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Sistema de Segurança no Brasil - Aula 2

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- -1
SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA NO 
BRASIL
O DESENVOLVIMENTO DA POLÍCIA 
MODERNA
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Reconhecer o desenvolvimento da polícia moderna no cenário internacional;
2- Identificar as características da polícia moderna como sendo profissional, pública e especializada;
3- Analisar que a polícia inglesa, com a criação da Polícia Metropolitana de Londres, teve como foco a garantia
dos direitos civis dos cidadãos, enquanto o modelo francês representava uma polícia voltada à proteção do
Estado.
1 O desenvolvimento da polícia moderna
As polícias brasileiras fazem parte do Sistema de Segurança Pública e Justiça Criminal, desempenhando papéis
bem específicos, dentro desse sistema, composto por diferentes instituições.
Por mais que o termo “polícia” pareça ser autoexplicativo sobre “o que é” e “o que faz”, há especificidades
encontradas ao longo da história e de sociedade para sociedade. A forma como a polícia dos Estados Unidos se
organiza e suas atribuições são diferentes da brasileira. Assim como as demais instituições do Sistema de
Segurança Pública e Justiça Criminal, pois são instituições sociais, ou seja, “elaboradas” por grupos sociais
refletindo suas concepções de Segurança Pública, justiça, ordem pública, poder, Estado e sociedade.
Nesse sentido, a partir do clássico livro Padrões de Policiamento de David Bayley, vamos analisar características
de policiamento que existiram ao longo da história até chegarmos ao formato da polícia moderna relacionada à
concepção do Estado Democrático de Direitos e a valorização dos direitos civis, cujo marco é a criação da Polícia
Metropolitana de Londres em 1829.
Para discutirmos a polícia moderna vamos contrastar duas monarquias europeias, que produziram modelos de
polícia distintos e influenciaram, por diferentes motivos, a concepção e as características de outras polícias além-
mar. Estamos falando de uma França absolutista com uma polícia moldada para a defesa de sua nobreza e uma
Inglaterra com um parlamento ávido por limitar os poderes do rei e assegurar os direitos civis. Fazer essas
referências históricas nos ajudará a compreender as instituições presentes, afinal, elas são produtos históricos.
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2 Polícia Moderna
O cientista político David Bayley (2001) ao elaborar o seu estudo sobre padrões de policiamento, ao longo na
história, classificou como “polícia” as “pessoas autorizadas por um grupo para regular as relações interpessoais
dentro deste grupo através da aplicação de força física” (p.20). A partir dessa definição ampla constituída de três
elementos – força física, uso interno e autorização coletiva – foi possível estabelecer a comparação entre grupos
encarregados de realizar a manutenção da ordem pública (e, em vários asos, outras atribuições) em diferentes
contextos históricos e sociais.
Esses três elementos significam que:
A polícia possui autorização para o uso da força física para afetar um comportamento. Isso não quer dizer que em
todas as ações ela recorrerá à força física, mas o seu poder coercitivo traz a ameaça de seu uso;
Atuação dentro do seu próprio território na manutenção da ordem pública, diferenciando, assim, a força policial
do exército cuja ação é externa;
A polícia tem autorização coletiva para o uso da força física internamente, o que a difere de assaltantes e
terroristas.
Essas propriedades foram utilizadas pelo autor como referência para identificar os grupos sociais de diferentes
sociedades e classificar a sua atuação como sendo de policiamento. O trabalho de Bayley recebeu críticas por
aplicar de forma muito flexível esses atributos, incluindo em seu painel muitos grupos que, na opinião dos
críticos, não são polícias nem fazem policiamento. Porém muitos autores concordam que essas são as
características essenciais do que chamamos atualmente de Polícia.
