge nossas igrejas. Muitas famílias preferem assistir ao “Fantástico”, em vez de ouvir uma mensagem
simplesmente exortativa e moralista.
Há também a questão de grande diversidade de igrejas e pregadores evangélicos, o que
facilita a família recém–chegada optar entre o pregador eloqüente e popular e a igreja com status. Além
disso, o estresse do dia-a-dia faz com que, mesmo no domingo, não haja mais o sossego necessário
para reflexões espirituais profundas.
5. AS CARACTERÍSTICAS DA HOMILÉTICA
Charles W. Koller apresenta o conceito bíblico de pregação como “aquele processo único
pelo qual Deus, mediante Seu mensageiro escolhido. Introduz-se na família humana e coloca pessoas
perante Si, face a face”.1
Em sua tese, Koller refere-se ao mensageiro (vocação, caráter, função) e à mensagem
(conteúdo, poder, objetivo). Na realidade, porém, as características da homilética evangélica não devem
restringir-se somente aos pólos mensageiro–mensagem. Três elementos, no mínimo, participam da
prédica: o pregador, o (s) ouvinte (s) e Deus. Podemos representá-los por meio de um triângulo, cujos
vértices simbolizam o autor, o comunicador e o receptor:
DEUS
PREGADOR OUVINTE
FATAD Prof. Jales Barbosa 9
Homilética
Neste triângulo o pregador dirige-se a Deus na preparação, e na proclamação da
mensagem ao ouvinte, sua comunidade evangélica.
O ouvinte recebe a mensagem da Palavra de Deus através da comunicação pelo pregador
ou por sua própria leitura.
Deus, por Sua vez, é autor, inspirador e ouvinte de Sua Palavra. Entretanto, ébom lembrar
que o triângulo só se completa com um núcleo: este âmago é a palavra do Cristo crucificado (1Co 2.2).
O triângulo, então, deve ser aperfeiçoado da seguinte forma:
DEUS
PREGADOR OUVINTE
Para os evangélicos, Cristo é o centro da Bíblia. Lutero ensinou enfaticamente: “A Escritura
deve ser entendida a favor de Cristo, não contra Ele; sim, se não se refere a Ele não é verdadeira...Tire-
se Cristo da Bíblia, e que mais se encontrará?”1
6. O CONTEÚDO DA HOMILÉTICA
6.1. DE ACORDO COM A PALAVRA DE DEUS
Com a Palavra de Deus, é nos dado o conteúdo da pregação. Pregamos esta Palavra, e não
meras palavras humanas. Na comunicação da Palavra de Deus, lembramo-nos de que nossa pregação
deve consistir nessa mesma palavra: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus...” (1 Pe
4.11).
Este falar não é o nosso falar, sendo antes um dom de Deus, um carisma. No poder de
Deus, nosso falar torna-se o falar de Deus: “...tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é
de Deus, acolhestes não como palavra de homem, e sim, como, em verdade é, a palavra de Deus, a
qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes” (1 Ts 2.13; c. 1 Co 2.4s.; 2 Co
5.20; Ef 1.13).
6.2. O CONTEÚDO É A PALAVRA
Concluímos, pois, que o conteúdo da homilética evangélica é a Palavra de Deus. Com ela é
nos confiado um “tesouro em vasos de barro” (2 Co 4.7). É a responsabilidade dos “ministros de Cristo,
e despenseiros dos ministérios de Deus” (1 Co 4.1), que anunciam “todo o desígnio de Deus” (At 20.27).
O conteúdo da pregação apostólica testifica a plenitude do testemunho bíblico. Isto se torna evidente ao
analisarmos os sermões de Pedro e de Paulo, no livro de Atos (mensagens de Pedro: At 2.14-40; 3.12-
26; 4.8-12; 5.29-33; 10.34-43; mensagens de Paulo: At 13.16-41; 14.15-17; 17.22-31; 20.18-35; 22.1-21;
24.10-21; 26.1-23; 26.25-29). Nestes sermões, encontramos um testemunho de seis faces que, com
palavras diferentes, repete-se:
a) O testemunho de perdição do homem (o pecado e seu julgamento);
b) O testemunho da história da salvação efetivada por Deus em Jesus Cristo (Sua humilhação,
encarnação, sofrimento, morte, ressurreição, exaltação e segunda vinda);
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Homilética
c) O testamento das Escrituras e da própria experiência;
d) O testamento da necessidade imperativa de arrependimento e dedicação da vida de Jesus
Cristo (confissão dos pecados, fé salvadora, vida santificada);
e) O testemunho do julgamento sobre a incredulidade;
f) O testemunho das promessas para os fiéis.
As mensagens apostólicas dirigem-se ao homem integral e convidam-no a uma entrega
absoluta a Cristo (consciência, razão, sentimento e vontade).
7. A IMPORTÂNCIA DA HOMILÉTICA
7.1. A CERTEZA DA PREPARACÃO MINISTERIAL
A Igreja viva de nosso Senhor Jesus Cristo origina-se, vive e é perpetuada pela Palavra de
Deus (Rm 10.17). Pregar o evangelho significa despertar, confirmar, estimular, consolidar e aperfeiçoar
a fé (Ef 4.11ss.) Por essa razão, a prédica é a característica marcante do cristianismo. “Nenhuma outra
religião jamais tornava a reunião freqüente e regular de massas humanas para ouvir instrução religiosa
e exortação uma parte integrante do culto divino”. Para o seminarista e futuro pregador do evangelho, “a
homilética constitui a coroa da preparação ministerial”, porque para ela convergem todas as matérias
teológicas, a fim de originar, vivificar, caracterizar, renovar e perpetuar o cristianismo autêntico.
7.2. PROCLAMACÃO DO EVANGELHO
Além de importante, a homilética é também nobre, “porque se interessa exclusivamente pelo
bem das almas”, que são objeto do amor infinito, da graça remidora e do poder renovador de Jesus
Cristo. Durante o COMIBAM 87 (Congresso Missionário Ibero-Americano), o líder evangélico René
Zapata (El Salvador) disse: “A pregação é o principal meio de difusão do cristianismo, mais poderosa do
que a página escrita, mais efetiva do que a visitação e o aconselhamento, mais importante do as
cerimônias religiosas. É uma necessidade sobrenatural, convence a mente, aviva a imaginação, move
os sentimentos, impulsiona poderosamente a vontade. Mas, depende do poder do Espírito Santo. É um
instrumento divino; não é resultado da sabedoria humana, não descansa na eloqüência, não é escrava
da homilética”. 1
A homilética é importante devido a seu conteúdo (a proclamação do evangelho como
característica fundamental do cristianismo autêntico), seu lugar central na pregação do ministro
evangélico e seu objeto ( o bem-estar do homem, criado por Deus).
8. A NATUREZA DA HOMILÉTICA
8.1. A VOZ DO EVANGELHO
É a teoria e prática da pregação do evangelho de nosso bendito Senhor Jesus Cristo, que
revela o poder e a justiça de Deus para todo homem que nEle crê (Rm 1.16). O teólogo alemão Trilhas
define a natureza prática da homilética como “a voz do evangelho na época atual da Igreja de Cristo”.
Os termos pregação e pregar vêm do latim praedicare, que significa “proclamar”, O Novo
Testamento emprega quatro verbos para exemplificar a natureza da pregação:
1. Kerysso, proclamar, anunciar, tornar conhecido (61 ocorrências no Novo Testamento).
Está relacionado com o arauto (keryx), “que é comissionado pelo seu soberano...para anunciar em alta
voz alguma notícia, para assim toná-la conhecida”.2
Assim, pregar o evangelho significa fazer o serviço e cumprir a missão de um arauto. João
Batista era o arauto de Deus. Para sua atividade, os sinóticos empregam o termo kerysso: Mt 3.1; Mc
1.4; Lc 3.3. Jesus, por Sua vez, era arauto de Seu Pai: Mt 4.17, 23; 11.1; e os doze discípulos, Paulo e
Timóteo, arautos de Jesus: Mt 10.7,27; Mc 16.15; Lc 24.47; At 10.42; Rm 10.8; 1 Co 1.23; 15.11; 2 Co
4.5; Gl 2.2; 1 Ts 2.9; 1 Tm 3.16; 2 Tm 4.2.
Estas referências bíblicas mostram que a natureza da pregação consiste em quatro
características principais:
a) Um arauto fala e age em nome do seu Senhor. O arauto é o porta-voz de seu mestre. É isto
que dá à sua palavra legitimidade, credibilidade e autenticidade;
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Homilética
b) A proclamação do arauto já é determinada. Ele deve tornar conhecidas a vontade e a palavra
de seu Senhor. O não cumprimento desta missão desclassifica-o de sua função e responsabilidade;
c) O teor principal da mensagem do arauto bíblico é o anúncio do reino de Deus Mt 4.17-23; 9.35;
10.7; 24.14; Lc 8.1; 9.2; e
d) O receptor da mensagem do arauto bíblico é o mundo inteiro: Mt 24.14; 26.13; Mc 16.15; Lc
24.47; Cl 1.23; 1 Tm 3.16.
2. Euangelizomai, evangelizar. Quem evangeliza transmite boas novas, uma mensagem de
alegria. Assim se caracteriza a natureza da prédica evangélica. O pregador do evangelho é o portador
de boas novas, de uma mensagem da salvação e alegria. 
Ele anuncia estas boas novas de salvação ao homem corrompido por seu pecado (Is 52.7;
Rm 10.15). O conteúdo do evangelho é a salvação realizada por Jesus Cristo (Lc 2.10; At 8.35; 17.18;
Gl 1.16; Ef 3.8; Rm 1.16; 1Co 15.1ss.), e seu alcance é o mundo inteiro. O evangelho não deve limitar-
se a uma classe especial. Ele é para todos. Todos têm direito de ouvir a mensagem de Jesus Cristo (At
5.42; 11.20; 1 Co 1.17; 9.16)
3. Martyrein, testemunhar, testificar, ser testemunha. O testemunho de Jesus Cristo é outra
característica autêntica da prédica evangélica. Jesus convidou seus discípulos para serem Suas
testemunhas do poder do Espírito Santo (Lc 24.48; At 1.8). Neste sentido, os apóstolos compreenderam
e executaram seu ministério (At 2.32; 3.15; 5.32; 10.39; 13.31; 22.15; 23.11; 1Jo 1.2; 4.14). A
testemunha qualifica-se através da comprovação de sua experiência. Isto lhe dá credibilidade,
convicção e liberdade no cumprimento de sua missão. O evangelistadiz : “...e nós temos crido e
conhecido que tu és o Santo de Deus” (Jo 6.69). Isto significa que somente aquele que experimentou
pessoalmente o poder salvador e transformador de Cristo, por meio da fé em sua pessoa e obra, é
qualificado para ser testemunha evangélica. Por isso, a testemunha do Novo Testamento testifica para
outras pessoas aquilo que apropriou pela fé. “E o que de minha parte ouviste, através de muitas
testemunhas isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2 Tm 2.2).
4. Didaskein, ensinar. Encontramos este verbo 95 vezes no Novo Testamento. Seu
significado é sempre ensinar ou instruir. O Novo Testamento apresenta-nos Jesus como um grande
educador: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras [o Sermão do Monte], estavam as
multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não
como os escribas” (Mt 7.28,29). “É o testamento unânime de todos os escritores sinóticos, que sem
dúvida coincide com a realidade histórica, que Jesus ‘ensinava’ publicamente, i, e., nas sinagogas (Mt
9.35; 13.54 par; Mc 6.2; 1.21 e passim), no templo (Mc 12.35; Lc 21.37; Mt 26.55 par.; Mc 14.49; c Jo
18.20) ou ao ar livre templo (Mt 5.2; Mc 6.34; Lc 5.3; e assim). Somente Lucas 4. 16ss. dá detalhes
acerca da forma externa de Seu ensino, ficava em pé para ler um trecho dos profetas, depois se
sentava para fazer a exposição, sendo este o costume judaico e rabínico normal “(c. Lc 5.3; Mc 9.35;
Mt 5.2)”. Jesus recebeu Seu ensino diretamente de Seu Pai (Jo 7.16s).
Os apóstolos também reconhecem a importância do ensino para as igrejas recém-fundadas
(Al 2.42; 5.28) O alvo do ensino apostólico era firmar os cristãos em sua fé, prepará-los para o serviço e
aperfeiçoá-los para a vinda do Senhor Jesus Cristo (Ef 4.11).
Concluímos, portanto, que a natureza da mensagem evangélica é explicar a história da
salvação, transparecer a revelação e o plano de Deus para o mundo, a igreja e o incrédulo (At 2.42;
20.20s; 1 Tm 3.2b, 4.13; 2 Tm 2.24). Note bem que o alvo do ensino apostólico não é a cognição nem
simplesmente o conhecimento intelectual, mas o conhecimento místico, prático, salvador e
transformador de vidas, para que sejam santificadas e preparadas a fim de produzirem as boas obras
que o Senhor dispôs de antemão para que andassem nelas (1 Co 1.5; Ef 2.10; 2 Ts 2.15; 2 Jo 9).
9. O PROPÓSITO DA HOMILÉTICA
9.1. MOTIVADOS A PRATICAR
Qual o alvo da mensagem evangélica? Podemos ficar satisfeitos com a mera preparação e
apresentação da prédica? Quais os objetivos de tanto esforço na preparação, estruturação, meditação
e, finalmente, pregação do sermão?
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Homilética
Para T. Hawkins, “os objetivos da homilética é auxiliar na elaboração de temas que
apresentam em forma atraente uma mensagem da Palavra de Deus, com tal eficiência que os ouvintes
compreendam o que devem fazer e sejam movidos para fazê-lo”. 
Em geral, podemos dizer que o objetivo da mensagem evangélica é a conversão, nutrição,
comunhão, motivação e santificação para a vida cristã.
9.2. O ALVO PRIMÁRIO
O alvo primário de toda e qualquer mensagem bíblica é a salvação de pecadores perdidos
(Rm 1.16). “Em toda pregação, Deus procura primeiramente, mediante Seu mensageiro, trazer o
homem para a comunhão Consigo”.
É por meio da mensagem anunciada, ouvida e criada que os homens são salvos da
perdição, da escravidão do pecado e da morte (Rm 10.10,17; Jo 8.34-36). Isso vale tanto para os povos
que já ouviram e creram no evangelho quanto para os povos pagãos.
O desejo de Deus é de que “todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade”(1Tm 2.4). Toda pregação do evangelho, portanto, deve incluir nitidamente a
oferta da salvação. A prédica evangélica também não deve silenciar quanto à situação e ao destino dos
perdidos (Jo 3.18, 36; Ap 22.15). Ao mesmo tempo, a pregação bíblica anuncia com convicção e
necessidade de reconhecer, confessar e deixar todo e qualquer tipo de pecado e de idolatria,
convertendo-se ao Deus vivo e verdadeiro (Pv 28.13; Rm 10.10; Ts 1.9s.).
Concluímos, pois, que é necessário salientar:
a) O testemunho da perdição eterna e depravação total do homem que vive sem Deus ou contra
Deus;
b) O testemunho da salvação em Cristo Jesus pela fé; 
c) O testemunho da importância do arrependimento e da conversão ao Deus vivo e verdadeiro;
d) O testemunho da regeneração pelo poder do Espírito Santo;
e) O testemunho da vida nova e transformada em Cristo;
f) O testemunho do senhorio de Cristo em nossas vidas;
g) O testemunho da esperança viva nos discípulos autênticos.
9.3. O ACOMPANHAMENTO DA SALVACÃO
A pregação do evangelho, porém, não se dá por satisfeita em apenas chamar à comunhão
viva com o Senhor Jesus Cristo. Após a conversão, a ênfase deve estar sobre as coisas que
acompanham a salvação (Hb 6.9). Nutrição, motivação, doutrinamento, perfeição, edificação,
consolidação, consagração e santificação devem complementar a pregação evangelística-missionária
(Cl 1.28;2.6s., Ef 3.17; 4.1 1ss., 1 Co 3.11). Isto deve acontecer individual e eclesiasticamente (Rm
15.2; 1 Co 14.3s.; Ef 2.21; 1 Pe 2.5s.; 1 Co 3.9). Como indivíduo, o cristão precisa ser aconselhado (At
20.20ss.; Jo 21.15-17; 2 Tm 4.2). Este processo de edificação e consolidação seria impossível sem do
doutrinamento (Ef 4.14; Cl 1.11).
9.4. O ENVOLVIMENTO DO CORPO DE CRISTO
O terceiro alvo da pregação evangélica visa a ação diaconal de cada membro do corpo de
Jesus Cristo (Ef 4.11ss.; 1 Ts 1.9; Tt 3.8). Faz parte da mensagem neotestamentária que o cristão
envolva-se no serviço de Deus (1Co 9.13; 2 Co 5.15; Gl 2.20). A verdadeira mensagem evangélica
estimula o cristão para as diversas possibilidades ministeriais, sociais e diaconais (At 20.28; 1 Pe 5.2;
4.10; Rm 12.4-8). Resumimos este parágrafo sobre o alvo da homilética com a convicção paulina de
jamais deixar de anunciar “todo o desígnio de Deus” (At 20.27)
10. A CHAMADA
A chamada geral envolve todos os membros do Corpo de Cristo, Mt 419 Todos os salvos
foram chamados com uma vocação, para serem pescadores de homens. A vocação da Igreja é
missionária, evangelística. Porém existe a chamada específica.
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Homilética
10.1. CHAMADA ESPECÍFICA Ef 4.11.
"Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e
outros para pastores e mestres." Nem todos foram chamados para ser pregadores ou mestres. É
preciso compreender a chamada e a vocação ministerial, para não ser um bom obreiro, porém fora do
lugar.
Muitos foram chamados e vocacionados para pregar, porém negligenciam, não querem
pagar o preço da dedicação. Ninguém pode ser bem sucedido no exercício deste ministério, se não
estiver disposto a sacrifícios que são inevitáveis na vida de um pregador bem aprovado.
A minha oração constante é para que Deus levante mais homens com a disposição do
apóstolo Paulo, com a intrepidez de Pedro e com a eloqüência de Apoio, para que o Evangelho
continue transformando e santificando vidas.
10.2. A ORAÇAO
Antes de ser o homem da pregação eloqüente, todos devem se preocupar em ser, o
"homem da oração eficiente". O pregador não pode agir como um profissional do púlpito. A mensagem
ministrada na igreja e para a igreja não é apenas para informar, mas sim para transformar, edificar,
salvar, restaurar, etc Mensagens ministradas por pregadores que não oram, é como um pão cru, que foi
servido sem passar pelo "fogo".
Este tipo de mensagem não convence nem aquele que prega, quanto mais aqueles que
ouvem.10.3. ORAÇÃO E UNÇÃO
É interessante notar que, quando Pedro e João abençoaram um homem, ministrando sobre
ele a cura de sua enfermidade, diz a Bíblia que eles estavam subindo para o templo a fim de orar (Atos
3). Disse Pedro: "Não temos ouro e nem prata, mas o que temos (unção)..." É impossível separar unção
da oração. Orar é molhar o sermão com o óleo precioso da santa unção do Espírito Santo. Ef. 6.18 Na
pregação, usar a imaginação sem unção é presunção.
Ir para cima e para baixo a semana inteira perdendo tempo com o que não é prioridade, e
depois lançar-se ao amparo do Espírito Santo é presunção ímpia, é tentativa de fazer do Senhor um
ministro da nossa preguiça e autocomplacência.
(spurgeon, C.H.) 
Jesus pregou na unção do Espírito Santo (Lc 4.18,19; Mt 13.34,35).
10.4. ORAÇÃO, E O PREGADOR EFICIENTE.
a) A oração abre a porta da revelação dos mistérios de Deus em sua Palavra.
b) A oração torna-nos sensíveis para ouvirmos a voz de Deus enquanto estudamos a sua Palavra.
c) Através da oração, o Espírito Santo traz luz para a nossa mente, para que compreendamos os
pontos mais difíceis da Palavra de Deus;
d) Através da oração Deus nos capacita com poder para pregar.
e) Sem oração a vida do pregador é tão inoperante quanto um carro sem gasolina
f) A oração é o termômetro que mede a espiritual idade do pregador.
10.5. A MEMORIA
A memória é a faculdade de reter as idéias, impressões e conhecimentos adquiridos. A
memória é sempre de grande utilidade para o orador. A memória é tão importante, que o Espírito Santo
através dela nos faz lembrar aquilo que Dele aprendemos, no momento em que estamos ministrando a
Palavra. Apesar de haver pessoas com memória prodigiosa, nunca devemos deixar de depender do
Espírito Santo.
10.6. HABILIDADE
Além de se preocupar com a memória, o pregador deve ter habilidade na ministração do
sermão. Deve ter sensibilidade para perceber a direção do vento do Espírito Santo e saber para que
tipo de auditório esta falando, se para crianças, adolescentes, jovens, adultos, homens, mulheres,
cristãos, não cristãos, etc. Jesus usou métodos diferentes para evangelizar pessoas e grupos
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Homilética
diferentes. Não basta apenas falar com elegância, é preciso através da mensagem pregada com
habilidade e unção de Deus persuadir e convencer.
10.7. A INSPIRAÇAO
O dicionário Aurélio da Língua Portuguesa dá a seguinte definição para inspiração: (Do
Latim. inspiratione) Ato de se inspirar ou de ser inspirado. Qualquer estímulo dado ao pensamento ou à
atividade criadora. O resultado de uma atividade inspiradora. Entusiasmo poético, estro. (Teol.) Moção
Divina, que dirigiu os autores dos livros da Bíblia Sagrada.
A inspiração seria a forma como o pregador prepara a mensagem para ministrá-Ia (2 Sm.
23:2; Jr.1:9,10; Ez. 3:16) É a soma de esforço através da oração, estudo da Palavra, pesquisa e
profunda reflexão para dar o melhor, vindo de Deus para o povo. O Deus que inspirou os Santos
Escritores das sagradas Escrituras, ainda inspira os que fazem da Palavra a base das mensagens que
pregam.
O pregador que é inspirado ao preparar o sermão e prega inspirado, com certeza suas
mensagens produzirão frutos que haverão de glorificar a Deus.
Sem inspiração é melhor que não haja pregação.
10.8. A CRIATIVIDADE
Quando falta criatividade no pregador, a monotonia toma conta da sua prédica e ele enfada
o auditório. Todos nós provavelmente tivemos a oportunidade de ouvir a mesma historia contada por
duas pessoas em época diferentes. É quase certo também que uma delas nos tenha impressionado
mais que a outra. Sem medo de errar, podemos dizer que a grande diferença está na criatividade de
quem as contou. Criar é esforçar-se em sair do lugar comum, forçar a imaginação a encontrar caminhos
desconhecidos para despertar os sentidos dos ouvintes e mantê-los presos à força da comunicação.
Jesus não tinha os recursos tecnológicos que possuímos hoje, porém Ele prendia seus ouvintes,
usando métodos criativos.
Os mais bem sucedidos pregadores são aqueles que usam muita criatividade ao se
comunicar com os seus ouvintes. O pregador deve estar muito atento à reação do auditório.
Durante a ministração da mensagem é importante que haja momentos de profunda reflexão,
emoção e também descontração, principalmente quando for no horário da tarde, quando, às vezes, o
auditório demonstra sonolência.
10.9. O ENTUSIASMO
Esta palavra vem do grego (enthousiasmós) que significava na antiguidade, exaltação ou
arrebatamento extraordinário daqueles que estavam sob inspiração divina, transe, transporte. Falar com
entusiasmo é falar com veemência, vigor, dedicação ardente, ardor e paixão. O pregador que comunica
a mensagem sem entusiasmo demonstra não acreditar no que está falando e dificilmente convencerá
seus ouvintes. 
O pregador eficiente é aquele que sente e vive cada frase da mensagem que está pregando.
Alguém disse: "O homem vence até sem preparo, mas dificilmente terá êxito em qualquer atividade se
não contar com a força do entusiasmo, capaz de superar todas as adversidades". Através do
entusiasmo nós demonstramos nosso amor, nossa dedicação, nossa preocupação, nossa própria vida.
10.10. A DETERMINAÇAO
Ao procurar aperfeiçoar-se, o pregador deparará com situações algumas vezes
desanimadoras que provocarão dúvidas e incertezas quanto às suas possibilidades de sucesso na arte
de comunicar a Palavra de Deus. Se nesse momento ele fraquejar, render-se ante a aparente
impotência, será fragorosamente carregado pelo turbilhão de justificativas e desculpas que aparecerão
para explicar a impossibilidade de continuar. Jesus e todos os homens de sucesso no Reino de Deus
demonstraram muita determinação no exercício do seu ministério. Sem determinação jamais Paulo faria
a declaração de triunfo pouco antes da sua morte. "Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei
a fé."
Para Jesus chegar até a cruz e dizer: "Pai esta consumado..." foi necessário muita
determinação. Os homens de sucesso são homens determinados.
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Homilética
Um exemplo de determinação foi Demóstenes, um dos maiores oradores da Grécia. Para
obter êxito na arte de falar, teve que superar dificuldades impostas pelas suas próprias deficiências
naturais. Os problemas de respiração, articulação e postura não lhe creditavam as condições mínimas
para que pudesse atingir seu objetivo de tornar-se um orador. Após muita dedicação e sofrimento
transformou seu sonho em realidade.
Tornou-se o maior orador que a Grécia pode conhecer.
Um dos segredos do grande sucesso de Daniel como cidadão do Reino de Deus, em
Babilônia, foi sua determinação. Neemias jamais teria realizado a proeza de reconstruir o muro de
Jerusalém em poucos dias em circunstancias adversas, não fosse um homem de Deus determinado.
Um homem determinado é um homem que tem grandes chances de sucesso em seu
trabalho. Quem for determinado e persistente alcançará seus ideais e propósitos na vida.
Sem determinação é bom que nem se comece qualquer trabalho, principalmente o de pregar a Palavra.
Pregar também é guerrear, lutar, etc. 
10.11. O RITMO
O ritmo é a musicalidade da fala, é a colocação mais ou menos prolongada das vogais, a
pronúncia correta das palavras, levando em conta a sua acentuação, a alternância da altura da voz e da
velocidade que imprimimos às frases, ora alta, ora normal, ora baixa; rápida em certos momentos, lenta
em outros, fazendo com que este conjunto melodioso influa no espírito e na vontade dos ouvintes.
É preciso aperfeiçoar o ritmo da fala dentro do estilo de cada um, aproveitando a energia, o
timbre e a sonoridadeda voz. Ninguém deve copiar ninguém, mas é sempre recomendável que ouça
grandes pregadores, oradores e mestres, para que se observe os efeitos do ritmo das suas palavras e
se possa associar aos produzidos pela nossa comunicação. O ritmo e a cadência de fala poderão ser
conquistados com simples exercícios de leitura de poesia, em voz alta.
10.12. A VOZ
A voz determina a própria personalidade de quem fala. Se estivermos alegres, tristes,
apressados, seguros, etc., a primeira identificação destes comportamentos é transmitida pela voz.
Por que será que a voz reflete com tanta nitidez o que se passa no interior das pessoas?
Desde o inicio da criação até os dias atuais, adaptamos certas partes do nosso aparelho digestivo e
aparelho respiratório para a produção da fala, e formando assim o aparelho fonador. Note-se, entretanto
que o aparelho fonador, embora exista para a produção da fala, é uma adaptação do nosso organismo.
Qualquer problema de ordem física ou emocional será imediatamente revelado através da voz.
10.13. A RESPIRAÇÃO
O primeiro cuidado que se deve ter para que a voz adquira a qualidade desejada é respirar
corretamente. Existe normalmente falta de sincronismo fono-respiratório, que prejudica sensivelmente a
produção da voz mais adequada. Algumas pessoas falam quando ainda estão inspirando ou continuam
a falar quando o ar praticamente já terminou. Assim, não há aproveitamento da coluna e ar que deveria
ser formada pelos foles pulmonares, exigindo um esforço excessivo das últimas partes do aparelho
fonador.
A respiração mais indicada para falar é aquela que utiliza inspiração costo-diafragmática e
expiração costo-abdominal, como fazem os bebês, principalmente quando estão dormindo ou a
respiração dos cachorros.
10.14. A DICÇÃO
Dicção é a pronúncia dos sons das palavras. A deficiência na dicção é quase sempre
provocada por problemas de negligência. É costume quase generalizado omitir os “r" e os "s" finais,
como, por exemplo. "Levá", no lugar de levar, "trazê" no lugar de trazer, "fizemo" no lugar de fizemos,
da mesma forma que se omitem comumente os ís: intermediários: "janero" em lugar de janeiro,
"tercero" no lugar de terceiro etc. Outros erros de dicção provocados por causa da negligência são a
troca do "u" pelo "L" e omissões de sílabas": "Brasiu" no lugar de Brasil, "pcisa" no lugar de precisa
etc.
Entre as pessoas mais incultas, encontramos vários erros provocados por alterações
fonéticas. É o caso da hipérftese, que é a transposição de som de uma sílaba para outra da mesma
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Homilética
palavra trigue (tigre), drento ( dentro ), e da metátese, que é a transposição de som dentro de uma
mesma sílaba troce (torce), proque (porque ).
Sérios vícios de linguagem também provocam erros na pronúncia das palavras: Rotacismo -
É a troca do L por R: crássico (clássico), Cráudio (Cláudio). Lambidacismo - É a troca do R pelo L:
talde (tarde), folte (forte).
Um exercício útil para melhorar a dicção é fazer leitura em voz alta, colocando obstáculos na
boca como o lápis, o dedo ou qualquer outro objeto que possa dificultar a pronúncia das palavras
durante o treinamento.
10.15 VELOCIDADE
Esta é uma dúvida que surge com freqüência, qual é a velocidade correta a ser empregada
na fala rápida, muito rápida, lenta, muito lenta. Cada orador e cada assunto terão sua própria velocidade
que, dependerá da capacidade de respiração, da emoção, da clareza da pronúncia e da mensagem
transmitida. Alguém dizendo: Passou rápido como a luz, é evidente que a velocidade será maior que a
normal. Dizendo, entretanto desceu lentamente como as sombras da noite, é claro também que a
pronúncia das palavras se dará com a velocidade mais lenta.
10.16. EXPRESSIVIDADE DA FALA
Além destes aspectos, é bom atentar para a expressividade dedicada às palavras dentro da
frase. Cada palavra possui uma ou mais sílabas mais importantes. Dependendo da pronúncia mais ou
menos acentuada dessas sílabas ou palavras, a mensagem poderá ser uma outra. Assim, podemos
dizer sábio, sabia ou sabiá.
10.17. INTENSIDADE
É preciso também exercitar e vigiar a intensidade da voz. Não podemos falar aos berros
para um pequeno auditório, nem aos sussurros para uma multidão. Aqueles que falam com voz igual a
um trovão, quando diante de um pequeno público, fazem papel ridículo, embora possam achar
ingenuamente que estão impressionando e conquistando os ouvintes. Com o uso generalizado do
microfone, esse problema atinge atualmente qualquer tipo de ambiente, pois a voz sai amplificada na
sua intensidade. Assim, mesmo para os grandes auditórios, quando há microfone, a voz precisa
encontrar a altura adequada para não irritar aqueles que ouvem.
A voz é um veículo fundamental no transporte da mensagem, precisa ser bem cuidada para
não prejudicar a comunicação. Se falarmos com voz defeituosa, a mensagem chegará distorcida aos
nossos ouvintes.
O pregador que sabe usar a voz com equilíbrio e bom senso aplicando algumas regras
básicas, com certeza terá muito mais sucesso do que aqueles não se preocupam com esta parte, que
uma das mais importantes na comunicação da Palavra de Deus.
10.18. O VOCABULARIO
O vocabulário corporifica todas as nossas idéias. Se ele se apresentar deficiente, não
conseguirá transmitir o que pensamos, ou, talvez, nem cheguemos a pensar, pois pensamos através de
palavras. O vocabulário deverá ser o mais vasto possível, embora, melhor do que se ter um vocabulário
riquíssimo, seria saber usar o vocabulário que se tem. Embora supondo que as idéias pudessem surgir
independentemente, sem nenhuma corporificação, só poderiam ser externadas através de um corpo,
que é representado por palavras.
10.18.1. A Escolha do Vocabulário
O vocabulário sofisticado - o vocabulário ideal não é riquíssimo, sofisticado, como se tivesse
sido pesquisado em enciclopédias e dicionários. Muito menos deve ser pobre e vulgar. O vocabulário
rico é útil para compreendermos tudo àquilo que as pessoas falam ou escrevem, mas nem sempre
deverá ser usado na nossa Expressão Verbal. O auditório não está interessado em palavra difícil. Como
é que as pessoas podem ficar concentradas na mensagem, se tiver de preocupar-se com o significado
de cada palavra?
O vocabulário pobre - o vocabulário pobre, predominante na maioria das pessoas, atende
somente às necessidades mais primárias do dia-a-dia. Compõe-se de um número reduzido de palavras
e não permite a concatenação eficiente do pensamento. Palavras vulgares não podem freqüentar a boa
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Homilética
Expressão Verbal, e o mesmo se diga das "frases feitas", surradas pelo uso, e das expressões de gíria,
que só cabem em situações especialíssimas.
O vocabulário técnico ou profissional - também não se considera como ideal o vocabulário
técnico, próprio de uma atividade. Diplomas legais, competência tributária etc. são termos que se
prestam à comunicação entre advogados, juizes e estudantes de Direito, mpas provavelmente
dificultarão o entendimento de um auditório leigo nesta ciência. Da mesma forma, produto nacional
bruto, renda "per capita", função consumo etc. só estarão ao alcance daqueles familiarizados com as
ciências econômicas. Nem todos tiveram a oportunidade de tomar conhecimento de uma linguagem,
técnica específica. Sua utilização deverá ser reservada àqueles que convivem com ela em suas
atividades normais.
O melhor vocabulário - o vocabulário ideal é aquele que se adapta a qualquer auditório.
Embora simples, traduz as idéias claramente, sem divagações. Lembremo-nos sempre, entretanto, que
palavras simples não são palavras sem consistência. O conceitode simples restringe-se à clareza das
idéias e à compreensão dos ouvintes. Quanto mais abundante for o vocabulário, maior será a
capacidade de adaptação aos mais diferentes tipos de auditórios. Essa versatilidade torna o orador
capaz de falar e transmitir a mensagem para todo tipo de ouvinte, dos mais humildes aos mais cultos e
letrados.
Como desenvolver o vocabulário
Alguns exercícios simples, fáceis de serem executados e que apresentam bons resultados:
a) Leitura eficiente - Ler um bom livro, textos, revistas e jornais, com lápis na mão e um dicionário
ao lado, possibilita o conhecimento e enriquece o vocabulário. Toda vez que deparamos com palavras
desconhecidas ou as quais não temos certezas do verdadeiro significado, devemos anotá-las e procurar
seu significado no dicionário. Em seguida, devemos construir algumas frases, utilizando a nova palavra.
Finalmente, utilizá-las em conversas e redações. Assim, ela se integrará definitivamente ao nosso
vocabulário.
b) Ouvir com eficiência - Quando ouvimos uma pessoa falando, normalmente ficamos
preocupados em compreender sua mensagem, mas raramente analisamos quais as palavras utilizadas
na sua formação. Estes momentos são muito valiosos. Se prestarmos atenção nos vocábulos usados
em cada frase, percebermos que alguns poderão pertencer ao nosso vocabulário. O procedimento é o
mesmo da leitura, anotar as palavras e estudá-las com a ajuda de um dicionário, exercitá-las nas
próximas conversas e redações e finalmente incorporá-las definitivamente no nosso vocabulário.
Existem muitas formas para tornar o vocabulário mais extenso: ler bons livros, ouvir bons
oradores, fazer palavras cruzadas e, o que é mais importante, praticar, pois se não colocarmos em
prática o que foi aprendido, de nada adiantará todo estudo e sacrifício.
É necessário que façamos uso de todos os recursos disponíveis, para enriquecer o nosso
vocabulário. Hoje é inadmissível um pregador usando o português de forma incorreta, quando se tem
todos os recursos disponíveis para aprender a falar em público corretamente. A preguiça é um mal que
tem levado muitos obreiros a cometerem coisas absurdas e vergonhosas quando falam no púlpito.
11. A EXPRESSÃO CORPORAL
Todo nosso corpo fala quando nós estamos comunicando. A posição dos pés e das pernas,
o movimento do tronco, dos braços, das mãos e dos dedos, a postura dos ombros, o balanço da
cabeça, as contrações do semblante e a expressão do olhar. Cada gesto possui seu significado próprio,
encerra em si uma mensagem. Embora os gestos tenham estreita ligação com a natureza das idéias,
nem sempre é fácil encontrar na sua expressão o complemento ideal para nossas mensagens. Muitas
vezes temos que abandonar a velocidade calma de um movimento que representaria a idéia externada,
para optar pelo movimento brusco e ríspido, coerente com a inflexão da voz.
11.1. A NATURALIDADE DO GESTO
Na comunicação durante a pregação, nada deve superar a naturalidade. É bom evitar falar
com as mãos nos bolsos, com os braços cruzados, apoiados contentemente sobre o púlpito ou tribuna,
mesa ou cadeira. Não se apresentar com a postura do corpo indicando excesso de humildade, curvado
para frente, muito menos indicando arrogância ou prepotência, com cabeça levantada olhando por cima
do auditório.
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Homilética
O gesto obedece a um processo natural. Pensamos na mensagem, ao mesmo tempo em
que informamos ao corpo o movimento a ser executado. O corpo reage e só depois pronunciamos as
palavras. Por isso o gesto vem antes da palavra ou junto com ela e não depois:
a) A posição das pernas
b) Os movimentos das mãos
c) A posição da cabeça
d) A comunicação do semblante
O semblante talvez seja a parte mais expressiva de todo o corpo. Funciona como uma
espécie de tela, onde as imagens do nosso interior são apresentadas em todas as suas dimensões.
Cada sentimento possui formas diferentes para ser apresentado pelo semblante. É muito importante o
pregador usar este recurso fisionômico para melhor comunicar a mensagem que está ministrando.
11.2. A COMUNICAÇÃO VISUAL
De todo o semblante – os olhos possuem importância mais evidenciada para o sucesso da
Expressão Verbal. Através dos olhos verificamos o comportamento do público. Se todos estão
interessados em ouvir a mensagem, se estão entendendo o que dizemos, se concordam ou se
apresentam resistência a determinada parte da mensagem.
Olhando para todos – é um hábito prejudicial à comunicação da mensagem, o pregador
olhar apenas para um lado do público, para uma única pessoa ou apenas para algumas pessoas. O
pregador eficiente é aquele que consegue olhar para todas as pessoas que estão lhe ouvindo. Quando
os olhos do pregador passam por todas as pessoas do público, cada pessoa percebendo isto vai se
sentir importante e valorizada.
11.3. A NATURALIDADE
Nada deve sacrificar a naturalidade no falar em público. Se for para alguém aprender as
técnicas da boa oratória, mas perder a sua naturalidade é melhor ficar sem a técnica e conservar a sua
naturalidade. Quando um orador está falando em público, e o auditório percebe a falta de naturalidade,
as pessoas passam a desconfiar dele Ninguém poderá parecer ter sido fabricado para falar. As pessoas
que nos ouvem, querem ver e ouvir um ser humano inspirado falando, e não um robô cujos movimentos
e gestos são todos programados. Somos apenas instrumentos da mensagem de Deus. Elas não estão
interessadas em nós, pessoalmente, mas no que estamos falando em nome de Deus.
11.4. O CONHECIMENTO
"... para se dar aos simples prudência, e aos jovens conhecimento e bom siso. Ouça o sábio
e cresça em sabedoria, e o entendido adquire habilidade." (Pv. 1:4,5)
"... jovens em quem não houvesse defeito algum, formosos de parecer, e instruídos em toda
a sabedoria, sábios em ciência, e versados no conhecimento, e que tivessem habilidade para viver no
palácio do rei..." Dn. 1.5
"Persiste em ler, exortar e ensinar..." I Tm. 4:13
Só deve falar quem tem alguma coisa de Deus para dizer. Jesus disse que o Espírito Santo
nos faria lembrar daquilo que com Ele tínhamos aprendido. Falar sobre um assunto que não estudamos
e não conhecemos, sem nenhum preparo anterior é um verdadeiro crime contra as pessoas que muitas
vezes se esforçam para estar presentes a fim de ouvirem muito de Deus através de nós.
O pregador deve conhecer bem a Palavra de Deus e também outras matérias que podem
ser muito útil na preparação do sermão a ser ministrado. Deve ter interesse pelas Artes, pela História,
pela Geografia, pela Literatura e, principalmente, pelos fatos do seu tempo. Aquele que ministra a
Palavra profética de Deus, não pode viver fora da sua realidade. Precisa estar sempre atualizado,
munido de informações, saber o que todos comentam. 
Todos os recursos desenvolvidos pela Expressão Verbal visam a transmissão da mensagem
entre aquele que fala e aquele que ouve. Se não há mensagem para ser transmitida, não há motivo
para falar.
Nunca é cedo demais para se preparar para falar Sobre um determinado tema. Se tiver uma
semana de prazo, prepare-se durante uma semana, se tiver um mês, prepare-se durante um mês, se
tiver um ano, prepare-se durante um ano.
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Homilética
Use todo o tempo disponível. Saiba sempre muito mais do que aquilo que vai expor. Aquilo
que é para eu fazer, Deus não fará por mim. A unção vem de Deus, mas estudar e preparar são partes
que cabe ao pregador.
12. PARTES DO SERMÃO
Todo sermão deve ter um:
COMEÇO MEIO FIM
13. A INTRODUÇÃO
Introdução é o processo pelo qual o pregador procura preparar a mente dos ouvintes e
prender-Ihes o interesse na mensagem que vai proclamar. É a parte inicial do corpo do sermão.A introdução é a parte vital do sermão. Seu êxito muitas vezes depende da habilidade do
ministro para conquistar a atenção dos seus ouvintes no início da mensagem. É bom o pregador tomar
o máximo de cuidado na preparação da introdução, formulando-a do modo a desafiar o interesse da
congregação logo no inicio.
13.1. UMA BOA INTRODUÇÃO.
a) Conquista a boa vontade dos ouvintes
b) Desperta a atenção e o interesse pelo tema
c) Em geral é breve
d) É interessante
e) Leva a idéia dominante ou o ponto principal da mensagem, isto é, visa diretamente o assunto.
f) Consiste em poucas palavras e breves sentenças ou frases, e cada idéia ocupa uma linha
diferente.
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TÍTULO
Tema
Texto
INTRODUÇÃO
Pontos da Divisão que pode ser de acordo com a necessidade
I. PRIMEIRA DIVISÃO
1.
2.
a)
b)
II. SEGUNDA DIVISÃO
......
III. TERCEIRA DIVISÃO
......
IV. QUARTA DIVISÃO
........
CONCLUSÃO
Nome do autor do sermão
Homilética
14. A DIVISÃO DO SERMÃO
Divisões são as seções principais de um sermão ordenado. Quer sejam epnunciadas
durante a entrega, quer não, um sermão corretamente planejado será dividido em partes distintas que
contribuirão para sua unidade. Conhecido também como desenvolvimento.
14.1. PORQUE A DIVISÃO DO SERMÃO É IMPORTANTE PARA O PREGADOR?
a) As divisões promovem a clareza de idéias.
b) As divisões promovem a unidade de pensamentos.
c) As divisões ajudam o pregador a descobrir o tratamento correto de um assunto.
d) As divisões ajudam o pregador a lembrar-se dos pontos principais do sermão.
e) As divisões não são importantes apenas para o pregador, mas também para a congregação
que lhe ouve.
15. A APLICAÇÃO
Aplicação é o processo retórico mediante o qual se aplica direta e pessoalmente a verdade
ao indivíduo, a fim de persuadi-lo a reagir de modo favorável. Esta definição envolve tanto o pregador
como o ouvinte.
O pregador nunca deve se esquecer que a aplicação é o elemento mais importante do
sermão. Mediante este processo, apresentamos aos ouvintes as reivindicações da Palavra de Deus, a
fim de obter sua reação favorável à mensagem.
15.1. REQUISITOS INDISPENSAVEIS A APLICAÇAO EFICAZ
a) É de vital importância que o pregador viva em comunhão com Deus
b) A pregação que aquece o coração e desperta a consciência não nasce na fria atmosfera do
intelectualismo, mas na comunhão íntima e contínua com o Senhor.
c) Possuir boa educação formal.
d) Ter uma boa compreensão da natureza humana.
e) Ter conhecimento das condições e interesses da sua congregação.
16. A CONCLUSAO
A conclusão é o clímax do sermão, na qual o objetivo constante do pregador atinge seu alvo
em forma de uma impressão vigorosa. A conclusão é, sem dúvida, o elemento mais poderoso de todo
sermão. Se não for bem executada, pode enfraquecer ou até destruir o efeito das partes anteriores da
mensagem. Muitos pregadores se esquecem da importância da conclusão, e, como resultado, seus
sermões, embora estejam cuidadosamente preparados nas outras partes, fracassam na parte crucial.
a) Como o pregador pode concluir o sermão.
b) Fazendo a recapitulação da mensagem pregada.
c) Usando uma boa ilustração.
d) Fazendo aplicação ou apelo.
e) Motivação.
f) Preparando a conclusão do sermão.
- Em geral a conclusão deve ser breve.
- A conclusão deve ser feita com simplicidade.
- As últimas palavras da conclusão devem ser bem escolhidas.
Exemplos:
a) Reproduzindo com vivacidade o pensamento principal do sermão. Citando o próprio texto.
b) Fazendo a menção de uma outra passagem bíblica apropriada ao sermão.
c) Citação de um poema apropriado ou uma ou duas estrofes de um hino.
d) Fazer um apelo ou desafio imperioso.
e) É bom que a conclusão esteja expressa no esboço, com poucas sentenças ou frases.
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Homilética
17. O USO DE ILUSTRAÇÕES
Disse Thomas Fuller: "Os argumentos são as colunas da fábrica de um sermão, mas as
analogias são as janelas que dão as melhores luzes"
Um dos pontos fracos na pregação em nossos dias é a falta de bom material ilustrativo nos
sermões. Muitas mensagens contendo forte alimento deixam de atingir o coração dos ouvintes,
passando como que por cima da cabeça, devido à falta de ilustrações que trariam luz e entendimento à
verdade exposta.
17.1. PORQUE AS ILUSTRAÇÕES SÃO NECESSÁRIAS AO SERMÃO
a) As ilustrações dão clareza ao sermão;
b) As ilustrações fazem o sermão tornar-se interessante – Jesus fez uso deste elemento do
sermão;
c) Dão vida à verdade;
d) É a maneira que o pregador pode usar para dar ênfase à verdade.
17.2. ONDE ENCONTRAR ILUSTRAÇÕES PARA OS SERMÕES
a) A Bíblia é uma fonte riquíssima de ilustrações;
b) Jornais, revistas e livros;
c) Na história geral e eclesiástica. A letra de um hino;
d) Muitas vezes ouvimos ilustrações de outro pregador;
e) Experiências pessoais, que vêm através da própria observação;
f) Os acontecimentos do cotidiano.
17.3. CUIDADOS QUANTO AO USO DE ILUSTRAÇÕES
a) As ilustrações devem ser sempre apropriadas;
b) Devem ser claras;
c) Cuidado com o exagero ao contar uma ilustração;
d) A ilustração não deve ser lida, porque perde a sua força;
e) As ilustrações devem ser breves;
f) As ilustrações devem ser críveis;
g) As ilustrações devem ser exatas.
17.4. TEXTOS EXTRAÍDOS DO LIVRO "LIÇÕES AOS MEUS ALUNOS " DE C .H.
SPURGEON:
"... pois não há melhor maneira de ensinar a arte cerâmica do que fazendo um vaso."
"A todo pregoeiro da justiça, como Noé, a sabedoria dá ordem: 'Farás na arca uma janela".
"Deve haver, se possível, pelo menos uma boa metáfora na mais curta elocução; como viu
Ezequiel, na visão que teve do templo, que mesmo para as pequenas câmaras havia janelas
proporcionais ao seu tamanho. O nosso alvo é sermos simples e compreendidos pelos nossos ouvintes
mais iletrados."
"As janelas tornam uma habitação muito mais aprazível e amena, e assim as ilustrações tornam
um sermão agradável e interessante. Um edifício sem janelas seria uma prisão, e não uma casa..."
"Até as criancinhas abrem os olhos e os ouvidos, e um sorriso ilumina os seus rostos
quando contamos uma estória; elas também se alegram com a luz que invade através das nossas
janelas".
"Um prédio não pode ser construído só de janelas, um sermão não pode ter um número
excessivo de ilustrações, pois o tornará frágil".
17.5. O MATERIAL ILUSTRATIVO NO SERMÃO
"uma imagem vale mais que mil palavras." Assim diz o ditado popular. Apesar disso, é fácil
constatar que uma das fraquezas mais acentuadas na pregação hodiema é a falta de um bom material
ilustrativo nos sermões. Com raras exceções, os sermões falham neste sentido, embora, muitas vezes,
alimentem bastante os ouvintes. Só que deixam de atingir seus corações pela simples falta de material
ilustrativo adequado. Robert L. Sumner, no livro Evangelização: A Igreja em Chamas, comenta: ''Muitos
pregadores são como aquele que Charles Lamb [autor inglês] descreveu e que era 'tão seco que, se o
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Homilética
furasse, só sairia serragem' ". E Sumner prossegue: ''É claro que não há nenhuma virtude na aridez do
púlpito!” O povo aprecia muito as ilustrações. Elas dão vida à mensagem; esclarecem aquilo que, sem
elas, ficaria obscuro; contam ao ouvinte, em termos da experiência, a verdade bíblica já exposta."
17.6. QUE É MATERIAL ILUSTRATIVO?
É bom entender desde o início que a expressão "material ilustrativo" é mais completa do que
o termo "ilustração". Não seria necessário fazer esta distinção não fosse o fato de muitas pessoas se
confundirem pensando que ilustrações sempre são histórias. Na realidade, há vários tiposde
ilustrações, como veremos:
A palavra "ilustrar", que vem do latim ilustrare, significa "lançar luz ou brilho, ou tomar algo
mais evidente e claro". Então, o material ilustrativo é algo que tem por finalidade iluminar, elucidar ou
explicar a verdade apresentada.
Os educadores reconhecem que uma das principais leis de ensino, para alcançar a mente e
o coração, é a da associação de idéias. Sem dúvida, quando os pregadores fazem uso de material
ilustrativo nos sermões, eles estão demonstrando compreender que a verdade ilustrada tem maior
poder de alcançar o objetivo.
O material ilustrativo tem sido comparado a janelas, que deixam à luz entrar e iluminar a
casa. Usar o material ilustrativo é como acender uma luz em uma sala escura.
O uso de material ilustrativo também tem por finalidade dar vida à verdade apresentada no
sermão. Através de um dos vários tipos de ilustrações, a mente do ouvinte cria uma imagem mental da
verdade.
O resultado de uma pesquisa feita por um grupo de psicólogos revelou como os seres
humanos adquirem seus conhecimentos através dos cinco sentidos:
a) 85% dos conhecimentos são adquiridos através da visão;
b) 10% dos conhecimentos são adquiridos por meio da audição;
c) 2% dos conhecimentos são adquiridos pelo tato;
d) 1,5% dos conhecimentos são adquiridos pelo olfato;
e) 1,5 % dos conhecimentos são adquiridos por meio do paladar.
Pode ser que alguém questione estes números. Mas a pesquisa demonstra a necessidade
de o pregador ajudar os ouvintes a "ver a verdade" que está sendo proclamada e não apenas ouvi-Ia! O
material ilustrativo ajuda neste sentido.
17.7. O USO DE MATERIAL ILUSTRATIVO NA BÍBLIA
Os pregadores bíblicos, como os profetas, apóstolos e outros, freqüentemente usaram
ilustrações em suas mensagens. O profeta Natã usou a ilustração de um homem pobre, dono de uma
cordeirinha, para levar o rei Davi a reconhecer o próprio pecado (2Sm 12.1-14). Vários profetas
pregaram sermões "visuais", utilizando objetos para ilustrar a mensagem vinda de Deus. Alguns
exemplos:
(1) O profeta Aías rasgou a sua roupa nova em 12 pedaços e deu dez para Jeroboão, ilustrando o
fato de Deus haver determinado que dez das 12 tribos de Israel seriam tiradas de Roboão, filho de
Salomão, e dadas ao próprio Jeroboão (ver 1Rs 11.26-40); 
(2) O profeta Isaías, durante certa época de seu ministério, andou descalço e despido para
mostrar como os israelitas seriam levados presos pelos assírios, egípcios e etíopes, os povos nos quais
confiaram para se defender. (ver Is 20.1-6); 
(3) O profeta Jeremias usou muitos sermões "visuais", como a parábola do cinto de linho (13.1-
11), a do jarro quebrado (13.12-14), do vaso do oleiro (18.1-7), da botija quebrada (19.1-15), dos canzis
simbólicos (27.1-22), além da compra de um terreno que simbolizava a esperança na restauração de
Israel depois do exílio (32.1-25). O profeta Ezequiel também pregou muito através de ilustrações (ver
4.1-17; 5.1-17; 6.11-14; 12.1-16; 12.17-20; 21.6-13; 21.1417; 21.19-27; 23.1-49; 24.1-14; 24.15-27;
28.6,7; 33.1-9; 34.1-31; 36.26,27; 37.1-14; 37.15-28). Ezequiel pregou tanto usando o método visual e
ilustrativo que chegou a se queixar com Deus: "(...) Ah Senhor Deus! eles dizem de mim: Não é este um
fazedor de alegorias?" (20.49). A tradução da Bíblia Viva é a seguinte: "Ah Senhor Deus! Os Israelitas
aqui em Babilônia dizem que eu não passo de um contador de histórias!"
O nosso Senhor Jesus Cristo quase sempre usava material ilustrativo para iluminar as
verdades que ensinava ao povo e apresentar profundos conceitos de natureza espiritual. Todos ficamos
FATAD Prof. Jales Barbosa 23
Homilética
impressionados com o teor dramático das parábolas, especialmente as do bom samaritano e do filho
pródigo (Lc 10.25-37 e 15.11-32). Ninguém pode se esquecer do homem rico e de Lázaro (Lc 16.1931),
do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14), do uso de uma moeda para ensinar o dever do bom cidadão, e
da pregação tão significativa através de uma toalha (Jo 13.1-17). Jesus falou das aves nos céus, dos
lírios do campo, do pão, da água viva. Cristo também usou a figura de uma criança para mostrar que é
preciso se tomar como uma delas para entrar no reino de Deus.