A atividade de Polícia Moderna é caracterizada por ser pública, especializada e profissional. Onde pública
significa a natureza da agência, ou seja, uma força policial formada, paga e controlada pelo governo. A força
policial é considerada profissional quando há uma preparação específica para a atividade policial, que envolve
recrutamento por mérito, treinamento formal, carreira e trabalho em tempo integral. A polícia é
reconhecidamente especializada quando seu foco de atuação é o emprego da força física, uma polícia não
especializada além de aplicar a força física irá, por exemplo, checar pesos e medidas, realizar a vigilância
sanitária ou ser responsável pelas obras públicas e o abastecimento de uma cidade, como foi a Intendência Geral
da Corte e do Estado do Brasil, no início do século IXI no Brasil.
Bayley argumenta que:
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O policiamento público substitui o policiamento privado quando a capacidade dos grupos de prover uma ação
protetora eficiente torna-se inferior à insegurança na sociedade em que estão inseridos. Esta mudança pode
ocorrer em sociedades bem diferentes. (p. 47)
Por outro lado, o vigilantismo no século XIX nos Estados Unidos e, no Brasil, o crescimento da segurança privada
são comumente associados à insuficiência do Estado, através das polícias, na garantia da segurança dos
indivíduos e bens materiais. De forma que a existência de polícia pública não exclui, necessariamente, o
policiamento privado.
Outra característica da polícia moderna é a especialização no emprego da força física. Bayley identificou que em
algumas sociedades, visando à manutenção da ordem pública e/ou social, existiram grupos que se
especializaram na execução exclusiva de uma tarefa, mas não necessariamente detendo à prerrogativa do
emprego da força física, como as vigílias noturnas na Europa medieval que, em muitos casos, tratavam-se de
sentinelas que acionavam outros grupos para prenderem criminosos e impedir delitos e incêndios. (2001, p.51)
É importante ressaltar que, a autorização coletiva a que Bayley se refere aqui não é necessariamente conferida
por um Estado-Nação, pois tendemos a considerar a polícia como sendo pública e criada e autorizada pelo
Estado, porém essas características estão associadas à definição de polícia moderna, ao longo da história e em
distintas sociedades veem-se diferentes grupos autorizando pessoas ao uso da força. Conforme ressalta o autor
(2001, p. 20-1). A polícia não se cria sozinha: ela está presa a unidades sociais das quais deriva sua autoridade.
(...) unidades sociais que autorizam força policial variam em tipo e tamanho. Dentre as mais importantes se
encontram famílias clãs, tribos, grupos de comunidade que pode criar uma força policial.
3 Polícia na história
O policiamento refletirá tanto o governo e sociedade nos quais ele está inserido. Assim, em Roma, no ano 27 a.C.,
para uma cidade de quase um milhão de habitantes, dividida em classes sociais (BAYLEY, 2001, p. 40) e com a
Saiba mais
O fato de essas características serem associadas à polícia moderna não significa dizer que são
novidades históricas. Ao longo da história, grupos autorizados ao uso da força física dentro de
coletividades visando à ordem social apresentaram essas características. Por exemplo, os
policiamentos público e privado existiram em diferentes épocas e, em alguns contextos,
simultaneamente como nas democracias ocidentais atuais.
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presença expressiva de escravos, o Imperador Augusto criou o cargo de praefectus urbi como forma de
policiamento público pago e dirigido pelo governo, que tinha como objetivo a manutenção da ordem pública
executiva e judiciária.
No século XII, há outro exemplo de policiamento público, mas que não era pago diretamente pelo Estado, tendo,
porém, poder para agir em nome dele. Os xerifes ingleses nomeados pelos soberanos tinham poder para cobrar
impostos dos criminosos em nome do rei, ficando com uma parte do dinheiro coletado. Esses "agentes da lei"
medievais ficaram conhecidos contemporaneamente através da história de Robin Hood, que retrata as tensões
sociais decorrentes dos abusos cometidos pelosxerifes que, segundo Bayley, eram comuns a época.
Na Inglaterra, no início do século XIX até a reforma de 1829, havia tanto policiamento público quanto privado,
assim os grupos eram mantidos economicamente por diferentes fontes como igrejas, comissões fiduciárias,
comissários, paróquias, magistrados, municípios e cortes legais. É certo que quem pagava também tendia a
direcionar a forma e o foco de atuação do policiamento.