O evangelista Mateus chegou a descrever assim o ministério de pregação e ensino do
Mestre dos mestres: "Jesus usava sempre estas ilustrações (parábolas) quando falava ao povo, pois os
profetas disseram que ele usaria muitas. Ele nunca falava sem contar pelo menos uma ilustração. TInha
sido profetizado: 'Eu falarei por meio de ilustrações; explicarei mistérios escondidos desde o princípio
dos tempos'... Quando Jesus terminou de contar estas ilustrações, voltou para a cidade onde morava,
Nazaré da Galiléia, e lá ensinava na sinagoga e deixava todos admirados com sua sabedoria e seus
milagres" (Mt 13.34,35; 53,54 - A Bíblia Viva).
A. M. Hunter, citado por MacPherson, diz que nada menos do que 52% do Evangelho de
Lucas são compostos de parábolas e que mais do que a metade dos quatro Evangelhos tem forma de
imagens, sendo a porcentagem ainda muito maior quando é considerado apenas o ensino do nosso
Senhor e Salvador Jesus. Ele diz que mais ou menos 75% do ensino de Jesus aparecem em forma de
material ilustrativo. Há bastante simbolismo até nas ordenanças de batismo e da Ceia do Senhor.
Devemos nos lembrar de que outros grandes pregadores neotestamentários, como Pedro, Paulo e
Estevão, empregaram boas e poderosas ilustrações em suas mensagens.
Diante de tantos exemplos do uso de material ilustrativo nas próprias Escrituras Sagradas, é
de se estranhar que hoje em dia alguns combatam com tanta veemência o uso deste tipo de material
nos sermões. É curioso que o Dr. Lloyd-Jones faça uma crítica tão violenta ao uso de ilustrações em um
livro repleto de ilustrações! Embora não especifique isso, ele provavelmente está se referindo à
"apelação" e a exploração de sentimentos por meio de certos tipos de "histórias", através das quais se
procura atingir determinados objetivos e vencer resistências. De fato, usar ilustrações para este fim é
sempre condenável.
17.8. QUAL A FINALIDADE DE SE EMPREGAR MATERIAL ILUSTRATIVO?
Despertar o interesse e prender a atenção dos ouvintes. Começar o sermão, por exemplo,
com uma boa ilustração "desperta" o auditório e prende sua atenção porque estimula a imaginação.
Nós, pregadores, temos a incumbência de pregar de tal maneira que a verdade seja apresentada de
forma interessante, pois a monotonia é um dos pecados contra o Espírito Santo!
Ajudar a esclarecer, iluminar, explicar as verdades apresentadas. Já se disse que este é o
sentido original da palavra "ilustrar". Assim, o material ilustrativo ajuda a tomar clara a verdade pregada
por meio de comparações com alguma coisa conhecida. 
Às vezes, a verdade que o pregador apresenta é abstrata. Por exemplo, seria difícil explicar
o ensino de Jesus sobre a necessidade de amar ao próximo sem usar algum exemplo ou ilustração. Ele
próprio usou o exemplo do bom samaritano. Então, uma ilustração ajuda o pregador a explicar aquilo
que ele está tentando dizer. Além disso, é necessário lembrar que, enquanto nós gastamos algumas
horas e talvez dias pensando sobre as idéias que queremos transmitir aos ouvintes, até o ponto de a
mensagem se tomar parte de nós mesmos, os ouvintes têm que assimila-Ia em poucos minutos. Assim,
uma verdade que nos parece tão clara talvez não o seja para os ouvintes se não a ilustrarmos bem.
A mensagem do evangelho é simples, mas, ao mesmo tempo, muito profunda e às vezes de
difícil compreensão. Porém, com o emprego de boas ilustrações conseguiremos explicar bem as
verdades mais difíceis e profundas para que até as crianças e os novos crentes as compreendam.
Confirmar, fortalecer os argumentos apresentados e persuadir os ouvintes a aceitar as
verdades.As ilustrações podem mostrar como, onde e quando alguma coisa foi feita, e demonstram
outras facetas da verdade apresentada. Devemos nos lembrar de que vivemos na era da imagem; o
povo está acostumado a pensar enxergando as coisas. Um dos métodos mais empregados nos ensinos
em todos os níveis é o audiovisual. Na pregação da Palavra com a utilização de material ilustrativo, é
possível ajudar o povo a criar imagens mentais da verdade apresentada.
Ajudar os ouvintes a gravar bem as idéias do sermão, a lembrar daquilo que é mais
importante na mensagem. Uma pesquisa revelou que as pessoas guardam 20% do que ouvem, 40% do
que vêem e 60% do que ouvem e vêem ao mesmo tempo. É claro que o sermão normalmente é só
ouvido, mas, através das ilustrações, os ouvintes têm outra dimensão da mensagem. Elas os ajudam a
FATAD Prof. Jales Barbosa 24
Homilética
"visualizar" as verdades enquanto elas são apresentadas.
Outras pesquisas demonstram que os ouvintes se lembram das ilustrações por mais tempo
do que qualquer outra parte do sermão, e às vezes as verdades do sermão são lembradas em função
destas ilustrações. Sempre queremos que o povo se lembre da essência das mensagens, e isso fica
mais fácil com boas ilustrações.
Um famoso pregador do evangelho dizia que, se o pregador trocasse as ilustrações, ele
poderia pregar as mesmas idéias de seis em seis meses e ninguém se lembraria de que elas já tinham
sido utilizadas! Não concordo, mas o fato é que as ilustrações são muito importantes para as nossas
mensagens serem lembradas.
Veja como esta idéia foi confirmada: Certo pastor contou que numa conversa com um amigo
crente a respeito da importância das ilustrações nos sermões, o irmão implorou que ele fosse ouvir
determinado pregador que, dizia, nunca usava ilustrações em seus sermões. Aquele irmão disse ser o
tal pastor um grande pregador, conhecedor da arte de pregar. Disse ainda ter ouvido suas pregações
durante uns oito anos e afirmou que ele nunca usara qualquer ilustração em todo aquele tempo. O
pastor ouviu aquilo e insistiu em perguntar se ele tinha certeza de que o outro nunca usava ilustrações.
A resposta foi: "Sim, nunca usou nenhuma, a não ser há alguns anos, quando estava fazendo os
anúncios", e contou a ilustração usada. Àquela altura, o pastor lhe perguntou: "Diga-me algo dos
sermões desse pastor, que o irmão alega serem tão bons. Quais foram os sermões que mais lhe
impressionaram?" O homem respondeu: "Ele é muito eloqüente e lógico naquilo que diz. Ele demonstra
muito vigor e é um verdadeiro ungido quando prega. Mas não me lembro de nenhum sermão em
particular". O pastor ainda insistiu: "Então me diga algo sobre pelo menos um dos sermões que o irmão
ouviu nesses anos todos, alguns fatos objetivos". O homem respondeu: "Não posso me lembrar de
nenhum de seus sermões, mas gosto imensamente de todos eles". O pastor terminou a conversa com a
seguinte exclamação: "É muito esquisito! O irmão não se lembra de nenhum detalhe das centenas de
sermões que já ouviu, mas se lembra da única ilustração que ele usou nesses oito anos!" Tocar nos
sentimentos dos ouvintes. Não estou me referindo aqui ao abuso do emocionalismo, com um tipo de
"apelação" e manipulação dos ouvintes emocionados. Mas há o uso legítimo de emoções, dos fatores
emocionais na pregação. E as ilustrações ajudam a levar a convicção do pecado ao coração dos
ouvintes não-crentes e facilita sua decisão por Cristo.
Não é possível nos emocionarmos com o time de futebol ou de vôlei do qual somos
torcedores, ou com a política ou economia? Então é "fanatismo" quando alguém se emociona a respeito
dos fatos do evangelho e da vida em Cristo? Isso é verdade para muitas pessoas. O problema não é
usarmos um apelo às emoções nos sermões, a questão é saber se este apelo é bíblico e ético. O Dr.
John Broadus disse que os incultos usam demais o apelo emocional na pregação, enquanto os mais
cultos não o usam suficientemente.
Nas biografias e sermões de Dwight L. Moody, nos impressionamos com o fato de ele usar
tão bem as ilustrações em suas mensagens. Ele falava de seu coração ao coração de seus ouvintes,
sabiamente despertando seus sentimentos e emoções, sem manipula-los. Verdadeiramente, foi um
gigante do púlpito, exercendo uma grande influência tanto na América do Norte como na Inglaterra,
levando cerca de um milhão de pessoas para Cristo! Isto aconteceu antes da era da comunicação de
massa! Dar mais vida ao sermão. Com um bom material ilustrativo, evitaremos que ocorra o que
aconteceu com a pregação na Inglaterra no decorrer do século XX, quando o povo passou a usar uma
triste comparação: "Tão monótono como um sermão". 
Eu pergunto: Como é que um pregador consegue acabar com a vida da Palavra da Vida?
Certa vez, alguém perguntou ao famoso pastor Henry Ward Beecher como conseguia que
os operários, que lutavam tanto para sustentar suas famílias, não dormissem nos cultos. Naquela
época, eles trabalhavam muitas horas por dia e seis dias por semana. Beecher respondeu que havia na
igreja uma comissão para aqueles casos. Havia uma escala, com alguém da comissão sempre de
plantão, observando todos os participantes do culto. Quando alguém era descoberto tirando uma
"soneca", aquele que estava de plantão tinha a incumbência de ir diretamente ao púlpito para acordar o
pregador! Para Beecher, o responsável era o próprio pregador, que deveria ter um sermão
caracterizado pelo vigor! Tornar mais atraente o sermão. Um sermão pode ser ao mesmo tempo
atraente e muito útil. De fato, algo se torna ainda mais útil quando é belo. Creio que Deus gosta de
beleza. É claro que as ilustrações não são meros ornamentos, mas sem dúvida alguma elas embelezam
o sermão.
Tornar o sermão mais agradável proporcionando descanso mental aos ouvintes. O Dr. John
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Homilética
Broadus diz que as ilustrações são na verdade uma necessidade psicológica. F. B. Meyer disse certa
ocasião que os ouvintes não podiam permanecer num estado de tensão durante a mensagem, e que o
material ilustrativo proporcionava-lhes um momento para respirar fundo e descansar um pouco durante
a pregação. Ajudar na repetição da verdade. Uma das principais regras de ensino é a de repetir de
diversas maneiras as verdades básicas. Por meio do material ilustrativo, podemos repetir as principais
idéias do sermão sem cansar os ouvintes. 
Tornar o sermão mais acessível aos ouvintes. Às vezes, os sermões são teóricos e
especulativos demais, cheios de pensamentos abstratos. Alguns têm uma tendência, por causa de suas
leituras e estudos, a falar de tal forma que suas idéias são de difícil compreensão para os ouvintes.
Porém com a ajuda do material ilustrativo as verdades mais profundas e sublimes podem ser
compreendidas e aplicadas à vida do povo.
Todos gostam quando as verdades do sermão são apresentadas de forma atraente. Certo
homem, acostumado à vida no campo, desabafou com um amigo que era pastor: ''Fui ouvir no domingo
passado um pastor visitante, que tem certa fama como pregador. Ele apresentou um discurso
cuidadosamente preparado, mas não incluiu nenhuma história ou ilustração. Ele nos deu o Pão da Vida,
mas sem colocar manteiga nele. E eu gosto do meu pão com manteiga!"
É necessário apresentar a verdade, mas torná-la atraente e compreensível. E isso, sem
dúvida é viabilizado em parte pelo uso de material ilustrativo. O brilho de boas ilustrações contribui
grandemente para o êxito de sermões que de outra forma, seriam acadêmicos, teóricos e
intelectualizados demais!
É possível encontrar ilustrações em todos os lugares. Muitas vezes, encontraremos
excelentes ilustraçõesna vida cotidiana, bem pertinho de nós. 
A Bíblia é um verdadeiro tesouro de ilustrações para aquele que prega as riquezas
insondáveis do evangelho de Cristo! Quantas vezes as melhores ilustrações das verdades do Novo
Testamento são encontradas no Antigo Testamento! Muitas delas são conhecidas pelos ouvintes, como
a história de Davi e Golias e as que Jesus contou sobre o bom samaritano e o filho pródigo. Elas dão
também mais autoridade aos sermões porque ensinam a honrar a Palavra de Deus e o Deus da
Palavra. Sem duvida, o Espírito Santo usa a Bíblia como espada para alcançar o coração dos ouvintes.
As ilustrações da Bíblia são também autênticas e atuais, tão modernas quanto às notícias
de viagens ao espaço e os satélites de comunicações. A Bíblia é um arquivo inesgotável de material
ilustrativo. Nela encontram-se todos os tipos de ilustrações concebíveis, que se aplicam a todos os
assuntos que o pregador possa pregar. O povo gosta de ilustrações tiradas das Escrituras Sagradas.
Parafraseando um dos nossos hinos, o povo clama: "Contai-me a velha história de Cristo e seu amor,
utilizando as histórias do Livro dos livros!"
Há várias maneiras de utilizar o material ilustrativo da Bíblia. Pode-se apenas fazer menção
de ilustrações bíblicas como a história do bom samaritano, do profeta Jonas, de Jó, ou resumi-Ias se
forem conhecidas. Também se pode fazer:!. Ilustração com detalhes, sempre procurando usar a
criatividade.
Os ouvintes gostam de histórias da Bíblia - sobre Noé, Abraão, Jacó, José. Moisés, Davi,
Elias, Eliseu, Pedro, Paulo e outros. É difícil imaginar uma passagem mais emocionante do que a
história da cordeirinha, que o profeta Natã contou para o rei Davi. Que aprendamos a usar bem as
ilustrações bíblicas!
É importante lembrar que a Bíblia é apenas uma das fontes de ilustrações. Tenho a
convicção de que a maioria delas deve ser tirada do dia-a-dia, e devem envolver pessoas e situações
com as quais os ouvintes possam se identificar.
A literatura. As biografias e autobiografias são excelentes fontes de material ilustrativo. Um
admirável servo do Senhor disse certa vez que nunca lera uma biografia em que não descobrisse pelo
menos uma boa ilustração. Estas ilustrações têm valor porque mostram a experiência humana, da qual
podemos tirar muito proveito. Ouvi certa vez um pastor dizer que jamais queria ler qualquer biografia,
porque se sentia pequeno demais diante da grandeza dos outros. Que afirmação mais desastrosa! As
biografias e autobiografias nos ensinam e inspiram muito. Em algumas delas, podemos ver as lutas
travadas no íntimo da alma. Na autobiografia de David Brainerd, que é uma espécie de diário de suas
atividades e pensamentos, publicada depois de sua morte (aos 29 anos), os leitores sofrem e aprendem
com ele. Esse livro do grande missionário que viveu entre os índios norte-americanos teve uma
influência marcante na vida de Guilherme Carey, o pai das missões modernas, e de muitos outros.
Realmente, temos muito para observar e aprender com a vida das grandes figuras do cristianismo e do
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Homilética
mundo, tais como Martinho Lutero, John Calvino, John Knox, John Wesley, George Whitefield,
Guilherme Carey, Adonirão Judson, Charles G. Finney, Charles Haddon Spurgeon, Dwight L. Moody,
Lottie Moon e Billy Graham. A leitura de biografias e autobiografias nos ajudará em nosso próprio
crescimento espiritual, e também fornecerá excelentes ilustrações para nossos sermões.
Algumas obras de ficção têm valor como fonte de material ilustrativo porque descrevem a
vida, derrotas e vitórias, dificuldades e problemas, filosofias etc. Algumas obras consideradas clássicas
podem e devem ser lidas, como os livros de Machado de Assis, Eça de Queiroz, Charles Dickens etc.,
mas é necessário reconhecer que muitas obras são "podres". Não devemos gastar tempo lendo coisas
assim. Alguns autores que escreveram livros que pouco acrescentam a nossa vida também escreveram
algumas obras importantes. Por exemplo, Emest Hemingway escreveu o excelente livro O Velho e o
Mar, que é o relato dramático de um velho pescador com o grande peixe que pescou. Outras de suas
obras têm pouco valor para o pregador, como o livro sobre a vida de um playboy norte-americano
vivendo na Espanha. O próprio Hemingway, que teve um fim trágico, suicidando-se, admitiu que às
vezes escrevia uma obra só para ganhar dinheiro, enquanto em outras épocas escrevia porque algo
gritava dentro dele e tinha que ser colocado no papel, independentemente do retomo financeiro.
É bom ler as resenhas sobre os livros que estão sendo publicados e ouvir comentários de
outros sobre eles. É claro que teremos pouco tempo para ler obras de ficção, mas escolhendo bem uma
ou outra podemos conhecer melhor as perspectivas do mundo em que vivemos.
Outro tipo de literatura que pode fornecer ilustrações para sermões é a poesia. No passado,
as poesias tiveram mais valor do que hoje. Mas o povo ainda conhece as poesias mais importantes, e
as clássicas, e aprecia. A boa poesia é bastante expressiva, atraente e bela. Uma poesia pode ser
recitada; às vezes, uma estrofe serve como uma boa ilustração. Gosto imensamente da poesia "Oração
da Maçaneta", de Gióia Junior. Creio que ela fala a todos os pais que tem passado por experiências
semelhantes àquelas descritas. É possível fazer apenas uma referência a um poema conhecido, sem
recitá-lo. Pode-se também interpretar o poema, para descobrir seu significado e sua mensagem, ou
contar como foi escrito determinado poema.
O pregador do evangelho não deve se esquecer de que o hinário é um livro de poesias e
uma excelente fonte de ilustrações. A história de algum hino, usada como ilustração, poderá ser útil em
muitos sermões. 
O hino "A Graça Eterna", de John Newton, é uma espécie de testemunho pessoal daquilo
que aconteceu na vida do autor e uma demonstração da grandeza da graça eterna do Salvador. Newton
trabalhou com um mercador de escravos, e ele próprio viveu a vida de escravo no século XVIII antes da
sua conversão. Posteriormente Newton escreveu centenas de hinos e teve um abençoado ministério.
A tragédia já foi uma fonte inestimável de material ilustrativo para sermões, embora hoje não
se dê muita ênfase ao gênero. Quem lê os sermões do passado publicados em vários países do mundo,
verifica que existem muitas referências especialmente aos chamados dramas clássicos, como os de
Shakespeare. Quanto ao drama moderno, ocorre o mesmo dilema existente em relação à ficção
moderna: Ler ou não ler, eis a questão! Mas talvez os dramaturgos tenham tido uma preocupação maior
em transmitir uma mensagem do que os autores de livros de ficção, e por isso suas obras têm um
pouco mais de valor do que a maior parte das obras de ficção.
A mitologia também foi muito mais usada no passado do que hoje como fonte de material
ilustrativo. Existem mitos egípcios, gregos e romanos bastante conhecidos, como "O Cavalo de Tróia" e
"Narciso", que se amava e só pensava em si mesmo. Há uma referência a este último na Psicologia,
que trata do chamado narcisismo.
Também existem fábulas e lendas relacionadas à vida de países e regiões, algumas das
quais podem servir de ilustrações. Elas devem ser sempre identificadas como tais, dizendo-se, por
exemplo: "Existe uma lenda da Índia que diz (...)". É bom, quando vai servir em determinada região de
seu país ou em missões mundiais, que o obreiro leia algo sobre as fábulas e lendas locais, bem como
algo sobre sua história, ilustrações vindas destas fontes ajudarão a vencer as barreiras culturais.
Ensaios e outras obras em prosa são também importantes fontes de material ilustrativo: Por
exemplo, os livros de Ruy Barbosa, dos sociólogos Viana Moog e Gilberto Freire, do engenheiro
Euclides da Cunha e outros têm material que pode ser usadocomo ilustração.
A história é uma das mais importantes fontes de material ilustrativo. Os eventos históricos e
as atualidades - encontradas, por exemplo, em revistas semanais e em telejornais têm valor porque
apresentam uma abundância de fatos que interessam ao povo. A história de outros seres humanos é
importante, especialmente quando se trata de fatos relacionados a outros povos e seus líderes. O nosso
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Senhor Jesus Cristo usou a história para ilustrar certas verdades, como quando fez referência à
serpente de metal que Moisés levantou no deserto (ver Nm 21.8-9 e Jo 3.14-16) e o sinal de Jonas (cf.
Mt 12.38-41). Além destas, Jesus também empregou ilustrações da história do povo de Deus, quando
fez comparações utilizando Noé, Salomão e Sodoma e Gomorra.
É bom conhecer algo da História Antiga, da História Geral, da História Contemporânea, da
História da America Latina e do Brasil, da história da região onde moramos, da história eclesiástica, da
história dos batistas etc. Infelizmente, muitos que pregam as verdades eternas não têm uma visão da
importância e do significado da história, conhecendo pouca coisa a esse respeito. É bom que nós,
pregadores, procuremos uma história na História para ilustrar a história de Cristo. Clarence E.
Macartney, pastor presbiteriano norte-americano, usava muitas ilustrações históricas em suas
pregações. No livro Trials of Great Men ofthe Bible, gue ele conta a experiência de um jovem capitão do
exército norte-americano que servia no território de Oregon e, por estar longe da esposa e do filho e
bastante deprimido, adquiriu alguns vícios. Em determinado dia, quando deveria estar à frente do
pagamento do salário dos soldados, o jovem estava bêbado e não cumpriu o dever. O comandante deu-
lhe duas opções: enfrentar uma corte marcial ou pedir demissão e sair do exército. O jovem escolheu o
último caminho e viajou num navio que desceu pelo litoral Pacífico e depois subiu no Atlântico até Nova
York. Ele chegou àquela cidade sem dinheiro algum e teria dormido na rua não fosse seu encontro com
um velho amigo que garantiu a sua estada num hotel. Dez anos se passaram e o mesmo homem, agora
um general do exército da União, chegou à capital do país com seu filho e se hospedou no Millard Hotel.
Ele escreveu no livro de hóspedes: ''D. S. Grant e filho". Em 1854, Grant tinha saído quase que em
desgraça do exército, e agora era o comandante-chefe de todo o exército das forças da União, sob a
presidência de Abraão Lincoln! E era apenas o segundo general de quatro estrelas desde George
Washington, um homem que se tomou mais tarde presidente da República Norte-americana. Era
Ulysses S. Grant, cuja história, para o pastor Macartney, ilustrava o fato de as vezes termos uma
segunda oportunidade (que para Grant surgiu com a chamada Guerra entre os Estados e o fracasso
dos líderes militares da União). O nosso Deus muitas vezes também nos dá uma segunda oportunidade
quando falhamos, como deu ao profeta Jonas e ao apóstolo Pedro!
As experiências pessoais também são uma importante fonte de material ilustrativo para
sermões. Elas têm valor e significam muito para o próprio pregador, e isso faz com que ele as conte
com mais entusiasmo, convicção, autoridade e vida. Elas também possuem o elemento ou qualidade de
testemunho pessoal, elemento este que é muito importante na comunicação da mensagem. As
experiências pessoais instruem e servem como conselho para os ouvintes, demonstrando como
enfrentar e solucionar certos problemas.
Existem em nosso meio aqueles que acham que nunca devem ser usadas experiências
pessoais nos sermões. Não concordo com este ponto de vista. Mas é fundamental que sejam levadas
em consideração algumas advertências a respeito do uso destas experiências. Por exemplo, o pregador
não deve chamar mais atenção para si mesmo do que para a verdade que está sendo ilustrada. O
"grande eu" não deve estar no centro da ilustração. Exemplos: "Eu fiz isso", ou "Quando eu estava em
(u.)." Não é bom fazer o sermão da nossa própria vida ou de nossa família. Estive presente num culto
em que o pastor gastou muito tempo falando das qualidades de cada membro de sua família e da
família de sua esposa. Pude observar que o povo não apreciou muito o que estava se passando! Por
outro lado, há aqueles que são tímidos e modestos demais para usar ilustrações pessoais. Seus
sermões perdem em parte a qualidade de testemunho porque eles hesitam em contar uma experiência
pessoal, por mais importante que seja. São dois extremos, e devem ser evitados. Outra advertência:
Também não se deve exagerar quando se conta uma experiência pessoal, mudando alguns detalhes
para que ela seja ainda mais interessante! Às vezes, com o passar do tempo, conta-se a interpretação
dos fatos e não exatamente aquilo que aconteceu. Não deveria ser necessário mencionar isto, mas,
infelizmente, por causa dos abusos, deve-se dizer que o pregador não deve contar a experiência de
outrem como se fosse a sua própria. Alguns contam uma ilustração que ouviram num congresso ou
assembléia convencional ou leram em algum livro como se fosse a sua própria experiência. Em uma
palavra a isso chamamos mentira!
Que tipo de experiência pessoal podemos utilizar em nossas mensagens? É possível contar
a nossa própria experiência com Deus, por exemplo, as circunstâncias relacionadas à conversão ou à
chamada de Deus para pregar o evangelho. Porém, sem dúvida alguma, algumas das experiências
espirituais são por demais íntimas e pessoais para serem compartilhadas em sermões.
Às vezes, podemos e devemos utilizar a experiência espiritual de pessoas do nosso
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Homilética
convívio. Devemos ter bom senso e sabedoria para saber quais são as experiências que servem bem
às nossas mensagens. Se não tivermos bom senso, não haverá esperança para nós e para o nosso
ministério! Se achamos que devemos usar no sermão a experiência contada por alguém no
aconselhamento pastoral, devemos pedir permissão à pessoa. O aconselhamento pastoral é uma
espécie de "confessionário evangélico"; as conversas devem ser mantidas em sigilo, pois são
confidenciais. Se não fizermos assim, logo não teremos ninguém vindo abrir o coração e pedir
conselhos! Uma bem-aventurança que não está na Bíblia é: "Bem-aventurado o obreiro que sabe
manter a boca fechada. E é duplamente abençoado quando tem uma esposa que sabe fazer o
mesmo!". Certo jovem e sua esposa estavam enfrentando alguns problemas no relacionamento, e
achavam que seu pastor não era a pessoa mais indicada para dar conselhos. Foram falar com o pastor
de uma igreja vizinha e derramaram a alma diante dele. Gostaram dos conselhos que receberam e
resolveram voltar para assistir a um culto daquela igreja e agradecer novamente ao obreiro que lhes
havia atendido. Naquele culto, eles ficaram chocados quando viram que o pastor fez da vida deles o
"prato do dia" do sermão. Saíram dali decepcionados e revoltados e, mais tarde, me contaram o que
acontecera e disseram que nunca mais poderiam confiar naquele obreiro!
Alguém perguntará: "E depois de algum tempo, não será possível modificar um pouco a
experiência marcante que nos foi confidenciada e contá-la como ilustração, talvez em outra igreja e até
num lugar distante?". Às vezes, sim, mas devemos ter muito cuidado! Certa ocasião fui pregar numa
série de conferências evangélicas longe do Rio de Janeiro, em outro estado, e usei como ilustração
alguns acontecimentos dos quais tinha tomado conhecimento pessoalmente na igreja que pastoreava
na época. Disfarcei ou mudeialguns detalhes, nunca pensando que haveria alguém presente que
pudesse identificar ou tivesse alguma relação com aquilo. Mas depois do culto um jovem veio me
perguntar: "O irmão estava falando no sermão sobre a família tal, não estava?". Fiquei boquiaberto, mas
não pude mentir! Aí ele disse: "Eles são meus tios e primos, e já estive várias vezes no Rio e me
hospedei na casa deles e visitei a sua igreja". Graças a Deus, não foi uma experiência que pudesse me
comprometer, mas aprendi uma lição a respeito do uso das experiências pessoais de pessoas do nosso
convívio! Portanto, cuidado!
Tenha cuidado também para não contar demais as experiências de viagens que você tenha
feito! Certo pastor foi severamente criticado pelo povo de sua igreja porque não deixava passar
nenhuma oportunidade em seus sermões de fazer menção à viagem que fizera à Terra Santa! Ele dizia,
por exemplo: "Quando eu visitei o lugar mencionado neste texto, o lugar onde Jesus andou, eu (...)". O
povo logo se cansou daquilo!
A medicina e a ciência em geral eventualmente fornecem excelentes ilustrações.
Normalmente este tipo de ilustração tem valor porque possui algum elemento de autoridade e porque
existe uma curiosidade natural do povo a esse respeito. Uma dificuldade relacionada a essas
ilustrações é a de se conhecer bem fatos e detalhes para contar. Hoje em dia, há muitas referências
deste tipo nos demais e revistas. Por exemplo, ilustrações que falam de descobertas científicas e outros
acontecimentos, como viagens ao espaço e transplantes de órgãos. As obras de arte, como pinturas e
esculturas, também servem como ilustração. É possível, por exemplo, contar algo relacionado à vida de
algum artista e sua obra. Um famoso pintor estava pintando a transfiguração de Jesus quando morreu,
deixando o quadro incompleto. Um aluno seu foi escolhido para terminar a obra. Isso ilustra o fato de
Jesus ter deixado a sua obra por terminar, confiando-a aos seus discípulos e a todos nós que o
aceitamos como Senhor e Salvador. Outro exemplo foi o que aconteceu com Michelangelo, que, certa
ocasião, tropeçou numa grande pedra de mármore que havia sido jogada fora num terreno baldio. Ele
inspecionou a pedra e depois mandou removê-Ia para o seu estúdio, fazendo dela uma famosa
escultura: a estátua de Davi! Deus muitas vezes vê em alguém uma obra de arte escondida em uma
pedra suja, e a transforma em uma obra-prima de sua graça e misericórdia! No Brasil, temos as obras
de Aleijadinho, em Ouro Preto e Congonhas do Campo, que poderiam servir como ilustrações. 
As citações que ouvimos ou lemos também servem como material ilustrativo. Mas quem
prega não deve encher demais os sermões com citações, pois isso não agrada aos ouvintes. 
Às vezes, vemos uma ilustração em algum artigo ou sermão, ou ouvimos alguém que faz
uma ilustração numa assembléia convencional ou num congresso e reconhecemos que ela é digna de
ser repetida num sermão nosso. Mas se fizermos isso, é bom que digamos algo como: "Recentemente,
em um congresso de jovens, ouvi a história de (u.)".
A linguagem figurativa também fornece material ilustrativo. Exemplos: 
(1) "Ele é tão desajeitado que tropeçaria na faixa branca pintada no cruzamento das ruas!"
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Homilética
(Ouvida em um programa de televisão.); 
(2) "Não podemos permitir que se consagre o direito da raposa de viver sempre no galinheiro"; 
(3) "A mocidade deve ser uma pedra na correnteza desta crise"; 
(4) "É preciso uma vitória para temperar uma semana de empates com sabor de derrota". (De um
comentarista esportivo, falando sobre os problemas do dia-a-dia.); 
(5) "Tomar crédito barato para produzir com prejuízo é como dar um tiro na cabeça só porque o
Banco do Brasil paga o enterro" (Citado na coluna de um famoso economista.); 
(6) "E fica a gente limitada ao triste papel de um carro de bombeiros que chega atrasado em todos
os incêndios"; (Falando sobre os poucos recursos de uma agência do governo.); 
(7) "A posterior eleição de um político bem intencionado como Fulano foi uma abertura no túnel
sinistro da corrupção, onde são asfixiados os melhores ideais da nossa brava gente" (Editorial de um
jornal em que se falava sobre um governador lutando contra a corrupção.);
 (8) "Foi como se alguém ao se apoiar numa bengala partisse sob o seu peso, fazendo deslocar o
ombro, deixando a pessoa tonta de dor" (Trecho de EzequieI 29.6,7, na paráfrase da Bíblia Viva,
falando sobre o desejo dos israelitas de se apoiar nos egípcios.); 
(9) "O Dr. Beltrano, que em seus bons tempos foi mestre equilibrista da corda bamba, ora se
debate como um homem agarrado às bordas de um precipício sem fundo, quanto mais esperneia e se
debate, mais escorrega" (De um líder político de um país da Ásia.); 
(10) "Teresina é uma cidade tão quente que lá urubu voa com uma asa e se abana com a outra"
(Do chefe de uma delegação de jogadores de um clube de futebol, sobre a viagem àquela região do
país.).
A linguagem figurativa, quando bem usada, pode pintar quadros na mente dos ouvintes e
ajudar na compreensão das idéias pregadas. 
Os acontecimentos esportivos às vezes servem bem como material ilustrativo. Em época de
Copa do Mundo ou dos Jogos Olímpicos, os pregadores utilizam muitas ilustrações deste tipo. Há
referências no Novo Testamento a jogos semelhantes aos Jogos Olímpicos. Alguém usou o método
então revolucionário de preparação da seleção brasileira de futebol para a Copa de 1970, quando
sagrou-se tricampeã, como exemplo da necessidade de nos prepararmos com toda a dedicação para o
"jogo da vida". Um outro exemplo: Certo dia abri um jornal do Rio de Janeiro e li na página esportiva: "O
invicto Marciano perde para a morte". Tratava-se da morte em um desastre aéreo do ex-campeão de
pesos pesados, Rocky Marciano. Aquele que nunca tinha sido derrotado em toda a sua carreira
profissional de lutador de boxe, morreu aos 46 anos em acidente aéreo. Isso ilustra o fato de que da
morte ninguém escapa.
O trabalho secular dos membros da igreja é uma excelente fonte de material ilustrativo.
Ilustrações deste tipo são muito oportunas, pois as pessoas estão sempre pensando naquilo que fazem
para ganhar o pão de cada dia. Durante alguns anos, no início de meu ministério, fui co-pastor de um
pastor que conhecia muito bem a vida e o trabalho dos membros de sua igreja. E usava este
conhecimento fazendo referências e ilustrando seus sermões com aquilo que o povo fazia. Este era um
dos motivos pelos quais ele era um obreiro muito amado e preparado. 
A leitura de jornais, revistas e livros é outra boa fonte de material ilustrativo. Quantas vezes
tenho levado para o púlpito um recorte de um acontecimento recente, a fim de usá-Io como ilustração!
Há várias ilustrações deste tipo no livro José da Silva, Um Pregador Leigo.
Podemos criar as nossas próprias ilustrações em determinadas situações. Alguém pode
dizer: "Mas estaríamos mentindo. Nunca farei assim"! Para não ser acusado de mentiroso, basta se
guiar pelos seguintes conselhos: (1) A ilustração deve ser verossímil e nunca algo totalmente impossível
de acontecer, ou mesmo improvável; (2) Ela não deve ser contada como se tivesse acontecido. Para
evitar qualquer idéia errada, quando inventamos uma ilustração podemos começar assim: "Imaginemos
que Zezinho esteja fazendo (...)" ou "Suponhamos que a Betinha tenha a incumbência de ir ao
supermercado (...)". Em determinados momentos, parece impossível descobrir uma boa ilustração, e
temos que criar alguma que possa servir.
A esta altura, por certo alguém está estranhando o fato de que uma das fontes que mais
utiliza não foi mencionada! Trata-se dos livros de ilustrações. Para sua surpresa, prezado leitor, não
conheço nenhum professor de Homilética que recomende esta fonte,por dois motivos principais:
(1) As poucas ilustrações de "tesouros de ilustrações" realmente formidáveis e aproveitáveis
já foram usadas tantas vezes que perderam o seu brilho. Certo pastor foi convidado para pregar em
uma igreja na capital de seu país, na Europa. No meio do sermão, usou de ilustração retirada de um
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livro de ilustrações. Ele observou uma reação estranha. Em conversa com um velho amigo, membro
daquela igreja, perguntou por que o povo reagira daquela forma. A resposta foi que a igreja tinha estado
sem pastor efetivo durante bastante tempo, e diversos obreiros tinham ocupado o púlpito. E aquele
irmão era nada menos do que o décimo pregador a usar a mesma ilustração. Porém seu amigo o
consolou dizendo: "Bem, de todos os que contaram a história nos últimos 12 meses, foi você que a
contou de melhor forma!";
(2) As ilustrações citadas de livros de ilustrações geralmente não são contadas com o
mesmo vigor e entusiasmo que as ilustrações de outras fontes. De fato, quando lemos ilustrações
procurando algo que possa nos ajudar em determinado sermão às vezes pensamos: "Não vejo nada
que possa me ajudar aqui!".
Certo jovem obreiro, no início de seu ministério, recebeu o seguinte conselho de um obreiro
veterano a respeito do preparo de sermões: "Você precisará somente de dois livros. Aqui estão os
meus." O jovem olhou os títulos: Quinhentos Esboços de Sermões e Seis Mil Anedotas Morais e
Religiosas. O velho pastor disse que era necessário somente escolher um esboço e depois ver os
assuntos tratados no livro de ilustrações e combinar os dois. Terminou dizendo que o jovem teria, em
uma hora, um sermão prontinho para ser pregado. O jovem disse ter sentido uma enorme pena do
velho, porque, apesar de suas intenções serem as melhores, um jovem pastor nunca poderia ter
recebido um conselho pior a respeito do preparo para o púlpito. Ele disse, enfaticamente, que qualquer
um que fosse chamado para exercer o ministério da Palavra e estivesse determinado a ser fiel à sua
santa vocação nunca deveria usar livros daquele tipo. Eu não vou tão longe assim, mas digo que
normalmente os que pregam durante alguns anos não vão encontrar quase nada que sirva em livros de
ilustrações.
17.9. ADVERTÊNCIAS E CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO USO DE MATERIAL
ILUSTRATIVO
Não é necessário ilustrar coisas óbvias. Isso não vai acrescentar nada ao sermão!
Ilustrações que tenham pouco a ver com o ponto que está sendo focalizado no sermão, ou
cuja relação com ele seja vaga, não devem ser utilizadas.
Evite ilustrações cujas bases não tenham nenhuma relação com a vida dos ouvintes.
Algumas ilustrações servem bem em igrejas urbanas, mas não serviriam em igrejas rurais, e vice-versa.
Certa ocasião, quando estava de férias visitando minha família, meu pai me disse que não gostava das
ilustrações do pastor de sua igreja sobre a vida na Escócia. Disse-me num tom de desabafo: "Não sou
escocês e não conheço nada daquele país. Portanto, gostaria que o pastor usasse outro tipo de
ilustração."
O Mestre dos mestres e Pregador dos pregadores, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo,
usava ilustrações da vida do povo. Façamos o mesmo!
Evite ilustrações que pareçam exageradas ou inverossímeis mesmo que tenham acontecido.
Se forem usadas ilustrações assim, o pregador pegará a fama de mentiroso, o que será um desastre
para seu ministério. Tenha o cuidado de falar a verdade sem lançar mão do recurso de exagerar alguns
detalhes para produzir um efeito melhor!
Um exemplo que li e ouvi pode ter acontecido exatamente conforme contado, mas o nível de
vida espiritual exigido para tanto está tão longe da experiência da maioria das pessoas que a história
parece exagerada e totalmente irreal: Certa viúva era mãe de três filhos homens. Tanto a mãe como os
filhos eram crentes. O primogênito sentiu que Deus o queria no campo de missões e preparou-se e foi.
Mas sua vida no campo foi curta, porque logo adoeceu e morreu. A mãe, ao ouvir a notícia, disse que
aquele filho tinha sido fiel até a morte, e esperava que o segundo filho sentisse a chamada divina para ir
tomar o lugar que o outro havia deixado vazio. De fato, o segundo filho preparou-se e foi para o campo,
onde também ficou pouco tempo, até falecer. Ao receber a notícia, a mãe respondeu que os dois filhos
mais velhos tinham sido fiéis e estavam com Jesus no céu e que agora desejava que o caçula, se fosse
a vontade de Deus, também se prontificasse a seguir para o campo missionário para continuar e
completar a obra dos irmãos mais velhos. E de fato isso aconteceu. O terceiro foi para o mesmo campo,
onde, em pouco tempo, teve o mesmo fim. Ao receber a notícia da morte do filho caçula, aquela mãe
teria falado que só desejava ter mil filhos para entrega-los todos a Deus para a sua obra.
Um ex-aluno me mandou uma ilustração publicada numa revista de Porto Alegre em 1979. A
ilustração falava de estranhos rituais ligados ao casamento, tais como: "Até hoje, em algumas regiões
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Homilética
da Rússia, o noivo é obrigado a lutar contra um urso, sem nenhuma arma, para merecer a mão de sua
pretendida. Muitas vezes, mesmo derrotando o urso, o noivo fica imprestável e o casamento é adiado.
Outras vezes quem ganha é o urso, mas não fica com a noiva..." Parece uma brincadeira ou piada. Se
alguém contasse isso como sendo verdade, que é que os ouvintes iriam pensar?
Não faça o seu sermão somente de ilustrações. Lembre-se de que qualquer edifício tem
estrutura - colunas, vigas e paredes - e não é feito somente de janelas. Certa vez, um jovem me disse
que o pastor de sua igreja, "como pregador, era excelente contador de histórias". Ele estava dizendo
que faltava ao pastor mais substância, mais argumentos sólidos em suas mensagens. Só contava
histórias. Não se deve confundir a exposição do texto, e os argumentos baseados nesta exposição, com
as ilustrações usadas para complementar estas verdades. Também a qualidade das ilustrações é mais
importante do que a quantidade. Normalmente, no sermão que expõe bem um texto não é necessário
usar mais de 25 a 35% do tempo com ilustrações. Os sermões para crianças provavelmente precisarão
de mais ilustrações do que os pregados para um auditório de jovens e adultos. Excepcionalmente, o
sermão pode ser baseado numa ilustração. Eu ouvi uma fita de um sermão de Peter Marshall baseado
numa ilustração. Ele se saiu bem, mas nem todos os pregadores têm o talento de um Peter Marshall!
Então, a regra é haver proporcionalidade entre os elementos funcionais: exposição do texto, ilustração e
aplicação.
O outro lado da moeda é: não deixe de usar ilustrações! Elas são importantes.
Normalmente, cada ponto deve ter pelo menos uma boa ilustração. Para cada sermão quase que
exclusivamente feito de ilustrações, existem os que pecam pela insuficiência de material ilustrativo. 
Evite ilustrações que exijam muitas explicações para serem entendidas. Algumas ilustrações
são semelhantes à arte e à escultura modernas. Alguém tem que explicar o significado. Às vezes, uma
pessoa, ao ouvir a explicação sobre determinada obra, diz: "Agora posso entender a intenção do
artista." Mas, em seu íntimo pensa: "Não entendo nada. O artista deve ser um maluco!" Não utilize
ilustrações para mostrar o seu "grande conhecimento" ou impressionar os ouvintes. Eu me lembro de
certo pregador que ouvi algumas vezes no Rio de Janeiro, que não conseguia pregar sem citar alguns
teólogos que estavam no auge de sua popularidade em certos círculos teológicos. Parecia querer
impressionar os ouvintes por meio daquilo. Não se deve citar nomes, livros, autores etc. somente para
deixara impressão de ser um "grande conhecedor das coisas mais importantes". O pregador não deve
elogiar a sua própria pessoa nas ilustrações. Certo seminarista escreveu para um teólogo mundialmente
famoso pedindo ajuda para sua pesquisa, para poder colocar uma dedicatória a ele, e, assim,
impressionar os que leriam aquele trabalho. (Eu o ouvi dizer isso!) O teólogo respondeu que aquele
aluno, como futuro mestre, deveria saber que não era o papel do professor fazer o trabalho do aluno. E
terminou com o seguinte: Ore et labore (Ore e trabalhe)! (O seminarista mostrou o cartão postal em que
o teólogo escrevera a resposta a um grupo do qual eu fazia parte.) Mais tarde, para um outro grupo, ele
declarou que tinha recebido uma correspondência daquele grande teólogo, que tinha sido uma grande
ajuda na confecção de seu trabalho!
 Não é bom destacar uma só ilustração, a ponto de deixar o resto do sermão prejudicado. (O
sermão não deve ser preparado para acompanhar uma ilustração!) Alguém disse, brincando, que
descobrira três excelentes ilustrações e que só faltavam, então, as outras partes do sermão! Isso é a
mesma coisa que colocar o carro na frente dos bois.
Normalmente, não se deve usar uma ilustração só para fazer o povo rir. Se houver humor
em uma ilustração e ela for apropriada, pode-se usá-Ia. Mas cuidado com piadas e histórias jocosas
que nada tenham a ver com o ponto que está sendo focalizado. Deve-se manter a dignidade essencial
do púlpito. Não há nada na vida de Jesus que indique que ele tenha usado uma só ilustração jocosa.
Também, devem ser evitadas as ilustrações com sentido duplo, um aceitável e outro impróprio. Como
alguém observou: Onde há dúvida, não há dúvida! Evite! 
Não utilize ilustrações que não entenda bem. Conheça os detalhes das suas ilustrações.
Ouvi dois sermões em que ocorreram confusões quanto aos detalhes. 
Um pregador usou uma ilustração do século XVI, sobre um soldado do exército do rei
Henrique IV da Inglaterra, que saiu para a batalha com uma metralhadora na mão! (Apenas algumas
centenas de anos antes de este tipo de arma ser inventada!) Outra pessoa colocou uma carabina nas
mãos das sentinelas romanas de Pompéia, bem mais de mil anos antes da carabina ser inventada!
Nunca conte a experiência de outrem como se fosse sua própria. Isto já foi mencionado, mas é bom
repetir para dar ênfase. Certo conferencista contava grande número de experiências dramáticas de
conversão de pessoas envolvidas em acidentes de automóvel que quase morreram ou morreram. Até
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Homilética
que um dos ouvintes disse com ironia que parecia que o conferencista tinha estado presente em mais
da metade dos acidentes fatais ocorridos nos últimos anos naquela parte do país. Outro exemplo foi o
de um jovem que estava pregando uma série de conferências evangelísticas e depois de vários dias,
tinha havido poucas decisões. O pastor estava desanimado. O jovem disse que o obreiro local não
precisava se preocupar que os dois deveriam fazer muita propaganda em favor da última conferência,
quando ele conseguiria muitas decisões através de uma carta que, dizia ele, recebera de certa
adolescente de 14 anos, que lhe escrevera instantes antes de partir para a eternidade. Fizeram a tal
propaganda e conseguiram encher o templo. Houve muitas lágrimas e um clima altamente emocional,
ocorrendo também muitas "decisões". Depois do culto, o jovem mostrou a carta ao pastor da igreja. Era
um folheto publicado por uma sociedade bíblica e que, dizia o jovem, tinha sido usado com grande êxito
em várias conferências. Veja a que nível alguns descem!
Tenha muito cuidado ao elogiar pessoas não crentes em suas ilustrações. Durante alguns
anos, foram muito elogiados e comentados em sermões o caráter e.a vida moral de certo herói popular
brasileiro, que até parecia bem simpático ao evangelho e recebeu em várias ocasiões um exemplar da
Bíblia como presente de grupos evangélicos. Ele fazia questão de nunca deixar o seu nome e prestígio
serem usados para fazer propaganda de bebidas alcoólicas, cigarros ou qualquer outra coisa
questionável. Mas nos últimos anos ele tem dado entrevistas na televisão a respeito de sua separação e
divórcio, e enfaticamente tem declarado que não pode viver sem uma mulher, mas que nunca mais
voltará a se casar. Parece que mudou de idéia, porque casou de novo e também voltou atrás e já fez
propaganda de bebida alcoólica!
Outro exemplo: Um grande humanitário, um verdadeiro gênio, com três doutorados
merecidamente conquistados em campos tão diferentes como teologia, música, e medicina, e
considerado por muitos como um dos maiores homens de Deus de todos os tempos, escreveu vários
livros, alguns dos quais publicados no Brasil. Vi elogios dirigidos a ele em muitas publicações, inclusive
evangélicas. Mas o fato é que ele morreu dizendo ser unitarista, ou seja, negando a divindade de Jesus
Cristo, o Filho de Deus, e a existência do Espírito Santo, terceira pessoa da Trindade Divina. Ele
recebeu muita influência de filosofias orientais, e chegou a ensinar o respeito pela vida animal a tal
ponto de não permitir que fossem mortos insetos e animais de todos os tipos, mesmo pela saúde
pública. E se alguns jovens ficarem entusiasmados com seu exemplo altruísta e, querendo saber mais
sobre ele, começarem a ler os livros que escreveu? Será que ficarão mais influenciados por suas
heresias doutrinárias ou por sua vida altruísta, sem levar em conta sua base doutrinária?
Não sei por que alguns acham que é necessário fazer citações de pessoas incrédulas, como
certos filósofos e "intelectuais" de outras áreas de estudo, como que concordando com as suas idéias.
Dizem, por exemplo: "Como o grande filósofo Fulano escreveu (...)". Ora, o professor Fulano poderia ser
um ateu e inimigo do evangelho, mas parece que isso pouco importa. Outros citam teólogos radicais e
até imorais com aprovação. É claro que cada professor, filósofo ou teólogo, qualquer que seja sua
posição, vez por outra tem alguma coisa boa e apropriada para dizer. Mas o pregador deve ter o
cuidado de não colocar em suas mensagens ilustrações vindas de tais fontes. Isso porque quando cita
alguém favoravelmente em sua mensagem, está sugerindo que aquela pessoa fez uma contribuição
digna de nota. E alguns ouvintes, em outras ocasiões futuras, podem ouvir seu nome num contexto
inteiramente diferente, em que suas opiniões contradigam o ensino bíblico. Talvez não tenham uma
base suficiente para rejeitar as idéias ou doutrinas enlatadas porque antes ouviram alguém fazer
citações favoráveis num sermão.
Evite se desculpar pelo uso de qualquer ilustração pessoal. Não diga: "Desculpem a minha
falta de modéstia" ou "Perdoem-me esta referência pessoal". As experiências pessoais, quando bem
escolhidas e empregadas, são importantes para as mensagens. Tenho observado como os ouvintes
gostam de ilustrações assim, quando seguimos as regras propostas. Realmente, temos muito mais
autoridade pregando sobre algo que enfrentamos pessoalmente e sobre verdades que estamos pondo
em prática em nossas próprias vidas. 
Varie o tipo de ilustração que você utiliza. Certo jovem pregou um sermão em que usou
duas ilustrações quase iguais, uma na introdução e outra na conclusão. Teria sido melhor se tivesse
substituído uma delas por outro tipo de ilustração. Existem tantas fontes e tipos de ilustração que não é
necessário cair na rotina. 
Tenha cuidado com ilustrações "enlatadas", ou as de livros de ilustrações.
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17.10. CARACTERÍSTICAS DAS BOAS ILUSTRAÇÕES
Entre as características de boas ilustrações podem ser destacadas as seguintes:
Devem ser simples. A verdadecentral de uma ilustração nunca deve ser escondida entre
muitos detalhes. Alguns detalhes são importantes, mas às vezes consegue-se "enterrar" a verdade no
meio de tantos detalhes. Mas reconheço que é bom ser específico. Por exemplo, em vez de dizer que
faz algum tempo que uma senhora fazia isso ou aquilo, é melhor dizer: "Era uma tarde muito quente do
dia quatro de janeiro de 1992, quando a senhora Fulana entrou numa loja da Rua Sete procurando um
presente", e continuar com a ilustração.
As ilustrações devem ter unidade de pensamento e estar em harmonia com o ponto que
está sendo ilustrado, e é bom que sejam usadas para chegar à aplicação prática da verdade exposta. 
Elas devem ter progresso e ação. Devem ser cheias de vida. Ajuda muito fazer uma
ilustração com ânimo e empolgação.
Devem ter um ponto alto ou clímax.
Devem ter um elemento de interesse humano; devem ser ligadas à vida do povo.
Devem ser bem preparadas. 
Deve-se pensar bem sobre como utilizar, da melhor maneira, as ilustrações.
17.11. MÉTODOS DE PRESERVAR OU ARQUIVAR O MATERIAL ILUSTRATIVO
É necessário guardar as boas ilustrações que acumulamos com o passar do tempo e não é
bom depender da memória. Por certo, você já ouviu algumas excelentes ilustrações e pensou: "Nunca
vou me esquecer delas". Mas, passado algum tempo, talvez tente se lembrar e não consiga. Faltam
detalhes que, ausentes, não a tomam eficaz. Também não é suficiente marcar algum livro ou revista em
sua biblioteca particular, dependendo de sua memória para lembrar onde encontrar aquela ilustração.
Depois de algum tempo e possuindo algumas centenas de livros, isso será impraticável. Alguns fazem
listas de ilustrações em fichas, como: "ilustração sobre a fé no livro tal, página tal". Mas isso também
não funciona bem. Porém, há outros métodos úteis. 
É possível manter um fichário com os detalhes das ilustrações. As fichas devem ser
ordenadas alfabeticamente por assuntos. 
Alguns utilizam cadernos ou álbuns para guardar ilustrações, inclusive colando recortes de
jornais e revistas. Certo obreiro chegou a ter quase 100 grandes álbuns ou cadernos cheios de
ilustrações. Não é de admirar que muitos o apontaram como o homem das excelentes ilustrações, com
dezenas de livros escritos em que era evidente o cuidado com este aspecto da pregação.
Outros usam envelopes ou caixinhas para guardar as ilustrações, separando-as por assunto
ou por objeto (Evangelísticas, mensagens de consagração etc.) O pastor Rubens Lopes, certa ocasião,
mostrou a um grupo de seminaristas e seus conselheiros (inclusive este autor) como arquivava suas
ilustrações e sermões. Ele utilizava pequenas caixas e tinha desenvolvido o seu próprio sistema de
arquivo.
Podem ser usadas pastas de papelão em um arquivo comum, com pastas para diferentes
assuntos e/ou objetivos. Cuidado para não adotar um sistema que requeira muito tempo para manter-se
atualizado ou cujo material seja muito caro. Qualquer que seja o método usado, devemos adotar um
sistema útil e que evite a perda do bom material ilustrativo encontrado para nossos sermões.
É possível utilizar materiais visuais para ajudar na apresentação de alguns sermões - por
exemplo, um quadro negro, um cartaz, gráficos, fotos, mapas, slides, transparências para retroprojetor
etc. Alguns publicam as idéias principais de um de seus sermões dominicais no boletim de domingo,
deixando espaço para outras anotações. Outros utilizam objetos de três dimensões, como os sermões
visuais dos profetas que já foram mencionados, como a "canga" ou o "cinto de linho". Ágabo também
pregou um sermão visual quando se amarrou com o cinto do apóstolo Paulo, dizendo que o dono do
cinto seria preso em Jerusalém pelos judeus e entregue nas mãos dos gentios (ver At. 21.11) Mas é
preciso ter o cuidado de nos prepararmos bem, com um domínio total do objeto. Uma irmã estava
fazendo uma palestra e tentou prender um cartaz no quadro-negro enquanto falaa. Só que a madeira
era muito dura, e os percevejos não entravam nela. Depois de alguns momentos embaraçosos, ela
procurou segurar o cartaz e falar a respeito daquilo que estava escrito nele. Foi um desastre.