Como veremos mais a frente, a criação de uma polícia pública foi uma forma de garantir, pelo menos
teoricamente, equidade na oferta de segurança para grupos com diferentes níveis de poder político, social e
econômico.
Segundo Bayley (2001, p.51) a polícia especializada mais antiga era dos vigilantes, como os chowkidars
paquistaneses e a vigília noturna na Europa medieval que, em muitos casos, tratavam-se de sentinelas que
acionavam outros grupos para prenderem criminosos e impedir delitos e incêndios.
Na concepção de Administração Pública Moderna, a profissionalização do recurso humano pertencente a uma
instituição é praticamente sinônimo de gestão eficiente. Na área de Segurança Pública, o marco de busca pela
profissionalização também é a formação da Polícia Metropolitana de Londres, em 1829, quando o seu mentor
estipulou critérios para o recrutamento do efetivo (sexo, altura, peso, personalidade e grau de instrução) e
treinamento obrigatório.
Fique ligado
A profissionalização é uma das características mais fortemente presente nas polícias
modernas, mas também existiram tentativas de estabelecer policiamentos baseados em
critérios racionais para a composição de efetivo e gestão. No século XVIII, os Bow Street
Runners, na Inglaterra, eram escolhidos entre os constables (agentes policiais ingleses) que
possuíam um ano de experiência, recebiam treinamento específico e supervisão, além de
serem pagos com recursos públicos.
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Apesar dessas características já terem aparecido em grupos responsáveis por manter a ordem social ou pública
ao longo da história, no policiamento moderno essas três características aparecem combinadas. Essa experiência
inspirou a criação ou reformulação de outras instituições policiais, como a realizada pelo governo Meiji que, em
1878. A Polícia Metropolitana de Tókio, que possuía um rigoroso processo seletivo, sendo a maioria do seu
efetivo selecionada dos antigos samurais, eram treinados nas escolas de polícia da Prefeitura.
4 O desenvolvimento da polícia moderna
Idealizada por sir Robert Peel, a Polícia Metropolitana de Londres foi fundada em 1829, como uma polícia civil,
preventiva, desarmada (sem uso de arma de fogo), uniformizada, municipal e de tempo integral. Ela, que é
considerada o marco de polícia moderna, seguiu os seguintes princípios elaborados pelo seu idealizador:
1. A missão fundamental da polícia é a prevenção do crime e da desordem, e não a repressão.
2. A capacidade da polícia de cumprir o seu dever depende da aprovação de sua ação pelo público.
3. Para obter e conservar o respeito e a aprovação do público, a polícia deve poder contar com sua cooperação
voluntária na tarefa de assegurar o respeito das leis.
4. O grau de cooperação do público com a polícia diminui na mesma proporção em que a necessidade do uso da
força aumenta.
5. É pela demonstração constante de sua ação imparcial, e não quando ela cede aos caprichos da opinião pública,
que a polícia obtém o apoio da população.
6. A polícia não deve recorrer à força física a menos que ela seja absolutamente necessária para fazer cumprir a
lei ou para restabelecer a ordem e, mesmo assim, somente após ter constatado que seria impossível obter esses
resultados pela persuasão, conselhos ou advertências.
7. A polícia deve manter com o público uma relação fundada na ideia de que a polícia é o público e o público é a
polícia.
8. A polícia deve se limitar ao exercício estrito das funções que lhe são confinadas e se abster de usurpar, mesmo
em aparência, aquelas que competem ao poder judiciário.
9. A prova da eficácia da polícia é a ausência de crimes e de desordem e não a manifestação visível de sua ação.
A justificativa oficial para a sua criação foi o aumento de crimes contra o patrimônio, mas historiadores apontam
que tumultos e desordem urbana, que ocorriam, desde décadas anteriores, sem que a guarda-civil paroquial e os
grupos de polícia privada conseguissem administrar, influenciaram fortemente a criação dessa nova polícia.