Se usarmos uma ilustração visual é preciso que ela seja realmente visual. Às vezes, alguém
usa um objeto pequeno demais para o tamanho do auditório. Também não é raro que os detalhes do
objeto obstruam a idéia principal ou a tornem confusa. No quadro-negro, por exemplo, ou num cartaz, é
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possível abreviar as palavras e desenhar símbolos que servem melhor do que frases mais
desenvolvidas. Para salientar algum aspecto é possível desenhar um objeto fora de seu tamanho
normal. Outro erro observado é pôr-se na frente do objeto visual (corno as informações do quadro-negro
ou do cartaz). Nunca se deve falar mais ao objeto do que aos ouvintes, corno alguém que vira o corpo e
fala para o quadro-negro. Fale diretamente ao povo!
O material ilustrativo é fundamental para o bom êxito de nossos sermões. Formule suas
próprias convicções sobre isso, e esteja atento as centenas de ilustrações que estão ao nosso redor,
além de utilizar as fontes e tipos estudados aqui. O profeta Habacuque disse: "Então o Senhor me
respondeu, e disse: Escreve a visão, e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler. Quem
passa correndo." (2.2). A Bíblia Viva diz: "Escreva a minha resposta em urna prancha, em letras bem
grandes, para que qualquer pessoa possa ler a mensagem num relance e saia correndo para contar a
outros!" (grifo do autor). É nossa responsabilidade fazer sermões tão claros, inclusive utilizando bom
material ilustrativo, de modo que os ouvintes compreendam, ponham em prática e levem a mensagem a
outros!
18. MODELO DE SERMAO
18.1. MODELO OU ESQUELETO DE UM SERMAO OU MENSAGEM
TEMA: O PERFIL DE UM SERVO APROVADO
Texto bíblico: Rm 1.1; 2Pe 1.1; Fl 2.7-8
INTRODUCAO:
Hoje muitos querem ser tudo menos “um servo” etc.
DIVISAO DOS ASSUNTOS
I – PORQUE MUITOS NÃO QUEREM SER SERVOS
a) O servo não tem vontade própria
b) A vontade do servo e a vontade do seu senhor
II. O PERFIL DE UM SERVO APROVADO
1. Perfil
a) Fidelidade
b) Prudência
c) Humildade
d) Vigilância
2. Recompensa
a) Terá confiança do seu senhor
b) Foste fiel no pouco sobre o muito te colocarei
c) Entra no gozo do teu senhor
Obs. “Não esqueça de uma boa ilustração”
III. O PERFIL DE UM SERVO REPROVADO
1. perfil
a) Infidelidade (Mt 24.48)
b) Violência (coração mau – Mt 24.49)
c) Imprudência (Mt 24.49; 25.26)
d) Critico (Mt 25.24)
e) Inutilidade mt 25.30
f) Ociosidade
g) Insensato (amigo de ébrios)
2. Recompensa
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a) Será lançado para fora
b) Seu lugar de castigo, será com os hipócritas
CONCLUSAO
O segredo está em termos um perfil de um servo aprovado.
Anotações
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PARTE II – TIPOS DE SERMÕES
1. O SERMÃO TEMÁTICO
Há muitos tipos de sermões e vários meios de classificá-los. Na tentativa de classificá-los,
os autores de obras de homilética usam definições diversas que às vezes se sobrepõem. Alguns
escritores classificam os sermões de acordo com o conteúdo ou assunto; outros, segundo a estrutura, e
ainda outros quanto ao método psicológico usado no momento da apresentação da mensagem.
Existem outros métodos, mas talvez o menos complicado seja a classificação em temáticos,
textuais e expositivos. Estudaremos a preparação de mensagens bíblicas examinando estes três tipos
principais.
1.2. DEFINIÇÃO DO SERMÃO TEMÁTICO
Começaremos a apresentação do sermão temático com uma definição que, se o estudante
compreender bem, terá dominado os elementos básicos da redação temática.
Sermão temático é aquele cujas divisões principais derivam do tema, independentemente do
texto. Examine com cuidado esta definição. A primeira parte afirma que as divisões principais devem ser
extraídas do próprio tema do sermão. Isso significa que o sermão temático tem início com um tema ou
tópico, e que suas partes principais consistem em idéias derivadas desse assunto.
A segunda parte da definição declara que o sermão temático não requer um texto como
base de sua mensagem. Isso não significa que a mensagem não seja bíblica, mas apenas que a fonte
do sermão temático não é um texto bíblico.
Entretanto, para termos a certeza de que o conteúdo da mensagem será totalmente bíblico,
devemos principiar com um assunto ou tópico tirado da Bíblia. As principais divisões do esboço do
sermão devem basear-se nesse tópico, e cada divisão principal deve apoiar-se numa referência bíblica.
Os versículos nos quais se fundamentam as divisões principais devem ser, em geral, extraídos de
porções bíblicas mais ou menos distantes umas das outras.
1.3. EXEMPLO DE SERMÃO TEMÁTICO
A fim de compreendermos com maior clareza a definição, trabalhemos juntos num esboço
simples.
Escolheremos como tema, razões para a oração não respondida.
Note que não estamos usando um texto, mas um tema bíblico.
Deste tema vamos derivar as divisões principais.
Portanto, precisamos descobrir o que a Bíblia apresenta como razões para a oração não
respondida. Meditando em várias partes das Escrituras referentes ao nosso tema e trazendo-as à
mente, encontramos textos como os seguintes, os quais indicam por que, com freqüência, a oração fica
sem resposta: Tiago 4:3; Salmo 66:18; Tiago 1:6-7; Mateus 6:7; provérbios 28:9 e 1 Pedro 3:7. 
É neste ponto que uma boa Bíblia de referência e uma concordância bíblica completa, ou
uma Bíblia dividida em tópicos, são de valor inestimável.
Com a ajuda destas referências bíblicas descobrimos as seguintes causas para a oração
não respondida: -
I. Pedir mal, Tiago 4:3.
II. Pecado no coração, Salmo 66:18.
III. Duvidar da Palavra de Deus, Tiago 1 :6-7.
IV. Vãs repetições, Mateus 6:7.
V. Desobediência à Palavra, Provérbios 28:9.
VI. Procedimento irrefletido nas relações conjugais, 1 Pedro 3:7.
Aqui temos um esboço temático bíblico, cujas divisões principais derivam do tema, razões
para a oração não respondida, e são sustentadas por um versículo da Bíblia.
1.4. UNIDADE DE PENSAMENTO
É preciso observar que, segundo o exemplo dado acima, o sermão temático contém uma
idéia central. Em outras palavras, esse esboço trata de um único tema, a saber: razões para a oração
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não respondida. Podemos pensar em muitos outros fatores importantes referentes à oração, tais como
o seu significado, sua importância, seu poder, seus métodos e os resultados obtidos.
Contudo, a fim de nos mantermos fiéis à definição do sermão temático. Devemos basear no
tema as partes principais do esboço. Isto é, devemos limitá-lo à idéia contida no tema. Itens como o
significado e a importância da oração devem ser omitidos dessa mensagem particular. Porque nosso
tema nos restringe ao tratamento dos fatores que impedem a resposta de Deus às nossas orações.
1.5. TIPOS DE TEMAS 
A Bíblia trata de todas as fases concebíveis da vida e das atividades humanas. Também
revela os propósitos de Deus na graça para com os homens no tempo e na eternidade. 
Assim, a Bíblia contém uma fonte inesgotável de temas, dentre os quais o pregador pode
selecionar Material para mensagens temáticas adequadas a toda ocasião e condição em que as
pessoas se encontrem. Mediante o garimpar constante e diligente da Palavra. O homem de Deus
enriquecerá sua própria alma com pepitas preciosas da verdade divina, possibilitando-lhe partilhar sua
riqueza espiritual com outros, de modo a enriquecê-los também nas coisas que têm importância no
tempo e na eternidade.
Do vasto tesouro do escrito sagrado podemos colher temas como: influências para o bem.
Pequenas coisas que Deus usa, erros dos santos de Deus, bênçãos através do sofrimento. Resultados
da incredulidade. Absolutos divinos que moldam o caráter, os imperativos de Cristo, os deleites do
crente. As mentiras do diabo, conquistas da cruz, sinais do nascimento do crente, problemas que nos
confundem, as glórias do céu, as âncoras da alma, remédios para as enfermidades espirituais, as
riquezas do crente, conceitos bíblicos para a criação de filhos e dimensões do serviço cristão.
Mais adiante, neste capítulo, o aluno verá os princípios básicos para a construção das
divisões principais dos esboços temáticos. O exame destes esboços mostrará ao leitor que eles não
apenas possuem um tema ou tópico, mas também um título que difere do tópico. Para nossos
propósitos presentes. Contudo, é bom notar que assunto, tópico e tema são sinônimos.
O título, por outro lado, é o nome dado ao sermão, que deve ser interessante e atraente.
Escolhas de temas aplicando-se o aluno ao estudo temático da Bíblia. Descobrirá uma variedade tão
grande de tópicos que às vezes não saberácomo escolher um tema apropriado para uma mensagem.
Na seleção do tema, devemos buscar a direção do Senhor, que no-la dará à medida que
passamos tempo em oração e meditação da Palavra de Deus. Outros fatores também podem influir na
escolha de um assunto, que pode ser determinada pelo tema sobre o qual o pastor é chamado a pregar
ou pela ocasião específica na qual a mensagem deve ser entregue. Repito: certas condições existentes
numa congregação podem indicar a necessidade ou conveniência de um tópico apropriado às
circunstâncias.
Embora o sermão temático não se baseie diretamente num texto bíblico, o ponto de partida
para uma idéia sobre a qual construímos um esboço temático pode ser um versículo bíblico. Por
exemplo, Gálatas 6:17, diz: "Quanto ao mais, ninguém me moleste, porque eu trago no corpo as marcas
de Jesus." Não há dúvida de que Paulo, nesta passagem, se refere às cicatrizes deixadas em seu corpo
por seus perseguidores, cicatrizes que eram marcas visíveis de que ele pertencia a Cristo para sempre.
Fontes extrabíblicas revelam que, quando Paulo escreveu estas palavras, o ferrete era
usado não apenas para marcar animais, mas também seres humanos, deixando marcas na carne que
jamais podiam ser apagadas ou removidas. 
Pelo menos três tipos de pessoas exibiam cicatrizes desse tipo: escravos que eram posse
de seus senhores, soldados que às vezes marcavam a si mesmos com o nome do general sob quem
serviam, como prova de sua devoção total à causa, e devotos que se apegavam para o resto da vida a
um templo ou à divindade que ali era adorada.
Como resultado desta informação, construímos o esboço temático apresentado abaixo:
Título: As Marcas de Jesus"
Tema: As marcas de um crente dedicado.
Introdução:
I. Como o escravo, o crente dedicado leva a marca da posse do Mestre a quem ele pertence, 1
Coríntios 6: 19-20, Romanos 1:1
II. Como o soldado, o crente dedicado leva a marca da devoção ao Comandante a quem serve, 2
Timóteo 2:3, 2 Coríntios 5:15.
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III. Como o devoto, o crente dedicado leva a marca de adorador do Mestre, a quem venera,
Filipenses 1:20; 2 Coríntios 4:5.
1.6. MODELOS BÁSICOS DA PREPARAÇÃO DE ESBOÇOS TEMÁTICOS
1.6.1: As divisões principais devem vir em ordem lógica ou cronológica.
Isto significa que devemos ter como alvo desenvolver o esboço em progressão lógica ou
cronológica, que será determinada pela natureza do tópico. Escolhemos como tema as verdades vitais
referentes a Jesus Cristo, e assim construímos o seguinte esboço:
Titulo "Digno de Adoração”
Tema: Verdades vitais referentes a Jesus Cristo.
I. Ele é Deus manifestado na carne, Mateus 1:23.
II. Ele é o Salvador dos homens, 1Timóteo 1:15.
III. Ele é o Rei vindouro, Apocalipse 11:15.
Observe que este esboço está em ordem cronológica. Jesus Cristo, Filho de Deus,
primeiramente se encarnou, depois foi à cruz e deu a vida para tonar-se nosso Salvador, e algum dia
virá para reinar como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Observe também que, de acordo com a
definição de sermão temático, as divisões não são tiradas do título, mas do tema ou assunto. O mesmo
se aplica a todos os esboços temáticos apresentados neste capítulo.
Abaixo se encontra outro exemplo de progressão, no qual as divisões estão dispostas em
ordem lógica. O tema trata das características da esperança do crente, e empregaremos estas três
palavras "Esperança do Crente", como título do esboço:
Título: "Esperança do Crente"
Tema: Características da esperança do crente
I. É uma esperança viva, 1 Pedro 1 :3.
II. É uma esperança salvadora, 1 Tessalonicenses 5:8.
III. É uma esperança segura, Hebreus 6:19.
IV. E uma boa esperança, 2 Tessalonicenses 2:16.
V. É uma esperança invisível, Romanos 8:24.
VI. É uma esperança bendita, Tito 2:13.
VII. É uma esperança eterna, Tito 3:7.
Note que o esboço atinge o auge na última divisão.
1.6.2. As divisões principais podem ser uma análise do tópico.
Na análise de um tópico é preciso que o dividamos em suas partes básicas e que cada
divisão do esboço contribua para a inteireza da apresentação do tema. Tomemos como tópico os fatos
principais a respeito de Satanás, apresentados na Bíblia.
Usando "Satanás, Nosso Arquiinimigo" como título, podemos analisar o tema da seguinte
maneira:
Título: "Satanás, Nosso Arquiinimigo"
Tema: Principais fatos bíblicos a respeito de Satanás:
I. Sua origem, Ezequiel 28:12-17.
II. Sua queda, Isaías 14:12-15.
III. Seu poder, Efésios 6:11-12; Lucas 11:14-18.
IV. Suas atividades, 2 Coríntios 4:4; Lucas 8:12; 1 Tessalonicenses 2:18.
V. Seu destino, Mateus 25:41.
Note que, se omitíssemos a segunda divisão principal deste esboço, não teríamos uma
analise satisfatória do tópico, pois faltaria uma característica básica. É possível, contudo, que um estudo
posterior de Satanás na Bíblia acrescente a este esboço um ou dois outros pontos importantes.
Observe também que, de acordo com a regra anterior, as divisões se dispõem em ordem lógica.
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Homilética
1.6.3. As divisões principais podem apresentar as várias provas de um tema.
O esboço que se segue foi construído dessa maneira:
Título: "Conhecendo a Palavra de Deus"
Tema: Alguns benefícios do conhecimento da Palavra de Deus.
I. O conhecimento da Palavra de Deus toma a pessoa sábia para a Salvação, 2 Timóteo 3:15.
II. O conhecimento da Palavra de Deus nos impede de pecar, Salmo 119:11.
III. O conhecimento da Palavra de Deus produz crescimento espiritual, 1 Pedro 2:2.
IV. O conhecimento da Palavra de Deus resulta num viver vitorioso, Josué 1 :7-8.
Vemos que cada uma das divisões principais deste esboço confirma o tópico: cada
afirmativa nas divisões principais mostra um dos benefícios do conhecimento da Palavra de Deus.
1.6.4. As divisões principais podem tratar um assunto por analogia ou por contraste com algo mais na
Escritura.
Um esboço temático desse tipo compara ou contrasta o assunto com algo a que se
relacione na Bíblia. Por exemplo, lemos em Mateus 5:13 que o Senhor Jesus disse: "Vós sois o sal da
terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para,
lançado fora, ser pisado pelos homens." Um exame do contexto deste versículo indica claramente que
Cristo se refere ao testemunho do crente e o compara ao sal. Podemos, pois, construir um esboço com
o título: "Testemunho Eficaz", no qual cada divisão consista numa comparação do testemunho do crente
com o sal:
Titulo "Um Testemunho Eficaz"
Tema: Comparação do testemunho do crente com o sal.
I. Como o sal, o testemunho do crente deve temperar, Colossenses 4:6.
II. Corno o sal, o testemunho do crente deve purificar, 1 Tessalonicenses 4:4.
III. Como o sal, o testemunho do crente não deve perder o sabor, Mateus 5:13.
IV. Como o sal, o testemunho do crente deve produzir sede, 1 Pedro 2:12.
1.6.5. As divisões principais podem ser repetições de uma palavra ou frase tirada da Escritura.
A frase "Deus pode" ou "ele pode" ou "ele é poderoso" (na qual o pronome "ele" se refere ao
Senhor) ocorre várias vezes na Bíblia. Tendo esta proposição como base de cada divisão principal
obtemos o seguinte esboço:
Titulo: "A Capacidade de Deus"
Tema: Algumas coisas que Deus pode fazer.
I. Ele pode salvar, Hebreus 7:25.
II. Ele pode guardar, Judas 24.
III. Ele pode socorrer, Hebreus 2:18.
IV. Ele pode subordinar, Filipenses 3:21.
V. Ele pode conceder graça, 2 Coríntios 9:8.
VI. Ele pode fazer muito mais do que pedimos ou pensamos, Efésios 3:20.
1.6.6. As divisões principais podem ter o apoio de uma palavra ou frase bíblica.
Isso significa que se emprega a mesma palavra ou frase bíblica, não no esboço, como é o
caso da regra anterior, mas na substanciaçãoda afirmativa de cada divisão. Como exemplo, damos um
esboço de um estudo da expressão "em amor", que ocorre seis vezes na Epístola aos Efésios. Usando
fatos referentes à vida de amor como tema, e apresentando cada referência bíblica no esboço, veremos
que esta expressão sustenta cada uma das divisões principais:
Título: "A Vida de Amor"
Tema: Fatos referentes à vida de amor.
I. É fundada no propósito eterno de Deus, 1 :4-5.
II. É produzida pela habitação de Cristo, 3:17.
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Homilética
III. Deve manifestar-se em nossos relacionamentos cristãos, 4:1-2; 4:15.
IV. Resultará na edificação e crescimento da igreja, 4:16.
V. É exemplificada pelo próprio Cristo, 5:1-2.
O estudante diligente descobrirá que é freqüente a repetição de palavras e frases
importantes na Bíblia. Às vezes, expressões significativas são repetidas no mesmo livro, como no caso
acima. Estas repetições não são acidentais; sem dúvida foram registradas na Palavra de Deus para que
lhes demos atenção especial. O Livro dos Salmos, e também as epístolas de Paulo e a Epístola aos
Hebreus, são especialmente ricas em repetições de palavras e frases importantes. Um estudo
pormenorizado do contexto em que essas palavras se encontram, redundará em mensagens
interessantes e proveitosas.
1.6.7. As divisões principais podem consistir num estudo de palavra que mostre os diversos significados
de certa palavra ou palavras nas Escrituras.
Tal estudo pode ser um exame da palavra nas línguas originais. Mediante tal estudo o
pregador pode mostrar várias nuances de significados, das quais a pessoa que lê em português pode
não ter consciência. O verbo traduzido por "caminhar" na versão portuguesa do Novo Testamento, por
exemplo, pode derivar de uma de seis palavras diferentes no grego, as quais sugerem meios pelos
quais podemos compreender o verbo "caminhar".
O estudo de palavra pode ser um exame do original, a fim de descobrir as nuances dessa
palavra no grego ou no hebraico. Por exemplo, a palavra "honra" no grego, é usada em quatro sentidos
diferentes no Novo Testamento grego, e de um estudo do seu uso no texto original obtemos o seguinte
esboço:
Título: "Estimativas de Valores de Deus ou do Homem"
Tema: Significados da palavra "honra" no Novo Testamento grego.
I. Preço pago, 1 Coríntios 6:20.
II. Valor que alguns homens dão às ordenanças humanas, Colossenses 2:23.
III. Estima ou respeito conferido a outrem, 1 Timóteo 1:17; Hebreus 2:9.
IV. A preciosidade de Cristo para o crente, 1 Pedro 2:7.
Não é preciso conhecer grego ou hebraico a fim de desenvolver um estudo de palavra. Uma
boa concordância bíblica, um dicionário expositivo do Novo Testamento, bem como outras ajudas
gramaticais capacitarão o estudante que não conhece as línguas bíblicas originais a fazer uma valiosa
pesquisa semântica.
Do mesmo modo, esse tipo de estudo pode investigar uma importante palavra ou frase
bíblica por todas as Escrituras, observando-a em seus relacionamentos contextuais e estudando-a
indutivamente. Em outras palavras, procuramos todas as referências específicas de certa palavra ou
frase e a seguir comparamos, analisamos e classificamos nossas observações tentando chegar a
conclusões válidas com referência a essa palavra ou frase. .
Por exemplo, tomemos a palavra "pequei". Com o uso de uma concordância, descobrimos
que esta expressão ocorre vinte e duas vezes no Antigo e Novo Testamentos. Examinando os
relacionamentos contextuais de cada uma dessas referências, e também comparando e analisando as
palavras, verificamos que "pequei" nem sempre conota verdadeira confissão de pecados. 
A seguir classificamos nossas observações e as dispomos em forma de esboço. Sob o título
"Confissões - Falsas ou Verdadeiras", mostramos que a palavra "pequei", quando usada por diversas
pessoas na Bíblia, pode significar várias coisas:
I. Uma expressão de temor, como no caso de Faraó, Êxodo 9:27; 10:16; de Acã, Josué 7:20; de
Simei, 2 Samuel 19:20.
II. Uma expressão de insinceridade, como no caso de Saul, 1 Samuel 15:24, 30.
III. Uma expressão de remorso, como no caso de Saul, 1 Samuel 26:21; de Judas, Mateus 27:4.
IV. Uma expressão de verdadeiro arrependimento, corno no caso de Davi, 2 Samuel 12:13; Salmo
51:4; de Neemias 1:6; do filho pródigo, Lucas 15:18, 21.
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Homilética
1.6.8. As divisões principais não devem apoiar-se em textos de prova fora do contexto.
Sempre há o perigo, nos estudos de tópicos, de empregarmos um texto tirado do seu
contexto; portanto, o pregador deve, constantemente, tomar o devido cuidado para que cada passagem
bíblica citada em apoio de sua afirmativa contida no esboço seja usada exatamente de acordo com o
propósito óbvio do seu autor.
1.6.9. Sermões Doutrinários
O estudo temático presta-se admiravelmente à elaboração do sermão doutrinário. A doutrina
escolhida fornece o tema, que deve limitar-se a apenas um aspecto dessa doutrina. Por exemplo,
podemos escolher o significado da redenção como o tema e selecionar algumas passagens-chave
como base do esboço. Se, porém, quisermos aprender a verdade toda concernente a certa doutrina,
será necessário cobrir a Bíblia toda, notando todas as referências pertinentes a essa doutrina. Tendo
estudado cada uma dessas referências em seu contexto correto, juntamos, analisamos e classificamos
nossas descobertas e obtemos uma base bíblica sadia para as nossas conclusões.
1.6.10. Série de Mensagens Temáticas
A preparação de esboços temáticos possibilita um conjunto de mensagens sobre algum
assunto. Aqui, também, a variedade da série que pode ser desenvolvida quase não tem limites, mas o
espaço não nos permite mais que uns poucos exemplos.
"Retratos do Homem Perfeito" fornece o título geral para a seguinte série de sermões:
"O Amor de Jesus"
"O Rosto de Jesus"
"As Mãos de Jesus"
"As Lágrimas de Jesus"
"A Cruz de Jesus"
"O Sangue de Jesus"
"O Nome de Jesus"
Os exemplos de esboços temáticos dados neste capítulo devem deixar claro que as divisões
principais das mensagens, numa série como esta, não sairão dos títulos, mas dos temas específicos
com eles relacionados. Por exemplo, para construirmos um sermão temático sob o título "O Amor de
Jesus", podemos usar qualquer destes tópicos: características do seu amor, manifestações do seu
amor, ou os objetos do seu amor.
Caso o pastor veja a necessidade de seu povo conhecer certas formas de erro, pode ele
escolher o título geral de "Enganos Espirituais Comuns", e usar as sugestões seguintes como títulos da
série:
"O Engano dos Testemunhas de Jeová"
"O Engano do Mormonismo"
"O Engano da Ciência Cristã"
"O Engano do Adventismo do Sétimo Dia"
"O Engano da 'Unificação' "
"O Engano do Espiritismo"
"Vida Em Plano Mais Elevado" pode formar a base de uma série de sermões com títulos
como os que damos a seguir:
"A Vida Disciplinada"
"A Vida consagrada"
"A Vida Contente"
"A Vida de oração"
"A Vida Abundante"
Outra excelente série pode ser chamada de "Vida Cristã Vitoriosa", e podemos usar os
seguintes títulos:
"Como Ser um Crente Que Cresce"
"Como Ser um Crente Espiritual"
"Como Ser um Crente Útil"
"Como Ser um Crente Tranqüilo"
"Como Ser um Crente Feliz"
"Como Ser um Crente Vitorioso"
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Homilética
Um plano que tem significação especial para a época em que vivemos pode ser chamado
de "O Lar Cristão", e incluir títulos como os seguintes:
"O Fundamento do Lar Cristão"
"O Relacionamento da Esposa com o Marido e com Cristo"
"A Responsabilidade do Marido para com a Esposa e para com Cristo""Privilégios da
Paternidade"
"Disciplina no Lar"
"Devoções Familiares"
"Ameaças ao Lar Cristão"
"Vida Familiar Feliz"
“A Bíblia Examinada" pode ser o título geral para outro grupo de mensagens, com títulos
como estes:
"É a Bíblia Verdadeira?"
"A Bíblia se Contradiz?"
"A Bíblia Tem Aplicação?"
"Como Compreender a Bíblia?"
"Pode-se Confiar na Tradução da Bíblia?"
Chamamos a atenção do leitor para mais um assunto encontrado na Primeira e na Segunda
Carta aos Tessalonicenses. A palavra "irmãos" ocorre nada menos que vinte e quatro vezes nas duas
epístolas: dezessete vezes na primeira e sete na segunda. Outro grupo interessante de mensagens
relacionadas pode advir do exame do uso dessa palavra em seu contexto. Antes de deixarmos o
assunto da série de sermões temáticos, é preciso observar duas importantes regras na apresentação de
qualquer série de mensagens. 
Em primeiro lugar, deve ser breve. Ainda que bem desenvolvido com bastante variedade, a
congregação pode perder o interesse se a apresentação do tema, por importante que seja, passar de
certo tempo. 
Em segundo lugar, a série deve mostrar ordem ou progresso. Um arranjo mal feito de
sermões relacionados, em geral não é tão eficaz quanto aquele cujas mensagens são planejadas com
cuidado e numa ordem apropriada. Quando a série é adequadamente organizada, a congregação
poderá facilmente observar o relacionamento das mensagens. Servirá também para aumentar o
interesse, à medida que a série prossegue para um clímax.
1.7. CONCLUSÃO
O desenvolvimento total do esboço temático deve aguardar mais instruções, mas se o
estudante seguiu a discussão neste capítulo, ele pode, mediante aplicação cuidadosa dos princípios
aqui contidos, aprender a preparar o esboço básico de uma mensagem bíblica temática.
2. O SERMÃO TEXTUAL
2.1. DEFINIÇÃO
No sermão textual temos um tipo de discurso diferente do sermão temático. Neste, iniciamos
com um texto; naquele, começamos com um tema. Observe com cuidado a definição de sermão textual:
Sermão textual é aquele em que as divisões principais são derivadas de um texto
constituído de uma breve porção da Bíblia. Cada uma dessas divisões é usada como uma linha de
sugestão, e o texto fornece o tema do sermão.
O exame desta definição deixa claro que no sermão textual as linhas principais de
desenvolvimento são tiradas do próprio texto. Desta maneira, o esboço principal mantém-se
estritamente dentro dos limites do texto.
O texto pode consistir em apenas uma linha de um versículo bíblico, ou um versículo todo,
ou até mesmo dois ou três versículos. Os autores de livros de homilética não definem especificamente a
extensão da passagem que pode ser usada para o sermão textual, mas para o nosso propósito
limitaremos o texto do esboço textual a um máximo de três versículos.
A segunda parte da definição afirma que cada divisão principal derivada do texto "é usada
como uma linha de sugestão". Isto significa que as divisões principais sugerem as feições a serem
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Homilética
discutidas na mensagem. Às vezes o texto é tão rico e pleno que dele podemos extrair muitas verdades
ou traços, que servirão para desenvolvimento dos pensamentos contidos no esboço.
Outras vezes, pode ser-nos necessário recorrer a outras porções da Bíblia a fim de
desenvolvermos as divisões principais. 
Em outras palavras, as divisões principais do esboço textual devem provir do próprio texto,
mas o desenvolvimento pode proceder ou do texto ou de outras porções bíblicas.
A definição afirma ainda que "o texto fornece o tema do sermão". Em contraste com o
sermão temático, no qual começamos com um tópico ou tema, agora iniciamos com um texto, que
indicará a idéia dominante da mensagem.
2.2. EXEMPLOS DE ESBOÇOS DE SERMÕES TEXTUAIS
2.2.1. Como primeiro exemplo, tomemos Esdras 7:10, que diz:
"Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir e
para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos." Muitas vezes é útil consultar uma tradução
moderna a fim de se obter um significado mais claro da passagem.
Examinando com cuidado o texto, observamos que o versículo todo tem como centro o
propósito do coração de Esdras, e assim traçamos as seguintes divisões do versículo:
I. Estava disposto a conhecer a Palavra de Deus, "Esdras tinha disposto o coração para buscar a
lei do Senhor."
II. Estava disposto a obedecer à Palavra de Deus, "e para a cumprir".
III. Estava disposto a ensinar a Palavra de Deus, "e para ensinar em Israel os seus estatutos e os
seus juízos".
Um bom tema, tirado das idéias sugeridas no texto, pode ser, pois, o propósito do coração
de Esdras. Cada uma das divisões principais, segundo a definição, agora é usada como "uma linha de
sugestão" e indica o que vamos dizer acerca do texto.
Na primeira divisão principal, falaremos do propósito do coração de Esdras de conhecer a
Palavra de Deus. Contudo, Esdras 7:10 não apresenta detalhes ou informações suficientes para o
desenvolvimento da primeira divisão principal, por isso precisamos valer-nos de outras porções bíblicas
para esse desenvolvimento.
Examinando o contexto de Esdras 7:10, descobrimos que o versículo 6 do mesmo capítulo
diz: "Ele {Esdras] era escriba versado na lei de Moisés, dada pelo Senhor Deus de Israel". Os versículos
11, 12 e 21 também se referem a Esdras como "escriba da lei de Deus". Os versículos 14 e 25 indicam
ainda que até mesmo Artaxerxes, rei da Pérsia, reconhecia que Esdras tinha conhecimento da lei de
Deus. Eis, portanto, um homem que, embora conhecesse bem a lei divina, não se contentou com o
conhecimento que possuía, mas entregou-se ao estudo diligente a fim de saber mais. E isto ele fez em
meio aos engodos e depravação de uma corte pagã onde, é evidente, ele era tido em grande
consideração.
Enquanto Esdras lia a Palavra de Deus, certas passagens dos livros históricos e dos Salmos
sem dúvida causaram-lhe grande impressão. No livro de Josué ele teria lido: "Não cesses de falar deste
livro da lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo a tudo quanto nele
está escrito; então farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido" (1:8). Em Provérbios 8:34-35
ele também teria notado: "Feliz o homem que me dá ouvidos, velando dia a dia às minhas portas,
esperando às ombreiras da minha entrada. Porque o que me acha a vida, e alcança favor do Senhor."
Então em Jeremias 29:13 ele teria ouvido o Senhor desafiar-lhe o coração: "Buscar-me-eis, e me
achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração." Certamente passagens como estas teriam
impressionado e inspirado o escriba versado na lei, a buscar de todo o seu coração conhecê-la ainda
mais intimamente.
Podemos resumir a primeira divisão principal em duas breves subdivisões. Note uma vez
mais a primeira grande divisão:
"Tinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor", e observe como conduz ela os
nossos pensamentos às subdivisões, ou oferece sugestões sobre o que dizer sobre o texto.
1. Em uma corte pagã.
2. De uma maneira completa.
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A segunda divisão principal do esboço de Esdras 7:10, diz:
"Estava disposto a obedecer à Palavra de Deus". De acordo com a definição do sermão
textual, esta segunda divisão principal agora se transforma numa linha de sugestão, indicando o que
deve ser discutido sob este título. Assim, devemos de alguma forma tratar da obediência de Esdras à
Palavra de Deus, e, portanto, apresentar as seguintes subdivisões:
1. Para prestar uma obediência pronta.
2. Para prestar uma obediência completa.
3. Para prestar uma obediência contínua.
O versículo 10 não descreveo tipo de obediência que Esdras havia decidido prestar à
Palavra de Deus, mas podemos colher estas idéias em outras partes do seu livro, especialmente nos
capítulos 9 e 10. Sob a terceira divisão principal, que diz: "Estava disposto a ensinar a Palavra de
Deus", pode-se desenvolver as seguintes subdivisões:
1. Com clareza.
2. Ao povo de Deus.
O texto não diz que Esdras planejava ensinar a Palavra de Deus a fim de tornar
compreensível o seu sentido, mas isto se esclarece em Neemias 8:5-12. Ao fazer o esboço de Esdras
7:10 em sua totalidade, deve-se tornar ainda mais claro ao leitor que cada divisão principal tirada do
texto serve como linha de sugestão. As subdivisões não passam de um desenvolvimento das idéias
contidas nas respectivas divisões principais; porém, o material das subdivisões é extraído de outras
porções das Escrituras.
Titulo "Dando Prioridade às Coisas Importantes" 
Tema. “O propósito do coração de Esdras.”
I. Estava disposto a conhecer a Palavra de Deus.
1. Numa corte pagã.
2. De maneira completa.
II. Estava disposto a obedecer à Palavra de Deus.
1. Prestar uma obediência pronta.
2. Prestar uma obediência completa.
3. Prestar uma obediência contínua.
III. Estava disposto a ensinar a Palavra de Deus.
1 . Com clareza.
2. Ao povo de Deus.
Observe que o título é diferente do tema. Convém mencionar aqui, porém, que quando o tema
do sermão é suficientemente interessante, pode também servir de título.
Para o segundo exemplo de esboço de um sermão textual, usaremos Isaías 55:7, que diz:
"Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se
compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar." As subdivisões deste
esboço não foram tiradas totalmente do texto, pois a terceira subdivisão da última divisão principal
provém de outras partes da Bíblia.
Título: "A Bênção do Perdão"
Assunto: O perdão divino.
I. Os objetos do perdão divino: "Deixe o perverso... os seus pensamentos."
1. O perverso (literalmente os que são vis externamente).
2. O iníquo (literalmente, os que são pecadores, ”respeitáveis").
II. As condições do perdão divino: "Deixe... o seu caminho... converta-se ao Senhor."
1. O pecador deve deixar o mal.
2. O pecador deve converter-se a Deus.
III. A promessa do perdão divino: "Que se compadecerá dele... porque é rico em perdoar."
1. Um perdão misericordioso.
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Homilética
2. Um perdão abundante.
3. Um perdão completo, Salmo 103:3; Miquéias 7:18-19; João 1 :9.
Os exemplos de esboços textuais dados acima devem ser suficientes para mostrar que as
divisões principais no esboço textual devem ser tiradas do versículo ou versículos que formam a base
da mensagem, ao passo que as subdivisões podem ser extraídas do mesmo texto ou de outras partes
das Escrituras, desde que as idéias contidas nelas sejam um desenvolvimento adequado de suas
respectivas divisões principais.
Quando as divisões principais e as subdivisões são tiradas do mesmo texto e expostas de
maneira adequada, tal texto é tratado expositivamente. Agora deixaremos a discussão das subdivisões
e consideraremos os aspectos principais do sermão textual.
2.3. PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A PREPARAÇÃO DE ESBOÇOS TEXTUAIS
2.3.1. O esboço textual deve girar em torno de uma idéia principal. e as divisões principais devem
ampliar ou desenvolver essa idéia.
Uma das primeiras tarefas do pregador na preparação de um sermão textual é fazer um
estudo completo do texto, descobrir nele a idéia dominante e a seguir derivar as divisões principais
Cada divisão se transforma, pois, numa ampliação ou desenvolvimento do assunto. No exemplo já
apresentado sobre Esdras 7:10, o tema é o propósito do coração de Esdras, e cada uma das divisões
principais, tiradas do texto, desenvolve essa idéia dominante.
O Dr. James M. Gray certa vez deu à sua classe um esboço textual sobre Romanos 12:1,
que diz: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus que apresenteis os vossos corpos por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." Usando o sacrifício do crente
como tema, o Dr. Gray traçou as seguintes divisões principais do versículo:
I. A razão do sacrifício: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus."
II. O que deve ser sacrificado: "...apresenteis os vossos corpos." 
III. As condições do sacrifício: "sacrifício vivo... a Deus." 
IV. A obrigação do sacrifício: "que é o vosso culto racional."
O seguinte esboço do Salmo 23:1 é desenvolvido a partir da idéia dominante do
"Relacionamento do Senhor com o crente":
Título: "Jesus é Meu Pastor"
I. É um relacionamento seguro: "O Senhor é o meu pastor."
II. É um relacionamento pessoal: "O Senhor é o meu pastor."
III. É um relacionamento presente: "O Senhor é o meu pastor."
Ao prepararmos um esboço textual às vezes descobrimos que as divisões principais de
alguns textos são tão óbvias que teremos pouca ou nenhuma dificuldade em encontrar o seu
relacionamento com uma idéia dominante. Mas, em geral, é melhor descobrir primeiro o assunto do
texto, pois ficará mais fácil discernir as divisões principais.
2.3.2. As divisões principais podem consistir em verdades ou princípios sugeridos pelo texto.
O esboço do sermão textual não precisa consistir em uma análise do texto. Pelo contrário,
as verdades ou princípios sugeridos pelo texto podem formar as divisões principais. Leia João 20:19-20
e observe que no esboço que damos abaixo as verdades espirituais expressas nas divisões principais
são extraídas do texto.
Título: "A Alegria da Páscoa"
Assunto: Semelhanças do povo de Deus com os discípulos.
I. À semelhança dos discípulos, o povo de Deus às vezes se encontra perturbado, sem a
consciência da presença de Cristo, v. 19a.
1. Às vezes se encontra profundamente perturbado por causa de circunstâncias adversas.
2. Às vezes se encontra desnecessariamente perturbado em meio a circunstâncias adversas.
II. À semelhança dos discípulos, o povo de Deus experimenta o consolo de Cristo, v.v 19b-20a.
FATAD Prof. Jales Barbosa 46
Homilética
1. Experimentam o consolo de Cristo por sua vinda a eles quando mais dele precisam.
2. Experimentam o consolo de Cristo através das palavras que ele Ihes fala.
III. À semelhança dos discípulos, o povo de Deus se alegra com a presença de Cristo, v. 2Ob.
1. Alegra-se, embora suas circunstâncias adversas não mudem.
2. Alegra-se, porque Cristo está em seu meio.
Aplicando a mesma regra a Esdras 7:10, e tendo-se por tema os pontos essenciais do
ensino bíblico eficaz, é possível extrair-se quatro verdades principais do texto:
Titulo "Ensino Bíblico que Excede"
Assunto. “Pontos essenciais do ensino bíblico eficaz.”
I. Exige determinação resoluta: "Esdras tinha disposto o coração"
II. Exige assimilação diligente: "para buscar a lei do Senhor."
III. Exige dedicação completa: "para a cumprir."
IV. Exige pregação fiel: "para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos."
2.3.3. Dependendo da perspectiva da qual o examinamos, é possível encontrar mais de um tema ou
idéia dominante em um texto, mas cada esboço deve desenvolver somente um assunto.
Por meio do método de "abordagem múltipla" podemos examinar o texto de diversos
ângulos, usando uma idéia central diferente em cada caso, e assim conseguir mais de um esboço para
determinado texto. 
Às vezes é melhor que o principiante que tem dificuldade em desenvolver um esboço sobre
certo texto usando uma idéia principal, tente mais de uma abordagem do texto. Em outras palavras, que
ele examine o versículo, como o fizemos, de outros pontos de vista e buscando preparar um esboço
com um tema diferente.
2.3.4. As divisões principais devem vir em seqüêncialógica ou cronológica.
Embora nem sempre seja necessário seguir a ordem do texto, as divisões principais devem,
porém, indicar um desenvolvimento progressivo de pensamento.
2.3.5. As próprias palavras do texto podem formar as divisões principais do esboço, uma vez que elas
se refiram a um tema principal.
Muitos são os textos desse tipo que se prestam a esboço óbvio. No decurso de nosso
ministério não devemos deixar de fazer uso total de textos como estes, tão óbvios em sua estrutura.
Entretanto, para o estudante que procura adquirir a habilidade de construir sermões textuais, seria sábio
evitar tais esboços "fáceis", e concentrar seus melhores esforços em textos que lhe desafiarão o
pensamento na elaboração de esboços.
2.3.6. O contexto do qual se tira o texto deve ser cuidadosamente observado e com ele relacionado.
Para uma interpretação correta das Escrituras, é fundamental o relacionamento do texto
com seu contexto. É preciso reconhecer a importância desse procedimento, pois o desprezo desta regra
pode resultar em sérias distorções da verdade ou na incompreensão total da passagem. Tomemos,
como exemplo, Colossenses 2:21, que diz: "Não manuseies isto, não proves aquilo, não toques
aquiloutro."
Se tirarmos este versículo do seu contexto, é provável que caiamos no erro de crer que
Paulo insiste numa forma de rigoroso ascetismo. Mas, lido no seu contexto, Colossenses 2:21 refere-se
a certas regras e regulamentos que os falsos mestres estavam buscando impor aos cristãos de
Colossos.
Textos extraídos de porções históricas da Escritura também perdem sua significação, a
menos que se estude com cuidado o relacionamento que têm com o contexto. Este fato se toma óbvio
tratando-se de Daniel 6:10, que diz: "Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada,
entrou em sua casa, e, em cima, no seu quarto, onde havia janelas abertas da banda de Jerusalém, três
vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como costumava fazer."
As orações e ações de graças de Daniel nesta ocasião assumem sua significação própria somente em
relação à ameaça à sua vida, descrita nos versículos anteriores.
FATAD Prof. Jales Barbosa 47
Homilética
Alguns textos contêm comparações ou contrastes que podem ser mais bem tratados
ressaltando-se suas similaridades ou diferenças propositais. O tratamento de textos desse tipo
dependerá de uma observação cuidadosa do conteúdo do versículo ou versículos em questão.
Em Hebreus 13:5-6 temos uma comparação traçada entre o que o Senhor disse e o que
podemos dizer em conseqüência. Uma olhada rápida nestes versículos torna óbvia a comparação: "Ele
tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos
confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?" Observe o
contraste tríplice em Provérbios 14:11. Diz o texto:
"A casa dos perversos será destruída, mas a tenda dos retos florescerá." É evidente que a
escolha de palavras foi proposital, a fim de dar ênfase à diferença entre os perversos e os retos, a casa
e a tenda, e a destruição daquilo que parece uma estrutura mais forte do perverso em contraste com a
permanência da estrutura mais fraca dos retos.
Observe também os contrastes em 2 Coríntios 4:17: "Porque a nossa leve e momentânea
tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação." Neste versículo
encontramos um contraste proposital entre a tribulação presente e a recompensa futura, entre as
dificuldades desta vida e as bênçãos vindouras.
No Salmo 1:1-2, lemos: "Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se
detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes o seu prazer
está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite." 
2.3.7. Dois ou três versículos, tirados de partes Escritura, podem ser reunidos e tratados como único
texto.
Em vez de usarmos alguns desses versículos para apoiar a primeira divisão principal e o
restante para sustentar a segunda, unimo-los como se fossem um único texto, e dessa combinação
extraímos as divisões principais.
Tal combinação deve ser feita somente quando os versículos têm um relacionamento
definido. Feita corretamente, uma mensagem textual desse tipo torna-se um meio valioso de reforçar a
verdade espiritual. Tomemos, por exemplo, Atos 20:19-20 e 1 Coríntios 15:10. Notemos que estas duas
referências tratam do ministério do apóstolo Paulo:
"Servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos
judeus, me sobrevieram; jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa, e de vo-la ensinar
publicamente e também de casa em casa" (Atos 19:19-20).
"Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se
tornou vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus comigo"
(1 Coríntios 15:10).
I. Deve ter sido um ministério humilde: "Servindo ao Senhor com toda a humildade." 
II. Deve ter sido um ministério fervoroso: "com. . . lágrimas." 
III. Deve ter sido um ministério de ensino: "vo-la ensinar publicamente." 
IV. Deve ter sido um ministério de poder divino: "trabalhei. . . a graça de Deus." 
V. Deve ter sido um ministério fiel: "jamais deixando de vos anunciar".
VI. Deve ter sido um ministério trabalhoso: "trabalhei muito mais do que todos eles".
Um título adequado para este esboço seria: "O Ministério que Conta".
2.3.8. Série de Sermões Textuais
Outra série de mensagens pode versar sobre as "Reivindicações de Cristo", tirada dos "Eu
sou" do Senhor Jesus no Evangelho de João, tais como: 
"Eu sou o pão da vida",
"Eu sou o bom pastor", e
"Eu sou o caminho e a verdade e a vida".
Os exemplos acima são suficientes para indicar ao estudante como é possível formular um
plano de sermões textuais das Escrituras. Esse tipo de pregação em ordem dá continuidade de
FATAD Prof. Jales Barbosa 48
Homilética
pensamento aos sermões e pode despertar muito interesse quando adequadamente dispostos e
desenvolvidos.
2.4. A CONCLUSÃO
Ao terminar a discussão do sermão textual, notemos um esboço em 2 Coríntios 5:21: "
Àquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de
Deus." O leitor observará neste exemplo, que, de acordo com a definição do sermão textual, as divisões
principais são tiradas inteiramente do próprio texto, ao passo que as subdivisões não derivam,
necessariamente, do texto, mas têm por base outras passagens bíblicas.
Titulo "O Salvador de Pecadores"
Assunto. Características do nosso Salvador.
I. Ele é um Salvador perfeito
1. Nunca pecou contra Deus ou o homem, João 18:38; 19:4; Mateus 27:3-4; 1 Pedro 2:22.
2. Foi íntima e exteriormente perfeito, Mateus 17:5; Hebreus 10:5-7; 1Pedro 1:19.
II. É um Salvador vicário
1. Levou nossa culpa na cruz, Isaías 53:6; 1 Pedro 2:24.
2. Morreu para salvar-nos de nossos pecados, Romanos 4:25; 1 Pedro 3:18.
III. É um Salvador que justifica
1. É o meio, pela graça, de nossa justificação perante Deus, Romanos 3:24.
2. Toma-se nossa justiça mediante a fé em sua obra redentora, Romanos 3:21-22; 5:1;
1Coríntios 1:30.
O principiante, em geral, encontra considerável dificuldade no preparo de esboços textuais.
Isto se deve ao fato de que a formulação do esboço textual muitas vezes requer exame cuidadoso das
divisões naturais do texto. Entretanto, tais dificuldades não devem constituir-se um obstáculo, mas um
desafio para que o estudante adquira a capacidade de desenvolver sermões textuais.
À medida que se dedica à tarefa, adquirirá, talvez sem perceber, habilidadede descobrir o
esboço oculto no texto, além de familiarizar-se mais e mais com preciosas porções da Palavra de Deus.
O obreiro diligente também encontra outra feição recompensadora nos sermões textuais - uma
recompensa que vem na hora da entrega da mensagem. À medida que o jovem pregador revela as
riquezas contidas no seu texto, ele notará como sua mensagem delicia, entre o povo de Deus, os que
têm mente espiritual para receber o alimento que até mesmo um único versículo da Escritura pode
oferecer.
3. O SERMÃO EXPOSITIVO
Definição de sermão expositivo O sermão expositivo é o modo mais eficaz de pregação,
porque, mais que todos os outros tipos de mensagens, ele, com o tempo, produz uma congregação cujo
ensino é fundamentado na Bíblia. Todo pregador deveria adotar este tipo de sermão, pois ele é
exatamente a pregação real da Palavra de Deus.
Ao expor uma passagem da sagrada Escritura, o ministro cumpre a função primária da
pregação, a saber, interpretar a verdade bíblica (o que nem sempre se pode dizer dos outros tipos de
Sermões).
Sermão expositivo é aquele em que uma porção mais ou menos extensa da Escritura é
interpretada em relação a um tema ou assunto. A maior parte do material deste tipo de sermão provém
diretamente da passagem, e o esboço consiste em uma série de idéias progressivas que giram em
torno de uma idéia principal.
Examinando esta definição, notamos em primeiro lugar que o sermão expositivo baseia-se
em uma "porção mais ou menos extensa da Escritura". A passagem pode consistir em uns poucos
versículos ou pode incluir um capítulo inteiro ou até mesmo mais de um capítulo. Para o nosso objetivo,
porém, usaremos na discussão toda do sermão expositivo um mínimo de quatro versículos, mas não
estabeleceremos limites para o número máximo de versículos.
A definição também afirma que uma porção mais ou menos extensa da Escritura é
interpretada "em relação a um tema ou assunto". 
FATAD Prof. Jales Barbosa 49
Homilética
O Dr. ]ames M. Gray dá ao grupo de versículos que formam a base do sermão expositivo o
título de "unidade expositiva". Mais especificamente, a unidade expositiva consiste em um número de
versículos dos quais emerge uma idéia central.
O sermão expositivo, portanto, como o sermão temático e o textual, gira em torno de um
tema. Mas, na mensagem expositiva, esse tema é extraído de vários versículos em vez de um único ou
até mesmo de dois.
A definição também afirma que "a maior parte do material do sermão provém diretamente da
passagem". A mensagem expositiva apresenta não apenas as idéias principais da passagem; os
detalhes também devem ser corretamente explicados e devem fornecer o material principal do sermão.
Segue-se, portanto, que quando derivamos todas as subdivisões, bem como as divisões principais, do
mesmo trecho bíblico, e quando todas estas divisões são corretamente expostas ou interpretadas, o
esboço baseia-se, pois, diretamente na passagem escolhida.
Devemos ter em mente, no decorrer do sermão expositivo, o tema da passagem; e, à
medida que desenvolvemos essa idéia principal, deve seguir-se no esboço uma série de idéias
progressivas relacionadas com o tema. Isto, sem dúvida, ficará mais claro para o leitor ao observar os
exemplos dados neste capítulo.
Uma parte importante de nossa definição não deve ser desprezada. Note novamente a
primeira parte da definição:
"Sermão expositivo é aquele em que uma porção mais ou menos extensa da Escritura é
interpretada". Examine com cuidado estas últimas palavras. Na exposição, cabe-nos esclarecer ou
elucidar o significado do texto bíblico. É este o próprio gênio da pregação expositiva: tornar o significado
das Escrituras claro e simples.
Para tanto, precisamos estudar os detalhes até dominá-los. Lembremo-nos sempre, porém,
de que a elucidação de uma passagem bíblica deve ter como objetivo relacionar". O passado com o
presente. ou mostrar que a verdade é aplicável aos dias de hoje.
Diferença entre o sermão textual e o expositivo É bom, a esta altura, que se compreenda
claramente a diferença entre o sermão textual e o expositivo.
Já vimos que o sermão textual é aquele em que as divisões principais derivam de um texto
constituído de uma breve porção bíblica, em geral um único versículo ou dois, ou às vezes até mesmo
parte de um versículo. No caso do sermão expositivo, o texto pode ser uma porção mais ou menos
extensa da Bíblia - às vezes um capítulo inteiro ou até mais - e as divisões provêm da passagem.
Repito: na mensagem textual, as divisões oriundas do texto são usadas como uma linha de sugestão;
isto é, indicam a tendência do pensamento a ser seguido no sermão, permitindo que o pregador tire as
subdivisões ou idéias para o desenvolvimento do esboço de qualquer parte da Escritura, consoante ao
desenvolvimento lógico dos pensamentos contidos nas divisões principais. O sermão expositivo, por
outro lado, obriga o pregador a extrair todas as subdivisões, bem como as divisões principais, da
mesma unidade bíblica que pretende expor. Desta maneira, o sermão todo consiste na exposição de
certo trecho bíblico, e a passagem converte-se no próprio tecido do discurso.
Em outras palavras, o corpo de pensamento provém diretamente do texto, e o sermão passa
a ser, definitivamente, interpretativo. Como afirmamos; alguns textos, embora compreendam um único
versículo ou dois, contêm tantos detalhes que podemos derivar da mesma passagem não apenas as
divisões principais, mas também as subdivisões. Quando assim se faz, o sermão textual é tratado
expositivamente, e o discurso todo se torna uma exposição do texto.
3.1. EXEMPLOS DE ESBOÇOS DE SERMÃO EXPOSITIVO
Como primeiro exemplo de um esboço de sermão expositivo usaremos Efésios 6:10-18.
Para que o estudante siga o procedimento usado na elaboração do esboço, instamos a que primeiro
leia a passagem várias vezes e a estude com cuidado antes de examinar o esboço dado adiante.
Sugerimos também fazer o mesmo antes de cada um dos outros esboços deste capítulo e em todos os
outros esboços.
Um exame, por breve que seja, de Efésios 6:10-18, nos levará a concluir que Paulo aqui
trata da batalha espiritual do crente e procura apresentar as várias feições relacionadas a esse conflito,
de modo que o filho de Deus possa tornar-se um guerreiro bem-sucedido.
Se examinarmos a passagem com bastante atenção, veremos que nos versículos 10 a 13 o
apóstolo anima o crente a ser corajoso e firme em face de inimigos espirituais avassaladores. Em outras
palavras, Paulo refere-se, nestes versículos, à moral cristã. Os versículos 14 a 17 lidam com as
FATAD Prof. Jales Barbosa 50
Homilética
diferentes partes da armadura que o Senhor providenciou para o santo em face de inimigos sobre-
humanos. Concluímos, portanto, que esta seção pode ser descrita como a armadura do crente. Antes,
porém, de terminar sua discussão dos aspectos envolvidos nesta guerra espiritual, o apóstolo
acrescenta o versículo 18. Aqui ele diz ao crente vestido com a armadura de Deus que também deve
entregar-se à oração incessante no Espírito e à intercessão constante por todos os santos. É óbvio,
pois, que o aspecto final apresentado por Paulo, em conexão com o conflito espiritual, é a vida de
oração do crente. Agora estamos prontos para elaborar um esboço dos três aspectos principais
discutidos pelo apóstolo em conexão com a guerra espiritual:
I. A moral do crente, vv. 10-13.
II. A armadura do crente, vv. 14-17.
III. A vida de oração do crente, v. 18.
Examinando mais atentamente os versículos 10 a 13, vemos que o grande apóstolo
acentua, pelos menos dois aspectos da moral cristã. Para começar, ele insta que o crente, no conflitoespiritual, coloque sua confiança no Senhor e, tendo feito isso, permaneça firme (veja os versículos 11,
13 e 14a), não importa quão grandes e poderosos pareçam seus inimigos. No desenvolvimento do
esboço expositivo podemos assim descobrir duas subdivisões sob a divisão principal da "Moral do
crente". Primeira, a moral do crente deve ser elevada, e, segunda, deve ser firme.