É importante ressaltar que a Inglaterra do século XIII foi marcada pela luta da população por direitos civis.
Assim, no início do século seguinte, as lideranças políticas não ignoraram nem menosprezaram os tumultos
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urbanos, compreendendo que traziam em seu bojo reivindicações de cidadania, principalmente da classe média
comercial. Dessa forma, as soluções através de intervenções militares em conflitos urbanos, que causavam
significativas mortes de civis, foram descartadas, pois havia a compreensão de que era necessário construir a
legitimidade das ações para a manutenção da ordem pública.
A sociedade inglesa temia uma polícia pública que tivesse as características do modelo francês, ou seja, um
sistema centralizado de policiamento direcionado à proteção de um governo não restringido pela lei. Assim, a
Polícia Metropolitana de Londres intencionalmente foi pensada como divergente desse modelo, focada na
proteção dos cidadãos a partir de uma atuação profissional, pública e especializada, conforme é possível verificar
nos princípios elaborados por sir Peel.
A polícia francesa era considerada totalitária, sendo os olhos, os ouvidos e o braço direito do soberano (Muniz,
1999), em um sistema que garantia a centralização das decisões em Paris sobre o restante do território francês.
A polícia francesa atuava na manutenção da ordem pública como forma de defesa nacional dentro do seu próprio
território, assim, como destaca Jacqueline Muniz, ela tinha missões distintas como:
• serviço secreto,
• polícia de fronteira,
• polícia política,
• serviço de contraespionagem,
• força paramilitar de ação interna e defesa territorial,
• polícia de costumes,
• polícia judiciária,
• polícia investigativa e
• polícia ostensiva.
A polícia francesa era uma polícia de Estado, ou seja, voltada para a proteção e a segurança dos interesses do
Estado. É essa polícia que vai servir de modelo à polícia de Portugal e, consequentemente, a Intendência Geral de
Polícia da Corte e do Estado do Brasil criada, em 1808, no Rio de Janeiro, pelo príncipe-regente quando da
transferência da família real portuguesa para o Brasil.
A França é marcada por uma forte rejeição e desconfiança da população em relação a sua polícia, enquanto, na
Inglaterra, o esforço feito com a Polícia Metropolitana de Londres foi o de construir a legitimidade da atuação
policial na manutenção da ordem pública junto a sua sociedade, para isso ela não poderia “intervir nas lutas
políticas, questionar as conquistas civis, nem violar a privacidade dos súditos. Seria uma polícia sem papel
paramilitar, exclusivamente orientada para atender as demandas citadinas” (Muniz, 1999, p. 25).
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Buscou-se uma polícia imparcial, sem interferência política na escolha dos oficiais, estabilidade dos chefes,
pública e com sistema de promoções baseado em mérito e tempo de serviço, a fim de “blindar” essa força policial
da ingerência e corrupção. (Souza, 1998)
O advento da polícia moderna resultou ainda na desobrigação de cidadãos assumirem responsabilidades de
policiamento, afastou as unidades militares de intervenções em conflitos civis internos e passou a ser uma força
policial presente no dia a dia dos cidadãos.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Sociedade, Estado e polícia brasileira no século XIX;
• Repressão e construção da ordem pública;
• A formação das polícias civis e militares no Brasil.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu que as agências de ordem pública estão vinculadas a modelos de Estados e sociedade;
• Identificouas características da polícia moderna como sendo profissional, pública e especializada;
• Analisou que a polícia inglesa, como a criação da Polícia Metropolitana de Londres, teve como foco a 
garantia dos direitos civis dos cidadãos, enquanto o modelo francês representava uma polícia voltada à 
proteção do Estado.
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	Olá!
	1 O desenvolvimento da polícia moderna
	2 Polícia Moderna
	3 Polícia na história
	4 O desenvolvimento da polícia moderna
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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