Chegando à segunda seção da unidade expositiva, a saber, aos versículos 14 a 17,
observamos que as diferentes partes da armadura do crente podem ser agrupadas em duas relações
principais: as primeiras peças do equipamento constituem a armadura defensiva, e o último item da
lista, a espada do espírito, a armadura ofensiva. A propósito, é interessante notar que a armadura não
provê proteção alguma para as costas, pela razão óbvia de que o Senhor não tenciona que seus
soldados jamais se virem e fujam no dia da batalha.
A seção final, versículo 18, também pode ser subdividida em duas partes. Atenção
cuidadosa à primeira parte do versículo revela como a vida de oração do crente deve ser persistente,
enquanto a segunda parte diz que todo esse esforço deve ser a favor de outros. Feitas estas
observações, estamos prontos para apresentar o esboço completo, com todas as subdivisões e divisões
principais oriundas da mesma passagem. 
De acordo com a porção da Escritura a ser exposta, selecionamos como título do esboço:
Título: "A Boa Luta da Fé"
Assunto: Aspectos relacionados com a guerra espiritual do crente.
I. A moral do crente, vv. 10-14a.
1. Deve ser elevada, v. 10.
2. Deve ser firme, vv. 11-14a.
II. A armadura do crente, vv. 14-17.
1. Deve ter caráter defensivo, vv. 14-17a.
2. Deve também ter caráter ofensivo, v. 17b.
III. A vida de oração do crente, v. 18.
1. Deve ser persistente, v. 18.
2. Deve ser intercessora, v. 18b.
Para que o sermão seja verdadeiramente expositivo, devemos interpretar ou explicar
corretamente as subdivisões, bem como as divisões principais. Desta maneira o pregador cumpre o
propósito da exposição, que é derivar da passagem a maior parte do material de seu sermão e expor
seu conteúdo em relação a um único tema principal.
Selecionamos Êxodo 14:1-14 como segundo exemplo de um sermão expositivo. Não
podemos, a esta altura, examinar todos os procedimentos exegéticos desta passagem, mas enquanto
não os compreendermos, não estaremos preparados para empreender a elaboração de um sermão
expositivo. Entretanto, uma vez que tenhamos feito o exame cuidadoso e necessário do texto,
estaremos prontos para construir um esboço da passagem bíblica. Escolhemos, como ponto principal
de ênfase, as lições a serem tiradas do "Beco Sem Saída", pois é óbvio que, como o povo de Israel no
mar Vermelho. Às vezes também nos encontramos numa situação da qual não parece haver escape ou
livramento. Com esta idéia em mente, extraímos várias lições ou verdades do texto, como segue:
FATAD Prof. Jales Barbosa 51
Homilética
I. "Beco Sem Saída" é o lugar a que às vezes Deus nos leva, vv. 1-4a.
II. "Beco Sem Saída" é o lugar em que Deus nos prova. vv. 4b-9.
III. "Beco Sem Saída" é o lugar em que às vezes falhamos com o Senhor, vv. 10-12.
IV. "Beco Sem Saída" é o lugar em que Deus nos ajuda, vv 13-14.
Para que o leitor veja como estas verdades foram derivadas do texto, deve voltar à
passagem uma vez mais, e examinar o desenvolvimento do esboço ponto por ponto. Êxodo 14:1-14 não
apenas oferece quatro lições principais, mas também fornece todas as subdivisões para o esboço. O
texto provê, assim, a maior parte do material necessário para o sermão. Agora apresentamos o esboço
de Êxodo 14:1-14, mostrando as subdivisões sob suas respectivas divisões principais:
Título: "Beco Sem Saída" 
I. "Beco Sem Saída" é o lugar a que às vezes Deus nos leva, w. 1-48.
1. Mediante ordem específica, w. 1-2.
2. Para seus próprios propósitos, w. 3-4a.
II. "Beco Sem Saída" é o lugar em que Deus nos prova, w. 4b-9.
1. No caminho da obediência, v. 4b.
2. Permitindo que nos sobrevenham circunstâncias difíceis, w. 5-9.
III "Beco Sem-Saída" é o lugar em que às vezes falhamos com o Senhor, w. 10-12.
1. Por nossa falta de fé, v. 10.
2. Por nossas reclamações, w. 11-12.
IV. "Beco Sem Saída" é o lugar em que Deus nos ajuda, w. 13-14.
1. No momento certo, v. 13.
2. Tomando o controle, v. 14.
Uma vez mais, aconselhamos que o aluno compare o esboço dado acima com o texto, e
veja por si mesmo que as subdivisões, à semelhança das divisões principais, foram todas sugeridas
pela passagem em questão.
Baseamos nosso terceiro exemplo de sermão expositivo em um esboço sobre Lucas 19:1-
10. Depois de um estudo exegético da passagem, tratamos estes versículos tendo por tema a conquista
de Zaqueu, um homem "perdido". Que diz esta passagem acerca de nosso assunto? Examinando-a
cuidadosamente, descobrimos os seguintes fatos principais acerca da conquista de Zaqueu, o homem
"perdido", os quais fornecem a análise da passagem.
I. Buscando a Zaqueu, w. 1-4.
Il. Sendo amigo de Zaqueu, w. 8-10.
III. A salvação de Zaqueu, w. 8-10.
Examinamos a passagem mais cuidadosamente agora e consideramos o que o texto
contém com respeito a estes pontos principais. O resultado de nosso estudo revela, sob a primeira
divisão principal, dois aspectos em relação com a busca de Zaqueu:
1. A busca que Jesus fez para encontrar Zaqueu foi conduzida sem estardalhaço.
2. A visita de Cristo a Jericó estimulou o coração de Zaqueu a se interessar em vê-Io.
Na segunda divisão principal, vemos dois outros aspectos:
1. Jesus fez-se amigo de Zaqueu, o homem que não tinha amigos (veja v. 7), convidando-se a si
mesmo para ir à sua casa!
2. O convite que Jesus fez a si mesmo para ir à casa de Zaqueu teve duplo efeito - um efeito feliz
sobre Zaqueu, mas um efeito desagradável sobre o povo de Jericó.
Sob a terceira divisão principal, encontramos os seguintes fatos:
FATAD Prof. Jales Barbosa 52
Homilética
1. A salvação de Zaqueu evidencia-se pela mudança extraordinária que lhe aconteceu
imediatamente.
2. Cristo declara a salvação de Zaqueu em termos inconfundíveis.
A passagem deixa claro que Zaqueu, o pecador perdido, encontrou um amigo em Jesus ou,
melhor ainda, Jesus o encontrou! Escolhemos, pois, para título da mensagem: "Conquistado Pelo
Amor". Agora estamos prontos para organizar nosso esboço:
Título: "Conquistado Pelo Amor"
I. Buscando a Zaqueu, w. 1-4.
1. Seu modo, v. 1.
2. Seu efeito, w. 2-4.
II. Sendo amigo de Zaqueu, w. 5-7.
1. Seu modo, v. 5.
2. Seus efeitos, w. 6-7.
III. A salvação de Zaqueu, w. 8-10.
1. Sua evidência, v. 8.
2. Sua declaração, w. 9-10.
Examinando o esboço, vemos uma progressão natural de idéias, todas relacionadas com a
conquista de Zaqueu, cujo clímax foi à salvação do chefe dos publicanos.
A disposição mecânica de uma passagem bíblica. Muitos estudantes da Bíblia, a fim de
descobrirem sua estrutura, acham proveitoso preparar uma disposição mecânica da passagem.
A disposição mecânica das afirmativas principais do texto torna-o mais significativo para
nós. Devemos distinguir entre as orações principais e as subordinadas, providenciando espaço,
arranjando uma série de palavras, frases ou orações de modo que acentuem seus relacionamentos.
Também devemos ressaltar os verbos principais e as palavras ou idéias importantes, incluindo
conectivos tais como ora, pois, e, mas, então e portanto.
3.2. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PREPARAÇÃO DE ESBOÇOS EXPOSITIVOS
3.2.1. Devemos estudar cuidadosamente a passagem bíblica sob consideração a fim de
compreendermos seu significado e obtermos o assunto do texto.
Uma das primeiras etapas do desenvolvimento do esboço expositivoé a descoberta do
tema da passagem. Uma vez obtido o tema, em geral o desenvolvimento do esboço se simplifica. Para
se encontrar o tema principal da passagem, contudo, é necessário estudar o texto com diligência (veja o
capítulo 9).
Por mais que o queiramos, jamais conseguiremos ressaltar demais a importância de um
estudo bem feito da passagem. Esse estudo dá ao pregador uma visão das Escrituras que ele não pode
obter de outra maneira. Métodos superficiais, ao acaso ou desmazelados, jamais farão um verdadeiro
expositor. O ministério do ensino da Bíblia requer que o homem de Deus ponha o coração e a alma
neste mister, o que significa gastar horas em pesquisa difícil e piedosa, em concentração contínua,
buscando o motivo do escritor sagrado e o verdadeiro significado do trecho bíblico. 
Como resultado de tal estudo, o pregador adquirirá uma visão nova quanto ao propósito da
passagem. O texto todo muitas vezes se iluminará aos seus olhos, de modo que ele verá verdades
antes ocultas. Nessa investigação do texto, mais cedo ou mais tarde o pregador descobrirá o assunto
principal que permeia a unidade expositiva, bem como as partes naturais nas quais ela poderá ser
dividida.
3.2.2. Palavras ou frases importantes do texto podem indicar ou formar as divisões principais do
esboço.
Já ressaltamos que a repetição de palavras ou frases significativas possui, em muitas
passagens, um propósito especial, e é evidente que algumas dessas palavras ou frases têm a finalidade
de indicar a transição de uma idéia importante à outra. Como exemplo de repetição, examinemos os
versículos 3-14 do primeiro capítulo da Epístola aos Efésios. Depois de ler a passagem, observe o
seguinte: v. 6- "para louvor da glória de sua graça" v. 12- "para louvor da sua glória" v. 14- "em louvor
da sua glória"
FATAD Prof. Jales Barbosa 53
Homilética
A repetição destas frases leva-nos a inquirir se o Espírito de Deus tencionava que cada uma
delas indicasse uma divisão de pensamento. Estudando o trecho com esta idéia em mente,
descobrimos que o apóstolo aqui trata da obra redentora de Deus.
A primeira seção, que conclui com o versículo 6, descreve a obra de Deus Pai em nossa
redenção; a segunda seção, que termina com o versículo 12, fala da obra de Deus Filho; e a terceira
seção, que consiste nos versículos 13 e 14, apresenta a obra de Deus Espírito Santo. De forma que a
obra da redenção é atribuída às três pessoas da Trindade. Não é de admirar que o apóstolo exclame,
no final de cada seção: "para o louvor da sua glória!"
3.2.3. A ordem do esboço pode ser diferente da ordem da unidade expositiva.
Em geral, é bom, mas nem sempre necessário, que as divisões principais e as subdivisões
sigam a ordem exata dos versículos bíblicos. Pode ocorrer o caso da ordem lógica ou cronológica
determinar que as divisões principais ou as subdivisões sejam colocadas numa seqüência diferente
daquela apresentada no texto.
Observe o seguinte esboço de Êxodo 12:1-13, no qual a quarta e a quinta divisão principal
não seguem a ordem dos versículos da unidade expositiva:
Título: "O Cordeiro de Deus'.
Assunto: Aspectos do cordeiro pascal prefigurativos de Cristo, o Cordeiro Pascal.
I. Foi um cordeiro divinamente determinado, 12:1-3.
II. Foi um cordeiro perfeito, 12:5.
III. Foi um cordeiro morto, 12:6.
IV. Foi um cordeiro redentor, 12:7, 12-13.
V. Foi um cordeiro sustentador, 12:8-11.
3.2.4. As divisões principais podem ser extraídas das verdades importantes sugeridas pela passagem.
Esboços deste tipo são, em geral, tirados de passagens bíblicas históricas e proféticas, e
consistem nas principais verdades ou lições espirituais que os fatos pareçam sugerir ou exemplificar.
Estas verdades ou princípios espirituais tornam-se, então, as divisões principais do esboço.
Usamos, como exemplo desse tipo de esboço, o acontecimento histórico do dilúvio
(capítulos 6-7 de Gênesis):
Título: "O Deus Com Quem Devemos na dar"
Assunto: Verdades acerca de Deus em relação a seus tratos com o homem.
I. Ele é o governante moral do universo, 6:1-7, 11-13.
1. Que nota as ações dos homens, 6:1-6, 11-12.
2. Que pronuncia juízo sobre os homens por causa da sua culpa, 6:7, 13.
II. Ele é o Deus da graça, 6:3, 8-22.
1. Que provê um meio de escape do juízo do pecado, 6:8-22.
2. Que oferece misericórdia ao culpado, 6:3.
III. Ele é o Deus da fidelidade, 7:1-24.
1. Que cumpre sua palavra de juízo, 7:11-24.
2. Que cumpre as promessas feitas aos seus, 7:1-10, 23.
Observemos um segundo exemplo tirado do livro de Obadias, que contém apenas 21
versículos, e é uma profecia da destruição de Edom. Examinando o texto, descobrimos que ele faz uma
revelação dupla do caráter de Deus, como segue:
I. Ele é Deus de justiça, w. 1-16.
1. Que julga os homens por seu orgulho, w. 1-9.
2. Que julga os homens por sua violência, w. 10-16.
II. Ele é Deus de graça, w. 17-21.
1. Que traz libertação a seu povo, w. 17,21.
2. Que leva os seus às suas posses, w. 17-21.
FATAD Prof. Jales Barbosa 54
Homilética
3.2.5. Duas ou três passagens mais ou menos extensas, extraídas de várias partes da Bíblia, podem
ser ajuntadas para formar a base de um esboço expositivo.
Segundo esse princípio, a unidade expositiva não consiste, necessariamente, numa única
passagem cujos versículos sejam consecutivos; quando, porém, duas ou três passagens, breves ou
extensas, possuem uma relação clara, podem ser tratadas como se fossem uma unidade.
O sacrifício pacífico, descrito em Levítico, é um exemplo desse princípio. Encontramos a
primeira descrição desse sacrifício nos versículos 1-17 do capítulo 3, e o capítulo 7, versículos 11-15 e
28-32, dão mais informação sobre o assunto. Portanto, para obtermos um quadro completo das leis
referentes ao sacrifício pacífico, juntamos as três passagens e elaboramos o seguinte esboço (que se
aplica, mediante a tipologia, a Cristo e ao crente):
Título: "Paz Com Deus"
Assunto: Leis referentes à reconciliação do pecador com Deus.
I. Como se obtém a reconciliação, 3:1-17.
1. Mediante um sacrifício divinamente determinado,3: 1, 6, 12.
2. Mediante a identificação do pecador com o sacrifício, 3:2, 7-8, 12-13.
II. O método pelo qual se desfruta a reconciliação, 7:11-15, 28-32.
1. Pela participação do ofertante, 7:11-15.
2. Pela participação dos sacerdotes, 7:28-32.
Os sermões biográficos muitas vezes são construídos em linhas similares. Começando com
uma passagem um tanto extensa, que trate de um personagem bíblico, podemos procurar outras
referências a essa pessoa e formar um quadro para um esboço de sermão biográfico.
Como exemplo, tomemos Raabe, cuja vida encontra-se descrita em Josué, capítulos 2 e
6:22-25. Com a ajuda de uma concordância, porém, descobrimos mais oito referências a Raabe,
incluindo Mateus 1:5. Estudando um pouco mais, ficamos sabendo que três destas, Salmo 87:4,89:10, e
Isaías 51:9, não se referem à pessoa em questão, mas a certo monstro marinho mítico, que na Bíblia
simboliza o Egito. Portanto, estudamos cuidadosamente as outras cinco ocorrências do nome de
Raabe, e também os dois relatos detalhados de Josué. Como resultado de observação, análise e
classificação cuidadosas dessas passagens, podemos preparar dois esboços biográficos de Raabe,
baseados principalmente nos relatos do livro de Josué. O primeiro é analítico, e o segundo mostra as
verdades ou princípios ensinados pela "fé viva" de Raabe:
Título: "De Pecadora a Santa" 
I. Seu passado trágico, Josué 2:1, Hebreus 11 :31; Tiago 2:25.
II. Sua fé em Deus, Hebreus 11 :31.
III. Sua obra de fé, Josué 2:1-6; Tiago 2:25.
IV. Seu testemunho bendito, Josué 2:9-13.
V. Sua influência maravilhosa, Josué 2:18-19, 6:22-23, 25. 
VI. Sua posteridade nobre, Mateus 1 :5;cf. Rute 4:21-22.
Outras diretrizes e incluir itens como a formação do indivíduo, o seu caráter, suas
realizações e sua influência.
No sermão biográfico podemos, às vezes, contrastar os aspectos positivos com os
negativos do caráter do indivíduo. Certa vez Charles H. Spurgeon pregou um sermão baseado em
Marcos 16:14-20 e Lucas 23:6-12, apresentando os traços bons e maus do rei Herodes.
I. Pontos positivos do caráter de Herodes.
1. Embora não tivesse justiça, honestidade, e pureza, contudo ele possuía um pouco de respeito
pela virtude, Marcos 6:14-20.
2. Ele protegeu João Batista por causa da justiça e santidade deste, Marcos 6:20.
3. Ele gostava de ouvir a João Batista, Marcos 6:20.
4. Sua consciência, evidentemente, sofreu grande influência da mensagem de João, Marcos
6:20.
II. Falhas do caráter de Herodes.
1. Embora respeitasse a João Batista, não se voltou para o Mestre de João, Marcos 6:17-20.
FATAD Prof. Jales Barbosa 55
Homilética
2. Não amou a mensagem que João enviou, Marcos 6:17-20.
3. Embora fizesse muitas coisas como resultado da mensagem de João, permaneceu sob a
influência do pecado, Marcos 6:21-26.
4. Mandou matar o homem a quem respeitava, Marcos 6:26-27.
5. Acabou zombando do Salvador, Lucas 23:6-12.
3.2.6. Através da abordagem múltipla, podemos analisar uma passagem bíblica de várias maneiras e
tirarmos dois ou mais esboços inteiramente diferentes do mesmo trecho.
Já nos referimos ao método de abordagem múltipla em conexão com os sermões textuais.
Esse método é aplicável tanto ao tratamento de versículos isolados como a uma unidade expositiva.
Mediante a abordagem múltipla, podemos produzir diferentes esboços da mesma
passagem. Cada esboço basear-se-á numa idéia dominante, revelada pelo Espírito de Deus, e que
venha atender alguma necessidade especial ou circunstância do povo a quem servimos, ou influenciar
outras condições que a igreja enfrenta no mundo complexo em que vivemos.
Entretanto, se começamos o sermão com um propósito definido e a seguir escolhemos uma
passagem, jamais devemos forçar as idéias do texto a se encaixarem em nosso objetivo. Pelo contrário,
devemos procurar na passagem conceitos ou verdades tais que se relacionem com nosso objetivo,
derivados naturalmente da porção bíblica em apoio de nosso alvo, Se não encontramos na passagem
aquilo que se encaixe em nosso objetivo, devemos procurar outro texto que corresponda ao alvo de
nossa apresentação.
A fim de demonstrar que uma única unidade expositiva pode aplicar-se corretamente a
várias situações, apresentamos abaixo quatro esboços diferentes baseados em Mateus 14:14-21, que
trata da alimentação de cinco mil pessoas, Com a finalidade de descobrir o conteúdo da passagem,
podemos examiná-la do ponto de vista de cada pessoa ou grupo de pessoas a que o texto se refere,
incluindo as pessoas da Trindade, Com tal procedimento, podemos fazer a nós enésimas perguntas
como as que se seguem: O que revela a passagem a respeito dessas pessoas, e o que cada uma diz,
faz, ou experimenta?
Para nosso primeiro exemplo, tomaremos como pensamento dominante da unidade
expositiva os atributos de Jesus:
Título: "Nosso Senhor Singular" 
I A compaixão de Jesus, v. 14.
1. Demonstrada em seu interesse pela multidão, v. 14.
2. Demonstrada em seu serviço à multidão, v. 14.
II. A ternura de Jesus, vv. 15-18.
1. Demonstrada em sua resposta graciosa aos discípulos, vv. 15-16.
2. Demonstrada em seu trato paciente com os discípulos, vv. 17-18.
III. O poder de Jesus, vv. 19-21.
1. Manifesto na alimentação da multidão, vv . 19-21 .
2. Exercido mediante o serviço dos dicipulos, vv. 14-21.
Agora tratamos a mesma passagem do ponto de vista de Cristo como supridor de nossas
necessidades:
Título: "Veja Deus Operar"
I. Cristo se interessa por nossas necessidades, vv. 14-16.
1. Tem compaixão de nós em nossas necessidades, vv .14, 16.
2. Ele nos considera em nossas necessidades quando outros não se importam conosco, vv. 15-
16.
II. Cristo, ao suprir nossas necessidades, não se restringe pelas circunstâncias, vv. 17-19.
1. Ele não se restringe por nossa falta de recursos, vv. 17-18.
2. Ele não se restringe por qualquer outra falta, v. 19.
III. Cristo supre as nossas necessidades, vv. 20-21. 
1. Supre nossas necessidades com abundância, v. 20. 2. Provê muito mais do que o suficiente,
vv. 20-21.
FATAD Prof. Jales Barbosa 56
Homilética
3.2.7. Note o contexto da unidade expositiva.
Aprendemos, em conexão com o sermão textual, que o exame do contexto é essencial à
interpretação correta. Esse princípio aplica-se tanto ao sermão expositivo como ao textual. A
consideração pelo contexto, imediato e remoto, ajudar-nos-á materialmente na compreensão de certa
passagem, e nos capacitará a vê-la em sua luz correta.
Chegando o apóstolo Paulo ao capítulo 12 de sua carta aos Romanos, ele o inicia com as
palavras: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus."
A palavra "pois" nos manda de volta aos capítulos precedentes e indica que as exortações
práticas que se seguem têm por base as verdades doutrinárias vitais apresentadas na seção anterior. A
falta de espaço impede-nos de discutir este princípio com mais detalhes, mas desejamos ressaltar a
necessidade de sempre se fazer o estudo do contexto se quisermos ser expositores fiéis das Escrituras.
3.2.8. Examine o contexto histórico e cultural da passagem, sempre que possível.
Muitas passagens bíblicas não podem ser adequadamente compreendidas fora de seu
contexto histórico e cultural. A interpretação sadia de tais passagens, portanto, será determinada por
um exame das porções históricas a que se relacionam intimamente, e ao seu ambiente cultural e
geográfico.
Esta regra diz respeito principalmente aos profetas maiores e menores em sua conexão com
os livros históricos do Antigo Testamento, e às epístolas de Paulo em sua relação com o livro de Atos.
Tome, por exemplo, o livro de Jonas. Não se pode compreender a mensagem deste pequeno livro sem
uma referência a 2 Reis, em particular ao capítulo 14 de 2 Reis, onde ficamos sabendo da trágica
condição de apostasia de Israel nos dias de Jonas. O livro deste profeta é, pois, visto como um
chamado ao arrependimento dirigido ao reino do Norte, ao arrependimento de Nínive, e também uma
advertência ao povo de Deus quanto ao juízo terrível que o aguardava se continuasse em sua rebeldia
obstinada contra o Senhor.
3.2.9. Os detalhes do texto devem ser tratados correta, mas não exaustivamente.
Já ressaltamos que no sermão expositivo é necessário interpretar a Escritura. Isso significa
tratar os detalhes do texto de maneira a aclarar o seu significado e propósito à congregação. É este
aspecto que ressalta a importância da pregação expositiva na comunicação da verdade divina.
É justamente neste ponto que o principiante precisa tomar cuidado especial. Na tentativa de
fazer uma exposição completa, o jovem pregador muitas vezes se perde numa multidão de detalhes, de
tal sorte que seu sermão se sobrecarrega de material exegético, e exegese não é o propósito final
desse tipo de apresentação. A exegese não passa do meio pelo qual descobrimos as verdades contidas
na passagem.
O pregador deve, portanto, ter em mente que, embora deva tornar claro o significado da
passagem, o alvo do sermão expositivo é a apresentação de um único tema principal. De acordo com
este princípio, o pregador deve introduzir apenas os detalhes pertinentes ao tema de sua mensagem.
Outros materiais, não importam quão interessantes sejam, devem ser deixados de fora. Aquele que
prega deve, pois, compreender que, embora omitindo muitos detalhes, pode manter-se fiel à sua
passagem e sua exposição ser positivamente bíblica.É claro que, quanto mais longa for a passagem,
tanto maior será a necessidade de selecionar os detalhes a serem omitidos na apresentação.
Convém acrescentar, contudo, que às vezes os detalhes, que à primeira vista parecem
insignificantes, realmente podem ter grande importância. Nem sempre o valor principal da exposição
está na palavra difícil, nem no termo peculiar. Com efeito, às vezes o próprio coração da verdade que o
pregador deseja transmitir encontra-se num tempo verbal, numa preposição ou em alguma outra classe
gramatical aparentemente insignificante.
3.2.10. As verdades do texto devem relacionar-se com o presente.
Uma das críticas comuns ao discurso expositivo é que o pregador, ao empregar esse
método, muitas vezes falha em aplicar as verdades bíblicas aos homens nas circunstâncias e ambiente
em que vivem. Com muita freqüência, o elaborador de sermões se contenta com uma simples
explicação do texto, e não demonstra como a passagem se aplica a assuntos correntes e vitais. A falta
não é da Bíblia, pois a Palavra de Deus é viva e poderosa e tem aplicação constante e universal aos
homens em todas as épocas e de todas as posições sociais. Antes, a culpa é de quem não vê a
necessidade ou a importância de a verdade divina aplicar-se aos problemas e condições hodiernas. O
FATAD Prof. Jales Barbosa 57
Homilética
pregador deve, portanto, certificar-se de que interpreta a Bíblia e ao mesmo tempo extrai dela verdades
eternas de aplicação prática aos membros de sua congregação.
Como os textos de homilética trazem comparativamente pouco sobre este assunto,
dedicamos um capítulo todo mais adiante para uma discussão desse importante aspecto da pregação,
juntamente com algumas sugestões que capacitarão o estudante a tornar a verdade pertinente à vida
de seus ouvintes.
3.2.11. Erros comuns da parte dos que desejam ser expositores
É possível que a habilidade de interpretar as Escrituras de modo adequado, discernindo o
que deve ou não ser incluído na exposição de certa passagem, nos tome tempo considerável e
demande muito esforço de nossa parte. Visto que em geral os principiantes cometem certos erros nesta
área, pedimos atenção especial para o que apresentamos a seguir.
Alguns têm dificuldade na exposição porque, no processo da exegese, perde-se no acúmulo
de detalhes e não conseguem ver a mensagem principal do texto. Esse tipo de sermão contém tantos
detalhes que é difícil para o ouvinte acompanhar a mensagem.
Outros, esquecendo-se do princípio de que o aspecto básico da pregação expositiva é a
interpretação, gastam demasiado tempo na aplicação, não percebendo que, sendo a Bíblia proclamada
com clareza e simplicidade, é o Espírito Santo que a coloca no coração dos homens.
Outro erro comum da parte dos futuros expositores é que se deixam desviar da passagem a
ser exposta e divagam por algum tempo antes de voltar ao texto em mão. Talvez o erro mais sério
esteja em não interpretar a passagem corretamente. Isso às vezes se deve à incapacidade de
compreender o texto, mas com tanto material excelente disponível hoje, o pregador não tem desculpa
ao violar os princípios da sadia hermenêutica bíblica.
3.2.12. Variedade na pregação expositiva
É provável que, a esta altura, seja óbvio ao leitor que o método expositivo tem um largo
alcance. Uma unidade expositiva pode apresentar doutrina, quando o texto tratar de alguns
fundamentos da fé cristã. Pode ser devocional, contendo ensino sobre um caminhar mais íntimo com
Deus. Pode incluir ética, pois grande parte do material bíblico possui caráter moral. Por outro lado, pode
ser profética ou ter caráter distintamente típico, na qual o tipo é explicado por seu antítipo. Repito: pode
ser biográfica ou histórica. Outras unidades expositivas, de conteúdo principalmente evangelístico, dão
ensejo especial à apresentação das reivindicações do evangelho.
Alguns capítulos ou trechos das Escrituras são tão ricos e variados que uma única
passagem pode incluir muitas das características aqui mencionadas. Embora o sermão expositivo deva
ter uma idéia controladora, o seu desenvolvimento pode ser uma combinação de elementos como
apresentação do evangelho, ensino doutrinário, exortação ou mensagem de consolo.
Para ter-se uma idéia da variedade de material que pode ser usado na mensagem
expositiva, apresentamos, a seguir, quatro exemplos de esboços desse tipo de sermão:
a) O primeiro baseia-se numa parte histórica do Evangelho de João, a saber, João 11:1-6, 19-44;
b) o segundo é tirado da última porção da parábola de Cristo sobre o filho pródigo, relacionada
com o irmão mais velho, Lucas 15:25-32; 
c) o terceiro é extraído da poesia hebraica, Salmo 23; e o quarto deriva-se das epístolas de Paulo,
Efésios 4:30 ensino de natureza positiva ou construtiva, verifica-se o oposto em seu desenvolvimento e
conclusão.
3.3. SÉRIE DE SERMÕES EXPOSITIVOS
O método expositivo presta-se admiravelmente bem ao desenvolvimento de uma série de
mensagens. É natural e normal que o pregador continue por várias semanas suas exposições sobre
uma passagem extensa ou use unidades expositivas relacionadas.
Quando o pastor profere uma série de sermões expositivos, atinge o grau mais elevado do
ministério do ensino da Palavra de Deus a seu povo. Mediante esse ensino ele pode ajudar seus
ouvintes a observar a inteireza de determinado livro ou de certo segmento longo da Bíblia, e também o
relacionamento das partes com o todo e a relação das partes do livro entre si. Além disso, esse tipo de
pregação dá continuidade ao ministério do ensino bíblico, e, à medida que apresenta passagem após
passagem, o povo pode progredir no conhecimento da revelação divina.
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Homilética
Várias são as maneiras de se desenvolver uma série de sermões expositivos. Uma das mais
comuns é a de exposições sobre um livro da Bíblia. O número de sermões dependerá do tamanho do
livro e do conteúdo do livro. O propósito que o pregador pretende atingir também influirá na quantidade
de mensagens da série.
Quando o pregador vai pregar sobre um livro todo, é bom usar a primeira mensagem para
apresentar uma visão panorâmica do livro, dando à congregação uma idéia geral do seu alcance e
propósito, possibilitando-lhe acompanhar com mais compreensão as diversas partes do texto, à medida
que se desdobra cada seção, semana após semana.
Entretanto, o principiante não deve tentar a apresentação de uma série de mensagens sobre
um livro da Bíblia enquanto não dominá-lo por completo e ter em mente seu conteúdo do primeiro ao
último capítulo.
Os exemplos que se seguem darão ao estudante uma idéia de como dispor um grupo de
mensagens sobre um livro todo.
Uma série sobre o livro de Jonas, começando com uma mensagem geral sobre o livro como
um todo, pode conter títulos como os que damos abaixo:
"Chamado ao Arrependimento" - baseado em Jonas, capítulos 1-4.
"A Estultícia da Desobediência" -baseado em 1:1-16.
"Sepultado em um Peixe" - baseado em 1:17.
"Orando em Dificuldades" - baseado em 2:1-10.
"Quando Deus se Arrependeu" - baseado em 3:1-10.
"Lutando com Deus" - baseado em 4:1-11.
O livro do Gênesis, juntamente com a relação de homens de fé de Hebreus 11, fornece a
matéria para sete mensagens consecutivas sobre a "Vida de Fé". É especialmente significativa a ordem
progressiva em que aparecem esses homens de fé no registro sagrado.
"Abel - O Sacrifício da Fé" (Gênesis 4:1-5; Hebreus 11:4)
"Enoque - A Jornada da Fé" (Gênesis 5:21-24; Hebreus 11:5-6)
"Noé - A Obra da Fé" (Gênesis 6:7; Hebreus 11:7)
"Abraão - A Obediência da Fé" (Gênesis 12-18; Hebreus 11:8-10)
"Isaque - A Visão da Fé" (Gênesis 26-27; Hebreus 11:20)
"Jacó - O Discernimentoda Fé" (Gênesis 27-35; Hebreus 11:21)
"José - A Segurança da Fé" (Gênesis 37-50; Hebreus 11:22)
A carta de Paulo aos Filipenses prepara o ambiente para uma série intitulada "Como Ser
Feliz", baseada consecutivamente em seus quatro capítulos:
"Por Meio de Cristo: Nossa Vida".
"Por Meio de Cristo: Nosso Exemplo".
"Por Meio de Cristo: Nosso Objetivo".
"Por Meio de Cristo: Nossa Satisfação".
Além de uma série de mensagens expositivas derivadas de um livro todo, podem-se
desenvolver várias mensagens sobre um tema contínuo, selecionando-se um assunto amplo e usando-
se diversas passagens como base para sermões. "Milagres da Conversão" pode ser o título de uma
série na qual cada mensagem descreve a conversão de certa pessoa. A seguir, damos uma relação de
quatro milagres de conversão.
A mulher de Samaria, ou "Transformação Mediante a Conversão" João 4:1-44) 
O ladrão na cruz, ou "Conversão Instantânea" (Lucas 23:39-43) 
O eunuco etíope, ou "Coincidência Divina na Conversão" (Atos 8:26-40) 
O carcereiro de Filipos, ou " Alegria Celeste na Conversão" (Atos 16:22-40)
Há abundância de material na Bíblia para várias séries de mensagens expositivas. Pode-se
usar passagens isoladas, que se relacionem entre si nesses grupos de mensagens. 
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Homilética
a)O cântico de Moisés, em Deuteronômio 31:30-32:44; 
b) o cântico de Débora, em Juízes 5; 
c) o cântico de Davi, em 2 Samuel 22, pode formar uma série intitulada "Cânticos dos Santos do
Antigo Testamento". As orações do apóstolo Paulo encontradas em suas epístolas proporcionam outra
série de mensagens expositivas.
Uma vez ou outra, seria bom apresentar uma série de sermões tirados dos Salmos.
Podemos apresentar uma sucessão de mensagens sobre os Salmos de Coroação (Salmos 93-100),
sobre os Salmos de Aleluia (Salmos 106, 111, 112, 113, 135, e especialmente os salmos 146-150), ou
sobre os Salmos de Penitências (Salmos 6,32, 38,51, 102, 130, e 143). Sem dúvida, devíamos Ter uma
série que trate de Cristo nos Salmos, selecionando alguns dos salmos messiânicos como base de
nossos sermões. 
a) O Salmo 8 apresenta Cristo como o Filho do homem; 
b) O Salmo 23, como o Bom Pastor das ovelhas; 
c) O Salmo 40, como o Profeta Divino, 
d) O Salmo 2, como o Rei Vindouro. 
Devemos observar, também, a relação admirável entre os Salmos 22, 23 e 24 e preparar
três mensagens sucessivas com títulos como "O Bom Pastor em Sua Morte", para o Salmo 22; "O
Grande Pastor em Seu Poder", para o Salmo 23, e "0 Pastor Principal em Sua Glória", para o Salmo 24.
Adotando um tratamento inteiramente diferente para os Salmos' poderíamos organizar uma série de
sermões expositivos sobre "Vozes dos Salmos", tendo como títulos:
"A Voz da Penitência" (51)
"A Voz da Ação de Graças" (103)
"A Voz da Confiança" (27)
“A Voz do Regozijo" (18)
"A Voz do Louvor" (34)
Também podemos usar certa porção de um livro como a base de uma série, porção essa
que pode consistir em vários capítulos com um tema comum, tais como Êxodo 25-40, sobre o
tabernáculo, ou Gênesis 37-50, sobre a vida de José, ou Danie17-12, sobre as visões de Daniel. As
mensagens às sete igrejas da Ásia, de Apocalipse 2 e 3, dão-nos o material para um conjunto de sete
sermões com os seguintes títulos:
"A Igreja Ocupada" (2:1-7)
"A Igreja Sofredora" (2:8-11)
"A Igreja Transigente" (2:12-17)
"A Igreja Corrupta" (2:18-29)
"A Igreja Morta" (3:1-6)
"A Igreja Missionária" (3:7-13)
"A Igreja Indiferente" (3:14-22)
Outro método de desenvolver uma série de sermões expositivos é tomar um capítulo, ou
parte dele, e mediante estudo cuidadoso do texto desenvolver várias mensagens relacionadas entre si.
Usamos, como exemplo, 1 Reis 10:1-3, que se refere à visita da rainha de Sabá ao rei Salomão. Desse
trecho extraímos os seguintes títulos para uma série de exposições sobre "As Riquezas que Perduram":
"Descobrindo as Riquezas que Perduram" (vv. 1-5)
"Desfrutando as Riquezas que Perduram" (vv. 6-9)
"Possuindo as Riquezas que Perduram" (vv. 10-13)
Um exame minucioso de 2 Reis 5:1-15 revelará vários instrumentos que Deus usou para
levar Naamã, o leproso, a um conhecimento de Deus. Como resultado desse estudo, podemos formular
uma série sobre "Instrumentos que Deus Usa Para a Bênção".
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Homilética
Isaías 6:1-13 fornece a base para um conjunto de mensagens sobre "Preparação Para o
Serviço", com os seguintes títulos que tratam dos passos sucessivos na preparação do homem de Deus
para o serviço do Senhor:
"Uma Visão do Senhor" (vv. 1-4)
"Confissão ao Senhor" (v. 5)
"Purificação pelo Senhor" (vv. 6-7)
"Dedicação ao Senhor" (v. 8)
"Comissionamento pelo Senhor" (vv. 9-13)
A primeira mensagem da série pode ser preparada de acordo com as sugestões abaixo:
I. O homem que deseja servir a Deus com eficiência precisa ter uma visão do Senhor em sua
glória, vv . 1-2.
II. O homem que deseja servir ao Senhor com eficiência precisa, também, ter uma visão do
Senhor em sua santidade, vv . 3-4.
O expositor experiente pode apresentar um plano de mensagens fazendo uma sinopse de
cada livro da Bíblia. Por exemplo, "Quatro Homens que Predisseram o Futuro" pode servir de título geral
para uma série sobre os profetas maiores, ressaltando-se em cada caso um aspecto distintivo desse
profeta.
"Isaías, o Profeta Messiânico"
"Jeremias, o Profeta Chorão"
"Ezequiel, o Profeta Silencioso"
"Daniel, o Profeta Apocalíptico"
Terminamos este estudo sobre as séries de sermões expositivos com uma palavra de
cautela. Embora uma série dessa natureza possibilite o ensino da Bíblia com uma inteireza que nenhum
outro método de pregação pode alcançar, precisamos ter cuidado para que a série não seja
demasiadamente longa. É possível que, mesmo com uma congregação acostumada ao método
expositivo, o povo se canse de ouvir uma ênfase principal que exija sua atenção por muito tempo. A
necessidade de cautela aplica-se, em particular, ao expositor menos experiente e incapaz de introduzir
variedade suficiente nas mensagens ou despertar interesse por elas, quando seguem um tema principal
ou são tiradas de um livro.
Na conclusão De tudo o que dissemos neste capítulo, talvez tenhamos razão em afirmar
que o método expositivo é, em certo sentido, o modo mais simples de pregar. Isto porque todos os
materiais básicos para o sermão expositivo estão contidos na passagem a ser exposta, e, em regra
geral, o pregador precisa apenas seguir a ordem apresentada no texto.
O sermão expositivo possui, ainda, outras vantagens. Em contraste com outros tipos de
mensagens, ele assegura um melhor conhecimento das Escrituras da parte do pregador e dos ouvintes.
Além do mais, como disse o Dr. James M. Gray, "A pregação expositiva exige que os sermões
contenham mais verdade bíblica pura e mais perspectivas escriturísticas das coisas", o que levará o
pregador a incluir em suas mensagens muitas admoestações práticas que, em outras circunstâncias,
poderiam parecer ofensivamente pessoais a alguns dos seus ouvintes.
Existe outra importante vantagem: o estudante que se torna um hábil expositor da Palavra
de Deus perceberá mais e mais, no decorrer de sua experiência, que a pregação expositiva dará muitas
oportunidades para explanar passagens bíblicas que, doutra forma, talvez jamais fizessem parte de seu
ministério.
Este é um dos melhores métodos de sermões, pois ainda tem a vantagem de permanecer
única e exclusivamente no texto, tendo a vantagem da própria divisão no texto.
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Homilética
EXERCÍCIOS
Como sugestão para o seu ministério você pode executarestes exercícios indicados abaixo:
I. Exercícios de sermão temático
1. Preparar um esboço temático usando um dos temas relacionados sob a seção: Tipos de Temas.
Assegure-se de que todas as divisões provenham do tema e que tenham apoio bíblico sadio.
2. Preparar um esboço temático usando um tema de sua própria escolha, e sustentar cada divisão
principal com uma passagem bíblica adequada. Tenha cuidado em seguir os princípios sugeridos
acima.
3. Fazer uma relação de temas apropriados para o culto do Dia das Mães e preparar um esboço
temático de cada um deles.
4. Procure uma palavra ou frase importante que ocorra repetidas vezes em um livro do Novo
Testamento e desenvolva um esboço temático das repetições dessa palavra ou frase.
5. Tome um assunto geral e faça uma relação de seis títulos para uma série de mensagens sobre ele.
Disponha a relação toda numa ordem que ofereça a apresentação mais eficaz, e desenvolva um esboço
sobre um tema relacionado com um dos seis títulos.
6. De acordo com a Regra 4 dos Princípios Básicos da Preparação de Esboços Temáticos, desenvolva
um esboço tendo "Jóias de Deus" como título, e cujas divisões consistam em uma comparação dos
filhos de Deus com as jóias.
7. Examine a Epístola aos Filipenses e faça uma relação de cinco de suas feições doutrinárias. Formule
um esboço temático da mesma epístola sobre qualquer um desses cinco itens.
8. Com a ajuda de uma concordância completa, prepare um estudo da palavra “perdoar".
II. Exercícios sermão textual
1. Prepare um esboço textual sobre 1 Tessalonicenses 2:8, dando título, assunto e divisões principais.
Neste, e em todos os demais esboços textuais a serem preparados, escreva depois de cada divisão
principal a porção do texto que lhe dá apoio.
2. Prepare um esboço textual sobre Tito 2:11-13, dando título, tópico e divisões principais. Como
recomendado acima, depois das divisões principais cite as porções do texto que a elas se aplicam.
3. Procure seu próprio texto e, empregando o método de abordagem múltipla (veja p. 36), elabore dois
esboços do mesmo texto. Escreva o texto por extenso e indique o título, o tema e as divisões principais
de cada esboço.
4. Use apenas a segunda metade do Salmo 51:7 como texto e formule um esboço, apresentando título,
assunto e divisões principais.
5. Procure textos (não devem conter mais de três versículos) para cada uma das seguintes ocasiões:
a) Um sermão para o dia de Ano-novo.
b) Um sermão para o dia dos pais.
c) Um sermão para o culto de apresentação de um bebê.
d) Uma mensagem fúnebre para um pai (ou mãe) crente.
e) Um culto de casamento.
f) Um culto evangelístico. 
g) Uma reunião de jovens.
h) Uma mensagem missionária.
i) Um culto de domingo de manhã.
j) Uma mensagem para obreiros cristãos.
Obs.: Escreva cada texto por extenso, na ordem apresentada acima, e dê um título apropriado a cada
um.
III. Exercícios do sermão expositivo.
1. Indique as unidades expositivas do capítulo 4 de Filipenses, dando o número dos versículos que as
contêm, e, no seu entender, qual é o ponto principal de ênfase de cada uma.
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Homilética
2. Prepare um esboço expositivo sobre 1 Coríntios 3:1-8, dando título, assunto e divisões principais.
Indique os versículos que se relacionam com cada divisão principal.
3. Faça um esboço de sermão biográfico sobre Miriã, irmã de Moisés (note todas as passagens bíblicas
referentes a ela, incluindo Êxodo 2:1-10). Dê título, assunto e divisões principais, e indique as
referências relacionadas com cada divisão principal.
4. Formule um esboço de Números 21:4-9.
5. Selecione duas ou três passagens bíblicas mais ou menos extensas e use-as como base para um
esboço expositivo. Dê títulos, assunto e divisões principais, apresentando os versículos que apóiam
cada divisão principal.
6. Usando o método de abordagem múltipla, prepare um esboço de Lucas 19:1-10, selecionando outro
ponto de ênfase que não o usado neste capítulo. Dê título, tema e divisões principais, e mostre os
versículos que pertencem a cada divisão principal.
7. Escolha sua própria unidade expositiva e prepare dois esboços expositivos sobre a mesma
passagem. Indique o tema e as divisões principais de cada um.
8. Selecione cinco passagens mais ou menos extensas, relacionadas entre si, para uma série de cinco
mensagens, e dê títulos a cada uma. Prepare um esboço expositivo para a primeira.
9. Faça uma relação de cinco títulos sobre a vida de José, tirados de Gênesis 37-50. Indique as
unidades expositivas para cada título e formule um esboço expositivo de uma dessas porções.
10. Estude com cuidado o texto da Epístola de Judas e dê, pelo menos, três títulos para uma série de
mensagens sobre a epístola.
Obs.: Desenvolva o primeiro em um esboço expositivo, mostrando o assunto e as divisões principais.
Anotações
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Homilética
BIBLIOGRAFIA
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SPURGEON, C.H – Lições aos meus alunos – Ed. PÉS – sp.
GONÇALVES Josué – Aprenda a pregar – Ed. Mensagens p/ todos – Sp.
FATAD Prof. Jales Barbosa 64
	PARTE I – HOMILÉTICA
	1. INTRODUÇÃO1.1. ORIGEM, SIGNIFICADO E TAREFA DA HOMILÉTICA.
	1.2. A HOMILÉTICA É UMA CIÊNCIA
	2. A HOMILÉTICA E AS OUTRAS DISCIPLINAS
	3. O DESENVOLMENTO HISTÓRICO DA HOMILÉTICA
	3.1. RETÓRICA
	3.2. A PREGAÇÃO CRISTÃ
	3.3. AS PRIMEIRAS TEORIAS
	3.4. IDADE MÉDIA
	3.5. REFORMA PROTESTANTE
	4. OS PROBLEMAS DO PREGADOR
	4.1. FALTA DE PREPARO
	4.2. FALTA DE UNIDADE
	4.3. FALTA DE VIVÊNCIA
	4.4. FALTA DE APLICACÃO PRÁTICA
	4.5. FALTA DE EQUILÍBRIO
	4.6. FALTA DE PRIORIDADE
	4.7. FALTA DE PLANEJAMENTO
	4.8. OUTROS MOTIVOS
	5. AS CARACTERÍSTICAS DA HOMILÉTICA
	6. O CONTEÚDO DA HOMILÉTICA
	6.1. DE ACORDO COM A PALAVRA DE DEUS
	6.2. O CONTEÚDO É A PALAVRA
	7. A IMPORTÂNCIA DA HOMILÉTICA
	7.1. A CERTEZA DA PREPARACÃO MINISTERIAL
	7.2. PROCLAMACÃO DO EVANGELHO
	8. A NATUREZA DA HOMILÉTICA
	8.1. A VOZ DO EVANGELHO
	9. O PROPÓSITO DA HOMILÉTICA
	9.1. MOTIVADOS A PRATICAR
	9.2. O ALVO PRIMÁRIO
	9.3. O ACOMPANHAMENTO DA SALVACÃO
	9.4. O ENVOLVIMENTO DO CORPO DE CRISTO
	10. A CHAMADA
	10.1. CHAMADA ESPECÍFICA Ef 4.11.
	10.2. A ORAÇAO
	10.3. ORAÇÃO E UNÇÃO
	10.4. ORAÇÃO, E O PREGADOR EFICIENTE.
	10.5. A MEMORIA
	10.6. HABILIDADE
	10.7. A INSPIRAÇAO
	10.8. A CRIATIVIDADE
	10.9. O ENTUSIASMO
	10.10. A DETERMINAÇAO
	10.11. O RITMO
	10.12. A VOZ
	10.13. A RESPIRAÇÃO
	10.14. A DICÇÃO
	10.15 VELOCIDADE
	10.16. EXPRESSIVIDADE DA FALA
	10.17. INTENSIDADE
	10.18. O VOCABULARIO
	10.18.1. A Escolha do Vocabulário
	Como desenvolver o vocabulário
	11. A EXPRESSÃO CORPORAL
	11.1. A NATURALIDADE DO GESTO
	11.2. A COMUNICAÇÃO VISUAL
	11.3. A NATURALIDADE
	11.4. O CONHECIMENTO
	12. PARTES DO SERMÃO
	13. A INTRODUÇÃO
	13.1. UMA BOA INTRODUÇÃO.
	14. A DIVISÃO DO SERMÃO
	14.1. PORQUE A DIVISÃO DO SERMÃO É IMPORTANTE PARA O PREGADOR?
	15. A APLICAÇÃO
	15.1. REQUISITOS INDISPENSAVEIS A APLICAÇAO EFICAZ
	16. A CONCLUSAO
	17. O USO DE ILUSTRAÇÕES
	17.1. PORQUE AS ILUSTRAÇÕES SÃO NECESSÁRIAS AO SERMÃO
	17.2. ONDE ENCONTRAR ILUSTRAÇÕES PARA OS SERMÕES
	17.3. CUIDADOS QUANTO AO USO DE ILUSTRAÇÕES
	17.4. TEXTOS EXTRAÍDOS DO LIVRO "LIÇÕES AOS MEUS ALUNOS " DE C .H. SPURGEON:
	17.5. O MATERIAL ILUSTRATIVO NO SERMÃO
	17.6. QUE É MATERIAL ILUSTRATIVO?
	17.7. O USO DE MATERIAL ILUSTRATIVO NA BÍBLIA
	17.8. QUAL A FINALIDADE DE SE EMPREGAR MATERIAL ILUSTRATIVO?
	17.9. ADVERTÊNCIAS E CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO USO DE MATERIAL ILUSTRATIVO
	17.10. CARACTERÍSTICAS DAS BOAS ILUSTRAÇÕES
	17.11. MÉTODOS DE PRESERVAR OU ARQUIVAR O MATERIAL ILUSTRATIVO
	18. MODELO DE SERMAO
	18.1. MODELO OU ESQUELETO DE UM SERMAO OU MENSAGEM
	PARTE II – TIPOS DE SERMÕES
	1. O SERMÃO TEMÁTICO
	1.2. DEFINIÇÃO DO SERMÃO TEMÁTICO
	1.3. EXEMPLO DE SERMÃO TEMÁTICO
	1.4. UNIDADE DE PENSAMENTO
	1.5. TIPOS DE TEMAS
	1.6. MODELOS BÁSICOS DA PREPARAÇÃO DE ESBOÇOS TEMÁTICOS
	1.6.1: As divisões principais devem vir em ordem lógica ou cronológica.
	1.6.2. As divisões principais podem ser uma análise do tópico.
	1.6.3. As divisões principais podem apresentar as várias provas de um tema.
	1.6.4. As divisões principais podem tratar um assunto por analogia ou por contraste com algo mais na Escritura.
	1.6.5. As divisões principais podem ser repetições de uma palavra ou frase tirada da Escritura.
	1.6.6. As divisões principais podem ter o apoio de uma palavra ou frase bíblica.
	1.6.7. As divisões principais podem consistir num estudo de palavra que mostre os diversos significados de certa palavra ou palavras nas Escrituras.
	1.6.8. As divisões principais não devem apoiar-se em textos de prova fora do contexto.
	1.6.9. Sermões Doutrinários
	1.6.10. Série de Mensagens Temáticas
	1.7. CONCLUSÃO
	2. O SERMÃO TEXTUAL
	2.1. DEFINIÇÃO
	2.2. EXEMPLOS DE ESBOÇOS DE SERMÕES TEXTUAIS
	2.2.1. Como primeiro exemplo, tomemos Esdras 7:10, que diz:
	2.3. PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A PREPARAÇÃO DE ESBOÇOS TEXTUAIS
	2.3.1. O esboço textual deve girar em torno de uma idéia principal. e as divisões principais devem ampliar ou desenvolver essa idéia.
	2.3.2. As divisões principais podem consistir em verdades ou princípios sugeridos pelo texto.
	2.3.3. Dependendo da perspectiva da qual o examinamos, é possível encontrar mais de um tema ou idéia dominante em um texto, mas cada esboço deve desenvolver somente um assunto.
	2.3.4. As divisões principais devem vir em seqüência lógica ou cronológica.
	2.3.5. As próprias palavras do texto podem formar as divisões principais do esboço, uma vez que elas se refiram a um tema principal.
	2.3.6. O contexto do qual se tira o texto deve ser cuidadosamente observado e com ele relacionado.
	2.3.7. Dois ou três versículos, tirados de partes Escritura, podem ser reunidos e tratados como único texto.
	2.3.8. Série de Sermões Textuais
	2.4. A CONCLUSÃO
	3. O SERMÃO EXPOSITIVO
	3.1. EXEMPLOS DE ESBOÇOS DE SERMÃO EXPOSITIVO
	3.2. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PREPARAÇÃO DE ESBOÇOS EXPOSITIVOS
	3.2.1. Devemos estudar cuidadosamente a passagem bíblica sob consideração a fim de compreendermos seu significado e obtermos o assunto do texto.
	3.2.2. Palavras ou frases importantes do texto podem indicar ou formar as divisões principais do esboço.
	3.2.3. A ordem do esboço pode ser diferente da ordem da unidade expositiva.
	3.2.4. As divisões principais podem ser extraídas das verdades importantes sugeridas pela passagem.
	3.2.5. Duas ou três passagens mais ou menos extensas, extraídas de várias partes da Bíblia, podem ser ajuntadas para formar a base de um esboço expositivo.
	3.2.6. Através da abordagem múltipla, podemos analisar uma passagem bíblica de várias maneiras e tirarmos dois ou mais esboços inteiramente diferentes do mesmo trecho.
	3.2.7. Note o contexto da unidade expositiva.
	3.2.8. Examine o contexto histórico e cultural da passagem, sempre que possível.
	3.2.9. Os detalhes do texto devem ser tratados correta, mas não exaustivamente.
	3.2.10. As verdades do texto devem relacionar-se com o presente.
	3.2.11. Erros comuns da parte dos que desejam ser expositores
	3.2.12. Variedade na pregação expositiva
	3.3. SÉRIE DE SERMÕES EXPOSITIVOS
	EXERCÍCIOS
	BIBLIOGRAFIA

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